Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Clínica Cirúrgica I Cicatrização Patológica ❖ Uma cicatrização se inicia com a fase inflamatória, durando de 48 a 72 horas, evoluindo com a fibroplasia até 21 dias e seguindo com a remodelação. Em um primeiro momento, o objetivo do organismo é impedir perdas sanguíneas, ou seja, acaba induzindo a vasoconstrição (transitória) e ativação da cascata de coagulação para tamponamento. ❖ Após, ocorre uma vasodilatação que ativa aminas e, por sua vez, aumentam a permeabilidade capilar do local afetado. Por fim, o organismo inicia uma inflamação que evolui com o surgimento de sinais flogísticos e fagocitose de corpos estranhos (limpeza da ferida), além da produção de secreção purulenta pelos leucócitos. Na fase de fibroplasia, inicia-se a ação dos fibroblastos, que induzem a produção local de colágeno. Concomitantemente, ocorre uma angiogênese local (tecido de granulação) com o objetivo de oxigenar e nutrir de uma melhor forma. ❖ Em sequência, ocorre uma reepitelização para proteger a ferida de novos microrganismos. Por fim, a fase de remodelação pode durar anos e induz a deposição e reposição do colágeno local para garantir um equilíbrio do processo de cicatrização. Ferimentos de face cicatrizam mais rapidamente, enquanto de região plantar do pé demoram mais. CICATRIZ HIPERTRÓFICA ❖ Consiste em cicatrizes elevadas, tensas, elevadas e pruriginosas, além de dolorosas. Diferentemente dos queloides, as cicatrizes hipertróficas não ultrapassam as bordas da ferida. São autolimitadas, porém tratáveis com meios não invasivos, como pomadas de silicones ou em gel por 3 meses. QUELOIDES ❖ São cicatrizes elevadas, tensas, elevadas e pruriginosas, mais incidentes em adultos jovens de etnia afro e asiática. Há uma teoria em que a formação dos queloides está ligada ao excesso de hormônios sexuais nessa faixa etária, porém não se é esclarecido. No mais, ainda há a hereditariedade envolvida (caso seja um quadro intenso). São mais comuns em regiões de deltoide, pré-esternal e face (principalmente lobo de orelha). A ocorrência de um queloide não traduz que haverá reincidência, o oposto também é válido. ❖ Sua opção de tratamento é iniciada levando em consideração a idade do queloide (< 1 ano respondem melhor ao tratamento) e tamanho do queloide (se muito grandes, exigem retirada cirúrgica). A principal opção consiste no uso de triancinolona (corticoide por infiltração) em queloides jovens e pequenos. Caso o tratamento não tenha sucesso após 6 meses de infiltrações (3 aplicações), considera-se ele refratário. ❖ Queloides grandes ou antigos devem ser operados com a retirada total e infiltração subsequente de corticoide. Caso mesmo assim haja refratariedade, segue-se com a beta-terapia. ❖ A beta-terapia consiste em uma radiação aplicada sobre o queloide logo após a retirada cirúrgica do queloide, sendo indicada apenas até os primeiros 21 dias da retirada (após, a cicatriz já estará formada). Se ainda assim houver refratariedade, opta-se pelo encerramento das terapêuticas no momento. CONTRATURAS ❖ Consiste em deformidades que afetam a função do local. O miofibroblastos atuam localmente contraindo a ferida para auxiliar a hemostasia. No caso das contraturas, geralmente em posições ociosas, ou regiões de dobras, ou que tenham sofrido traumas, os miofibroblastos acabam sendo hiperestimulados e induzem o excesso de contratura local, piorando a função de mobilidade associadas ao local. ❖ Seu tratamento envolve a retirada cirúrgica de todo o tecido contraturado e enxerto de pele sã da coxa. Outra opção é a zeta-plastia, que consiste na secção em Z da região da contratura e alternância das secções para permitir mobilidade futura (deve ser associada a fisioterapia). TRANSTORNOS DA PIGMENTAÇÃO ❖ Consistem em cicatrizes de coloração natural do paciente, ocorrendo por um trauma local que aumenta o estimulo do melanócito, ou pela radiação solar, ou por queda da função do melanócito (gera hipopigmentação). Esses fenômenos geram áreas hipocrômicas. São tratáveis com pigmentações estéticas (feitas pelos tatuadores), quando as lesões são hipercrômicas, indica-se o uso tópico de hidroquinona. DEISCÊNCIA E ALARGAMENTOS ❖ Consistem na perda de tensão da ferida, abrindo a mesma e evitando sua cicatrização por primeira intenção. Seu tratamento deve ser feito com lavagem de alto fluxo com soro fisoológico 0,9% associada a retirada de tecido necrótico, reaproximação dos tecidos, evitar suturar com excesso de tensão e preservação da vasculatura local (esses sãos os princípios de Halsted). MALIGNIZAÇÃO DAS FERIDAS ❖ Geradas principalmente de lesões por queimaduras, por osteomielites contíguas com a pele ou por úlceras vasculares crônicas. O tipo histológico mais frequente desse processo são os CEC, seguido pelo CBC. ❖ O surgimento de qualquer vegetação em uma cicatriz deve ser examinado. ❖ As biopsias geralmente são feitas de forma excisional, isto é, retira-se a ferida suspeita com margem ampla e manda o conteúdo pra análise posterior.
Compartilhar