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LESÕES PRODUZIDAS POR AÇÃO CORTANTE INTRODUÇÃO Os meios ou instrumentos de ação cortante agem através de um gume afiado, por deslizamento sobre os tecidos e, na maioria das vezes, em sentido linear. A navalha, a lâmina de barbear e o bisturi são exemplos de agentes produtores dessas ações. As feridas produzidas por ação cortante, são chamadas pelo Prof. Dr. Genival Veloso de França de feridas cortantes, em vez de “feridas incisas”, deixando a expressão “incisa” para designar a incisão executada em cirurgia, cujas características são bem diferentes das feridas produzidas pelos meios cortantes. O nobre Professor usa a expressão “cortante” para classificar a ferida produzida por instrumento de gume diferente do bisturi. A ferida da incisão cirúrgica começa e termina “a pique”, em uma mesma profundidade que se estende de um extremo ao outro. Tem bordas bem regulares e excepcionalmente apresenta cauda de escoriação. As feridas cortantes têm extremidades mais superficiais e a parte mediana mais profunda, nem sempre se apresentando de forma regular. Tem como característica principal a chamada “cauda de escoriação”. São também conhecidas como feridas fusiformes (em forma de fuso). Essas feridas diferenciam-se das demais lesões pelas seguintes características: • forma linear • regularidade das bordas • regularidade do fundo da lesão • ausência de vestígios traumáticos em torno da ferida • hemorragia quase sempre abundante • predominância do comprimento sobre a profundidade • afastamento das bordas da ferida • presença de cauda de escoriação voltada para o lado onde terminou a ação do instrumento • vertentes cortadas obliquamente • centro da ferida mais profundo que as extremidades • paredes da ferida lisas e regulares • perfil de corte de aspecto angular, quando o instrumento atua de forma perpendicular, ou em forma de bisel, quando o instrumento atua em sentido oblíquo ao plano atingido. A forma linear da ferida é devida à ação cortante por deslizamento, principalmente quando um instrumento afiado atua em sentido perpendicular à pele. A regularidade das bordas das feridas cortantes deve-se ao gume afiado do instrumento usado. A regularidade do fundo da lesão tem as mesmas explicações anteriores, devendo, portanto, aos gumes afiados dos instrumentos utilizados. Nessas feridas, não há ação traumática, em virtude da ação rápida e deslizante do instrumento e, pelo fio de gume, Não se observam escoriações, equimoses ou infiltração hemorrágica nas bordas ou em volta da ferida, nem pontes de tecido ligando uma vertente da ferida à outra. Quase sempre a hemorragia é abundante. O comprimento predomina sobre a profundidade nessas feridas. Afastamento das bordas da ferida cortante. Observamos nestas feridas a presença de cauda de escoriação.O início do ferimento é mais brusco e mais fundo: portanto, não pode apresentar-se em forma de cauda. Ao determinar-se cauda de escoriação, subentende-se que é a parte final da ação que provocou a lesão, caracterizada pelo traço escoriado superficial da epiderme. Esse elemento tem grande importância no diagnóstico da direção do ferimento, na diferença entre homicídio e suicídio, na forma de crime e na posição do agressor. O centro da ferida é sempre mais profundo. Essa profundidade, entretanto, não é muito acentuada. É difícil um tipo de instrumento cortante capaz de alcançar órgãos cavitários ou vitais, exceto o pescoço, onde a morte pode ocorrer por “esgorjamento”. As paredes da ferida geralmente são lisas e regulares Se as feridas cortantes pudessem ser mostradas em corte sagital, teriam um perfil de aspecto angular, de abertura para fora, ou seja, bem afastadas na superfície e seu término em ângulo agudo, em uma legítima forma de V, isso quando o instrumento de corte age de forma perpendicular sobre o plano ou segmento. Se, porém, o instrumento de corte atua obliquamente, sua forma é em bisel. SINAL DE CHAVIGNY Atenção: Nas feridas incisas, quando existem duas lesões cruzadas, é possível determinar qual a primeira e qual a segunda, pois, nesta vai haver um degrau chamado de SINAL DE CHAVIGNY. Ademais, a lesão primária apresentará as bordas alinhadas, enquanto que a secundária apresentará desalinho, pois foi gerada quando as bordas da primeira ferida já estavam afastadas. Esses ferimentos em geral, são de pouca gravidade, exceto quando vasos ou nervos são lesados, até mesmo órgãos, como no esgorjamento, levam a vítima à morte. As lesões de defesa, nas mãos, nos braços e até mesmo nos pés, podem também ser resultantes de ações perfurantes, perfurocortantes, cortocontundentes e contundentes. A causa jurídica das feridas cortantes depende do número de lesões, das regiões atingidas, da direção, da profundidade e da regularidade. As feridas cortantes são mais acidentais e homicidas que suicidas.
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