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Ebook da Unidade - Introdução Ao Estudo da Personalidade

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Unidade 1
Introdução ao Estudo da Personalidade
Psicologia da 
Personalidade
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
DENIZE MASCARENHAS
AUTORIA
Denize Bezerra Mascarenhas
Sou formada em Psicologia e em Enfermagem, com Mestrado na 
área de Saúde do Adulto e alguns Cursos de Especialização (Psicologia 
Positiva, Dependência Química e Neuropsicologia). Tenho experiência 
técnico-profissional de mais de 30 anos na área de saúde mental e 
psiquiatria. Trabalhei como profissional de saúde pelo Ministério da 
Saúde na assistência a portadores de transtorno mental em hospitais 
psiquiátricos e CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) na cidade do Rio 
de Janeiro. Tenho experiência profissional na docência do ensino superior, 
atuando como professora substituta em universidades públicas como 
UFRJ e UERJ e como professora contratada em universidades privadas 
como UNISUAM e Universidade Estácio de Sá (UNESA) nos Cursos de 
Graduação de Psicologia, Enfermagem e Direito. Também pela UNESA, 
tive a oportunidade de ser autora de capítulo de livro didático e de ser 
revisora de livro didático. Atualmente atuo como Psicóloga Clínica em 
Avaliação Psicológica e Aplicação de Testes Psicológicos. Sou apaixonada 
pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que 
estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora 
Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito 
feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte 
comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Introdução às teorias da personalidade ............................................12
Iniciando o estudo da personalidade ............................................................................... 12
Evolução histórica do conceito de personalidade ................................................. 13
O que é personalidade? ............................................................................................................ 16
Teoria Psicodinâmica (Freud) ............................................................... 24
Formação da personalidade humana: onde começa? ........................................24
Determinantes genéticos versus determinantes ambientais .........................27
A genética ..........................................................................................................................27
Tipos de temperamento .........................................................................................29
O desenvolvimento da personalidade infantil ....................................... 30
O desenvolvimento da personalidade na adolescência................ 30
O ambiente ...................................................................................................................... 30
Os aspectos ambientais e genéticos na formação da 
personalidade ...............................................................................................35
Iniciando o estudo da personalidade ...............................................................................35
Níveis de consciência: primeira tópica do aparelho psíquico ........................37
Estrutura da personalidade .................................................................................................... 39
Desenvolvimento da personalidade ................................................................................. 41
Etapas do desenvolvimento da personalidade .................................... 41
Avaliação da personalidade humana................................................. 47
Entendendo a avaliação psicológica ................................................................................47
Competências para a avaliação psicológica .............................................................. 49
Testagem psicológica na avaliação psicológica ......................................................52
Testagem psicológica na avaliação da personalidade ....................52
Principais testes na avaliação da personalidade ..................................53
9
UNIDADE
01
Psicologia da Personalidade
10
INTRODUÇÃO
O estudo da Psicologia da Personalidade é uma área que ainda 
levanta muitos questionamentos. O que é personalidade? Herdamos 
nossa personalidade ou ela é formada a partir das vivências no meio 
ambiente em que estamos? Como começou o interesse pelo estudo 
da personalidade humana? Como entendemos personalidade hoje? 
Podemos mudar nossa personalidade? 
Estas respostas são o alvo do nosso trabalho. Estudaremos as 
principais teorias de personalidade vão ajudar a compreender melhor o 
funcionamento do ser humano, objeto de cuidado do psicólogo. Desse 
modo, entender o processo de formação da personalidade sob o olhar 
de autores de várias abordagens e correntes da psicologia vai permitir 
aumentar o universo de conhecimento e, por consequência, facilitar o seu 
desempenho didático como aluno e seu desempenho profissional como 
psicólogo. 
Então, lançamos o desafio de convidar você a se dedicar ao conteúdo 
desta disciplina. Mergulhe no universo da Psicologia da Personalidade! 
Bons estudos!
Psicologia da Personalidade
11
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no 
desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término 
desta etapa de estudos:
1. Compreender os aspectos teóricos das teorias da personalidade;
2. Associar a evolução histórica do conceito de personalidade com a 
compreensão do conceito atual;
3. Correlacionar os aspectos ambientais e genéticos na formação da 
personalidade;
4. Entender a Teoria Psicodinâmica de Freud.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho! 
Psicologia da Personalidade
12
Introdução às teorias da personalidade
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender como 
os estudos iniciais sobre a personalidade foram importantes 
e fundamentais para o entendimento do conceito de 
personalidade que estudamos nos dias atuais. Estudar 
sobre a personalidade é fundamental para o exercício da 
Psicologia, uma vez que entender o comportamento da 
pessoa e como ela lida com suas dificuldades são as bases 
dessa profissão. E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Vamos lá. Avante!
Iniciando o estudo da personalidade
Começaremos a percorrer os caminhos da Psicologia da 
Personalidade estudando neste capítulo, um pouco do início do 
pensamento e dos estudos sobre a personalidade.
Os primeiros pensadores das questões da alma, foram os filósofos. 
Eles questionavam e queriam entender como o ser humano funcionava. 
Queriam entender as diferentes formas de comportamento que aspessoas tinham diante das mesmas situações. Por isso, criaram teorias 
que acabaram dando origem ao que conhecemos atualmente como 
comportamento e personalidade, além de outras facetas da vida do ser 
humano.
Neste capítulo, como já dissemos antes, vamos percorrer os 
caminhos do entendimento de personalidade, começando pelos filósofos 
da Grécia Antiga.
 Venha conosco para aprender um pouquinho mais sobre a 
personalidade humana.
Psicologia da Personalidade
13
REFLITA:
Por que as pessoas são como são? Por que irmãos, filhos 
dos mesmos pais, criados com os mesmos princípios, 
têm comportamentos diferentes diante das mesmas 
situações? Por que algumas pessoas conseguem ser bem-
sucedidas em áreas que outras são completos fracassos? 
Por que podemos prever o comportamento de pessoas 
que conhecemos muito bem quando elas estão diante de 
determinados acontecimentos? Por que algumas pessoas 
são mais emotivas ou mais racionais que outras?
Talvez a resposta mais comum para tantas perguntas como essas 
seja: porque as pessoas têm personalidades diferentes e tais diferenças 
determinam comportamentos e atitudes diferentes diante dos mesmos 
eventos. Essas diferenças fazem as pessoas serem únicas.
Sob essa ótica, a personalidade é um tema de estudos há 
muitos anos. O interesse em entender o comportamento humano e, 
principalmente, de descrevê-lo ou de tentar prevê-lo, está presente nas 
diversas culturas ao longo da história.
Neste breve passeio pela história do estudo da personalidade, 
veremos de que forma o assunto levantou o interesse de estudiosos e 
pensadores. 
Evolução histórica do conceito de personalidade
Os primeiros estudos foram baseados no interesse pelas 
características individuais das pessoas e foi um filósofo da Grécia Clássica, 
chamado Teofrasto (372-287 a.C.), quem escreveu um trabalho chamado 
O Carácter, no qual classificou as pessoas em trinta tipos morais a partir de 
teorias dominantes na natureza.
Nesse mesmo período, Platão (427-347 a.C.), um dos mais conhecidos 
e importantes filósofos da Grécia Antiga, escreveu um livro intitulado A 
República, em que reconhecia características individuais das pessoas 
como constantes e estáveis, o que fazia com que desempenhassem 
Psicologia da Personalidade
14
melhor as atividades para as quais eram aptas. Para ele, a alma era 
dividida em três partes: racional, apetitiva (em que estavam centrados 
sentimentos de desejos e ganância) e espiritual-afetiva.
Veremos mais adiante, durante o estudo desta unidade, que a ideia 
de características constantes e estáveis para personalidade, descritas por 
Platão no século IV a.C., estão presentes nos conceitos de personalidade 
que se discute atualmente. 
VOCÊ SABIA?
Foi Aristóteles (384-322 a.C.), um dos discípulos de Platão, 
quem descreveu pela primeira vez sentimentos de desejo, 
raiva, medo, coragem, alegria ódio e pesar.
Hipócrates (460-377 a.C.), um médico grego, conhecido 
como o “pai da medicina ocidental”, descreveu a teoria dos 
humores para explicar os diferentes tipos de personalidades 
das pessoas.
Para ele, o corpo humano continha quatro humores essenciais: 
fleuma, bile amarela, bile negra e sangue. Esses diferentes humores eram 
secretados por diferentes órgãos do corpo, com quantidades diferentes e 
que variavam de acordo com a estação do ano.
Logo, para o cérebro conseguir funcionar em normalidade, deveria 
haver um equilíbrio entre os humores. Assim, o excesso de fleuma 
causaria uma forma de demência, o excesso de bile amarela causaria 
raiva maníaca e o excesso de bile negra causaria a melancolia.
Muitos anos depois, nos séculos II e III, Galeno (129-217 d.C.) cria a 
teoria dos temperamentos para explicar as diferenças entre as pessoas. 
Os quatro temperamentos seriam: sanguíneo, fleumático ou linfático, 
colérico ou bilioso e melancólico (COLOM, 2008 apud RODRIGUES; DINIZ, 
2019).
Essa teoria foi influenciada pela teoria dos humores de Hipócrates 
e pode ser considerada a primeira tentativa de explicar diferentes 
temperamentos e personalidades dos seres humanos. 
Psicologia da Personalidade
15
É Immanuel Kant (1724-1804) quem aprimora as características 
dos temperamentos de Galeno. Segundo Kant, a pessoa com o tipo de 
temperamento sanguíneo tem características dominantes da força, rapidez 
e emoções superficiais; já na pessoa melancólica, as emoções intensas e 
vagarosidade das ações são dominantes; o temperamento colérico, por 
sua vez, tem rapidez e impetuosidade no agir e, por fim, o temperamento 
fleumático tem ausência de reações emocionais e vagarosidade no agir.
Dos séculos XIII ao XIX, correntes filosóficas defendidas por Comte, 
Kierkegaard, Locke e Nietzsche, entre outros, foram fundamentais para 
o desenvolvimento de estudos da personalidade (HALL, LINDZEY, & 
CAMPBELL, 2007).
No século XIX, Charles Darwin, com seus estudos sobre evolução, 
escreve duas obras importantes: A origem do homem (1871) e A 
expressão das emoções no homem e nos animais (1873). Darwin falava 
de comportamentos humanos que eram adaptativos ao ambiente na 
tentativa de sobreviver frente às diversidades. 
As diferenças nas maneiras de sobrevivência eram individuais, isto 
é, cada pessoa tinha uma característica diferente diante de uma situação 
específica. E essa constatação levou Francis Galton, primo de Darwin, a 
entender que as características individuais eram baseadas em condições 
genéticas e ambientais.
No próximo capítulo desta Unidade, falaremos mais sobre 
características genéticas e ambientais na formação da personalidade. 
Os estudos de Galton foram tão importantes que levaram Wundt 
(1832-1920) a criar o primeiro laboratório de psicologia, impulsionando a 
criação da Psicologia como ciência independente. 
Como vocês se recordam, a psicologia iniciada por Wundt era 
baseada na filosofia e na fisiologia experimental, e os experimentos 
eram provenientes das análises de estímulo-resposta. Logo, o estudo da 
personalidade não era o foco inicial. No entanto, temos o começo de uma 
área importante da ciência em que a psicologia se enquadra.
Psicologia da Personalidade
16
Nessa época, Sigmund Freud (1856-1939) começa a desenvolver 
a psicanálise e essa nova abordagem abre caminhos científicos para os 
estudos da personalidade (RODRIGUES; DINIZ, 2019).
Depois de Freud, baseados em seus estudos ou contrapondo-se 
a eles, vários outros pensadores e estudiosos começaram a descrever 
a personalidade humana. Veremos nesta disciplina alguns dos mais 
importantes estudiosos do assunto.
O que é personalidade? 
A palavra personalidade é usada em contextos diversos pelo senso 
comum. Algumas vezes, diz-se que alguém tem uma personalidade 
fácil porque ela é amável, agradável, boa companhia. Uma outra pessoa 
pode ser descrita com personalidade difícil porque é indiferente, hostil, 
agressiva. 
Ainda pode-se dizer que alguém tem uma personalidade 
extrovertida, introvertida, agressiva, submissa, tímida ou temerosa (HALL, 
LINDZEY e CAMPBELL, 2006). 
No entanto, diferente do senso comum, a ciência define 
personalidade a partir da integração de aspectos como habilidades, 
atitudes, crenças, emoções, desejos, modos de comportamento e até os 
aspectos físicos, que quando se englobam conferem a singularidade da 
pessoa.
A palavra personalidade é originada do latim persona e se refere a 
uma máscara de teatro usada pelos atores. Como essa, na figura abaixo, 
ainda hoje usada como brincadeira no Carnaval de Veneza, na Itália.
Psicologia da Personalidade
17
Figura 1 - Máscara de Veneza
Fonte: Freepik.
Evidentemente, não é esse o aspecto considerado para a definição 
de personalidade na psicologia. Dessa forma, temos como definição de 
personalidade: 
Personalidade: Conjunto relativamente estável e previsível dos 
traços emocionais e comportamentais que caracterizam as pessoas em 
condições normais, no seu dia a dia, ao longo das etapas da vida (LARAIA; 
STUART,2001).
No estudo da personalidade, a preocupação é procurar entender 
como os diferentes aspectos do funcionamento de uma pessoa estão 
entrelaçados. É buscar entender a pessoa à luz do seu todo organizado. 
Assim, Pervin e Jonh (2008, p. 23) dizem que: “a personalidade representa 
aquelas características da pessoa que explicam padrões consistentes de 
sentimentos, pensamentos e comportamentos”. 
Podemos perceber que, nas duas definições, os padrões 
consistentes de comportamento, emoção e pensamento estão presentes 
na personalidade de uma pessoa. Tais características individuais, 
identificam o quanto todas as pessoas são únicas, diferentes umas das 
outras (DINIZ; RODRIGUES, 2019).
Psicologia da Personalidade
18
Segundo Feist, Feist e Roberts (2015), a partir do entendimento de 
que a personalidade é um padrão de características únicas e de traços 
relativamente permanentes, precisamos ainda identificar um e outro. 
Assim, os autores descrevem as características da personalidade 
como as qualidades da pessoa identificadas pelos atributos como 
temperamento, psiquê e inteligência. 
Os traços de personalidade são as identificações pessoais de 
comportamento: a consistência de um comportamento ao longo do tempo 
e a estabilidade do comportamento em situações das mais diversas.
São as características e os traços de personalidade que trazem a 
individualidade às pessoas. 
Além disso, vários autores concordam que o desenvolvimento da 
personalidade está relacionado a situações ambientais externas, como 
a cultura e as experiências de vida, bem como pelos aspectos internos, 
que seriam os fatores biológicos, hereditários e as necessidades daquela 
pessoa durante a vida.
Portanto, a personalidade é considerada uma organização dinâmica 
dos traços do interior do eu, formada a partir de genes herdados e das 
vivências as quais uma pessoa experimenta. 
REFLITA:
As percepções que as pessoas têm das situações da vida 
são individuais e são elas que fazem com que cada pessoa 
seja única. Logo, mesmo com carga genética contribuindo 
para a formação da personalidade, o estar no mundo faz 
com que os aspectos ambientais também influenciem na 
personalidade.
Sobre esse assunto, nos deteremos melhor no próximo capítulo. 
No entanto, é importante destacar que associado aos estudos de 
personalidade e do consequente comportamento de uma pessoa, 
os estudiosos também passaram a descrever os transtornos de 
Psicologia da Personalidade
19
personalidade. Isto é, padrões de comportamento dissociados de um 
comportamento cultural esperado.
O conceito do que seria um transtorno de personalidade é do século 
XIX, quando Phillippe Pinel (1754-1826) descreveu um quadro de manie 
sans délire (mania sem delírio), caracterizado por prejuízo das funções 
afetivas, instabilidade emocional e tendência dissocial, sem a perda da 
função intelectual e cognitiva.
Outros estudos vieram depois de Pinel: como a teoria de doença 
mental de dos psiquiatras franceses Benedict-Augustin Morel (1809-1873) 
e Valentin Magnan (1835-1916), que abordava a hereditariedade como 
fator do desenvolvimento de doenças mentais e ainda a descrição de 
dez tipos de personalidades psicopáticas de Kurt Schneider, em 1923: 
hipertímicos, depressivos, ansiosos e obsessivos, fanáticos, necessitados 
de valorização, lábeis de humor, explosivos, frios de sentimentos, abúlicos 
e astênicos.
Atualmente temos, para a categorização dos transtornos mentais, 
onde se encontram descritos também os transtornos de personalidade, 
o Código Internacional de Doenças, na sua décima edição (CID 10) e o 
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, em sua quinta 
edição (DSM 5). 
IMPORTANTE:
A décima primeira edição do Código Internacional de 
Doenças, CID 11, foi lançada oficialmente em maio de 2019 
e tem a previsão de entrar em vigor em janeiro de 2022. 
Os transtornos de personalidade são condições caracterizadas por 
padrões persistentes de vivência íntima ou comportamento inflexível, 
desajustado das expectativas culturais da pessoa, estável ao longo do 
tempo e que causam sofrimento ou prejuízo, principalmente para a 
sociedade (BALLONE, 2021).
Psicologia da Personalidade
20
O DSM 5 divide os tipos de transtorno de personalidade em três 
grupos (A, B, C), com base em características semelhantes, conforme 
quadro a seguir.
Quadro 1 - Classificação dos transtornos de personalidade, segundo o DSM 5
Fonte: Elaborado pela autora (2021).
VOCÊ SABIA?
Podem ocorrer alterações de personalidade decorrentes 
de lesões e disfunções do SNC (sistema nervoso central). O 
caso mais conhecido é do americano Phineas Gage (1823-
1886), que após um acidente com grave dano encefálico, 
mudou seu comportamento e sua personalidade.
A neurociência tem importante contribuição no estudo das 
mudanças de personalidade das pessoas com alterações no SNC, 
acometidas por algum evento adquirido. O caso mais famoso e que 
despertou as pesquisas mais aprofundadas é o de Phineas Gage, que 
relatamos acima. Esse americano que trabalhava na construção de trilhos 
para uma rodovia em Vermont, teve seu cérebro perfurado por uma barra 
de ferro depois da explosão de pólvora. A barra, com um metro e meio de 
comprimento atravessou sua cabeça, passando pela bochecha esquerda, 
olho esquerdo e pelo lobo pré-frontal do cérebro. Phineas sobreviveu 
ao acidente e não teve qualquer sequela motora. No entanto, todos os 
Psicologia da Personalidade
21
que conviviam com ele relataram mudança de seu comportamento, 
visto que passou a ser um homem irresponsável e hostil, diferente do 
comportamento de antes do acidente. Seu caso é considerado uma das 
primeiras evidências de que lesões nos lobos frontais são capazes de 
alterar emoções, interações sociais e personalidade dos indivíduos.
Segundo Cabral (2019), Lezak e Col (2012), há dez grupos de 
situações clínicas que podem levar à alteração de personalidade: 
 • Lesões traumáticas no cérebro: lesões causadas por forças 
externas, perfurantes ou não. 
 • Doenças cérebro vasculares: disfunções do sistema circulatório na 
região encefálica.
 • Doenças vasculares e degenerativas.
 • Toxologia: álcool e drogas neurotóxicas.
 • Infecções: HIV, hepatite C, por exemplo.
 • Tumores cerebrais.
 • Privação de oxigênio.
 • Doenças metabólicas e endócrinas: como as alterações de tireoide.
 • Deficiências nutricionais.
 • Intervenções farmacológicas.
Balone (2008) considera que as mudanças de comportamento 
provenientes de alguma condição adquirida, como as que listamos 
anteriormente, são, na verdade, alterações da personalidade (ainda que 
algumas destas alterações possam ser permanentes a partir do evento 
causador) e não transtornos de personalidade.
Para esse autor, e vários outros, os transtornos de personalidade 
são condições que aparecem na infância ou adolescência, por influência 
de diversos fatores constitucionais, sociais ou pessoais e continuam 
pela vida adulta. São, de forma geral, acompanhados de sofrimento 
e comprometimento do desempenho social e cognitivo da pessoa, 
constituindo o que se considera uma personalidade não normal, que será 
indefinidamente persistente.
Psicologia da Personalidade
22
No entanto, não necessariamente, todas as pessoas diagnosticadas 
com transtorno de personalidade estarão fadadas a serem pessoas 
imutáveis, ainda que não haja cura para o transtorno.
O conhecimento e entendimento do transtorno, o esforço cognitivo, 
a capacidade de juízo crítico são fatores que proporcionam o aprendizado 
para disciplinar pulsões, readaptar esquemas de pensamento sobre si e 
o outro e o manejo do modo de agir para a melhora da qualidade de vida 
do indivíduo e das pessoas que o cercam. 
Este é o papel do psicólogo: ajudar as pessoas a encontrar 
caminhos para a melhora de suas vidas, independentemente do tipo de 
personalidade que tenham. Para isto, todo conhecimento sobre o tema é 
indispensável.Psicologia da Personalidade
23
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de 
que você realmente entendeu o tema de estudo deste 
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter 
aprendido que o interesse pelo estudo da personalidade 
humana iniciou ainda na Grécia Antiga, quando filósofos 
e fisiologistas (médicos) daquela época começaram a 
querer entender o comportamento das pessoas. Buscaram 
descrever de forma objetiva, com os conhecimentos que 
possuíam, como alterações corporais poderiam alterar o 
comportamento. Para isso, precisavam determinar o que 
seria um comportamento “normal” do “não normal”, e, 
dessa forma, desde àquela época, alguns comportamentos 
eram tidos como patológicos. Atualmente o conceito 
de personalidade é mais abrangente, uma vez que o 
comportamento humano pode ser avaliado de forma 
mais efetiva, passando pelo entendimento do homem 
no seu meio, com suas características pessoais e suas 
vivências singulares. Vimos também que as categorizações 
dos transtornos de personalidade são respaldadas em 
dois manuais: CID 10 e DSM 5, e que algumas alterações 
de personalidade são explicadas pela contribuição da 
neurociência. O psicólogo, com seus conhecimentos 
científicos, proporciona condições para que a pessoa 
encontre seu caminho na vida, utilizando os próprios 
recursos de sua personalidade para efetivar sua inserção 
saudável no mundo. 
Psicologia da Personalidade
24
Teoria Psicodinâmica (Freud) 
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de compreender 
como os autores entendem a formação da personalidade. A 
apreensão desses conceitos é de fundamental importância 
para a prática da psicologia. Você verá que os aspectos 
genéticos e ambientais são fundamentais para a formação 
da personalidade humana e vai poder identificar os fatores 
mais importantes desse processo. E então? Vamos começar 
este estudo? 
Formação da personalidade humana: onde 
começa?
De que maneira a personalidade humana é formada? Existem fatores 
importantes na formação da personalidade? Quais seriam os fatores 
mais determinantes para o desenvolvimento da personalidade? Essas 
são perguntas que sempre estiveram presentes entre pessoas leigas e 
também, entre os pesquisadores. Ter estas respostas talvez explicasse, ou 
justificasse, alguns comportamentos das pessoas, não é mesmo? 
A tentativa de encontrar as respostas para a formação da 
personalidade não é uma prática dos nossos tempos. Já de muito 
ouvimos expressões como: “filho de peixe, peixinho é”, isto é, o destino de 
uma pessoa está traçado pela sua herança genética, nada se pode fazer 
para mudar essa realidade, ou ainda “pau que nasce torto, morre torto”, 
indicando que não há como pensar em mudar o rumo da vida, se nasceu 
para ser torto, o jeito é aceitar e pronto.
Mas será que é assim mesmo? Será que a mesma genética que 
determina a cor dos olhos, o tipo de pele, a estatura alta ou baixa, a 
tendência a desenvolver uma doença metabólica também determina 
a personalidade, isto é, a forma como a pessoa vê o mundo, o seu 
temperamento, sua afetividade? É genético, pronto e acabou? 
Psicologia da Personalidade
25
Ou não? Será que o meio ambiente, o lugar onde se vive, é que tem 
influência sobre a formação da personalidade?
As teorias ideológicas que sustentavam a força exclusiva do 
meio para a formação da personalidade, sustentavam a ideia de que as 
pessoas seriam iguais quanto às potencialidades. Entendiam que alguém 
se destacaria como músico, pintor, matemático, jogador de futebol 
etc., de acordo com as oportunidades que o meio lhe oferecesse. Isto 
é, as diferenças individuais apareceriam exclusivamente pela influência 
ambiental e não pelo desenvolvimento de uma capacidade inata ou da 
personalidade.
REFLITA:
Se todos tivessem as mesmas oportunidades, todos 
poderiam ser Chopin, Mozart, Einstein, Pelé, Maradona, 
Messi, Neymar, Elvis Presley, Michael Jackson, Chico 
Buarque, Lady Gaga, Elis Regina ou Whitney Houston já 
que, baseado na teoria, todas as pessoas que viveram na 
mesma época que eles teriam a mesma potencialidade de 
cada um desses ilustres e talentosos personagens. 
O que essas teorias têm de correto, afinal? Será que uma elimina a 
outra? Se confirmar-se que a herança genética é quem determina a forma 
de viver no mundo, então seria correto afirmar que todo filho de pais bem-
sucedidos também será bem-sucedido? E, pior, todo filho de criminoso 
será criminoso?
Se, na verdade, é o meio quem forma a personalidade e o 
consequente comportamento, toda criança criada em ambiente saudável 
será honesta e toda aquela que viver em ambiente desfavorável será 
desonesta?
Podemos afirmar tais pontos de vista com certeza? O que você 
acha? Pense nos exemplos que temos na nossa sociedade e lembrem 
quantos filhos de pessoas chamadas “pessoas de bem” desenvolvem 
atitudes ilícitas e desonestas e quantos jovens que vivem em condições 
desfavoráveis são pessoas honestas, batalhadoras e bem-sucedidas.
Psicologia da Personalidade
26
Então, podemos eliminar a genética na formação da personalidade? 
Podemos eliminar o meio e a maneira onde se vive a experiência da 
infância e a adolescência na formação da personalidade? 
Parece que a resposta é clara: o ser humano forma a sua 
personalidade a partir dos genes herdados e da forma como consegue 
experimentar a vida no meio em que vive. Não pode ser considerado 
exclusivamente herança genética e nem exclusivamente ambiente. 
Não pode ser considerado exclusivamente herança genética porque 
sua carga hereditária não é um monte de genes que o programaram 
para agir sempre desta ou daquela maneira, como os pais. Tão pouco 
é exclusivamente ambiente, como se fosse o produto de reflexos 
condicionados pela cultura e hábitos de onde vive, agindo sempre igual a 
todo mundo, sem ter sentimentos ou livre arbítrio. 
Lembram da definição de personalidade que discutimos no capítulo 
um? Dissemos, naquele capítulo, que personalidade é a organização 
dos traços no interior do eu, formados a partir da carga genética e das 
experiências de vida da pessoa, provenientes da maneira como ela vê e 
vive as situações do ambiente.
Percebam os aspectos genéticos e sociais como entrelaçados na 
formação da personalidade, destacando que as percepções individuais 
das situações vivenciadas é que moldam o sujeito como um ser único, 
subjetivo.
Outro aspecto importante na avaliação da expressão da 
personalidade de uma pessoa é a condição em que ela se apresenta em 
um momento específico da sua vida. 
Balone (2008), entende que a conjugação entre a herança genética 
e a influência ambiental é o resultado daquilo que a pessoa trouxe para a 
vida e daquilo que a vida lhe deu. Portanto, para o autor, a personalidade 
é composta dos elementos constitucionais e ambientais. 
Psicologia da Personalidade
27
IMPORTANTE:
Devemos, como psicólogos, entender o comportamento 
de uma pessoa pela sua forma de ver as situações da 
vida. Na maioria das vezes, a pessoa toma as atitudes 
que consegue e não as atitudes que seriam esperadas 
em uma determinada situação. São atitudes que refletem 
suas condições emocionais, resultado da concepção de 
si mesmo, estabelecida pelas vivências subjetivas que 
experimentou.
Determinantes genéticos versus determinantes 
ambientais
A genética
Como já discutimos anteriormente, os determinantes genéticos 
e os determinantes ambientais interagem entre si na formação da 
personalidade humana. Na verdade, não há genes sem ambiente e nem 
ambiente sem genes. São interações contínuas. 
O que queremos estudar é como tais interações (genética e 
ambiental) contribuem para o desenvolvimento da personalidade. 
Segundo Pervin e John (2015), a hereditariedade determina as 
possibilidades de desenvolvimento de uma característica, mas são as 
situações do ambiente que determinarão seu resultado como positivo ou 
não.Então, mesmo que alguma pessoa tenha talento para ser um atleta 
ou um músico, ela vai precisar que o ambiente determine a forma de 
desenvolver tal talento.
Psicologia da Personalidade
28
REFLITA:
A genética proporciona talentos que uma determinada 
cultura pode ou não recompensar e cultivar. Assim, 
podemos pensar que o Brasil tem muitos meninos que 
jogam futebol como Neymar, mas nunca foram descobertos 
e, dessa forma, não são conhecidos. Eles continuam a jogar 
nos campos de várzeas escondidos pelo Brasil, mas nunca 
são vistos por um olheiro e não terão oportunidade de 
desenvolver seus talentos. 
Já dissemos que os fatores genéticos têm papel importante 
na formação e determinação da personalidade, especialmente nas 
características que tornam a pessoa única. Assim, mesmo diante de 
gêmeos idênticos, teremos duas pessoas diferentes, únicas.
Segundo Kagan (1994 apud PERVIN e JOHN, 2015), os fatores 
genéticos são mais importantes em características como inteligência e 
temperamento e menos importantes em valores, crenças e ideias. Citam 
como exemplo os comportamentos de atividade (ser menos ativo – 
preferir ler um livro que sair de casa ou mais ativo – preferir atividades de 
aventura a ler um livro), e de medo (ter mais cautela ou ser destemido). Tais 
características podem ser percebidas na idade infantil e se prolongar até a 
idade adulta, indicando ser uma característica genética, já que independe 
do meio em que se vive.
Vamos refletir sobre outra definição de personalidade: 
A personalidade pode ser entendida como o ‘jeito de 
ser’ de cada um. Ela envolve mais do que simplesmente 
o comportamento observável, devendo incluir a 
identificação de um padrão característico e relativamente 
estável de pensar, sentir e se relacionar. A visão do mundo 
que cada um constrói ao longo da vida e que se constitui 
do temperamento (transmitido geneticamente) acrescido 
das experiências ambientais – tanto as positivas quanto 
as negativas – é pessoal e intransferível. (WELLAUSEN; 
OLIVEIRA, 2016, p. 274)
Psicologia da Personalidade
29
Entendemos, pela descrição do autor, que o temperamento é a 
característica da personalidade herdada geneticamente, que identifica a 
especificidade e intensidade individual dos afetos psíquicos, do humor e 
da motivação. É considerado uma disposição inata e particular da pessoa 
na reação aos estímulos ambientais e já pode ser percebido na infância. É, 
em suma, a maneira interna de ser e agir de uma pessoa, sua tendência 
de ver o mundo, seus interesses, habilidades e valores. É o estilo de vida 
geneticamente determinado.
Tipos de temperamento
São descritos quatro tipos de temperamentos: sanguíneo, 
fleumático, colérico e melancólico. Já vimos essas descrições no capítulo 
um – é a divisão proposta por Hipócrates, cerca de 400 anos a.C. e é ainda 
objeto de estudo de profissionais da psicologia, neurociência e filosofia.
Os principais traços dos temperamentos são demonstrados no 
quadro a seguir:
Quadro 2 - Traços dos temperamentos
Fonte: Elaborado pela autora (2021).
Psicologia da Personalidade
30
O desenvolvimento da personalidade infantil
A personalidade infantil é influenciada pelos  valores, crenças e 
normas  que as crianças começam a adquirir nas suas relações com as 
figuras de autoridade: pais, professores, irmãos mais velhos, avós. É nesta 
etapa da vida que se desenvolvem os vínculos afetivos e de apego. 
O temperamento, que começa a se manifestar na idade infantil, é 
fortalecido a partir da relação do indivíduo com o meio em que vive, o que 
vai influenciar na formação de sua personalidade e determinar os padrões 
de comportamento que as crianças vão desenvolver. 
O desenvolvimento da personalidade na 
adolescência
As mudanças físicas ocasionadas pela puberdade influenciam muito 
o desenvolvimento da personalidade na adolescência. A autoestima, a 
segurança, a confiança, a socialização e a sexualidade são desenvolvidas 
nessa etapa da vida.
Os adolescentes estão buscando descobrirem quem são, o que 
querem, suas preferências sexuais, a expectativa para a vida. Essas 
experiências podem torná-los inseguros e desconfiados, o que, por 
conseguinte, pode levar a um sentimento de baixa autoestima. 
O desenvolvimento da personalidade pode ser influenciado pelas 
experiências que forem desagradáveis e trouxerem insegurança.
O ambiente
Os aspectos ambientais são determinados pela cultura e seus 
padrões institucionalizados de comportamento, crenças e rituais. Tais 
padrões sociais têm influência sobre as atitudes das pessoas, que terão 
características de personalidade em comum com seus pares.
Psicologia da Personalidade
31
VOCÊ SABIA?
A comemoração do dia de finados no Brasil, dia 02 de 
novembro, é uma homenagem das famílias aos familiares 
falecidos com visita aos cemitérios, sempre numa 
atmosfera triste. Já no México, a comemoração do dia dos 
mortos dura 3 dias (de 31 de outubro a 2 de novembro), e 
é considerado um dia de festa, quando os mexicanos se 
fantasiam com máscaras e celebram nas ruas. Essa é uma 
das diferenças que a cultura traz para o comportamento 
e a formação da personalidade entre os brasileiros e os 
mexicanos.
Figura 2 - Dia dos Mortos no México
Fonte: Freepik
Esse é apenas um exemplo de como a cultura interfere no modo 
de vivermos as experiências da vida. Certamente iríamos estranhar uma 
comemoração festiva em um dia que é tão triste para a cultura brasileira, 
se estivéssemos no México a passeio ou para morar. 
Tendo isso em vista, a maneira de satisfazer necessidades, a 
maneira de relacionamento com outras pessoas, o que é considerado 
triste ou engraçado, o jeito de encarar a vida e a morte, o que é saudável 
Psicologia da Personalidade
32
ou insalubre serão vivenciados igualmente entre os membros de uma 
comunidade (CROSS e MARKUS, 1999 apud PERVIN e JOHN, 2015).
Outro aspecto relevante no contexto ambiental para a formação da 
personalidade é a classe social. Para autores como Collins et al. (2000), os 
fatores referentes à classe social, determinam o status, os papéis sociais, 
seus deveres e privilégios. Tais elementos vivenciados em cada classe 
social, independentemente de ser alta ou baixa, operária ou empresária, 
determinam como a pessoa se vê e vê o outro, como ganham e gastam 
dinheiro, como definem situações sociais e como respondem a elas. 
A vida em família também é parte fundamental e a mais importante, 
no desenvolvimento da personalidade. Os padrões de comportamento 
parental: pais amorosos ou hostis, superprotetores ou irresponsáveis, 
possessivos ou conscientes da necessidade de proporcionar autonomia, 
afetam o padrão de comportamento dos filhos, principalmente se os pais 
não conseguirem ser modelos de identificação que transmitam segurança 
e coerência.
REFLITA:
Por que crianças da mesma família são tão diferentes? 
Reagem de forma diferente diante das mesmas situações?
A resposta a essas perguntas está justamente nas formas de se 
perceber o mundo de maneira singular. Irmãos passam por situações 
e vivências diferentes entre eles fora de casa, em contato com outras 
pessoas. Estudar em escolas diferentes ou em classes diferentes, com 
amigos diferentes, com professores diferentes são fatores que permitem 
que irmãos tenham visão de mundo diferenciada entre eles.
Isso nos leva a um outro grupo importante na formação da 
personalidade: os pares. As experiências das crianças entre seus pares não 
são as mesmas experiências que compartilham com os irmãos em família. 
As regras dos grupos de pares são diferentes até entre diferentes pares, 
e certamente diferentes das regras familiares. Não é, necessariamente, 
uma questão de serem regras melhores ou piores, são regras diferentes, 
Psicologia da Personalidade
33
que somadas à solidificação dos laços parentais, desenvolvem, de forma 
mais duradoura, a personalidade daquela criança/adolescente (PERVIN 
e JOHN, 2015).
SAIBAMAIS:
Para que a interação entre genética e ambiente seja 
entendida de forma clara, sugerimos que você assista um 
documentário chamado Three Identical Strangers. 
É a história de três irmãos, Robert, David e Eddy, separados 
aos seis meses de vida na maternidade e adotados por 
famílias diferentes. Dois deles se encontraram aos 19 anos 
na Universidade de Sullivan, Nova York, em 1980. O outro 
irmão (David) percebeu a semelhança entre eles quando 
viu suas fotos em jornais e descobriu que eles eram 
trigêmeos idênticos. Mesmo crescendo em ambientes 
completamente diferentes, eles possuíam gostos parecidos 
(cigarros, prática de lutas, mesmo gosto por mulheres etc.). 
Mas, apresentavam muitas diferenças também, que só 
foram notadas com o passar do tempo. E essas diferenças 
foram determinadas pelo convívio com famílias diferentes, 
amigos diferentes e ambientes diferentes. 
Você pode assistir ao trailer desse documentário clicando aqui. 
Psicologia da Personalidade
https://www.youtube.com/watch?v=h6yNaReDcfE
34
RESUMINDO:
Como foi estudar este capítulo? Ficou claro para você 
o conceito de personalidade e sua formação a partir da 
infância, atrelada aos aspectos genéticos e ambientais? Foi 
possível discutir que tanto os atributos herdados como as 
condições ambientais são fatores indissociáveis para que a 
personalidade de uma pessoa seja construída. Por isso, não 
é possível mais considerar que apenas a herança genética 
determine quem somos. Temos que ter o conhecimento e a 
consciência de que temos oportunidade de direcionarmos 
nossos esforços para melhorar sempre os aspectos de 
nossa personalidade a partir da nossa inserção no ambiente 
em que vivemos. Assim como não podemos nos deixar 
levar por aspectos culturais que podem ser mudados se 
não forem saudáveis. Logo, é de extrema importância 
que o psicólogo observe essas diferentes circunstâncias 
na avaliação de um cliente. Para entender se uma pessoa 
age de maneira funcional ou de maneira disfuncional, 
é necessário entender o contexto em que ela passou 
os primeiros anos de formação da sua personalidade e 
como ela consegue ver o mundo à sua volta. Apesar de 
sabermos que algumas das características importantes da 
personalidade são estáveis, temos que auxiliar as pessoas 
que precisam de ajuda terapêutica a estabelecer de forma 
saudável sua inserção no mundo. Nosso próximo capítulo 
abordará a visão psicanalista da personalidade. Não perca! 
Até lá! 
Psicologia da Personalidade
35
Os aspectos ambientais e genéticos na 
formação da personalidade
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender 
como os estudos da personalidade foram descritos por 
Sigmund Freud. Considerado o pai da Psicanálise, Freud 
foi o primeiro estudioso do inconsciente, contrapondo-
se aos estudos do consciente vigentes à época. Neste 
capítulo vamos estudar como Freud descreve a formação 
da personalidade através do desenvolvimento infantil e 
iremos aprender sobre a forma que o inconsciente funciona 
na visão psicanalítica. E então? Motivado para desenvolver 
esta competência? Vamos lá. Bons estudos!
Iniciando o estudo da personalidade
Em meados do século XIX, especificamente no ano de 1879, na 
cidade de Leipzig, Alemanha, a Psicologia começa seus passos iniciais 
como disciplina científica. 
É a partir da criação do que foi considerado o primeiro laboratório 
que Wilhelm Wundt começa a abrir espaço para a Psicologia como ciência 
independente. Seu objetivo era realizar investigações experimentais dos 
fenômenos da consciência no humano adulto considerado normal.
Na visão de Wundt, a consciência era constituída por elementos 
estruturais relacionados diretamente aos órgãos dos sentidos. 
EXEMPLO: as sensações de cor estariam relacionadas com mudanças 
fotoquímicas na retina, os sons relacionados com o ouvido interno, as 
experiências mais complexas seriam uma reunião de sensações, imagens 
e sentimentos elementares.
Em virtude disso, a Psicologia passou a ser entendida, e considerada, 
uma química mental, uma vez que buscava descobrir os elementos 
básicos da consciência e entender como eles eram compostos. 
Psicologia da Personalidade
36
Vários estudiosos daquela época se levantaram com objeções a 
esse tipo de Psicologia, e Sigmund Freud foi um deles. Freud acreditava 
que os estudos da consciência eram tão superficiais como a própria 
consciência, uma vez que defendia o conceito de que ela era a parte 
menor dos problemas. Para ele, os estudos deveriam ser realizados no 
inconsciente, a parte maior e mais profunda da mente humana. 
Freud defendia a ideia de que a mente seria como um iceberg, o 
consciente seria a pequena parte aparente e o inconsciente, a maior parte, 
a que ficava submersa, escondida. E era lá, escondido, submerso, que 
estariam os impulsos, as paixões, as ideias, os sentimentos reprimidos, 
as forças vitais, que, não visíveis, exerceriam o controle dos pensamentos 
e das ações das pessoas. Por isso, para ele, o estudo apenas do que era 
consciente não faria entender o comportamento humano (HALL, LINDZEY, 
CAMPBELL, 2008).
VOCÊ SABIA?
Freud não foi o primeiro a entender a importância do 
inconsciente, mas foi o primeiro a querer estudar a 
consequência do que existia no inconsciente que repercutia 
na vida quotidiana, na qualidade de vida, na saúde mental 
das pessoas. Para proceder aos estudos do inconsciente, 
Freud criou o método de associação livre e começou a 
construir suas teorias sobre personalidade.
O conceito de inconsciente trouxe a ideia de que existem aspectos 
do funcionamento das pessoas das quais elas não estão inteiramente 
conscientes e, ainda, que parte, ou grande parte, do comportamento 
delas é determinado por forças inconscientes. Assim, as influências 
do inconsciente precisavam ser estudadas para entender alguns 
comportamentos não saudáveis que as pessoas apresentavam em sua 
vivência (PERVIN e JONH, 2015).
Psicologia da Personalidade
37
Níveis de consciência: primeira tópica do 
aparelho psíquico
Na teoria psicanalítica criada por Freud, a vida psíquica é descrita 
a partir do quanto estamos conscientes dos fenômenos à nossa volta. 
Ele entende que o aparelho psíquico pode ser descrito em consciente, 
pré-consciente e inconsciente. A esta primeira formulação do aparelho 
psíquico deu-se o nome de Primeira Tópica.
 • Consciente: é o nível mais visível dos pensamentos, pode-se 
acessá-lo por meio de um exercício de reflexão. Logo, a parte 
consciente da mente engloba os desejos e ideias mais explícitas. 
A pessoa percebe os fenômenos à sua volta de maneira mais 
consistente, mais claramente.
 • Pré-consciente:  extrato da mente humana considerado a ponte 
entre os pensamentos diretos e os impulsos mais subconscientes. 
Os pensamentos são um pouco mais difíceis de acessar, mas 
estão disponíveis se a pessoa prestar atenção a eles, se quiser se 
ocupar deles. A terapia psicanalítica busca levar os conteúdos do 
inconsciente ao pré-consciente para poder acessá-los.
 • Inconsciente:  é o desconhecido inacessível da mente humana, 
ou seja, não se sabe, com certeza, o que ocorre nesse nível da 
mente. Freud defendeu a necessidade de trabalhar o inconsciente 
porque entendia a influência marcante dele na personalidade. O 
inconsciente é, para Freud, o nível da consciência que engloba as 
experiências vividas, os traumas pessoais e os impulsos animais.
Na figura abaixo, vemos, de forma didática, o modo como Freud 
entendia o funcionamento do aparelho psíquico:
Psicologia da Personalidade
38
Figura 3 - Iceberg 
 
Fonte: Freepik
IMPORTANTE:
Freud dizia que o consciente era a ponta do iceberg que era 
aparente. Na parte mergulhada do iceberg estavam o pré-
consciente, logo abaixo da linha d’água e o inconsciente na 
parte mais profunda do iceberg.
Ele considerou que os pensamentos e as percepções estão à 
nível do consciente. No pré-consciente podemos encontrar as memórias 
armazenadas que são de conhecimentoda pessoa. No inconsciente estão 
o instinto, os medos e os motivos egoístas das pessoas
A teoria da psicanalista de Freud buscava explicar todo o 
funcionamento do ser humano, passando pelos comportamentos 
que eram visíveis até aqueles que estavam mais reprimidos, como as 
emoções, os traumas e transtornos psicológicos. 
Para estudar o inconsciente, ele cria o método da associação livre, 
o qual, através da fala, a pessoa expressa suas ideias, suas memórias 
traumáticas e os desejos mais escondidos.
Além da associação livre, Freud analisava os sonhos, os atos falhos, 
as psicoses, as neuroses, as obras de arte e os rituais da pessoa na 
tentativa de compreender o inconsciente.
Psicologia da Personalidade
39
Na sua visão, no inconsciente, a qualidade da vida psíquica era 
abundante, porque no inconsciente nada era impossível. Considerava 
o inconsciente alógico (coisas opostas tinham o mesmo significado), 
atemporal (situações ocorridas em tempos diferentes podiam estar 
presentes ao mesmo tempo) e sem limites quanto ao espaço (não existem 
distâncias ou tamanhos no espaço do inconsciente) (PERVIN; JONH, 2015).
Estrutura da personalidade
Em 1923, Freud desenvolveu um modelo estrutural que se referia 
aos diferentes aspectos do funcionamento da pessoa. Entende que 
a personalidade era constituída por três grandes sistemas: id, ego e 
superego, e que o comportamento é a consequência da interação entre 
eles (PERVIN e JONH, 2015; HALL, LINDZEY e CAMPBELL, 2008).
a. ID: é o sistema original da personalidade, pois dele se originam o 
ego e o superego. Consiste no que é psicológico, herdado e está 
presente desde o nascimento, incluindo os instintos. 
b. Para Freud, o “id” é a verdadeira realidade psíquica, é o reservatório 
da energia psíquica da pessoa. O id não tolera frustações, e por 
isso, opera pelo princípio do prazer, pela gratificação imediata, 
busca sempre evitar a dor. Representa a fonte da energia das 
pulsões de vida e morte e das pulsões sexuais e agressivas. Busca 
liberação da excitação, da tensão e da energia. O id não tem 
razão, lógica, valores, moral ou ética. É exigente, pulsional, cego, 
irracional, antissocial e egoísta. O id não considera a realidade e 
busca satisfação seja pela ação ou pela imaginação. 
c. EGO: enquanto o id funciona pelo princípio do prazer, o “ego” 
opera segundo o princípio da realidade, de acordo com o mundo 
objetivo, real. Adia a gratificação das pulsões até que possa haver 
o mínimo de dor e de consequências negativas. Os desejos do id 
são satisfeitos pelo ego de acordo com a realidade. 
d. É o ego quem separa o desejo da fantasia, tolera tensões e 
frustrações e expressa o desenvolvimento de habilidades 
cognitivas e perceptivas, conseguindo perceber mais do que está 
à volta e pensar de forma mais complexa.
Psicologia da Personalidade
40
e. Pode-se afirmar que o ego é o executivo da personalidade, uma 
vez que seleciona como vai responder aos instintos e de que 
maneira os desejos do id podem ser contemplados. O ego é a 
parte organizada do id, trabalha para atender ao id e depende 
do id. Não existe ego se não houver id. O ego mantém a vida e 
assegura que a espécie se reproduza.
f. Superego: representa o ideal mais que o real, quer a perfeição 
mais que o prazer. Funciona como um árbitro dos padrões morais, 
decidindo o que é certo ou errado, lembrando das punições que 
se espera de quem viola as regras e gerando culpa. 
g. O “superego” é o responsável pelo controle do comportamento 
baseado em regras sociais e reforça os pensamentos de 
recompensa quando se age da forma socialmente esperada. 
As principais funções do superego são: 
a. Inibir os impulsos do id (especialmente os impulsos mais condenados 
pela sociedade: os sexuais e os agressivos). 
b. Convencer o ego a substituir as decisões realistas pelas decisões 
moralistas.
c. Buscar a perfeição. 
O id, o ego e o superego não devem ser pensados como “inimigos” 
que se opõem no funcionamento da personalidade. Eles, na verdade, 
fazem parte dos processos psicológicos que fortificam a personalidade, e 
trabalham como uma equipe, cujo líder é o ego. 
Se fizermos uma analogia entre as duas tópicas do aparelho 
psíquico propostos por Freud, veremos que o id está completamente 
no inconsciente, e que o ego e o superego estão parcialmente no 
inconsciente e parcialmente no consciente. 
IMPORTANTE:
Pode-se dizer que o id é o componente biológico da 
personalidade, o ego é o componente psicológico e o 
superego é o componente social.
Psicologia da Personalidade
41
Desenvolvimento da personalidade
Freud foi um dos primeiros teóricos a estudar o desenvolvimento 
da personalidade. Entendia como papel fundamental os primeiros 
anos de vida do bebê e suas experiências infantis para a formação da 
estrutura básica de caráter. Considerava que, aos cinco anos de idade, a 
personalidade já estaria formada e os anos subsequentes seriam apenas 
para elaborar a estrutura básica da personalidade.
Em seus estudos, descreveu que a personalidade se desenvolve a 
partir de quatro fontes de tensão: processos de crescimento fisiológico, 
frustrações, conflitos e ameaças. A criança, diante de tais tensões, é 
impulsionada a aprender como reduzi-las e esse aprendizado leva ao 
desenvolvimento da personalidade.
Etapas do desenvolvimento da personalidade 
Freud procurou descrever a personalidade a partir do desenvolvimento 
psicológico e sexual. Segundo sua teoria, o comportamento é influenciado 
pela busca do prazer durante a fase infantil, a partir do uso dezonas 
erógenas do corpo diferentes em cada etapa evolutiva.
Para ele, se a criança passa por gratificação demasiada ou alguma 
frustração em uma das etapas, a consequência para o desenvolvimento 
da personalidade será verificada na idade adulta.
As etapas do desenvolvimento da personalidade são descritas em 
cinco fases:
1. Fase oral (de 0 a 1 ano)
Esta primeira etapa do desenvolvimento da personalidade começa 
ao nascimento e vai até o primeiro ano de vida. A zona erógena é a boca. O 
prazer é obtido na sucção (relacionada inicialmente à amamentação), em 
chupar (o dedo, por exemplo), morder objetos e comer.
A evolução saudável dessa etapa está relacionada a experiências 
agradáveis e seguras oferecidas pelas pessoas responsáveis pelo cuidado 
da criança.
Psicologia da Personalidade
42
Entretanto, uma experiência traumática, como cessar a amamentação 
antes do previsto ou amamentar tempo demais pode provocar fixação 
nessa fase. Para a Psicanálise, os resultados dessa fixação podem ser vícios 
em drogas (como tabaco), roer unhas, ingesta excessiva de comida e ainda 
uma personalidade agressiva e reativa.
Figura 4 - Fase oral
 
Fonte: Freepik
2. Fase anal (1-3 anos)
Esta fase vai de um ano de idade até três ou quatro anos de idade. 
A zona erógena é o ânus e é caracterizada com o prazer de controle dos 
esfíncteres (controle de reter e expulsar fezes e urina).
Se a evolução natural não for seguida, as crianças podem apresentar 
grande retenção de fezes ocasionando constipação e o consequente 
desenvolvimento de um caráter teimoso ou retraído. Ou ainda, as crianças 
podem ter um comportamento de rebeldia e expulsar as fezes em situações 
inoportunas e desenvolver um caráter mais destrutivo ou relaxado.
Psicologia da Personalidade
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Figura 5 - Fase anal
Fonte: Freepik.
3. Fase Fálica (3-6 anos)
Início aos 3 anos até aos 6 anos. Alguns autores referem que esta fase 
pode durar até aos 7 anos. A zona erógena são os órgãos sexuais (pênis 
ou falo nos meninos e clitóris nas meninas). O prazer está relacionado ao 
exibicionismo dos órgãos genitais, o interesse pelos seus órgãos genitais 
e pelos órgãos genitais de outras crianças.
A curiosidade das diferenças entre meninos e meninas é presente 
nas crianças nessa fase, especialmente se a criança tem um irmão de 
sexo diferente do seu.
VOCÊ SABIA?
Esta é a fase em que osmeninos e as meninas ficam 
procurando ver a diferença entre os seus órgãos sexuais 
e os de outras crianças. Não há cunho sexual, mas a 
descoberta das diferenças entre eles.
No início dessa fase existe um grande interesse autoerótico e o 
começo dos primeiros atos masturbatórios. Com o passar do tempo, o 
foco de interesse é nos pais e se percebe o desenvolvimento do Complexo 
de Édipo.
Psicologia da Personalidade
44
O Complexo de Édipo tem como característica a busca de satisfação 
no progenitor do sexo oposto, podendo também surgir interesse pelo 
progenitor do mesmo sexo, na tentativa de superar uma rivalidade. 
É comum que as crianças busquem contato corporal, carícias 
e mesmo que tenham fantasias sobre o que os adultos fazem. Com o 
aparecimento do Complexo de Édipo, os meninos iniciam uma hostilidade 
em relação ao pai, entendido como um rival, porque rouba sua mãe, alvo 
de seu interesse sexual. O menino espera ser castigado com a castração 
por conta deste comportamento. As fantasias de castigo não satisfeitas 
podem desenvolver sintomas neuróticos na personalidade. Nessa fase do 
Complexo de Édipo, o menino se identifica com o pai e quer imitá-lo e, por 
consequência, a rivalidade desaparece, assim como o interesse pelo falo. 
As meninas assim como os meninos, mostram amor pela mãe. Para 
Freud, ao descobrirem a ausência de pênis, elas imaginam que foram 
mutiladas e culpam a mãe. Com isso, decidem que o pai será o seu objeto 
de amor devido ao desejo de ter o pênis.
4. Fase de latência (dos 7 anos até a adolescência)
Fase em que os impulsos sexuais ficam amortecidos, o que identifica 
uma superação temporal dos instintos sexuais. Não há uma área erógena 
específica. Freud acreditava que a pulsão sexual era adormecida para que 
ocorresse uma aprendizagem do ambiente pela criança.
Figura 6 - Fase de latência
Fonte: Freepik.
Psicologia da Personalidade
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5. Fase genital (puberdade e maturidade)
Identificada pelas alterações físicas, psíquicas e emocionais 
marcantes na adolescência. A zona erógena é novamente os órgãos 
sexuais, mas desta vez voltada para a própria sexualidade, pelos interesses 
sexuais e de satisfação. A capacidade de expressar sexualidade em 
função dos vínculos que faz está presente. É o momento da organização 
e maturidade sexual, quando a identidade sexual é reafirmada.
É nesta fase que se constroem aspectos como amabilidade, 
afetuosidade, receptividade, segurança, capacidade de compreensão, 
apreciação de bem-estar, comportamento colaborativo etc.
Figura 7 - Fase genital
Fonte: Freepik.
Psicologia da Personalidade
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RESUMINDO:
Neste capítulo vimos como Freud iniciou seus estudos 
sobre a formação da personalidade. Dentro do seu enfoque 
psicanalítico, demonstrou a importância da avaliação do 
inconsciente enquanto campo para a consolidação da 
personalidade.
Também estudamos as duas tópicas do aparelho psíquico 
desenvolvidas pela corrente psicanalítica para explicar a 
estruturação da personalidade. Em sua primeira tópica, 
Freud traz os conceitos de consciente, pré-consciente 
e inconsciente como elementos de tratamento para as 
dificuldades emocionais desenvolvidas pelas pessoas.
Especialmente, baseou seus estudos do inconsciente na 
crítica de que o que está na consciência é somente a ponta 
de um iceberg. Desse modo, o desafio é ajudar as pessoas 
na descoberta do que existe no grande iceberg que está 
submerso.
Na sua segunda tópica, apresenta os conceitos de id, ego 
e superego, além de discutir sobre como esses elementos 
do aparelho psíquico são importantes na construção de 
uma personalidade saudável.
Por fim, abordamos neste capítulo, as cinco fases de 
desenvolvimento da personalidade a partir das etapas da 
infância. Freud considerou que viver de forma saudável 
cada uma das fases permite o desenvolvimento de uma 
personalidade saudável. Em contrapartida, problemas em 
quaisquer das fases, podem trazer como consequência 
comportamentos doentios.
Foi um capítulo com muitas informações, não é mesmo? 
Espero que vocês tenham aproveitado bem!
Estamos nos encaminhando para o último capítulo desta 
unidade. Aguardo vocês para o próximo desafio. Até lá.
Psicologia da Personalidade
47
Avaliação da personalidade humana
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você será capaz de entender 
como os estudos sobre a avaliação psicológica abrem 
oportunidades para que o psicólogo faça intervenções mais 
seguras. Especificamente, a avaliação da personalidade 
ajuda no entendimento de comportamentos que podem 
ser considerados disfuncionais ou inadequados. A avaliação 
da personalidade pode ser realizada por intermédio de uma 
anamnese bem orientada e, também, com o uso de testes 
psicológicos autorizados para uso do psicólogo. Motivado 
para desenvolver esta competência? Então vamos lá. 
Avante!
Entendendo a avaliação psicológica
Vamos começar este tópico do capítulo com a definição de 
avaliação psicológica pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP):
IMPORTANTE:
Avaliação psicológica  é definida pelo Conselho Federal 
de Psicologia, na Resolução nº 007/2003, como um processo 
técnico científico de coleta de dados, estudos e interpretação 
de informações a respeito dos fenômenos psicológicos. 
Vários autores complementam esse conceito quando afirmam que a 
avaliação psicológica exige dos psicólogos habilidades e conhecimentos 
específicos, uma vez que se trata de uma atividade profissional complexa, 
com objetivos definidos.
Constitui um processo de investigação amplo, que começa a partir 
do primeiro contato entre o psicólogo e o cliente. O profissional se propõe 
a conhecer as demandas do cliente e traçar a tomada de estratégias 
terapêuticas a fim de ajudar no seu tratamento.
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Falando de maneira mais específica, a avaliação psicológica refere-
se à coleta de dados e sua interpretação, utilizando procedimentos 
técnicos confiáveis e reconhecidos pela ciência psicológica no sentido de 
permitir ao psicólogo ampla investigação sobre o caso. A anamnese inicial 
é um instrumento de avaliação psicológica, por exemplo.
O principal objetivo da avaliação psicológica é verificar características 
psicológicas do cliente e o psicólogo é o único profissional habilitado por 
lei para realizar esse procedimento, conforme determinação do Conselho 
Federal de Psicologia (CFP 007/2003).
Na avaliação psicológica, o psicólogo busca questões do 
funcionamento psíquico do cliente naquele momento específico de 
sua vida, avaliando as capacidades, as habilidades, as características da 
personalidade, os comportamentos, os conflitos da pessoa. Não seria nem 
necessário dizer que não há julgamentos morais e nem o estabelecimento 
do conceito de certo ou errado por parte do profissional numa avaliação 
psicológica. Por isso, o uso das técnicas psicológicas é imprescindível. 
O Conselho Federal de Psicologia (2013) enfatiza que o psicólogo 
pode realizar a avaliação psicológica de forma individual, isto é, com uma 
só pessoa ou em grupos com várias pessoas. Importante ressaltar que no 
caso da realização da avaliação em grupos, deve ser observado o número 
de pessoas adequado numa sala, de forma que não haja superlotação. 
A avaliação é sempre dinâmica e deve ser sempre planejada 
cuidadosamente pelo psicólogo. É uma importante fonte de informações 
sobre os fenômenos psicológicos que pode ajudar outras áreas do 
conhecimento, como saúde, educação, trabalho, concursos públicos, 
porte de armas, trânsito etc.
O planejamento cuidadoso a que se refere o Conselho Federal de 
Psicologia, inclui alguns procedimentos que o psicólogo precisa seguir 
para uma avaliação efetiva. Entre elas, pode-se destacar:
 • Identificar os objetivos da avaliação;
 • Levantar as particularidades da pessoa ou o grupo que será 
avaliado;
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 • Escolha dos instrumentos e/ou das estratégias mais adequadas 
para realizar a avaliação que atendamaos objetivos;
 • Depois da escolha dos instrumentos, a coleta das informações 
pode ser realizada através de entrevistas, dinâmicas, observação, 
testes psicométricos ou projetivos e ainda uma combinação de 
algumas dessas estratégias.
IMPORTANTE:
Na realidade, o ideal é que seja mesmo feita a integração 
de mais de uma estratégia de avaliação, para que o 
profissional possa refinar sua avaliação de forma a atingir os 
objetivos propostas na avaliação.
Competências para a avaliação psicológica
Um psicólogo precisa estar preparado tecnicamente para proceder 
à uma avaliação psicológica eficaz. O Conselho Federal de Psicologia 
entende que algumas competências são importantes para uma avaliação 
fundamentada tecnicamente, tais como:
 • Conhecer a legislação referente ao processo de avaliação 
psicológica brasileira.
 • Conhecer as resoluções do CFP sobre o assunto.
 • Conhecer o Código de Ética Profissional do Psicólogo.
 • Conhecer os fundamentos básicos da Psicologia.
 • Conhecer os principais construtos para proceder a avaliação, 
dentre os quais se destaca: desenvolvimento, inteligência, 
memória, atenção, emoção, personalidade etc.
 • Ter conhecimento de psicopatologia para proceder à identificação 
de problemas de saúde mental e realizar diagnósticos.
 • Ter conhecimento de psicometria para a avaliação de validade, 
precisão e normas dos testes.
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 • Ser capaz de escolher os testes de acordo com os objetivos e 
propósitos de cada teste para cada construto.
 • Ter domínio dos procedimentos da aplicação e interpretação dos 
testes.
 • Ter domínio das técnicas escolhidas para a avaliação.
 • Ter condições de planejar e avaliar as técnicas escolhidas para 
atingir os objetivos, público-alvo e contexto da avaliação.
 • Ter conhecimento das técnicas da elaboração de documentos 
psicológicos para a descrição dos resultados da avaliação.
 • Ter competência para comunicar os resultados da avaliação na 
entrevista devolutiva.
Os resultados decorrentes de uma avaliação psicológica têm 
impacto sobre as pessoas envolvidas, seus familiares e a sociedade. 
IMPORTANTE:
Entendendo esses conceitos, devemos nos alertar para 
o fato de que realizar avaliação psicológica, seja por 
meio de entrevistas psicológicas ou aplicação de testes 
psicológicos e/ou no uso de ambas as estratégias, é de 
uma responsabilidade sem precedentes na vida na pessoa 
que está sendo avaliada. 
Portanto, a preocupação com a eficácia desse procedimento 
técnico por parte do psicólogo deve seguir princípios de contexto ético:
 • O psicólogo deve atuar responsavelmente de forma ética e técnica.
 • Deve buscar aprimoramento profissional de forma que contribua 
para o desenvolvimento da Psicologia como ciência.
 • No caso de aplicação de testes, deve aplicar apenas os que têm 
parecer favorável do Conselho Federal de Psicologia e que estão 
listados no Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (Satespi).
Psicologia da Personalidade
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 • Deve usar apenas os instrumentos de avaliação psicológica para 
os quais esteja qualificado.
 • Deve realizar a avaliação psicológica em ambientes adequados, 
que assegurem a qualidade, o conforto do avaliando e o sigilo das 
informações obtidas.
 • Deve ter o cuidado de guardar os resultados das avaliações 
realizadas em arquivos seguros e de acesso restrito.
 • Só deve disponibilizar as informações resultantes das avaliações 
psicológicas a quem tem o direito de conhecê-las.
 • Não comercializar os testes, não os divulgar ou ensinar aos 
profissionais que não são psicólogos. 
A avaliação psicológica é, mediante isso, um processo de 
investigação que orienta o olhar do psicólogo para a condição psíquica 
de uma pessoa. Essa avaliação pode ser realizada de forma qualitativa 
(quando as entrevistas ou dinâmicas de grupo ou os testes projetivos são 
usadas como forma de avaliação) ou quantitativas (quando são usados 
testes psicométricos). 
VOCÊ SABIA?
O psicodiagnóstico é um tipo de avaliação psicológica 
utilizado para auxiliar na complementação de avaliações 
de outros profissionais: psicopedagogos, fonoaudiólogos, 
psiquiatras, neurologistas. É uma avaliação clínica e detecta 
o potencial e os déficits do funcionamento psicológico da 
pessoa.
Importante destacar que a avaliação psicológica deve ser adaptada 
às faixas etárias das pessoas que são alvo da investigação. Algumas 
vezes, nos casos de crianças, adolescentes ou idosos que apresentam 
algum grau de dificuldade de expressão, a família deverá ser entrevistada 
também. A entrevista devolutiva deve ser realizada com as pessoas 
envolvidas na avaliação.
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Testagem psicológica na avaliação psicológica
A testagem psicológica pode ser considerada uma etapa da 
avaliação psicológica e implica a aplicação de testes psicológicos. 
Testes psicológicos, também chamados de testes psicométricos, 
e são entendidos como uma avaliação sistemática que mensura 
processos psicológicos como emoções, afetos, inteligência, motivação, 
personalidade, psicomotricidade, atenção, memória e percepção.
Os testes psicológicos também podem ser projetivos. São testes 
considerados livres, cuja a pessoa que está sendo testada recebe um 
estímulo (imagem ou frase, por exemplo), que leva à criação de uma 
resposta consciente ou inconsciente. 
IMPORTANTE:
O Conselho Federal de Psicologia determina que a 
utilização dos testes psicológicos é permitida somente a 
psicólogos, uma vez que é necessário conhecimentos e 
habilidades exclusivas da formação desses profissionais. 
Os testes psicológicos são aplicados nos seguintes contextos: 
Psicologia Clínica, Psicologia da Saúde e/ou Hospitalar, Psicologia 
Escolar e Educacional, Neuropsicologia, Psicologia Forense, Psicologia do 
Trabalho e das Organizações, Psicologia do Esporte, Social/Comunitária, 
Psicologia do Trânsito, orientação e ou aconselhamento profissional.
Testagem psicológica na avaliação da personalidade
Dentro do escopo da avaliação psicológica, encontramos os testes 
psicométricos e projetivos para avaliação da personalidade. Os testes de 
personalidade têm a finalidade de revelar traços inatos e adquiridos da 
personalidade do indivíduo, os quais podem ou não ser conhecidos pela 
pessoa e que identificam o caráter e o temperamento.
Eles avaliam e medem as características psicológicas de uma 
pessoa e seu comportamento em diferentes ocasiões. Os testes de 
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personalidade podem ser utilizados com finalidade de ajuda diagnóstica 
de determinados estados mentais e para verificar as habilidades e 
limitações de pessoas em relação a certas atividades como dirigir, pilotar, 
usar uma arma, assumir um cargo específico em concurso público, entre 
outras situações.
VOCÊ SABIA?
O Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) 
foi desenvolvido pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) 
para avaliar a qualidade técnico-científica dos instrumentos 
psicológicos para uso dos psicólogos, verificando os 
requisitos técnicos dos mesmos e sua validação para 
aplicação.
A escolha do teste ou da bateria de testes que será aplicado é 
da escolha do psicólogo e isso dependerá dos principais objetivos da 
avaliação. O artigo 11º da Resolução do Conselho Federal de Psicologia 
nº 002/2003, diz que: “as condições de uso dos instrumentos devem ser 
consideradas apenas para os contextos e propósitos para os quais os 
estudos empíricos indicaram resultados favoráveis”.
Isso significa que o psicólogo deve seguir os critérios de verificar se 
o teste (ou os testes) estão aprovados no Sistema de Avaliação de Testes 
Psicológicos (Satepsi) e avaliar o contexto e a finalidade da aplicação.
Principais testes na avaliação da personalidade
Para a avaliação da personalidade, alguns testes são utilizados de 
forma mais recorrente. Abaixo a descrição de alguns deles:
1. BFP: Bateria Fatorial de Personalidade
Aplicação pode ser realizadaindividualmente ou em grupos. 
O público-alvo são adultos brasileiros de todas as regiões do país que 
tenham grau de instrução a partir do ensino médio.
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IMPORTANTE:
A BFP tem 126 itens e foi desenvolvida no Brasil, levando 
em conta a língua falada no país, nossos valores culturais, 
nossas diversidades regionais e as especificidades dos 
quadros clínicos na nossa realidade. Por isso, A BFP é 
diferenciada de outros instrumentos para a avaliação da 
personalidade desenvolvidos em outros países e adaptados 
para o Brasil.
Não há tempo determinado para a aplicação. Apesar do tempo 
livre, a maior parte dos sujeitos em avaliação leva aproximadamente 30 
minutos para sua realização.
A correção pelo psicólogo pode ser manual ou informatizada. No 
caso da correção informatizada, o acesso é gratuito a partir da compra do 
teste em lojas credenciadas.
A Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) foi criada a partir do 
modelo dos Cinco Fatores (CGF), que será estudado no capítulo 4 da 
Unidade 3 do nosso curso.
A BFP analisa cinco dimensões: Extroversão, Realização, 
Neuroticismo, Socialização e Abertura a novas experiências e traz a 
análise de subescalas em cada uma dessas dimensões. No quadro abaixo, 
destacamos as dimensões e as subescalas analisadas no teste:
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Quadro 3 - Dimensões da BFP e suas subescalas
Fonte: Elaborado pela autora (2021).
A indicação para a aplicação da BFP é diversa, podendo ser usada para:
 • Processos de seleção de pessoal e avaliação de planos de 
carreira nos contextos da Psicologia do Trabalho e Psicologia 
Organizacional.
 • Avaliação para autorização de porte de arma no contexto da área 
de Segurança.
 • Avaliação para Carteira Nacional de Habilitação (CNH) no contexto 
da área do Trânsito.
 • Avaliações Clínicas e Psicodiagnóstico.
 • Orientação Profissional.
 • Psicologia Forense.
 • Psicologia Escolar e Educacional.
 • Avaliação Neuropsicológica.
 • Pesquisa.
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2. Entrevista Diagnóstica para Transtorno de Personalidade 
(E-TRAP)
O E-TRAP é uma entrevista semiestruturada e semiadaptativa para 
ajudar aos profissionais de saúde mental na investigação de padrões mal 
adaptativos de comportamento, pensamento e expressão emocional. É o 
primeiro instrumento com esses objetivos desenvolvido no Brasil.
A entrevista auxilia, portanto, no diagnóstico de Transtornos de 
Personalidade (esquizotípica, esquizoide, paranoide, antissocial, narcisista, 
borderline, histriônica, evitativa, dependente e obsessivo-compulsiva), 
dentro dos modelos diagnósticos, que já discutimos nesta Unidade. É 
fundamental que os profissionais dominem os critérios diagnósticos do 
DSM-5, assim como saibam as características de cada transtorno.
É voltado para o público adulto a partir de 18 anos. Sua aplicação é 
sempre individual e de forma informatizada, por isso, podem ser usados 
computadores ou tablets com conexão à internet, mas a recomendação é 
que a aplicação seja presencial e não remota. 
IMPORTANTE:
Em necessidades excepcionais, cuja aplicação seja 
remota, o psicólogo deve usar recursos audiovisuais para 
acompanhar a aplicação. 
Não há tempo limite para a aplicação, mas, em geral não excede 
duas horas. Pode ser usado no contexto clínico, forense ou em qualquer 
situação em que seja necessário diagnosticar presença ou ausência de 
Transtornos da personalidade.
3. Inventário Fatorial de Personalidade (IFP)
O IFP é composto por 100 afirmativas e tem como objetivo traçar o 
perfil da personalidade do indivíduo com base em 13 fatores: assistência, 
intracepção, afago, autonomia, deferência, afiliação, dominância, 
desempenho, exibição, agressão, ordem, persistência e mudança. 
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Esses fatores foram criados a partir da teoria das necessidades 
ou motivos psicológicos de Henry Murray e são agrupados no resultado 
do teste em: necessidades afetivas, necessidades de organização e 
necessidades de controle e oposição.
Voltado para população de 14 a 86 anos de idade, com grau de 
instrução a partir do ensino fundamental de todos os estados brasileiros. 
Tem aplicação individual ou coletiva, também sem limite de tempo, mas 
em geral, são gastos 20 minutos na aplicação. A correção é manual ou 
informatizada.
 A aplicação é voltada para os seguintes contextos: avaliação clínica, 
orientação profissional e de carreira, organizacional e outros em que se 
faz necessária a avaliação da personalidade.
4. Palográfico
Avalia a personalidade por meio do comportamento expressivo, 
quando o avaliando realiza traços verticais em uma folha de papel 
padronizada pelo teste.  É realizado em duas partes: uma parte de treino 
e outra parte do teste propriamente. 
Sua aplicação pode ser individual ou coletiva. De forma muito 
simples e rápida (7 minutos e meio), porém, a avaliação qualitativa/ 
quantitativa e sua interpretação exigem um certo grau de preparação e 
experiência do Psicólogo com a técnica.
É aplicado na população entre 18 e 60 anos de idade, a partir do ensino 
fundamental e fornece informações sobre a inibição, elação, depressão, 
temperamento, organização, humor, impulsividade, produtividade, ritmo, 
a qualidade do rendimento no trabalho e a propensão à fadiga, dentre 
outras características.
5. QUATI – Questionário de Avaliação Tipológica
Avalia a personalidade humana a partir das escolhas situacionais 
propostas em um questionário de fácil compreensão e avaliação simples 
e objetiva. É composto por seis propostas de situações cotidianas, cada 
uma com aproximadamente quinze pares de afirmações, de modo que 
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a pessoa escolhe as que mais se aproximam de seu comportamento e 
anota na folha apropriada.  
A aplicação, individual ou coletiva, é dirigida à população brasileira 
a partir da 8ª série do ensino fundamental ao nível superior. É baseado 
na teoria Junguiana e em sua tipologia (que iremos conhecer em nosso 
curso) e procura estilos cognitivos e de comportamento individual. Não há 
limite de tempo, mas, em média, é realizado em 45 minutos.
Os resultados avaliam Atitude Consciente: Introversão (I) e 
Extroversão (E); as Funções de Percepção: Intuição (In) e a Sensação (Ss); 
e as Funções de Julgamento: Pensamento (Ps) e Sentimento (St), que 
veremos com mais detalhes em capítulo de outra unidade deste curso.
O QUATI é utilizado nos contextos de organização de grupos 
de trabalho, na detecção e solução de conflito nas organizações, no 
treinamento empresarial e remanejamento de pessoal, na criação de 
programas de ensino-aprendizagem, na orientação de pais e professores, 
em aconselhamento familiar e na orientação vocacional.
6. HTP – House, Tree, Person (Casa, Árvore, Pessoa) 
 É uma técnica projetiva de desenho da Casa – Árvore – Pessoa. Tem 
como objetivo fornecer informações sobre elementos da personalidade e 
áreas de conflito que pessoa vive sua individualidade e em relação aos 
outros e ao ambiente do lar.
Recentemente, o STF (Supremo Tribunal Federal) entendeu que os 
testes psicológicos podem ser comercializados para qualquer pessoa, e 
não só para psicólogos com inscrição no Conselho Regional de Psicologia, 
mas a aplicação continua sendo atividade restrita aos psicólogos. 
A aplicação é sempre individual para pessoas acima de 8 anos 
de idade. Tem tempo de aplicação livre, mas, em geral leva entre 30 
e 90 minutos. Estes são os testes mais comuns para a avaliação da 
personalidade, que relembramos, devem ser aplicados apenas pelos 
psicólogos. 
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RESUMINDO:
Neste capítulo vimos a importância da avaliação psicológica 
como instrumento de trabalho exclusivo do psicólogo, 
que deve ter conhecimentos técnicos e científicos para 
realizar uma avaliação de qualidade. Dentro da atividade de 
avaliação psicológica se encontram os testes psicológicos, 
como vimos, de aplicação exclusiva

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