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Ocorre em muitos pacientes que sofrem trauma fechado Raramente causam risco imediato à vida ou ao membro afetado Se lesão for grave indica que o paciente foi submetido a forças significativas (ex: se paciente tem fratura de ossos longos em MMSS ou MMII há maior chance de ter lesão interna no tronco) Traumatismos graves por esmagamento levam a liberação de mioglobina, que pode precipitar-se nos túbulos renais causando insuficiência renal O edema em compartimentos musculofaciais intactos pode causar síndrome compartimental aguda (o edema acontece e a pele não estira, então o edema oblitera artéria e feixe vasculonervoso): se não diagnosticada e tratada, pode evoluir para disfunção e perda do membro. Dependendo pode levar a morte, porque abaixo da lesão, da artéria que está sendo obliterada vai ter formação de ácidos, que pode levar paciente a acidose metabólica Complicação de fratura de osso longo incomum, porém altamente letal, que pode evoluir para insuficiência pulmonar, comprometimento da função cerebral e PCR: Embolia gordurosa (acontece principalmente em idosos) A presença de trauma musculoesquelético não muda as prioridades da reanimação: ABCDE AVALIAÇÃO PRIMÁRIA Lacerações profundas de partes moles podem comprometer grandes vasos, produzindo hemorragia exsanguinante. Controle = compressão direta A imobilização adequada da fratura pode diminuir significativamente a hemorragia pela diminuição da movimentação e pelo aumento do efeito de tamponamento dos músculos. Para imobilizar: uma pessoa segura o corpo do paciente estabilizando-o, e outra faz a rotação da perna, por exemplo, se for fratura de tíbia, coloca tala em baixo, enfaixa com atadura e depois transporta o paciente – isso reduz dor, controla perda de sangue e evita agravamento das lesões de partes moles (cuidado para não apertar demais porque pode gerar lesão por compressão de nervos periféricos, síndrome compartimental ou síndrome de esmagamento) Se fratura for exposta: não traciona, apenas coloca tala e enfaixa com atadura. Todas as fraturas expostas exigem debridamento cirúrgico Uma das maneiras de conter hemorragia é a reanimação agressiva com líquidos, então no pré hospitalar isso já pode começar a ser feito As lesões musculoesqueléticas são fontes potenciais de hemorragia oculta em doentes com alterações hemodinâmicas. Os locais incluem: coxa (fratura de fêmur) e qualquer outra fratura exposta com lesão grave de partes moles. Supracondiliana também sangra muito Medidas auxiliares quando chega no hospital: imobilização de fraturas e exames radiológicos para preparar para possível cirurgia Imobilização de fraturas O objetivo é o realinhamento da extremidade lesada em uma posição o mais próximo possível da posição anatômica e a prevenção da movimentação excessiva do foco de fratura Luxações articulares frequentemente exigem imobilização na posição em que foram encontradas (só imobiliza no hospital e tem que ser feito por especialista) Exames radiológicos Realizar RX – quando paciente hemodinamicamente normal Se lesão vascular exposta não precisa de exame, vai direto para cirurgia Se for demorar o resultado do RX pode tomar atitude antes AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA História do trauma: mecanismo do trauma Como estava a vítima antes e depois do acidente Se a vítima foi jogada do carro ou houve intrusão do veículo Se havia dispositivos de contenção sendo usados de forma correta TRAUMA MÚSCULO ESQUELÉTICO Em caso de queda, qual altura e posição ao chegar no solo Se esmagamento avaliar qual a pressão e parte afetada Explosão: qual a distancia que a vítima foi encontrada Ambiente do trauma: se havia fratura exposta, temperatura, presença de caco de vidro, pedra, madeira, presença de flora bacteriana (ex: fezes) Fazer AMPLA – alergias, medicamentos, passado médico/prenhez, líquidos e alimentos ingeridos, ambiente Exame físico Doente deve ser completamente despido Avaliação das extremidades tem 3 objetivos: identificar as lesões que podem por a vida em risco (avaliação primária); identificar lesões que podem por o membro em risco (avaliação secundária); proceder revisão sistemática para evitar que quaisquer outras lesões musculoesqueléticas passem despercebidas (reavaliação contínua) Devem ser avaliados 4 componentes: - pele: protege o doente de perdas excessivas de líquido e infecção - função neuromuscular - estado circulatório - integridade dos ossos e ligamentos Avaliação visual das extremidades: cor, perfusão, tipo de ferimentos, existência de deformações (angulação, encurtamento), edema, manchas, hematomas hemorragias ou abrasões Aumento de volume de uma extremidade, na altura de grupos musculares maiores, pode caracterizar lesão por esmagamento, prestes a evoluir para síndrome compartimental Presença de edema ou equimose em articulação ou proximidades ou subcutâneo que recobre o osso é sinal de trauma musculoesquelético Deformação de extremidade é sinal óbvio de trauma significativo Na avaliação doente precisa ser rolado em bloco Observar função motora espontânea da extremidade para identificar comprometimento neurológico ou muscular que possa existir – solicitar que doente contraia ativamente os grupos musculares + importantes Palpar extremidades para pesquisar sensibilidade da pele (função neurológica) e verificar se há pontos dolorosos, que podem indicar fratura Perda de sensibilidade à dor e toque: presença de lesão de medula ou nervos periféricos Hiperestesia ou dor a palpação de músculos pode indicar contusão muscular ou fratura Pode haver avulsão de partes moles o que vai favorecer acúmulo de volume significativo de sangue no local Palpar articulações para ver se há edema, hiperestesia dos ligamentos e líquido intra-articular Avaliar a circulação: Palpar pulso distal e avaliar enchimento capilar dos dedos (se hipotensão dificultar usar doppler). Se fratura de tíbia, luxação de joelho, luxação de tornozelo, palpar pulso pedioso. Perda de sensibilidade acometendo a mão (distribuição em luva) ou pé (distribuição em meia) é sinal precoce de comprometimento vascular Em doentes hemodinamicamente normais, discrepâncias entre pulsos, resfriamento, palidez, parestesia e anormalidade funcionais motoras são sinais de lesão arterial Lesões de extremidades com risco potencial a vida → Hemorragia arterial grave Pode ocorrer por ferimento penetrante ou traumas fechados que resultam em fratura de extremidades ou luxações articulares próximas a artérias Destaque para subclávia Avaliar pulsos, se tá palpável e como está (filiforme, cheio) Extremidade fria, pálida, sem pulso = interrupção do suprimento sanguíneo arterial Hematoma em rápida expansão = existência de uma lesão vascular significativa Tratamento: se há suspeita de lesão de grande artéria é necessário avaliação de cirurgião. Faz-se compressão direta do ferimento (ou torniquete) + reanimação agressiva com soluções apropriadas Não se recomenda fazer pinçamento hemostático em ferimentos abertos com hemorragia, a menos que o vaso seja superficial e claramente identificado Uso de arteriografia ou de outros exames de investigação é indicado somente no doente reanimado e em condições hemodinâmicas normais → Síndrome de esmagamento (rabdomiólise traumática) Efeitos clínicos causados por músculos lesados que, se não tratados, podem causar insuficiência renal aguda (mioglobina liberada pela lesão do músculo se deposita nos túbulos renais causando a IRA) Encontrada em indivíduos com lesão por esmagamento de massa muscular volumosa, geralmente na coxa ou panturrilha Lesão muscular = lesão muscular direta + isquemia muscular + morte celular com liberação de mioglobina Trauma muscular é a causa + comum de rabdomiólise,que varia de uma patologia assintomática com elevação dos níveis de mioglobina associada com IRA e CIVD Mioglobina produz urina escura (cor âmbar) com resultado positivo para teste de hemoglobina Tratamento: passar muito líquido intravenoso para proteger o rim e prevenir insuficiência renal (recomendação: manter débito urinário em níveis de 100mL/h até que a mioglobina desapareça) Lesões que colocam o membro em risco → Fratura exposta e lesões articulares Osso vai para ambiente externo (músculo e pele devem estar lesados) e fica contaminado – por isso não deve fazer a tração para imobilizar, pode gerar infecções, problemas de cicatrização e de função Avaliar a história do trauma Não explorar a ferida – mandar direto para cirurgia Se ferida aberta sobre articulação em próximo a ela presumir que a lesão está em conexão com articulação e solicitar opinião do cirurgião – única maneira segura de determinar se há essa comunicação entre ferida aberta e articulação é com exploração cirúrgica e debridamento da lesão Tratamento: imobilização do membro, reanimação adequada com líquidos e debridamento cirúrgico. Deve-se fazer profilaxia para tétano e todos os doentes com fraturas expostas precisam de antibiótico intravenoso o mais brevemente possível → Lesões vasculares (incluindo amputação traumática) Suspeitar sempre que há insuficiência vascular de membro após trauma Inicialmente o membro pode parecer viável devido a circulação colateral que garante fluxo suficiente Lesão vascular parcial faz com que, distalmente à lesão, o membro tenha redução da temperatura e aumento do tempo de enchimento capilar e diminuição dos pulsos periféricos Lesão vascular total faz segmento distal da extremidade tornar-se frio, pálido e sem pulsos palpáveis Tratamento no início é compressão ou torniquete (risco do torniquete aumenta com o tempo) Músculo não tolera interrupção de fluxo sanguíneo arterial por mais de 6h, antes que a necrose se inicie. Nervos também são muito sensíveis a anóxia Fraturas expostas com isquemia prolongada, lesão neurológica e trauma muscular podem exigir amputação O reimplante é habitualmente indicado em lesão isolada de extremidade. Porém, doente portador de lesões múltiplas, que necessita de reanimação intensiva e intervenção cirúrgica de urgência não faz reimplantação → Síndrome compartimental Desenvolve-se quando pressão no compartimento osteofascial do músculo é suficiente para produzir isquemia e necrose subsequente Isquemia pode ser causada por aumento do tamanho do conteúdo do compartimento (ex: edema secundário a revascularização de uma extremidade isquêmica) ou diminuição das dimensões do compartimento (ex: curativo apertado) Pode ocorrer em qualquer lugar onde o músculo esteja contido dentro de espaço fechado delimitado pela fáscia Regiões mais frequentes: perna, antebraço, pé, mão, região glútea e coxa Consequências de sínd. Compartimental não diagnosticada: déficit neurológico, necrose muscular, contratura isquêmica, infecção, consolidação lentificada de fratura e possível amputação Situações que podem levar a essa síndrome: iatrogenia (gesso ou curativos apertados), esmagamento importante do músculo com edema significativo, compressão externa sobre extremidade (demorou tirar o doente de ferragens por exemplo), aumento da permeabilidade capilar gerando edema, queimaduras, exercícios excessivos Sinais e sintomas: dor muito grande, edema, assimetria dos compartimentos musculares, alteração da sensibilidade, falta de pulso (achado tardio) Tratamento: curativos, aparelhos gessados e dispositivos de imobilização devem ser retirados. Fazer monitorização cuidadosa e reavaliação clínica durante 30-60 min seguintes. Caso não haja mudança significativa, fazer fasciotomia descompressiva Retardo em fazer fasciotomia pode resultar em mioglobinúria e insuficiência renal Fratura supracondiliana é uma das que mais faz síndrome compartimental – difícil reduzir a fratura sem cirurgia → Lesão neurológica secundária à fratura luxação Avaliar nervo para saber como está a sensibilidade e parte motora A menos que a lesão seja reconhecida e tratada precocemente, pode-se colocar em risco a recuperação funcional do membro Ex: compressão do nervo ciático resultante da luxação posterior do quadril ou da lesão do nervo axilar por luxação do ombro Tratamento: imobilização da extremidade lesada na posição luxada. Pode-se tentar reduzir a luxação e depois reavaliar função neurológica com imobilização do membro Outras lesões → Contusões e lacerações Qualquer contusão e/ou ferimento deve ser avaliado à procura de lesão vascular e/ou neurológica Em geral, ferimentos exigem debridamento e fechamento Contusões são reconhecidas pela presença de dor na área afetada e comprometimento funcional da extremidade correspondente Sempre fazer profilaxia para tétano → Lesões articulares Lesões articulares que não resultam em luxação (quando a articulação mantém sua configuração anatômica normal apesar de ter sofrido lesão ligamentar significativa) usualmente não comprometem vitalidade do membro, mas podem comprometer função do membro Tratamento com imobilização, reavaliação do estado vascular e neurológico do membro → Fraturas Fratura é a perda de continuidade do córtex ósseo Ela pode ser alinhada ou não alinhada Paciente tem dor, edema, crepitação, mobilidade anormal Faz RX, avalia estado neurológico, vê se tem luxação junto Se tiver alinhada faz imobilização, se não tiver alinha primeiro e depois imobiliza A imobilização deve incluir as articulações acima e abaixo da fratura, para garantir a imobilização do osso fraturado Lembrar de sempre reavaliar após imobilização Fraturas de fêmur podem ser imobilizadas temporariamente com talas de tração Uma tração excessiva pode provocar mais lesões – cuidado Deve-se evitar uso de talas de tração em fratura de fêmur se houver outra fratura de perna distal ipsilateral Lesão de joelho: o joelho não deve ser imobilizado em extensão completa, mas permanecer em flexão de aproximadamente 10º, para diminuir estiramento das estruturas neurovasculares Se paciente tem TCE cuidado para não abaixar o nível de consciência com os analgésicos Bibliografia: ATLS 9ª edição
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