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O retalho musculo-cutâneo é o segmento de tecido composto por pele, celular subcutâneo, fáscia e músculo que são mobilizados, baseados em pelo menos uma artéria e veia conhecidas • Cicatrização espontânea: após boa higiene do local, após 7-10 dias ocorre a cicatrização espontânea • Sutura primária: juntar borda a borda • Enxerto de pele: transplante de pele muito diferente do retalho porque não existe um pedículo vascular nutrindo o enxerto • Integração à partir da área receptora bem vascularizada: enxerto de gordura (preenchimento, resolve depressões), regiões que sofreram radioterapia • Enxerto de fáscia: como em reconstrução de pálpebra • Enxerto de cartilagem: como rinomodelação • Enxerto ósseo: em tumores e traumas com perda de substância • Retalhos cutâneos: transferência para área vizinha • Retalhos musculares • Retalhos musculo-cutâneos • Retalhos fasciocutâneos • Retalhos livres: retalhos que são desconectados do seu sítio original e são reconectados na sua área receptora por meio de anastomose com veia e artéria do local receptor • Expansores de pele: prótese vazia abaixo da pele e adiciona-se soro para aumentar a quantidade de pele local • Cultura de tecidos • Pesquisa com células tronco: tecidos fabricados em laboratórios ou por indução dentro do organismo Indicações: • Reparação de grandes perdas teciduais • Aporte de vascularização (carrega aporte vascular melhor) – tecido é mais saudável permitindo cicatrização de melhor qualidade e também melhor irrigação para a ação de antibióticos • Proteção de estruturas nobres Princípio: • A pele é dividida em camadas e subcamadas. Dependendo ada camada, ela tem um tipo de irrigação. Quanto mais profunda, maior calibre dos vasos sanguíneos. Quanto mais superficial, menor o vaso. O segredo do retalho músculo-cutâneo é saber qual região seccionar para saber qual seguimento de circulação escolher • Tipo I: uma artéria é capaz de irrigar sozinho todo um segmento → ex: tensor da fáscia lata irrigado por uma única artéria, dominante e drenado por uma única veia • Tipo II: apresenta uma artéria dominante e algumas artérias seguimentares → ex: grácil irrigado por artéria e veia dominantes e outras artérias e veias segmentares, assim, pode-se preservar ou a dominantes ou as segmentares, fazendo a secção na outra MÉTODOS DE REPARAÇÃO E RECONSTRUÇÃO RETALHOS MÚSCULO-CUTÂNEOS CLASSIFICAÇÃO DE MATHEWS E NAHAI • Tipo III: apresenta duas artérias dominantes → ex: glúteo • Tipo IV: não tem artéria dominante, é um grupo de pequenas artérias que isoladamente não mantém uma irrigação, por isso é preciso preservar ao menos 2 ou 3 artérias ou veias → ex: sartório irrigado por artérias/veias segmentares • Tipo V: uma artéria dominante e várias segmentares → ex: latíssimo dorso irrigado por uma artéria dominante (tóraco dorsal) e várias segmentares; pode-se seccionar as segmentares e manter o pedículo na dominante ou seccionar a dominante e manter as segmentares; nesse caso, a entrada da artéria dominante é oposta à entrada das artérias segmentares CASOS CLÍNICOS: 1. Paciente soropositivo com lesão nos testículos e na virilha. Chegou com quadro de sepse. Usamos enxerto ou retalho? Retalho! • Principalmente: proteção • Região não é plana: não é possível fazer curativo de Brown / enxerto • Retalho cutâneo ou fáscio-cutâneo? Conduta imediata: • Controlar a infecção do paciente - antibioticoterapia - ministrar antibiótico endovenoso de amplo espectro (gram negativo e gram positivo) até formar tecido de granulação • Desbridamento cirúrgico para retirar tecido necrótico • Oxigênio hiperbárico: tratamento adjuvante que auxilia no tratamento de infecção por anaeróbicos • Síndrome de fournier (infecção necrotizante perineal que acomete os planos profundos do escroto, pênis, períneo e que pode se estender à raiz da coxa e abdome inferior) Evolução (2ª imagem): • Controle da infecção e formação de tecido de granulação • Retalho cutâneo: a vascularização é ao acaso e o tamanho é limitado. Entretanto, na região interna da coxa há grande irrigação → levantar retalho fáscio-cutâneo da região interna da coxa • Sutura primária na área de doação Nesse momento, precisava de cobertura adequada que cicatrizasse. Em segundo momento, é feita a correção estética. Retirada do excesso do retalho. 2. Lesão no maléolo. Trabalhador da Volkswagen. Apresentava cicatriz de segunda intenção e não suportava o atrito do calçado que precisa usar no trabalho (já havia feito enxerto, perdeu enxerto, cicatrizou por segunda intenção). Na sala de cirurgia, foi removida toda a cicatriz que ele tinha e precisava escolher a conduta para proteção da área. Retirada da cicatriz → tecido ao fundo com áreas de fibrose. Se o enxerto não pega, a pele morre e há formação de tecido com comportamento diferente. O enxerto é fino (em espessura). Usar retalho (tem vascularização própria). • Nessa região (do maléolo), não há um retalho tão extenso. • Retalhos livres: no glúteo seria muito grosso; no antebraço é fino, mas deixaria área muito afetada no antebraço • Solução: retalho fáscio cutâneo - espessura menor, fáscia dá proteção Conduta: • Debridamento → ficou com área purulenta • Retalho em raquete da região posterior da perna - áreas septo-cutâneas acima do maléolo • Etapas: desenho do retalho na panturrilha - elevação do retalho - cobertura da região lateral - criou área purulenta na região doadora - faz enxerto na área doadora • Pedículo do retalho: avaliar se o retalho está vivo → se sim, o retalho fez conexão vascular com a área receptora - pode seccionar o pedículo do retalho e retorná-lo para a área doadora 3. Fratura do terço médio da perna, com exposição de placa metálica (o paciente teve fratura exposta da tíbia, foi colocado placa, mas a placa ficou exposta) - não pode deixar! Na crista tibial não há muita pele sobrando - não é possível fazer sutura primária • Conduta: retalho fáscio cutâneo ou retalho muscular • Foi escolhido o retalho muscular • Etapas: dissecção do retalho - cobriu a placa - enxerto de pele em cima do músculo 4. Tecido de granulação formado acima de ferida. Paciente com imobilização externa - teve acidente de moto com fratura exposta. Tinha uma exposição óssea que precisava ser coberta rapidamente (evitar evoluir para osteomielite). • Conduta: retalho do músculo gastrocnêmio (retalho muscular) • É feito enxerto de pele acima da área de doação • Não fica bom esteticamente, mas garante a manutenção da pele - leva tecido vascularizado e protege o osso - o paciente volta a deambular normalmente Obs. Anteriormente havia sido feito o tratamento da infecção (desbridamento, câmara hiperbárica e antibioticoterapia). 5. Mielomeningocele - tecido muito frágil - risco de exposição da medula. • Em tese: retalho musculocutâneo - bebê nessa idade é muito difícil conseguir reconhecer / diferenciar • Retalho miocutâneo do músculo grande dorsal - retalho de avanço 6. Metástase de melanoma - cirurgia paliativa de retirada do tumor - precisa fazer proteção no local. A ressecção resulta em grande defeito - região supra-patelar. • Conduta: retalho fáscio-cutâneo • A região anterior da coxa é rica em extensão de pele - deslizar para a região do defeito • É possível suturar a área doadora, sem necessidade de enxerto 7. Paciente com lesão na perna/joelho. • Retalho em bandeira - começou na região umbilical até a parte superior do tórax - retalho do músculo reto-abdominal. Foi dissecado na porção inferior do reto abdominal - túnel subcutâneo em direção à região inferior da coxa (túnel na região inguinal). Parte da região lesionada não foi alcançada pelo retalho. • Hoje, pensaria em retalho livre microcirúrgico. 8. Pacientemastectomizada - reconstrução com músculo grande dorsal e prótese. O músculo grande dorsal é um músculo plano (não é possível reconstruir cone mamário). O retalho vai cobrir área que falte pele. O retalho dá uma boa proteção da parede torácica. 9. Mastectomia bilateral - reconstrução com o músculo reto abdominal (foi dividido em duas partes para reconstruir cada uma das mamas). É a maior das cirurgias de reconstrução de mama - alto porte → alta morbidade. Cria um defeito de fraqueza da parede abdominal - não é a primeira escolha - coloca tela para reforçar a parede, mas é muito diferente de ter músculo. 10. Osteomielite na região esternal (secundária a infecção por pseudomonas) • Controle da infecção • Reconstrução: precisava reconstruir a região esternal E a mama → retalho do músculo reto abdominal (recobrir a região do esterno) e a outra metade do retalho foi usada para reconstruir a mama (havia parte de tecido mamário que permaneceu) • Não foi o melhor resultado estético, mas deu proteção à região esternal e curou a patologia • Depois, é possível corrigir esteticamente - melhorou a qualidade de vida • A circunstância faz tomar a decisão: manteve parte da mama porque sempre há risco de perder o retalho (se perdesse, teria área ainda maior), além de, apesar de ser um retalho grande, teve que cobrir a região esternal, então poderia não ser suficiente para cobrir a área caso retirasse toda a mama 11. Necrose na região axilar. Retalho do músculo grande dorsal (poderia ser peitoral menor / anterior) • Precisava retirar a área de necrose para permitir que fosse feito o tratamento por radioterapia
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