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3 - A IMPORTÂNCIA DOS ELEMENTOS DA CULTURA NA CONCEPÇÃO DE NOVOS NEGÓCIO (DL) Começar Aula 3-A importância do elementos da cultura na concepção de novos negócio Olá, estudante, tudo bem? Nesta unidade de estudo, você compreenderá a cultura organizacional e seus principais elementos enquanto base de transformação e sustentação do ecossistema corporativo. Reflita Você sabia que toda organização possui uma cultura, a qual chamamos de Cultura Organizacional? E que ela é o que direciona a forma de ser da organização? E ainda mais, que o comportamento das pessoas é que faz com que ela aconteça? Com base nessas reflexões, também aprenderemos nesse capítulo sobre comportamentamento organizacional e sua importância para formação da cultura. E avançaremos sobre a aprendizagem organizacional e a gestão do conhecimento como engrenagem propulsora para a aquisição e desenvolvimento de competências visando à manutenção de vantagem competitiva nas organizações. Ao final deste conteúdo, você será capaz de: Conhecer os elementos da cultura de um ambiente Entender suas filosofias e práticas Determinar a manutenção de sua empregabilidade Estabelecer de importantes relações com aqueles que o cercam Compreender melhor o ambiente de atuação Corroborar com o alcance de bons resultados Bons estudos! Cultura organizacional e sua importância na sustentação do ecossistema corporativo Assim como já aconteceu com outros termos, tais como “resiliência”, originário da Física; “teoria dos Sistemas” da Biologia etc., o termo “cultura” foi emprestado das Ciências Sociais para explicar a forma de ser de uma organização. Foi a partir da década de 1970 e início da década de 1980, com o declínio produtivo norte- americano frente ao japonês, com a procura de um modelo de gestão mais eficiente e com os processos de internacionalização ocorrendo, que esse tema passou a tomar importância. Prova disso foram o volume de pesquisas sobre o tema que ocorreu nos anos 1980 e 1990, com um pico de mais de 2.500 estudos em 1990. Ao contrário do que se pensava, a Cultura Organizacional não foi uma “moda”. Seus estudos continuam nos dias de hoje. Entender a Cultura de uma organização é entender o comportamento de suas pessoas. Negligenciar a cultura, é correr o risco de fracassar com processos de mudanças, de fusão, aquisição etc. Nos próximos subitens, vamos entender o que é a cultura e seus principais componentes. Irá perceber o quanto ela afeta o comportamento das pessoas. Reflexão Cultura organizacional se refere a um sistema de valores compartilhados pelos membros de uma organização que a diferencia das demais (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010, p. 501). E por que é preciso entender da cultura organizacional? Como forma de constatar a importância da gestão da cultura organizaiocnal, assista ao vídeo a seguir do Simon Sinek sobre os resultados alacançados a partir da compreensão de elementos culturais de grandes organizações e líderes mundais Videoaula Reflita O que achou do vídeo? Conseguiu compreender o 'Golden Circle' e sua relação com a cultura organizacional? Geert Hofestede (2003, p. 19), psicólogo e pesquisador holandês, define cultura como sendo “programação coletiva da mente, que distingue uma organização dos de outra”. Para Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2005) a cultura é o que diferencia nações e organizações. Por fim, um dos principais pesquisadores sobre o tema, Schein (1992) ensina que são experiências que foram testadas e consideradas válidas por um grupo na solução de algum problema e que são transmitidas para outros membros, “como a forma correta de perceber, pensar e sentir em relação a esses problemas”. Ao ler as definições, já deve ter percebido que a cultura organizacional, em resumo, é a forma de ser, pensar e agir de uma organização. Nasce, normalmente, a partir dos valores do fundador da organização, ou seja, a partir do que ele acredita ser verdade e importante. Se, ao fundar uma organização, a pessoa é norteada pela ética, pela honestidade, pelo cuidado com o meio ambiente, por exemplo, as pessoas que irá contratar, mesmo que inconsciente, serão aquelas que possuem valores semelhantes ao do fundador e, assim, a empresa vai formando e consolidando uma cultura ao redor dos valores centrais. A partir de seus valores é que a empresa passa a pensar em sua estratégia e como fará para atingir os resultados. Assim, como observou Maximiano (2015), a análise da cultura organizacional é bastante complexa, pois nem todos seus componentes são observáveis. Dessa forma, para analisar todos os elementos que a compõem é preciso um exame aprofundado. Veja abaixo os três níveis em que as culturas atuam segundo Edgar Schein: FIGURA 1 | COMPONENTES DA CULTURA Veja abaixo os três níveis em que as culturas atuam segundo Edgar Schein: Recurso lista interativa: Primeiro nível (Artefatos visíveis) Segundo nível (Valores compartilhados) Terceiro nível (Pressuposições básicas) Conteúdo Primeiro nível (Artefatos visíveis): são as coisas concretas que cada um vê, ouve e sente quando se depara com uma organização. Nas organizações é possível “notar” como as pessoas se vestem, falam, como se comportam, sobre o que conversam, como as instalações da empresa são organizadas (escritório, espaços físicos etc). Ou seja, os artefatos são todas as coisas ou eventos que podem nos indicar visual ou auditivamente como é a organização em que trabalhamos. Os símbolos, as histórias, os lemas são exemplos de artefatos. Segundo nível (Valores compartilhados): são os valores que se tornam importantes e que justificam as razões pelas quais as pessoas fazem o que fazem. São as regras escritas e não escritas que fazem com que os membros de uma companhia saibam o que é esperado deles e o que não é tolerado naquele contexto. Terceiro nível (Pressuposições básicas): trata-se do terceiro nível, o mais íntimo, profundo e oculto da cultura organizacional. São as crenças inconscientes, percepções, sentimentos e pressuposições dominantes nos quais as pessoas acreditam. A cultura determina a maneira de fazer as coisas, muitas vezes, por pressuposições não escritas nem sequer faladas. Fonte: CHIAVENATO, 2010. Voltar para a navegação do recurso lista interativa FIGURA 2 | ASPECTOS FORMAIS E INFORMAIS DA CULTURA ORGANIZACIONAL Para ilustrar ainda mais os aspectos tratados aqui, a seguir, dois breves casos que demonstram dois tipos de culturas organizacionais. Perceba a diferença entre ambos os contextos. Estudo de caso Comparando Culturas Organizacionais A partir dos cenários abaixo, indicados pela Organização A e B reflita sobre os aspectos positivos e negativos da cultura predominante em ambos os contextos. Organização A Essa organização é uma indústria manufatureira. Espera-se, nela, que os gestores documentem todas as suas decisões. Os “bons administradores” são aqueles capazes de oferecer dados detalhados que deem sustentação às suas recomendações. As decisões criativas, que incorrem em mudanças significativas ou em riscos, não são encorajadas. Como os responsáveis por projetos fracassados são abertamente criticados e punidos, os gestores procuram não implementar ideias que se desviem muito do status quo. Um gerente de nível hierárquico mais baixo cita uma expressão frequentemente usada na empresa: “Se não estiver quebrado, não tente consertar.” Existem vários regulamentos e regras que devem ser obedecidos pelos funcionários. Os chefes supervisionam os subordinados bem de perto para garantir que não haja desvios. Os dirigentes estão preocupados com a produtividade, independentemente do impacto que isso tenha sobre a moral dos funcionários ou sobre o índice de rotatividade. As atividades de trabalho são planejadas para os indivíduos. Existem departamentos distintos e linhas de autoridade e espera-se que os funcionários tenham pouco contato com colegasque ficam fora de sua área funcional ou linha de comando. A avaliação do desempenho e as recompensas enfatizam o esforço individual; entretanto, a antiguidade na empresa tende a ser o fator básico na determinação de aumentos salariais e promoções. Fonte: Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 502). Organização B Essa organização também é uma indústria manufatureira. Aqui, contudo, os dirigentes estimulam e recompensam a mudança e a assunção de riscos. As decisões baseadas na intuição têm o mesmo valor que aquelas consideradas totalmente racionais. Os dirigentes se orgulham de sua história de experimentação de novas tecnologias e de seu sucesso no lançamento regular de produtos inovadores. Executivos ou funcionários que tiverem uma boa ideia são encorajados a “levá- la adiante”. Os fracassos são tratados como “experiências de aprendizagem”. A empresa se orgulha de ser orientada para o mercado e de responder rapidamente às mudanças nas necessidades de seus consumidores. Existem pouquíssimas regras e regulamentos a serem seguidos e a supervisão é livre. Os dirigentes se preocupam com a alta produtividade, mas acreditam que ela é obtida por meio do correto tratamento dispensado ao seu pessoal. A empresa se orgulha de sua reputação como um bom lugar para trabalhar. As atividades de trabalho são planejadas em torno de grupos e seus membros são estimulados a interagir com pessoas em outras funções e em níveis de autoridade diferentes. Os funcionários falam positivamente sobre a competição entre as equipes. As pessoas e as equipes possuem suas metas e os bônus são baseados na realização desses resultados. Os funcionários desfrutam de total autonomia para escolher a maneira de atingir seus objetivos. Fonte: ROBBINS.; JUDGE.; SOBRAL, 2010, p. 502. Veja, a seguir, as diversas perspectivas em que a cultura organizacional se faz presente na organização! Cultura Dominante: expressa os valores essenciais compartilhados pela maioria dos membros da organização. Subculturas: culturas dentro da organização que expressam valores compartilhados por 'alguns grupos' da organização. Cultura forte: uma cultura na qual os valores essenciais são intensamente acatados e compartilhados de maneira ampla. Socialização: trata-se do processo que ajuda os novos colaboradores a se adaptar à cultura dominante (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010, p. 503-510). É importante que você saiba que a cultura cria o clima. E que: 'O clima organizacional se refere às percepções comuns que os funcionários de uma organização têm com relação à empresa e ao ambiente de trabalho' (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010, p. 505). Atenção! Fique atento! Uma das principais implicações da cultura organizacional sobre a administração está relacionada às decisões sobre seleção de pessoal. Contratar pessoas com valores que não se ajustam aos da empresa geralmente resulta em funcionários com pouca motivação e baixo comprometimento que se sentem insatisfeitos com seu trabalho e com a organização. O desempenho de um funcionário também depende de um grau considerável de conhecimento sobre aquilo que ele pode ou não fazer. A compreensão acerca da maneira correta de se executar uma tarefa indica que houve uma socialização adequada. Fonte: ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010, p. 522. Lembre-se: quanto mais forte for a cultura, maior será seu impacto sobre os funcionários. Contudo, não se esqueça de que diante de tempos tão dinâmicos e com mudanças e transformações que se fazem necessárias continuamente, é importante que essa cultura forte não se transforme em uma cultura blindada, inflexível e engessada, pois diante de tempos tão inovadores é preciso observar as diversas perspectivas e as novas demandas do mercado. Vamos agora entender a importância da declaração de uma visão, missão e valores para a vida da organização e de seus funcionários. Visão, missão e valores Vamos entender os conceitos de visão, missão e valores para uma organização e sua importância para a cultura, estratégia, gestão e Comportamento Organizacional. FIGURA 3 | CULTURA ORGANIACIONAL A visão é o sonho, de longo prazo e que dá vida, energia, motivo para seguir em frente. Para a organização, é como ela quer ser reconhecida no mercado. Deve ser algo desafiante, idealizado. A missão está ligada ao negócio central, que chamamos de core business. É uma declaração direta, não limitadora, ou seja, não fecha o escopo em um único produto, por exemplo. Valores é o que dá a direção (que dá o “norte”). Se declara ética, deve seguir com ética, ou poderá cair em descrédito. Como fazer a leitura de uma organização por meio de sua declaração de valores Neste subtópico iremos fazer a leitura de parte da visão e valores declarados de duas empresas, a fim de entender melhor a influência no Comportamento Organizacional. Observe a seguir. Empresa 1 Ao ler a declaração de valores da Empresa 1, fica clara a presença de uma cultura movida a resultados, dinâmica, competitiva e que não aceita desculpas (tolerância zero). Os funcionários que lá estão ou pretendem ingressar devem ter o perfil adequado ao “jeito de ser” da empresa e, tendo um RH estratégico, o processo seletivo identifica o perfil de acordo com a organização. Você já se perguntou porque muitas vezes demonstra todas as habilidades técnicas necessárias para uma vaga, mas não é selecionado? Será que tinha o perfil que a empresa queria, ou seja, se os valores eram compartilhados? Empresa 2 Perceba a diferença ao avaliar o caso da Empresa 2. Ao declarar em sua visão que pretende estar em “todos os lares do mundo”, nos remete ao sonho de uma empresa que quer expandir. Não tem a premissa de ficar estática em uma região. Procura mobilidade, logo, procura pessoas dinâmicas e preparadas para mudanças. Veja a presença das palavras inclusão e diversidade em seus valores. Indica uma organização que preza pela igualdade, ética e inovação. Agora, ao ler “espírito de vitória”, com certeza procura profissionais com brilho nos olhos e pessoas que querem melhoria contínua. Percebeu a importância de uma declaração de valores? É a declaração de como ela funciona, seu jeito de ser, pensar e agir. A importância do Comportamento Organizacional na formação da Cultura Originária do latin comportare, a palavra comportamento traz o significado da ação de se comportar, ou seja, o procedimento, a conduta, a forma de se proceder, seja de um indivíduo ou de um grupo em um meio social. Note que a palavra ação foi escrita em destaque justamente para que perceba que o comportamento de uma pessoa ou grupo de pessoas é traduzido em um conjunto de atitudes observáveis em um meio social.Considerando a organização como um ser vivo, haja vista que é formada por pessoas, sua forma de ser corresponde às atitudes semelhantes que os indivíduos exercem no ambiente em que atuam e é isso que faz uma organização diferente da outra. Conforme Robbins (2014), o comportamento organizacional (C.O.) “é um campo de estudos que investiga o impacto que indivíduos, grupos e a estrutura têm sobre o comportamento dentro das organizações”. Simplificando, são estudos de como as pessoas e grupos procedem dentro do ambiente de trabalho. Esses estudos têm como objetivo melhorar a eficácia das organizações. O estudo do C.O. envolve várias disciplinas, conforme observamos na figura a seguir, e busca entender, por meio da Psicologia, uma análise do indivíduo e, por meio da Sociologia, Psicologia Social, Antropologia e Ciência Política, os grupos e as organizações. FIGURA 4 | CONTRIBUIÇÕES PARA O ESTUDO DO COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Você pode perceber, portanto, que o campo de estudo sobre C. O. é amplo e pode auxiliar na compreensão e na gestão de pessoas no ambiente de trabalho. Agora vamos entender um pouco mais sobre a influência do C.O. na competitividade. O Comportamento Organizacional e a competitividadeA importância na forma de agir das pessoas na organização e suas habilidades comportamentais (suas atitudes e os relacionamentos interpessoais) teve maior notoriedade a partir da década de 1980, onde a competitividade passou a ser mais acirrada. Até então, as competências técnicas, ou seja, os conhecimentos (saber) e as habilidades (saber fazer) preponderavam nas organizações. Em um mundo onde desponta uma nova geração de profissionais e consumidores, pensar somente nas competências técnicas, não gera vantagem competitiva. Ter uma visão que considere o equilíbrio entre as competências técnicas e comportamentais é fundamental para que a organização possa atingir e superar suas metas e trilhar um caminho de inovação diante das grandes mudanças advindas no cenário de transformação em que o mundo está inserido. Para compreender um pouco mais sobre as transformações que estão acontecendo no mundo do trabalho oriundas com a transformação digital, assista o vídeo a seguir: Saiba mais Assista ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=ystdF6jN7hc Reflita Você concorda com a ideia apresentada no vídeo? Você está preparado para essa mudança exponencial? Vamos estudar agora sobre o impactos da transformação digital e negócios virtuais no comportamento e cultura das organizações. O impacto dos negócios virtuais (e-Business) no Comportamento e Cultura Organizacional O grande desafio das organizações em um mundo cada vez mais virtual passa a ser como gerenciar, de forma eficaz, seus colaboradores. Nesse novo universo, os líderes devem ter as habilidades de atuar em rede e utilizar a tecnologia a serviço de sua gestão e não ser controlado por ela. Ao contrário do que se pode pensar, é nesta nova era, onde as pessoas têm a informação praticamente em tempo real e onde os líderes e empresas não éticas ficam expostas com maior facilidade, que existe a necessidade de se cultivar relações produtivas e construir confiança e credibilidade, não somente com os colaboradores, mas com todo o público impactado pela organização. FIGURA 5 | NEGÓCIOS VIRTUAIS Independentemente do nível de tecnologia embarcada na empresa, os fundamentos das habilidades humanas devem se sobressair na gestão de pessoas, principalmente na escuta dos colaboradores. Saber dar e receber feedbacks assertivos é uma arte e que pode ajudar a construir elos de confiança. Estabelecer metas desafiadoras junto com suas pessoas é outra oportunidade que as empresas têm de entender o indivíduo, seu potencial e suas fragilidades. Mas como estabelecer relações em um mundo virtual, onde as interações diretas são reduzidas? Isso exige profissionais flexíveis, adaptáveis e não restritos às estruturas ou burocracias de um modelo tradicional de organização, pois é o que as novas gerações buscam, ou seja, maior mobilidade no ambiente de trabalho, trabalhar em algo que lhes faça sentido e o reconhecimento pelos seus resultados. Essa reflexão é importante, pois demonstra que o C.O. pode mudar, conforme o momento da sociedade. Com isso, podemos percerber a importância da compreensão do comportamento para definição da cultura, assim como da cultura na definição do comportamento intraorganizacional. Logo, percebe-se a importância do papel do líder para integrar todos esses elementos estratégicos. O próximo vídeo aborda sobre esse importante papel. Clique aqui para assistir o vídeo Você concorda com o papel do líder apresentado? E qual o papel dele no processo de aprendizagem organizacional? É sobre isso que iremos tratar no próximo tópico. Aprendizagem organizacional Muitos autores trazem discussões importantes sobre as organizações representarem sistemas de aprendizagem contínuos. Maximiano (2015) cita esses principais autores e apresenta as características de sistemas de aprendizagem contínuos que cada um deles defende para as organizações, conforme segue no slide abaixo. CYERT e MARCH Busca de novas soluções favorece a aprendizagem. Processo decisório produz a aprendizagem, não o contrário. ARGYRIS e SCHON Novas competências modificam o comportamento e a capacidade de resolver problemas. Aquisição de competências para resolver problemas (aprendizagem) depende de comportamento participativo dos gerentes. SENGE Para lidar com mudança contínua, organizações devem estar em contínuo processo de aprendizagem. Certas características das organizações dificultam o processo de aprendizagem. Fonte: MAXIMIANO, 2015, p. 354. Curiosidade Que já há discussões importantes a respeito de como as... Que já há discussões importantes a respeito de como as organizações devem aprender por meio de processos de aprendizagem sistematizados para lidar com a contínua mudança, característica de nossos dias? Peter Senge, por exemplo, defende a ideia de que as organizações, para terem sucesso, devem aprender a lidar com a mudança contínua, ou seja, se transformar em organizações que aprendem (learning organizations). Para criar condições para a aprendizagem organizacional, ele propõe cinco disciplinas: Domínio pessoal (personal mastery): as pessoas devem procurar ter o mais alto nível possível de controle, não sobre outras pessoas, mas sobre si próprias. Modelos mentais (mental models): compreende o questionamento dos modelos mentais implícitos que os membros da organização carregam. O sucesso da organização depende de sua capacidade de enxergar de maneira diferente e mudar costumes e procedimentos arraigados em sua cultura. Visão compartilhada (shared vision): o entendimento comum a respeito do futuro da organização. Uma visão genuína e aceita por todos os membros é uma das chaves para o sucesso da organização. Aprendizagem em equipe (team learning): num ambiente cooperativo, o grupo de trabalho consegue ser mais do que um simples agrupamento de indivíduos e, para que a inteligência grupal se materialize, a cooperação deve substituir as guerras entre feudos organizacionais. Pensamento sistêmico (systems thinking): é necessário raciocinar de forma sistêmica, em vez de enxergar apenas o que está mais perto do observador. Fonte: MAXIMIANO, 2015, p. 357-358. Perceba como essas cinco disciplinas são necessárias nos ambientes dinâmicos que temos hoje! Esperamos que você esteja criando conexões entre os conhecimentos vistos até o momento. De qualquer forma, para te ajudar com isso, abaixo você fará leituras que estruturam de forma mais contextualizada seu conhecimento sobre aprendizagem organizacional. Estudo Guiado No Livro 'Aprendizagem organizacional no Brasil', leia os seguintes capítulos: Aprendizagem organizacional e as raízes de sua polissemia (páginas 31 a 50); Ambiente organizacional e sua influência no processo de aprendizagem dos indivíduos (páginas 301 a 328) . Clique no link e leia o livro ANTONELLO, C. S.; GODOY, A. S. Aprendizagem organizacional no Brasil. Porto Alegre: Bookman, 2011. As leituras propostas permitiram que você compreendesse as diversas perspectivas da aprendizagem organizacional, lembrando que é preciso compreender os ambientes, entender das estruturas e das premissas organizacionais existentes para uma adequada integração com a mesma. Um ambiente voltado à aprendizagem é um ambiente em movimento, dinâmico, capaz de aprender e renovar significados à luz de novas ideias refletindo novos conhecimentos e insights. Vamos indicar um vídeo super interessante sobre aprendizado organizacional disponível na HSM que vai lhe mostrar uma nova perspectiva a respeito do assunto, tratando agora sobre culturalismo, liderança, gestão, design thinking e estratégias para o aprendizado organizacional. A palestra que irá assistir foi realizada por Patrícia Chagas, especialista e consultora na área de aprendizagem organizacional. Aproveite este momento! HSM Assista à palestra disponível na HSM com o título: Omni Learning com Patrícia Chagas na HR Conference2018. OMNI Learning. HSM Experience, ago. 2018. Disponível em: https://experience.hsm.com.br/posts/omni-learning. Acesso em: 12 ago. 2020. É fascinante compreender o quanto a aprendizagem tem o poder de expandir a capacidade de criação de resultados por parte das pessoas, não é mesmo? Para que possa subsidiar ainda mais seus estudos separamos um artigo disponível no Portal EBSCO que trata sobre quatro processos de aprendizagem (intuir, interpretar, integrar e institucionalizar) ligados aos diversos níveis de uma organização. Por meio dessa leitura, você compreenderá como o desenvolvimento estratégico está relacionado à aprendizagem organizacional. Boa leitura! Estudo Guiado Leia o artigo: A relação entre a elaboração de estratégias e a aprendizagem organizacional, de Versiani et al. (2018). Clique no link e leia o livro VERSIANI, Â. F. et al. A relação entre a elaboração de estratégias e a aprendizagem organizacional. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, v. 20, n. 2, p. 157–177, 2018. DOI 10.7819/rbgn.v20i2.3888. Disponível em: http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=bsu&AN=129108416&lang=pt- br&site=ehost-live. Acesso em: 10 jun. 2020. Abrir pdf Não se esqueça de que a informação e o conhecimento (saber fazer uso das informações para alcançar objetivos) tornam-se, a cada dia e de forma mais intensa, fatores de competitividade. Por isso, é preciso compreender que organizações inteligentes são aquelas que aprendem e mantêm um desenvolvimento constante para a aquisição contínua de habilidades e competências necessárias à manutenção competitiva de seus negócios. Gestão do Conhecimento Queremos iniciar este tema com dois vídeos disponíveis na HSM para que você possa compreender como a Era do Conhecimento mudou o comportamento das pessoas nas empresas e, consequentemente, impactou na forma de negociar - o que exige mais preparação, relacionamento e preparação. O ato de negociar está cada vez mais presente nos ambientes em que estamos nos inserindo e fazer boas perguntas pode ser uma das chaves de sucesso! Aproveite cada momento desta palestra com William Ury, Especialista em negociação. HSM Assista ao vídeo: Negociando para vencer: parte 1 de 2 NEGOCIANDO para vencer - Parte 1 de 2. HSM Experience, 26 mar. 2014a. Disponível em: https://experience.hsm.com.br/posts/negociando-para-vencer-parte-1-de- 2?utm_medium=search&utm_term=aprendizagem+organizacional. Acesso em: 12 ago. 2020. HSM Assista ao segundo vídeo: Negociando para vencer - parte 2 e a importância de se fazer boas perguntas. NEGOCIANDO para vencer - Parte 2 de 2. HSM Experience, 24 fev. 2014b. Disponível em: https://experience.hsm.com.br/posts/negociando-para-vencer-parte-2-de- 2?utm_medium=search&utm_term=negociando+para+vencer+-+parte+2. Acesso em: 12 ago. 2020. Para que você possa compreender as perspectivas sobre o conhecimento, vamos convidá-lo a realizar leituras importantes que tratam justamente sobre o processo dinâmico no qual a organização cria, mantém e explora o conhecimento. Estudo Guiado Leia do Livro 'Gestão do conhecimento', de Takeuchi e Nonaka, os seguintes capítulos: Criação e dialética do conhecimento (páginas 17 a 38); Teoria da criação do conhecimento organizacional (páginas 54 a 90). Clique no link e leia o livro TAKEUCHI, H.; NONAKA, I. Gestão do conhecimento. Tradução de Ana Thorell. Porto Alegre: Bookman, 2008. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788577802296/cfi/1!/4/4@0.00:61.5. Acesso em: 11 ago. 2020. Outro item importante de ser respondido quando tratamos do processo do conhecimento é: Atenção! 'Como a organização processa as informações?' Takeuchi e Nonaka (2008) resaltam que a organização processa a informação do ambiente externo para adaptar-se a novas circunstâncias. Contudo, é preciso estabelecer que quando as organizações inovam, elas não processam simplesmente a informação, de fora para dentro, visando solucionar problemas existentes e adaptar-se ao ambiente em mudança. Elas realmente criam novos conhecimentos e informações, de dentro para fora, visando redefinir tanto os problemas quanto as soluções e, no processo, recriar seu ambiente. Para explicar a inovação, necessitamos de uma nova teoria da criação do conhecimento organizacional, mas tratar dessas dimensões em que o conhecimento é criado significa considerar sua essência por meio da interação entre o conhecimento tácito e o explı́cito, estabelecendo assim suas ancoragens e interações em quatro modos diferentes de conversão do conhecimento, conforme a figura a seguir. FIGURA 6 | OS QUATRO MODOS DE CONVERSÃO DO CONHECIMENTO Saiba mais Caso precise recordar dos significados de conhecimento explícito e conhecimento tácito, seguem suas definições: O conhecimento explícito pode ser expresso em palavras, números ou sons, e compartilhado na forma de dados, fórmulas cientı́ficas, recursos visuais, fitas de áudio, especificações de produtos ou manuais. O conhecimento tácito, por outro lado, não é facilmente visı́vel e explicável. Pelo contrário, é altamente pessoal e difı́cil de formalizar, tornando-se de comunicação e compartilhamento dificultoso. O conhecimento tácito está profundamente enraizado nas ações e na experiência corporal do indivı́duo, assim como nos ideais, valores ou emoções que ele incorpora. Fonte: TAKEUCHI; NONAKA, 2008, p. 19. Esses quatro modos de conversão do conhecimento que acabou de ver ficaram conhecidos na literatura como SECI, espiral SECI ou processo SECI, considerando que a sigla representa (socialização, externalização, combinação e internalização), pois está no núcleo do processo de criação do conhecimento, conforme destacam Takeuchi e Nonaka (2008). Por isso, lhe convidamos a realizar uma outra leitura sobre conhecimento interorganizacional que lhe levará para o entendimento de que a criação do conhecimento ocorre não apenas dentro das empresas, mas também a partir dos relacionamentos entre empresas diferentes. Estudo Guiado Continue a leitura no livro: Gestão do conhecimento, contudo agora do capítulo: Criação do conhecimento interorganizacional: conhecimento e redes (páginas 201 a 216). Clique no link e leia o livro TAKEUCHI, H.; NONAKA, I. Gestão do conhecimento. Tradução de Ana Thorell. Porto Alegre: Bookman, 2008. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788577802296/cfi/1!/4/4@0.00:61.5. Acesso em: 11 ago. 2020. Esperamos que, por meio dessa leitura, você tenha percebido as vantagens e desafios da criação do conhecimento através das fronteiras das empresas! Para finalizarmos esta unidade de estudo, vamos assistir, ainda, a dois vídeos disponíveis na nossa plataforma HSM. O primeiro trata-se de um vídeo em que José Cláudio Terra, especialista em gestão do conhecimento e sócio-fundador da Terra Fórum, destaca a importância da gestão da inovação, das metas de inovação e dos falsos dilemas. HSM Assista ao vídeo da HSM: Promovendo a inovação como método com José Cláudio Terra, especialista em gestão do conhecimento e sócio-fundador da Terra Fórum. PROMOVENDO a inovação com método. HSM Experience, fev. 2014. Disponível em: https://experience.hsm.com.br/posts/promovendo-a-inovacao-com- metodo?utm_medium=search&utm_term=gest%C3%A3o+do+conhecimento. Acesso em: 12 ago. 2020. Conforme você pôde perceber, José Cláudio Terra faz uma correlação importante entre gestão da inovação e do conhecimento no ambiente organizacional. Outra perspectiva para você trilhar o conhecimento sobre gestão do conhecimento nas organizações está presente no video a seguir, sobre um modelo de implementação prático para a gestão do conhecimento voltada à inovação, o qual é proposto por Rivadávia Drummond, professor da Fundação Dom Cabral. HSM Leia o artigo 'O conhecimento e o cubo mágico' O conhecimento e o cubo mágico Rivadávia Drummond de Alvarenga Neto pesquisaconhecimento organizacional há dez anos. Seu estudo foi a primeira análise qualitativa em profundidade no Brasil sobre gestão do conhecimento, quando era um consultor que dividia seu tempo com os estudos acadêmicos. Já como professor da Fundação Dom Cabral em regime de dedicação exclusiva, fez pós-doutorado no Canadá com Chun Wei Choo, uma das maiores referências teóricas da área, e con ele desenvolveu, a partir do “ba” de Ikujiro Nonaka [veja HSM Management nº 75], o cubo de decisão para criação, compartilhamento e uso do conhecimento –um cubo que, por resolver um dos maiores desafios empresariais de nossos tempos, receberia muito bem o adjetivo de “mágico”. Em entrevista exclusiva a Adriana Salles Gomes, Drummond disseca o modelo, que se baseou em casos reais. O que é conhecimento em uma empresa? Não é termo pomposo demais? O debate sobre conhecimento, que às vezes também vira discussão engraçada sobre o que é dado e o que é informação, mostra-se interminável. Se nem áreas mais densas e teóricas como a filosofia e a sociologia chegaram a uma definição consensual, não seremos nós da administração a fazê-lo. A visão de Nonaka é de conhecimento como “a crença verdadeira justificada”, mas isso é muito oriental. Conhecimento é o que está na mente humana e, em termos práticos, varia caso a caso. Cada organização tem de fazer seu recorte, dizendo o que é chamado de conhecimento naquele ambiente, para criar a tão necessária linguagem comum. Gosto de acrescentar a isso a perspectiva construtivista, segundo a qual conhecimento é um ato de criação social e cultural. Explica-se, assim, por que ele é algo fluido, dinâmico, intangível, tanto tácito (informal, subliminar) como explícito (formalizado), incorporado a grupos e indivíduos, e socialmente construído. Ou seja, criar conhecimento, qualquer que seja o ambiente em questão, é sempre um processo extremamente frágil. É por isso que as barreiras a ele se tornam um problema tão grande. Mesmo se a definição de conhecimento for arbitrada, gestão do conhecimento ainda soa muito abstrata para as empresas. Não? É diferente de gestão de crise ou de gestão de marca... Acho o nome “gestão do conhecimento” um pouco equivocado do ponto de vista filosófico –como se gerencia algo que está na mente das pessoas? Fora que ele foi muito usado para vender a tecnologia da informação. Gestão do conhecimento é vista por uns como gestão de sistemas de informação, por outros como tecnologia da informação e engenharia de processos de negócios, e por terceiros como modelagens organizacionais baseadas no conhecimento.Na verdade, é preciso um conceito integrativo que leve tudo isso em conta. Você mencionou barreiras. Elas são mais organizacionais ou mais individuais? Há de ambos os tipos. Se as organizacionais têm que ver tanto com hierarquia como com processos e sistemas, as individuais remetem a poder: como conhecimento é poder, compartilhá-lo é antinatural para os indivíduos e as organizações ainda dificultam bastante isso. Por isso deve haver um processo que ajude a superar tais barreiras. Quero dar um passo atrás: conhecimento serve para quê? Nas empresas é complicado ligá-lo a resultados... É por isso que propus o processo integrativo de conhecimento. Há duas perguntas: qual é a estratégia da empresa em relação ao conhecimento? Se há uma, como você vai implementá-la? Continua válido, no entanto, o “ba” de Nonaka, não é? Vem do final dos anos 1990, mas ainda é considerado o que há de mais avançado na área de gestão de conhecimento empresarial... Com o Choo, investiguei a fundo Nonaka e o conceito de ba, que pode ser traduzido como um “contexto capacitante” que favorece e estimula a criação do conhecimento. Daí nasce aquele modelo de criação de conhecimento em espiral de Nonaka, chamado Seci, que brinco de chamar de “modelo sexy”. A espiral resulta dos conteúdos de conhecimento que são gerados pelos quatro métodos de conversão de informação em conhecimento: socialização, externalização, combinação, internalização. A ideia da espiral do conhecimento precede tudo; apenas Nonaka a desenvolveu em um nível mais acadêmico do que na prática. Ele perseguia algo muito mais ambicioso, que era a construção de uma teoria da firma baseada no conhecimento, ou seja, em que a fonte de vantagem competitiva era o conhecimento, não a core competence, de Prahalad e Hamel, nem a capacidade dinâmica de Teece. Nem ele nem ninguém conseguiu propor isso ainda, certo? Ainda não. Mas estou convicto de que a razão de existir e de durar de uma organização é sua capacidade de inovação –não a inovação blockbuster, mas a incremental no dia a dia. E a criação, o compartilhamento e o uso do conhecimento sustentam a intersecção entre tecnologia e modelo de negócio –o que, por sua vez, gera a inovação, uma vantagem competitiva indubitável. Como vocês desdobraram o “ba”? Nossa preocupação foi ver como as organizações se lançaram ao desafio de implementar essas ideias efetivamente e, a partir disso, projetamos nosso cubo de implementação [veja figura na página anterior]. Ele é o framework, ou a modelagem, para as empresas implementarem processos estratégicos de conhecimento. Se for mais fácil de resolver que um cubo mágico, está bom [risos]. Um matemático de Stanford diz que dá para resolver um cubo mágico tradicional em, no máximo, 25 passos. E o cubo de vocês? Nosso cubo é o fundamental passo de implementação em um processo sustentado em três eixos. Basicamente faz um cruzamento entre os processos estratégicos do conhecimento –criação, compartilhamento e uso–, as condições capacitadoras da criação de conhecimento e os níveis (ou esferas) de interação. Em muitas empresas, a gestão do conhecimento é resumida a uma questão de tecnologia, sem a dimensão humana. Um dos erros está aí? Sim, mas só a dimensão humana também não resolve. Essas são duas das condições capacitadoras, que, embora importantes, constituem só um dos três conjuntos de aspectos a levar em conta. O gap é maior, portanto... Pois é. Entre as condições capacitadoras, identificamos quatro: sociocomportamentais, cognitivo-epistêmicas, de informação e comunicação (e aqui a tecnologia tem papel importante), de estratégia/estrutura/gestão. O aspecto cognitivo-sistêmico, por exemplo, é pouquíssimo observado e muito relevante. Quer dizer o seguinte: será que a organização tem diversidade de informação suficiente? Ela decorre da diversidade de formação das pessoas. Inovação acontece menos em um grupo de dez engenheiros do que em um com três engenheiros, dois designers, um jornalista etc. Como nosso modelo mental é muito condicionado pela formação acadêmica, a diversidade de formação entre as pessoas é o que mais impulsiona a diversidade de percepções e visões de mundo, crucial para inovar. Chamo a atenção também para os modelos, estratégia e estrutura das organizações, não observados como deveriam. Têm que ver, por exemplo, com a adoção de métricas de desempenho relativas a aprendizado. Como posso pôr o cubo em ação? Você pode definir que a ênfase do processo de conhecimento está na criação (codificada em produtos, no caso do conhecimento explícito, e coordenada, no tácito, para ser transferida) e que o nível de interação é com algumas equipes. Aí tem de responder à pergunta: que condições capacitadoras preciso providenciar para que essas equipes gerem conhecimento? No caso da 3M, por exemplo, duas dessas condições foram sociocomportamentais: a tolerância a erros honestos e o diálogo aberto –aliás, elementos cruciais para inovar. Economia funciona à base de incentivos. Mas a aceitação do erro como condição capacitadora tem o defeito de não combinar com as métricas de desempenho... Devemos combinar “measurement” (métricas) com “assessment” (avaliação)! Há provas empíricas de que algo funciona. E, desde 1995, o balanced scorecard incorpora o não financeiro. A equipe multidisciplinar do Carlos Ghosn na Nissané capacitadora? Sim, do tipo cognitivo-epistêmica. Uma condição capacitadora que incomoda é o caos criativo de Nonaka... Incomoda por parecer algo abstrato. Mas a questão é: como eu crio conhecimento se não consigo sair de uma rotina de entregas? Preciso de meu tempo de aprendizado e reflexão preservado, ou não crio. Isso é o caos criativo, e é também um colapso na rotina, hábitos e estruturas do conhecimento. Requer a redefinição do trabalho produtivo. Cafezinho pode ser trabalho... Ampliar a ideia de trabalho produtivo é urgente, sem dúvida. A Fundação Dom Cabral, por exemplo, me garante esse caos criativo, assim como a HSM deve garantir o seu. Estamos falando de prioridade estratégica. Se o funcionário de uma empresa diz “não tenho tempo para entrar numa comunidade de prática”, escuto “inovação e conhecimento não são prioridades estratégicas aqui”. Que empresas você estudou? Meu foco foram três organizações: Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Siemens e a firma de consultoria PwC no Brasil. Antes pesquisei 3M, Xerox, Microsoft, Novartis etc., e agora também estudo Nokia Siemensworks e Canal Rural do Grupo RBS. A Siemens fez a Sharenet, espaço de interação onde a organização criava, compartilhava e aprendia, e tinha o happy hour do saber. A PwC possui o Global Best Pratices, na mesma linha. O CTC criou práticas de captura de ideia como inovação aberta, além do momento cultural, numa fase. Há incentivos monetários e motivacionais aos participantes, mas não é só. O assunto interessa aos executivos? Sim, aos de média gerência para cima. Como evolui a gestão do conhecimento? Qual o impacto das mídias sociais? Estamos saindo da ideia de conhecimento organizacional para a de conhecimento coletivo. Isso é potencializado pelas tecnologias sociais. Cubo de decisão do conhecimento organizacional Fontes: Rivadávia Drummond (FDC) e Chun Wei Choo (University of Toronto). Saiba mais sobre Drummond Autor do livro Gestão do conhecimento em organizações: proposta de mapeamento conceitual integrativo (ed. Saraiva), Rivadávia Drummond de Alvarenga Neto é professor e pesquisador da Fundação Dom Cabral (FDC) nos temas/áreas de Gestão do Conhecimento e Modelos Organizacionais Baseados no Conhecimento. Com experiência em consultoria de empresas, ele fez pós-doutorado na University of Toronto e continua participando do grupo de pesquisa de C.W. Choo, o Knowledgement Management Resource Center (KMRC). Fez mestrado e doutorado em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e é pós-graduado em Negócios Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC- MG). O CONHECIMENTO e o cubo mágico. HSM Experience, jan. 2011. Disponível em: https://experience.hsm.com.br/posts/o-conhecimento-e-o-cubo- magico?utm_medium=search&utm_term=gest%C3%A3o+do+conhecimento. Acesso em: 12 ago. 2020. No vídeo apresentado, Rivadávia Drummond tem convicção de que a razão de existir e de durar de uma organização é sua capacidade de inovação incremental, o que inclui o fomento à criação, ao compartilhamento e ao uso do conhecimento para sustentar seu modelo de negócios.