Buscar

Princípios Jurídicos no Direito Empresarial

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PRINCÍPIOS 
JURÍDICOS NAS 
ORGANIZAÇÕES
E-book 4
Natália Bonfim
Neste E-Book:
Introdução ����������������������������������������������������4
Teoria geral do direito empresarial ����� 5
Origens do direito comercial �����������������������������������5
Teoria dos atos de comércio �����������������������������������6
Teoria dos atos de comércio na legislação e 
doutrina brasileiras ��������������������������������������������������7
Teoria da empresa ���������������������������������������������������9
Teoria da empresa no Brasil ��������������������������������� 10
Conceito de empresa �������������������������������������������� 11
Conceito de empresário ��������������������������������������� 15
Inscrição do empresário ��������������������������������������� 18
Autonomia do direito empresarial ����������������������� 19
Princípios do direito empresarial �������20
Princípio da livre iniciativa ������������������������������������ 21
Princípio da liberdade de concorrência ��������������� 24
Princípio da função social da empresa ��������������� 26
Princípio da liberdade de associação ������������������ 29
Princípio da preservação da empresa ����������������� 30
Princípio da autonomia patrimonial da 
sociedade empresária ������������������������������������������ 32
Limitação e subsidiariedade da 
responsabilidade dos sócios pelas 
obrigações sociais ������������������������������������������������ 34
2
Princípio majoritário nas deliberações sociais 
e princípio da proteção do sócio minoritário ������ 36
Considerações finais�������������������������������38
Síntese �������������������������������������������������������� 40
3
INTRODUÇÃO
Neste módulo, você irá estudar os princípios jurídicos 
aplicados ao direito empresarial� Tendo em vista que 
o direito empresarial disciplina as relações empre-
sariais dispondo sobre regras, princípios e institutos 
jurídicos a serem aplicados à matéria, é essencial 
que você compreenda quais são os preceitos que 
fundamentam essas relações�
Por isso, você irá estudar:
• Teoria geral do direito empresarial: origens do direi-
to comercial, teoria dos atos de comércio, teoria dos 
atos de comércio na legislação e doutrina brasileiras, 
teoria da empresa, teoria da empresa no Brasil, con-
ceito de empresa, conceito de empresário, inscrição 
do empresário, autonomia do direito empresarial;
• Princípios do direito empresarial: princípio da livre 
iniciativa, princípio da liberdade de concorrência, 
princípio da função social da empresa, princípio da 
liberdade de associação, princípio da preservação 
da empresa, princípio da autonomia patrimonial da 
empresa, limitação e subsidiariedade da responsabi-
lidade dos sócios pelas obrigações sociais, princípio 
majoritário nas deliberações sociais e princípio da 
proteção do sócio minoritário�
Bons estudos!
4
TEORIA GERAL 
DO DIREITO 
EMPRESARIAL
Origens do direito comercial
Sabemos que o comércio existe desde as primeiras 
civilizações, antes mesmo do Direito Comercial exis-
tir� Na Idade Antiga, não havia um Direito Comercial 
propriamente dito, ou seja, um regime jurídico siste-
matizado, com princípios e regras, para disciplinar 
a matéria� Também em Roma havia algumas regras 
comerciais, porém estas faziam parte do direito civil�
É na Idade Média que começam a surgir as raízes do 
direito comercial, com a burguesia se organizando 
e criando o seu próprio direito, sem participação do 
Estado, a ser aplicado em suas relações comerciais� 
Nessa primeira fase do direito comercial, verifica-
-se que as regras comerciais surgiram da própria 
atividade negocial, por meio dos usos e costumes 
utilizados nas relações jurídico-comerciais� Nesse 
período também surgiram os primeiros institutos 
jurídicos, como os títulos de crédito, as sociedades, 
os contratos mercantis e os bancos�
Assim, nessa fase começam a se delinear as primei-
ras características do direito comercial, quais seja, o 
5
informalismo, a influência dos usos e costumes na 
elaboração de suas regras e o seu caráter subjetivis-
ta, isto é: o direito comercial era um direito voltado 
aos comerciantes� Bastava que uma das partes da 
relação jurídica fosse comerciante para que fossem 
aplicadas as regras do direito comercial, em detri-
mento de outros direitos aplicáveis à hipótese�
O direito comercial desse período também foi o res-
ponsável por provocar uma evolução da doutrina 
contratualista romana, que tinha o contrato como 
um instrumento de aquisição da propriedade� Porém, 
essa ideia de contrato como algo estanque não aten-
dia aos interesses da classe mercantil, que estava 
em ascensão, e assim a formalidade passa a perder 
espaço, surgindo o princípio da liberdade na celebra-
ção dos contratos�
Teoria dos atos de comércio
Com a expansão do comércio e a ascensão do ab-
solutismo, pelo qual o Estado passa a impor regras e 
aplicá-las a todos os seus súditos, o direito comercial 
continua a evoluir e, em 1804, é editado na França 
o Código Civil, seguido pelo Código Comercial, em 
1808�
Nesse momento começa a segunda fase do direito 
comercial, que deixa de ser um direito voltado a co-
merciantes, por eles criado e aplicado, para ser um 
sistema jurídico estatal destinado a disciplinar as 
relações jurídico-comerciais�
6
O sistema francês dividia claramente o direito privado 
em direito civil e direito comercial� Mas era preciso 
que se criasse um critério para estabelecer quais 
seriam as regras a serem aplicadas nas relações 
jurídicas entre particulares e, daí, a doutrina criou a 
teoria dos atos de comércio�
Por essa teoria, o direito comercial seria aplicado 
às relações jurídicas que envolvessem a prática de 
determinados atos definidos em lei como atos de 
comércio� Se a relação jurídica em apreço não envol-
vesse a prática de atos de comércio, ela seria regida 
pelo Código Civil�
Teoria dos atos de comércio na 
legislação e doutrina brasileiras
Nota-se, portanto, que o caráter subjetivista do direito 
comercial evoluiu para um caráter objetivo: se na pri-
meira fase o direito comercial era um direito voltado 
aos comerciantes, na segunda fase ele passa a ser 
um direito voltado ao objeto das relações jurídicas 
(atos de comércio)�
A teoria dos atos de comércio espalhou-se pelo 
mundo e foi adotada também pelo Brasil� Em 1850, 
foi editado o nosso Código Comercial, que definia 
comerciante como aquele indivíduo que exercia a 
mercancia como profissão habitual, mas não definia 
o conceito de mercancia�
7
Naquele mesmo ano, foi editado o Regulamento 737, 
que dispunha, em seu art� 19, os atos que se enqua-
dravam como mercancia:
§ 1.º a compra e venda ou troca de efeitos 
móveis ou semoventes para os vender por 
grosso ou a retalho, na mesma espécie ou 
manufaturados, ou para alugar o seu uso;
§ 2.º as operações de câmbio, banco e 
corretagem;
§ 3.º as empresas de fábricas; de comissões; 
de depósito; de expedição, consignação, e 
transporte de mercadorias; de espetáculos 
públicos;
§ 4.º os seguros, fretamentos, riscos e quais-
quer contratos relativos ao comércio marítimo;
§ 5.º a armação e expedição de navios.
A crítica que se fazia ao sistema francês, também 
replicada ao sistema brasileiro, é que atividades eco-
nômicas eram tão importantes quanto a mercancia, 
como as atividades de prestação de serviços, nego-
ciação imobiliária e atividades rurais, ficaram de fora 
da definição de mercancia.
Na tentativa de conceituar atos de comércio, sobres-
saiu na doutrina brasileira a teoria de Carvalho de 
Mendonça, que os dividiu em três classes:
8
(i) atos de comércio por natureza: compreendiam as 
atividades típicas de mercancia, como a compra e 
venda e a atividade bancária;
(ii) atos de comércio por dependência ou conexão: 
compreendiam as atividades auxiliares à mercancia;
(iii) atos de comércio por força ou autoridade de lei, 
como as operações realizadas pelas sociedades 
anônimas� 
O que se nota da classificação sugerida por Carvalho 
de Mendonça é a dificuldade de englobar todas as 
espéciesde atividades de mercancia dentre os atos 
de comércio, principalmente tendo em vista que al-
gumas dessas atividades assim eram consideradas 
por vontade política do legislador�
Teoria da empresa
Após a Revolução Industrial, surgiram outros tipos de 
atividades econômicas relevantes que não estavam 
incluídas nos conceitos de mercancia ou atos de co-
mércio� Logo, a noção de direito comercial fundada 
exclusivamente na teoria dos atos de comércio ficou 
ultrapassada, surgindo assim a teoria da empresa�
A teoria da empresa apareceu no Código Civil Italiano 
de 1942, e sustenta que o direito comercial não deve 
se ocupar apenas com alguns atos definidos em lei, 
como atos de comércio; ele deve se ocupar com uma 
forma específica de exercer uma atividade econômi-
ca: a forma empresarial� Assim, em princípio, qual-
9
quer atividade econômica, desde que seja exercida 
empresarialmente, está submetida à disciplina das 
regras do direito empresarial (RAMOS, 2017, p� 18)� 
Nesse contexto, nessa terceira fase, o direito comer-
cial deixou de ser o direito dos atos de comércio 
para ser o direito da empresa, englobando um maior 
número de atividades econômicas até então deixadas 
de lado pela teoria dos atos de comércio�
Teoria da empresa no Brasil
Já na década de 1960, a doutrina brasileira começou 
a apontar os problemas da teoria dos atos de comér-
cio e ressaltar os benefícios da teoria da empresa, 
trazida pelo Código Civil Italiano de 1942�
Os Tribunais pátrios passaram a afastar o critério da 
mercantilidade e abraçaram o critério da empresaria-
lidade para fundamentar suas decisões, e algumas 
legislações se mostraram atentas ao fenômeno eco-
nômico da empresa como nova realidade do direito 
brasileiro, como é o caso do Código de Defesa do 
Consumidor, de 1990, que aproximou o conceito de 
fornecedor ao conceito moderno de empresário�
Em 2002, com a promulgação do Código Civil, foi 
revogado o Código Comercial de 1850, restando 
hoje em vigor apenas a parte relativa ao comércio 
marítimo�
O Código Civil de 2002 trouxe todo um Livro dedicado 
ao Direito de Empresa, afastando-se definitivamen-
10
te da teoria dos atos de comércio e incorporando a 
teoria da empresa em nosso ordenamento jurídico�
O conceito de ato de comércio é substituído pelo con-
ceito de empresa, e a figura do comerciante desapare-
ce, surgindo a figura do empresário, conforme dispõe 
o art� 966: “Considera-se empresário quem exerce pro-
fissionalmente atividade econômica organizada para 
a produção ou a circulação de bens ou de serviços�”
Restando superada a teoria dos atos de comércio 
na legislação brasileira, pergunta-se: ainda se deve 
utilizar a nomenclatura direito comercial? 
É evidente que a terminologia direito comercial é 
tradicional e ainda utilizada por muitos, não sendo 
incorreta a sua adoção� Todavia, o direito comercial 
não trata mais somente das atividades de mercancia, 
passando a abranger várias atividades econômicas, 
desde que exercidas profissionalmente e com vistas 
à produção ou à circulação de bens ou de serviços� 
Haja vista que, hoje, o direito comercial trata das 
relações empresariais, a melhor nomenclatura a se 
utilizar é, sem dúvida, direito empresarial.
Conceito de empresa
Observe que o Código Civil de 2002 manteve a distin-
ção entre os regimes jurídicos a serem aplicados às 
relações jurídicas: em se tratando de relações civis, 
aplicam-se as regras de direito civil; em se tratando 
de relações empresariais, aplicam-se as regras de 
direito empresarial�
11
Exatamente por isso, é necessário que se estabeleça 
um critério que delimite o âmbito de incidência do di-
reito empresarial� Esse critério é a teoria da empresa� 
Portanto, para sabermos o âmbito de incidência do 
direito empresarial, devemos conhecer os conceitos 
de empresa e empresário, trazidos pela teoria da 
empresa�
O legislador brasileiro não cuidou de definir o concei-
to de empresa, bastando-se dizer que empresários e 
sociedades empresárias são aqueles que exercem 
profissionalmente atividade econômica organizada 
para a produção e circulação de bens e serviços, nos 
termos do art� 966, acima transcrito�
Gladston Mamede extrai desse dispositivo alguns 
elementos que permitem a compreensão jurídica da 
empresa (2019, p� 4):
Estrutura organizada: não se atenta mais para 
o ato (ato de comércio), mas para a estrutura-
ção de bens materiais e imateriais, organiza-
dos para a realização, com sucesso, do objeto 
de atuação. Esses bens se constituem a partir 
de um capital que se investe na empresa.
• Atividade profissional: não um ou alguns 
atos, mas atividade, isto é, sucessão con-
tínua de ações para realizar o objeto pro-
fessado (sua profissão, o motivo para o 
qual se constituiu a empresa).
12
• Patrimônio especificado: os bens materiais 
e imateriais organizados para a realização 
do objeto, e a atividade com eles realizada 
(conjunto de atos jurídicos), são específicos 
da empresa: faculdades e obrigações em-
presariais, que deverão experimentar escri-
turação (contabilidade) própria.
• Finalidade lucrativa: a atividade realizada 
com a estrutura organizada de bens e proce-
dimentos visa à produção de riquezas apro-
priáveis, mais especificamente, de lucro, ou 
seja, de uma remuneração para o capital.
• Identidade social: quando o legislador usa a 
expressão considera-se empresário, remete 
a um aspecto comunitário da empresa, que 
tem uma existência socialmente reconhe-
cida. Fala-se, por exemplo, que o Bradesco 
fez isso ou aquilo, deixando perceber que a 
comunidade compreende a empresa como 
um ente existente em seu meio.
Analisando o art� 966 do Código Civil, Silvio de Salvo 
Venosa e Cláudia Rodrigues (2017, p. 22) afirmam 
que empresário é aquele que exerce atividade eco-
nomicamente organizada, com profissionalidade. A 
profissionalidade decorre da exploração não ocasio-
nal dessa atividade, enquanto a organização repre-
senta o aparato produtivo que coordena os meios de 
13
produção por meio da reunião de quatro fatores de 
produção: capital, mão de obra, tecnologia e insumos�
Logo, se o empresário se vale do trabalho de outras 
pessoas e usa capital próprio ou de terceiros para um 
fim produtivo, com intuito de obter lucro, a atividade 
econômica será organizada e, portanto, profissional, 
sendo abrangida pelo direito empresarial�
Destaque-se que, no parágrafo único do art� 966 do 
CC, o legislador expressamente excluiu da definição 
de empresa quem exerce profissão intelectual, de 
natureza científica, literária ou artística, ainda com o 
concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o 
exercício da profissão constituir elemento de empresa.
Nessa regra, incluem-se médicos, advogados, en-
genheiros etc. A exceção consta na parte final do 
parágrafo: os profissionais intelectuais e os artistas 
apenas serão considerados empresários se desenvol-
verem atividade distinta da intelectual ou artística e 
considerada em si mesma empresária� Por exemplo, 
o médico que administra um hospital ou o músico 
que é empresário de sua banda�
Ainda é importante lembrar que a atividade rural tam-
bém pode ser considerada empresária, desde que o 
sujeito que a explora o faça de forma organizada e 
esteja inscrito na Junta Comercial, como determina 
o art� 971 do Código Civil:
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural 
constitua sua principal profissão, pode, ob-
servadas as formalidades de que tratam o art. 
14
968 e seus parágrafos, requerer inscrição no 
Registro Público de Empresas Mercantis da 
respectiva sede, caso em que, depois de ins-
crito, ficará equiparado, para todos os efeitos, 
ao empresário sujeito a registro.
Por fim, ressalte-se que empresa é a atividade, algo 
abstrato, enquanto empresário é quem exerce a 
empresa� Assim, a empresa não é sujeito de direi-
to� Quem é sujeito de direito é o titular da empresa, 
quem exerce a empresa, que pode ser pessoa física 
(empresário individual) ou pessoa jurídica (sociedade 
empresária ou EIRELI)�
Conceito de empresárioComo já mencionamos, o art� 966 do Código Civil refere-
-se tanto ao empresário quanto à sociedade empresária�
Empresário é quem exerce profissionalmente ati-
vidade econômica organizada para a produção ou 
a circulação de bens ou de serviços� Empresa é a 
atividade econômica organizada com a finalidade 
de fazer circular ou produzir bens ou serviços�
O parágrafo único do art� 966 do CC estabelece ex-
pressamente quem não pode ser empresário: os pro-
fissionais intelectuais e os artistas, salvo se o exer-
cício da profissão constituir elemento de empresa.
Por sua vez, o art� 971 do CC assegura que o em-
presário cuja atividade rural constitua sua principal 
15
profissão pode, observadas as formalidades de que 
tratam o art� 968 e seus parágrafos, requerer inscri-
ção no Registro Público de Empresas Mercantis da 
respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, 
ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empre-
sário sujeito a registro�
O art� 970 do Código Civil dispõe que a lei assegurará 
tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao 
empresário rural e ao pequeno empresário� As formas 
encontradas para favorecer o pequeno empresário 
são a simplificação de procedimentos, tais como a 
dispensa de apresentação de certos documentos 
para sua inscrição na Junta Comercial�
Conforme observam Venosa e Rodrigues (2017, p� 
24), a legislação civil empresarial brasileira vem ofe-
recendo cada vez mais possibilidades para a formali-
zação de negócios e incentivos aos empreendedores, 
como os seguintes tipos societários:
MEI – Esta é a sigla para o Microempreendedor 
Individual. Trata-se de empresário individual, 
criado pela Lei Complementar nº 123/06, de-
vendo ter faturamento anual de até R$ 60 mil, 
podendo se ajustar ao Simples Nacional. O 
MEI não pode ter participação em outra em-
presa como sócio ou titular. Em contrapartida, 
pode ter um empregado que receba salário mí-
nimo ou o piso da categoria. Será enquadrado 
no Simples Nacional e fica isento dos tribu-
tos federais (Imposto de Renda, PIS, Cofins, 
IPI e CSLL). Paga apenas o valor fixo mensal 
16
pequeno dependendo da categoria, que será 
destinado à Previdência Social e ao ICMS ou 
ao ISS. Essas quantias são atualizadas anual-
mente, de acordo com o salário mínimo.
Empresário Individual – Muitos acham que é o 
mesmo que MEI, mas não é. Eles se diferenciam 
principalmente com relação à restrição de ati-
vidades, ao faturamento anual e ao número de 
obrigações acessórias. O Empresário Individual 
também é um profissional que trabalha por con-
ta própria, mas seu faturamento anual máximo 
pode chegar até a R$ 360 mil, sendo conside-
rado ME (Microempresa), ou até 3,6 milhões, 
sendo EPP (Empresa de Pequeno Porte).
EIRELI – Esta é a sigla para Empresa Individual 
de Responsabilidade Limitada, instituída pela Lei 
nº 12.441/11. Trata-se de uma empresa cons-
tituída por apenas uma pessoa, detentora de 
100% do capital, que não pode ser inferior a cem 
vezes o valor do salário mínimo do ano. A EIRELI 
estabelece que apenas o patrimônio social da 
empresa esteja comprometido em casos de 
dívidas do negócio, protegendo assim os bens 
pessoais. A criação da EIRELI, sem dúvidas, foi 
uma forma encontrada para brecar o modelo 
de sociedades de responsabilidade limitada, 
constituídas apenas para fins de limitação pa-
trimonial, nas quais um dos sócios era detentor 
de geralmente 99% do capital social e, outro, de 
apenas 1%. Sem dúvidas a EIRELI é um instru-
17
mento de fomento da exploração da atividade 
econômica, eminentemente de risco. Entretanto, 
essa prerrogativa é limitada à exploração de 
apenas uma EIRELI por empresário.
Inscrição do empresário
Para que a atividade econômica seja considerada em-
presária, é necessário que o empresário realize sua 
inscrição na Junta Comercial, para que se dê a ela pu-
blicidade, ou seja, para que terceiros tenham conheci-
mento da sua existência� O primeiro efeito que decorre 
da inscrição é a aquisição da condição de empresário�
A personificação da sociedade é essencial para limitar 
a responsabilidade patrimonial dos sócios e garantir 
certeza jurídica a interessados, terceiros e sociedade� 
Assim, a ausência de inscrição implica a ampliação 
da responsabilidade patrimonial dos sócios�
A exploração de atividade econômica sem o devido 
registro sujeita o seu titular a sanções, principalmen-
te de natureza patrimonial� Além disso, a sociedade 
estará irregular, ficando sujeita às regras da socie-
dade em comum, respondendo os sócios solidária e 
ilimitadamente pelas obrigações sociais, nos termos 
do art� 990 do Código Civil�
O empresário irregular também fica impedido 
de se registrar no Cadastro Nacional de Pessoas 
Jurídicas (CNPJ) e de se matricular no INSS, além 
de estar sujeito a outras sanções de natureza fiscal 
e administrativa�
18
Autonomia do direito 
empresarial
Por tudo que foi estudado até aqui, nota-se que o 
direito empresarial constitui um ramo autônomo e 
independente do direito, pois é um regime jurídico es-
pecial que contempla normas específicas que se apli-
cam aos empresários e às sociedades empresárias�
No entanto, isso não significa que o direito empre-
sarial está dissociado do direito civil, afinal, ambos 
compartilham institutos jurídicos e, muitas vezes, o 
direito comercial irá buscar no direito civil a solução 
para sanar lacunas do seu texto legal�
Além disso, com o passar do tempo, alguns institutos 
de direito empresarial acabam sendo incorporados 
pelo direito comum, tal como ocorreu com o bem de 
família, que foi pensado originalmente como forma 
de limitar a responsabilidade do comerciante indi-
vidual e foi incluído no antigo Código Civil de 1916 
(RAMOS, 2017, p� 17)�
Em suma, não há como negar que o direito empre-
sarial é ramo independente e autônomo do direito, 
haja vista que disciplina as atividades econômicas 
desenvolvidas no mercado, com regras, princípios e 
institutos jurídicos próprios�
19
PRINCÍPIOS 
DO DIREITO 
EMPRESARIAL
Segundo Fábio Ulhôa Coelho (2012), os princípios de 
direito empresarial podem ser classificados segundo 
três critérios:
(i) hierarquia: de acordo com esse critério, os prin-
cípios dividem-se em constitucionais ou legais� 
Constitucionais são os princípios enunciados pela 
Constituição Federal� Legais são os princípios enun-
ciados em lei ordinária;
(ii) abrangência: por esse critério, os princípios po-
dem ser gerais ou especiais� Gerais são os princípios 
aplicáveis a todas as relações jurídicas regidas pelo 
direito comercial� Especiais são os princípios que 
regulam as relações regidas por desdobramentos 
do direito empresarial, como as relações de direito 
societário, cambiário, falimentar etc�;
(iii) positivação: de acordo com esse critério, os prin-
cípios podem ser explícitos ou implícitos� Explícitos 
são os princípios enunciados expressamente pelo 
constituinte ou pelo legislador� Implícitos são os prin-
cípios cujos enunciados o julgador ou doutrinador 
concluem dos dispositivos vigentes�
20
SAIBA MAIS
O Grupo de Estudos Preparatórios “Princípios 
do Direito Comercial”, coordenado pelo profes-
sor Fábio Ulhoa Coelho, elaborou, em 2011, um 
relatório sobre os princípios de direito comercial 
para estudá-los no contexto de sua atualização e 
contribuir para reforçar o valor embutido em cada 
um deles� Para ler o trabalho e aprender mais so-
bre princípios de direito empresarial, acesse esse 
link: https://www.congressodireitocomercial.org.
br/sites/wp-content/uploads/2016/12/gep2.pdf� 
Para os fins dessa disciplina, vamos destacar os 
princípios que são mais importantes para a disciplina 
do direito empresarial�
Princípio da livre iniciativa
O princípio da livre iniciativa está previsto no art� 170 
da Constituição Federal, que assim dispõe: “a ordem 
econômica, fundada na valorização do trabalho hu-
mano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a 
todos existência digna, conforme os ditames da jus-
tiça social, observados os seguintes princípios […]”�
Assim,a livre iniciativa é um princípio constitucional, 
geral e explícito, que garante o direito à livre produção 
e circulação de bens e serviços e, consequentemente, 
o respeito dos demais (Estado e terceiros) a essa 
liberdade, garantido pelo princípio da livre concor-
rência (COELHO; NUNES, 2011, p� 7)�
21
https://www.congressodireitocomercial.org.br/sites/wp-content/uploads/2016/12/gep2.pdf
https://www.congressodireitocomercial.org.br/sites/wp-content/uploads/2016/12/gep2.pdf
A liberdade de iniciativa tem duplo aspecto: por um 
lado, significa um freio à intervenção do Estado na 
economia, impondo a ele a obrigação de não dificul-
tar ou impedir a formação e o desenvolvimento de 
empresas privadas� D’outro lado, coíbe determinadas 
práticas empresariais incompatíveis com a liberdade 
de iniciativa, assegurando aos empresários condi-
ções para concorrerem licitamente entre si�
O princípio da livre-iniciativa se desdobra em quatro con-
dições para o funcionamento mais eficiente do modo 
de produção capitalista (COELHO, 2012, pp� 53-54):
(i) imprescindibilidade da empresa privada 
para o atendimento das necessidades e que-
rências de cada um e de todos. Ao interesse 
dos empresários em obter lucro corresponde 
os interesses de todos os integrantes da so-
ciedade em terem acesso aos bens e serviços 
de que necessitam ou desejam;
(ii) o lucro, obtido com a exploração regular e 
lícita da empresa, é o principal fator de motiva-
ção da iniciativa privada. O lucro não pode ser 
considerado jurídica ou moralmente condena-
do, pois sem a perspectiva de lucro, ninguém 
se propõe a empreender ou investir, e restarão 
desatendidas as necessidades e querências 
de todos os integrantes da sociedade; 
(iii) necessidade jurídica de proteção do inves-
timento privado. Ao definir a liberdade de ini-
ciativa como um dos fundamentos da ordem 
22
econômica, a Constituição Federal não está 
protegendo apenas os interesses individuais 
dos empresários; ela está protegendo também 
os interesses de toda a sociedade. Assim é que, 
em caso de conflito entre os interesses dos em-
presários e os dos integrantes das sociedades, 
estes últimos devem sempre prevalecer;
(iv) importância da empresa na geração de 
postos de trabalho e tributos, bem como no 
fomento da riqueza local, regional, nacional e 
global. Ao redor da empresa, gravitam vários 
interesses, como os dos consumidores e dos 
trabalhadores. Logo, o sucesso da empresa 
interessa a todos esses grupos, pois se a em-
presa não prospera, os empregados têm me-
nor margem para exigir melhorias salariais ou 
nas condições de trabalho; o atendimento aos 
consumidores é mais precário; menos ativida-
des econômicas geram menos impostos etc.
Ao assegurar a liberdade de iniciativa, a Constituição 
Federal garantiu a todos os brasileiros e residentes 
no Brasil o direito de ser empresário� Todavia, ao mes-
mo tempo em que consagra a liberdade de iniciativa 
como direito fundamental, a Constituição Federal 
limita seus efeitos, pois possibilita ao Estado inter-
vir no mercado por meios de leis para assegurar os 
direitos dos consumidores�
Diz-se, portanto, que a liberdade de iniciativa e a 
valorização do trabalho previstos no art� 170 da 
23
Constituição Federal constituem a base da ordem 
econômica e que o desempenho de atividade econô-
mica deve observar os outros princípios igualmente 
importantes previstos naquele dispositivo legal, como 
a proteção ao meio ambiente, a função social da 
propriedade, a defesa do consumidor etc�
O que se nota em nossos Tribunais é que, quando 
confrontado com outros princípios, a livre iniciativa 
frequentemente é deixada de lado� No entanto, em 
caso de grande repercussão, o STF julgou decidiu que 
são inconstitucionais leis que restringem ou proíbem 
a atividade de transporte individual de passageiros 
por meio de aplicativos, como Uber, Cabify e 99, por 
entender que a restrição dessas atividades viola os 
princípios da livre iniciativa e da livre concorrência� 
Saiba mais no podcast 1 - Constitucionalidade dos 
serviços de aplicativos de transporte.
Podcast 1 
Princípio da liberdade de 
concorrência
Outro princípio fundamental da ordem econômica 
é a liberdade de concorrência, prevista no inc� IV do 
art� 170 da Constituição Federal:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na va-
lorização do trabalho humano e na livre inicia-
tiva, tem por fim assegurar a todos existência 
24
https://famonline.instructure.com/files/118840/download?download_frd=1
digna, conforme os ditames da justiça social, 
observados os seguintes princípios:
[...]
IV - Livre concorrência.
O princípio da livre concorrência é uma manifesta-
ção do princípio da liberdade de iniciativa, muitas 
vezes, com ele se confundindo� É por meio dele que 
se garante que cheguem ao mercado produtos e ser-
viços com qualidade e preços razoáveis� É, também, 
princípio constitucional, geral e explícito do direito 
empresarial�
No direito empresarial, o princípio da liberdade de 
concorrência tem dois sentidos: o primeiro se relacio-
na à coibição de determinadas práticas empresariais 
que configuram concorrência ilícita.
A concorrência ilícita pode ocorrer por intermédio 
da prática de atos de concorrência desleal ou por 
meio de atos que configuram infração contra a ordem 
econômica�
No primeiro caso, estão compreendidas as condu-
tas que atingem um concorrente in concreto (por 
exemplo, a venda de produtos pirata)� No segundo, 
as condutas que atingem um concorrente in abstrato, 
isto é, o próprio ambiente concorrencial, por exemplo, 
a formação de cartéis (RAMOS, 2017, p� 23)�
25
FIQUE ATENTO
O princípio da livre concorrência esteve amea-
çado por leis aprovadas por alguns municípios 
brasileiros, que visavam a impedir o livre comér-
cio� A discussão chegou ao STF e, em 2015, esse 
Tribunal editou a Súmula Vinculante n° 90, que 
tem o seguinte teor: Ofende o princípio da livre 
concorrência lei municipal que impede a instala-
ção de estabelecimentos comerciais do mesmo 
ramo em determinada área.
Para saber mais sobre essa Súmula, assis-
ta ao vídeo da TV Justiça sobre a matéria, dis-
ponível no link: https://www�youtube�com/
watch?v=GDBPKSTSQNk�
Princípio da função social da 
empresa
Assim como a noção de função social do contrato, o 
princípio da função social da empresa é um desdo-
bramento do princípio da função social da proprie-
dade consagrado nos arts� 5°, inc� XXIII e 170, inc� III 
da Constituição Federal� É princípio constitucional, 
geral e implícito do direito empresarial�
Por esse princípio, os bens de produção, isto é, todos 
aqueles necessários para o desempenho da ativida-
de econômica, deverão cumprir uma função social� 
Isso significa que os bens de produção devem ser 
26
https://www.youtube.com/watch?v=GDBPKSTSQNk
https://www.youtube.com/watch?v=GDBPKSTSQNk
empregados de forma que atendam aos interesses 
de todos aqueles que gravitam em torno da empresa 
– acionistas, empregados, consumidores, comunida-
de –, como ensina Fábio Ulhoa Coelho (2012, p� 81):
Cumpre sua função social a empresa que gera 
empregos, tributos e riqueza, contribui para o 
desenvolvimento econômico, social e cultural 
da comunidade em que atua, de sua região ou 
do país, adota práticas empresariais susten-
táveis visando à proteção do meio ambiente 
e ao respeito aos direitos dos consumidores. 
Se sua atuação é consentânea com estes ob-
jetivos, e se desenvolve com estrita obediência 
às leis a que se encontra sujeita, a empresa 
está cumprindo sua função social; isto é, os 
bens de produção reunidos pelo empresário 
na organização do estabelecimento empresa-
rial estão tendo o emprego determinado pela 
Constituição Federal.
A função social da empresa foi prevista expressa-
mente na Lei n° 6�404/76, a Lei das Sociedades 
Anônimas, em seus arts� 116 e 154, como seguem:
Art. 116. Entende-se por acionista controlador 
a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de 
pessoas vinculadas por acordo de voto, ou 
sob controle comum, que:
[...]
27Parágrafo único. O acionista controlador deve 
usar o poder com o fim de fazer a companhia 
realizar o seu objeto e cumprir sua função so-
cial, e tem deveres e responsabilidades para 
com os demais acionistas da empresa, os que 
nela trabalham e para com a comunidade em 
que atua, cujos direitos e interesses deve le-
almente respeitar e atender.
[...]
Art. 154. O administrador deve exercer as atri-
buições que a lei e o estatuto lhe conferem 
para lograr os fins e no interesse da compa-
nhia, satisfeitas as exigências do bem público 
e da função social da empresa.
No sentido que é dado pela Lei das Sociedades 
Anônimas, a função social pode ser identificada com 
a exigência de um comportamento “idôneo e probo” 
de controladores e dos administradores das pessoas 
jurídicas, ganhando maior destaque em processos de 
recuperação judicial e falências, nos quais é aplicada 
com vistas à preservação da empresa em crise, caso 
em que passa a ser identificada com a importância 
da preservação de empregos, arrecadação de tribu-
tos e desenvolvimento econômico do país (COELHO; 
NUNES, 2011, p� 13)�
28
Princípio da liberdade de 
associação
O princípio da livre associação está previsto nos inc� 
XVII e XX do art� 5° da Constituição Federal:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem 
distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes 
no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à pro-
priedade, nos termos seguintes:
[...]
XVII - é plena a liberdade de associação para 
fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
[...]
XX - ninguém poderá ser compelido a asso-
ciar-se ou a permanecer associado.
Esse princípio é especial, constitucional e explícito e 
destina-se a assegurar que todos possam se reunir 
para somarem forças na realização de interesses em 
comum, por exemplo, a participação em um partido 
político ou em um clube�
Transposto ao direito empresarial, esse princípio 
significa que tanto as pessoas físicas quanto as pes-
soas jurídicas são livres para se reunir com vistas 
29
a atingir os fins pretendidos com a exploração da 
atividade econômica�
A liberdade de associação contém quatro direitos: o 
de criar associações e cooperativas sem a necessi-
dade de se obter prévia autorização do Estado; a de 
aderir ou não a qualquer associação, pois ninguém 
pode ser obrigado a se associar; o direito de se desli-
gar da associação, justamente porque ninguém pode 
ser obrigado a permanecer associado; e o direito de 
dissolver espontaneamente a associação�
Entretanto, aplicado esse princípio à empresa, há 
uma peculiaridade no que se refere ao direito de se 
desligar da associação: na sociedade empresária, 
o sócio investe recursos (dinheiros, bens, créditos), 
logo, o seu desligamento da empresa tem reflexos, 
tanto nos direitos e interesses da pessoa jurídica 
quanto nos dos sócios e, até mesmo, de terceiros� 
Por isso, o direito de se desligar de uma empresa 
apenas pode ser exercido sob determinadas condi-
ções, estabelecidas pelo direito societário�
Princípio da preservação da 
empresa
Ao analisarmos a função social da empresa, disse-
mos que esse princípio tem sido muito utilizado em 
sede de processos de recuperação judicial e falência, 
com vistas à preservação da empresa�
30
Note que esse princípio busca proteger a atividade 
econômica desenvolvida, não o empresário nem o 
estabelecimento comercial�
Ele visa a assegurar a continuidade da atividade eco-
nômica desenvolvida, pois, como já observamos, o 
sucesso da empresa interessa a todos os grupos que 
gravitam ao seu redor, sendo responsável pela gera-
ção de postos de trabalho e tributos, bem como no 
fomento da riqueza local, regional, nacional e global�
Nesse contexto, em 2012, o STJ decidiu que dívi-
da de valor insignificante assumida pela empresa 
não é capaz de causar a decretação de sua falência, 
devendo-se privilegiar o princípio da preservação da 
empresa� Sobre o assunto, atente-se ao podcast 2 
- Débito de valor ínfimo e preservação da empresa.
Podcast 2 
Esse princípio não está previsto expressamente na 
lei; ele decorre das conclusões retiradas pela doutrina 
e jurisprudência das normas relacionadas à resolu-
ção da sociedade em relação a um sócio (CC, arts� 
1�028 e seguintes), desconsideração da personalida-
de jurídica (CC, art� 50; CDC, art� 28) e recuperação 
judicial (Lei n° 11�101/2005)� É, portanto, um princípio 
legal, especial e implícito�
31
https://famonline.instructure.com/files/118841/download?download_frd=1
REFLITA
Em 2018, o STJ decidiu que empresas que estão 
em recuperação judicial podem participar de pro-
cessos de licitação, desde que demonstrem ter 
viabilidade econômica�
Para o Tribunal, o objetivo principal da Lei de Fa-
lências é viabilizar a superação da situação de 
crise econômico-financeira do devedor, a fim de 
permitir a manutenção da fonte produtora, do 
emprego dos trabalhadores e dos interesses dos 
credores, promovendo, assim, a preservação da 
empresa, a sua função social e o estímulo à ati-
vidade econômica� Dessa forma, negar à pessoa 
jurídica em crise o direito de participar de licita-
ções públicas vai de encontro ao sentido atribuí-
do pelo legislador na Lei de Falências�
Para ler essa decisão no site do STJ, busque na 
Pesquisa de Jurisprudência pelo Agravo em Re-
curso Especial n° 309�867 – ES, Relator Ministro 
Gurgel de Faria, julgado em 26 de junho de 2018�
Princípio da autonomia patrimonial 
da sociedade empresária
Pelo princípio da autonomia patrimonial, os bens, 
direitos e obrigações da pessoa jurídica não se con-
fundem com os dos seus sócios�
Disso decorre a impossibilidade de se cobrar os 
sócios pelas dívidas assumidas pela sociedade� 
32
Apenas depois de executados os bens da socieda-
de, e mesmo assim observando-se eventuais limita-
ções impostas pela lei, é que os sócios poderão ser 
responsabilizados�
O princípio da autonomia patrimonial é legal, especial 
e implícito�
A autonomia patrimonial das sociedades empresá-
rias é uma técnica de segregação de riscos que está 
ao alcance das duas partes da relação obrigacional� 
Se uma sociedade empresária devedora de certa obri-
gação está sob o abrigo do princípio da autonomia 
empresarial, ela não pode, na posição de credora, que-
rer impedir outra sociedade empresária, que lhe deve, 
de ter o mesmo benefício (COELHO, 2012, p� 62)�
Deve-se destacar que, para evitar que a autonomia 
empresarial da sociedade seja utilizada com fraude ou 
abuso de direito em prejuízo do consumidor, o Código 
de Defesa do Consumidor prevê o instituto da descon-
sideração da personalidade jurídica em seu art� 50:
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a perso-
nalidade jurídica da sociedade quando, em 
detrimento do consumidor, houver abuso de 
direito, excesso de poder, infração da lei, fato 
ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou 
contrato social. A desconsideração também 
será efetivada quando houver falência, esta-
do de insolvência, encerramento ou inativi-
dade da pessoa jurídica provocados por má 
administração.
33
Assim, o intuito da desconsideração da personalida-
de jurídica é afastar a divisão existente entre os bens 
dos sócios e da empresa, considerando-os como 
uma universalidade de bens que deve responder pe-
las dívidas da sociedade assumidas pelos sócios 
com fraude ou abuso de direito�
SAIBA MAIS
Para aprender mais sobre a desconsideração 
da personalidade jurídica, assista ao vídeo AGU 
Explica – Desconsideração da Personalidade 
Jurídica, disponível no link https://www.youtube.
com/watch?v=cmQZPbyhl2E�
Limitação e subsidiariedade 
da responsabilidade dos sócios 
pelas obrigações sociais
O princípio da subsidiariedade da responsabilidade 
dos sócios pelas obrigações sociais significa que, 
em caso de dívida assumida pela sociedade, os bens 
dos sócios apenas poderão ser executados após a 
execução dos bens da sociedade�
O princípio da limitação da responsabilidade dos 
sócios pelas obrigaçõessociais leva em conside-
ração os riscos inerentes à exploração da atividade 
econômica, pois limita a responsabilidade dos sócios 
pelas dívidas assumidas pela sociedade, estimu-
34
https://www.youtube.com/watch?v=cmQZPbyhl2E
https://www.youtube.com/watch?v=cmQZPbyhl2E
lando investimentos, como ensina Áurea Moscatini 
(COELHO; NUNES, 2011, pp� 18-19):
Importante demonstrar que os princípios da 
autonomia patrimonial e da subsidiariedade 
da responsabilidade dos sócios pelas dívidas 
sociais são importantes, a fim de que os in-
vestimentos continuem sendo feitos, o que 
garantirá via de consequência a sobrevivência 
da figura do empresário, na forma de socie-
dade ou individual, o que é muito importante 
para a sociedade e mais ainda para a sobre-
vivência do próprio homem, como ser social 
que é. Não se pode esquecer que o homem 
necessita da imposição de normas que ga-
rantam sua tranquilidade no convívio social 
e especialmente lhe garantam os bens, com 
a crescente evolução tecnológica a que está 
acostumado. Se por um lado existem fortes 
investimentos na área tecnológica, por outro 
lado, verifica-se a aproximação de um mal 
inevitável, como as mudanças climáticas, as 
quais representam grandes catástrofes, com 
fortes impactos ambientais, sociais e econô-
micos, o que num curto espaço de tempo, fará 
com que o homem dispute por água e comida 
e não petróleo ou bens sofisticados tecnologi-
camente, como se imaginava, anteriormente.
Portanto, a limitação da responsabilidade dos só-
cios não visa a eximi-los da responsabilidade pelas 
35
dívidas assumidas pela sociedade, ao contrário: res-
tringindo o risco para os empresários, a tendência 
é estimular novos investimentos, pois o investidor 
não terá receio de perder a totalidade dos bens de 
seu patrimônio em caso de insucesso da empresa� 
Por fim, destaque-se que ambos os princípios são 
legais, especiais e implícitos�
Princípio majoritário nas 
deliberações sociais e princípio 
da proteção do sócio minoritário
O princípio majoritário nas deliberações sociais 
está relacionado ao direito de voto nas sociedades 
empresárias�
A sociedade empresária manifesta sua vontade por 
meio das pessoas naturais, investidas pela lei ou 
pelo ato constitutivo (contrato ou estatuto social) 
– os sócios� Em vista desse princípio, prevalecerá 
a vontade ou o entendimento da maioria em uma 
deliberação de interesse geral da empresa�
De modo geral, ensina Fábio Ulhoa Coelho (COELHO, 
2012, p� 66):
[...] o princípio majoritário se expressa pela 
atribuição de poder deliberativo ao sócio pro-
porcionalmente às quotas ou ações (votantes) 
tituladas. Em decorrência, numa sociedade limi-
tada, o sócio titular de quotas representativas 
36
de mais da metade do capital social é o majo-
ritário; e na anônima, será o acionista titular de 
mais da metade das ações votantes, presentes 
na assembleia geral. Este sócio majoritário, so-
zinho, pode definir a vontade da sociedade em-
presária, mesmo que com ele não concordem 
os demais. As deliberações sociais dependem 
da vontade ou entendimento de outros sócios, 
além do majoritário, somente se previsto algum 
mecanismo que o assegure num acordo de 
quotistas ou de acionistas.
Assim, pelo princípio majoritário, as deliberações 
sociais são adotadas, em princípio, pelo sócio que 
mais investiu na sociedade e, consequentemente, 
assumiu maior risco�
Em contraposição, o princípio da proteção do sócio 
minoritário limita o princípio majoritário por meio de 
instrumentos disponibilizados aos minoritários, como 
o direito de fiscalização e o direito de recesso, im-
pedindo que os majoritários acabem se apropriando 
de ganhos que devem se repartidos entre os sócios�
Ambos os princípios são legais, especiais e 
implícitos�
37
CONSIDERAÇÕES 
FINAIS
Bem, estudante, vamos recapitular o que você apren-
deu neste módulo da disciplina?
Você aprendeu que o direito comercial evoluiu ao 
longo do tempo, passando por diferentes fases, até 
chegar à teoria da empresa, que foi adotada pela 
legislação e doutrina brasileiras�
O Código Civil de 2002 incorporou a teoria da em-
presa em nosso ordenamento jurídico, substituindo 
o conceito de ato de comércio pelo conceito de em-
presa, o conceito de comerciante pelo conceito de 
empresário�
Assim, o direito comercial passou a ser denominado 
de direito empresarial, pois deixou de tratar apenas 
das atividades de mercancia, para abranger várias 
atividades econômicas, desde que exercidas profis-
sionalmente e com vistas à produção ou à circulação 
de bens ou de serviços�
O direito empresarial tem como fundamento diversos 
princípios; dentre eles, destacamos aqueles mais im-
portantes para a compreensão da matéria: princípio 
da livre iniciativa, princípio da liberdade de concorrên-
cia, princípio da função social da empresa, princípio 
da liberdade de associação, princípio da preservação 
da empresa, princípio da autonomia patrimonial da 
empresa, limitação e subsidiariedade da responsabi-
38
lidade dos sócios pelas obrigações sociais, princípio 
majoritário nas deliberações sociais e princípio da 
proteção do sócio minoritário�
 Destaque-se que os princípios direcionam as con-
dutas dos cidadãos no cumprimento das normas e, 
por isso, é importante que você compreenda como 
eles são aplicados nas relações jurídicas travadas 
nas organizações�
E isso você fez com sucesso ao longo dessa disci-
plina! Parabéns e bons estudos!
39
Síntese
• Livre iniciativa, liberdade de concorrência, 
função social da empresa, liberdade de 
associação, preservação da empresa, princípio da 
autonomia patrimonial da sociedade empresária, 
limitação e subsidiariedade da responsabilidade 
dos sócios pelas obrigações sociais, princípio 
majoritário nas deliberações sociais e princípio da 
proteção do sócio minoritário. 
PRINCÍPIOS DE
DIREITO EMPRESARIAL
• Teoria da empresa no Brasil: Código Civil de 
2002 ato de comércio é substituído pelo 
conceito de empresa, e desaparece a figura do 
comerciante, surgindo a figura do empresário.
• Conceitos de empresa e empresário: art. 966 
do Código Civil considera-se empresário quem 
exerce profissionalmente atividade econômica 
organizada para a produção ou a circulação de 
bens ou de serviços.
TEORIA GERAL DO
DIREITO EMPRESARIAL
Parabéns, estudante! Você chegou ao fim da 
quarta unidade dessa disciplina. Em síntese, 
isso é o que você aprendeu até agora: 
PRINCÍPIOS JURÍDICOS
NAS ORGANIZAÇÕES
Referências 
Bibliográficas 
& Consultadas
BRASIL� Constituição (1988)� Constituição Federativa 
do Brasil. Brasília, DF, 1988�
BRASIL, Constituição� Lei nº 10�406, de 10 de janei-
ro de 2002� Institui o Código Civil. Diário Oficial da 
União, n� 8, 2002�
COELHO, Fábio Ulhoa� Curso de direito comercial: 
direito de empresa� 16� ed� São Paulo: Saraiva, 2012�
COELHO, Fábio Ulhoa; NUNES, Marcelo Guedes 
(Org�)� Princípios do direito comercial� GEP - Grupo 
de Estudos Preparatórios do Congresso de Direito 
Comercial, pp� 1-67, 2011� Disponível em: https://
www.congressodireitocomercial.org.br/sites/wpcon-
tent/uploads/2016/12/gep2.pdf. Acesso em: 01 ago. 
2019�
MAMEDE, Gladston� Manual de direito empresarial� 
12� ed�, rev� e atual� São Paulo: Atlas, 2018� 
https://www.congressodireitocomercial.org.br/sites/wpcontent/uploads/2016/12/gep2.pdf
https://www.congressodireitocomercial.org.br/sites/wpcontent/uploads/2016/12/gep2.pdf
https://www.congressodireitocomercial.org.br/sites/wpcontent/uploads/2016/12/gep2.pdf
RAMOS, André Luiz Santa Cruz� Direito empresarial� 
7� ed� rev� e atual� São Paulo: Método, 2017� 
VENOSA, Silvio de Salvo; RODRIGUES, Cláudia� Direito 
empresarial� 7� ed� São Paulo: Atlas, 2017� 
	Introdução
	Teoria geral do direito empresarial
	Origens do direito comercial
	Teoria dos atos de comércio
	Teoria dos atos de comércio na legislação e doutrina brasileiras
	Teoria da empresa
	Teoria da empresa no Brasil
	Conceito de empresa
	Conceito de empresário
	Inscrição do empresário
	Autonomia do direito empresarialPrincípios do direito empresarial
	Princípio da livre iniciativa
	Princípio da liberdade de concorrência
	Princípio da função social da empresa
	Princípio da liberdade de associação
	Princípio da preservação da empresa
	Princípio da autonomia patrimonial da sociedade empresária
	Limitação e subsidiariedade da responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais
	Princípio majoritário nas deliberações sociais e princípio da proteção do sócio minoritário
	Considerações finais
	Síntese

Outros materiais