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Tema 1 - Conceito de Tributo e Espécies Tributárias

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PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 
Profª Ivanes da Glória Mattos 
AULA 1
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
 
Crédito: Tarikvision/Shutterstock. 
Essa é a disciplina de Planejamento Tributário, que demonstrará os 
principais aspectos e técnicas relacionados ao sistema tributário e aos tributos 
das pessoas jurídicas, de modo a oferecer uma visão ampla das obrigações 
legais e fiscais que influenciam na apuração dos resultados e no cálculo dos 
tributos. 
Planejar significa a “organização de uma tarefa com a utilização de 
métodos apropriados”, ou, a “determinação de ações para atingir as metas 
estipuladas por uma empresa, órgão do governo etc.” (Michaelis, 2021). O 
planejamento estratégico é “o uso de técnicas, métodos e ferramentas que criam 
o futuro da organização” (Cruz, 2017). 
 
 
3 
Neste contexto, o planejamento tributário pode ser conceituado como um 
conjunto de ações organizadas previamente, criteriosas e legais para a escolha 
das formas de tributação e recolhimento dos tributos, com objetivo de obtenção 
da redução da carga tributária e resultados mais favoráveis à empresa. Nos 
dizeres de Anélio Berti (2016), o planejamento tributário é “o processo de escolha 
a priori da empresa na forma de tributação que leve à obtenção de uma carga 
tributária correta, como o melhor resultado econômico”. 
Para as empresas é de fundamental importância conhecer todos os 
componentes da carga tributária e adotar as normas vigentes, uma vez que 
tendo informações contábeis e fiscais mais confiáveis e, utilizando-se das boas 
técnicas de planejamento, terá mais vantagens econômicas e melhoria dos 
resultados, pois terá um rumo a ser seguido pela organização. 
Nesta primeira aula estudaremos os seguintes temas: 
1. Conceito de tributo e espécies tributárias; 
2. Sistema Tributário Nacional; 
3. Princípios constitucionais tributários; 
4. Fato gerador da obrigação tributária; 
5. Incidência e não incidência tributária – exemplos na prática. 
 
TEMA 1 – CONCEITO DE TRIBUTO E ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 
1.1 Tributo 
O vocábulo “tributo” muitas vezes é confundido com imposto ou taxa e, 
quase sempre, não sabemos distinguir um conceito do outro. O contribuinte 
recolhe valores, mensal ou anualmente, sem saber o que está pagando e a que 
se destinam os recursos financeiros recolhidos pelo Governo. Mas entender os 
conceitos e a diferença entre eles diminui a probabilidade de erros no 
recolhimento das obrigações tributárias. 
Podemos comparar os tributos a um grande guarda-chuva, e sob ele estão 
as cinco espécies tributárias: 
 
 
4 
 
 
 
I 
 
 
 
 
Crédito: Pixel Embargo/Shutterstock. 
Segundo Paulo de Barros (2021), o vocábulo tributo tem seis significações 
diversas, quando utilizados nos textos de direito, nas doutrinas e jurisprudências, 
são eles: 
a) Tributo, como quantia em dinheiro; 
b) Tributo, como prestação correspondente ao dever jurídico do direito 
passivo; 
c) Tributo, como direito subjetivo de que é titular o sujeito ativo; 
d) Tributo, como sinônimo de relação jurídico-tributária; 
e) Tributo, como norma jurídico-tributária; 
f) Tributo, como norma, fato e relação jurídica. 
Entretanto, a Constituição Federal, quando estabeleceu competências 
tributárias, as limitações estatais ao poder de tributar e a divisão das receitas 
tributárias, deliberou também em seu próprio texto qual o conceito de tributo para 
ela. E assim o define Leandro Paulsen (2021): 
Cuida-se de prestação em dinheiro exigida compulsoriamente, pelos 
entes políticos ou por outras pessoas jurídicas de direito público, de 
pessoas físicas ou jurídicas, com ou sem promessa de devolução, forte 
Impostos Taxas Contribuições 
Contribuições 
de melhoria 
Empréstimos 
compulsórios 
 
 
5 
na ocorrência de situação estabelecida por lei que revele sua 
capacidade contributiva ou que consubstancie atividade estatal a elas 
diretamente relacionada, com vista à obtenção de recursos para o 
financiamento geral do Estado, para o financiamento de fins 
específicos realizados e promovidos pelo próprio Estado ou por 
terceiros em prol do interesse público. 
Nesse mesmo sentido, pode-se extrair do art. 3º do Código Tributário 
Nacional a acepção de tributo: 
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou 
cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato 
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa 
plenamente vinculada. 
Trata-se de uma prestação pecuniária compulsória, pois independe da 
vontade do sujeito passivo, no caso, o contribuinte, que deve efetuar seu 
recolhimento ainda que seja contra seu interesse. Uma vez realizado e 
concretizado o ato previsto em lei, o chamado fato gerador, gera-se 
automaticamente a relação jurídico-tributária, na qual, o contribuinte, fica 
obrigado e vinculado ao Estado, até que realize o pagamento integral de seu 
débito. 
Ainda, é importante ressaltar que a obrigação tributária sempre será 
instituída em Lei. Seguindo o disposto no art. 150, I, da Constituição Federal, é 
vedado à União, Estados, Distrito Federal e Municípios instituir ou aumentar 
tributo sem lei que o estabeleça. Ou seja, toda cobrança de tributo deve ser 
sempre prevista em lei e anterior a sua exigência. 
A referência feita pelo art. 3º do CTN de “cobrança mediante atividade 
administrativa plenamente vinculada” significa dizer que apenas pessoas 
jurídicas de direito Público (ou seja, União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios) podem ser consideradas sujeitos ativos de uma obrigação tributária, 
uma vez que o objetivo dos tributos é gerar renda para os entes federados. 
1.2 Espécies tributárias 
A Constituição Federal, quando tratou de legislar sobre o Sistema 
Tributário Nacional, criou algumas espécies tributárias, que são submetidas às 
regras gerais comuns e são também ordenadas por normas específicas, como é 
o caso dos impostos, das taxas, das contribuições de melhoria, dos empréstimos 
compulsórios e das contribuições. 
 
 
6 
É importante observar que nem sempre o tributo, que é chamado de taxa, 
é realmente uma taxa, mas constitui verdadeiramente uma contribuição, ou 
também uma contribuição que na verdade trata-se de imposto. 
Para melhor compreensão, traz-se aqui a definição dada por Paulo de 
Barros Carvalho (2019) às espécies tributárias: 
I. Imposto - é espécie do gênero tributo porque também consiste num 
vínculo entre o Estado e o contribuinte decorrente de um fato lícito previsto 
em lei, tendo por objeto uma prestação pecuniária. 
Distingue-se das demais espécies tributárias pelo seu “fato gerador”, que 
será sempre um comportamento do contribuinte ou uma situação na qual ele se 
encontre. Em outros falares, a hipótese de incidência do imposto não pode 
consistir numa atuação estatal. 
Dispõe o art. 16 do CTN: “Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato 
gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, 
relativa ao contribuinte”. 
Imposto é a espécie tributária que tem por hipótese de incidência (fato 
gerador em abstrato consubstanciado na lei) um comportamento do contribuinte 
ou uma situação na qual ele se encontre. Como exemplo podemos citar o IPVA 
(imposto sobre a propriedade de veículos automotores), o IPI (imposto sobre 
produtos industrializados) e o IPTU (imposto sobre a propriedade territorial 
urbana). 
II. Taxa - é espécie de obrigação tributária que decorre de uma prestação 
estatal. Noutras palavras, taxa é um tipo de tributo que tem por hipótese 
de incidência uma atuação estatal consistente na prestação de serviço 
público ou na realização de atos de polícia. 
A atividade pública distingue-se da privada porque sujeita-se ao regime 
jurídico de direito público. A atribuição de caráter público a determinada atividade 
é feita pelo legislador. 
Nesse sentido, a Constituição de 1988 permite que apenas duas espécies 
de atividades possam ser remuneradas, ou seja, tributadas pormeio de taxas, 
são elas: serviço público e ato de polícia. Como exemplo de taxas temos a taxa 
de coleta de lixo, as taxas judiciárias, a taxa de esgoto etc. 
 
 
7 
III. Contribuição de melhoria – é uma espécie de tributo que tem por 
hipótese de incidência uma atuação estatal consistente na realização de 
obra pública que valoriza o imóvel adjacente. 
A contribuição de melhoria é um tipo de tributo que, assim como as taxas, 
também tem como fato gerador uma atuação estatal. É exemplo de contribuições 
de melhoria a pavimentação de uma rua. 
IV. Contribuições – são aquelas que se destinam a determinado grupo de 
contribuintes. São destinadas a atividades e ações voltadas a finalidades 
específicas, que se referem a grupos de contribuintes específicos, de 
modo que se busca esse custeio por meio das contribuições, conforme se 
extrai do art. 149 da Constituição. Os exemplos de contribuições são o 
PIS, o Cofins, a CSLL etc. 
V. Empréstimos compulsórios – são tributos cujo critério está na sua 
finalidade, qual seja, gerar recursos frente a uma situação de calamidade 
ou guerra externa ou para investimento relevante e urgente, conforme se 
extrai do art. 148 da CF. 
TEMA 2 – SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL 
O sistema tributário do Brasil tem uma longa e intrincada lógica, estrutura 
e legislação, o que o torna um dos mais complexos e extensos do mundo, no 
que tange à apuração, hipótese de incidência e recolhimento desses tributos, 
bem como na sua carga tributária e quantidade de tributos. 
Compreender esta engrenagem exige dos profissionais da área e dos 
contribuintes um aprofundamento constante das técnicas e da legislação 
aplicável (que não é unificada), eis que o funcionamento do Sistema Tributário 
Nacional é baseado no recolhimento de tributos, individualmente analisados, 
tanto no seu objetivo de financiar e gerar renda para atividades do Estado, como 
de melhorias de estrutura (saúde, educação, saneamento básico), infraestrutura 
e, também, dos salários dos servidores que ali estão vinculados. 
A Constituição Federal atribui competência aos entes da Federação para 
criar tributos, estando estabelecida na Carta Magna a atribuição de cada um 
deles, ou seja, os tributos de competência da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios. 
Assim, temos que são de competência da União os seguintes tributos: 
 
 
8 
• IOF – Imposto sobre operações financeiras; 
• IPI – Imposto sobre produto industrializado; 
• IR – Imposto de renda, podendo esse ser de pessoas físicas ou jurídicas; 
• CSLL – Contribuição social sobre o lucro líquido; 
• PIS – Programa de integração social (destinado apenas aos trabalhadores 
do setor privado); 
• Pasep – Programa de formação do Patrimônio Do Servidor Público 
(destinado apenas aos trabalhadores do setor público); 
• Cofins – Contribuição para o financiamento da seguridade social. 
Já de competência estadual, a Carta Magna estabelece os seguintes 
tributos: 
• ICMS – Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços; 
• IPVA – Imposto sobre a propriedade de veículo automotor; 
• ITCMD – Imposto de transmissão causa mortis e doação; 
E, por fim, é de competência municipal a arrecadação dos seguintes 
tributos: 
• IPTU – Imposto predial territorial urbano; 
• ISS – Imposto sobre serviços; 
• ITBI – Imposto sobre transmissão de bens imóveis. 
Dessa forma, a Constituição Federal atribuiu aos seus entes a 
competência exclusiva para cobrar e arrecadar os impostos de acordo com o 
estabelecido constitucionalmente, para que seja possível financiar as atividades 
de cada um deles. 
TEMA 3 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS 
 
Crédito: Appreciate/Shutterstock. 
 
 
9 
Assim como todo o ordenamento jurídico e ramos do direito, o Direito 
Tributário também tem princípios, definidos na Constituição Federal, que regem 
o Sistema Tributário Nacional. 
Princípios Jurídicos são regras que, por sua grande generalidade, ocupam 
posição de destaque no mundo do direito, e por esta razão, permitem o correto 
entendimento e a boa aplicação dos demais preceitos normativos (Carraza, 
2019). Os princípios tributários são a máxima constitucional dirigidos a esta área 
e servem como base para a correta interpretação das normas jurídicas 
tributárias. Além disso, são norteadores do poder de tributar, dentro dos limites 
estabelecidos pela Constituição Federal para cada ente público tributante. 
Cabe dizer, ainda, que os princípios tributários são responsáveis pela 
correta aplicação do uso do tributo como fonte geradora dos recursos públicos. 
3.1 Princípio da legalidade 
O princípio constitucional da legalidade está previsto no art. 150, da Carta 
Magna. Temos, no entanto, que estabelecer a ligação deste dispositivo com o 
art. 5º, II, que trata da obrigatoriedade da conduta somente quando previsto em 
lei. Vejamos: 
Art. 5º [...] 
[...] 
II – Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa 
senão em virtude lei; 
[...] 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao 
contribuinte, é vedado à União, Estados, Distrito Federal e Municípios: 
I – Exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; 
Segundo o princípio da legalidade, a criação e a majoração de tributos 
sempre dependem de lei que os definam. Dessa maneira, todos os elementos 
que integram a obrigação tributária, bem como as hipóteses de incidência e seu 
fato gerador, devem estar previstos nas suas respectivas leis, para a sua 
exigência. 
Via de regra, os tributos devem ser sempre criados por lei ordinária, e 
apenas de forma excepcional, pode ser criado por meio de lei complementar, 
como é o caso dos empréstimos compulsórios e do imposto residual. Quanto à 
criação e majoração dos tributos por Medida Provisória, muito embora haja 
divergências na doutrina, o entendimento prevalecente, inclusive no STF, é de 
que é possível. 
 
 
10 
Além disso, a Emenda Constitucional após a EC 32/2001 firmou os 
entendimentos anteriores a sua edição e tornou possível a adoção das Medidas 
tributárias em matéria tributária, com exceção do Imposto de importação e 
exportação, do Imposto sobre produtos industrializados e o IOF – Imposto sobre 
operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores 
mobiliários, conforme previsão no parágrafo 2º, do art. 62, da Carta Magna, que 
determina: 
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República 
poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo 
submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. 
[...] 
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de 
impostos, exceto os previstos nos arts. “153, I, II, IV, V, e 154, II, só 
produzirão efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido 
convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.” 
3.2 Princípio da anterioridade 
Este princípio traz a garantia aos contribuintes de que não serão 
surpreendidos pela cobrança ou majoração de tributos de forma instantânea, eis 
que a lei que cria ou majora tributo (impostos, taxas ou contribuições de 
melhoria) somente pode incidir sobre fatos que ocorrerem no exercício financeiro 
seguinte à data de sua publicação. 
Dispõe a Constituição Federal 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao 
contribuinte, é vedado à União, Estados, Distrito Federal e Municípios: 
[...] 
III – Cobrar tributos [...] 
B) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicado a lei que 
os instituiu ou aumento. 
No entanto, este princípio comporta exceções, diante do caráter 
regulatório da economia do país, e diz respeito aos tributos previstos no art. 153, 
I, II, IV e V; art. 148, I e 154, II: 
a) impostos de importação (II); 
b) Imposto de exportação (IE); 
c) Imposto sobre produtos industrializados (IPI); 
d) Empréstimo Compulsório (despesas de guerra externa, sua iminência ou 
calamidade pública); 
e) Imposto sobre Operações Financeiras (IOF); 
f) ImpostoExtraordinário de Guerra. 
 
 
11 
Dentro deste tópico comporta traçarmos as regras do Princípio da 
anterioridade especial ou nonagesimal, que vem previsto no parágrafo 6, do art. 
195 da Constituição Federal, que dispõe: 
Art. 195 [...] 
§ 6º. As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser 
exigidas após decorridos 90 (noventa) dias da data da publicação da 
lei que houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o 
disposto no art. 150, III, “b”. 
Aqui, deve-se associar a regra da anuidade do exercício financeiro com o 
prazo de 90 dias para o início da cobrança do tributo pelo Fisco, o qual só pode 
exigir uma contribuição social instituída ou majorada decorridos 90 dias da data 
em que foi publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Ressalta-se que este 
dispositivo é aplicável somente no caso das contribuições sociais. Observe o 
exemplo a seguir: 
 Princípio da Anterioridade Princípio da Anterioridade 
Nonagesimal 
Lei promulgada em 
01/12/2020 
Tributo pode ser exigido 
no dia 01/01/2021. 
Tributo pode ser exigido a 
partir do dia 01/03/2021. 
Assim, a cobrança pelo Fisco deve ser imposta ao contribuinte no intervalo 
definido pela Constituição (exercício seguinte e após o prazo de 90 dias), ou será 
considerada inconstitucional. 
3.3 Princípio da igualdade tributária 
A premissa prevalente no Direito Tributário é que a lei tributária deve 
“tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida das suas 
desigualdades”. É o que diz a Constituição Federal, em seu art. 150, II: 
Artigo 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao 
contribuinte, é vedado à União, Estados, Distrito Federal e Municípios: 
I - [...] 
II – Instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem 
em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de 
ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente 
da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos [...]; 
Este princípio decorre da igualdade de forma ampla, prevista no art. 5º da 
Constituição, que determina que: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza”. 
 
 
12 
Cita-se como exemplo o Enunciado n. 37 do Tribunal de Justiça do estado 
do Paraná, no qual o estado do Paraná está sendo tratado igualmente a todos 
os demais contribuintes que devem pagar as custas processuais: “O fato de o 
Estado do Paraná deter a competência tributária para instituir tributos, tais como 
as taxas judiciárias (custas processuais), não o exime da obrigação de pagá-las, 
em eventual condenação judicial”. 
Conforme se observa, este princípio não deixa margem para privilégios 
fiscais concedidos em favor de um ou outro contribuinte que se encontrar em 
situações iguais. 
3.4 Princípio da capacidade contributiva 
É o princípio que se refere à criação ou majoração dos impostos e decorre 
do princípio da igualdade tributária, em que aquele que tem mais, 
economicamente falando, deve pagar proporcionalmente mais do que quem tem 
menos. 
Esta previsão de graduação dos impostos está expressa art. 145, 
parágrafo 1º, da Constituição Federal: 
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
poderão instituir os seguintes tributos: 
[...] 
§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão 
graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado 
à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a 
esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos 
termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas 
do contribuinte. 
Tem-se, portanto, que este princípio orienta o ente tributante à instituição 
de tributos impondo a observância da capacidade do contribuinte de recolher aos 
cofres públicos. Como exemplo, temos a tabela progressiva do Imposto de 
Renda Pessoa Física, na qual quem aufere maior renda, recolhe um valor maior 
do tributo. 
3.5 Princípio da irretroatividade 
O princípio da irretroatividade tributária trabalha com a impossibilidade de 
uma lei abranger fatos geradores anteriores a sua edição. A regra é que a lei 
alcançará apenas fatos geradores futuros, ou seja, ela não pode retroceder com 
 
 
13 
a finalidade de alcançar situações pretéritas, sob pena de se verificar uma 
retroatividade. 
Temos como respaldo deste princípio o art. 150, III, da Constituição 
Federal, e o art. 144, caput, do Código Tributário Nacional, os quais assim 
determinam: 
Artigo 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao 
contribuinte, é vedado à União, Estados, Distrito Federal e Municípios: 
[...] 
III – Cobrar tributos. 
a) Em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da 
vigência da lei eu os houver instituído ou aumentado. 
Artigo 144 - O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato 
gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que 
posteriormente modificada ou revogada. 
TEMA 4 – FATO GERADOR DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 
 
Crédito: Apriliyandi Tami/Shutterstock. 
O Código Tributário Nacional tratou de definir, em seu texto, entre os arts. 
114 e 118, as acepções e conceitos de fato gerador. A lei descreve em seu texto 
situações que, ao acontecerem na vida real e deixarem de ser apenas abstratas, 
fazem com que ocorra o fato gerador e se fixe o momento do nascimento da 
obrigação tributária. As hipóteses previstas na lei e que indicam que o tributo irá 
incidir ou que o tributo deverá ser cobrado, é o que se chama de fato gerador da 
obrigação tributária. 
Os arts. 114 e 115 do Código Tributário Nacional trazem dois conceitos 
de fato gerador, um para a obrigação principal e outro para a acessória: 
 
 
14 
Artigo 114 - Fato gerador da obrigação principal é a situação definida 
em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. 
Artigo 115 - Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação 
que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção 
de ato que não configure obrigação principal. 
Quanto aos conceitos de obrigação principal e acessória, o próprio Código 
Tributário as define em seu art. 113: 
Artigo 113 - A obrigação tributária é principal ou acessória. 
§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem 
por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-
se juntamente com o crédito dela decorrente. 
 § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por 
objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no 
interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. 
Em relação à ocorrência dos fatos geradores, de novo, o Código Tributário 
Nacional é que define, em seu art. 116: 
Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o 
fato gerador e existentes os seus efeitos: 
I - Tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se 
verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os 
efeitos que normalmente lhe são próprios; 
II - Tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja 
definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. 
Do exposto, diz-se que o fato gerador ocorre quando o ato definido na lei, 
de forma genérica e abstrata, ocorre no mundo dos fatos e nasce a obrigação 
tributária, tendo o ente federado como sujeito ativo e o contribuinte como sujeito 
passivo da obrigação. 
TEMA 5 – INCIDÊNCIA E NÃO INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA 
Denomina-se hipótese de incidência o momento abstrato escolhido pelo 
legislador em que um fato da vida real dará ensejo ao fenômeno jurídico tributário. 
Exemplos: circular mercadorias; transmitir bens; prestar serviços etc. (Sabbag, 
2020). A contrario sensu, a não incidência corresponde aos fatos que não constam 
na lei para dar nascimento à obrigação tributária. Neste caso, ocorre uma situação 
jurídica que não se constitui em uma obrigação, uma vez que tal fato não está 
previsto anteriormente, para gerar uma obrigação.Como exemplo da não 
incidência traz-se o caso de um município que não poderá exigir o pagamento do 
IPTU de um imóvel situado em outro município contíguo por não existir a lei que 
o autorize. 
 
 
15 
Trazemos aqui, ainda, os conceitos de imunidade e isenção tributária, por 
também estarem ligadas ao não pagamento de tributos. Nos falares de Eduardo 
Sabbag (2020), as imunidades tributárias apresentam-se como normas 
constitucionais de desoneração tributária e são mandamentos que distanciam a 
tributação, por vontade do legislador constituinte, tais como a liberdade religiosa, 
a liberdade política, a liberdade sindical, a liberdade de expressão, os direitos 
sociais, o acesso à cultura, o incentivo à assistência social etc. 
No tocante à isenção, o inciso I do art. 175 do Código Tributário Nacional 
ensina que é uma causa de exclusão do crédito tributário. A diferença entre a 
imunidade e a isenção tributária é que esta está prevista em uma lei, enquanto 
àquela tem respaldo constitucional. A isenção é a dispensa do pagamento do 
tributo, ou seja, há uma previsão legal de pagá-lo, mas posteriormente, uma nova 
lei, dispensa o contribuinte do seu pagamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Lei n. 5.172/1966, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema 
Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, 
Estados e Municípios. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm>. Acesso em: 7 
out. 2021. 
CARRAZA, R A. Curso de direito constitucional tributário. 32. ed. São Paulo: 
Malheiros. 2019. 
CARVALHO, P. de B. Curso de direito tributário. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 
2019. 
CRUZ, T. Manual de planejamento estratégico: ferramentas para desenvolver, 
executar e aplicar. São Paulo: Atlas, 2017. 
PAULSEN, L. Curso de direito tributário completo. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 
2021. 
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