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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Elaboração e Análise de Projetos Internacionais Aula 3 Prof. João Alfredo Lopes Nyegray CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Conversa Inicial Pare por um momento e olhe à sua volta. Quantos dos produtos que você consome vieram de fora do país? Você faz ideia? Possivelmente, muitos deles! Agora, lembre-se da sua última ida a um shopping center. Quantas das lojas que você viu, ou nas quais comprou, são provenientes do exterior, e não daqui, do Brasil? Novamente, muitas! Empresas de todos os tipos, comercializando vários tipos de bens, provêm dos mais diversos locais. E sabe o que essas organizações buscam? Nós, consumidores! Em algum momento de sua trajetória, essas várias lojas ou marcas estrangeiras observaram o mercado brasileiro e viram em nosso país uma oportunidade de negócios. A partir de então, essas redes organizaram suas estratégias para abrir filiais em nosso país. Muitas delas, como a rede de lanchonetes McDonald’s, chegaram ao país há algumas décadas. Outras, por outro lado, instalaram-se aqui apenas recentemente. Figura 1 – Redes estrangeiras de diversos segmentos presentes no mercado brasileiro Fonte: Pinto, 2016; Luize, 2016; e Cleber, 2016. Na aula anterior você viu as diversas formas possíveis de envolvimento econômico internacional: importação, exportação, franquias, joint ventures e outras. Nesta, você saberá de forma mais detalhada como a internacionalização de empresas acontece, para que nós, consumidores, tenhamos acesso a tantas marcas e produtos diferentes. Contextualizando Anteriormente, você aprendeu a respeito da composição do ambiente internacional de negócios, e também das relações econômicas internacionais. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Vimos que boa parte da riqueza das nações provém de sua inserção ativa no cenário internacional de comércio. Na primeira aula, vimos também sobre as empresas multinacionais, que são aquelas que têm sua matriz em um país e filiais espalhadas pelo mundo. Agora, pense por um instante: você tem uma loja ou indústria que vende seus produtos aqui no Brasil. Como fazer para vendê-los também em outros países? Como escolher um mercado para iniciar atividades internacionais? As respostas a essas e outras perguntas são fornecidas pelas teorias da internacionalização de empresas, sendo que cada uma delas adota uma abordagem diferente, por basear-se em casos diferentes. Obviamente, existem no mundo centenas de milhares de empresas diferentes, com características diferentes, funcionários diferentes, forças e fraquezas diferentes. Ainda assim, quando estudarmos a internacionalização, podemos perceber que existem alguns traços comuns aplicáveis a uma imensa gama de organizações. Será isso que veremos a partir daqui! Problematizando Considere o texto a seguir: Stefanini aposta em internacionalização e inovação para driblar a crise A fórmula da brasileira Stefanini para vencer os tempos turbulentos está no fortalecimento de uma estratégia iniciada há alguns anos: inovação na oferta e foco no mercado internacional. A companhia aproveitou os últimos meses para fortalecer seu portfólio e ampliar seu leque de atuação em indústria, tesouraria, telecomunicações e varejo. Tal movimento considerou as fusões e parcerias com a mineira IHM Engenharia, com a carioca Tema Sistemas e com a gaúcha Saque e Pague. Além disso, em junho, a empresa lançou seu braço de Telecom, a Inspiring. Ao longo do ano, a companhia também fortaleceu presença fora do Brasil. Atualmente, 40% de seu faturamento correspondem às operações em outros países. “A presença internacional se traduz em um diferencial importante”, avalia Marco Stefanini, fundador da integradora que leva seu sobrenome. De acordo com o executivo, a ideia é transformar as bases internacionais em plataforma para inovação. Nesse sentido, há uma grande aposta no centro de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico pesquisa e desenvolvimento focado em analytics aberto recentemente em Singapura. O plano, daqui para frente, consiste ainda em criar um “anel de inovação”, conectando a base instalada no país asiático com iniciativas semelhantes mantidas pela integradora também nos Estados Unidos, Romênia e Brasil. (Computerworld, 2016) Considere as afirmações abaixo: 1) A fórmula da empresa apresentada no texto para vencer os tempos turbulentos está no fortalecimento de uma estratégia iniciada há alguns anos: inovação na oferta e foco no mercado doméstico. 2) Uma empresa com 40% do faturamento vindo do exterior não é uma empresa internacionalizada. 3) Uma empresa com 40% do faturamento vindo do exterior é uma empresa altamente internacionalizada. 4) A internacionalização pode também servir de base para a inovação, uma vez que conecta profissionais e empresas de diferentes países, com diferentes experiências e conhecimentos. Tendo em vista o texto acima, assinale a alternativa verdadeira: a) ( X ) As afirmações (i) e (ii) são falsas b) ( ) As afirmações (i) e (iii) são falsas c) ( ) As afirmações (ii) e (iv) são falsas d) ( ) Somente a afirmação (iii) é falsa e) ( ) Somente a afirmação (ii) é falsa Comentário: a alternativa correta é a letra “a”. A empresa a respeito da qual trata o texto é altamente internacionalizada, pois tem seu foco no mercado exterior e busca a inovação através da internacionalização. Ainda que o foco das empresas que se internacionalizam seja diferente, é possível afirmar que um caminho para inovar é buscar o exterior, uma vez que, assim, pode-se contar com profissionais de diferentes formações, ter acesso a diferentes centros de pesquisa e novas abordagens e tecnologias. Também é possível perceber que, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico em tempos de turbulência econômica no mercado doméstico, buscar outros mercados é uma alternativa para ser menos suscetível a uma crise interna. Tema 1 – Internacionalização Na aula anterior, você viu diversos modos pelos quais uma empresa pode entrar e operar em mercados internacionais, desde exportação até investimento estrangeiro direto. Essas e as demais modalidades de envolvimento internacional são maneiras pelas quais a internacionalização acontece. Cada uma dessas formas de internacionalizar uma organização pode corresponder a uma determinada necessidade ou a um interesse específico da empresa que está buscando mercados estrangeiros. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Figura 2 – As formas de envolvimento internacional da empresa são também formas de internacionalização Mas, afinal, se exportações, joint ventures e investimento estrangeiro direto são formas de internacionalização, o que é a internacionalização em si? A internacionalização, enquanto fenômeno, pode ter várias definições. Uma primeira forma de defini-la pode ser como “movimento de indivíduos e empresas para operações internacionais” (Welch; Loustarinen, 1988). Outra definição possível seria: “a transferência de bens e serviços através de fronteiras entre países, utilizando métodos diretos e indiretos” (Leonidou; Katsikeas, 1996). Uma terceira possível definição seria: “processo através do qual as empresas aumentam sua consciência em relação às influências diretas e indiretas das transações internacionais em seu futuro e, por isso, passam a estabelecer e conduzir operaçõese transações com empresas de outros países” (Beamish et al., 2002). Essa definição é interessante por tratar da internacionalização como algo natural para o futuro e para o crescimento das empresas. A essas três definições podem somar-se várias outras, que, de alguma maneira, descrevem a internacionalização como um fenômeno ou processo através do qual as empresas buscam o exterior e as operações internacionais. É interessante notar que a internacionalização é tratada como um processo, ou INTERNA CIONALI ZAÇÃO Investimento Estrangeiro Exportações Joint Ventures CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico seja, uma concatenação de atos. Isso significa que ela não ocorre do dia para a noite, mas abrange diversas fases. Há, também, outros autores que percebem na internacionalização um processo empreendedor. Ou seja, de acordo com essa visão, a busca por mercados internacionais decorreria de uma característica comportamental do empresário, e não de motivações econômicas ou políticas. As motivações que levam empresas e empresários a buscar o mercado internacional são alvo das teorias da internacionalização, que serão vistas no próximo tema! Tema 2 – Teorias de Internacionalização Agora que você já entendeu o que é a internacionalização, resta fazer outra indagação: como e por que as empresas se internacionalizam? A essa pergunta buscam responder as teorias de internacionalização, que estudam casos e empresas diversas. Uma das primeiras teorias de internacionalização foi escrita em 1966, pelo estadunidense Raymond Vernon. Observando os Estados Unidos da época, Vernon percebeu que, em seu país, abundavam produtos tecnologicamente inovadores, assim como mão de obra qualificada. Essa mão de obra, que era bem remunerada, seria capaz de desenvolver cada vez mais produtos inovadores. Quando as pessoas são bem remuneradas, têm condições de comprar novos produtos. Assim, as empresas que produzissem produtos inovadores e de maior valor deveriam estar próximas de seus consumidores. Ou seja, para Vernon, apenas empresas sediadas em países desenvolvidos produziriam produtos inovadores, e sua internacionalização se daria para que elas estivessem próximas de seus consumidores. Depois de Vernon, os autores Buckley e Casson também se debruçaram sobre a internacionalização, em 1976 e em 1992. Esses autores perceberam que muitas empresas produzem bens únicos e inovadores. Assim sendo, tais empresas possuem uma vantagem competitiva sobre os seus concorrentes. Se uma empresa desse tipo decidir se internacionalizar, ela não deve optar por licenciar sua produção ou efetuar algum tipo de parceria, pois, se o fizesse, seria obrigada a compartilhar sua vantagem com outra empresa que, no futuro, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico poderia tornar-se concorrente. Por outro lado, produtos ou serviços mais simples, como redes de fast-food ou lavanderias, podem ser internacionalizadas via franquias ou licenciamento, visto que seus produtos ou serviços não são altamente complexos, e podem ser transferidos. Mais tarde, foi a vez de os professores Bruce Kogut e Udo Zander proporem uma teoria da internacionalização. Esses autores também tomam o conhecimento necessário para produzir determinado bem como condicionante da internacionalização: “assim, se o conhecimento a ser explorado é complexo demais para um licenciado ou um franqueado dominarem e explorarem a baixo custo num país estrangeiro, a firma tenderá a optar pela propriedade” (Amatucci, 2009). Ainda que todas essas teorias apliquem-se em determinados contextos, a que ganhou mais aceitação foi criada na Suécia, na Universidade de Uppsala, em 1977. Seus autores, Johansson e Vahlne, perceberam que, muitas vezes, as empresas iniciam suas atividades internacionais pelas exportações. Caso tenham sucesso, essas exportações, que inicialmente eram esparsas, tendem a se tornar cada vez mais frequentes, até que surge a necessidade de contratar um representante comercial ou um agente de vendas no país de destino. Esse representante ou agente encarrega-se de organizar pedidos, prospectar clientes, e impulsionar o crescimento das vendas. Se essa pessoa tiver sucesso, logo a empresa necessitará colocar uma subsidiária de vendas no exterior, onde poderá manter um pequeno estoque dos produtos mais vendidos. Por fim, chega um momento em que nem mesmo a subsidiária de vendas dá conta da quantidade de pedidos, e por isso a empresa decide instalar uma subsidiária de produção. Para Johansson e Vahlne, essa lógica demonstra o envolvimento gradual da empresa nos negócios internacionais, pois, conforme aumentam as vendas, aumenta também o conhecimento de mercado e a experiência dessa organização no trato com clientes de outros países. De forma gráfica, a proposição da Teoria de Uppsala pode ser assim representada: Figura 3 – Teoria de Uppsala CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico E você, com qual dessas teorias identificou-se mais? Tema 3 – Por Que Internacionalizar? Muito circulam nos noticiários dados e comentários sobre a complexidade do sistema aduaneiro brasileiro. Nosso comércio exterior é pautado por mais de 3.500 normas diferentes. Diante de um cenário assim, tão complexo, muitos se questionam: mas afinal, porque internacionalizar? Não é bem mais prático ficar como estou, concentrado no meu mercado doméstico? Sem dúvida, é mais prático. E é mais cômodo também. No entanto, não é da praticidade e da comodidade que vem o sucesso, correto? Foi justamente por isso que, a partir desse raciocínio, começaram a surgir diversas explicações gerenciais para a busca das empresas por internacionalização. A mais comum delas refere-se à sazonalidade de um determinado mercado ou às crises econômicas nacionais. É frequente que crises econômicas afetem diversos participantes de um determinado mercado nacional. Em momentos de crise, gerentes e diretores confrontam-se com decisões difíceis, como a necessidade de demitir, reduzir a produção e cortar gastos. No entanto, uma alternativa viável para manter os empregos e a produção é a busca por outros mercados. Se, por exemplo, o mercado brasileiro está em crise, o argentino pode não estar. Portanto, vender produtos ou serviços em outros países pode ser uma saída interessante. Outra motivação frequente está relacionada à sazonalidade das vendas de determinados produtos. Por exemplo: brinquedos são mais vendidos em datas próximas ao dia das crianças e ao natal. E quanto a chocolates e sorvetes? Chocolates têm seu ponto alto na páscoa, enquanto sorvetes têm maior saída nas estações mais quentes, como a primavera e o verão. Apesar de alguns de Exportação Agente de vendas Subsidiária de vendas Subsidiária de produção CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico nós comerem chocolates e sorvetes durante o ano todo, esses produtos têm venda sazonal, ou seja, são mais procurados em certas épocas. Agora, imagine que você é um fabricante de sorvetes. O que você pode fazer no outono e no inverno? Bem, nessas épocas você pode, quem sabe, vender seus sorvetes para o hemisfério norte, onde será primavera e verão quando, no Brasil e no Hemisfério Sul, for outono e inverno. Figura 4 – Em qual época do ano esses produtos são mais consumidos? Fontes: http://www.primeirahora.com.br/fotos-noticias/ovos-da-pascoa.jpg; http://www.ibe.edu.br/wp-content/uploads/2015/05/sitenoticia54.jpg. E que outras motivações para internacionalizar existem? Dezenas mais! Tenhamos em mente as características do consumidoreuropeu ou norte- americano. Trata-se de um público reconhecidamente mais exigente. Sabendo disso, muitas empresas brasileiras buscam vender seus bens nos locais onde esse público reside, o que as forçará a incrementar sua produção e melhorar o resultado do produto final. Nesses locais — Europa e América do Norte — é comum que, pelo alto nível de exigência dos consumidores, as empresas ofereçam produtos diferenciados. Temos, então, outra resposta para a pergunta “por que internacionalizar?”: algumas organizações buscam realizar parcerias CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico com empresas europeias ou estadunidenses para trocar tecnologias e melhorar o seu resultado. Ao realizar parceria com uma empresa do exterior, uma empresa brasileira pode ter acesso a tecnologia, mão de obra e design diferenciados, o que melhorará suas chances de sucesso não só no exterior, mas também aqui, no Brasil. Perceba, existem diversas razões para que as empresas se internacionalizem, e cada uma delas resulta num projeto diferente, que permitirá que a empresa chegue aonde quer da melhor maneira possível. E na organização onde você trabalha, quais dessas razões melhor justificaria a internacionalização? Tema 4 – Modos de Entrada e Operação Na aula anterior, você aprendeu que existem vários possíveis modos de entrar num mercado estrangeiro, que vão desde exportações até investimentos diretos estrangeiros, passando por joint ventures, franquias e licenciamentos. A cada uma dessas formas corresponde um projeto diferente, que deverá ser elaborado e executado pela empresa interessada. Figura 5 – Existem diversas formas de se internacionalizar. A questão é descobrir qual é a melhor para a sua empresa. Fonte: http://ganzelevitch.com.br/wp-content/uploads/2012/09/setas.jpg Aqui, então, nos defrontamos com outra questão: agora que você já sabe quais são os modos de iniciar uma atuação no exterior, assim como já sabe o que é internacionalização, por qual desses modos de entrada convém optar? CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Essa é uma pergunta difícil de ser respondida. Em primeiro lugar, a resposta varia de empresa para empresa, de produto para produto ou de serviço para serviço. Antes de mais nada, você deve entender a realidade da organização para a qual trabalha, e também as expectativas do cliente. Atento a essas questões, cabe escolher a forma que mais se adapte à sua situação. Deve-se ter em mente também o seguinte: Cada estratégia de entrada possui vantagens e desvantagens, apresentando demandas específicas sobre os recursos gerenciais e financeiros da empresa. De modo geral, as exportações, o licenciamento e a franquia exigem um nível relativamente baixo de comprometimento gerencial e de alocação de recursos. Por outro lado, o IDE e as iniciativas colaborativas com participação acionária necessitam de um nível mais elevado de comprometimento e recursos. (Cavusgil; Knight; Riesenberger, 2010) Além disso, é necessário que você cogite também sobre outro aspecto: a necessidade de mudanças ou adaptações no seu produto ou serviço. Essas mudanças vão desde o idioma da embalagem ou do manual do usuário, até questões relativas à legislação do local para onde esse produto ou serviço está sendo exportado. Por exemplo, no Brasil não se pode oferecer às crianças produtos pintados com tintas que tenham metais pesados em sua composição. Assim como nós, brasileiros, devemos respeitar essa regulamentação, as empresas estrangeiras que quiserem vender brinquedos aqui também precisarão respeitá-las. Outros produtos, por outro lado, são padronizados, como peças para automóveis ou computadores. Tudo depende, como já foi dito, do produto ou serviço e do cliente. O seu projeto internacional deverá levar todos esses fatores em consideração, e efetuar as mudanças necessárias com o mínimo dispêndio de recursos. Tenha em mente que a cada modo de entrada e operação corresponde uma estratégia e, consequentemente, um projeto: “as características específicas de um produto ou serviço, tais como sua composição, fragilidade, perecibilidade e razão entre seu valor e peso, podem afetar de modo CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico significativo o tipo de estratégia de internacionalização a ser adotada” (Cavusgil; Knight; Riesenberger, 2010). É graças a um bom entendimento da sua empresa e das expectativas do cliente que seu projeto tem maiores chances de sucesso. Não se esqueça que, ao buscar clientes no exterior, você concorre com rivais locais, ou seja, com as empresas do país de destino, que já estão bem ambientadas e acostumadas com os gostos e costumes de seus consumidores. Por mais difícil e trabalhoso que os projetos internacionais pareçam, quando conduzidos corretamente, eles são altamente rentáveis e nos ensinam muito! Figura 6 – Esteja atento à concorrência para saber diferenciar-se dela! Fonte: http://www.agenciamestre.com/wp-content/uploads/2009/09/liderar-concorrencia.jpg Tema 5 – Busca de Oportunidades para a Internacionalização Agora que você já se familiarizou com os conteúdos tratados aqui, deve estar se perguntando: mas como encontrar oportunidades para internacionalizar a minha empresa? Novamente, esta não é uma pergunta de fácil resposta. Ainda assim, existem mecanismos que nos permitem estar mais atentos às oportunidades e percebê-las ou criá-las com maior facilidade. Mas, afinal de contas, o que é uma oportunidade? “É uma situação na qual mudanças na tecnologia ou nas condições políticas, sociais e demográficas geram potencial para criar algo novo” (Baron; Shane, 2007, p. 34). Esse “algo novo” pode ser um produto, um serviço ou uma nova maneira de fazer algo. Um CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico fato gerador de oportunidades são as leis e mudanças políticas. Por exemplo: o novo presidente da Argentina retirou a proibição de meios de comunicação estrangeiros atuarem no país. Isso abre uma oportunidade para os meios de comunicação brasileiros. Um outro exemplo: é proibido remanufaturar pneus no Brasil. No Paraguai, por outro lado, isso é permitido. Assim, uma empresa que anteriormente remanufaturava no Brasil, pode continuar a fazê-lo no Paraguai. Figura 7 – O goji berry: diversos benefícios de seu consumo foram descobertos recentemente. Fonte: http://www.saudedica.com.br/wp-content/uploads/2014/05/Goji-Berry.jpg?37e390 Uma outra fonte de oportunidades são os novos conhecimentos. Antigamente, por exemplo, não se sabia dos benefícios para a saúde proporcionados pelo goji berry. Hoje, por outro lado, esses benefícios são amplamente conhecidos. Consequentemente, as empresas podem oferecer diversos produtos com goji berry para vários mercados: iogurtes, pães ou barras de cereais. O mesmo vale para as consequências do crescimento de uma determinada classe social. Hoje, em alguns lugares do mundo, a classe C está crescendo rapidamente, o que gera oportunidades para quem se propõe a oferecer produtos e serviços destinados a esse público, conhecido como a “base da pirâmide”: O preço é uma parte importante da base para crescimento em mercados da base da pirâmide. Telefones GSM eram vendidos por US$ 1.000,00 na Índia. O mercado, obviamente, era limitadíssimo. Como o preço médio caiu para US$ 300,00 as vendas aumentaram. Entretanto, quando a Reliance, uma provedora de telefones celulares lançou sua promoção “Monsoon Hungama” (ou “batalha das monções”), que oferecia CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 100 minutosde ligações gratuitas na compra de um telefone móvel multimídia, com entrada de US$ 10,00 e prestações mensais de US$ 9,25 a empresa recebeu 1 milhão de pedidos em dez dias. (Prahalad, 2010, p.74). Da mesma forma que o crescimento da classe C constitui uma oportunidade para negócios, o crescimento das demais classes, também. Pode- se oferecer produtos e serviços mais caros, de maior valor agregado, para as classes mais abastadas, por exemplo. Ser capaz de perceber particularidades do crescimento social e econômico, regulamentações políticas e novos conhecimentos é essencial para o profissional de relações internacionais. Nesse caso, porém, muitos ficam em dúvida: mas, então eu tenho que ler todos os jornais do mundo para saber de todas as novidades?. Claro que não! Mas você precisa estar atento ao mundo que o cerca, a fim de encontrar oportunidades para internacionalizar sua empresa. Descubra, por exemplo, quais são os países que mais importam aquilo que sua empresa fabrica ou os mais carentes do serviço que sua empresa presta. Você pode começar, a partir daí, um projeto de internacionalização! Na Prática Leia atentamente a notícia que segue: Exportação e internacionalização: uma receita para dar certo Não existindo assim [sic] uma receita universal para ter sucesso nos mercados externos, há no entanto [sic] ingredientes que vingam no estrangeiro. Na temática das exportações e da internacionalização não existe uma receita única que seja aplicável a qualquer empresa e a qualquer mercado para que a sua estratégia de internacionalização funcione. Cada caso é um caso, cada binômio empresa/mercado tem os seus desafios próprios, os seus constrangimentos particulares e a sua estratégia específica. Não existindo assim uma receita universal para ter sucesso nos mercados externos, há, no entanto, ingredientes bastante regulares nos casos que vingam no estrangeiro. Desde logo o primeiro ingrediente prende-se com [sic] a recolha profissional de informação estratégica sobre o mercado onde se quer entrar: fazer research sobre o país, sobre o mercado, sobre CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico a concorrência, sobre o ambiente de investimento, sobre os incentivos atribuídos, sobre a rede logística e sobre a qualidade e disponibilidade dos recursos humanos entre muitos outros aspetos é crucial para reduzir as surpresas das fases seguintes. O segundo ingrediente passa pela aposta numa estratégia de entrada assente na diferenciação pela inovação e pela qualidade uma vez que a estratégia preço é sempre arriscada e replicável, quando não ultrapassável, pela concorrência. O terceiro ingrediente tem que ver com a priorização de novos mercados que se quer abranger de uma só vez: mais do que dois ou três pode ser ambicioso se se quiser garantir recursos suficientes e concentração adequada do management da empresa. O foco no core business é outro ingrediente a levar em consideração numa estratégia de internacionalização evitando tentações de tentar “agarrar” todas as oportunidades que se detecta nesse mercado, nomeadamente aquelas que se afastam das competências-chave das exportadoras: já basta o risco de diversificação de mercado para se dispensar o risco adicional de diversificação de modelo de negócio. (Reis, 2016) Depois de analisar o texto acima, responda: que outros fatores você apontaria como essenciais ao sucesso de um processo de internacionalização? Além das preocupações destacadas no texto, um bom projeto internacional é essencial. Esse projeto deve deixar claro quais são as expectativas dos clientes, deve delinear qual a concorrência local e seus diferenciais. A partir do momento que eu sei com quem estou concorrendo, e quais os principais produtos ou serviços desses concorrentes, fica mais fácil criar mecanismos que tornem o que eu ofereço melhor. Esse tipo de comparação pode ser útil até mesmo para que se tracem estratégias de marketing e propaganda. Além disso, deve ser observado se há alguma necessidade de adaptação no produto, nos manuais, nas embalagens ou em qualquer outro aspecto que possa influenciar o sucesso do projeto. As características do cliente e do mercado de destino devem sempre ser levadas em consideração, uma vez que se deve atentar às preferências do consumidor para poder satisfazê-las da melhor forma. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Síntese A internacionalização, enquanto fenômeno, pode ter várias definições. A primeira definição pode ser: “o movimento de indivíduos e empresas para operações internacionais” (Welch, Loustarinen, 1988). Outra definição possível é: “a transferência de bens e serviços através de fronteiras entre países utilizando métodos diretos e indiretos” (Leonidou, Katsikeas, 1996). É interessante notar que, segundo essas definições, a internacionalização é tratada como um processo, ou seja, uma concatenação de atos. Isso significa que ela não ocorre do dia para a noite, mas abrange diversas fases. E por que as empresas se internacionalizam? Essa pergunta pode ser respondida pelas teorias da internacionalização, que estudam diversos casos e empresas. Uma das primeiras teorias de internacionalização foi escrita pelo estadunidense Raymond Vernon, em 1966. Depois de Vernon, os autores Buckley e Casson também se debruçaram sobre a internacionalização, em 1976 e em 1992. Mais tarde, os professores Bruce Kogut e Udo Zander igualmente propuseram uma teoria da internacionalização. Ainda que todas essas teorias sejam aplicáveis em determinados contextos, a que ganhou mais aceitação foi criada na Suécia, na Universidade de Uppsala, em 1977. E por que internacionalizar? É frequente que crises econômicas afetem diversos participantes de um determinado mercado nacional. Em momentos de crise, gerentes e diretores confrontam-se com decisões difíceis, como a necessidade de demitir, reduzir a produção e cortar gastos. No entanto, uma alternativa viável para manter empregos e produção é a busca por outros mercados. Se, por exemplo, o mercado brasileiro está em crise, o argentino pode não estar. Assim, vender produtos ou serviços em outros países pode ser uma saída interessante. E quais outras motivações para internacionalizar existem? Dezenas delas! Vamos ter em mente as características dos consumidores europeus ou norte-americanos. Trata-se de um público reconhecidamente mais exigente. Sabendo disso, muitas empresas brasileiras buscam vender seus bens para esses consumidores, o que as forçará a incrementar sua produção e melhorar o resultado do seu produto final. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Agora que você já sabe quais são os modos de entrada no comércio exterior, assim como já sabe o que é internacionalização, cabe a pergunta: por qual desses modos é melhor optar? Essa é uma questão difícil de ser respondida. Em primeiro lugar, isso varia de empresa para empresa, de produto para produto ou de serviço para serviço. Antes de mais nada, você deve entender a realidade da organização na qual trabalha e as expectativas do cliente. Atento a esses aspectos, cabe escolher a forma que mais se adapte à sua situação. Depois de se familiarizar com os conteúdos tratados aqui, você deve estar se perguntando: mas como encontrar oportunidades para internacionalizar a minha empresa? Novamente, essa não é uma pergunta de fácil resposta. Ainda assim, existem mecanismos que nos permitem estar mais atentos às oportunidades, e percebê-las ou criá-las com mais facilidade. Um fato gerador de oportunidades são as leis e mudanças políticas. Outra importante fontede oportunidades são novos conhecimentos. Referências AMATUCCI, M. Teorias de negócios internacionais e a economia brasileira – de 1850 a 2007. In.: _____. Internacionalização de empresas. São Paulo: Editora Atlas, 2009. BARON, R. A.; SHANE, S. A. Empreendedorismo: uma visão do processo. Tradução de All Tasks. São Paulo: Cengage Learning, 2007. BEAMISH, P. W. et al. International management: text and cases. Lewinston: McGraw-Hill/Irwin, 2002. BELL, M.; PAVITT, K. The development of technological capabilities. In: HAQUE, I. U. (Ed.). Trade, technology and international competitiveness. Washington DC: The World Bank, 1995. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico BUCKLEY, P. J.; CASSON, M.. A theory of international operations. (1979) In: BUCKLEY, P. J.; GHAURI, P. N. (Org.). The internationalization of the firm – a reader. London: Academic Press, 1993. _____. The limits of explanation: testing the internalization theory of the multinational enterprise. 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