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Unidade 2
Livro Didático 
Digital
Mariana Ribeiro Maniglia
Transtornos 
psiquiátricos 
na infância e 
adolescência
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial 
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico 
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autora 
MARIANA RIBEIRO MANIGLIA
Desenvolvedor 
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
Mariana Ribeiro Maniglia
Olá. Meu nome é Mariana Ribeiro Maniglia. Sou formada em 
Serviço Social pela UNESP e em Psicologia pela UNIFRAN, possuo 
mestrado e doutorado (em andamento) em Psicobiologia pela USP. Minha 
experiência profissional envolve a prática na área de neuropsicologia e de 
psicologia clínica. Além disso, possuo experiência em atendimentos no 
Sistema Único de Saúde em Unidades Básicas de Saúde e Ambulatórios. 
Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência e 
conhecimento àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso 
fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores 
independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de 
muito estudo e trabalho. Conte comigo!
A AUTORA
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo 
projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha 
de aprendizagem toda vez que:
ICONOGRÁFICOS
INTRODUÇÃO: 
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova com-
petência;
DEFINIÇÃO: 
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA: 
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE: 
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA? 
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA: 
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou 
discutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO: 
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das 
últimas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO: 
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Deficiência lntelectual (DI) ..................................................................... 11
Desenvolvimento..............................................................................................................................11
Características ................................................................................................................................... 12
Critérios diagnósticos ................................................................................................................... 14
 Diagnóstico diferencial e comorbidades .......................................................................16
Transtorno do espectro autista (tea) .................................................. 19
Desenvolvimento............................................................................................................................. 19
 Características ................................................................................................................................... 21
 Critérios diagnósticos ...................................................................................................................24
Diagnóstico diferencial e comorbidades .......................................................................27
Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (tdah) .........29
Desenvolvimento............................................................................................................................ 29
Características .................................................................................................................................. 30
Critérios disgnósticos ................................................................................................................... 31
Diagnóstico diferencial e comorbidades .......................................................................33
Transtornos da comunicação (linguagem) .......................................36
 Desenvolvimento.............................................................................................................................37
 Características ...................................................................................................................................37
Critérios diagnósticos .................................................................................................................. 40
 Diagnóstico diferencial e comorbidades ....................................................................... 41
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência8
UNIDADE
02
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 9
Nesta unidade nós iremos aprofundar o conhecimento sobre alguns 
Transtornos do Neurodesenvolvimento. Você sabia que os Transtornos no 
Neurodesenvolvimento podem ter níveis de gravidade? Sim! E como esses 
níveis são classificados nós iremos ver em cada capítulo! Nesta unidade 
você verá os seguintes transtornos: Deficiência Intelectual, Transtorno 
do Espectro Autista, Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade e 
Transtornos da Comunicação. Vamos comigo mergulhar neste universo?!
INTRODUÇÃO
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência10
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo é auxiliar 
você no desenvolvimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até o 
término desta etapa de estudos:
1. Compreender e identificar os aspectos diagnósticos e as 
características da Deficiência Intelectual.
2. Compreender e identificar os aspectos diagnósticos e 
características do Transtorno do Espectro Autista.
3. Compreender e identificar os aspectos diagnósticos e 
características do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade.
4. Compreender e identificar os aspectos diagnósticos e 
características do Transtorno da comunicação (linguagem).
Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao 
trabalho! 
OBJETIVOS
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 11
Deficiência lntelectual (DI)
OBJETIVOS
Ao término deste capítulo você será capaz de compreender 
e de identificar os aspectos diagnósticos e características 
da Deficiência Intelectual. Essa competência é funcamental 
para a realização de diagnósticos diferenciais e 
comorbidades. E então? Vamos começar?!
Desenvolvimento 
A Deficiência Intelectual pode ocorrer em todas as raças e culturas 
e é identificada no período do desenvolvimento. Num geral, indivíduos 
do sexo masculino têm mais propensão ao diagnóstico do que o sexo 
feminino. Nos primeiros anos de vida é possível identificar atrasos no 
neurodesenvolvimento que podem predizer a Deficiência Intelectual. Os 
marcos desenvolvimentais mais avaliados são os motores, a linguagem 
e os aspectos psicossociais. Entretanto, nem sempre os atrasos são 
identificados precocemente, num geral a confirmação e a identificação 
do diagnóstico de Deficiência Intelectual ocorre através da queixa de 
dificuldade escolar. 
A Deficiência Intelectual não é progressiva, ou seja, não há piora 
do quadro com o passar dos anos, embora o transtorno dure a vida toda. 
Exceto em algumas comorbidades como a Síndrome de Rett, que pode 
ocorrer períodos de piora seguidos de estabilização do quadro (APA, 
2014). A Deficiência Intelectual pode ter um diagnóstico isolado (sozinho), 
ou pode ter condições comórbidas, como por exemplo, Transtorno do 
Espectro Autista, Síndrome de Down, outras deficiências sensoriais, 
Epilepsia, dentre outros.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência12
IMPORTANTE
O conhecimento cultural e étnicoé necessário para o 
diagnóstico de DI, pois o funcionamento adaptativo da 
criança ocorre de acordo com a cultura que está inserida. 
Por vezes, o curso da deficiência pode ser alterado quando 
diagnosticada precocemente e realizadas intervenções multiprofissionais. 
Características 
A Deficiência Intelectual é caracterizada como uma condição 
limitante que compromete o desempenho do indivíduo. A tríade 
característica da Deficiência Intelectual compreende o déficit nas 
habilidades intelectuais, o prejuízo na capacidade funcional e adaptativa e 
o período de desenvolvimento da deficiência, antes dos 18 anos de idade. 
NOTA
A criança com DI possui mais dificuldade para interpretar 
conceitos abstratos. Trabalhar com conteúdos concretos 
auxilia na aprendizagem. 
De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-
10) a deficiência intelectual apresenta um desenvolvimento incompleto 
do funcionamento intelectual. Compreende-se por funcionamento 
intelectual as capacidades ou as funções cognitivas. Dessa forma, a 
principal característica da Deficiência Intelectual é o prejuízo cognitivo 
significativo verificado através do funcionamento da inteligência global 
em testes neuropsicológicos. Na Deficiência Intelectual verificamos 
que o funcionamento cognitivo está deficitário e pode apresentar as 
seguintes características: raciocínio lógico restrito, baixa capacidade de 
planejamento, dificuldade em formar pensamentos abstratos, dificuldade 
em memorização e aprendizagem, limitação atencional, prejuízo em 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 13
generalização, dificuldade na capacidade expressiva, prejuízo em 
resolução de problemas. 
Além do prejuízo no funcionamento intelectual, a Deficiência 
Intelectual também apresenta como característica a baixa capacidade 
funcional e adaptativa. Isso significa que o indivíduo apresenta limitações 
em competências sociais, emocionais e práticas, como comunicação, 
habilidades acadêmicas, autocuidado, socialização, dentre outros 
aspectos da vida diária. 
EXPLICANDO MELHOR
A tríade diagnóstica da Deficiência Intelectual é composta 
pelas seguintes características: avaliação intelectual, 
avaliação funcional/adaptativa e ocorrer no período do 
desenvolvimento. 
A Deficiência Intelectual é uma condição heterogênea, ou seja, as 
características são diversificadas de acordo com cada quadro e história 
de vida do indivíduo. As crianças com Deficiência Intelectual podem 
apresentar quadros de dificuldades na regulação de emoções, na 
interpretação de pistas sociais e na avaliação de riscos. Essas características 
podem predispor a comportamentos agressivos ou disruptivos, incluindo 
a possibilidade de envolvimento em situações devido a ingenuidade e a 
tendência de fácil manipulação. 
REFLITA
São sinais que podem indicar DI: Falta de interesse pelas 
atividades dadas em sala de aula; pouca interação com os 
colegas e com a professora; dificuldade em coordenação 
motora (grossa e fina); dificuldade para identificar letras, 
desenvolver a fala de maneira satisfatória; dificuldade em 
se adaptar aos mais variados ambientes; quando a criança 
perde ou esquece o que já havia aprendido.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência14
Crianças e adolescentes com diagnóstico de Deficiência Intelectual 
que apresentem comorbidade com outros transtornos mentais podem 
exibir comportamento de risco de suicídio. Em decorrência da falta de 
consciência de riscos e perigos, as tentativas de suicídio e as lesões são 
elevadas e precisam ser investigadas com maior rigor. 
Critérios diagnósticos
De acordo com os critérios diagnósticos do DSM-V (APA, 2014) a 
Deficiência Intelectual tem início do período do desenvolvimento e inclui 
déficits intelectuais e adaptativos. Deve necessariamente obter os três 
critérios abaixo:
I. Apresentar déficit intelectual comprovado por testes de inteligência 
padronizados e individualizados;
II. Apresentar déficit na função adaptativa que limitam o 
funcionamento em uma ou mais atividades diárias (comunicação, 
socialização, autonomia) em múltiplos ambientes (escola, casa, trabalho, 
comunidade); 
III. O início dos déficits deve ocorrer no período do desenvolvimento, 
ou seja, até os 18 anos.
VOCÊ SABIA?
Quociente de Inteligência, o famoso QI é uma medida 
obtida através de testes que mensuram a inteligência do 
indivíduo. 
A Deficiência intelectual é espeficada através de níveis de gravidade 
com base no funcionamento adaptativo do indivíduo: Leve, Moderada, 
Grave e Profunda. As medidas de QI não são verificadas na classificação 
de gravidade pois não há alterações significativas na extremidade inferior 
desse coeficiente.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 15
VOCÊ SABIA?
A inclusão é um instrumento importante na qualidade de 
vida da pessoa com Deficiência Intelectual, pois permite 
o acesso a todos os recursos da comunidade, que 
favorecerão o seu desenvolvimento global, a autonomia e 
ajudarão a construir a sua cidadania. 
Em nível de gravidade LEVE, as crianças apresentam dificuldades 
em aprender conceitos de leitura, de escrita, de matemática, de tempo, e 
geralmente precisam de abordagens mais concretas para a resolução de 
problemas. Mostram-se imaturos, com dificuldade de compreender pistas 
sociais e na regulação de emoções e comportamentos, são indivíduos 
facilmente manipulados, pois apresentam julgamento social alterado. No 
domínio prático podem não apresentar dificuldades em cuidados básicos, 
como banho, trocar de roupa, atender um telefone, mas apresentam 
prejuízo em tarefas mais complexas.
Em nível de gravidade MODERADA, as crianças apresentam atrasos 
consideráveis e significativos na aprendizagem com relação aos pares. 
O processo de aprendizagem da leitura, da escrita, da matemática e do 
tempo é bem limitada e se desenvolve com maior lentidão. Os indivíduos 
se relacionam com pares, embora não consigam interpretar pistas sociais, 
as diferenças costumam limitar as relações e as crianças preferem brincar 
com amigos de menor idade. As atividades básicas como vestir, tomar 
banho e comer são realizadas sozinhas, mas há necessidade de maior 
período para a aquisição dessas habilidades.
IMPORTANTE
O uso de testes de Quociente de Inteligência (QI) é exclusivo 
do profissional psicólogo. 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência16
Em nível GRAVE, as crianças possuem pouca compreensão da 
linguagem escrita e dos conceitos matemáticos/numéricos. A linguagem 
falada é limitada em vocabulário e gramática, as crianças costumam usar 
discursos simples para se expressar. Precisam de apoio e supervisão nas 
atividades básicas como vestir, banho e alimentação, as crianças não 
conseguem tomar decisões sozinhas. 
Em nível de gravidade PROFUNDA as crianças possuem mais 
contato e facilidade com o mundo físico do que simbólico. Alguns 
conceitos e habilidades podem ser adiquiridos desde que trabalhados 
concretamente, como tarefas de combinar e de classificar. Compreende 
instruções e gestos simples, se comunica mais de modo não verbal e 
não simbólico. São indivíduos completamente dependentes nos aspectos 
de cuidados básicos. A ocorrência de prejuízos físicos e sensoriais pode 
impedir às atividades e a comunicação. 
Diagnóstico diferencial e comorbidades
Diagnóstico diferencial se refere a todas as doenças que também 
podem explicar os sinais e sintomas do paciente. Portanto, é necessário 
restringir um grupo de possibilidades, que são semelhantes, e que devem 
ser elencadas como prováveis diagnósticos. A realização do diagnóstico 
diferencial é feita através de testes, de exames, de sinais e de sintomas 
específicos que permitem um diagnóstico final.
Na Deficiência Intelectual o diagnóstico deve ser feito sempre 
que atendidos todos os três critérios já descritos anteriormente. Sempre 
que houver o diagnóstico de uma síndrome genética num quadro deinvestigação de DI, esta deve ser registrada como comorbidade com a 
Deficiência Intelectual. 
Vamos descrever os principais diagnósticos diferenciais com 
a Deficiência Intelectual. Primeiramente, é necessário diferenciar os 
transtornos neurocognitivos da Deficiência Intelectual. A Deficiência 
Intelectual é definida como um transtorno do neurodesenvolvimento 
diferentemente dos transtornos neurocognitivos, que se caracterizam 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 17
pela perda do funcionamento cognitivo. Ou seja, no primeiro caso, o 
indivíduo possui o diagnóstico desde a infância ou adolescência, e no 
segundo caso, houve um desenvolvimento típico e por algum motivo 
ocorreu a perda das funções adquiridas. 
Exemplo: Um indivíduo com síndrome de Down que desenvolve 
doença de Alzheimer pode ser diagnosticado com deficiência intelectual 
e transtorno neurocognitivo. 
Os transtornos da comunicação e o transtorno específico da 
aprendizagem que também são transtornos do neurodesenvolvimento, 
podem ser comórbidos com a DI. Mas é importante ressaltar que não 
devem ser confundidos, pois nos primeiros casos o indivíduo não 
apresenta déficits no funcionamento intelectual e adaptativo. 
VOCÊ SABIA?
O diagnóstico precoce na DI é extremamente importante 
para o tratamento e a terapêutica. A neuroplasticidade 
infantil permite muitas vezes mudar a condição de DI de 
moderada para leve, por exemplo.
Outro diagnóstico diferencial é o Transtorno do Espectro Autista 
(TEA). É comum que crianças com TEA tenham como comorbidade a 
deficiência intelectual. A investigação do comportamento adaptativo deve 
ser minuciosa nesses casos, pois as crianças com TEA possuem déficits 
sociocomunicacionais e comportamentais, inerentes ao transtorno, que 
interferem nas atividades de vida diária, bem como na compreensão e no 
engajamento dos testes. A investigação adequada da função intelectual 
no TEA é fundamental, principalmente com testes não-verbais de 
inteligência. Os escores do QI no transtorno do espectro autista podem 
ser instáveis, particularmente na primeira infância, portanto, é prudente 
que se faça mais de uma avaliação no decorrer do desenvolvimento.
Os transtornos mentais e do neurodesenvolvimento comórbidos 
mais comuns são transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, 
transtornos depressivo e bipolar, transtornos de ansiedade, transtorno 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência18
do espectro autista, transtorno do movimento estereotipado (com ou 
sem comportamento autolesivo), transtornos do controle de impulsos e 
transtorno neurocognitivo maior. 
RESUMINDO
E então? Vamos revisar e ter certeza de que você realmente 
entendeu o tema de estudo deste capítulo? Você deve ter 
aprendido que a Deficiência Intelectual é um transtorno que 
se inicia na infância e persiste por toda a vida. A Deficiência 
Intelectual não é progressiva, ou seja, não há piora do 
quadro com o passar dos anos. É caracterizada como uma 
condição limitante que compromete o desempenho do 
indivíduo. A tríade característica da Deficiência Intelectual 
compreende o déficit nas habilidades intelectuais, o 
prejuízo na capacidade funcional e adaptativa e o período 
de desenvolvimento da deficiência, antes dos 18 anos de 
idade. A DI possui uma apresentação heterogênea, ou 
seja, as características são diversificadas de acordo com 
cada quadro e a história de vida do indivíduo. É classificada 
através de níveis de gravidade com base no funcionamento 
adaptativo do indivíduo: Leve, Moderada, Grave e Profunda. 
Os principais diagnósticos diferenciais são: transtornos 
neurocognitivos, Transtorno do espectro autista, Transtornos 
da comunicação e Transtorno específico da aprendizagem.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 19
Transtorno do Espectro Autista (TEA)
OBJETIVOS
Ao término deste capítulo você será capaz de compreender 
e de identificar os aspectos diagnósticos e as características 
do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Essa competência 
é funcamental para a realização de diagnósticos diferenciais 
e comorbidades. E então? Vamos começar?!
Desenvolvimento
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) possui um padrão de início 
muito precoce, observado geralmente nos primeiros anos de vida. Os 
sintomas costumam ser reconhecidos entre os 12 a 24 meses de vida, 
embora algumas crianças apresentem os sintomas antes dos 12 meses 
de idade. O reconhecimento dos sintomas precocemente depende da 
gravidade dos mesmos. Crianças com sintomas leves podem demorar 
para apresentar atrasos e sinais. Existe também a possibilidade de a 
criança perder habilidades adquiridas, neste caso, há regressão do 
desenvolvimento após, pelo menos, 2 anos de desenvolvimento típico. 
Os pais ou os cuidadores relatam história de deterioração gradual ou 
relativamente rápida em comportamentos sóciais ou nas habilidades 
linguísticas. 
VOCÊ SABIA?
Uma em cada 160 crianças tem transtorno do espectro 
autista! Acesse o site da Organização Pan-Americana de 
Saúde e saiba mais, disponível no link: https://bit.ly/2Wixi2E.
Os primeiros sintomas do transtorno do espectro autista frequentemente 
envolvem atraso no desenvolvimento da linguagem, acompanhado por 
ausência de interesse social ou de interações sociais incomuns. Uma vez que no 
desenvolvimento normal as crianças pequenas possuem fortes preferências e 
https://bit.ly/2Wixi2E
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência20
gostam de repetição (por exemplo, ingerir os mesmos alimentos, assistir muitas 
vezes ao mesmo filme, é difícil distinguir em pré-escolares o que pode ser 
um padrão restrito e repetitivo de comportamento para o diagnóstico do TEA. 
Embora no segundo ano de vida os comportamentos estranhos e repetitivos, 
e ausência de brincadeiras típicas tornam-se mais evidentes em crianças com 
TEA. Os sintomas são notados com maior frequência na primeira infância e 
nos primeiros anos da vida escolar, a partir dos ganhos no desenvolvimento 
infantil (por exemplo, o aumento no interesse por interações sociais) é mais fácil 
distinguir os sinais e os sintomas do TEA. 
IMPORTANTE
Não existe um gene do autismo. O que existe é uma 
combinação de variantes genéticas que produzem o 
autismo em certas combinações. 
O Transtorno do Espectro Autista não é um transtorno degenerativo, 
dessa forma a capacidade de aprendizagem e de compreensão perduram 
ao longo da vida. A chegada da adolescência pode alterar as habilidades 
comportamentais, em alguns ocorre a piora, em outros a melhora 
comportamental. Os adolescentes com diagnóstico leve apresentam 
maior funcionamento social e independência. Na fase adulta, os indivíduos 
que possuem TEA e trabalham de forma independente geralmente são 
diagnosticados como TEA de alto desempenho ou Asperger (abordaremos 
essas características adiante). Mesmo esses indivíduos podem continuar 
socialmente ingênuos e vulneráveis, com dificuldades para organizar as 
demandas práticas sem apoio, e ficam mais propensos a ansiedade e 
depressão. A maioria desses adultos utilizam estratégias compensatórias e 
mecanismos de enfrentamento para mascarar suas dificuldades em público.
NOTA
Vacinas não causam autismo! Um dos últimos estudos 
sobre o assunto, realizado na Dinamarca, não verificou 
diferenças entre crianças vacinadas e as que não eram 
vacinadas. A taxa de incidência do autismo é a mesma nas 
duas condições. 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 21
Existe ainda os adultos que não foram diagnosticados quando 
crianças e que apresentam sintomas e sinais autísticos. Nesses casos é 
importante obter uma história detalhada do desenvolvimento, inclusive 
levar em conta as dificuldades autorrelatadas. Quando a observação 
clínica sugerir que os critérios são preenchidos no presente, pode ser 
diagnosticado o transtorno do espectro autista, desde que não haja 
evidências de boas habilidades sociais e de comunicação nainfância. 
Características
O TEA recebe o nome de espectro porque envolve situações 
e apresentações heterogêneas, numa gradação que vai da mais leve 
à mais grave. As características essenciais do TEA são: (1) prejuízo na 
comunicação social recíproca e na interação social; e (2) padrões restritos 
e repetitivos de comportamento, de interesses ou de atividades. Esses 
sintomas precisam necessariamente estar presentes desde o início da 
infância e limitam o funcionamento diário do indivíduo. 
IMPORTANTE
O TEA começa na infância e persiste na adolescência e na 
idade adulta.
As manifestações do transtorno variam muito dependendo da 
gravidade da condição autista, do nível de desenvolvimento e da idade 
cronológica. De acordo com o DSM-V, o transtorno do espectro autista 
engloba transtornos antes chamados de Autismo Infantil Precoce, Autismo 
Infantil, Autismo De Kanner, Autismo De Alto Funcionamento, Autismo 
Atípico, Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação, 
Transtorno Desintegrativo da Infância e Transtorno de Asperger. 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência22
NOTA
As evidências científicas sugerem que provavelmente há 
muitos fatores que tornam uma criança mais propensa a ter 
um TEA, incluindo os ambientais e os genéticos. 
Para a investigação de características e de sinais do TEA o uso de 
múltiplas fontes de informação torna o quadro mais confiável. Vamos 
especificar as características essenciais do transtorno!
O prejuízo na comunicação social recíproca e na interação social 
deve ser persistente e sustentado. O comprometimento da comunicação 
social verbal ou não-verbal depende do nível intelectual, da história de 
vida, da estimulação e da rede de apoio existente. Esse comprometimento 
pode ocorrer como ausência total da fala, presença de atraso na aquisição 
da linguagem, falha na compreensão, ecolalia, e linguagem literal. Mesmo 
quando a criança possui habilidades linguísticas formais (gramática e 
vocabulário) adequadas, o uso da linguagem social é comprometido. 
REFLITA
O reconhecimento precoce do diagnóstico possibilita o 
início de intervenções que auxiliam na diminuição dos 
sintomas e do bem-estar da criança.
No aspecto socioemocional, a criança apresenta prejuízo na capacidade 
de envolvimento com o outro e a expressão de sentimentos. Quase não imita 
expressões ou atitudes, não existe o uso de brincadeiras imaginativas (faz-de-
conta), o uso de sua linguagem se limita a solicitar coisas e não a comentar 
ou a promover interação. O uso de comunicação não-verbal é restrito, com 
poucos gestos, expressões faciais, orientação corporal, entonação de fala ou 
contato visual. As crianças mais velhas possuem dificuldade na flexibilização 
de regras das bincadeiras. Em adolescentes se manifesta mais intensamente 
a dificuldade em compreender qual comportamento é apropriado para cada 
situação, a compreensão de figuras de linguagem (metáforas, piadas, ironia) 
também é comprometida.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 23
NOTA
O autismo é cinco vezes mais comum em meninos do que 
em meninas.
A nível cognitivo, crianças autistas possuem baixo desempenho de 
atenção compartilhada, e bom desempenho de atenção sustentada. Isso 
porque apresentam baixa manifestação do gesto de apontar, de mostrar 
ou de trazer objetos e também dificuldade em seguir um gesto ou objeto. 
Outra característica do Transtorno do Espectro Autista é definida 
por padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou 
atividades que podem se manifestar diferentemente de acordo com a 
idade e a capacidade da criança. 
VOCÊ SABIA?
Não há diferenças entre a anatomia cerebral de pessoas 
com e sem autismo.
Os comportamentos estereotipados ou repetitivos podem se 
apresentar como estereotipias motoras simples (por exemplo, abanar as 
mãos), ou pelo uso repetitivo de objetos (por exemplo, enfileirar objetos) 
e pela fala repetitiva (por exemplo, repetição imediata de palavras 
ouvidas). Neste sentido, a criança também pode manifestar resistência a 
mudanças, em qualquer aspecto, seja na rotina, seja na embalagem do 
alimento, ou no desenho que vai assistir. As restrições alimentares são 
manifestadas frequentemente no TEA. E manifestar padrões ritualizados 
de comportamento verbal ou não verbal, como perguntar coisas repetidas. 
Os comportamentos estereotipados também podem ocorrer 
através da hiper ou hiporreatividade aos estímulos sensoriais. Isso significa 
que a criança pode ter respostas extremadas a sons e a texturas, a cheirar 
ou a tocar objetos de forma excessiva e encantamento por luzes ou 
objetos giratórios. 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência24
IMPORTANTE
O uso de medicações no Autismo é importante, 
especialmente, para aqueles com severos comportamentos 
antissociais e agressivos, e que possam levar a epilepsia e a 
problemas de sono. Mas nem toda a criança com Autismo 
precisa ser medicada e deve-se sempre avaliar caso-a-
caso a necessidade de introduzir medicações.
O espectro autista enquadra características heterogêneas que 
eram definidas anteriormente pelo DSM-IV como Asperger. Crianças 
com as características clássicas do TEA, mas em uma medida reduzida 
são enquadrados no que chamamos de Asperger. São indivíduos com 
inteligência verbal adequada, muitas vezes confundidos com gênios, pois 
possuem habilidades especializadas muito boas. Nesses casos, quando 
menor a dificuldade de interação social, maior a chance de levar uma vida 
adaptativa normal. 
Critérios diagnósticos
De acordo com o DSM-V, a criança com diagnóstico de TEA deve, 
necessariamente, conter déficits persistentes na comunicação e na 
interação social em múltiplos contextos e apresentar padrões restritos 
e repetitivos de comportamento, de interesses ou de atividades. Os 
sintomas devem aparecer precocemente no período do desenvolvimento 
e causar prejuízos significativos no funcionamento adaptativo. Vamos 
especificar melhor os critérios!
VOCÊ SABIA?
A idade ao se tornar mãe pode influenciar o risco de ser 
uma criança com autismo. Ficar grávida acima dos 40 anos 
eleva muito o risco de se ter um filho autista. 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 25
Os déficits na comunicação e na interação social podem se 
apresentar da seguinte forma:
 • Déficits na reciprocidade socioemocional, ou seja, a criança 
possui dificuldade em estabelecer uma conversa normal, 
bem como iniciar ou responder a interações sociais;
 • Déficits nos comportamentos comunicativos não-verbais. 
As crianças apresentam anormalidade em estabelecer 
contato visual e linguagem corporal. Podem não 
compreender e não apresentar reações faciais de emoções;
 • Déficits para desenvolver, manter e compreender 
relacionamentos, incluindo dificuldade em 
adequar seu comportamento aos contextos 
sociais e participar de brincadeiras imaginativas.
NOTA
Cerca de 5% dos autistas possuem superdotação, 40% 
apresentam inteligência média e são aptos à vida escolar e 
acadêmica, e 50% apresentam Deficiência Intelectual. 
Já os prejuízos nos padrões restritos e repetitivos de 
comportamentos, de interesses e de atividades pode ser manifestado por 
ao menos duas das seguintes características:
 • Movimentos motores, fala ou uso de objetos 
repetitivos ou estereotipados (por exemplo, enfileirar 
brinquedos, ecolalia, estereotipias motoras simples);
 • Padrão inflexível em rituais, rotinas e comportamentos 
verbais ou não-verbais (por exemplo, rituais de 
saudação, necessidade de realizar sempre o mesmo 
caminho, ingerir sempre os mesmos alimentos);
 • Interesses fixos e restritos que são perseverativos 
(por exemplo, apego forte a um objeto);
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência26
 • Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais 
(por exemplo, reação contrária ao som e a texturas, 
a cheirar ou a tocar objetos excessivamente, 
fascinaçãopor luzes ou por movimentos).
IMPORTANTE
Indivíduos com um diagnóstico do DSM-IV bem 
estabelecido de transtorno autista, de transtorno de 
Asperger ou de transtorno global do desenvolvimento 
sem outra especificação, devem receber o diagnóstico de 
transtorno do espectro autista.
Os níveis de gravidade do transtorno devem ser classificados de 
acordo com o prejuízo significativo no funcionamento adaptativo do 
indivíduo.
No nível de gravidade 1, a criança necessita de suporte, ou seja, caso 
a criança não receba o apoio adequado pode apresentar dificuldade para 
iniciar e para manter interações sociais. A criança pode apresentar falhas 
na conversação, também pode ocorrer dificuldade em trocar de atividade. 
Tentativas de fazer amigos de formas estranhas e malsucedidas. Dificuldade 
em organização e de planejamento causam limitações na autonomia.
No nível de gravidade 2, a criança necessita de suporte substancial, 
e apresenta déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal e 
não-verbal. Dificuldade em iniciar interações sociais, déficits consideráveis 
na conversação. Esses prejuízos ocorrem mesmo na presença de apoio. 
Dificuldade em lidar com mudanças. Os comportamentos restritos e 
repetitivos aparecem com maior frequência. 
No nível de gravidade 3, a criança necessita de suporte muito 
substancial, os prejuízos na comunicação verbal e não-verbal causam 
grandes comprometimentos no funcionamento social. A criança quase não 
inicia diálogos e interações sociais. Fala com poucas palavras, muitas vezes 
ininteligíveis. Somente reage a interações sociais muito diretas. A criança 
apresenta muita dificuldade em lidar com mudanças, e seu comportamento 
restrito e repetitivo interfere no funcionamento de todas as esferas.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 27
NOTA
É por volta dos 3 anos de idade que as características do 
transtorno se tornam mais evidentes.
Diagnóstico diferencial e comorbidades
O diagnóstico diferencial deve sempre levar em consideração as 
principais características do TEA: déficits na comunicação e de interação 
social; e prejuízos nos padrões restritos e repetitivos de comportamentos. 
Abaixo vamos identificar os principais diagnósticos diferenciais com TEA.
A Síndrome de Rett é caracterizada por uma ruptura da interação 
social no desenvolvimento infantil, em geral, entre 1 e 4 anos de idade. 
Depois desse período, no entanto, a maioria das crianças com síndrome 
de Rett melhora as habilidades de comunicação social.
VOCÊ SABIA?
Apesar de não demonstrar afeto da mesma maneira que as 
outras crianças, isso não significa que o autista não ame, ou 
não seja afetivo. Ele simplesmente se expressa de maneira 
diferente.
No Mutismo seletivo a criança normalmente exibe habilidades 
comunicacionais apropriadas em alguns contextos e locais. Mesmo nos 
contextos em que a criança é muda, a reciprocidade social e emocional não 
está prejudicada, bem como não apresenta padrões de comportamento 
restritivos ou repetitivos.
Os Transtorno da linguagem e Transtorno da Comunicação Social 
(pragmática) não estão relacionado à presença de padrões restritos e 
repetitivos de comportamento, de interesses ou de atividades. 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência28
IMPORTANTE
A “Teoria da mente” é empregada para atribuir estados 
mentais a outras pessoas e predizer o comportamento das 
mesmas em função destas atribuições. Em geral, os autistas 
possuem dificuldade nessa habilidade sociemocional.
Em crianças com Deficiência intelectual pode ser difícil diferenciar 
o diagnóstico de TEA, pois o não desenvolvimento das habilidades 
lingüísticas ou simbólicas podem levar aos comportamentos repetitivos. 
A comorbidade entre TEA e DI é grande. 
As estereotipias motoras estão entre as características diagnosticas 
do transtorno do espectro autista, mas no Transtorno do Movimento 
Esteriotipado não há característica de prejuízo na interação social. 
A Esquizofrenia com início na infância costuma desenvolver-se 
após um período de desenvolvimento normal ou quase normal. O prejuízo 
social pode ser confundido com o encontrado no TEA, mas as alucinações 
e delírios não são encontrados no TEA.
RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos 
resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que o 
Transtorno do Espectro Autista (TEA) possui um padrão de 
início muito precoce, observado geralmente nos primeiros 
anos de vida. Não é um transtorno degenerativo, dessa 
forma, a capacidade de aprendizagem e de compreensão 
perduram ao longo da vida. As características essenciais 
do TEA são: (1) prejuízo na comunicação social recíproca 
e na interação social; e (2) padrões restritos e repetitivos 
de comportamento, de interesses ou de atividades. Os 
níveis de gravidade do Transtorno devem ser classificados 
de acordo com o prejuízo significativo no funcionamento 
adaptativo do indivíduo (gravidade, 1, 2, 3). Os principais 
diagnósticos diferenciais são: Síndrome de Rett, Mutismo 
seletivo, Transtorno da linguagem e Transtorno da 
Comunicação Social (pragmática), Esquizofrenia e DI. 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 29
Transtorno do Déficit de atenção e 
Hiperatividade (TDAH)
OBJETIVOS
Ao término deste capítulo você será capaz de compreender 
e de identificar os aspectos diagnósticos e as características 
do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade 
(TDAH). Essa competência é funcamental para a realização 
de diagnósticos diferenciais e comorbidades. E então? 
Vamos começar?!
Desenvolvimento
NOTA
TDAH antigamente já foi chamado de: síndrome da criança 
hiperativa, lesão cerebral mínima, disfunção cerebral 
mínima, transtorno hipercinético, transtorno primário da 
atenção. 
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) costuma 
ser identificado com maior frequência durante os anos escolares. Em pré-
escolares a hiperatividade é mais frequente, principalmente na agitação 
motora ao começar a andar e a correr. O comportamento desatento é 
mais saliente durante o início da idade escolar. 
No decorrer da adolescência o transtorno fica mais estável, 
principalmente os sintomas de perfil hiperativo. Os sintomas desatentos 
podem permanecer durante a adolescência e a vida adulta. Na vida adulta 
os sintomas de falta de planejamento e a impulsividade podem ser mais 
salientes do que os sintomas desatentos. 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência30
Características
As principais características do Transtorno de Déficit de Atenção e 
Hiperatividade consistem em padrões persistentes de desatenção e/ou 
de hiperatividade/impulsividade que interferem no funcionamento ou no 
desenvolvimento do indivíduo. 
DEFINIÇÃO
O TDAH é um transtorno neurobiológico, com grande 
participação genética, que tem início na infância e 
compromete o funcionamento da pessoa em vários setores 
de sua vida.
Vamos caracterizar os perfis do TDAH! O perfil desatento manifesta-se 
comportamentalmente como divagação em tarefas, falta de persistência, 
dificuldade de manter o foco e desorganização. Esse padrão não é visto 
como conseqüência de um desafio ou falta de compreensão. Já o perfil 
hiperativo demonstra atividade motora excessiva, como remexer, batucar 
e conversar excessivamente, em geral a criança não consegue se conter, 
mesmo em lugares não apropriados. A característica impulsiva refere-se a 
ações precipitadas, sem planejamento, que podem causar potencial dano 
à pessoa. Esse perfil apresenta o comportamento de obter recompensas 
imediatas, a pessoa pode interromper os outros em excesso e tomar 
decisões sem considerar as consequências. O perfil misto apresenta tanto 
características de desatenção como de hiperatividade/impulsividade. 
IMPORTANTE
A presença do TDAH Pode contribuir para baixa autoestima, 
relacionamentosproblemáticos e dificuldade na escola ou 
no trabalho.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 31
As manifestações do transtorno devem estar presentes em mais de 
um ambiente (casa, escola e trabalho). É importante que os informantes 
sejam precisos e assertivos quanto à detecção dos sintomas. É comum 
que os sintomas variarem conforme o contexto em um determinado 
ambiente. Mas se a criança só apresenta os sintomas em um ambiente, 
é possível que o manejo comportamental/ambiental não esteja sendo 
suficiente. Dessa forma, não é possível afirmar que a criança possui TDAH 
somente com manifestação em um ambiente. 
VOCÊ SABIA?
O fator hereditário é muito considerado no diagnóstico 
do TDAH. Quando identificamos uma pessoa com TDAH, 
se pesquisarmos na mesma família, invariavelmente 
encontraremos outras pessoas com o mesmo problema. 
Critérios disgnósticos
Os critérios diagnósticos para TDAH seguem três padrões: 
desatento, hiperativo e misto. 
IMPORTANTE
a frequência do transtorno entre as crianças varia de 3 a 10 
% da população infantil.
No perfil desatento é necessário que a criança apresente ao 
menos 6 dos seguintes sintomas por 6 meses com impacto negativo nas 
atividades funcionais:
 • Frequentemente não presta atenção em detalhes ou 
comete erros por descuido em tarefas escolares, no 
trabalho ou durante outras atividades; 
 • Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em 
tarefas ou atividades lúdicas; 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência32
 • Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe 
dirige a palavra diretamente;
 • Frequentemente não segue instruções até o fim e não 
consegue terminar trabalhos escolares, tarefas ou deveres 
no local de trabalho;
 • Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e 
atividades;
 • Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver 
em tarefas que exijam esforço mental prolongado;
 • Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou 
atividades; 
 • Com frequência é facilmente distraído por estímulos 
externos;
 • Com frequência é esquecido em relação às atividades 
cotidianas.
IMPORTANTE
O uso de certos medicamentos e algumas doenças clínicas 
também podem provocar hiperatividade. É necessária 
investigação cautelosa sobre esses aspectos para o 
diagnóstico correto!
Já no perfil Hiperativo é necessário que a criança apresente ao 
menos 6 dos seguintes sintomas por 6 meses com impacto negativo nas 
atividades funcionais:
 • Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou 
se contorce na cadeira;
 • Frequentemente levanta da cadeira em situações em que 
se espera que permaneça sentado;
 • Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações 
em que isso é inapropriado; 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 33
IMPORTANTE
Os principais recursos no tratamento do TDAH são: 
Informação e conhecimento, medicação e recursos 
psicoterápicos.
 • Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em 
atividades de lazer calmamente; 
 • Com frequência “não para”, agindo como se estivesse 
“com o motor ligado";
 • Frequentemente fala demais; 
 • Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a 
pergunta tenha sido concluída;
 • Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez;
 • Frequentemente interrompe ou se intromete.
Para completar o diagnóstico os sintomas precisam estar presentes 
antes dos 12 anos de idade, os sintomas devem estar presentes em dois 
ou mais lugares diferentes (por exemplo, escola e em casa) e os sintomas 
interferem no funcionamento adaptativo (social, acadêmico) da criança. 
Diagnóstico diferencial e comorbidades
Os principais diagnósticos diferenciais a serem realizados no TDAH 
são: Transtorno de oposição desafiante (TOD), Transtorno de aprendizagem, 
Transtorno de ansiedade (TA) e Transtorno de personalidade. Vamos 
especificar cada um!
VOCÊ SABIA?
Estima-se que até 70% das crianças com TDAH apresentam 
simultaneamente outros transtornos.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência34
No transtorno de oposição desafiante, as crianças resistem a 
praticamente tudo, tarefas, profissionais, solicitações. Isso porque são 
crianças que não se conformam à exigência dos outros. O comportamento 
de crianças com TOD é caractetizado por negatividade, hostilidade e 
desafio. Essas características não são especificamente direcionadas a um 
ambiente ou a uma pessoa. Em crianças com TDAH a aversão à escola ou 
às tarefas está relacionada à dificuldade em manter um esforço mental 
prolongado, no esquecimento das orientações iniciais e na impulsividade. 
É comum a comorbidade entre TOD e TDAH. 
As crianças com Transtorno específico da aprendizagem apresentam 
características desatentas devido à frustração, à falta de interesse ou 
à capacidade limitada. A desatenção em crianças com Transtornos de 
aprendizagem desaparece fora do ambiente escolar, já em crianças com 
TDAH não. 
REFLITA
Muitos sintomas de TDAH são interpretados erroneamente: 
“só lembra o que interessa”, “não tem persistência em nada”, 
“não leva nada a sério”, “não se dedica”, “se realmente se 
importasse com os outros, teria lembrado”, “é vagabundo”. 
A desatenção também é uma característica compartilhada por 
crianças com Transtornos de ansiedade. Em crianças com TDAH a 
desatenção é causada por estímulos externos, novos ou preferências 
específicas. Já no Transtorno de Ansiedade, a desatenção é causada pela 
preocupação e pela ruminação de situações ou de acontecimentos. 
Alguns transtornos de personalidade tornam-se difíceis de 
diferenciar do TDAH na adolescência e na vida adulta. Por exemplo, o 
transtorno de personalidade borderline pode compartilhar características 
de desorganização, intrusão social, desregulação emocional e 
desregulação cognitiva. Para realizar esse diagnóstico diferencial 
é necessário observação prolongada e entrevista detalhada com 
informantes. 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 35
RESUMINDO
Agora que você aprendeu sobre a importância da 
anamnese infantil vamos resumir tudo o que vimos. Você 
deve ter aprendido que o Transtorno de Déficit de Atenção e 
Hiperatividade (TDAH) costuma ser identificado com maior 
frequência durante os anos escolares. Em pré-escolares, 
a característica de hiperatividade é encontrada mais do 
que o sintoma desantento, este visto com frequência em 
escolares. As principais características do Transtorno de 
Déficit de Atenção e da Hiperatividade consistem em padrões 
persistentes de desatenção e/ou de hiperatividade/
impulsividade que interferem no funcionamento ou no 
desenvolvimento do indivíduo. O TDAH pode apresentar 
3 padrões de comportamentos: desatento, hiperativo/
impulsivo ou misto. Os principais diagnósticos diferenciais 
a serem realizados no TDAH são: Transtorno de oposição 
desafiante, transtorno de aprendizagem, transtorno de 
ansiedade e transtorno de personalidade.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência36
Transtornos da Comunicação (linguagem) 
OBJETIVOS
Ao término deste capítulo você será capaz de compreender 
e de identificar os aspectos diagnósticos e características do 
Transtorno de Comunicação (linguagem). Essa competência 
é funcamental para a realização de diagnósticos diferenciais 
e comorbidades. E então? Vamos começar?!
Os Transtornos da Comunicação incluem os seguintes transtornos 
que apresentam déficits na linguagem, na fala e na comunicação: transtorno 
da linguagem, transtorno da fala, transtorno da fluência com início na 
infância (gagueira), transtorno da comunicação social (pragmática) e outro 
transtorno da comunicação especificado e não especificado. Vamos nos 
ater somente ao transtorno da linguagem que é o mais frequente dentre 
esses transtornos. 
Neste capítulo precisamos conceituar algumas informações antes 
de iniciar. Para isso vamos começar diferenciando o que é comunicação, 
fala e linguagem! A comunicaçãoinclui toda expressão verbal ou não-
verbal que influencia o comportamento e a atitude de um indivíduo. A 
fala consiste na produção expressiva de sons e inclui a articulação, a 
fluência, a voz e a qualidade da ressonância de um indivíduo. A linguagem 
compreende a forma, a função e o uso de um sistema convencional de 
símbolos, como palavras faladas, linguagem de sinais, palavras escritas e 
figuras, através de um conjunto de regras para a comunicação.
IMPORTANTE
Crianças com transtorno da linguagem precisam de terapia 
fonoaudiológica. Todas as informações a seguir referem-
se ao Transtorno da Linguagem!
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 37
Desenvolvimento
O desenvolvimento e a aquisição da linguagem não é um processo 
homogêneo e é marcado por mudanças desde a infância até a vida 
adulta. Essas mudanças surgem nas dimensões de linguagem, como 
sons, palavras, gramática, narrativas e habilidades de conversação e 
são diferentes de acordo com cada idade. Como um transtorno do 
neurodesenvolvimento, o transtorno da linguagem surge durante o início 
do período do desenvolvimento. 
NOTA
O fonoaudiólogo é o profissional habilitado para identificar, 
diagnosticar e tratar indivíduos com distúrbios da 
comunicação oral e escrita, voz e audição. Embora outros 
profissionais possam fazer parte da avaliação diagnóstica. 
Características
As principais características do transtorno da linguagem incluem a 
aquisição e o uso da linguagem. A aprendizagem e o uso da linguagem 
dependem de habilidades receptivas e expressivas. Capacidade expressiva 
compreende a produção de sinais vocálicos, gestuais ou verbais, enquanto 
capacidade receptiva refere-se ao processo de receber e de compreender 
mensagens linguísticas. Muitas vezes os déficits na linguagem são 
causados por um comprometimento na compreensão ou na produção de 
vocabulário, na estrutura das frases e no discurso. Esses déficits linguísticos 
ficam evidentes na comunicação falada, na escrita ou na linguagem de 
sinais. Entendendo que a linguagem possui uma capacidade expressiva 
e outra receptiva, a avaliação e o diagnóstico do transtorno deve conter 
necessariamente a investigação das duas modalidades. 
NOTA
O Transtorno da Linguagem afeta habilidades de leitura e 
de escrita e está frequentemente relacionado à dislexia.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência38
No geral, as crianças com transtorno da linguagem apresentam 
atraso na expressão das primeiras palavras, e posteriormente redução no 
vocabulário, uso de frases curtas, erros gramaticais e no discurso. Os déficits 
na compreensão da linguagem costumam ser mascarados, uma vez que 
as crianças podem utilizar contexto para inferir sentido. As crianças também 
podem apresentar definições verbais pobres, incompreensão de sinônimos, 
dificuldade na recordação de palavras, baixa compreensão de instruções 
complexas e dificuldade para lembrar sequências sonoras novas. A narrativa de 
histórias pode ser empobrecida e isso refere à baixa capacidade de discurso. 
As dificuldades da criança precisam ser quantificadas na observação 
clínica e através de testes padronizados. As dificuldades resultam 
necessariamente em prejuízo adaptativo social, na comunicação, na vida 
escolar ou na vida profissional. 
IMPORTANTE
O Transtorno de Linguagem prejudica a capacidade de 
aprender, pois a aprendizagem acontece principalmente 
por meio da linguagem.
Figura 1. Tabela de desenvolvimento linguístico para cada idade.
O que é esperado para cada idade?
Zero a 12 meses
•	 Mostrar o interesse pelas pessoas e pelos 
objetos;
•	 Fazer contato com os olhos;
•	 Emitir sons, chorar, agarrar objetos com a mão, 
reagir a sons e a vozes familiares;
12 a 18 meses
•	 Responder comandos verbais sem pistas 
visuais;
•	 Começar a dizer as primeiras palavras com 
significado;
•	 Olhar quando chamado pelo nome;
•	 Entender o não.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 39
18 a 24 meses
•	 Utilizar duas palavras;
•	 Saber as partes do corpo e identifica-las;
•	 Responder “sim” e “não” e usar gestos com a 
cabeça e dedinho para responder perguntas;
•	 Brincar com objetos de forma convencional.
2 a 3 anos
•	 Saber os nomes do dia-a-dia; 
•	 Saber quem são as pessoas próximas;
•	 Saber a diferença entre grande e pequeno, 
muito e pouco;
•	 Utilizar “quem” e “onde” para fazer perguntas;
•	 Conhecer algumas cores básicas, mas ainda 
não sabe falar;
•	 Usar verbos para formar frases simples;
•	 Gostar de “ajudar” os adultos nas atividades 
domésticas, brincar de faz de conta, entender o 
que é proibido e o que é permitido.
3 a 4 anos
•	 Responder a perguntas com “quem”, “onde” e “o 
que”;
•	 Ter noção de “frente” e “trás”;
•	 Conhecer as cores e as formas geométricas;
•	 Utilizar frases de 3 e de 4 palavras;
•	 Obedecer a ordens seguidas;
•	 Gostar de cantar e brincar com palavras e sons;
•	 Brincar com outras crianças;
•	 Perguntar muito;
•	 Início do discurso direto e indireto. 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência40
4 a 5 anos
•	 Falar todos os sons da língua, mas ainda pode 
ter dificuldade nos encontros consonantais;
•	 Manter uma conversa;
•	 Conseguir lembrar situações passadas e contar 
histórias simples, por exemplo, o que fez na 
escola, o que comeu, quem encontrou na rua, 
etc.;
•	 Gostar de brincar em grupo, de imitar 
personagens, e de brincar de faz de conta;
•	 Ser curioso e ansioso para mostrar o que 
aprendeu e o que sabe fazer;
•	 Conseguir contar história como narrador.
5 a 6 anos
•	 Ter noção temporal. Ex.: amanhã, ontem, depois, 
dias da semana, manhã, tarde, noite, primeiro, 
segundo, terceiro, etc.;
•	 Identificar letras do próprio nome;
•	 Conhecer os números;
•	 Manter uma conversa;
•	 Falar as palavras corretamente;
•	 Gostar dos amigos e de brincar de faz de conta. 
Ex.: super-herói;
•	 Interessar-se pela leitura e pela escrita;
•	 Contar história com mais detalhes.
Fonte: http://ftp.medicina.ufmg.br/ped/Arquivos/2013/
disturbiofalaeimagem8periodo_21_08_2013.pdf (Adaptado pelo autor)
Critérios diagnósticos
Os critérios diagnósticos do Transtorno da linguagem são descritos 
como dificuldades persistentes na aquisição e no uso da linguagem em 
suas diversas modalidades (falada, escrita, linguagem de sinais ou outra) 
devido aos déficits na compreensão ou na produção da linguagem, que 
incluem: 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 41
1. Vocabulário reduzido; 
2. Estrutura limitada de frases;
3. Prejuízos no discurso.
As habilidades de linguagem precisam ser quantificadas e estarem 
abaixo do esperado para a idade. Além disso, a limitação na linguagem 
causa prejuízo na funcionalidade/adaptabilidade do indivíduo em 
contextos diversos (social, escola, trabalho). Como todo transtorno do 
neurodesenvolvimento, o início dos sintomas ocorre precocemente no 
período do desenvolvimento. 
As características e os sintomas do Transtorno da linguagem não 
podem advir de prejuízos sensoriais ou de outras condições, como por 
exemplo, Deficiência Intelectual. 
NOTA
Os primeiros anos de vida da criança são determinantes 
para o desenvolvimento adequado da linguagem. Em 
ambiente comunicativo e a partir da interação com a família, 
a criança adquire as bases para um desenvolvimento sadio 
da linguagem, no que diz respeito à sua forma, conteúdo 
e de uso.
Diagnóstico diferencial e comorbidades
Os principais diagnósticos diferenciais ao Transtorno de Linguagem 
são: as variações normais na linguagem, a deficiência auditiva, a deficiência 
intelectual, a regressão da linguagem, a TEA e os distúrbios neurológicos.
É essencial que todo profissional tenha conhecimento sobre o 
desenvolvimento infantil típico, pois as variações normais do desenvolvimento 
não podem ser confundidas com o transtorno da linguagem. Além disso, as 
variações regionais, sociais ou culturais/étnicas da linguagem (por exemplo,dialetos) devem ser consideradas ao avaliar a criança. 
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência42
NOTA
A aquisição normal da linguagem é dependente de uma 
série de fatores como o contexto social, o familiar e o histórico 
pré, peri e pós-natal do indivíduo, suas experiências, suas 
capacidades cognitivas e seus orgânico-funcionais. 
Deficiência auditiva ou outra deficiência sensorial. Deficiência auditiva 
deve ser excluída como a principal causa das dificuldades linguísticas. Os 
déficits de linguagem podem estar associados a deficiência auditiva, a 
outro déficit sensorial ou a déficit motor da fala. Quando as deficiências 
linguísticas excedem às habitualmente associadas a esses problemas, 
um diagnóstico de transtorno da linguagem pode ser feito. 
Na deficiência intelectual é comum que a criança apresente o atraso 
na aquisição da linguagem. Entretanto, o diagnóstico definitivo só pode 
ser dado quando forem realizadas as avaliações com testes padronizados. 
Distúrbios neurológicos como epilepsia pode ser adiquirido associado ao 
transtorno da linguagem. Crianças podem apresentar sintomas de perda 
da linguagem por convulsões. 
A regressão da linguagem é vista no processo diagnóstico de TEA 
e também em outros distúrbios como a síndrome de Landau-Kleffner. Por 
isso, a atenção às diferenças nos critérios disgnósticos de cada transtorno 
é de extrema importância para o diagnóstico diferencial desses casos. 
VOCÊ SABIA?
Que o input linguístico que a criança recebe antes dos 
três anos de idade está fortemente relacionado com o 
subsequente desenvolvimento cognitivo e de linguagem?
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência 43
RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, 
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido 
que os Transtornos da Comunicação incluem os seguintes 
transtornos que apresentam déficits na linguagem, na fala 
e na comunicação: transtorno da linguagem, transtorno 
da fala, transtorno da fluência com início na infância 
(gagueira), transtorno da comunicação social (pragmática) 
e outro transtorno da comunicação especificado e não 
especificado. Neste capítulo, abordamos somente o 
Transtorno da Linguagem, que incluem a aquisição e o uso 
da linguagem. As crianças com transtorno da linguagem 
apresentam atraso na expressão das primeiras palavras, 
redução no vocabulário, uso de frases curtas, erros 
gramaticais e no discurso. Os critérios diagnósticos do 
Transtorno da linguagem são descritos como dificuldades 
persistentes na aquisição e no uso da linguagem em 
suas diversas modalidades (falada, escrita, linguagem de 
sinais ou outra). Os principais diagnósticos diferenciais ao 
Transtorno de Linguagem são: as variações normais na 
linguagem, a deficiência auditiva, a deficiência intelectual, a 
regressão da linguagem, a TEA e os distúrbios neurológicos.
Transtornos psiquiátricos na infância e adolescência44
REFERÊNCIAS
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Manual diagnóstico 
e estatístico de transtorno DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014.
PRATES, L. P. C. S.; MARTINS, V. O. Distúrbios da fala e da linguagem na 
infância In: Revista Médica de Minas Gerais, 2011; 21(4 Supl 1): S54-S60
SANTOS, D.C. O. dos. Potenciais dificuldades e facilidades 
na educação de alunos com deficiência intelectualIn: Educ. 
Pesqui. São Paulo, v. 38, n. 04, p. 935-948, out./dez, 2012.
Mariana Ribeiro Maniglia
Transtornos psiquiátricos na 
infância e adolescência

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