Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS APS | DIREITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA São Paulo 2022 INTRODUÇÃO O presente trabalho de Atividade Prática Supervisionada visa abordar os princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência, o LIMPE, a Supremacia do Interesse Público e a Indisponibilidade do Interesse Público, com relação ao controle realizado pelo Tribunal de Contas no que se refere à execução da administração pública. Para discorrermos sobre temas dessa complexidade, é necessário, em princípio, destrinchar esses assuntos para que, depois de entendermos o que são em sua singularidade, possamos então relacioná-los. O LIMPE é o conjunto de princípios que permeia a administração pública, seja ela direta ou indireta. São expressos pelo artigo 37 da Constituição Federal de 1988 e devem ser obedecidos pelos três poderes e todos os entes federados: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...). Princípio da Legalidade garante que o agente público faça apenas aquilo que a lei autoriza, diferentemente da administração particular em que é lícito que se faça tudo aquilo que a lei não proíba, de acordo com o que diz a doutrina de Hely Lopes Meirelles. Portanto, a legalidade privada goza de autonomia da vontade, enquanto que a legalidade pública é subordinada da lei, chegando até mesmo a ser chamada vulgarmente de “escrava da lei”. Princípio da Impessoalidade garante que o interesse público seja o principal naquilo que se refere à administração pública, afastando o interesse próprio e pessoal do agente através da vedação da promoção pessoal e buscando evitar casos de nepotismo, por exemplo. As contratações por concursos públicos são um exemplo de maneiras de controle da autopromoção. Além da proibição de slogans, campanhas e afins, como esclarece o §1º do já referido artigo 37 da Constituição: Art. 37 §1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. Princípio da Moralidade garante que as pautas da conduta dos agentes públicos sejam a ética e a honestidade. Ações populares podem ser bons recursos para regular a moralidade dos agentes, Como exemplos de falhas na moralidade recentes em agentes atuantes podemos citar desde viagens desnecessárias com gastos consideráveis de dinheiro público até indicação de remédio sem comprovação científica para atingir objetivos pessoais escusos, ignorando a boa fé objetiva (atos que ferem também a impessoalidade, inclusive). Princípio da Publicidade tem a função de divulgar os atos administrativos para que sejam de conhecimento da população comum. Apesar de ser, a Publicidade, regra geral, há exceções em que o sigilo se faz necessário e pode ser aplicado para a segurança da sociedade, do Estado, ou da intimidade dos envolvidos. O sigilo também foi vítima de mau-uso por alguns agentes públicos que, visando a manutenção de sua vida política, o decretaram para esconder abusos policiais e até mesmo histórico vacinal de figuras políticas. O Princípio da Eficiência, instituído pela Emenda Constitucional nº 19 de 1998, garante que agir dentro da legalidade e moralidade não é suficiente. O trabalho do agente público deve também ser célere buscando o melhor resultado por meio da aplicação da lei com eficiência, eficácia e efetividade. A Supremacia do Interesse Público visa garantir a sobreposição do interesse coletivo da sociedade sobre interesses particulares sem ignorar os direitos de propriedade e a segurança jurídica. Já a indisponibilidade do Interesse Público garante que o interesse público não pertence ao gestor ou à administração pública que o defendem e que cabe a eles apenas a sua gestão e conservação, não conforme a sua vontade, mas conforme a lei. De acordo com Santos e Maia (p. 8): O interesse público primário, assim entendido como as necessidades, os interesses e os direitos da sociedade e dos cidadãos como membros da coletividade, inclusive os expressos na Constituição, deve ser o norteador do regime jurídico administrativo e deve preponderar sobre o interesse público secundário, compreendido como a vontade do poder público. O Tribunal de Contas é um órgão de fiscalização titularizado pelo Congresso Nacional que auxilia na execução orçamentária e financeira da União reconhecendo erros e indicando meios legais à sua correção. Tem seu funcionamento definido pelo texto dado pelo artigo 70 da Constituição Federal de 1988: Art. 70 A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. O Congresso Nacional, por sua vez, faz parte do Poder Legislativo e tem como atribuição secundária a fiscalização daquilo que tange a recursos financeiros. Tendo isso esclarecido, é momento de discorrer sobre a relação entre os princípios e órgão supracitados. A Relação entre os Princípios do Direito Administrativo e o Controle Realizado Pelo Tribunal de Contas O Tribunal de Contas pode ser considerado parte do conceito de administração pública policêntrica, funcionando como um observador do interesse público primário. Descentralizando a forma de organização do Poder Executivo e dando aos órgãos reguladores, inclusive de outros poderes, autonomia, pode-se buscar mais efetivamente a supremacia do interesse público. A divisão dos poderes funciona para que, num sistema de “Freios e Contrapesos” eles possam ser regulados um pelo outro, o Tribunal de Contas da União, por exemplo, apesar de ser órgão de responsabilidade do poder legislativo, tem função regulatória do controle financeiro, contábil e orçamentário de outros agentes administrativos. A principal relação do tribunal de contas é com o Princípio da Eficiência. Seu trabalho se direciona à qualidade na prestação de serviços públicos através da melhor forma de otimização dos custos através, não só da fiscalização mas também da identificação de causas das falhas para uma resolução dos problemas orçamentários mais efetiva. Esse órgão se faz, portanto, um elemento jurídico necessário à garantia da segurança jurídica tanto objetiva quanto subjetiva já que além de garantir a funcionalidade do Estado, ainda protege o tributo do cidadão contribuinte, cuidando de seu direcionamento e objetivos. Princípio tão importante que teve a necessidade de sua inclusão em reforma do texto constitucional. É o que esclarecem Guerra, Gomes e Lima (p. 17) : A eficiência administrativa está relacionada à qualidade na prestação dos serviços públicos, e determina que a atuação administrativa deve assegurar a maior produtividade possível, com o menor desperdício. Foi alçada ao patamar de princípio administrativo de observância obrigatória a partir da Emenda Constitucional (EC) nº 19/1998, que promoveu a Reforma do Estado Como exemplo recente do trabalho do TCU, podemos citar a fiscalização do trabalho do ministério da saúde no combate à pandemia de COVID-19. Nele, inclusive, pode-se mapear os efeitos do surto da doença no mercado de trabalho para apontar meios de ajudar a acendê-lo. Isso de acordo com o que explanam Guerra, Gomes e Lima (p. 21) Nesse sentido, foi divulgado na página eletrônica do Tribunal, o Relatório de Fiscalizações em Políticas e Programas de Governo, documento que apresenta as ações de acompanhamento empreendidas pelo órgão, abrangendo, entre outros, os seguintes trabalhos: ações do Ministério da Saúde no combateà crise da covid-19; impactos fiscais das medidas de enfrentamento à covid-19; Programa Emergencial para Manutenção do Emprego e da Renda; auxílio emergencial de proteção social para as pessoas em situação de vulnerabilidade; ações relacionadas à educação básica decorrentes da pandemia da covid-19. O trabalho do TCU também acena ao Princípio da Moralidade, apesar de não aplicar sanção penal, seus relatórios podem servir como prova para juízos penais, atribuições do poder judiciário. É o que esclarece Stroppa e Melissopoulos (p. 64): Desta forma, não poderia a Corte de Contas aplicar penas de detenção ou reclusão visto não serem de sua competência nem jurisdição, cabendo somente ao poder judiciário através de juízos penais. Pode também economizar recursos dos cofres públicos. O que claramente aponta à supremacia interesse da público: “No tocante à atuação do TCU, segundo informação divulgada na sua página eletrônica, de janeiro a dezembro de 2019, o órgão recuperou mais de R$ 40 bilhões para os cofres públicos do país (TCU, 2020).” (Guerra; Gomes; Lima, 2021, p. 21). CONCLUSÃO O Tribunal de Contas da União tem trabalho diretamente relacionado aos princípios da administração pública principalmente por cuidar da regulação de agentes da gestão pública, sejam eles eleitos ou aprovados em concursos públicos. Faz com que não se esqueçam de que seu trabalho deve ser moral, pautado impreterívelmente pelo ordenamento jurídico, colocando o interesse público como centro e publicizando seus atos para que sejam conhecidos pelo todo da sociedade. Isso seja feito em âmbito federal, estadual ou municipal, visando a satisfação das necessidades coletivas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Guerra, M., Gomes, C., & Lima, D. (2021). O CONTROLE APLICADO À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A EFICIÊNCIA E EFICÁCIA ADMINISTRATIVA. Práticas em Gestão Pública Universitária, 5(1), 3-27. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/pgpu/article/view/30402/. Acesso em: 15 abr. 2022. QUEIROZ DOS SANTOS, W. .; PAIVA PIRES MOREIRA MAIA, G. . Segurança jurídica, transformações no direito administrativo e deveres da administração pública implementados pela Lei nº 13.655/2018. Revista de Direito Administrativo, [S. l.], v. 280, n. 3, p. 93–120, 2021. DOI: 10.12660/rda.v280.2021.85149. Disponível em: https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/85149. Acesso em: 15 abr. 2022. STROPPA, Christianne de Carvalho; MELISSOPOULOS, Artur Giolito. Controle Preventivo dos Tribunais de Contas como forma de combate a irregularidades na Administração Pública. Revista da Faculdade de Direito da PUC - SP - Direitos Democráticos & Estado Moderno. DOI: https://doi.org/10.23925/ddem.i3.55373. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/DDEM/article/view/55373. Acesso em: 15 abr. 2022.
Compartilhar