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MORTE ENCEFÁLICA A morte encefálica representa um estado clínico irreversível em que as funções cerebrais (telencéfalo e diencéfalo) e do tronco encefálico estão irremediavelmente comprometidas por uma injúria que causa dano irreversível. O QUE É ? FISIOPATOLOGIA Paciente tem que ter uma lesão neuronal grave suficiente para gerar morte encefálica; Inchaço dos neurônios/edema vasogênico importante; Assim, a pressão intracraniana (PIC) se eleva; Por conseguinte, há uma diminuição do fluxo sanguíneo cerebral, diminuição da perfusão e herniação de estruturas vitais. Isso se torna um ciclo de eventos, que se não interrompido, o paciente acaba falecendo. Esse ciclo se perpetua! Isso causa uma injúria anóxica no cérebro. Epidemiologia Acidente vascular cerebral (47%). Trauma cranioencefálico (39%). Tumores de sistema nervoso central (4%). Outras causas (10%). Principalmente encefalopatia hipóxicoisquêmica. Potenciais mímicas de morte encefálica (ME) Bloqueio neuromuscular Síndrome de Guillain-Barré Botulismo Hipotermia Intoxicações por drogas (importante excluir a possibilidade) Tricíclicos Lidocaína Baclofeno Sedativos, incluindo barbitúricos Bloqueadores neuromusculares Anticolinérgicos Bupropiona Ácido valpróico Lesão de coluna/medular alta Síndrome de Locked-in Quem deve ser submetido a prova de morte encefálica? Coma não perceptivo Ausência de reatividade supraespinhal Apneia persistente Lesão encefálica conhecida, irreversível, capaz de causar morte encefálica. Ausência de fatores tratáveis que possam confundir o diagnóstico de morte encefálica (sedação, distúrbios hidroeletrolíticos , hipotermia, etc.). Tratamento e observação hospitalar por no mínimo 6 horas (24 horas se a etiologia for encefalopatia hipóxico-isquêmica). Temperatura corporal (esofageana, vesical ou retal) > 35°C. Saturação de oxigênio > 94%. PAS ≥ 100 mmHg ou PAM ≥ 65 mmHg. Esses pontos acima devem se associar aos seguintes critérios (“Deve ser justificável uma possível morte encefálica”) – Resolução CFM 2173/17. Imagem - Tc IMAGEM TOMOGRÁFICA COMPATÍVEL COM ME Não há visualização de nenhum sulco e hipodensidade pelo cérebro todo. O edema cerebral está gigantesco, ou seja, lesão compatível com ME. Sedação Se o paciente estiver sobre uso de sedativo, você tem que esperar esse sedativo ir embora; É necessário esperar pelo menos 3/4x a meia vida da medicação. Quais exames utilizados no diagnóstico de morte encefálica? Solicitamos dois exames clínicos, realizados por médicos capacitados e que devem conter 1h de diferença entre os exames ( para pcts >2 anos) Os exames devem avaliar se há: coma não perceptivo (SCG = 3) e ausência de reatividade supraespinhal (reflexo fotomotor, córneo-palpebral e etc) Testes dos pares de nervos cranianos 1 Oculomotor: usa-se uma lanterna e verifica-se o reflexo direto e bi-consensual (além do III nervo, testa-se o n. Edinger Whestinfall também e n. pré tectal) 2 Reflexo Córneo-Palpebral: com uma gaze ou algodão, você passa no olho do paciente, avaliando se ele tem o reflexo de piscar ou não. 3 Óculo-cefálico: Quando viramos a cabeça do paciente, esperamos que ele fique focado sempre no mesmo ponto; Se o paciente tem lesão local, ele não vai seguir. 4 Reflexo Tosse: Geralmente esses pacientes estão intubados, em ventilação mecânica; Portanto, você pode colocar um pouco de soro no tubo para ver se o paciente evoca o reflexo da tosse. 5 Reflexo Vestíbulo-calórico: Utiliza um soro gelado e infunde na orelha do paciente, e o reflexo natural é que ele vire os olhos em direção ao local da infusão. Se lesão, o olho não se move. Sempre que quiser fazer o teste é necessário examinar o duto auditivo com otoscopia simples, para avaliar possível lesão timpânica e etc. Teste de apneia Após todos esses testes, é necessário fazer o teste de Apnéia (apenas 1): TÉCNICA: 1. Ausência de movimento/drive respiratório; 2. PCO2 na gasometria após >55mmHg. 1. Ventilação com FiO2 de 100% por, no mínimo, 10 minutos para atingir PaO2 igual ou maior que 200 mmHg e PaCO2 entre 35 e 45 mmHg; 2. Instalar oxímetro digital e colher gaso arterial inicial (idealmente por cateterismo arterial); 3. Desconectar ventilação mecânica; 4. Estabelecer fluxo contínuo de O2 por um cateter intratraqueal ao nível da carina (6L/min), ou tubo T (12L/min) ou CPAP (até 12 L/min + até 10 cm H2O); 5. Observar a presença de qualquer movimento respiratório por oito a dez minutos. Prever elevação da PaCO2 de 3 mmHg/min em adultos e de 5 mmHg/min em crianças para estimar o tempo de desconexão necessário; 6. Colher gaso arterial final; 7. Reconectar ventilação mecânica. Exames complementares O exame complementar deve comprovar: ausência de perfusão encefálica, ou ausência de atividade metabólica encefálica, ou ausência de atividade elétrica encefálica; Exames que podem ser realizados (apenas um é necessário): Angiografia cerebral (virá sem perfusão adequada); Eletroencefalograma (sem atividade elétrica); o Doppler transcraniano (sem fluxo sanguíneo cerebral); Cintilografia SPECT cerebral (sem perfusão). Manejo de um potencial doador Estabilização hemodinâmica: cogitar introdução precoce de vasopressina, por conta da possibilidade de hipotensão; Corticoides (baixa evidência): Redução da inflamação; Lesão pituitária (instabilidade hemodinâmica); Evitar hipotermia: Pode desencadear distúrbio de coagulação; Oxigenação adequada: Ventilação mecânica protetora. Controle de distúrbios endócrinos: Controlar glicemia com insulina EV s/n – 120- 180; Levotiroxina EV 20mcg e 10mcg/hr – pacientes instáveis hemodinamicamente ou FE < 45% ou T3 4mcg e 3mcg/h. Controle de distúrbios renais e hidroeletrolíticos: Euvolemia; Diurese 0,4 – 4 ml/kg/h; Evitar hipernatremia – solução hipotônica s/n; o DI central: salina para BH zerado + DDAVP para controle de poliúria/vasopressina. PAM – mantida entre 60 – 110mmHg; Antibióticos podem ser usados baseado na história clínica e sítio do transplante.
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