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Livro- Texto - Unidade I economia e gestao setor publico

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Renata Tanan

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Autor: Prof. Livaldo dos Santos
Colaboradoras: Profa. Sandra Castilho
 
 
 Profa. Christiane Mazur Doi 
Gestão de Operações 
Produtivas
Professor conteudista: Livaldo dos Santos
Mestre em Administração de Empresas pela Universidade Guarulhos (2000). Foi coordenador do curso de 
Administração presencial nos 
campi
 Cidade Universitária e Pinheiros e professor adjunto da UNIP em cursos 
de graduação. Administrador profissional pela Faculdade de Administração e Ciências Contábeis Tibiriçá (1993). 
Professor há mais de 25 anos em cursos de graduação, tendo atuado em cursos de pós-graduação por oito anos em 
instituições de primeira linha. Consultor de empresas há 27 anos, atuando em assessorias nas áreas organizacionais, 
gestão de processos, gestão estratégica e sistemas de informação em empresas diversas e instituições financeiras. Foi 
professor supervisor/orientador de estágios do curso de administração da UNIP, 
campus
 Cidade Universitária.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S237g
Santos, Livaldo dos.
Gestão de Operações Produtivas / Livaldo dos Santos. – São 
Paulo: Editora Sol, 2022.
192 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Operações. 2. Planejamento. 3. Produção. I. Título.
CDU 658.5
U514.03 – 22
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Profa. Sandra Miessa
Reitora em Exercício
Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini
Vice-Reitora de Administração
Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia
Vice-Reitor de Extensão
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades do Interior
Unip Interativa
Profa. Elisabete Brihy
Prof. Marcelo Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 
Material Didático
 
Comissão editorial: 
 
 
Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
 
 
Profa. Dra. Angélica L. Carlini
 
 
Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
 
Apoio:
 
 
Profa. Cláudia Regina Baptista
 
 
Profa. Deise Alcantara Carreiro
 
Projeto gráfico:
 
 
Prof. Alexandre Ponzetto
 
Revisão:
 
 
Bruno Barros
 
 
Vera Saad
Sumário
Gestão de Operações Produtivas
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES INICIAIS SOBRE OPERAÇÕES PRODUTIVAS .......................................9
1.1 Conceito de operações produtivas: indústria, comércio e serviço ...................................10
1.2 Função operação dentro da organização ...................................................................................13
1.2.1 Administração das operações produtivas – objetivos e estratégias ..................................14
1.2.2 Importância da administração da produção ...............................................................................16
1.3 Modelo de transformação ...............................................................................................................18
1.4 Tipologia das operações de produção ..........................................................................................21
1.5 Visão sistêmica da operação produtiva .......................................................................................23
2 EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DE OPERAÇÕES .............................................................................25
3 VISÃO ESTRATÉGICA DAS OPERAÇÕES PRODUTIVAS .......................................................................29
3.1 Prioridades competitivas da administração de operações ..................................................33
3.2 Estratégia da produção .....................................................................................................................38
3.2.1 Planejamento estratégico do sistema de operações ................................................................39
4 PLANEJAMENTO DE PROCESSOS DE OPERAÇÕES ............................................................................42
4.1 Conceitos de capacidade agregada e desagregada de operação .....................................42
4.1.1 Planejamento e controle da capacidade .......................................................................................42
4.1.2 Teoria das filas .......................................................................................................................................... 51
4.2 Processos de manufatura e de serviços ......................................................................................56
4.3 Projeto de processo e projeto de produto ..................................................................................57
4.3.1 Projeto em gestão da produção........................................................................................................58
4.3.2 Projetos de produtos e serviços ........................................................................................................65
4.3.3 Vantagem competitiva do bom projeto ........................................................................................67
4.3.4 Benefícios dos projetos interativos ................................................................................................. 70
4.4 Arranjo físico e fluxo ...........................................................................................................................70
Unidade II
5 PRODUÇÃO ENXUTA E INDICADORES DE CONTROLE DE OPERAÇÕES ......................................86
5.1 Filosofia JIT e as ferramentas de apoio a filosofia enxuta ...................................................86
5.1.1 Ferramentas de apoio a filosofia enxuta .......................................................................................88
5.2 Principais indicadores de desempenho .......................................................................................92
5.2.1 Indicadores de operações ....................................................................................................................94
6 PLANEJAMENTO DE MACRO E MICROLOCALIZAÇÃO DE OPERAÇÕES ......................................97
6.1 Planejamento de localização ...........................................................................................................97
6.1.1 Fatores que afetam a localização das operações .....................................................................98
6.1.2 Métodos para a tomada de decisão da localização da operação .....................................102
6.2 Planejamento, programação e controle da produção .........................................................111
6.2.1 Planejamento e controle....................................................................................................................112
6.2.2 Planejamento do processo de produção .....................................................................................114
6.2.3 Equilíbrio entre suprimento e demanda ......................................................................................119
6.2.4 Atividades de planejamento e controle ...................................................................................... 123
6.2.5 Controle da produção ........................................................................................................................
127
6.2.6 Administração de estoques .............................................................................................................. 132
6.2.7 Logística e distribuição ..................................................................................................................... 140
Unidade III
7 EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO DA QUALIDADE .................................................................................145
7.1 A visão da qualidade, dos sistemas e dos melhoramentos ...............................................145
7.1.1 A abordagem tradicional de qualidade ....................................................................................... 145
7.1.2 Gestão pela qualidade total ............................................................................................................ 146
7.1.3 Certificação de qualidade ................................................................................................................. 148
7.1.4 Melhoramento da produção ........................................................................................................... 150
7.1.5 Escala dos nove pontos – priorização de melhorias.............................................................. 154
7.1.6 Abordagens de melhoramentos ..................................................................................................... 157
7.1.7 Técnicas de melhoramentos ............................................................................................................ 159
7.2 Prevenção e recuperação de falhas ............................................................................................162
7.2.1 Causas das falhas nos processos ................................................................................................... 162
7.3 Qualidade total ....................................................................................................................................165
8 QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ........................................................................................................168
8.1 Agenda brasileira para a indústria 4.0 .......................................................................................168
8.2 Tendências e novos desafios em operações ............................................................................172
8.2.1 Gestão da cadeia de valor ................................................................................................................ 172
8.2.2 Customização e produção flexíveis .............................................................................................. 176
7
APRESENTAÇÃO
Esta disciplina explora de maneira ampla as decisões estratégicas, táticas e operacionais envolvidas 
na gestão de operações (indústria, comércio e serviço). São tratadas as prioridades competitivas das 
organizações, o planejamento de processos de transformação, da capacidade e da localização. A 
abordagem enxuta de operações e seus respectivos indicadores de produtividade são investigados. 
É apresentada a evolução do pensamento da qualidade. Como caminho natural para aumentar 
a competitividade das operações por meio das tecnologias digitais, é estudada a Quarta Revolução 
Industrial (Indústria 4.0). Tendências e novos desafios em operações são discutidos frente aos aspectos 
regionais de atuação dos gestores.
Os objetivos gerais que se pretende atingir são contribuir para o desenvolvimento das competências 
requeridas dos alunos, conforme definidas no Projeto Pedagógico do Curso, em consonância com as 
Diretrizes Curriculares Nacionais relacionadas.
Os seus objetivos específicos consistem em desenvolver conhecimentos, de forma que os alunos, ao 
final do curso, possam saber as funções da administração de operações nas organizações, sua utilidade 
e os resultados dela esperados.
INTRODUÇÃO
No decorrer do livro-texto serão discutidos aspectos que permitirão o entendimento da gestão das 
operações produtivas em todas as suas dimensões, considerando-se as áreas industriais, prestação de 
serviços e comércio, dentro do contexto das operações locais, regionais, nacionais e internacionais.
No tópico inicial serão apresentados os principais conceitos de gestão de operações produtivas, 
suas aplicações nos diversos setores econômicos e a importância da função de produção dentro das 
organizações. O modelo geral de transformação aplicado nas operações será detalhado com todos 
os seus elementos básicos. Além do estudo da tipologia das operações produtivas, caracterizando as 
suas aplicações.
Depois, será apresentada uma macrovisão da evolução histórica das operações produtivas, a partir das 
primeiras invenções que viabilizaram o modelo de produção em grandes volumes, o desenvolvimento 
das teorias de gestão de operações e o aumento da complexidade das operações até os dias atuais. 
Serão discutidos os aspectos relacionados ao planejamento das operações nos níveis operacionais, 
tático e estratégico, bem como o planejamento de seus processos, considerando a sua capacidade 
agregada e o planejamento operacional e controle da capacidade no dia a dia. Para completar, essa 
abordagem será contemplada com uma visão geral da teoria das filas. No mesmo tópico, serão abordadas 
a elaboração e gestão dos projetos de processos produtivos e de produtos e serviços.
Na unidade seguinte, serão apresentadas as características da produção enxuta, a filosofia 
just in 
time
 e as suas ferramentas de apoio. Os indicadores de desempenho serão apresentados, detalhados e 
exemplificados, de modo a sugerir formas efetivas para a sua elaboração e implementação. Na sequência, 
8
os problemas de localização serão estudados por meio dos fatores que os afetam e os métodos para a 
solução dos problemas de localização das instalações.
Em seguida, serão discutidos os aspectos principais sobre o planejamento, programação e controle 
de produção (PPCP), com as questões de planejamento e controle da produção, visando equilíbrio entre 
o suprimento e a demanda, bem como o controle de produção e seus tipos, além da gestão dos estoques 
e suas principais ferramentas.
No próximo tópico, uma breve análise da evolução do pensamento da qualidade nas operações, a 
visão dos melhoramentos da qualidade dos processos e produtos, chegando-se à análise de prevenção 
e recuperação de falhas. Tudo para culminar nos estudos da 
total quality management 
(TQM) ou 
administração da qualidade total.
O próximo assunto será a implementação da Indústria 4.0, ou Quarta Revolução Industrial, no Brasil 
e no mundo. A abordagem será guiada pela análise da Agenda Brasileira para a Indústria 4.0, a ser 
detalhada no texto.
O texto será finalizado com a análise das tendências e novos desafios para a gestão de operações 
produtivas, como a gestão da cadeia de valor e a customização e a produção flexível.
9
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Unidade I
1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES INICIAIS SOBRE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Caros alunos, a analogia que se faz da organização como um organismo vivo auxilia e muito 
o entendimento do funcionamento de uma empresa. Em uma organização, nenhuma unidade organizacional 
pode ser entendida de forma isolada, pois o seu funcionamento é interligado, interdependente e integrado 
com as demais áreas da organização. 
No entanto, diversos estudos sobre a administração e as práticas administrativas, em função do 
desmembramento didático, apresentam o estudo de cada função organizacional de forma isolada 
do todo organizacional, o que passa a impressão de que o seu funcionamento é independente ou que 
existe uma independência e desligamento dessa unidade organizacional do seu todo. Existem alguns 
proveitos em apresentar as atividades inseridas em cada unidade, de forma completa e detalhada. 
O entendimento correto das áreas funcionais de
uma organização é de modo integrado e sistêmico, 
da forma como elas funcionam na realidade. Ao analisarmos os detalhes de seu funcionamento, cabe 
um acompanhamento e verificação dos seus impactos nas demais áreas, bem como a origem dos 
reflexos sofridos nessa área, que têm origem em outras áreas internas ou mesmo do ambiente externo 
da organização. 
Adentrando no estudo da administração de operações produtivas, o mesmo modelo deve ser adotado. 
No estudo dessa área de conhecimentos, foca-se no denominado “chão de fábrica”, ou melhor, o espaço 
operacional, em que os bens serão transformados por meio da utilização das ferramentas, processos 
e recursos produtivos disponibilizados pela gestão. Uma ênfase menor era destinada aos processos de 
produção e engenharia de produto, o que foi modificado, a partir dos estudos do modelo japonês, 
iniciado na década de 1970, quando do surgimento bombástico de produtos japoneses no mercado 
ocidental, com alta tecnologia, durabilidade e custos relativamente baixos. Esse fenômeno assombrou 
o pensamento de gestão tradicional ocidental e suscitou o deslocamento de empresários ao oriente, 
com a finalidade de estudar e entender as causas do estrondoso sucesso das operações no denominado 
modelo japonês de gestão.
 Lembrete
Um modelo conceitual consiste numa imagem concebida de forma 
simplificada que representa uma realidade com seus objetos, características e 
comportamentos. Nessa imagem são incorporadas apenas as características 
mais importantes e essenciais para descrever o objeto de estudo.
10
Unidade I
O enfoque nos serviços passou a ser mais valorizado e destacado, surgindo uma abordagem da gestão 
de operações produtivas que não se limitava apenas ao chão de fábrica das organizações de manufatura e 
se expandiu para todos os tipos de operações que transformavam insumos em produtos ou serviços, como 
as fábricas, hotéis, hospitais, organizações comerciais de varejo e de prestação de serviços em geral.
Então os estudos de gestão de operações produtivas ganharam outra dimensão, muito mais 
abrangente e mais próxima da realidade das organizações atuais e dos diversos mercados em que elas 
atuam. De acordo com Slacks 
et al.
 (2009), essa função está presente de diversas formas em diferentes 
tipos de organizações, realizando atividades importantes para o desenvolvimento econômico, social e 
financeiro, em prol da geração de diversos produtos e serviços. 
As definições que serão estudadas neste livro-texto compreendem o entendimento da função 
organizacional, estendida para as interações com as demais unidades organizacionais e seus reflexos e 
impactos de forma ampliada e abrangente, como acontece com um dos órgãos em funcionamento em 
um organismo vivo.
Os 
exemplos 
práticos 
dessas 
interações 
da 
função 
de 
produção 
com 
as 
demais 
funções 
organizacionais podem ser encontrados em notícias de jornais e revistas sobre negócios e empresas, 
bem como na observação dos negócios em funcionamento, com os quais nos deparamos, no dia a dia, 
nas nossas rotinas e trabalho e de lazer. Os exemplos estão nas empresas que nos prestam serviços, nos 
hipermercados, farmácias, 
shopping centers
, bancos e restaurantes, entre outros estabelecimentos, com 
os quais convivemos cotidianamente.
Para um melhor aproveitamento da observação das operações que nos cercam, cabe questionar:
•
 como essa organização funciona e transforma os insumos nos seus produtos ou serviços oferecidos;
• como essa organização busca a competitividade e o enfrentamento dos seus concorrentes, 
ou como procura satisfazer aos seus clientes;
• como a operação produtiva contribui para a eficácia dessa organização.
Para o entendimento da função de produção em organizações manufatureiras, que produzem 
produtos tangíveis, bem como as organizações de comércio e serviços, faz-se necessária a identificação 
dos objetivos das operações, que são os alvos em que se esforçarão em alcançar. Visam a atingir os seus 
objetivos, que são voltados para o atendimento das expectativas dos clientes e consumidores finais, bem 
como para as contribuições das operações produtivas com esse intuito.
1.1 Conceito de operações produtivas: indústria, comércio e serviço
Segundo Sobral e Peci (2013), o cerne de qualquer negócio é a gestão das operações, uma das 
atividades-fim e tradicionais das empresas. Responsável pela transformação dos recursos (humanos, 
materiais e tecnológicos) de entrada, nos produtos, serviços e informações de saída, visando o 
atendimento das necessidades dos clientes da organização. A capacidade de gestão das operações 
11
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
obtém um melhor nível de eficiência e eficácia em prol dos seus clientes, com vistas à consecução, em 
um grau maior, dos objetivos e estratégias e, consequentemente, o aumento consistente e sustentável 
das vantagens competitivas do negócio. 
Para uma boa administração das operações, os gestores precisam assumir a responsabilidade por 
decisões, de simples a muito complexas, envolvendo os projetos e o desenvolvimento de produtos 
e de processos produtivos equivalentes, o planejamento, orçamento e a implantação da capacidade 
produtiva, as soluções dos problemas de localização das instalações operacionais e produtivas, bem 
como as opções quanto aos processos produtivos e os 
layouts
 e arranjos físicos. Considerando uma 
maior complexidade e ineditismo de análises e decisões sobre a gestão da cadeia de suprimentos
 
– 
supply chain –
, desenvolvimento e implementação do sistema 
just in time 
(JIT), assim como novos 
métodos e tecnologias para a viabilização das operações produtivas da organização.
A partir desse ponto, serão analisadas e discutidas as atividades relacionadas com o planejamento e 
desenvolvimento do sistema de operações tradicional, considerando a tecnicidade das decisões e escolhas 
técnicas, apresentando-se as decisões mais importantes dos gestores, bem como o Planejamento e 
Controle da Produção (PCP), gestão de estoques, gestão logística de entrada e de saída. A qualidade 
de sua evolução e gestão será abordada como uma das funções da gestão de operações, considerando 
a sua importância estratégica e de cunho competitivo para a empresa. Avançando, deve-se tratar das 
novas tendências da gestão das operações, em função das novas necessidades do mercado, o avanço 
tecnológico e as inovações nos produtos e serviços oferecidos.
Conforme Sobral e Peci (2013), o caso da Toyota suscita muitas análise e discussões, no intuito do 
entendimento do seu modelo de gestão de operações produtiva.
O sistema Toyota de produção foi revolucionário, a partir de seu desenvolvimento no Japão, até o 
seu retumbante sucesso em meados do século XX. O sistema gerou uma modificação de paradigmas nos 
sistemas produtivos ocidentais e uma corrida por reformulações de conceitos e métodos na indústria 
mundial. Tudo começou durante o difícil recomeço da economia e indústria japonesas no período 
pós-guerra. O Japão perdeu a guerra, rendeu-se e teve sua infraestrutura industrial praticamente 
destruída pelo conflito bélico mundial.
Figura 1 
Fonte: Sobral e Peci (2013, p. 420).
12
Unidade I
Nesse cenário agonizante, a Toyota Motors, fabricante japonesa de automóveis, desenvolveu um 
novo sistema de gestão de operações produtivas e se apresentou com uma alternativa mais eficaz e 
eficiente entre os sistemas de produção existentes na época. 
O modelo que inspirou o movimento denominado de Toyotismo se baseia nos conceitos que geram 
uma cadeia de suprimentos enxuta, adaptativa e focada na terceirização, visando à eliminação dos 
estoques de matérias-primas, intermediários e de produtos, rapidez e diminuição dos tempos de ciclos
das operações, bem como a busca constante pela eliminação de falhas e simplicidade nos seus processos. 
Muitas empresas ocidentais adotaram e adaptaram seus sistemas de gestão a esse modelo oriental, tais 
como Boeing, Microsoft, entre outras, consideradas como referência mundial de excelência em gestão e 
em resultados operacionais, no mundo.
O sistema de produção da Toyota se apoia em pilares muito conhecidos das empresas ocidentais e 
das pesquisas acadêmicas, tais como:
• a filosofia de produção enxuta;
• desenvolvimento e aplicação do sistema 
just in time 
 de planejamento e controle da produção;
• elaboração, gestão e monitoramento da sua rede de parceiros terceirizados;
• método que prima pela flexibilidade no chão de fábrica, por meio autonomia de decisão e liberdade 
criativa dos colaboradores;
• o controle simultâneo das operações;
• rapidez no desenvolvimento, assimilação e incorporação nos processos e produtos das novas 
tecnologias;
• proximidade e conhecimento consistente e atualizado dos anseios e necessidades dos seus clientes.
A falta de tudo, recursos, espaço e disponibilidade técnica, durante o difícil período pós-guerra fez com 
que a Toyota desenvolvesse uma logística aprimorada e mais eficiente, visando ao bom funcionamento do 
sistema, sem a necessidade de grandes estoques e com uma excelente qualificação e relacionamento com os 
seus parceiros fornecedores. Como não existe um estoque de peças e componentes, a Toyota precisou 
desenvolver um sistema de abastecimento próximo e rápido com os fornecedores que fazem parte 
da sua rede de empresas, evitando, assim, o comprometimento do funcionamento de sua operação 
produtiva. Com esse sistema, a Toyota Motors obteve, ao longo de cada ano, uma economia de recursos 
financeiros da ordem de 100 milhões de dólares, como fruto do desempenho e funcionamento de seu 
sistema de logística inteligente.
Os produtos da Toyota, veículos automotores, atingiram patamares de vantagens surpreendentes 
diante dos produtos dos seus maiores concorrentes, como a Ford e a General Motors, em que a qualidade, 
13
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
consistência e funcionamento dos veículos demonstram resultados 40% melhores com menos problemas 
e necessidades de manutenção em comparação com os produtos norte-americanos.
A rapidez e a redução do ciclo de desenvolvimento de produtos da Toyota são outra marca vantajosa 
em relação aos seus concorrentes. Enquanto a Toyota desenvolve e lança uma nova linha de veículos em 
um ano, as companhias rivais podem levar até três anos para cumprir a mesma etapa de desenvolvimento. 
Porém, tudo fica muito evidente na corrida pelo aumento de produtividade das empresas concorrentes. 
A Toyota conseguiu aumentar o seu índice de produtividade em 700% entre as décadas de 1960 e 1990, 
enquanto as empresas norte-americanas citadas aumentaram a sua produtividade em apenas 250%.
 Saiba mais
Leia mais sobre o Sistema Toyota de Produção:
GHINATO, P. Sistema Toyota de produção: mais do que simplesmente 
just-in-time. 
Scielo
, [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/3zRapmJ. Acesso em: 
30 set. 2021.
1.2 Função operação dentro da organização
Segundo Sobral e Peci (2013), a área funcional fim de produção tem uma importância central para 
os resultados globais da organização. O processo de transformação de insumos em produtos e serviços 
é desenvolvido, atualizado e mantido em funcionamento nessa área. Assim, como nas demais áreas 
da empresa, faz-se necessário um alinhamento constante dos objetivos da área de operações com os 
objetivos globais da organização.
Como foi analisado no caso da Toyota Motors, é muito importante e diferenciadora a excelência nos 
objetivos básicos das operações, tais como qualidade, custos, rapidez, flexibilidade e confiabilidade, que 
promove a operação a patamares inigualáveis diante da concorrência. A liberdade criativa, a autonomia 
de decisão para os colaboradores, além de uma cultura inovadora e de melhoria contínua da qualidade, 
apoiados pela filosofia 
just in time
, uma operação enxuta e uma eficiente cadeia de suprimentos foram 
imprescindíveis para os resultados alcançados.
Como uma definição de gestão de operações, pode-se afirmar que ela consiste na área de 
conhecimentos de administração que cuida do planejamento, programação e controle do processo
 
produtivo, responsável em processar os recursos de entrada, com a finalidade de geração dos produtos, 
serviços e informação que satisfarão as necessidades dos clientes. Esse processo utiliza das aquisições 
de recursos transformadores (pessoas, equipamentos e instalações), dos recursos a serem transformados 
(matéria-prima, insumos, componentes e tecnologia) visando à produção de produtos e serviços de 
acordo com as especificações dos clientes.
14
Unidade I
O processo de transformação deve funcionar dentro de parâmetros rígidos de eficiência, eficácia e 
flexibilidade. Cabe ao gestor de operações azeitar o funcionamento do processo, de forma a entregar o 
melhor resultado ao mercado. Esse gestor será denominado de várias formas, dependendo do tipo de 
operação onde ele atua:
• na indústria – gerente de produção ou de operações;
• no varejo, na loja – gerente de loja;
• em hospital – gerente administrativo;
• em hipermercado – gerente de loja.
Suas competências como gestor abrangem a elaboração estratégica da operação de forma alinhada 
com os objetivos globais da organização. Decidirá sobre a localização da planta fabril ou do ponto 
comercial, níveis de capacidade produtiva, arranjo físico das instalações, desenvolvimento de produtos 
e serviços novos, processos produtivos, planejamento e controle da produção, definição dos níveis de 
estoques, entre outros tipos de decisão. As atividades de planejamento, programação e controle 
 
de produção (PPCP) irão ocupar o maior espaço de atuação dos gestores de operações, porém sem 
deixar de fazer prevalecer a sua visão sistêmica da organização, o que exige que ele se dedique ao PCP, 
mas sem perder de vista ou deixar de atuar nas demais atividades técnicas e administrativas.
A gestão de operações deve ser completa, pois de nada adiantará um bom planejamento e controle 
da produção se não houver uma atuação na organização e controle dos recursos de entrada, bem como 
a atuação na liderança da equipe, considerando o comando, motivação e desenvolvimento da equipe de 
trabalho, que se apresenta como um grande foco de problemas e empecilhos para o cumprimento das 
atividades e o alcance dos objetivos e metas planejados. Uma das grandes dificuldades competitivas das 
concorrentes norte-americanas em relação à Toyota Motors está na cultura, valores, comprometimento 
e nível de motivação dos colaboradores da empresa.
1.2.1 Administração das operações produtivas – objetivos e estratégias
A gestão de operações produtivas precisa ser compreendida como a forma que as empresas fazem 
para a organização e administração dos processos que transformam os insumos e geram os produtos a 
serem oferecidos ao mercado. Os resultados vão desde as refeições nos restaurantes até roupas, revistas 
e livros, chegando aos automóveis, aeronaves e aparelhos eletroeletrônicos, bem como serviços de 
hospedagem nos hotéis e atendimentos clínicos em hospitais.
Todos esses resultados são fruto de um processamento de recursos e materiais, tanto os bens e 
produtos como os serviços que são prestados, a partir de processamento de insumos, por meio de 
pessoas, máquinas e equipamentos, por alguma organização que explore esse ramo de negócio.
Serão utilizados recursos de entrada, que serão transformados pelos recursos de transformação 
(equipamentos, máquinas e instalações), que compõem o processo produtivo, gerando as saídas, 
15
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
compostas por produtos, serviços e
informações a serem entregues aos clientes da operação. Esses 
clientes serão atendidos no âmbito local, regional, nacional ou global.
O responsável por essa transformação recebe diversas denominações, como gerente de operações, 
administrador da produção, entre outras. 
A área de operações produtivas faz parte do tripé de funções centrais da organização, conforme 
consta na próxima figura.
Marketing
Finanças
Produção
Figura 2 
 Lembrete
Objetivos consistem nos alvos estabelecidos para serem alcançados 
por meio das ações planejadas. Estratégias são os caminhos de ações e 
atividades planejados para o alcance dos objetivos.
A função de 
marketing
 cumpre a função mercadológica da operação, responsabilizando-se pela 
comunicação com o mercado e seus agentes. Pesquisa o mercado, elabora e desenvolve os produtos 
com as características e funcionalidades desejadas pelos clientes potenciais. Define a política de preços, 
prazos de pagamento e demais condições de negociação comercial. Divulga e promove os produtos 
e marcas da organização, fazendo-os conhecidos e desejados pelos segmentos de mercado que se 
pretende abranger. Realiza a distribuição física dos produtos por meio da comercialização e definição de 
pontos e formas de vendas dos produtos e serviços.
A função de finanças se incumbe das análises e decisões econômico-financeiras da organização. 
Administra os recursos por meio do planejamento e equilíbrio do fluxo de caixa. Preocupa-se com o 
financiamento das operações da empresa por meio de captação e aplicação de recursos próprios e, na 
falta deles, com recursos de terceiros. Cuida da aplicação e multiplicação das sobras de caixa, de forma 
a otimizar os recursos financeiros da operação.
A função de produção fica responsável, de forma geral, pelas atividades de manufatura ou geração 
dos serviços prestados, as atividades de manutenção e conservação dos equipamentos e máquinas, 
disponibilizadas nas instalações fabris ou operacionais do negócio. Uma outra atividade dessa função é 
a qualidade dos processos, produtos e serviços prestados pela organização.
16
Unidade I
As outras funções organizacionais cumprem papéis fundamentais para o suporte ao funcionamento 
das operações da organização, de forma integrada e interdependente.
A função de pesquisa e desenvolvimento se encarrega da execução de pesquisas e desenvolvimento 
técnico dos novos produtos e serviços, de acordo com os novos desejos e expectativas do mercado e, 
especificamente, de seus clientes.
A função recursos humanos providencia a disponibilidade de colaboradores e mão de obra 
especializada de acordo com as necessidades de todas as áreas funcionais da organização, executando os 
processos de recrutamento e seleção, bem como o de treinamento e integração dos novos colaboradores 
na organização. Além de exercer atividades que promovam o bem-estar e a qualidade de vida de todos 
os colaboradores da organização.
1.2.2 Importância da administração da produção
De acordo com Sobral e Peci (2013), a administração de operações produtivas tem uma importância 
fundamental para as operações que sejam industriais, comerciais ou de prestação de serviços. As razões 
que reforçam essa primazia em contribuição para as organizações são o fato de todas as empresas ou 
organizações realizarem um trabalho e produzirem resultados a serem entregues aos seus clientes
 
ou usuários. Logo, em todas as organizações, a gestão do processo de transformação é necessária 
para o planejamento, organização e controle das atividades necessárias para a realização do trabalho. 
Os trabalhos serão responsáveis por gerar os atendimentos e serviços nas operações de prestadoras de 
serviços, bem como os produtos físicos, como os eletroeletrônicos, automóveis, entre outros bens, a 
serem produzidos na indústria.
Na sequência, considera-se a transversalidade da gestão das operações produtivas, atividade-fim 
das organizações que funciona de forma interdependente e integrada com as demais áreas funcionais da 
organização, conforme se observa na próxima figura. A atividade e decisões das demais áreas afetam
 e são 
diretamente afetadas pelas decisões da área produtiva. A área comercial necessita de informações sobre 
a disponibilidade de capacidade de produção para decidir sobre as suas possibilidades de atendimento 
das demandas do mercado e elaborar a previsão de vendas que servirá de ponto de partida para o 
planejamento e controle da produção. A área financeira promoverá o acompanhamento e controle 
dos custos de produção, bem como se encarregará de oferecer as condições de investimentos em 
instalações, que são solicitadas pela produção. Com a área de recursos, existe uma intensa interação, 
quando de eventuais contratações e desligamentos de funcionários da área de produção, bem como 
durante os acompanhamentos dos indicadores de produtividade, que definirão as ações necessárias de 
melhorias, por meio de levantamento de necessidades e desenvolvimento de programas de treinamentos 
de colaboradores e gestores. Observa-se uma interação com a área de pesquisa e desenvolvimento de 
produtos (P
&
D), em que o trabalho de pesquisa e geração de novos produtos será feito em conjunto 
com a área técnica de produção, que desenvolverá em paralelo o projeto de processos, que são 
imprescindíveis para as definições de possibilidades e de escopo para o desenvolvimento dos novos 
produtos da organização. Por último, a área de suprimentos, que é a mais próxima da área de produção, 
na integração dos processos do dia a dia. Na área de suprimentos, são definidas as necessidades de 
materiais para o abastecimento da produção, bem como do relacionamento com os fornecedores para a 
17
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
aquisição dos insumos, de acordo com as especificações necessárias. Ainda em suprimentos, é realizada 
a recepção, conferência e estocagem dos materiais adquiridos. Então se procede a gestão dos estoques 
e movimentação de materiais para o abastecimento da produção na quantidade, especificação e prazo 
necessários para o bom funcionamento das operações.
Administração 
de operações
Marketing 
e vendas
Pesquisa e 
desenvolvimento
Recursos 
humanos
Contabilidade e 
finanças
Suprimentos
Figura 3 
Fonte: Sobral e Peci (2013, p. 410).
O último, mas não menos importante, é o papel estratégico da área de operações produtivas, junto 
ao desempenho da organização como um todo, no que tange aos seus objetivos estratégicos, bem 
como na sua competitividade. Quando existe um aumento da produtividade nas operações de produção, 
aliadas a um aumento de eficiência, eficácia e qualidade, aumenta-se a agregação de valor para os 
produtos e serviços ao cliente, fidelizando e ampliando a participação da organização no mercado.
Hoje, a competitividade ganha uma importância muito grande para as empresas, devido ao alto grau 
de rivalidade em todos os tipos de mercados e de operações existentes. Com os ganhos de produtividade 
e competitividade de empresas de todos os setores econômicos, aumenta-se a competitividade do 
país diante do mercado globalizado, onde as transações de fornecimento e de comercialização são 
realizadas com agentes do mundo inteiro. Aquela organização que oferecer as melhores condições 
de prazo, confiabilidade, preço, qualidade e sustentabilidade para as operações fechará o contrato, 
independentemente do local do planeta onde se localiza a sua operação.
A produtividade torna possível o aumento das taxas de desenvolvimento e crescimento, sem 
necessidade de mais investimentos. Esse tipo de crescimento pode se tornar exponencial, possibilitando 
melhores salários para os trabalhadores e maior rentabilidade
para as empresas. O crescimento das 
empresas ocidentais no início do século XX, bem como o desenvolvimento das empresas japonesas nas 
décadas de 1970 e 1980, em grande parte se deve ao aumento de produtividade, de forma sustentável, 
das empresas.
18
Unidade I
1.3 Modelo de transformação 
Segundo Slacks 
et al.
 (2009), conforme se observa a seguir, o entendimento das operações 
produtivas passa pela compreensão da sua relação com os objetivos e estratégias da organização e 
os objetivos da própria área, em contribuição com os ditames organizacionais, seus objetivos e 
posicionamentos de mercado.
Objetivos 
estratégicos da 
produção
Estratégia 
de produção
Projeto
Melhoria
Planejamento 
e controle
Papel e 
posição competitiva 
da produção
Input
Recursos a serem 
transformados
- materiais
- informações
- consumidores
Input
Recursos de 
transformação
- instalações
- pessoal
Bens
e/ou
serviços
Input
output
Ambiente
Ambiente
Processo de transformação
Processo de transformação
Figura 4 – Modelo geral da administração da produção 
Adaptada de: Slacks 
et al.
 (2009).
O modelo apresentado na figura anterior demonstra o funcionamento proposto para a área de 
produção das organizações, em que são apresentados os recursos humanos, materiais e tecnológicos 
que entram (
inputs
) na organização e são transformados (recursos a serem transformados) em produtos 
e serviços, com a utilização dos denominados recursos de transformação, geram as saídas (
outputs
) do 
processo de transformação, que são entregues aos clientes.
Entradas (
inputs
)
São divididas em dois tipos de recursos: recursos a serem transformados e recursos transformadores.
Os recursos a serem transformados são os insumos, como matérias-primas, componentes, partes 
e peças que serão processados com agregação de valores para transformá-los nos produtos e serviços 
prometidos para os clientes da operação. Os exemplos de recursos de entrada a serem transformados, 
dependendo da operação, são: materiais compostos por madeira, metais, ferro, minérios e vegetais. 
Podem ser informações a serem processadas e entregues aos clientes, como informações bancárias, 
contábeis, econômicas em pesquisas e estatísticas e notícias jornalísticas, por exemplo. As entradas 
podem ser constituídas por pessoas ou pelos próprios consumidores, como no caso das operações de 
salões de beleza, academias de ginástica, atendimento hospitalar e clínicas de cirurgias estéticas, ou 
mesmo mudança de localização, como em transporte terrestre, aquaviário e aéreo.
19
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Existem os recursos de transformação, que são aplicados para processar os insumos e tratá-los 
devidamente, de forma a transformá-los em produtos. Constam como instalações físicas como prédios, 
instalações elétricas e hidráulicas, bem como as máquinas, equipamentos e colaboradores que serão 
aplicados para a realização do trabalho necessário para a agregação de valor e geração dos produtos e 
serviços programados. 
Processo de transformação
Trata-se da operação produtiva e seus processos, que serão executados por meio dos métodos de 
trabalho planejados e das instalações fabris, suportados pelos equipamentos, máquinas, colaboradores e 
gestores do sistema produtivo. As atividades produtivas serão executadas conforme o projeto de produto
 
e de processo, que foram planejados para a geração dos produtos e serviços em conformidade com 
as 
especificações para atendimento das necessidades dos clientes finais.
Os processos de transformações devem atender as características e a natureza da transformação 
especificada para a operação:
• Processamento de materiais: modelagem e preparação de componentes.
• Transformação e montagem de produtos: produção de produtos, as operações de manufatura.
• Mudança de localização: operações de transportes de cargas e de passageiros.
• Mudança de posse: operações de comércio no atacado ou no varejo.
• 
Guarda e armazenagem: operações de gestão de armazéns e aluguel de espaços para armazenamento
 
de produtos e mercadorias.
• Processamento de informações: centros de pesquisa, operações jornalísticas e de entretenimento.
• Transformação das propriedades da informação: operações contábeis.
• Posse de informações: operações de pesquisa de mercado e consultorias especializadas.
• 
Estoque e armazenagem de informações: operações de bibliotecas e arquivos públicos de
 
documentos.
• Transporte de informações: operações ligadas à telecomunicação e às redes da internet.
• Processamento de consumidores: institutos de beleza e cabeleireiros, bem como centros de estética.
• Mudança de propriedades físicas do consumidor: operações de cirurgias plásticas, clínicas e 
de reparação.
20
Unidade I
• Acomodação e hospedagem: operações hoteleiras e similares.
• Mudança do estado fisiológico dos consumidores: operações hospitalares.
• Mudança do estado psicológico dos consumidores: clínicas psicológicas e psiquiátricas, operações 
de entretenimento como música, teatro, televisão, rádio e parques de diversão.
Saídas (
outputs
)
As saídas do processo de transformação são diferentes, em função do tipo de negócio que se está 
atuando. O processo vai produzir informações, produtos e serviços em proporções de 0 a 100%, conforme 
certas características dos resultados gerados. O nível de proporção de produtos produzidos ou serviços 
prestados dependerão da análise da sua composição em relação a certas características:
 Observação
Um sistema consiste em um conjunto de elementos alinhados para 
o alcance de objetivos comuns, de forma interligada, interdependente e 
integrada, que transformam insumos de entrada – materiais, humanos 
e 
tecnológicos 
– 
em 
produtos, 
serviços 
e 
informações, 
previamente 
estabelecidos, 
para 
o 
atendimento 
de 
necessidades 
e 
expectativas 
de seus clientes.
• Tangibilidade: consiste na qualidade de materialidade e consistência física. Mais aplicável a bens 
e produtos físicos produzidos e entregues aos clientes. Quanto mais tangíveis forem os resultados 
entregues, maior é a característica de bens e produtos físicos que eles possuem.
• Estocabilidade: representada pela característica do resultado em ser armazenado e guardado 
para um uso posterior e mais oportuno. Os serviços, por serem mais intangíveis, não se prestam a 
serem armazenados.
• Transportabilidade: condição de transportável, que possa ser locomovido de uma localidade a 
outra para entrega ou utilização. Apesar da possibilidade de transportar instalações necessárias 
para a prestação de serviços, como no caso de serviços móveis ou em domicílio, os resultados da 
operação, que podem ser transportados e entregues em outra localidade são mais adequados aos 
produtos físicos.
• Simultaneidade: consiste nas diferenças de tempo entre a produção do resultado e do seu 
consumo pelo cliente final. Os bens físicos têm uma característica evidente, de serem produzidos, 
inspecionados e embalados em um momento, e adquiridos e consumidos em outro momento, 
muitas vezes em tempos bem distantes. Quanto aos serviços, acontece o contrário, em geral 
são realizados e consumidos pelo cliente final simultaneamente. Como exemplos, pode-se citar 
21
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
os serviços odontológicos, que são realizados na boca do paciente, obrigando a sua presença e 
consumo, simultâneos a sua realização. 
• Contato e proximidade com o consumidor: nos mesmos moldes da simultaneidade, os 
processos produtivos de bens e produtos são realizados em instalações fabris e em localidades 
operacionais com instalações especiais, que ficam distantes do consumidor final dos produtos, por 
exemplo:
fabricação de eletrodomésticos, automóveis e outros produtos. Já os serviços prestados 
são elaborados e realizados na presença ou proximidade dos clientes finais, como a reforma ou 
pintura de uma residência, a instalação ou conserto de um aparelho doméstico ou a limpeza 
de uma casa. 
• Qualidade: verifica-se que no caso de bens e produtos físicos, a qualidade será verificada pelos 
consumidores em um momento 
a posteriori
 da sua manufatura, após a sua aquisição na prateleira 
de uma loja e a sua experimentação de funcionamento. Os serviços prestados, porém, terão a sua 
qualidade verificada desde a contratação, preparação e execução. Tudo será avaliado pelo cliente, 
o que será feito, a forma como é executado, o profissional que executará e os resultados parciais 
e final apresentados.
1.4 Tipologia das operações de produção
 
Segundo Slacks 
et al.
 (2009), as características das operações produtivas são diferentes, considerando
 
quatro aspectos e tipos de resultados:
• volume das saídas;
• variedade;
• variação da demanda;
• visibilidade da operação.
Volume das saídas
O planejamento e elaboração das instalações e modo de funcionamento das operações dependem dos
 
volumes de saídas de produtos que se pretende atender. Os volumes podem atingir níveis considerados 
de alto volume e de baixo volume, para facilitar a caracterização. Esse dimensionamento deve considerar 
a quantidade de unidades produzidas, o número de clientes atendidos e beneficiados, entre outras 
demandas atendidas. Essa caracterização gerará diferentes formas e soluções para o planejamento e 
execução do processo de produção, a saber:
22
Unidade I
Quadro 1 
Volume alto
Volume baixo
Grau elevado de repetição das tarefas
Grau baixo de repetição das tarefas
Alto nível de especialização do trabalho
Maior participação dos colaboradores
Intensa sistematização
Sistematização branda
Operação capital intensiva
Operação mão de obra intensiva
Baixos custos unitários
Custos unitários mais elevados
Variedade dos produtos
As operações oferecerão maior ou menor grau de variedade dos seus produtos ou serviços, 
dependendo do tipo de negócio e clientes que se pretende atender.
Quadro 2 
Alta variedade de produtos
Baixa variedade de produtos
Produção flexível
Produção bem específica e padronizada
Oferecimento de ampla gama de variedades
Oferecimento de produtos básicos e uniformes
Voltada a atender as necessidades dos clientes
Produção constante e regular
Alto custo unitário
Baixo custo unitário
Variação da demanda
Essa característica tem a ver com as variações de procura do produto no mercado, ou seja, o 
aumento ou diminuição das intenções de compra do produto pelos consumidores finais.
Quadro 3 
Alta variação
Baixa variação
Manutenção de uma capacidade de produção flexível 
e adaptável
Capacidade de produção constante, estável e previsível
Produção antecipada 
Produção rotineira
Alta flexibilidade na operação
Produção programada e fixa
Produção ajustável à demanda
Capacidade altamente utilizada
Alto custo unitário
Baixo custo unitário
Visibilidade da operação
Em função da transparência e acesso do consumidor aos procedimentos de produção, em 
tempo real, o consumidor pode avaliar o 
modus operandi
 dos processos e comportamento dos 
colaboradores durante a execução dos processos produtivos.
23
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Quadro 4 
Alta visibilidade
Baixa visibilidade
Baixa tolerância de espera pelo cliente
Intervalo de tempo entre a produção e o consumo dos produtos
Nível de satisfação do cliente, definida pela percepção 
durante todo o processo
Permite a padronização dos produtos e resultados
Exigência de desenvolvimento de habilidades de todos 
no trato com os clientes
Não há necessidade de desenvolvimento de habilidades no trato 
com clientes, não por todos os colaboradores
Compartilhamento do tempo de execução com o 
tempo de atendimento dos clientes
Alto aproveitamento e utilização dos colaboradores
Alta variedade nos produtos e serviços oferecidos
Permite a padronização dos produtos e serviços entregues
Alto custo unitário
Baixo custo unitário
1.5 Visão sistêmica da operação produtiva
Partindo da visão até agora apresentada e discutida da organização como um processo de 
transformação de insumos em produtos e serviços para o atendimento das necessidades dos seus 
clientes, suscita uma ampliação dessa visão por meio de uma visão sistêmica da organização. Segundo 
Sobral e Peci (2013), essa visão holística auxilia no entendimento de todos os elementos envolvidos, 
conforme o apresentado na próxima figura.
Administração 
estratégica de 
operações
Administração 
de operações
Produtos e 
instalações
Insumos
- Pessoas
- Tecnologia
- Capital
- Equipamentos
- Materiais
- Informações
- 
Design
- Capacidade
- Localização
- 
Layout
Resultados
Processos 
de produção
Controle
- Planejamento 
de produção
- Organização 
de trabalho
- Administração 
de estoques
- Qualidade
- Custo
- Produtividade
- Produtos
- Serviços
Feedback
Feedback
Processo de transformação
Figura 5 – Visão sistêmica do sistema de operações
Adaptada de: Sobral e Peci (2013)
24
Unidade I
Pode-se destacar os elementos componentes do sistema de operações, tais como os insumos de 
entrada, o processo de transformação e as saídas ou resultados do sistema. Outros elementos importantes 
são os controles, avaliação e o processo de 
feedback
.
Os insumos de entrada consistem nos recursos materiais, humanos e tecnológicos que são adquiridos 
ou contratados no ambiente externo e entram no sistema para fazê-lo funcionar. Os recursos de entrada 
são classificados em duas categorias: recursos transformadores e recursos a serem transformados. Os 
recursos transformadores são as máquinas, equipamentos, instalações e os colaboradores e profissionais 
contratados, que serão aplicados na transformação dos insumos nos produtos e serviços do sistema. 
Os recursos a serem transformados correspondem à matéria-prima, componentes, partes, peças e 
insumos gerais, que serão processados e transformados em produtos a serem entregues aos clientes.
Um exemplo pode ser o de uma clínica médica em que os pacientes são processados, tratados e 
transformados, pois quando procuram os serviços da clínica, independentemente das especialidades 
médicas, apresentam queixas de algum problema de saúde. Os médicos e demais profissionais de saúde 
atendem os pacientes, tomam ciência dos problemas e tomarão os procedimentos necessários para o 
entendimento e descoberta das causas das anomalias apresentadas, farão o diagnóstico e iniciarão 
o tratamento necessário para o reestabelecimento da saúde dos pacientes. Os pacientes entram com 
problemas de saúde, são diagnosticados e tratados e saem mais saudáveis da clínica.
Quanto aos recursos de transformação, serão utilizados para o processamento dos recursos de 
entrada para transformá-los em produtos e serviços previamente estabelecidos. Existem organizações 
em que os recursos humanos são os mais utilizados nos processos de transformação, tais como empresas 
de consultoria, de auditorias, escolas. Outras são mais intensivas na utilização de equipamentos, como 
as indústrias de automóveis e farmacêuticas. Hoje, indústrias que eram mão de obra intensivas estão 
estabelecendo um equilíbrio entre os recursos transformadores, como a indústria da construção e 
do vestuário.
As transformações podem ser realizadas das mais diversas formas, como a alteração das propriedades 
dos materiais, fisicamente falando, quando se trata de indústrias de manufatura. Pode ser alterada a sua 
localização, como na indústria de transportes,
via empresas transportadoras de carga de passageiros. 
Outra forma de alteração dos materiais ocorre por meio da guarda e estocagem, como acontece nos 
grandes armazéns e hotéis (hospedagem de pessoas). Existem, também, as operações de transformações 
de informações, como as empresas de contabilidade, as transformações de posse das informações e 
conhecimentos, como as empresas de pesquisa de mercado e as escolas tradicionais e de cursos técnicos. 
As informações também podem ser transportadas, como acontece nas empresas de telecomunicações. 
Outras empresas armazenam as informações, como os banco de dados públicos, bibliotecas, cartórios e 
arquivos oficiais.
Os consumidores podem ser processados e transformados, como ocorre em empresas de transporte 
coletivo, viagens e turismo que modificam as suas localizações. Os consumidores podem ter o seu estado 
físico alterado, como ocorre nas empresas de tratamento de beleza, academias, clínicas e hospitais. 
Outra possibilidade de alteração é do estado mental, como em clínicas psiquiátricas.
25
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
As saídas dos processos de transformação serão os produtos, serviços e informações gerados pelas 
organizações. As saídas podem se constituir por produtos que terão diferenças características quanto 
a sua tangibilidade, estocabilidade, transportabilidade e qualidade. O quadro a seguir apresenta um 
modelo conceitual de diversos sistemas de operações de organizações.
Quadro 5 
Organização
Insumos
Processo de 
transformação
Saídas
Companhia 
aérea
Aeronave
Pilotos e equipe de bordo
Equipe de terra
Passageiros e cargas
Movimentação de 
passageiros e cargas
Passageiros e cargas 
transportados
Clínica 
odontológica
Cirurgiões dentistas
Equipamento dentário
Enfermeiras
Pacientes
Exame e tratamento 
dentário
Pacientes com dentes e 
gengivas saudáveis
Fabricante de 
automóveis
Peças e pneus
Trabalhadores fabris
Equipamentos de montagem
Tecnologia de produção
Montagem e teste 
de automóveis
Automóveis novos
Empresa de 
contabilidade
Contadores
Informações
Computadores
Software
 de contabilidade
Escrituração de contas e
orientação contábil
Contas e demonstrativos
financeiros de empresas
Adaptado de: Slack, Chambers e Johnston (2002).
2 EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DE OPERAÇÕES
A partir da invenção da máquina a vapor por James Watt, sugiram as condições propícias para 
o surgimento de fábricas e indústrias baseadas em novas invenções e inovações, que geraram a 
substituição da mão de obra humana pela aplicação de máquinas e equipamentos na produção de 
bens. Um novo sistema fabril surgiu com uma força fabulosa e sem freios, possibilitando o aumento 
dos volumes e variedade de produtos industrializados. A Inglaterra passou a ser o celeiro da primeira 
revolução industrial em meados do século XVIII, sendo o fio condutor de uma nova economia, baseada 
na indústria mecanizada e na produção em grandes volumes.
Nesse ponto, entende-se que surgiu a administração da produção, com os níveis de detalhamento em 
planejamento e controle da manufatura que chegaram às dimensões atuais de sofisticação e precisão. 
Hoje, o sistema de gestão da produção exige níveis cada vez mais sofisticados e avançados em técnicas 
e tecnologias de complexidade e gestão. Com a invenção dos motores a vapor, as instalações fabris 
passaram a serem instaladas em locais distantes dos rios, em função da antiga dependência dos cursos 
de água como força motriz. Essa liberdade de escolha de localização, propiciou o aumento e difusão de 
26
Unidade I
plantas fabris de diversos tipos de bens. Com o aumento e diversificação de núcleos fabris, surgiu uma 
grande preocupação com o aumento da produtividade e melhor aproveitamento dos caros recursos de 
fabricação adquiridos para a montagem e instalações das fábricas.
Como é abordado por Corrêa (2011), em 1776, Adam Smith, em sua obra clássica 
A riqueza das 
nações
, declarou o final do sistema tradicional mercantilista e o surgimento do capitalismo moderno. 
Adam Smith, com base nos seus experimentos e teorias da produtividade, publicou os termos básicos para 
 
a divisão do trabalho, para o aumento da especialização do trabalho e o aumento da produtividade na 
manufatura. Com esses estudos, a visão de produção e produtividade passou a ser as molas propulsoras 
das técnicas de administração da produção, chegando a outros países, como os EUA.
Com o desenvolvimento do motor a combustível fóssil e a utilização da eletricidade, em 1800, 
passaram a ser sustentáveis as evoluções nas linhas de produção. Chega-se ao século XX com o 
envolvimento de equipes de executivos, engenheiros e agentes comerciais, além de técnicos, consultores 
e teóricos pesquisadores, que passaram a desenvolver métodos científicos, experimentados, testados e 
aplicados em grande escala, dando origem à teoria da administração científica. 
A figura do grande precursor da teoria científica da administração, Frederick Taylor, divulgou os 
seus estudos sobre a racionalização do trabalho por meio de métodos científicos, tais como o estudo 
de tempos e movimentos, análise da fadiga humana, divisão do trabalho, especialização do trabalho e 
separação entre planejamento e execução do trabalho, entre outras. 
Taylor considerava a administração como uma ciência, fundada na observação, análise e sistematização 
do trabalho e desenvolvimento de métodos científicos para o aumento da eficiência e produtividade do 
trabalhador, contando com outros pesquisadores contemporâneos como Frank Gilbreth, pesquisador 
sobre os estudos de tempos e movimentos, e Henry Gantt, introdutor das técnicas baseadas em gráficos 
e cálculos para a programação da produção.
O movimento industrial tomou um outro ritmo e formato nos Estados Unidos, com evolução e 
divulgação de novas técnicas, dando origem à denominada produção em massa, que se tornou influente 
no mundo inteiro, com seus efeitos oriundos nos EUA. Um dos grandes impulsos práticos para essa 
nova indústria ocorreu no início do século XX, em 1913, com implementação e divulgação da linha 
de montagem de automóveis da gigante Ford Motor, um sucesso retumbante diante da aplicação e 
aprimoramento dos princípios do Taylorismo. Henry Ford não só aplicou como desenvolveu um novo 
modelo de fabricação como base na manufatura automobilística, com avanços inegáveis e de efeitos 
práticos, como a invenção e implementação da linha de produção móvel, que transformou a indústria 
mundial, servindo de base para o movimento industrial, denominado de Fordismo.
De acordo com Correa (2011), o Fordismo propiciou um aumento na escala de produção de automóveis 
jamais imaginada ou tentada anteriormente. A padronização dos modelos, partes e peças possibilitaram a 
perfeita intercambialidade dos componentes de montagem. O movimento dos componentes e produtos 
semiacabados, enquanto os equipamentos, estações de trabalho e operários se mantinham estáticos, 
gerou um aumento na velocidade e qualidade das montagens dos automóveis na linha de produção.
27
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Esse nível de especialização do trabalho e padronização compensava a inexperiência dos trabalhadores
 
que ingressavam na indústria, oriundos da área rural, num êxodo ininterrupto para as cidades em busca 
de renda e melhores condições de vida.
Com o grande êxito da produção de massa e a mecanização e especialização do trabalho, a organização 
racional do trabalho passou a ser alvo de críticas e reparos intelectuais pelos comportamentalistas da 
época, em função da chamada mecanização do homem e o tratamento indigno a que eram submetidos 
nas plantas fabris. A aplicação de técnicas baseadas na matemática e estatística, embora exitosa, 
impunha um ritmo mecânico e desumano
aos trabalhadores. Sugiram os estudos denominados de teoria 
das relações humanas, encabeçados pelo renomado Elton Mayo.
Mayo foi responsável pela realização e divulgação dos resultados dos estudos de Howthorne, na 
fábrica da Western Eletric Company, de Chicago, Ilinois, em torno de 1927. Os estudos reproduziram 
experimentos científicos já realizados na administração científica, verificando os efeitos fisiológicos 
causados por condições ambientais, na produtividade dos trabalhadores, sem deixar de observar, também, 
outras causas psicológicas que afetavam o comportamento dos operários durante os experimentos.
Por exemplo, ao pesquisar o efeito da variação da luminosidade do ambiente na produtividade de 
um grupo de operárias numa linha de montagem, verificou-se que o efeito psicológico, de acordo com 
a percepção manifesta pelas operadoras, afetava significativamente a motivação e o comportamento 
das operárias, bem como a sua produtividade durante a experiência. Constatou-se que não era apenas 
a luminosidade do ambiente, mas também a percepção e sensações das participantes a afetar os 
seus resultados.
Com os estudos desses efeitos, sugiram as necessidades tangentes aos aspectos sociais do 
trabalho, bem como os aspectos geradores e potencializadores da motivação humana durante a 
execução do trabalho, tão ou mais importantes que os influenciadores fisiológicos do ambiente 
do trabalho. Com base nessas conclusões, foram criadas as áreas de gestão de pessoas e recursos 
humanos nas estruturas organizacionais.
No ambiente caótico e complexo da Segunda Grande Guerra, em meados do século XX, as 
organizações tiveram que funcionar em um ambiente muito turbulento, instável e exigente. Para dar 
suporte à administração da produção, nessa época, surgiram os estudos de pesquisa operacional. As 
organizações militares foram o centro do desenvolvimento e aplicação de equipes multidisciplinares no 
estudo e implementação da pesquisa operacional, como ferramenta para implementação de sistemas 
totais, com métodos matemáticos complexos. Disciplinas acadêmicas passaram a ser utilizadas para 
substituir as decisões intuitivas por decisões racionais, baseadas em cálculos e projeções matemáticas, 
na solução de problemas complexos e inéditos. Nas equipes multidisciplinares, figuravam pesquisadores 
experts
 em áreas de estudo, como matemática, psicologia, economia, estatística, entre outras áreas.
Segundo Davis, Aquilano e Chase (2003), os estudos direcionados na década de 1970 para as 
operações de serviços já tinham um grande impacto na economia mundial. Os conceitos e técnicas 
de administração de operações de manufatura passaram a ser adaptados e aplicados às operações de 
serviços, visando à reprodução dos benefícios obtidos nas organizações manufatureiras. 
28
Unidade I
De acordo com Moreira (2009), a aplicação desses conhecimentos na área de serviços é muito 
recente e imatura, com adaptações e utilização de termos da indústria de forma imperfeita e 
inadequada muitas vezes, mas com efeitos benéficos na maioria dos casos. Surgiram pesquisadores 
e estudos específicos para as áreas de serviços e comércio, com foco e desenvolvimento de técnicas e 
método
s específicos para essas operações. Centros de estudos e pesquisas nas grandes universidades 
foram desenvolvidos e aumentados, tais como o Provar, instituto de pesquisa de comércio varejista da 
Universidade de São Paulo (USP).
No final dos anos 1980 e nos anos 1990, os estudos de qualidade total, com Feigenbaum, Juran e 
Deming, segundo Corrêa (2011), influíram e revolucionaram a indústria Japonesa no pós-guerra, cujos 
efeitos foram sentidos a partir da década de 1980.
O domínio do mercado pelos japoneses e depois pelos demais tigres asiáticos, com início na década 
de 1970, introduziu produtos de alta qualidade e fabricados com custos reduzidos e com inovação veloz 
e precisa. A aplicação das tecnologias existentes nos bens produzidos passou de novidade para obrigação 
das operações de manufatura. No ocidente, as empresas sofriam pressão das crises econômicas mundiais 
e ameaças dos concorrentes asiáticos. Tiveram que reagir vigorosamente pela própria sobrevivência. 
Em 1987, foi criado o prêmio nacional da qualidade norte-americano, o Prêmio Malcom Baldrige, 
que estabeleceu os padrões de qualidade para as empresas de classe mundial. Foram criadas as normas 
de certificação ISO 9000, de forma a estabelecer e divulgar os novos padrões de qualidade para as 
organizações do mundo ocidental.
No final da década de 1990, um grande esforço de reestruturação das empresas, que estavam 
inchadas e excessivamente burocratizadas, foi viabilizado pelo processo, denominado de reengenharia 
de processos. Nesse processo, a proposta era a reinvenção e redesenho dos processos de negócios, de 
forma a permanecer apenas o essencial para o funcionamento da estrutura organizacional das empresas, 
com redução dos custos, aumento da velocidade e capacidade de inovar e responder aos novos desafios 
propostos pelo cliente e mercados.
Segundo Chase, Jacobs e Aquilano (2006), o grande precursor dessa revolução das empresas foi 
Michael Hammer, que divulgou em sua obra uma nova visão das organizações, propondo mudanças 
que levariam as organizações a racionalizarem, ao máximo, os seus processos de negócios, eliminando 
etapas desnecessárias e potencializando as atividades que agregassem mais valor para os seus clientes, 
aumentando o foco nos resultados.
A reengenharia de processos introduziu uma perspectiva de melhoria radical dos processos, com 
base na máxima precisão no atendimento das necessidades dos clientes dos processos, internos 
e externos, a partir da aplicação intensa de tecnologias existentes e novas. O uso da tecnologia nos 
processos, equipamentos e produtos proporcionou ganhos significativos na funcionalidade e qualidade 
dos produtos e serviços oferecidos pelas empresas. A tecnologia da informação é a ferramenta básica 
para os movimentos de desenvolvimento das empresas, na busca de agilidade na comunicação, na 
automação dos processos e na inovação dos produtos e serviços.
29
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
O nível de exigência dos clientes, concomitantemente com o avanço tecnológico, provoca um círculo 
virtuoso de desenvolvimento de novas soluções e formas de oferecimento de produtos e serviços para 
os atuais clientes. Chegamos a um novo patamar evolutivo e pragmático para a melhoria contínua de 
processos e produtos, como nunca visto.
Diante de organizações e produtos de classe mundial que permeiam o nosso dia a dia, conta-se com 
técnicas e métodos avançadíssimos de modelagem matemática e 
softwares
 de simulação que permitem 
a projeção de cenários futuros bem detalhados, considerando múltiplas variáveis e combinações e com 
graus cada vez mais elevados de precisão e acertos.
Além do dinamismo e avanço da tecnologia aplicada nas organizações produtivas e de serviços, 
atualmente, conta-se com uma nova dimensão estratégica para as empresas, envolvendo as questões 
ambientais, de sustentabilidade e de responsabilidade social.
A governança das empresas exige ética, transparência, sustentabilidade dos seus processos administrativos 
e produtivos, de forma que os seus sistemas de gestão contemplem funções e processos voltados para o
 
atendimento de todos os 
stakeholders
 em todas as suas necessidades.
 Saiba mais
Conheça um pouco mais sobre a evolução da gestão de operações 
produtivas em:
CORRÊA, H. L. A história da gestão de produção e operações. 
EAESP/
FGV/NPP – Núcleo de Pesquisas e Publicações
, n. 17, 2003. Disponível em: 
https://bit.ly/3AYRxDE. Acesso em: 30 set. 2021.
3 VISÃO ESTRATÉGICA DAS OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Segundo Slacks 
et al.
 (2009), existem diversos papéis que podem ser desempenhados
pelas operações
 
produtivas dentro do escopo estratégico das organizações. O normal é existir um alinhamento funcional 
e estratégico entre os planos e diretrizes organizacionais e o planejamento e as definições dos objetivos 
da área de produção.
Cabe uma análise relacional entre a participação na elaboração e definição de objetivos da 
organização, bem como do nível e tipo de contribuições que a área funcional fornecerá em prol 
da consecução dos objetivos globais da organização.
Para a análise do desempenho das operações produtiva dentro do panorama estratégico da 
organização da qual faz parte, pode-se tomar como referência três importantes papéis das operações 
na estratégia organizacional:
30
Unidade I
• implementadora da estratégia empresarial;
• apoiadora da estratégia empresarial;
• impulsionadora da estratégia empresarial.
As operações produtivas atuam como implementadoras da estratégia empresarial quando o 
curso de planejamento organizacional segue o seu curso natural, em que a alta cúpula da organização 
analisa os ambientes internos e externos da empresa, identifica os seus fatores críticos de sucesso e 
define os seus objetivos organizacionais, bem como as estratégias gerais para a sua consecução. A 
partir desse ponto, a área de operações produtivas é comunicada e assume as suas responsabilidades na 
execução das atividades necessárias para a contribuição em alcançar esses objetivos. Como se observa 
na próxima figura, a área de produção tem que estar preparada para fazer frente aos desafios criados 
pela estratégia da organização, para não resultar em um retumbante fracasso operacional.
Estratégia brilhante
Produção inepta, ineficiente
Retumbante fracasso
+
=
Figura 6 
Quando a área de operações produtivas atua como apoiadora da estratégia empresarial, 
a área participa ativamente do planejamento estratégico da organização, assim como as demais 
áreas funcionais, e planeja e desenvolve seus recursos operacionais e tecnológicos de forma a gerar 
condições ideais e necessárias para que a estratégia da organização seja levada a cabo com eficiência 
e eficácia máximas. 
A atuação das operações produtivas como impulsionadora da estratégia empresarial parte de 
novas condições tecnológicas e metodológicas nos processos produtivos, de forma a inovar e criar 
condições de atingimento de um novo patamar de resultados quanto aos processos e produtos/serviços 
gerados. Nesse caso, o sistema produtivo cria e oferece novas condições de desempenho superior, que 
impulsionará a definição de objetivos mais ousados e avançados para a organização em função do novo 
patamar de desempenho da sua área produtiva.
31
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Produção como seguidora
“apropriada”, “adequada” para a 
estratégia proposta
Produção
Estratégia
Produção apoiando a estratégia 
da organização, através de 
objetivos apropriados aplicados 
a seus recursos
Produção como executora
“implementadora” da 
estratégia
Estratégia
Produção Produção
Produção “faz” a estratégia 
acontecer, através da 
realidade operacional
Produção como líder
“impulsionadora” da 
estratégia
Estratégia
Produção
Produção fornecendo os 
meios para conseguir a 
vantagem competitiva
Figura 7 – Papéis da função de produção em relação à estratégia empresarial
Adaptada de: Slacks 
et al.
 (2009).
Sociedade
- Aumentar o nível de emprego
- Aumentar o bem-estar da comunidade
- Produzir produtos sustentáveis
- Garantir um meio ambiente limpo
Fornecedores
- Continuar o negócio
- Desenvolver capacidade de fornecimento
- Fornecer informação transparente
Acionistas
- Valor econômico/retorno sobre o investimento
- Valor ético/retorno sobre o investimento
Consumidores
- Especificação apropriada de produto / serviço
- Qualidade consistente
- Entrega rápida
- Flexibilidade
- Preço aceitável
Empregados
- Continuidade de emprego
- Pagamento justo
- Boas condições de trabalho
- Desenvolvimento pessoal
Figura 8 – Objetivos de desempenho de produção
Adaptado de: Slacks 
et al.
 (2009).
 
Os 
stakeholders
 são pessoas ou partes interessadas no desempenho e resultados apresentados pela 
operação. Os resultados da operação afetam significativamente essas pessoas ou grupo de pessoas, 
causando impactos positivos ou negativos para esses indivíduos. Nada mais justo que a organização 
tenha uma equipe ou um processo voltados a comunicar e manter atualizados os 
stakeholders
 no que 
tange aos resultados que lhes interessam. Na figura anterior, são apresentados os itens de resultados 
que são de interesse de cada grupo de 
stakeholders
 de uma organização. A partir da identificação de 
cada 
stakeholder
, de cada organização, especificamente serão elencadas e tratadas as suas necessidades 
e influências sofridas pelos resultados da organização.
32
Unidade I
A compreensão dessa relação de objetivos e seu impacto para cada grupo de 
stakeholders
, permitirá à 
operação produtivas o estabelecimento de seus próprios objetivos, visando ao atendimento e satisfação 
de todos os grupos de 
stakeholders
 impactados pelos seus resultados. A satisfação dos interesses dos 
seus grupos de 
stakeholders
 vai depender do nível de entendimento dos seus colaboradores, em todos 
os níveis, de quais são os 
stakeholders 
e como as suas ações do dia a dia impactam e influenciam os 
seus interesses, bem como as consequências positivas ou negativas que advêm desse nível de satisfação.
A definição de objetivos das operações produtivas deve partir do grupo de objetivos básicos que são 
almejados por quaisquer tipos de operações existentes. 
Segundo Sobral e Peci (2013), a gestão de operações produtivas deverá atuar em consonância e 
alinhamento com os objetivos e estratégias organizacionais. Assim como as demais áreas funcionais, 
ela deve contribuir de forma efetiva para o alcance dos objetivos globais da organização. A estratégias 
organizacionais devem estar representadas como prioridades competitivas da área, bem como devem ser 
determinantes dos rumos e ritmo das operações e atividades produtivas. Os resultados da organização 
como lucro e ganho de competitividade dependem diretamente dos ganhos de escala, produtividade, 
diminuição de custos e inovações metodológicas e tecnológicas das operações produtivas. A área de 
produção deve identificar as competências essenciais da organização e priorizar as atividades que mais 
contribuem para o aumento e melhoria dessas competências.
Os resultados da área de produção devem ser acompanhados e controlados por meio dos cinco 
objetivos básicos de desempenho em operações, conforme consta na próxima figura. São eles: custo, 
qualidade, rapidez, confiabilidade e flexibilidade. Essas metas básicas de desempenho viabilizam resultados
 
que sustentarão vantagens competitivas que podem projetar de forma vantajosa a organização no 
mercado em que atua.
Prioridades 
competitivas da 
administração de 
operações
Confiabilidade
Rapidez
Flexibilidade
Qualidade
Custo
Maior 
produtividade 
e eficiência 
organizacional
Maior 
estabilidade e 
maior lealdade 
dos clientes
Maior 
satisfação 
de clientes e 
diferenciação dos 
concorrentes
Maior 
agilidade e 
capacidade de 
adaptação às 
demandas
Redução 
dos estoques, 
maior eficiência 
e menor risco 
operacional
Figura 9 
Fonte: Sobral e Peci (2013, p. 414).
33
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
3.1 Prioridades competitivas da administração de operações
Objetivo qualidade
Segundo Sobral e Peci (2013), antigamente, existia um grande dilema para os gestores de certos 
produtos, oferecer mais qualidade e preços mais altos ou um nível mais baixo de qualidade e preços mais 
acessíveis? Esse dilema, praticamente,
não existe mais e foi substituído por um outro: como oferecer 
produtos de qualidade, com preços acessíveis? Tudo em função da mudança do comportamento 
do consumidor, que se tornou um verdadeiro “tirano” do mercado. Ele deseja adquirir produtos de 
qualidade, com entrega rápida, confiabilidade e com preços acessíveis. Os gestores estão diante de um 
novo desafio: como produzir de forma melhor e confiável, com custos cada vez menores?
A qualidade passou a ser um quesito básico para o oferecimento do produto no mercado. Ainda 
existem empresas que apresentam um nível de qualidade superior e mais confiável que as demais 
concorrentes, transformando esse fator em um diferencial dos seus produtos e de sua marca. Como no 
caso do 
slogan
 “não é nenhuma Brastemp”, que demonstra uma superioridade de qualidade, reconhecida 
pelo mercado, no setor de eletrodomésticos. Como no caso da Nestlé, que é considerada a marca de 
produtos alimentícios de qualidade. Essas marcas conseguiram se consolidar como marcas de qualidade 
inquestionável, pelas práticas e resultados obtidos ao longo dos anos de existência.
Para competir em qualidade num mercado cada vez mais competitivo, deve-se operar com projetos 
de produto e projetos de processos produtivos que atendam a quesitos e atributos de elevada excelência 
em consistência da qualidade e funcionalidade dos produtos e processo de fabricação. A consideração 
de baixos níveis de tolerância a erros, falhas e de ausência de inovações nos produtos e processos 
viabilizará a concepção e produção de produtos e serviços de alta 
performance
. Os resultados devem 
abranger, também, a durabilidade, assistência técnica, instalação e atendimento ao cliente.
Em síntese, segundo Slacks 
et al.
 (2009), significa fazer as coisas certas da primeira vez. A satisfação 
dos clientes, internos ou externos, depende diretamente desse objetivo. Ao atingir um razoável nível 
de qualidade nos seus resultados, a operação entrega aos seus clientes o produto ou serviço que foi 
prometido, de acordo com o planejamento e as especificações prévias. Esse objetivo estabelece um alto 
nível de satisfação dos clientes, devido a uma certa facilidade e imediata verificação da precisão do que 
está sendo entregue. Entre os benefícios propiciados por esse objetivo, pode-se citar:
• alto grau de satisfação dos desejos e necessidades dos clientes internos e externos;
• diminuição dos custos da operação;
• ganho em intensidade na confiabilidade da operação.
Objetivo rapidez
O tempo de ciclo da operação é um alvo prioritário de melhoria. A redução do tempo para completar 
um ciclo de operação, ou seja, o tempo necessário para entregar o resultado ao cliente, contado a 
34
Unidade I
partir da solicitação ou pedido do cliente. A redução dos tempos internos dos processos e atividades 
necessárias resultará na diminuição do tempo de espera do cliente para o atendimento do seu pedido. 
Outro ganho, em decorrência de um ciclo mais curto, é um nível mais baixo de estoque e diminuição dos 
riscos do negócio, além da redução do valor do capital de giro necessário para operar o negócio. Para se 
tornar mais competitivo em rapidez, a organização deve primar por:
• Rapidez na entrega: tempo entre a solicitação e a entrega física dos produtos ao cliente.
• Rapidez na operação: tempo necessário para a manufatura dos bens e na realização dos 
serviços prestados.
• Velocidade de desenvolvimento de produtos: consiste na velocidade de projeto, envolvendo a 
concepção, desenvolvimento, teste e colocação do novo produto no mercado.
Bons exemplos dessa capacidade e velocidade na geração de inovações, no desenvolvimento de novos 
produtos, podem ser representados por empresas como a Nike, a Apple, empresas que são competitivas 
e atuam como referência de inovação tecnológica nos mercados em que atuam, artigos esportivos e 
equipamentos eletrônicos, respectivamente.
O desempenho em rapidez abrange a medição do tempo entre o pedido e a entrega da encomenda 
solicitada ao cliente. Seria o tempo de ciclo da operação. A diminuição do tempo de ciclo da operação 
implica uma série de benefícios de gestão, como a diminuição dos estoques, dos demais custos 
operacionais, além do aumento da competitividade com a rapidez na entrega do pedido ao cliente, 
enriquecendo a oferta de produtos oferecidos. São ocasionadas pela rapidez no processo de tomada de 
decisões, pela maior eficiência nas atividades de movimentação de materiais, melhoria no processo 
de compras, aprimoramento no fluxo de informações nos processos. Seus benefícios compreendem:
• diminuição dos níveis de estoques praticados;
• redução dos riscos de produção com falhas.
Objetivo confiabilidade
Consiste numa vantagem competitiva, conquistada ao longo do tempo. A empresa tem que entregar 
qualidade, preços acessíveis e flexibilidade durante todo o tempo, e não eventualmente. A confiabilidade 
na operação será obtida ao longo do tempo, por meio de um relacionamento consistente e duradouro 
com os seus clientes. Para ser competitiva em confiabilidade, a organização precisa buscar, em todos os 
momentos e contatos com os clientes, a entrega de resultados que satisfaça as expectativas dos seus 
clientes, com pontualidade na entrega, a ser feita na forma como o cliente deseja. Esse quesito é a melhor 
forma de fidelizar os clientes e estabelecer relações de longos prazos, permitindo um investimento de 
ambos para fortalecer e aumentar essa relação de negócios. 
A compreensão desse objetivo leva a operação a realizar as coisas a tempo, ou seja, obter os demais 
resultados básicos sempre e dentro do prazo. A avaliação da confiabilidade será realizada pelos clientes 
35
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
ao longo do tempo e de acordo com a correspondência com todos os planos e especificações definidos. 
Os clientes internos avaliarão a eficácia dos seus fornecedores internos, sendo a avaliação final realizada 
pelos clientes externos e da organização como um todo. Esse objetivo beneficiará a operação com:
• otimização do recurso tempo;
• redução dos custos de operação;
• estabilidade e sustentabilidade da operação.
Objetivos flexibilidade
Trata-se da capacidade de adaptação e de variedade de resultados da operação. Existem dois tipos 
de flexibilidade de operações: a flexibilidade de produto e a flexibilidade de volume. 
A flexibilidade de produto se refere à capacidade de customização dos produtos, ou seja, a capacidade de 
projeto de produto e de processo em atender às necessidades específicas dos clientes. O novo consumidor, 
surgido nas últimas décadas, exige que os produtos tenham “a sua cara”, o que exige uma grande interação 
entre a equipe de 
marketing
, de P
&
D e a equipe de produção, para que o desenvolvimento de novos produtos 
se torne mais rápido e flexível, permitindo parametrização e adaptações às necessidades específicas mais 
comuns no mercado. Outra possibilidade de flexibilidade de produto consiste na capacidade de produção e 
oferecimento de um 
mix
 de produtos, mais diversificado e abrangente de necessidades do mercado.
A flexibilidade de volume é mais tradicional e consiste num antigo dilema que exige decisões quanto 
às restrições de capacidade produtiva, ou seja, trabalhar com uma capacidade justa e econômica e não ter 
condições de flexibilidade de aumento de volume de produção diante de novas necessidades dos clientes, 
ou trabalhar com capacidade ociosa, com custos mais elevados, mas conseguir atender necessidades 
de eventuais volumes maiores, necessários aos seus clientes. Para se obter uma boa flexibilidade de 
volume, deve existir na empresa uma excelente articulação entre as equipes de 
marketing
 e vendas com 
a equipe de operações produtivas, para que, de acordo com as necessidades de variação de demanda 
exigidas
pelo mercado, o projeto de processo produtivo seja concebido e implantado de forma a oferecer 
possibilidades menos custosas de aumento e diminuição de volumes de produção.
Representa a capacidade de adaptação às mudanças de volume a ser reduzido, tempo de entrega, 
tipos de produtos encomendados e variedade de produtos a serem produzidos e oferecidos aos clientes. 
Assim, os tipos de flexibilidade se resumem em flexibilidade de:
• produto/serviço;
• mix ou composto de produto;
• volume;
• entrega.
36
Unidade I
São gerados os seguintes benefícios:
• aprimoramento da operação interna;
• otimização e economia de tempo;
• manutenção da confiabilidade e aumento da fidelização dos clientes.
Objetivo custo
A operação com custos, racionalmente reduzidos, desde que não haja o comprometimento de outros 
objetivos, como a qualidade, rapidez, confiabilidade e flexibilidade, consiste em uma virtude operacional 
invejável. A redução de custos pode se reverter em benefício no aumento da rentabilidade do negócio, 
que fortalece a sustentabilidade da operação com o aumento dos lucros e remuneração do capital 
investido na organização. Outro benefício da redução dos custos é a prática de preços menores e o 
aumento da competitividade da organização em preço. Os clientes finais podem ter o foco em preços 
como o principal fator de decisão pela escolha e compra dos produtos oferecidos no mercado. Nesse 
caso, o oferecimento de preços baixos pode ser decisivo para o aumento da participação no mercado. O 
ideal é a organização oferecer preços mais baixos em função de métodos e inovações tecnológicas que 
resultem na produção de bens de qualidade com processos menos custosos 
O efeito do custo nas operações é dos mais significativos. Tem duplo efeito nos resultados operacionais
 
e estratégicos, pois uma diminuição nos custos, que é um ganho sempre desejado nas operações, 
propicia decisões relativas ao aumento da margem de contribuição dos produtos e serviços para o lucro 
da empresa, ou, se for desejada, a diminuição das margens de lucro em benefício dos clientes, com o 
oferecimento de preços mais baixos.
Os custos mais significativos na operação são os custos de:
• funcionários (salários mais benefícios);
• instalações, tecnologia e equipamentos;
• materiais.
Considerando as condições e exigências do mercado em que atua, a organização deverá tomar as 
suas decisões quanto às prioridades e aos níveis de desempenho mais adequados para cada um dos 
objetivos de desempenho básicos nas suas operações. O efeito do 
trade off
 se tornará flagrante, ou seja, 
a melhoria de desempenho em um dos objetivos diminuirá o desempenho de um outro objetivo. Por 
exemplo, em situação de aplicação máxima dos recursos, em prol da melhoria dos desempenhos, uma 
melhoria de desempenho na qualidade diminuirá a rapidez da operação. E vice-versa, uma melhoria no 
desempenho em custo causará uma diminuição no desempenho na confiabilidade da operação.
Sendo assim, os gestores terão a difícil missão de escolher os níveis de desempenho que a operação 
obterá em cada um dos desempenhos básicos, de forma equilibrada e constante, de acordo com as 
prioridades do negócio e dos níveis de exigência do mercado. Conforme Sobral e Peci (2013), uma 
37
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
pesquisa realizada com 1.600 organizações brasileiras revelou que, no Brasil, os desempenhos em custo 
e qualidade são priorizados pela maioria das empresas em suas estratégias operacionais.
Tempo de 
entrega reduzido
Alta produtividade 
total
Preço baixo, margem alta ou ambos
Entrega 
confiável
Produtos/serviços 
sob especificação
Frequência de novos produtos/serviços
Ampla variação de produto/serviço
Ajustamentos de volume de entrega
Efeitos internos dos cinco 
objetivos de desempenho
Rapidez
Custo
Confiabilidade
Produção 
rápida
Operação 
confiável
Processos 
sem erros
Habilidade 
para mudar
Qualidade
Flexibilidade
Figura 10 – Efeitos externos dos cinco objetivos de desempenho
Adaptada de: Slacks 
et al.
 (2009).
 Perceba, na figura anterior, que cada objetivo de desempenho produz um efeito diferente para a 
operação produtiva, estendendo o valor da operação como um benefício para os seus clientes e usuários 
externos, a saber:
• com operações que têm alta qualidade, os níveis de desperdícios são baixos, no que tange a 
materiais, tempo e outros recursos, bem como haverá uma eliminação de retrabalhos ou serviços 
com não conformidades;
• quando as operações têm o seu tempo reduzido, pela sua rapidez, possibilitam a redução dos 
níveis de investimentos em estoques iniciais, em processo e de produtos acabados;
• em operações confiáveis, aumenta-se a garantia da entrega do que foi prometido ao cliente;
• com dada flexibilidade, as operações conseguem uma rápida e perfeita adaptação, diante de 
constantes, rápidas e dramáticas mudanças no ambiente atual.
Consequentemente, melhora-se o desempenho da operação no objetivo custos, na medida em que 
se avança no aperfeiçoamento e nível de performance nos demais objetivos da operação.
38
Unidade I
3.2 Estratégia da produção 
As escolhas estratégicas de uma organização iniciam-se pelas decisões sobre os alvos que se pretende 
atingir. Esses são os objetivos estratégicos. Em seguida, os gestores precisam analisar o ambiente, as 
forças favoráveis e contrárias ao atingimento dos seus objetivos, e passam a escolher os caminhos 
que devem ser trilhados por toda a organização na direção de alcançar os seus objetivos. Essas são as 
estratégias organizacionais.
A partir desse ponto, todas as decisões e escolhas que serão feitas em todos os níveis da organização: 
Estratégico, Tático e Operacional, serão consistentes com as definições estratégicas, já definidas. Essa 
consistência que gerarão convergências entre as decisões tomadas na organização, constituíram o 
direcionamento coerente da organização, em prol da manutenção dos rumos estratégicos da organização, 
como um todo.
O comprometimento de todas as partes com as diretrizes e o direcionamento estratégico da 
organização deve ser mantido, até que haja uma sinalização com decisões diferentes pela alta 
administração, demonstrando uma mudança na orientação estratégica global da organização.
As decisões estratégicas têm características e orientações para todas as partes componentes da 
organização, por significarem:
• Um impacto diretivo amplo e duradouro na organização.
• Formação de um posicionamento organizacional diante de outras organizações de seu ambiente 
operacional e diante dos desafios do mercado em que atua.
• Uma proximidade e claro direcionamento da organização no sentido de alcançar os seus objetivos 
de longo prazo.
Segundo Slacks 
et al.
 (2009), a estratégia organizacional pode ser traduzida por: um conjunto de 
declarações e decisões convertidas em ações que definem os caminhos e escolhas para o alcance de seus 
objetivos, ao mesmo tempo em que a posicionam a organização diante dos seus desafios no mercado 
em que atua.
Pode-se afirmar que a estratégia consiste em um padrão global de decisões, assim fica evidente que 
as decisões em todas as áreas funcionais da organização devem seguir esse padrão e se alinhar, gerando 
contribuições efetivas para o atingimento dos objetivos organizacionais.
 Observação
Estratégias de produção consistem nas atividades planejadas para o 
alcance dos objetivos da operação, com base na avaliação das necessidades 
dos usuários ou clientes, capacidade produtiva, monitoramento dos recursos 
disponíveis e análise dos planos definidos para as demais áreas da organização,
 
tais como, 
marketing
 e financeira.
39
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
3.2.1 Planejamento
estratégico do sistema de operações
Com a conclusão das análises e estabelecimento de diretrizes e prioridades competitivas das operações 
organizacionais, torna-se necessário o planejamento e implementações nas operações produtivas. 
Dessa forma, tudo que foi estrategicamente definido será realizado e efetivado pelos processos da 
área de produção. As decisões na área serão sobre o projeto do sistema de operações da produção. Esse 
sistema abrange:
• planejamento de produto;
• planejamento da capacidade produtiva;
• planejamento de localização;
• planejamento do processo produtivo;
• planejamento do 
layout
.
Com esses planejamentos, serão respondidas importantes questões, como:
• Quais os produtos e serviços serão produzidos e entregues?
• Qual será a capacidade de produção do sistema?
• Qual será a localização das instalações?
• Quais serão os métodos de produção mais adequados?
• Qual o melhor arranjo físico a ser implementado?
Na figura seguinte, pode-se observar um resumo do planejamento estratégico do sistema de operações.
Planejamento 
e projeto de 
produto
Planejamento 
da capacidade
Planejamento 
da localização
Planejamento 
dos processos 
de produção
Planejamento 
do 
layout
Que produtos 
ou serviços 
produzir?
Qual a 
quantidade a 
produzir?
Onde serão 
produzidos?
Como serão 
produzidos?
Qual o arranjo 
físico das 
instalações?
Figura 11 – Planejamento estratégico do sistema de operações 
Fonte: Sobral e Peci (2013, p. 417).
40
Unidade I
O planejamento estratégico da área da produção não pode fugir à regra das demais áreas funcionais 
e deve contribuir efetivamente com os rumos escolhidos pela organização. O conteúdo da estratégia das 
operações produtivas em uma organização deve ter abordagens convergentes, tais como:
• Refletir em suas escolhas e decisões a proposta e pretensões da alta direção da organização.
• Acrescentar vantagens operacionais, táticas e estratégicas pelas melhorias e implementações 
inovadoras desenvolvidas para o chão de fábrica.
• Tomar decisões, sempre tendo em vista as necessidades existentes no mercado de forma geral e 
dos seus clientes de forma específica.
• Alcançar os seus objetivos com a máxima eficiência e produtividade, preservando os recursos 
transformadores e os otimizando ao máximo, durante a operação.
Para uma boa gestão das operações produtivas, os gestores devem considerar os objetivos de 
desempenho com a máxima efetividade, sem perder de vista as orientações e 
insights
 do mercado em 
que a operação acontece. Observe as relações dos objetivos de desempenho e os fatores competitivos 
na próxima figura.
Fatores competitivos
Se os consumidores valorizam...
Preço baixo
Alta qualidade
Entrega rápida
Entrega confiável
Produtos e serviços 
inovadores
Grande variedade de 
produtos e serviços
Habilidade de alterar prazo 
de entrega e qualidade de 
produtos e serviços
Objetos de desempenho
Então, a operação terá de se 
superar em...
Custo
Qualidade
Rapidez
Confiabilidade
Flexibilidade
(produtos e serviços)
Flexibilidade
(composto ou 
mix
)
Flexibilidade
(volume e/ou entrega)
Figura 12 – Fatores competitivos diferentes resultam em objetivos de desempenho diferentes
Adaptada de: Slacks 
et al.
 (2009).
Diante da competitividade global, as operações passam a travar batalhas diárias pela melhoria 
contínua e na velocidade exigida pelo imenso mercado planetário. As operações que apresentarem 
falhas contínuas e não conseguirem mudar com velocidade suficientemente terão problemas para 
sobreviver ao longo prazo. Sem o entendimento dos novos requisitos pela gestão de operações, os níveis 
41
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
de desempenho mínimos necessários não serão atingidos, e a estruturação das operações não será 
suficiente para sustentar uma 
performance
 equiparável ao desempenho dos concorrentes.
Na figura anterior, fica evidente os níveis de competitividade reinantes no mercado atual, por meio 
dos fatores competitivos apresentados. Na dimensão interna da produção, a mesma figura mostra os 
inter-relacionamentos entre os fatores competitivos mais comuns e os respectivos objetivos básicos de 
desempenho da operação produtiva.
Outro tipo de decisões a serem tomadas pelos gestores das operações produtivas consiste naquelas 
referentes aos recursos da operação. Muitas operações conquistam um nível de desempenho estratégico 
de alto nível, em consequência dos recursos de produção que possuem e que lhes possibilitam desenvolver 
vantagens competitivas sustentáveis, em função das suas capacidades centrais, desenvolvidas pelos 
investimentos em recursos de produção. Esses recursos podem ser estruturais ou infraestruturais, 
conforme mostrado na figura seguinte.
As decisões estruturais que influenciam e desenvolvem as atividades relativas aos projetos e as 
decisões infraestruturais que afetam os colaboradores, atividades e tarefas, relativas ao planejamento, 
controle e o processo de aperfeiçoamento e melhorias de processos.
Objetivos de desempenho
Qualidade
Equipamento de monitoramento 
da qualidade especializado pode 
ser desenvolvido em um local
Competitividade de mercado
Rapidez
O planejamento e controle 
comuns permitem que os 
pedidos urgentes recebam 
prioridade
Confiabilidade
Sistemas de monitoramento de 
desempenho alertam cedo sobre 
prazos perdidos
Flexibilidade
A escala aumentada em um 
único local permite a produção 
simultânea de diferentes produtos
Custo
Concentrar toda a manufatura em 
um local reduz custo
Decisões estruturais
Decisões infraestruturais
Decisões estratégicas
Figura 13 – Matriz da estratégia de operações
Adaptada de: Slacks 
et al.
 (2009).
Essas 
duas 
dimensões 
de 
estratégias 
de 
produção 
são 
especialmente 
significativas 
para 
a operação, pois o maior esforço dentro do contexto do processo de planejamento estratégico 
da produção está na tentativa de conciliação entre as exigências de mercado e a composição 
e possibilidades geradas pelos recursos de produção. A figura anterior foi elaborada a partir de 
42
Unidade I
experiências vivenciadas e demonstra que nem todas as intersecções foram preenchidas, devido ao 
grau de importância e relevância que elas têm na definição das correlações. De acordo com o grau 
de experiência dos gestores, serão definidas as prioridades de correspondência das intersecções 
nesse tipo de análise.
4 PLANEJAMENTO DE PROCESSOS DE OPERAÇÕES 
4.1 Conceitos de capacidade agregada e desagregada de operação
4.1.1 Planejamento e controle da capacidade
As decisões sobre a capacidade produtiva do sistema demandam escolhas sobre os volumes a serem 
processados hoje e no futuro, a curto, médio e longo prazo. A administração da produção deve buscar 
o equilíbrio entre os investimentos em capacidade produtiva e as necessidades que serão exigidas pelas 
demandas do mercado. As escolhas a serem feitas não são fáceis nem simples, pois podem envolver 
diversas variáveis, internas e externas, além de envolver decisões em outras áreas funcionais. Alguns 
aspectos envolvidos nas decisões de capacidade são:
• escolhas sobre capacidade produtiva impactam de forma significativa toda a organização;
• informações de todas as áreas funcionais das organizações são necessárias para a tomada de 
decisão sobre o planejamento e controle da capacidade produtiva;
• cada área funcional deve, ao planejar e controlar as suas capacidades operacionais, focar e 
contribuir para o bom funcionamento da função produtiva da organização.
A capacidade não se refere a um valor absoluto e estático, como se faz crer o entendimento dos 
leigos. Exemplos podem ser os dimensionamentos de capacidade de armazenamento de caixas d’água 
domiciliares: 500 litros ou 1.000 litros de água, ou mesmo dos tanques de combustíveis dos automóveis, 
com 60 litros ou 50 litros de combustível. Nesses casos, a capacidade mede a capacidade estática ou 
volume de armazenamento, ou mesmo o tamanho da operação. Na realidade, a capacidade deve ser 
medida pelo volume de processamento por hora, por dia ou por distância percorrida pelo sistema como 
um todo. Assim, deveria medir-se a capacidade de vazão de litros de água por hora em uma casa ou a 
autonomia de percurso em quantidade de litros por quilômetro rodado por um automóvel. Seguindo 
a analogia, a medição de capacidade de uma operação não pode ser medida pelo espaço disponível 
em uma loja ou pela quantidade de máquinas disponíveis em um sistema produtivo. O que importa na 
análise final é o volume de vendas por metro quadrado em uma loja ou o volume de unidades fabricadas 
por hora ou por dia em uma instalação fabril.
No dimensionamento da capacidade de uma operação, deve-se considerar mais uma variável como 
o tempo ou o espaço (m
2
) utilizado, operações realizadas em um determinado período ou transações 
efetuadas em um determinado espaço físico. Com elas, entre outras variáveis possíveis, passa-se a 
dimensionar os volumes processados pela operação em condições estáveis e normais de funcionamento. 
43
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Com esse tipo de dimensionamento de capacidade, torna-se possível a projeção de volumes de produção 
ao longo do tempo para um determinado volume de investimento realizado. 
Nas operações produtivas, pode-se detectar situações de plena utilização dos recursos, as 
denominadas operações em capacidade máxima ou em plena carga. Porém, em situações anômalas 
de mercado
, ou mesmo por decisões estratégicas, pode-se detectar situações de operações com 
ociosidades gerais ou em algumas unidades de trabalho. Essa ociosidade, embora seja custosa, pode 
oferecer flexibilidade de volumes produzidos para o atendimento de pedidos especiais de clientes e 
pedidos extraordinários e eventuais. Já os postos que operam com a sua capacidade máxima são mais 
econômicos, mas funcionam com as restrições da operação como um todo, não dando margem para 
variações crescentes nos volumes produzidos diante de novas demandas.
São as atividades de planejamento e controle de produção que irão determinar o dimensionamento 
ideal da capacidade do sistema produtivo, levando-se em consideração o comportamento médio da 
operação, bem como a sua reação em períodos de baixos volumes de demanda, bem como diante dos 
altos volumes de demanda, em função de sazonalidades do mercado. Um dos maiores desafios do PCP 
está nas decisões a serem tomadas diante das flutuações da demanda.
Devem ser determinadas políticas e diretrizes de capacidades para o horizonte de curto, médio e 
longo prazos, que influenciarão em diversos objetivos de desempenho da operação:
• Custos: os custos unitários terão uma elevação relativa. Quando em situações de baixa 
demanda, a operação funciona com grande ociosidade. Diante dos altos custos fixos, haverá 
um aumento significativos nos custos unitários médios dos produtos manufaturados ou dos 
serviços prestados.
• Receitas: as receitas em sentido inverso podem ser aumentadas diante de uma elevação de 
demanda e com a operação podendo contar com capacidades extras, antes ociosas, aumentando 
a produção e vendendo mais produtos, atendendo a demanda em um volume máximo.
• Capital de giro: o aumento do nível de estoques para se poder atender períodos de aumento de 
demanda pode obrigar a operação a trabalhar com um nível médio de estoques mais alto. Esse 
volume elevado causará um aumento da necessidade de capital de giro, o que vai onerar os custos 
da operação.
• Qualidade dos produtos/serviços: quando da necessidade de contratação de mão de obra 
terceirizada ou temporária para atender aos picos de demanda, aumentam os riscos de problemas 
de qualidade em manufatura, bem como nas atividades de atendimento ao cliente ou de 
prestação de serviços. Pode-se aumentar a ocorrência de falhas, erros e não conformidades nos 
produtos oferecidos.
• Resposta ao cliente: a responsividade da operação, ou a capacidade de responder as solicitações 
dos clientes, vai melhorar em velocidade e qualidade no atendimento a solicitações, em função de 
um aumento nos níveis de estoques e aumento da capacidade produtiva.
44
Unidade I
• Confiabilidade: quanto mais próxima da capacidade máxima estiver a operação, menor 
será o seu grau de confiabilidade, pois ela funcionará no seu limite máximo e qualquer 
variação, falha ou disfunção causarão atrasos na entrega, na qualidade ou problemas no 
atendimento ao cliente.
• Flexibilidade: se houver capacidade excedente na operação, a sua adaptabilidade e flexibilidade 
serão melhoradas e elevadas a um alto nível de atendimento às necessidades específicas de um 
cliente ou mesmo oscilações da sua demanda.
Segundo Sobral e Peci (2013), quando se sabe quais produtos ou serviços a serem produzidos 
ou gerados pelo processo produtivo da organização, chega a hora de planejar e investir 
na capacidade produtiva. Diante da previsão de demanda, os gestores devem decidir qual será a 
capacidade produtiva instalada na organização em função do atendimento da demanda futura 
por produtos e serviços. 
O gestor deve considerar como enfrentar as oscilações de demanda da mesma forma que consiga 
produzir volumes de produtos que lhe permitam aproveitar ao máximo as oscilações positivas 
da demanda. A perda de oportunidades em aproveitar a demanda são irrecuperáveis e pesarão 
negativamente para a sustentabilidade do negócio.
Existem diversas formas de medir e avaliar a capacidade de uma operação, pode-se começar 
pela capacidade de entradas possíveis, como se faz em um hotel, quantificando-se o total de leitos 
disponíveis ou de volume de cadeiras disponíveis por sala de aula em uma instituição de ensino. Esses 
números ponderados pelo giro, ou ciclo operacional da operação, darão uma boa noção de capacidade 
da operação.
Outra variável a ser considerada, alternativamente, é o volume de saída, ou seja, o volume 
transformado pela operação, que pode ser, por exemplo, a quantidade de mililitros de leite envazados 
ou a quantidade de litros de cerveja produzidos por uma fábrica ou mesmo a quantidade de megawatts 
produzidos em uma usina de eletricidade. 
Uma boa definição de necessidade de capacidade será viabilizada, normalmente, a partir de 
uma bem elaborada previsão de demanda, que vai depender de uma boa articulação entre a área 
de produção e a área de 
marketing
 da organização, a quem cabe a responsabilidade da pesquisa de 
mercado e elaboração da previsão de vendas. Tem-se em mãos duas variáveis difíceis de lidar, 
pois a previsão de vendas é caracterizada pelo alto grau de incertezas, sendo que mensuração de 
capacidade é cercada por muita complexidade.
A decisão sobre capacidade envolve grandes investimentos e esforço, porém a maioria das 
empresas consegue aumentar ou diminuir a sua capacidade produtiva com certa rapidez, por meio 
da contratação ou desligamento de colaboradores, conforme a necessidade, bem como a expansão 
e retração das instalações, por meio de subcontratação de empresas que mantêm instalações para 
a terceirização de serviços. Antes da contratação ou desligamento de colaboradores, outras opções 
45
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
podem ser acionadas pelos gestores, como o pagamento de horas extras e o aumento de turnos 
de trabalho.
Uma decisão drástica e de alto risco, que deve ser tomada apenas quando a necessidade for definitiva 
e com vistas ao longo prazo, é o investimento em novas instalações. Esse investimento pode ser feito de 
duas formas básicas, o aumento das instalações atuais ou a construção de uma nova planta fabril, bem 
como a aquisição de uma concorrente, com intenção de torná-la uma segunda planta fabril. A opção da 
aquisição pode ser mais rápida e menos custosa para a empresa.
No curto prazo, a melhor opção é a utilização de horas extras ou subcontratação de terceiros 
quanto à mão de obra ou instalações, já a longo prazo, a decisão tende a ser de expansão do 
parque industrial.
O desafio dos gestores está em aproveitar os aumentos de demanda, porém sem colocar em risco a 
sobrevivência da operação, modificando a capacidade da produção, ou não, sem engessar a organização 
diante de tantas oscilações externas. O gestor terá que buscar sempre o equilíbrio entre a demanda e a 
capacidade de produção por meio de suas decisões de PCP. 
Outro grande desafio é o equilíbrio e gestão dos custos de produção. Basicamente, os custos são 
fixos ou variáveis. Os custos fixos consistem naqueles que não variam em função direta da quantidade 
de produtos produzidos, tais como custos como salários de supervisores e gestores, aluguéis e energia 
elétrica geral. Os custos variáveis são aqueles que variam em função direta com os volumes produzidos, 
tais como: salários de mão de obra direta, energia elétrica de produção, matéria-prima, entre outros 
custos produtivos.
Os custos aumentarão em caso de mau aproveitamento dos recursos de produção, bem como as 
receitas aumentarão se houver uma boa capacidade de produção e um consequente aproveitamento 
da demanda. A busca do equilíbrio entre demanda e capacidade se apresenta como uma questão de 
sobrevivência das operações.
A capacidade ociosa gerará um aumento dos custos fixos diante de uma redução da demanda, quando 
o volume demandado fica abaixo do volume de produtos que podem ser produzidos pela quantidade 
instalada. Porém, a contratação de mão de obra terceirizada, por tempo definido, com o nível baixo de 
treinamento, causará falhas e problemas sérios de qualidade na produção e no atendimento dos clientes. 
Por outro lado, a capacidade excedente proporciona um aumento da flexibilidade no atendimento às 
demandas dos clientes, aumentando-se a sua satisfação com os produtos, volumes e serviços que lhes 
são oferecidos pela organização. 
Segundo Slacks 
et al.
 (2009), para a realização do PCP, faz-se necessária uma estimativa de demanda, 
quer seja dependente ou independente. Na maioria dos casos, as organizações se baseiam em uma 
previsão de vendas, normalmente elaborada pela área funcional comercial, que está dentro da área de 
marketing
 da organização. A área de 
marketing
, com base em análises de indicadores econômicos e 
mercadológicos, além da pesquisa de expectativas dos clientes reais ou potenciais, consegue elaborar 
46
Unidade I
uma previsão de demanda o mais próxima quanto possível da realidade futura. As atividades de 
planejamentos primam por elaborar uma antevisão de um futuro próximo, com menos riscos e mais 
exatidão quanto possível, visando a se posicionar de forma proativa em vez de manter uma postura 
apenas reativa diante dos fatos.
Uma boa previsão deve ter como características principais:
• Ter uma comunicação em termos úteis para a realização das estimativas necessárias para o 
planejamento e controle da produção, considerando-se as categorias de produtos, seus tipos 
e cada volume a ser demandado. As previsões que consideram apenas valores estimados de 
vendas servem bem ao planejamento financeiro, mas pouco esclarecem para o planejamento 
do sistema produtivo.
• Embora seja considerada um exercício futurista, a previsão de vendas deve se manter dentro de 
limites razoáveis de acerto, em função das incertezas que estarão presentes nas tentativas 
de antecipação do futuro, com tantas variáveis a serem consideradas.
• Com base no grau de incerteza no qual a previsão será elaborada, o ideal é que, estatisticamente, 
seja calculado o grau de incerteza da previsão. Como se faz nas pesquisas eleitorais, que têm um 
grau de incerteza de 5% para mais ou para menos, possibilitando um planejamento, mais ou 
menos otimista, com base na estimativa do grau de incerteza informado com a previsão.
O planejamento de operações deve lidar com as flutuações mais conhecidas, para cima ou para 
baixo, devido às sazonalidades específicas de cada produto ou serviço. As flutuações sazonais, conforme 
constam no quadro a seguir, podem ser dos produtos, especificamente, ou mesmo dos seus principais 
insumos e suprimentos.
Causas de sazonalidade: climáticas, festivas, comportamentais, políticas, financeiras e sociais.
Quadro 6 – Alguns produtos e serviços sazonais
Materiais de construção
Serviços de viagem
Bebidas
Férias
Alimentos (panetone)
Processamento de impostos
Vestuário (maiôs)
Médico (epidemia de dengue)
Itens de jardinagem (sementes)
Serviços de esportes (olimpíadas)
Fogos de artifício
Serviços de educação
Adaptado de: Slacks 
et al.
 (2009).
47
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Para se estabelecer o nível de acréscimo ou decréscimo da capacidade em função de uma previsão 
de vendas, torna-se imprescindível uma medida precisa da atual capacidade. Essa medida, embora muito 
desejada e importante, é muito complexa, e a precisão, quase impossibilitada em função da quantidade 
de itens instalados, bem como o conjunto de especificações teóricas e reais de sistemas, máquinas 
e equipamentos envolvidos. O que se pratica é a identificação dos volumes máximos e mínimos de 
produção, medidos ao longo do tempo, conforme quadro a seguir.
Quadro 7 – Medidas de capacidade por diferentes operações
Operação 
Medida de capacidade 
de insumos 
Medida de capacidade de volume 
de produção 
Fábrica de ar-condicionado 
Horas/máquinas disponíveis 
Número de unidades por semana 
Hospital 
Leitos disponíveis 
Número de pacientes tratados por semana 
Teatro 
Número de assentos 
Número de clientes entretidos por semana 
Universidade 
Número de estudantes 
Estudantes graduados por ano 
Loja de venda no varejo 
Área de vendas 
Número de itens vendidos por dia 
Companhia aérea 
Número de assentos disponíveis no setor 
Número de passageiros transportados 
por semana
Companhia de eletricidade 
Tamanho do gerador 
Megawatts-hora de eletricidade gerada 
Cervejaria 
Volume dos tanques de fermentação 
Litros por semana 
Adaptado de: Slacks 
et al.
 (2009).
Existem diferenças entre o volume produzido e o medido ao longo do tempo e a capacidade 
especificada e atribuída, teoricamente, pelos fornecedores do parque de máquinas, que normalmente se 
denomina por utilização e eficiência da planta, ou seja:
Utilização = volume de produção real / capacidade do projeto
Eficiência = volume de produção real / capacidade efetiva
Conforme Santos e Wilmers (2014), um produtor de papel para gráficas tinha uma linha de produção 
com capacidade de projeto de 200 m
2
 por minuto, com a linha operando 24 horas por dia, sete dias por 
semana (168 horas por semana).
A capacidade do projeto é, portanto, de 200 x 60 (minutos por hora) x 24 (horas por dia) x 7 (dias da 
semana) = 2.016 milhões de m
2
 por semana.
Existem perdas em tempos não utilizados no processamento e transformação dos insumos em 
produtos, sendo que, em uma semana, foram apuradas as perdas:
48
Unidade I
Quadro 8 
Descrição do motivo da perda
Tempo perdido em horas
Mudanças de produtos (
setup
)
20
Manutenção preventiva regular
16
Nenhum trabalho programado
8
Amostragens de qualidade
8
Tempos de troca de turnos
7
Paradas para manutenção
18
Investigação de falhas de qualidade
20
Falta de estoque
8
Falta de pessoal
6
Espera por rolos de papel
6
Nesta semana, o volume de produção real foi de 582.000 m
2
. 
Cinco motivos para a produção perdida eram inevitáveis e totalizaram 59 horas. Outros cinco 
foram perdas não planejadas e totalizaram 58 horas. Os resultados do exemplo, em eficiência, 
podem ser vistos na próxima figura.
Capacidade de 
projeto
168 h/semana
Produção real
51 h/semana
Capacidade 
efetiva
109 h/semana
Eficiência = (volume de produção real) / 
(capacidade efetiva) = 51/109 = 0,468 = 46,8%
Perdas
planejadas
59 h/semana
Perdas
que podem ser 
evitadas
58 h/semana
Utilização = (volume de produção real) / (capacidade de projeto)
= 51/168 = 0,304 = 30,4%
Figura 14 – Utilização e eficiência
Fonte: Slack 
et al.
 (2009, p. 314).
Essa análise é a da eficiência da planta. Já a eficácia geral dos equipamentos se baseia nos resultados 
apresentados e os produtos e serviços produzidos e entregues, como segue:
• Rapidez: pode-se considerar a denominada taxa de atravessamento, ou seja, o tempo necessário 
para a transformação programada a partir da entrada do insumo em máquina até a conclusão do 
processamento nesse equipamento.
• Qualidade: trata-se da correspondência dos resultados na unidade de trabalho comparados com 
as especificações prévias para o processo de transformação. São as conformidades do produto 
com as especificações iniciais de fabricação.
49
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
• Tempo de processamento (útil): o tempo de disponibilidade da máquina para o processamento 
efetivo dos insumos deve ser medido e comparado com o especificado. Quanto mais tempo efetivo 
de processamento, melhor o desempenho da operação, mais valor agregado aos produtos e maior 
será a otimização dos investimentos. Podem ser medidos, por exemplo:
— grau e tempo de ocupação média dos leitos de um hotel ou pensão;
— ocupação média dos assentos em aviação comercial;
— tempo de utilização de horas-máquinas em centros de manufatura.
Agora que se sabe a relação da demanda e a capacidade produtiva da operação, torna-se necessário 
definir o comportamento dos processos produtivos ou da operação produtiva como um todo diante das 
flutuações da demanda.
Segundo Sobral e Peci (2013), as decisões sobre capacidade não são simples e devem considerar 
todas essas possibilidades e variações na competitividade da operação. Como possibilidades, existem 
três opções de decisões diante das flutuações da demanda, a saber:
• estratégia de antecipação;
• estratégia de reação;
• estratégia de acompanhamento.
Na estratégia de antecipação, a organização se antecipará ao aumento de demanda e aumentará a 
sua capacidade de produção previamente, estando pronta para produzir mais quando a demanda aumentar. 
A empresa terá um risco grande, pois dependerá da correspondência da demanda às suas expectativas.
Na estratégia de reação, a organização acompanha as informações sobre a demanda e só aumenta 
a sua capacidade após o aumento real da demanda, sob o risco de perder oportunidade devido a um 
aumento tardio da capacidade, porém sem os riscos de investimentos em instalações, sem a devida 
correspondência da demanda.
A estratégia de acompanhamento consiste no aumento ou diminuição em pequenas porções e 
recursos de capacidade de produção, em reação aos aumentos ou diminuições da demanda. Diminuem-se 
os riscos operacionais, porém afeta-se a moral e a motivação dos colaboradores, e tem-se um custo mais 
elevado para a organização.
O gestor das operações produtivas deve analisar as características de sua operação, dos seus custos, 
do seu mercado e verificar qual das estratégias é mais adequada. Deve ser considerada a possibilidade 
de mesclar as três estratégias em proporções mais adequadas e oportunas para a sua operação.
50
Unidade I
Uma outra possibilidade para os gestores é a análise e opção por manter a sua capacidade em um 
patamar, considerado ideal, e procurar influir e alterar a demanda. A influência pode ser exercida por 
meio de campanhas publicitárias do tipo: “Chocolate é alimento e é saudável”, ou “Panetone é bom o 
ano inteiro, experimente no café da manhã”. Conjuntamente, pode-se praticar preços promocionais nos 
“vales”, períodos sazonais de baixo consumo do produto, atraindo o consumidor a comprar e consumir 
o produto em épocas de baixa procura e até mesmo no ano inteiro.
Segundo Slacks 
et al.
 (2009), estrategicamente, as operações decidem se comportar de três 
formas básicas
:
Manutenção da capacidade constante
Nesse caso, os gestores decidem manter a capacidade constante, ignorando as oscilações da 
demanda ao longo do tempo. A denominada política de capacidade constante consiste em ajustar, 
em um determinado nível, as atividades de produção, mantendo esse volume de produção inalterado 
durante o período de planejamento. Essa decisão é muito aplicada em operações de produção em massa 
e em grandes volumes. Claro que essa escolha não se adapta a produtos perecíveis, de moda ou produtos 
e serviços que tenham alto grau de customização. Mesmo nas operações de grandes volumes, é possível 
detectar situações de ociosidade de capacidade, como no exemplo dos hotéis e pousadas, que ficam 
muito vazios na baixa temporada, tendo que arcar com custos fixos inevitáveis.
Ajuste da capacidade à demanda
A estratégia é se preparar para ajustar a capacidade produtiva às flutuações de demanda. A política 
de acompanhamento da demanda consiste na tentativa de aumentar e diminuir a capacidade produtiva 
conforme as flutuações ocorridas na demanda. Em função dos fatores de flutuação da demanda, bem 
como da característica de investimento fixo necessário à instalação da capacidade produtiva, na maioria 
dos casos, apenas alguns fatores podem ser movimentados para o necessário ajuste. Deve-se considerar 
a quantidade de horas-homem, horas-máquina e quantidade de itens instalados para o atendimento da 
demanda. Conta-se com a alocação temporária de equipamentos, bem como a contratação de mão de 
obra terceirizada como forma de tornar ajustáveis os níveis de capacidade produtiva ou de atendimento 
aos clientes. Exemplos clássicos se localizam nas praças de pedágio que, aos fins de semana ou em épocas 
de feriados prolongados, aumentam a capacidade de atendimento por meio da abertura de um número 
bem maior de guichês de atendimento. Um outro exemplo se encontra nas lojas de 
shopping center
, que 
contratam vendedores temporários para aumentar a capacidade de atendimento nas lojas durante os 
períodos especiais (dia das mães, dia das crianças, entre outros), bem como durante as festas de fim de ano.
Alguns métodos para ajustar a capacidade são:
• horas extras e tempo ocioso;
• variar o tamanho da força de trabalho;
• usar pessoal em tempo parcial;
• subcontratação.
51
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Ajuste da demanda
A política de gestão da demanda se baseia na utilização de ferramentas administrativas e 
mercadológicas para estimular a transferência de parte da demanda dos “picos” (período de alta 
demanda) para os “vales” (período de baixa demanda), de forma a melhor aproveitar as oportunidades 
de aumentar as vendas. Os recursos que podem ser utilizados são:
• Preços promocionais ou descontos sazonais.
• Campanhas promocionais e cobertura publicitária com mensagens que visam a mudança de 
comportamento do consumidor, por exemplo: “Coma panetone o ano todo!”; “Seu pai merece 
presentes, em todas as épocas, não só no dia dos pais!”; ou “Crianças brincam o ano todo, enquanto 
são crianças”; entre outras.
• Oferecimento de produtos e serviços alternativos, como voos 
charter
, pacote especial familiar 
para
o Aquaplay ou academia de madrugada.
Claro que cada campanha adotada exigirá um preparo e desenvolvimento de capacidade para não 
frustrar os clientes que decidem experimentar os oferecimentos alternativos, de forma a desenvolver 
uma nova cultura e novos hábitos de consumo.
4.1.2 Teoria das filas
Diante de operações em que não é possível gerar estoques para o atendimento de demandas além da 
capacidade instalada, deve-se encontrar alternativas aceitáveis para o atendimento da demanda. Uma 
das formas tradicionais consiste na organização das demandas da forma mais justa, para priorizar o 
atendimento e minimização da espera pelos clientes. A forma mais simples de organizar o atendimento 
de clientes e demandas é a fila, meio de organizar pela ordem de chegada, pelo método 
first in first 
out
 (Fifo) – primeiro que entra, primeiro que sai. Um método que estuda e colabora para a melhor 
organização da demanda denomina-se teoria das filas.
Essa teoria normalmente será aplicada nas operações de prestação de serviços em que o estoque 
não é uma alternativa viável, considerando a natureza da operação, não sendo, porém, desconsiderada 
em outros tipos de operações.
O atendimento nessas operações deve considerar o atendimento médio da demanda, para que 
se calcule e invista na capacidade instalada. No entanto, a previsão exata de atendimento, no dia a 
dia, hora a hora, torna-se impossível devido às diversas e numerosas variáveis a serem consideradas e 
calculadas. Na prática, existe uma capacidade instalada para o atendimento médio dos clientes, sendo 
que as variações em horários e períodos de pico de demanda deverão ser consideradas para a melhor 
organização e atendimento, da melhor forma possível, da fila.
Como a chegada do cliente é incerta, não há como calcular, exatamente, o seu tempo de atendimento. 
Segundo Santos e Wilmers (2014), pode-se partir do exemplo do atendimento em uma agência bancária, 
pois, quando do atendimento, mesmo com tudo calculado, em função de um número médio de clientes 
52
Unidade I
que virão à agência, taxa de chegada dos clientes, tanto pode ocorrer uma sobrecarga no atendimento 
em horários específicos, como pode ocorrer uma lacuna de atendimento e ociosidade no sistema de 
atendimento em outros horários. Vejam exemplos de operações que geram filas no quadro seguinte.
Quadro 9 – Exemplos de operações, tipo de 
 
chegada e capacidade de processamento
Operação
Chegadas
Capacidade de processamento
Banco
Clientes
Caixas
Supermercado
Consumidores
Caixas
Clínica de hospital
Pacientes
Médicos
Artista gráfico
Encomendas
Artistas
Decorador de bolo sob 
encomenda
Pedidos
Decoradores de bolo
Serviço de ambulância
Emergências
Ambulâncias com pessoal
Mesa de telefonista
Chamadas
Telefonistas
Departamento de 
manutenção
Panes
Pessoal de manutenção
Adaptado de: Slacks (2009).
Voltando ao exemplo da agência bancária, os gestores decidiram sobre as instalações e número de 
funcionários disponível para o atendimento, considerando o horário de pico, ou seja, o horário de almoço 
das empresas ao redor da agência. Para essa estimativa de atendimentos, foram considerados os dados:
• Taxa de chegada de clientes no horário: 9 clientes por hora.
• Tempo médio de atendimento de cada cliente: 15 minutos.
Com base nesses dados, os gestores concluíram que quatro colaboradores seriam suficientes para o 
atendimento no período de pico, considerando um limite de tempo de espera máximo para cada cliente 
de 3 minutos, em média.
Se for utilizada a teoria das filas, pode-se considerar:
λ
 = taxa média de chegada de clientes/hora
λ
 = 9/h
µ
 = taxa média de atendimento por atendente (capacidade
 de atendimento/h)
15 minutos de atendimento, em média, correspondem a 
25% de uma hora. Assim:
µ
 = 1 / 0,25 = 4 clientes por hora
η
 = número de atendentes
η
 = 4 atendentes
53
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Fator de utilização = 
λ
 / (h
µ
) = 9 / (4 x 4) = 0,5625
A próxima figura apresenta a relação entre o número médio de clientes atendidos no sistema e fator 
de utilização.
30
20
10
8
6
4
2
1.0
0.8
0.6
0.4
0.3
0.2
0.1
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9
Fator de utilização 
λ
/n
µ
L
s
 (número médio no sistema) ou 
λ
W
n = 10
n = 4
n = 5
n = 3
n = 2
n = 1
Figura 15 – Curvas de filas para um sistema com n atendentes em paralelo
Adaptada de: Slacks 
et al.
 (2009).
Dessa forma, quando se considera um fator de utilização de 0,5625 e quatro atendentes:
LS = número médio de clientes no sistema 
LS = 2,56 (conforme consta na figura anterior)
Lq = número médio de clientes em fila = LS – 
ρ
ρ
 = intensidade de tráfego = 
λ
 / m
ρ
 = 9 / 4 = 2,25
Lq = 2,56 – 2,25 = 0,31
WS = tempo médio que o cliente gasta no sistema = (Lq / 
λ
) +
(1 / 
µ
)
WS = (0,31/9) + (1/4) = 0,284 horas = 17,04 minutos
Wq = tempo médio que o cliente gasta na fila = Lq / 
λ
Wq = 0,31/9 = 0,0344 horas = 2,07 minutos
54
Unidade I
Com esses cálculos, o gestor ficaria tranquilo quanto ao tempo de médio de espera de cada cliente 
nesse horário na agência, em torno de 2,07 minutos cada um. Destaca-se que o cálculo apresentado 
só é valido para o sistema de fila única com atendimento em paralelo, conforme se pode observar nas 
próximas figuras.
Estágio
Sistema de estágio único
Estágio
Estágio
Estágio
Sistema de estágios múltiplos
Servidor
Sistema de estágio único e 
servidores em paralelo
Servidor
Servidor
Servidor
Sistema de estágio único 
e filas concorrentes
Sistema de estágio único e fila única
Servidor
Servidor
Servidor
Sistema de estágio único e fila discriminada
Servidor 1
Servidor 2
Figura 16 – Sistemas de filas
Adaptada de: Corrêa (2004).
De acordo com a psicologia das filas, algumas características psicológicas devem ser destacadas 
durante a permanência na espera pelo atendimento:
55
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
• O tempo de espera é supervalorizado pelas que estão aguardando em mais de 20% do tempo real.
• Normalmente, o tempo ocioso,parece mais extenso que o tempo em que as pessoas se mantêm 
 
ocupadas. 
• O tempo de espera pelo atendimento sempre vai parecer maior que o tempo de atendimento em si.
• A tolerância em esperar costuma diminuir diante da falta de explicações pelo tempo de demora.
• O valor pago pelo serviço influencia a tolerância do cliente diante da espera, quanto menor for o 
valor, maior será a tolerância.
• Se não há um prazo previsto para a espera pelo atendimento, o intervalo de espera parecerá 
interminável e muito mais sofrível.
• Quando o cliente está esperando sozinho em um ambiente, as horas de esperas parecem muito 
mais longas que se ele estiver em companhia de outros clientes na sala.
A matriz, exibida a seguir, apresenta dinâmicas de planejamento de capacidade em função de 
expectativas de curto a longo prazo.
Quadro 10 – Dinâmica do planejamento da capacidade
Perspectiva de curto prazo
Perspectiva ruim < 1
Perspectiva normal = 1
Perspectiva boa > 1
Perspectiva de 
longo prazo
Perspectiva ruim < 1
Pessoal despedido
Adiar qualquer ação
Horas extras; contratar 
pessoal temporário
Perspectiva normal = 1
Curto prazo; tempo ocioso
Não fazer nada
Horas extras; contratar 
pessoal temporário
Perspectiva boa > 1
Produzir para estoques 
curto prazo
Contratar e produzir 
para estoques; iniciar o 
recrutamento
Contratar pessoal
Adaptada de: Slacks 
et al.
 (2009).
 Lembrete
A fila consiste em uma estrutura de dados, pessoas ou objetos que 
são organizados sequencialmente, de forma que a ordem de sua inserção 
determina
a ordem de sua retirada. Baseia-se no método 
first in first out 
(Fifo) o primeiro elemento inserido será o primeiro a ser retirado da fila.
56
Unidade I
4.2 Processos de manufatura e de serviços
Segundo Sobral e Peci (2013), as organizações são os fios condutores das economias mundiais, 
pois são de diversos tipos e atuam em ramos diferentes e em grande quantidade. Independentemente 
do ramo de atuação – industrial, comércio ou de serviços –, todas as organizações procedem a 
transformação de insumos obtidos no mercado de fatores de produção e os transformam em produto 
e serviços que são oferecidos para o mercado de bens e serviços. Atualmente, o ramo de prestação de 
serviços vem avançando e ganhando terreno entre as organizações dos demais ramos de atividades. 
A grande tendência que se apresenta nos mercados de diversos países é a de aumento significativo de 
organizações de serviços em detrimento das industriais e comerciais de bens de consumo. Nos Estados 
Unidos, verifica-se um grande aumento de organizações prestadoras de serviços, que representam mais 
de 50% do total das organizações e geram dois terços das vagas de emprego do país. 
Com esse cenário, em que a participação econômica das empresas de prestação de serviços no 
mercado ganha cada vez mais expressão e importância, faz-se necessário um foco proporcional nos 
estudos da gestão de operações nas organizações de serviços. As prestadoras de serviços têm uma 
amplitude cada vez maior no atendimento das necessidades do mercado. Muitos bens de consumo que 
eram adquiridos de forma tradicional estão sendo substituídos por prestação de serviços, por exemplo:
• Aquisição de automóveis e motocicletas – serviços de táxi, moto táxi e transporte por aplicativo 
(Uber e outros serviços).
• Lavadora e secadora de roupas – serviços de lavanderia, com opções de “leva e traz”.
• Imóveis – serviços de aluguel de 
flats
 e acomodações com serviços.
• Bicicleta – serviços de aluguel de bicicletas.
A produção de bens tangíveis – automóveis, refrigeradores, eletroeletrônicos e outros bens – está 
sendo suplantada pelas organizações de produção de bens intangíveis, como hospedagem, ensino, 
limpeza e lavagem de veículos, transportes, atendimento clínico e hospitalar, entre outros. Essa é a fase 
denominada de desindustrialização da economia, em que os serviços se tornam preponderantes nas 
operações empresariais e responsáveis pela maior fatia dos recursos gerados na economia do país. Em 
2010, o setor de serviços já atingia quase 70% do PIB brasileiro, muito superior à participação de antigos 
setores majoritários, como a indústria e a agropecuária. 
No entanto, as atividades das organizações se misturam, no intuito de maior agregação de valor 
para os seus clientes, resultando em organizações de serviços que entregam valores por meio de bens 
que fazem parte dos serviços prestados, da mesma forma que dificilmente existirão organizações que 
entregarão apenas bens físicos, com ausência de quaisquer serviços complementares aos clientes, 
tais como: seguro, assistência técnica, instalação, entrega, serviços de garantia, entre outros serviços 
agregados aos produtos.
57
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Existem diferenças básicas e conceituais entre bens e serviços gerados em uma operação. Nas 
operações que produzem bens, as atividades do processo produtivo são muito nítidas e facilmente 
separadas e identificadas em relação às atividades de outras áreas funcionais. Já nas organizações 
prestadoras de serviços, existe uma dificuldade, maior ou menor, dependendo do tipo de serviço prestado, 
para a separação das atividades de geração dos serviços das demais áreas funcionais da organização. 
No quadro seguinte, veja as características diferenciadoras de operações de manufatura das de 
prestação de serviços. 
Quadro 11 – Diferenças entre organizações 
 
de manufatura e de serviços
Organização de manufatura
Organzação de serviços
Produzem bens tangíveis e duráveis
Produzem bens intangíveis
Bens podem ser armazenados para consumo posterior
O consumo e a produção dos serviços são simultâneos
A quantidade e a qualidade dos bens produzidos são 
facilmente mensuráveis
A qualidade dos serviços é percebida, mas é muito difícil de 
ser medida
O resultado é padronizado
O resultado é customizado
Pouca participação e pouco contato com o consumidor
Amplo contato e participação do consumidor durante o 
processo de transformação
A localização é menos importante para o sucesso da 
organização
A localização é crucial para o sucesso da organização
Emprego intensivo de capital
Emprego intensivo de trabalho
Fonte: Sobral e Peci (2013, p. 412).
4.3 Projeto de processo e projeto de produto
Quando se pretende planejar uma operação produtiva, deve-se iniciar o estudo pelos projetos de 
produtos e processos de produção. Os dois tipos de projetos andam juntos e em paralelo. O projeto 
de produtos criará a concepção técnica do produto a partir da especificação mercadológica do 
que 
se deseja oferecer no mercado e quais as características e funcionalidades que atenderão 
os desejos dos clientes. O projeto do processo de produção será desenvolvido em paralelo com 
o projeto de produto, constando com as suas especificações e indicações do que se pretende 
produzir. No projeto de processos 
produtivos, consideram-se os recursos necessários para a produção, 
os insumos e materiais necessários, os equipamentos e máquinas e os devidos ajustes necessários, bem 
como a definição e desenho do processo de manufatura. Com esse desenho, pode-se estimar o número 
e o perfil dos colaboradores que devem ser alocados, da mesma forma que se antecipam os programas 
de treinamento necessários.
Com essa breve introdução, fica muito clara a necessidade do entendimento de projetos, seus 
conceitos, funcionamentos e características operacionais para os gestores de operações produtivas. Os 
projetos de produtos e serviços requerem conhecimentos de gestão de projetos e sua execução, dos 
processos de planejamento, orçamento e realização de projetos. 
58
Unidade I
Para se ter uma ideia dessa necessidade, os projetos de processos produtivos são muito complexos 
e envolvem a projeção da cadeia produtiva como um todo, a partir das atividades dos fornecedores, 
atravessando a produção na empresa em todas as suas etapas e interdependências internas e chegando 
à expedição dos produtos acabados. Terá que levar em consideração os níveis operacionais necessários, 
o 
layout
 de instalações, a tecnologia a ser implementada e o pessoal a ser alocado.
O entendimento básico de projetos e ferramentas de gestão de projetos atenderá não apenas 
a necessidade de projetar e definir os detalhes do produto ou do serviço, deve-se atender também 
às necessidades de orçamentação de materiais, pessoal, instalações, investimentos em máquinas 
e equipamentos, arranjo físico, entre outros aspectos necessários para o funcionamento pleno da 
operação produtiva.
4.3.1 Projeto em gestão da produção
Segundo Monty Finneston (
apud 
SLACKS 
et al.
, 2009), o projeto pode ser definido como o conjunto 
de especificações conceituais e físicas que visam atender especificações e exigências funcionais de 
clientes ou de um segmento de mercado mediante orçamento prévio e aprovação do cliente, de forma 
a concretizar o conceito inicial concebido.
Projetos, em um sistema produtivo, podem ser representados por:
• Produtos em geral: automóvel, 
smart
 tv, refrigeradores, calçados, fraldas infantis ou geriátricas.
• Produções artísticas: música, pinturas, esculturas. 
• Sistemas: telefonia, ferrovia, rodovia, orquestra.
• Operações comerciais: hipermercados,
shopping centers
, lojas de varejo.
Dessa forma, nas atividades de projetos, deve-se considerar que:
• O objetivo da atividade de projeto é satisfazer a necessidade dos seus clientes.
• Aplica-se tanto a produtos/serviços, tais como:
— projeto de produtos;
— projeto de serviços;
— projeto de sistemas;
— projeto de processos.
• Consiste em um processo de transformação.
• Projetos iniciam-se como conceitos, transformam-se em especificações e terminam com resultados 
concretos de produtos e serviços.
59
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Quadro 12 – Impacto do projeto de produto/serviço 
e processo nos objetivos de desempenho
Objetivo de 
desempenho
Influência do projeto bem elaborado 
do produto ou serviço
Influência do projeto bem 
elaborado do processo
Qualidade
Consegue eliminar falhas pontenciais e aspectos que 
podem provocar erros do produto ou serviço
Resulta em recursos convenientes para produzir o 
produto ou serviço conforme suas especificações
Rapidez
Pode gerar produtos que podem ser feitos rapidamente 
(usando projeto modular, por exemplo) ou serviços que 
evitam demoras desnecessárias
Movimenta materiais, informações ou clientes 
através de cada estágio do processo, sem demoras
Confiabilidade
Auxilia a tornar previsível cada estágio do processo ao 
exigir padronização e previsibilidade
Resulta em tecnologia e pessoal confiáveis
Flexibilidade
Permite reduzir o custo de cada peça que compõe o produto 
ou serviço, assim como reduz o custo de combiná-los
Assegura alta ultilização de recursos, o que leva a 
processos eficientes e de baixo custo
Custo
Pode reduzir o custo de cada peça que compõe o produto 
ou serviço, assim como reduz o custo de combiná-los
Assegura alta utilização de recursos, o que leva a 
processos eficientes e de baixo custo
Adaptado de: Slacks 
et al.
 (2009).
Os projetos se resumem em um conjunto de atividades organizadas de forma a aplicar recursos 
humanos, tecnológicos e materiais na transformação de um conceito em produtos e serviços, mediante 
um orçamento previamente aprovado, a serem entregues a um cliente, visando à satisfação de suas 
necessidades, com data de início e data de término previamente agendadas. 
Nessa definição resumida, fica clara a busca total da eficácia dos projetos quando se foca nas 
necessidades do cliente e o resultado que lhe deve ser entregue, com especificações de funcionamento, 
qualidade e prazo de entrega.
Os projetos visam sempre o bom resultado em 
design
, funcionalidade, desempenho e durabilidade, 
ou seja, que o produto tenha uma vida útil longa, de acordo com as expectativas dos clientes. Com 
o projeto do processo de fabricação em paralelo, pretende-se que haja ajustes que permitam uma 
manufatura fácil, com custos baixos e elevada produtividade.
Quando se concebe um serviço, especificamente, deve-se pretender que o novo serviço atenda 
plenamente as expectativas dos clientes, sendo realizado com os recursos disponíveis, bem como com 
a capacidade instalada da operação, para que não sejam necessários grandes investimentos para o 
seu desenvolvimento e colocação em prática, de forma que não se estenda o prazo de retorno de 
investimento.
Quando do projeto de processo produtivo, os gestores de projeto prepararão o equivalente a uma 
“receita de bolo”, em que serão descritos os ingredientes e a forma como devem ser mesclados e misturados 
para produzir a massa e depois assar o bolo. Existe a necessidade de desenvolver o processo de fabricação, 
com o detalhamento de todas as suas fases, viabilizando a entrega dos produtos especificados.
No quadro anterior, fica evidente que os impactos dos projetos de produtos e de processos produtivos 
são significativos para o resultado do produto/serviço entregue. 
60
Unidade I
Fica evidente a necessidade de trabalho conjunto e colaborativo entre as equipes. Porém, existe 
um contágio pela separação, ainda praticada, nas estruturas funcionais, em que cada equipe funcional 
atua, produz e decide como se fosse uma ilha isolada no mar das demais áreas funcionais. Existe 
muita dificuldade em superar essas barreiras, de forma que as equipes, além de trocarem informações 
e materiais, passem a interagirem continuamente, compartilhando decisões e responsabilidades, bem 
como os resultados e sucessos na realização do produto. Dessa forma, o projeto de produto e o projeto 
de processos produtivos devem caminhar juntos e de forma cooperativa.
A interdependência entre os dois projetos, conforme se observa na próxima figura, facilitará o intuito de 
satisfazer as necessidades dos clientes e agregar mais valor ao produto. Durante o desenvolvimento 
do projeto de produto, uma interação da equipe de projeto de processo produtivo pode acrescentar 
uma facilidade metodológica ou tecnológica no processo, por acarretar modificações benéficas na 
especificação do produto ou na solução, obtendo-se uma melhoria funcional no resultado. Pode ocorrer 
o contrário, e uma dificuldade de operacionalização do processo de fabricação pode restringir alguma 
funcionalidade do produto já no desenvolvimento do seu projeto.
Nas operações de prestação de serviços, essa sobreposição de projeto de serviço e projeto de 
execução do serviço é mais evidente e comum, inclusive com a participação de um terceiro, o cliente, 
que pode gerir e modificar os dois projetos em função de suas necessidades, alterações no serviço, 
novas percepções ou perspectivas do cliente durante a execução do serviço.
Os produtos e serviços 
devem ser projetados a 
fim de que possam ser 
produzidos eficientemente
Os processos devem ser projetados 
de forma que resultem em uma 
produção flexível, que produza 
todos os produtos ou serviços 
lançados pela organização
Projeto do 
produto 
ou serviço
Projeto do 
processo que 
será utilizado 
para produzir 
o produto ou 
serviço
Decisões tomadas durante o projeto do produto ou serviço terão 
impacto sobre os processos que irão produzi-los, e vice-versa
Figura 17 – Projetos de produtos/serviços e processos: 
inter-relação e necessidade de tratamento simultâneo
Adaptado de: Slacks 
et al.
 (2009).
A concepção de projetos de produtos ou de processos produtivos está dentro de um escopo 
maior de um processo de transformação e de geração de projetos bem estruturados e consistentes. 
Esse processo maior tem como 
inputs
 as informações e conhecimentos mercadológicos, previsão 
de vendas, funcionalidades, assim como recursos técnicos, equipamentos e pessoal qualificado. 
61
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Como 
outputs
, esse processo gerará projetos acabados, com características de alta qualidade, custo 
reduzido, tempo de realização específico e dentro das necessidades, que sejam realizados com 
rapidez, flexibilidade e confiabilidade.
Tudo deve começar com ideias em quantidade e sempre direcionadas para a conceituação do projeto. 
As ideias iniciais não precisam ser ideias brilhantes e prontas para a concepção do projeto. Inicialmente, 
deve-se escolher um processo para a geração e acúmulo de ideias em profusão. A quantidade levará 
à qualidade de ideias. Por exemplo, o processo de 
brainstorming
 que conduz à produção de grande 
volume de ideias por um grupo de pessoas, sem que haja um processo crítico do grupo ou de indivíduos do 
grupo, de forma a inibir a produção individual das ideias. As ideias sugeridas por cada participante devem ser 
expostas aos demais participantes em um quadro branco ou 
flip chart
, para que cada ideia gerada sirva 
de estímulo para o pensamento e concepção de novas ideias pelos demais membros do grupo.
Com a conclusão do 
brainstorming
, o grande volume de ideias coletadas deve ser tratado e 
processado com a
utilização de outras ferramentas e dinâmicas de grupo, para um refinamento e 
filtragem, considerando critérios e parâmetros a serem fornecidos pelas equipes de 
marketing
, finanças 
e produção, visando a enxugar as alternativas de solução para obter aquelas que atendam melhor as 
especificações desejadas para o projeto.
Filtros de 
avaliação e 
escolha:
- 
Marketing
- Produção
- Finanças
- Tecnologia
- Etc.
Incerteza em 
relação ao 
projeto final
Certeza em 
relação ao 
projeto final
Tempo
Grande número 
de opções de 
projeto
Um projeto final válido
Figura 18 – Filtragem de ideias para o projeto 
Adaptada de: Slacks 
et al.
 (2009).
Na figura anterior, fica evidente o processo de filtragem, em diversas camadas, das ideias brutas 
iniciais até se chegar às ideias mais consistentes a serem tratadas e refinadas cada vez mais. Todos 
62
Unidade I
os participantes desse processo devem ter em mente que, à medida que se avança no processo de 
seleção, aperfeiçoamento e implementação das ideias no desenvolvimento do projeto, as modificações e 
alterações de ideias originais vão ficando cada vez mais dispendiosas e difíceis, em função das construções 
incrementais, que são realizadas cumulativamente. Em tempos iniciais do projeto, as modificações das 
ideias são mais rápidas e menos dispendiosas, sendo assim, nas fases iniciais, os critérios de análises 
críticas devem ser mais agudos e rigorosos. 
Na próxima figura, pode-se verificar o efeito do volume e variedade de produtos a serem produzidos 
no projeto de desenvolvimento.
Volume
Variedade
Ênfase 
do projeto
Padronização 
do produto 
ou serviço
Localização
Fluxo
Tecnologia 
do processo
Habilidade dos 
funcionários
Baixo
Alta
Projeto do produto 
ou serviço
Baixa
Pode ser 
descentralizada
Intermitente
Propósito 
geral
Tarefa
Alto
Baixa
Projeto 
do processo
Alta
Geralmente 
centralizada
Contínuo
Específico
Sistema
Figura 19 – Volume/variedade e diferentes aspectos do projeto 
Adaptada de: Slacks 
et al.
 (2009).
As características relativas às saídas das operações influem, decisivamente, no escopo do projeto 
de produto e de processo de produção. Ficam bastante evidentes as diferenças entre uma operação 
médica que atenda, em grandes volumes, os pacientes que apresentam quadros comuns diante de 
uma necessidade de imunização em massa. Os pacientes devem apresentar um quadro de saúde 
estável, sem a incidência de certar enfermidades, para que se habilitem a serem imunizados. O processo
 
de imunização será geral e com aplicação das mesmas doses de vacina para cada indivíduo que se 
apresentar no serviço médico.
Quando se trata de um atendimento médico para a identificação e tratamento de uma 
enfermidade específica e grave de um indivíduo, nas suas características clínicas particularíssimas, 
por exemplo, com a necessidade de uma intervenção cirúrgica para um transplante de órgãos, os 
exames, avaliações, diagnóstico e preparações serão customizados e escolhidos para cada caso, 
especificamente, de acordo com as necessidades e expectativas individuais. Sem dúvida, uma 
operação com características artesanais. 
Não são, apenas, os níveis e tipos de tecnologias a serem aplicadas em cada tipo de operação, 
mas sim o fato de que as diferenças entre os serviços ou produtos a serem oferecidos a cada tipo de 
cliente não possam ser atendidas completamente com os mesmos recursos produtivos, por melhor que 
sejam aplicados e otimizados. A figura anterior apresenta os diferentes enfoques das relações volume e 
variedade nos projetos. 
63
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Embora o projeto de processo produtivo seja elaborado em paralelo com o projeto do produto/serviço, 
chega um momento que cabem decisões específicas ao projeto de processo. São decisões que apartam, 
determinadas conduções diferentes para projetos de processo de produção para produtos e bens físicos 
e para processos de geração e prestação de serviços, conforme caracterizado no próximo quadro. 
Quadro 13 – Operações de manufatura e de serviços
Tipos de processos
Operações de manufatura
Operações de serviços
Processo
Descrição
Processo
Descrição
Projeto
Gera produtos únicos, 
customizados, com longo 
tempo de manufatura
Serviços profissionais
São organizações de alto contato, 
em que os clientes despendem 
muito tempo, sendo customizados, 
adaptáveis. Baseiam-se em pessoas
Jobbing
Utilizam uma mesma linha de 
produção para fazer produtos 
distintos, compartilhando 
recursos
Lojas de serviços
Tem níveis de contato com o 
consumidor, customização, volume 
de clientes e liberdade de decisão do 
pessoal, ficando entre o serviço 
profissional e o de massa
Lotes
É produzido mais de um 
produto por vez, fato que se 
repete periodicamente. Para 
lotes pequenos, confunde-se 
com 
jobbing
.
Serviços de massa
Envolvem tempo de contato 
limitado e pouca customização. 
Predominantemente baseados em 
equipamentos
Produção em massa
São os que produzem altos 
volumes de bens com 
variedade relativamente 
estreita
Contínuo
São os que produzem altos 
volumes com variedade 
muito baixa ou praticamente 
um único produto
Adaptado de: Slacks 
et al.
 (2009).
Existem diferenças importantes a serem consideradas nos dois tipos de projetos, apesar da dificuldade 
de aplicá-las em situações em que as características do resultado se misturam. Um exemplo está nas 
similaridades encontradas em projeto de construção de um navio de grande porte e o desenvolvimento 
de infraestrutura para a geração de energia elétrica. Nos dois projetos de processo de produção, haverá 
a sobreposição das características de operações de manufatura e de prestação de serviços. Os gestores 
de projeto, apesar das dificuldades, terão que fazer as opções pelo tipo de projeto a ser concebido e 
desenvolvido, conforme se pode constatar nas duas próximas figuras.
64
Unidade I
Projeto
Jobbing
Lote
Massa
Contínuo
Serviços 
profissionais
Lojas de 
serviços
Serviços de 
massa
Baixo volume alto
Baixo volume alto
Alta
Baixa
Variedade
Figura 20 – Tipos de processos em operações de produção e de serviços
Adaptada de: Slacks (2009).
Serviço 
profissional
Serviço de 
massa
Loja de 
serviço
Projeto
Jobbing
Lote
Massa
Contínuo
Maior flexibilidade 
do processo do que o 
necessário, resultando em 
alto custo
Menor 
flexibilidade do 
processo do que o 
necessário, resultando 
em alto custo
Nenhum
Nenhum
Tipos de 
processos de 
operações de 
manufatura
Tipos de 
processos de 
operações de 
serviços
Variedade
Volume
Linha “natural” de ajuste do processo às características 
de volume/variedade de produtos/serviços
Figura 21 – Matriz produto–processo 
Adaptada de: Slacks 
et al.
 (2009).
Analisando as condições reais das operações, em termos de tipificação, elas tendem a se concentrar 
na diagonal “natural” da matriz apresentada na figura anterior, sendo que poucas operações poderiam 
ser enquadradas nas posições extremadas, nos ângulos opostos da matriz apresentada.
 Observação
A gestão de projetos consiste em uma ferramenta imprescindível para 
os gestores atuais, o seu conhecimento consiste em uma importante base 
para a atuação e acesso a oportunidades no mercado de trabalho. 
65
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
4.3.2 Projetos de produtos e serviços
Segundo Sobral e Peci (2013), deve-se iniciar o processo de planejamento das operações com um 
projeto de produto ou serviço, que implica a escolha do 
mix
 de produtos que serão oferecidos aos clientes 
pela
organização. Essa decisão é de grande importância e refletirá externamente nas características 
dos produtos que serão oferecidos ao mercado e se a sua qualidade, funcionalidade e aparência serão 
suficientemente diferenciadas e atrativas para serem preferidas pela maior parte dos consumidores. 
Internamente, haverá a preocupação do processo e dos custos necessários para a produção dos produtos 
ou geração dos serviços a serem prestados, de forma a viabilizar, economicamente, a sua fabricação e 
geração para entrega ao mercado.
Os produtos ou serviços consistem no principal contato com os clientes, ou seja, a razão de se 
estabelecer um relacionamento com os clientes. Diante disso, sua viabilização, por meio de outras 
áreas funcionais da organização, é imprescindível, visando a sua continuidade e sustentabilidade 
econômica para a empresa. A área de P
&
D, 
marketing
 e finanças de RH devem avaliar os produtos e 
suas contribuições para a sua concretização. As informações dessas áreas quanto ao escopo técnico dos 
produtos, a sua viabilidade mercadológica e previsão de vendas, a viabilidade financeira, com o estudo 
de retorno sobre os investimentos, além das necessidades de contratações e treinamentos de pessoal.
Apesar de todas as contribuições informacionais, o gestor de operações produtivas terá que conduzir 
todo o processo considerando-se três importantes fases:
• Coleta de informações internas e do mercado externo sobre os produtos e serviços em estudo.
• Seleção de ideias e alternativas de solução.
• Elaboração do projeto final dos produtos ou serviços.
Na coleta de informações deverão ser consideradas as demais áreas da organização. Os conceitos e 
conhecimentos multidisciplinares deverão ser tratados em diversas dimensões técnicas e mercadológicas. 
A audição dos clientes se torna fundamental para se ter uma percepção direta do consumidor final do 
produto. Uma outra fonte importante é a opinião dos concorrentes, que pode ser apurada pela pesquisa 
de suas decisões e atividades no mercado, que podem balizar as decisões quanto à qualidade, tecnologia 
e preço a serem praticados.
Diante das decisões sobre as melhores alternativas de solução, deve-se considerar a viabilidade 
operacional quanto à execução, à tecnologia necessária, à receptividade do mercado e ao público-alvo, 
bem como a compatibilidade com os recursos e estratégias da organização. As alternativas de solução 
escolhidas devem apresentar uma significativa contribuição com a estratégia organizacional, oferecendo 
vantagens competitivas sustentáveis. 
Um projeto preliminar, podendo ser mais de um, deve ser elaborado para que se possa testar um 
protótipo em que se verifiquem as condições técnicas de produção, as funcionalidades do produto e até 
66
Unidade I
a sua aceitação por uma amostra do mercado antes do pré-lançamento em uma dimensão maior e mais 
abrangente, até se chegar a um nível de aperfeiçoamento que permita o lançamento em grande escala.
O gestor de operações produtivas terá que avaliar a produtibilidade dos produtos, ou seja, a avaliação 
da capacidade de produção necessária e se a organização dispõe de condições de produzir esses produtos 
em condições ideais, ou pelo menos razoáveis, de custos, níveis de qualidade e confiabilidade de resultados. 
Além de condições de produção, deve-se considerar que a organização oferece a oportunidade, ou seja, 
se é oportuno esse investimento e esforço para a produção desses novos produtos.
A oportunidade representa que a empresa aproveitará bem esse momento para o desenvolvimento 
e lançamento dos produtos, sendo que os clientes os receberão de braços abertos, de maneira a evitar 
o 
seu armazenamento por longos períodos, da mesma forma que não exijam esforços hercúleos para
 
sua comercialização.
A avaliação da produtividade e da precisão do resultado do projeto, verificando-se as necessidades de 
 
aprimoramento antes do lançamento oficial dos produtos no mercado, pode contar com algumas técnicas:
• Desdobramento da função qualidade: métodos e técnicas que visam assegurar o atendimento 
da especificação e requisitos do produto pelo projeto final. Em uma matriz bidimensional, 
relacionam-se os quesitos solicitados pelos consumidores e as características e funcionalidades 
do produto, de acordo com o seu projeto final.
• Engenharia de valor: visa à redução de custos desnecessários, mediante uma análise de 
custos incorridos no processo de produção em itens que não agreguem valor ou melhoria no 
desempenho do produto.
• Método de Taguchi: avaliação da robustez do projeto final por meio da verificação do 
comportamento e desempenho do produto ou serviço diante de condições adversas externas.
No processo de lançamento do produto, consta a etapa de prototipagem final. Nela, o protótipo 
do produto poderá ser uma maquete ou um processo de simulação por 
softwares
 e utilização de 
processamento computacional. A simulação poderá projetar e prever uma série de situações em que 
se poderá testar a funcionalidade do produto sem que se necessite incorrer em custos adicionais para 
testá-lo no mundo real. Quanto ao teste de serviços, a alternativa seria a prestação de serviços dentro 
de um projeto piloto para um grupo selecionado de clientes.
Na prototipação de produtos, pode-se contar com tecnologias, como projetos suportados pelo 
computador, ou 
computer aided design 
(CAD). A simulação por 
software
 permite a simulação do 
desempenho do produto com um grau elevado de precisão e dentro de condições muito próximas à da 
realidade. Os testes serão executados em ambiente virtual confiável e de baixo custo, comparado com 
testes amostrais no ambiente real, podendo contar com interações dos técnicos, de forma a tornar a 
simulação mais real quanto possível. Ao utilizar a simulação, o lançamento do produto se torna mais 
rápido, seguro, confiável e menos custoso.
67
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
O projeto de produtos e serviços ganha importância diante da necessidade de lançamento de novos 
produtos, de forma mais constante e rápida. Aumenta-se a competitividade das organizações quando 
um projeto se desenvolve de forma rápida, com menos possibilidade de insucesso, devido à eliminação 
de riscos, à diminuição das oportunidades de falhas, erros de produção, além de um ajuste mais 
refinado das especificações, para o atendimento dos desejos dos clientes. O aumento da confiabilidade 
e a redução dos custos de projetos de produtos e processos incitarão as equipes da organização a se 
articularem, desenvolverem e lançarem novos produtos de forma mais diversificada e intensa.
4.3.3 Vantagem competitiva do bom projeto
As organizações se apresentam ao mercado e aos seus públicos-alvo por meio dos seus produtos 
ou serviços prestados. Considerando essa representatividade dos produtos/serviços, os projetos de 
desenvolvimento de novos produtos e serviços, nos dias de hoje, em que as atualizações tecnológicas 
e mercadológicas se tornaram obrigações das empresas competitivas, passam a ser ferramentas 
importantes para gerar diferenciais competitivos para as organizações.
Os projetos de produtos/serviços apresentam componentes comuns, tais como:
• O conceito: que corresponde às características gerais e benefícios a serem oferecidos aos clientes 
 
finais.
• Pacote de produtos/serviços: 
mix
 de resultados que comporão a materialidade do conceito do projeto.
• O processo: conjunto de atividades que vão estabelecer a relação entre os componentes do pacote.
Segundo Slacks 
et al.
 (2009), as etapas componentes do projeto, de forma geral, são apresentadas 
a seguir:
Geração do 
conceito
Triagem
Projeto 
preliminar
Avaliação
de melhoria
Protótipo
e projeto final
Conceito
Pacote
Processo
Figura 22 
 Adaptada
de: Slacks 
et al.
 (2009).
68
Unidade I
Geração do conceito
As fontes de ideias e 
insights
 para a geração do conceito do projeto de desenvolvimento de produtos 
e serviços, geralmente, são provenientes de fontes internas e de fontes externas, conforme consta na 
próxima figura.
Ideias de pesquisa e 
desenvolvimento
Sugestões do 
pessoal de contato 
com os clientes
Departamento 
de 
marketing
Análise das 
necessidades dos 
consumidores
Ações dos 
concorrentes
Sugestões 
dos clientes
Pesquisa de 
mercado
Geração do conceito
Fontes 
internas
Fontes 
externas
Figura 23 – Ideias surgem dentro e fora da organização 
Adaptada de: Slacks 
et al.
 (2009).
O 
fluxo 
de 
informações 
estabelecido 
com 
os 
clientes 
assume 
uma 
importância 
crucial 
no 
desenvolvimento de projetos de desenvolvimento de produtos e serviços. Os colaboradores devem 
ser treinados e conscientizados dessa importância, de forma que fiquem mais atentos e abertos para 
receberem e dar os devidos encaminhamentos e valorização das informações e novas expectativas dos 
clientes sobre os resultados a serem apresentados pela operação.
Quanto mais forem valorizadas e correspondidas essas ideias, advindas do processo de comunicação 
com os clientes, mais essas relações entre clientes e colaboradores da organização será intensificada.
As ideias, advindas de fontes internas e externa, estão longe de serem consideradas conceitos. Ainda 
há de percorrer um longo trajeto. Deverão ser analisadas, processadas e aperfeiçoadas pelas equipes 
de projeto, para serem transformadas em conceitos de projetos de desenvolvimento. Os conceitos 
se diferenciam de ideias por conterem a ideia em estágio de alto aprimoramento mais a maneira de 
implementá-la, as suas funções, objetivos e benefícios efetivos para os clientes da organização. Na 
próxima figura, apresenta-se um esboço sobre a transformação de ideias em conceito.
A apresentação do conceito deve ser simples e clara, facilitando a sua comunicação para que todos 
os colaboradores envolvidos, de todos os níveis hierárquicos da organização, tenham um entendimento 
rápido e fácil. Pois, terão que realizar e defender o projeto, além de vendê-lo para os demais membros 
internos e para parceiros externos da organização.
69
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Existe uma corrida disputada pela aceitação e transformação de conceito em projeto acabado e 
depois em produto ou serviço novo da operação. Nem todos os conceitos chegarão à linha final desse 
processo. Vários embriões de projetos serão abandonados e descartados ao longo do trajeto, em função 
de deficiências operacionais insuperáveis, alterações no cenário econômico ou mercadológico, ou 
mesmo novas tecnologias desenvolvidas que geram condições de desenvolvimentos de novos produtos 
e serviços em outras dimensões de funcionalidade e de possibilidades de aceitação pelo mercado.
Ideia
Conceito
Forma
A forma global do produto ou serviço
Função
A maneira como o produto ou serviço 
funciona
Propósito
A necessidade que o produto ou 
serviço deve satisfazer
Benefícios
As vantagens que o produto ou 
serviço trarão aos consumidores
Figura 24 – Transformação de uma ideia em um conceito
Adaptada de: Slacks 
et al.
 (2009).
O processo de filtragem e escolha ocorre por meio dos três filtros funcionais intercalados e formados 
por critérios de 
marketing
, finanças e produção, são eles: viabilidade, aceitabilidade e vulnerabilidade. As 
relações entre esses critérios de triagem podem ser observadas a seguir.
Quadro 14 – Questões típicas de marketing, produção e finanças
Critério de 
avaliação
Marketing
Produção
Finanças
Viabilidade
Será o mercado 
suficientemente grande?
Possuímos as capacitações para 
produzir?
Temos acesso a financiamento 
suficiente para desenvolver e lançar?
Aceitabilidade
Quanto do mercado 
poderemos ganhar?
Quanto teremos que organizar 
nossas atividades para produzir?
Qual o retorno econômico que 
conseguiremos sobre nosso investimento?
Vulnerabilidade
Qual o risco de fracasso 
no mercado?
Qual é o risco de não 
conseguirmos produzir de forma 
adequada?
Quanto dinheiro poderemos perder 
se os desenvolvimentos não forem os 
planejados?
Adaptado de: Slacks 
et al.
 (2009).
70
Unidade I
4.3.4 Benefícios dos projetos interativos
Os projetos interativos são denominados dessa forma devido à interação entre os dois tipos de 
projetos para o desenvolvimento de novos produtos e serviços, o desenvolvimento em paralelo e as 
inter-relações entre os projetos de produtos/serviços e o projeto dos seus processos produtivos. 
O projeto interativo gera diversos benefícios para a operação, entre eles, pode-se citar:
• A redução do tempo de projeto, encurtando-se o prazo entre o desenvolvimento do conceito, do 
projeto e o lançamento do novo produto/serviço no mercado, o denominado 
time to market 
(TTM).
• Aumento de vantagem competitiva ao facilitar a revisão e ajustes simultâneos e de um em função 
do outro, dos projetos de produtos/serviços e o projeto de processo de produção, com um maior 
número de oportunidade de melhorar o desempenho de ambos.
• Diminuição dos custos de desenvolvimento de projetos, devido ao aumento da velocidade de elaboração 
e construção dos projetos, além da diminuição das possibilidades de atrasos nos desenvolvimentos.
 Saiba mais
Veja um exemplo de um projeto interativo em processo criativo em 
projetos interativos. 
CARNEIRO, G.; TRAMONTANO, M.; PRATSCHKE, A. Processo criativo em 
projetos interativos: o exemplo do projeto PIX sob o olhar da cibernética 
de 
segunda 
ordem.
 
In:
 
CONVENCIÓN 
CIENTÍFICA 
DE 
INGENIERÍA 
Y 
ARQUITECTURA, 14., La Habana, 2008. 
Anais eletrônicos 
[...]. La Habana, 
2008. Disponível em: https://bit.ly/3mnCZHv. Acesso em: 4 out. 2021.
4.4 Arranjo físico e fluxo
Segundo Slacks 
et al.
 (2009), o arranjo físico das instalações, ou o 
layout
 da operação produtiva, englobará 
as decisões sobre a disposição dos recursos transformadores no ambiente fabril. Serão posicionados:
• instalações;
• máquinas;
• equipamentos;
• colaboradores.
Alterações em 
layouts
 que sejam na mudança de disposição ou posição de um equipamento em uma 
fábrica, ou mesmo a forma de ordenamento dos produtos em uma gôndola resultam em mudanças, 
71
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
muitas vezes significativas, na circulação das pessoas ou clientes pelas instalações, bem como no ritmo 
do fluxo de materiais ou mercadorias, por meio do piso da fábrica ou da loja.
As alterações não podem ocorrer de forma aleatória ou de forma atabalhoada, devido a esses reflexos 
operacionais e imediatos. As decisões sobre o arranjo físico seguem um ritual técnico e são guiadas por 
algumas razões básicas:
• Complexidade das mudanças: frequentemente difíceis e que demandam longo período para a 
sua execução, em função dos tamanhos dos equipamentos e máquinas, as mudanças de 
layout
 
causam alterações nas instalações hidráulicas e elétricas, como: tubulações, ar-condicionado, 
fiação, entradas e saídas de ar e de resíduos líquidos, sólidos e gasosos, entre outros.
• Interferência no funcionamento da operação: os rearranjos físicos, na maioria dos casos, exigem 
uma parada total ou parcial do funcionamento dos processos produtivos ou de atendimento 
comercial, o que ocasionará interrupções nas comercializações com os clientes ou quebra de 
sequência e ritmo da produção. 
• 
Grande possibilidade de erros e efeitos indesejados imprevistos: um entendimento equivocado
 
ou um estudo desastroso podem provocar uma falha no posicionamento de um equipamento ou num 
espaço dedicado à circulação de materiais ou pessoas e podem
ocasionar transtornos enormes 
no funcionamento da operação, tais como: filas de clientes durante o atendimento, aumento no 
tempo de ciclo operacional, inflexibilidades operacionais, fluxos dificultados ou impossibilitados e 
aumento nos custos da operação.
O processo de decisões sobre arranjo físico deve ser cuidadoso e criterioso. Na próxima figura, é 
apresentado um exemplo de etapas a serem seguidas no processo de elaboração de 
layouts
.
- Processo por projeto
 
- Serviços profissionais
- Processos 
jobbing
 - Lojas de serviços
- Processo em lotes - Serviços em massa
- Processo em massa
- Processo contínuo
Volume e 
variedade
Tipos de 
processos
Decisão 1
Tipos básicos de 
arranjo físico
Decisão 2
Projeto detalhado 
do arranjo físico
Decisão 3
Objetivos de 
desempenho 
estratégico
- Arranjo físico posicional
- Arranjo físico por processo
- Arranjo físico celular
- Arranjo físico por produto
Posição física de todos os 
recursos de transformação
Fluxos de recursos 
transformados pela 
produção
Figura 25 – Decisão de arranjo físico
Adaptada de: Slacks 
et al.
 (2009).
72
Unidade I
Segundo Sobral e Peci (2013), o planejamento do 
layout
 das instalações é também denominado de 
arranjo físico, porque serão arranjadas as posições de todos os componentes das instalações começando 
por tomadas, interruptores, saídas e entradas de ar, corredores, portas e janelas. Mas não para por aí, 
é necessário definir as localizações de máquinas, equipamentos, postos e estações de trabalho para os 
colaboradores, espaços específicos para a recepção e atendimento de clientes, banheiros, restaurantes, 
refeitórios e cantinhos do café. Também serão definidas as áreas de armazenagem e estoques, bem 
como os espaços para a movimentação e fluxo de materiais e pessoas.
Com o planejamento de 
layout,
 visa-se à racionalização dos espaços, viabilizando a boa circulação 
de colaboradores e clientes, sem que haja prejuízo dos espaços para um bom fluxo de materiais e 
instalações de equipamentos e armazenamento de materiais e mercadorias, com segurança, conforto 
e praticidade.
Pretende-se, como resultado do planejamento de arranjo físico, uma simplificação dos fluxos 
de materiais de colaboradores e clientes, bem como das informações durante o funcionamento dos 
trabalhos. A coordenação e gestão das atividades será facilitada devido ao acesso e à facilidade de 
visualização do funcionamento e desenvolvimento das atividades pelos colaboradores. 
Porém, para uma definição coerente do 
layout
 de uma operação, faz-se necessário um estudo e 
entendimento do funcionamento dos processos produtivos que serão executados dentro dessas 
instalações. Dependendo das características e exigências de funcionamento dos processos, no que 
tange a entradas e saídas, circulação de materiais e produtos, bem como à forma como os produtos 
serão produzidos. O planejamento do arranjo físico deve acontecer em paralelo com a elaboração 
dos processos, bem como com a definição dos desempenhos de qualidade, rapidez e demais objetivos 
estratégicos e operacionais da operação.
Segundo Slacks 
et al.
 (2009), os arranjos físicos são planejados e elaborados para atender as 
necessidades específicas de uma operação. Depois de muitos estudos e detalhamentos, são procedidos 
ajustes, identificados ao longo do processo de implantação. Mesmo assim, o resultado não será definitivo, 
pois, em função do desenvolvimento da organização, de pequeno, médio e grande porte, o seu arranjo 
físico gera modificações em diversos momentos, visando à acomodação de novos equipamentos e 
diversidade de instalações. Podem ocorrer outros tipos de alterações nas operações, como uma guinada 
de um tipo artesanal para um tipo de produção em massa, com consequências traumáticas para os 
layouts
 em funcionamento. Enfim, não existe o 
layout
 ideal e definitivo para determinado tipo de 
operação. Mesmo sendo o ideal teórico, carecerá de ajustes e refinamentos, em função de detalhes e 
especificidades da operação. 
73
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Quadro 15 – Processos 
versus
 arranjos físicos
Tipos de processos 
de manufatura
Tipos básicos de 
arranjo físico
Tipos de processos 
de serviços
Processo por projeto
Arranjo físico posicional
Arranjo físico por processo
Arranjo físico celular
Arranjo físico por produto
Serviços profissionais
Processo tipo 
jobbing
Processo tipo 
batch
Lojas de serviços
Processo em massa
Serviços de massa
Processo contínuo
Adaptado de: Slacks 
et al.
 (2009).
Arranjo físico posicional
Esse tipo de arranjo físico se caracteriza pela imobilidade do material que está em transformação. Os 
recursos em processo de transformação, que podem ser informações, clientes ou produtos em processo, 
não se movimentam durante a produção. A movimentação é realizada pelos recursos de transformação, 
sejam colaboradores, equipamentos ou instalações. O produto que está em transformação tem 
características que dificultam a sua movimentação, tais como: não podem ou não querem se mover, são 
muito delicados e precários para serem movimentados, são grandes e desproporcionais em peso para 
que sejam movimentados, entre outras características impeditivas. 
Segundo Sobral e Peci (2013), diante de um produto ou resultado grande e de difícil movimentação, 
faz sentido a adoção do 
layout
 posicional. Nesse tipo de 
layout
, o produto não se movimenta, os recursos 
transformadores é que se movimentam em torno da plataforma que está sendo montada. O 
layout
 é 
muito utilizado na construção de navios, aviões rodovias e até mesmo cirurgias, em que o paciente deve 
ficar em um único lugar e posição.
Os equipamentos, máquinas, ferramentas e pessoas se movimentam de acordo com a necessidade 
exigida pela montagem ou transformação planejada. No caso, cada unidade de produto será montada 
de cada vez, até a sua conclusão, o que elimina a hipótese de grandes quantidades de unidades a serem 
fabricadas pela operação. Não há volume, mas esse tipo de arranjo físico gera mais flexibilidade de 
produto e customizações, para atender especificidades do cliente. Sendo assim, os custos unitários serão 
bem mais elevados, com um planejamento e controle de produção mais complexo e uma programação 
em função da alta movimentação dos materiais, colaboradores e equipamentos durante as montagens.
Alguns exemplos ilustrativos de operações:
• construção de uma rodovia;
• restaurante de alta classe com serviço à 
la carte
; 
• centros cirúrgicos;
• construção de grandes navios em estaleiros.
74
Unidade I
Arranjo físico por processo
Segundo Sobral e Peci (2013), em função do processo de produção e suas características 
e 
exigências, 
será 
definido 
o 
layout
 
de 
processo. 
O 
agrupamento 
dos 
recursos 
necessários, 
colaboradores, equipamentos e máquinas, será definido em função da redução dos distanciamentos 
entre os elementos envolvidos. Essa preocupação diminui os tempos de percursos e de circulação de 
pessoas de materiais, durante as montagens. As operações que adotam esse tipo de 
layout
 geram 
volumes de unidades relativamente pequenos, bem como uma grande variedade de produtos. Nessas 
operações, comumente, oferecem-se muitos tipos de produtos para uma gama variada e numerosa 
de clientes. Exemplos clássicos são as clínicas e hospitais, as agências bancárias e os hipermercados. 
As vantagens desfrutadas nesse tipo de 
layout
 são maior flexibilidade de 
mix
 de produtos e serviços, 
uma simplificação nos procedimentos de supervisão das instalações, máquinas e equipamentos, bem 
como das atividades desempenhadas pelos colaboradores.
Uma desvantagem está na definição de um fluxo mais complicado e longo para
o percurso 
do produto durante a sua passagem pelos processos definidos. A mais demorada duração do 
processamento pode dificultar o PCP da operação, bem como aumentar os custos de manuseio dos 
materiais envolvidos.
As decisões sobre o arranjo físico são tomadas em função dos processos de transformação, dada a 
sua importância e centralidade no funcionamento e resultados da operação produtiva. Outros motivos 
podem levar à escolha desse arranjo, como a existência de muitos equipamentos que, por motivos técnicos
 
ou administrativos e de controle, devem ficar juntos e muito próximos. Exemplos:
• Em instalações hospitalares, os equipamentos de radiografia devem ser instalados em um local 
específico e muito próximos, em função da necessidade de isolamento e proteção.
• Os laboratórios de análises clínicas e centros cirúrgicos têm instalação em andares e locais 
específicos, em função da necessidade de dificultação do acesso de clientes e outros profissionais 
alheios aos serviços.
• Plantas fabris de componentes mecânicos devem ficar em local específico em função das 
instalações e com acesso apenas a pessoal especializado.
• Nos hipermercados, os setores são divididos por questões sanitárias específicas e refrigeração, 
como os pescados, as carnes, as verduras, que são alocados em locais específicos, separados e 
devidamente aclimatados.
75
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Sala de 
acesso 
on-line
 e 
CD-ROM
Periódicos 
encadernados
Livros para empréstimo organizados por assunto
Periódicos 
recentes
Relatórios de 
empresas
Coleção 
Coleção 
reservada
reservada
Balcão de atendimento
Informações
Seção de 
Seção de 
referências
referências
Depósito
Área de 
Área de 
copiadoras
copiadoras
Entrada
Saída
Mesas de estudo
Mesas de estudo
Figura 26 – Arranjo físico por processo
Fonte: Slacks 
et al.
 (2009, p. 206).
Arranjo físico celular
Pela história, foram desenvolvidos e implantados na Rússia, na década de 1930. Mas o grande sucesso 
e divulgação ocorreu pela sua aplicação pelas manufaturas japonesas, em meados do século XX. Nesse 
tipo de arranjo físico, existe uma classificação e separação dos recursos em transformação, em categorias 
ou famílias de parte e peças, que são transformadas em processos similares, quando não são idênticos, 
de forma que os recursos de transformação necessários e utilizados no processo de produção sejam 
agrupados e arranjados no mesmo local delimitado. Nesse local delimitado, a produção de determinado 
lote ou porção específica de partes ou peças será realizada ininterruptamente e, após a conclusão do 
trabalho ou etapa de fabricação, serão encaminhadas para a continuidade do processo produtivo em 
outra célula de manufatura. O processo segue nesse ritmo até a entrega dos produtos acabados para a 
expedição. O processo adquire um nível de desempenho elevado em rapidez e qualidade, com um nível 
bem mais baixo nos estoques.
76
Unidade I
Figura 27 – Família de peças – típico arranjo físico celular em forma de “U”
Fonte: Corrêa (2004, p. 415-417).
 
Caixa
Caixa
Corredores
Corredores
Seç
Seção de 
ão de 
esportivos
esportivos
Livros e 
Livros e 
vídeos
vídeos
Calçados
Calçados
Perfumes e 
Perfumes e 
joias
joias
MMalas e 
alas e 
presentes
presentes
Roupas 
Roupas 
femininas
femininas
RRoupas masculinas
oupas masculinas
Doces, jornais, 
Doces, jornais, 
revi
revistas e 
stas e 
papelaria
papelaria
Elevadores
Elevadores
Entrada
Entrada
Entrada
Entrada
Figura 28 – Loja de departamentos – diferentes células de serviços
Fonte: Slacks 
et al.
 (2009, 207).
Arranjo físico por produto
O arranjo físico por produtos é centrado nas necessidades e características do processo de 
transformação dos insumos em um produto específico. Voltado para agilizar e intensificar a produção 
de um produto específico, com maior produtividade, rapidez, qualidade e precisão nos prazos, esse 
layout
 vai priorizar a melhor disposição das instalações, equipamentos, máquinas e colaboradores. De 
forma a produzir o produto da melhor forma, serão evitados o esforço e o tempo necessários para 
a movimentação e preparação dos equipamentos, sequencialmente, para a continuidade do processo 
produtivo. Essas características habilitam esse tipo de arranjo físico para a produção continuada, em 
77
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
massa, de produtos padronizados e em grande volume de fabricação. O arranjo promoverá um grande 
ganho de escala ao longo do processo produtivo. 
Segundo Sobral e Peci (2013), os recursos de transformação, considerando-se os colaboradores, os 
equipamentos, máquinas e tarefas, são planejados para que se crie um fluxo contínuo e ordenado ao 
longo da linha de produção. O sequenciamento dos materiais e padronização dos procedimentos e 
tarefas são fundamentais para o funcionamento desse 
layout
. Esse 
layout
 é adequado para os processos 
de produção continuada e repetitiva, que geram grande e padronizados volumes de unidades produzidas. 
A sua aplicação é muito vantajosa em linhas de montagem, em que as empresas industriais mantêm 
atividades muito organizadas e com sequências e rotinas de trabalho bem definidas e repetitivas. As 
vantagens, nesse 
layout
, têm a ver com a especialização de equipamentos, rapidez, fluidez dos materiais, 
permitindo uma melhor movimentação de clientes na operação. Existem desvantagens, também, 
como a falta de flexibilidade na escolha de variações de 
layout
. Quando se trata de grandes volumes 
de fabricação, os 
layouts
 celulares ou por produtos serão os mais adequados, por assegurarem uma 
continuidade no fluxo de recursos e de produtos.
Layout
 
posicional
Layout
 de 
processo
Layout
 de 
produto
Fluxo 
intermitente 
de recursos
Volume
Variedade
Fluxo 
contínuo de 
recursos
Figura 29 – Relação entre o volume e a variedade da produção e o 
layout
Fonte: Sobral e Peci (2013, p. 425).
Nas próximas figuras, constam exemplos de arranjos físicos por produto.
Cozimento
Limpeza
Refinamento
Mistura
Alinhamento
Rolos de 
pressão
Secagem
Embobinamento
Figura 30 – Arranjo físico por produto – fabricação de papel
Fonte: Slacks 
et al.
 (2009, p. 209).
78
Unidade I
Sala de 
aula
Médico
Médico
Médico
Médico
Médico
Médico
Médico
Médico
Médico
Médico
Médico
Médico
Teste de 
Teste de 
sangue
sangue
Teste de 
Teste de 
sangue
sangue
Teste de 
Teste de 
sangue
sangue
Raio X
Raio X
Raio X
Raio X
Raio X
Raio X
Área de 
entrega 
de 
uniformes
Depósitos de 
uniformes
Sala de 
espera
Sala de 
espera
Registro de 
histórico 
pessoal e 
médico
Figura 31 – Arranjo físico por produto – centro de alistamento militar
Fonte: Slacks 
et al.
 (2009, p. 209).
Arranjo físico misto
Existe a possibilidade viável, em função do grande porte e complexidade de certas operações, 
da utilização de mais de um arranjo físico dos tipificados até aqui, para que se possa equacionar 
problemas e situações diversas que serão encontradas na extensa instalação fabril a ser atendida. Os 
arranjos físicos mistos são constituídos por diferentes modelos de 
layouts
, um para a seção ou setor de 
produção, dependendo de suas características peculiares. Segue um exemplo de arranjo físico misto na 
próxima figura.
Arranjo físico em linha = bandeijão
Arranjo físico celular = 
buffet
Arranjo físico posicional = à la carte
Figura 32 – Exemplo de restaurante com arranjo físico misto 
79
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Os gestores de operações produtivas, ao tomarem decisões sobre os arranjos físicos das operações, 
devem considerar, entre outras variáveis, a relação de volume e variedade no sistema produtivo. O arranjo 
físico escolhido influenciará diretamente o fluxo de materiais, mercadorias,
clientes e informações pelas 
instalações fabris ou pela planta operacional para a prestação dos serviços.
No caso de sistemas produtivos com baixo volume e alta variedade, não se pode considerar necessário 
o foco no fluxo dos insumos, materiais e mercadorias a serem processados e transformados, mas sim 
na movimentação e disposição das máquinas, instalações e colaboradores que atuam na transformação 
dos produtos ou serviços finais.
Quando a operação se caracteriza pela saída de produtos em alto volume e uma baixa variedade, a 
análise e decisões de arranjo físico devem ser mais detalhadas e exigirão mais tempo para a decisão do 
melhor 
layout
, de forma que se tenha um fluxo de melhor qualidade e volume para os recursos a serem 
transformados: componentes, partes, peças, matérias-primas, informações e clientes.
Na próxima figura, é exibida uma análise comparativa dos diversos tipos de arranjos físicos e a 
relação de volume-variedade. Percebe-se que a relação volume-variedade não pode ser a única variável 
a ser considerada na escolha do tipo de arranjo físico. Sempre existirão áreas comuns em que deverão 
ser considerados outros fatores e detalhes da operação para a tomada de decisão por um ou outro tipo 
de arranjo físico.
Arranjo físico 
posicional
Baixo Volume Alto
Arranjo físico 
por processo
Arranjo físico 
celular
Arranjo físico 
por produto
Baixo Variedade Alto
Fluxo regular é mais importante, devido ao 
volume produzido
Fluxo regular mais fácil de ser conseguido 
no processo produtivo
Fluxo 
intermitente
Fluxo 
contínuo
Figura 33 – Volume–variedade e os tipos básicos de arranjo físico
Adaptada de: Slacks 
et al.
 (2009).
80
Unidade I
A relação volume-variedade pode ser usada como um critério geral e inicial no processo de análise 
e escolha do tipo de arranjo. A seleção inicial, por esse critério geral, deve eliminar as possibilidades 
mais inadequadas para a situação, restando em torno de duas alternativas de arranjo na etapa final. 
Nessa etapa, devem ser utilizados os demais fatores para a escolha final, considerando as vantagens 
e desvantagens específicas para cada tipo de alternativa de arranjo físico disponível, conforme 
apresentado a seguir.
Quadro 16 – Vantagens e desvantagens 
 
dos tipos básicos de arranjo físico
Tipo de processo
Vantagens
Desvantagens
Posicional
— Flexibilidade de 
mix
 e produto muito alta
— Produto ou cliente não movido ou perturbado
— Alta variedade de tarefas para mão de obra
— Custos unitários muito altos
— Programação de espaço e de atividades complexa
— Muita movimentação de equipamentos e mão de obra
Processo
— Alta flexibilidade de 
mix
 e produto
— Suporta interrupção de alguma etapa
— Facilita supervisão de equipamentos e instalações
— Baixa utilização de recursos
— Gera alto estoque em processo e fila de clientes
— Fluxo complexo e difícil de controlar
Celular
— Boa relação entre custo e flexibilidade em 
operações com variedade mais ou menos alta
— Tempo de passagem rápido
— Trabalho em equipe
— Custoso para reconfigurar arranjo físico original
— Resulta na necessidade de capacidade adicional
— Reduz nível de utilização dos recursos
Produto
— Custo unitário baixo
— Especialização de equipamentos
— Garante boa movimentação de materiais e clientes
— Baixa ou nenhuma flexibilidade do 
mix
— Pode parar se alguma etapa parar
— Trabalho repetitivo
Adaptado de: Slacks 
et al.
 (2009).
Segundo Sobral e Peci (2013), os impactos dos tipos de 
layout
 adotado pela operação nos custos são 
muito significativos, comparados com os demais custos na produção. Existe uma variação nos custos 
entre o 
layout
 posicional até o 
layout
 de processos, sendo que, em tese, os custos fixos tendem a 
aumentar e os variáveis tendem a diminuir, conforme podemos observar na próxima figura. Na prática, 
o levantamento e verificação do comportamento dos custos, em determinado arranjo físico, se torna um 
processo complexo e demorado, o que impede que o fator custo seja decisivo para a escolha do 
layout
 a 
ser adotado pelo gestor. No critério a ser adotado, a comparação de vantagens e desvantagens de cada 
tipo, com consonância com a análise das principais características da operação, deveriam ter um peso 
maior na decisão sobre o arranjo físico da operação.
Segundo Slacks 
et al.
 (2009), as decisões sobre arranjo físico, assim como qualquer outra decisão no 
sistema produtivo, devem ser calcadas nos custos decorrentes de cada tipo de arranjo físico considerado. 
Os custos, em decorrência dos arranjos físicos, podem ser fixos ou variáveis.
Os custos fixos se referem a gastos realizados durante a fase de implantação e durante a operação 
do novo arranjo físico.
81
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
O arranjo físico posicional, em um exemplo, pode se apresentar com o menor custo fixo entre os 
demais tipos, devido à não exigência de diversos investimentos iniciais, como a aquisição ou construção 
de imóvel para a instalação fabril, pois toda a operação pode ocorrer em um terreno em céu aberto ou 
com apenas uma cobertura básica. 
Já o arranjo físico, num exemplo, pode exigir um alto investimento inicial, em função da aquisição e 
instalação de máquinas e equipamentos, produzidas sob encomenda dos fabricantes de equipamentos 
especializados. Os equipamentos são customizados e específicos para a produção de um determinado 
produto. Exemplos práticos podem incluir uma usina de cana de açúcar.
Os custos variáveis são aqueles que variam em função do volume de unidades produzidas. Podem 
ser considerados custos variáveis os custos com a mão de obra direta, energia elétrica industrial, a 
matéria-prima e demais insumos produtivos. São todos os materiais utilizados diretamente na produção 
dos produtos ou prestação dos serviços pela operação. Num exemplo comparativo, os custos variáveis 
relativos serão maiores num arranjo posicional que os aplicados em um arranjo por produto, em função 
de sua racionalidade e otimização de recursos produtivos, dada a economia de escala proporcionada 
pelo último tipo de arranjo físico. Observe na próxima figura os custos resultantes de cada tipo de 
arranjo físico.
Posicional
Processo
Celular
Produto
Usar
posicional
Usar
processo
Usar
celular
Usar
produto
Região de dúvida
Usar posicional ou 
processo
Região de dúvida
Usar processo ou 
celular
Região de dúvida
Usar celular ou 
produto
Custos
Volume
Figura 34 – Custos envolvidos – diferentes tipos de arranjo físico
Adaptada de: Slacks 
et al.
 (2009).
 
82
Unidade I
 Resumo
Foram tratados e discutidos conceitos importantes para o entendimento 
das operações produtivas, com explicações ampliadas sobre essa função 
organizacional, abrangendo as operações de produção, mas também das 
operações de prestação de serviços e comércio. Existe uma correlação da função 
de produção com as demais funções da organização, em especial as áreas de 
marketing
 e finanças. Foram apresentados os principais objetivos e estratégias 
a serem adotados na gestão das operações produtivas nas organizações.
Um item importante foi a apresentação do modelo geral de transformação,
 
numa visão sistêmica das operações produtivas, com seus objetivos e 
estratégias, que norteiam as suas entradas de recursos humanos, materiais 
e tecnológicos, o processo de transformação e as saídas com seus produtos, 
serviços e informações.
Ao abordar a tipologia das operações de produção, foram discutidos 
os aspectos de diferenciação dos diversos tipos de operação, além da visão 
sistêmica completa da produção e da organização de forma geral.
O 
histórico 
das 
operações 
produtivas 
apresentou 
as 
origens 
das 
atividades que criaram as primeiras necessidades da gestão
de produção e 
sua evolução e sofisticação, conforme o aumento da complexidade das 
operações, acompanhando as transformações do mercado e o nível de 
exigência dos clientes.
Numa visão estratégica das operações produtivas, discutiram-se as 
prioridades competitivas da gestão de operações produtivas, bem como
 
as estratégias adotadas pela área em função, dessas prioridades. 
Para 
ampliar 
o 
entendimento 
de 
planejamento 
de 
processos 
de 
operações, foram apresentados os conceitos importantes de capacidade 
agregada das operações, as questões relacionadas a planejamento e controle 
da capacidade operacional e conceitos iniciais sobre a teoria das filas.
Ao abordar os processos de manufatura e de serviços, deu-se ênfase na 
elaboração e gestão dos projetos de processos produtivos e de produtos 
e serviços. A importância dos projetos, desenvolvidos em paralelo e de 
forma interativa, seus benefícios e as vantagens competitivas, geradas 
para os negócios.
A finalização foi com a discussão sobre os arranjos físicos, suas 
tipologias e a comparação operacional e estratégica entre os tipos de 
arranjos físicos existentes.
83
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
 Exercícios
Questão 1. Leia o texto a seguir.
Sistema Toyota de produção (
Toyota production system
)
“TPS é a sigla para Toyota Production System ou, em português, sistema
 Toyota de produção 
(STP). 
Trata-se de uma cultura organizacional que tem como objetivo expor e resolver os problemas nos mais 
diversos ambientes e situações.
História
Em 1918, Sakichi Toyoda desenvolveu um tear automático a vapor que pela primeira vez na história 
conseguia detectar um fio quebrado e parar a produção automaticamente. Essa inovação levou ao 
amplo princípio de Jidoka, que atualmente é um dos pilares do STP.
Em 1937, o filho de Sakichi, Kiichiro Toyoda, fundou a Toyota Motor Corporation. Ele usou o princípio 
de jidoka criado por seu pai para desenvolver seu próprio conceito – 
just in time
 – que se tornou o outro 
pilar do STP.
Após a II Guerra Mundial, a necessidade de tornar a produção mais eficiente cresceu. Um dos 
engenheiros mais jovens da Toyota, Taiichi Ohno, recebeu a tarefa de aumentar a produtividade da 
empresa. O objetivo de Ohno era usar o conceito de 
just in time
 aliado ao princípio de jidoka. Em 1953, 
durante uma viagem aos Estados Unidos, o engenheiro notou como os clientes pegavam os produtos das 
prateleiras nos supermercados: somente o que era necessário, no momento necessário e na quantidade 
necessária. Em seu retorno ao Japão, Ohno desenvolveu o kanban, uma técnica que utiliza cartões de 
informação para controlar a produção de acordo com a necessidade. Hoje, Ohno é conhecido como o 
pai do STP, por ter desenvolvido e aplicado o processo nas fábricas.
O STP foi sendo desenvolvido e refinado ao longo das décadas. Hoje, ele pode ser aplicado aos mais 
variados tipos de negócios das esferas pública e privada.”
Disponível em: https://bit.ly/3DqIUCJ. Acesso em: 20 set. 2021.
Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas.
I – No STP, pretende-se minimizar a gravidade dos problemas, a fim de que as soluções possam ser 
simplificadas.
II – O STP é um sistema que procura aplicar os recursos adequados às situações adequadas, sempre 
com quantidades minimizadas, restringindo-se às atividades fabris.
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Unidade I
III – O STP passou por aprimoramentos no decorrer dos tempos e seu escopo de aplicação é 
amplo, envolvendo diversos tipos de negócios e estruturas administrativas e incentivando o constante 
desenvolvimento de melhorias.
É correto o que se afirma em:
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) III, apenas.
D) I e III, apenas.
E) I, II e III.
Resposta correta: alternativa C.
Análise das afirmativas
I – Afirmativa incorreta.
Justificativa: segundo o texto, o sistema
 Toyota de produção 
(STP) é “uma cultura organizacional que 
tem como objetivo expor e resolver os problemas nos mais diversos ambientes e situações”.
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: o STP é um sistema que procura aplicar os recursos adequados às situações adequadas, 
com as quantidades adequadas e com a qualidade adequada. Ele não se restringe às atividades fabris: 
deve ser uma filosofia de gestão.
III – Afirmativa correta.
Justificativa: segundo o texto, o sistema Toyota de produção (STP) “foi sendo desenvolvido e refinado 
ao longo das décadas”. Além disso, “hoje, ele pode ser aplicado aos mais variados tipos de negócios das 
esferas pública e privada”.
Adicionalmente, o STP
 
“estimula o desenvolvimento de melhorias constantes, não apenas dos 
procedimentos e processos, mas também do homem dentro da empresa, o que permite desenvolver o 
potencial humano dentro das organizações e ampliar a base de confiança obtida pela transparência e 
honestidade das ações.”
Disponível em: https://bit.ly/30avIDH. Acesso em: 20 set. 2021.
85
GESTÃO DE OPERAÇÕES PRODUTIVAS
Questão 2. Imagine que uma linha de produção tenha sido projetada para operar ininterruptamente 
24 horas por dia, 7 dias por semana. Em dada semana, houve perdas planejadas equivalentes a 48 horas. 
Nessa semana, de fato, a produção real foi equivalente a 52 horas. Sabe-se que a utilização (U) de uma 
planta é dada pela razão entre o volume de produção real e a capacidade de projeto. Já a eficiência (E) 
de uma planta é dada pela razão o volume de produção real e a capacidade efetiva.
Com base na situação exposta, assinale a alternativa que mostra, correta e respectivamente, a 
utilização e a eficiência.
A) 71,4% e 28,6%
B) 28,6% e 71,4%
C) 43,3% e 30,9%
D) 30,9% e 43,3%
E) 92,3% e 69,0%
Resposta correta: alternativa C.
Análise da questão
A linha de produção em estudo foi projetada para operar 168 horas por semana, pois:
24 horas por dia x 7 dias por semana = 168 horas por semana
Na semana em foco, houve perdas planejadas equivalentes a 48 horas. Logo, nessa semana, a 
capacidade efetiva foi de 120 horas, pois:
168 horas – 48 horas = 120 horas
Na semana em foco, a produção real foi equivalente a 52 horas.
Logo, podemos calcular a eficiência E e a utilização U, conforme mostrado a seguir.
E = 52 horas / 120 horas = 43,3%
U = 52 horas / 168 horas = 30,9%

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