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1 Direitos Humanos Aula 03 Professor: Eduardo Guilherme Reiner. Auditor Fiscal Do Trabalho. Direitos Fundamentais; Gerações e Dimensões: É amplamente difundida na doutrina a teoria das três gerações de direitos fundamentais, há quem defenda uma quarta geração de direitos fundamentais para incorporar direitos advindo das inovações do mundo moderno, contudo prevalece a ideia de que tais direitos nada mais são que os antigos direitos fundamentais e nova roupagem. A seguir será exposta a característica mais marcante de cada geração. Os chamados direitos fundamentais de primeira geração surgem em um momento histórico marcado por revoluções burguesas, em que se busca maior liberdade e o fim de privilégios vinculados à terra e ao nome. Nesse período os Estado nacionais são governados por soberanos déspotas e autoritários, que limitam as atividades dos burgueses. Com esse quadro marcado pela insegurança que um Estado absolutista proporciona ao capitalismo, a principal característica desse primeiro momento dos direitos fundamentais é a busca por liberdade, liberdade essa que tem como principal alvo o Estado. Assim, busca-se a não intervenção do Estado na autonomia da vontade dos indivíduos e também na economia, somente deve existir o Estado-Polícia, que não deve atuar e promover senão para garantir a propriedade privada. São direitos com traços profundamente individualistas e subjetivos, conforme alude o mestre Paulo Bonavides : Os direitos de primeira geração ou direitos da liberdade têm por titular o indivíduo, são oponíveis ao Estado, traduzem como faculdades ou atributos 2 da pessoa e ostentam uma subjetividade que seu traço característico; enfim, são direitos de resistência ou de oposição.(BONAVIDES, Paulo.) Num segundo momento após a consolidação do capitalismo o mundo vive o problema da desigualdade social, havendo um grande abismo entre ricos e pobres. Esses últimos insatisfeitos com sua condição miserável são protagonistas de revoluções e revoltas (muitas influenciadas pelas teorias socialistas), o que coloca em risco a própria existência do Estado. Esse contexto de crise social, faz com que o Estado passe de mera polícia para Estado-Provedor, é necessário que o Estado atue na sociedade para atenuar essas desigualdades. Então esse é o norte dos direitos de segunda geração: promover a igualdade real entre os membros da sociedade. Todos os indivíduos devem partir de um ponto comum, com as mesmas ferramentas para que possam gozar dos direitos de primeira geração, deve ser garantida a dignidade aos homens. Esses direitos chamados sociais dominam o século XX provenientes da reflexão antiliberal e se fixam na ideia de igualdade. Nasceram abraçados ao princípio da igualdade, do qual não se podem separar, pois fazê-lo equivaleria a desmembrá-los da razão de ser que os ampara e estimula. (BONAVIDES, Paulo.) Com o aumento da complexidade das relações na sociedade o direito se deparou com direitos que não podem ser individualizados, mas que são fundamentais para a vida digna do homem. Bens coletivos como o meio ambiente, que quando lesados afetam a todos, dessa forma o Estado deve proteger esses direitos difusos. A característica principal desses direitos é a solidariedade entre os homens e entre as nações, uma vez que é necessário a preocupação com o outro para a coexistência. Os direitos de terceira geração têm como primeiro destinatário o gênero humano. Dotados de altíssimo teor de humanismo e universalidade, os direitos de terceira geração tendem a cristalizar-se neste fim de século enquanto direitos que não se destinam especificamente à proteção dos interesses de um indivíduo, de um grupo ou de um determinado Estado.(BONAVIDES, Paulo) 3 Finalmente cabe destacar que não existe uma separação que estanque entre as três gerações de direitos fundamentais, por seu caráter histórico eles estão constantemente sofrendo novas conformações e estão sempre interligados, com inevitáveis colisões. Os direitos fundamentais possuem duas dimensões: uma subjetiva e outra objetiva. Essa última forma a base do ordenamento jurídico de um Estado Democrático de Direito e que permeia toda a sociedade tendo os direitos fundamentais uma eficácia irradiante, assim retrata os valores primordiais dos indivíduos numa determinada época. Seguindo esse raciocínio seria inconcebível que somente o Estado fosse obrigado a cumprir os valores previstos nos direitos fundamentais, os particulares também devem respeito aos mesmos em suas relações, é a chamada eficácia horizontal dos direitos fundamentais. O Estado é o sujeito passivo por excelência dos direitos fundamentais e o particular o ativo; contudo numa sociedade complexa como a nossa e também profundamente desigual, em que muitas vezes indivíduos ou entes privados são, inclusive, mais poderosos que o Estado, não raro esses aparecem no pólo passivo. A grande problemática é se o Estado pode figurar no pólo ativo. A grande maioria dos direitos fundamentais não podem ter o Estado como titular por serem incompatíveis com essa hipótese, entretanto com base na dimensão objetiva alguns direitos podem ser argüidos pelo Estado como o princípio do devido processo legal, o direito ao contraditório e à ampla defesa, a vedação às provas obtidas por meios ilícitos, dentre outros.
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