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Desenvolvimento e Aprendizagem Motora

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PROFESSORAS
Dra. Giseli Minatto Schmitz
Dra. Juliane Berria
Quando identificar o ícone QR-CODE, utilize o aplicativo 
Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. 
O download do aplicativo está disponível nas plataformas:
Acesse o seu livro também disponível na versão digital.
Google Play App Store
DESENVOLVIMENTO 
E APRENDIZAGEM
MOTORA
2 
 
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação 
Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor 
Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio 
Ferdinandi.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia 
Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de 
Design Educacional Paula R. dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas 
Thuinie M.Vilela Daros Head de Recursos Digitais e Multimídia Fernanda S. de Oliveira Mello Gerência de 
Planejamento Jislaine C. da Silva Gerência de Design Educacional Guilherme G. Leal Clauman Gerência de Tecnologia 
Educacional Marcio A. Wecker Gerência de Produção Digital e Recursos Educacionais Digitais Diogo R. Garcia 
Supervisora de Produção Digital Daniele Correia Supervisora de Design Educacional e Curadoria Indiara Beltrame
Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Bruno Luiz 
de Rezende Finhana, Caroline Casarotto Andujar , Juliana Oliveira Duenha, Lucas Pinna Silveira Lima, Nivaldo Vilela de 
Oliveira Junior, Designer Educacional Vanessa Graciele Tiburcio, Curadoria Gisele da Silva Porto, Revisão Textual Ariane 
Andrade Fabreti, Ilustração Eduardo Aparecido Alves, Fotos Shutterstock.
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. BERRIA, Juliane; SCHMITZ, Giseli Minatto.
Desenvolvimento e Aprendizagem Motora. Juliane Berria; Giseli 
Minatto Schmitz. Maringá - PR: Unicesumar, 2022.
164 p.
“Graduação em Educação Física - EaD”.
1. Desenvolvimento 2. Aprendizagem 3. Motora. 4. EaD. I. Título.
CDD - 22ª Ed. 152.3
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB-9-1679
ISBN: 978-65-5615-987-4
A Unicesumar celebra os seus 30 anos de história 
avançando a cada dia. Agora, enquanto Universidade, 
ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos diaria-
mente para que nossa educação à distância continue 
como uma das melhores do Brasil. Atuamos sobre quatro 
pilares que consolidam a visão abrangente do que é o 
conhecimento para nós: o intelectual, o profissional, o 
emocional e o espiritual. 
A nossa missão é a de “Promover a educação de quali-
dade nas diferentes áreas do conhecimento, formando 
profissionais cidadãos que contribuam para o desen-
volvimento de uma sociedade justa e solidária”. Neste 
sentido, a UniCesumar tem um gênio importante para 
o cumprimento integral desta missão: o coletivo. São os 
nossos professores e equipe que produzem a cada dia 
uma inovação, uma transformação na forma de pensar 
e de aprender. É assim que fazemos juntos um novo 
conhecimento diariamente.
São mais de 800 títulos de livros didáticos como este 
produzidos anualmente, com a distribuição de mais de 2 
milhões de exemplares gratuitamente para nossos aca-
dêmicos. Estamos presentes em mais de 700 polos EAD 
e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londrina, Ponta Grossa 
e Corumbá, o que nos posiciona entre os 10 maiores 
grupos educacionais do país. Aprendemos e escrevemos 
juntos esta belíssima história da jornada do conheci-
mento. Mário Quintana diz que “Livros não mudam o 
mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros 
só mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à oportunidade 
de fazer a sua mudança!
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
minha história meu currículo
Dra. Juliane Berria
Olá! Meu nome é Juliane Berria. Sou apaixonada por cachorros (tenho 
um peludinho) e amo estar em contato com a natureza. Cada vez 
mais, minhas escolhas de passeios aos finais de semana são para 
locais em que posso estar em contato com a natureza. Viajar é outra 
das minhas paixões, pode ser para qualquer lugar, conhecer novos 
lugares, pessoas e novas culturas me encanta. O exercício físico 
sempre fez parte da minha vida, na infância, fiz aulas de ballet e jazz, 
ginástica artística e voleibol e, na adolescência, fiz aulas de dança 
tradicionalista, natação, hidroginástica e musculação. Todas essas 
experiências me levaram a, muito cedo, escolher a minha profissão. 
Sou praticante de yoga há nove anos e, recentemente, concluí a 
formação para professores, desde então, tenho ministrado aulas 
de yoga presencial e online e me sinto, a cada dia, mais realizada 
nas minhas escolhas.
http://lattes.cnpq.br/6234797342184228
Aqui você pode 
conhecer um 
pouco mais sobre 
mim, além das 
informações do 
meu currículo.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/14271
minha história meu currículo
Dra. Giseli Minerato Schmitz
Olá, eu sou a Giseli, filha de José e Lenita Maria e esposa do Rafael. 
Apaixonada pelos estudos. Após completar todas as formações acadê-
micas na área, dei espaço para outros conhecimentos em minha vida. 
Foi quando conheci os Movimentos Essenciais, um saber que ensina 
uma nova forma de estar e de atuar na vida, o qual sigo estudando e 
ensinando outras pessoas como é se perceber na vida além do que 
a mente acha que somos. Com esse conhecimento, veio, também, o 
Desenho Humano, um outro saber que me permitiu compreender 
e me reconhecer como um ser além da mente também.
Conectada com o corpo, para que ele me informe, é que, hoje, costu-
mo tomar as decisões que preciso diante dos convites que chegam. 
Outra paixão que tenho é em artes manuais, confeccionar peças 
decorativas em MDF, uma prática que tem me possibilitado a conexão 
com o corpo e com a intuição, materializando, intuitivamente, um dom 
que esteve presente e foi estimulado desde a infância. Sabe qual é 
a atividade física (ou o tipo de exercício) que, atualmente, pratico e 
tenho me identificado muito? O yoga, com a professora Juliane Berria! 
Essa prática, também, conecta- me com o meu corpo e me possibilita 
perceber quais são as necessidades e os limites a serem trabalhados.
http://lattes.cnpq.br/3953446306697706
Aqui você pode 
conhecer um 
pouco mais sobre 
mim, além das 
informações do 
meu currículo.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/14272
provocações iniciais
DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA
Era uma vez, um ser que se chamava Humano. Uma 
criatura muito diferente de todas aquelas presentes 
no planeta. Um ser incapaz de sobreviver sozinho 
após seu nascimento até os primeiros anos de vida. 
Um ser que nasce, cresce, desenvolve-se e aprende. 
Um ser moldado pelo tempo, limitado pelo tempo e 
lapidado pelo tempo. O tempo de nascer, de crescer, 
de se desenvolver e de aprender. Acontece que, nas 
possibilidades de começo na vida, definidas pelo 
tempo, nem tudo tem idade para terminar. E como 
isso se dá? Que tempo é esse? Qual das etapas da 
vida do ser humano é dependente do tempo? Há 
algum processo que ocorre ao longo da vida desse 
ser que é independente do tempo? Há tempo certo 
para se aprender algo?
Embora o crescimento físico cesse até o início da 
vida adulta, com o desenvolvimento e a aprendiza-
gem motora, não é assim. Eles iniciam no começo da 
vida, na concepção, e finalizam com a morte. Quem 
já teve algum parente ou amigo que, mesmo jovem, 
precisou fazer uma cirurgia e ficou dias na Unidade 
de Terapia Intensiva (UTI) e, quando se recuperou, 
precisou aprender, novamente, a caminhar? Ou pas-
sou pela experiência de uma cirurgia simples que 
teve complicações e foram necessáriosvários dias 
de internamento em UTI e, quando saiu, não sabia 
mais como escrever seu próprio nome? 
Se você ou alguém próximo a você passou pela 
experiência, sabe do que estamos falando. Mesmo 
que haja uma idade prevista para o desenvolvimento 
motor acontecer, não significa que nunca mais isso 
será possível caso o indivíduo não tenha recebido 
estímulos necessários na janela de tempo esperada. 
O mesmo acontece com a aprendizagem motora. O 
“desuso” do movimento humano pode acontecer em 
qualquer momento da vida, seja por uma limitação 
física constante, seja por uma limitação física tem-
porária, causado por acidentes ou cirurgias neces-
sárias por problemas congênitos, pela própria rotina 
de trabalho (por exemplo, pessoas que trabalham 
prioritariamente sentada) e, até mesmo, pela idade 
(por exemplo, idosos). Contudo sempre é tempo 
de se colocar no caminho do desenvolvimento e da 
aprendizagem motora.
Convidamos você, neste momento, a perceber 
essas experiências em si. Em que contexto da sua 
vida ou que habilidade motora já esteve presente no 
seu dia-a-dia e, hoje, você não coloca mais em prática 
ou percebeu ter perdido a habilidade? Experimen-
te repetir essa atividade que, talvez, era praticada 
diariamente, mas, hoje, não faz mais parte da sua 
rotina, e perceba o que mudou com o tempo.
Agora que você experimentou o efeito do tem-
po e do “desuso” ou a falta de prática de alguma 
atividade em que você se reconhecia habilidoso(a), 
observe o que mais existia em torno dessa prática 
que lhe proporcionava tamanha habilidade. Reflita 
sobre o que você deixou de fazer ou o motivo de 
ter interrompido a prática que resultou na redu-
ção da habilidade. Reconhece se algo relacionado 
à aprendizagem dessa habilidade esteve presente? 
Não existem respostas certas ou erradas para essa 
pergunta. É apenas um convite para reconhecer e 
refletir sobre os fatos.
A idade cronológica é uma métrica importante 
nos processos da vida do ser humano, contudo nem 
 7
tudo depende, necessariamente, dela. O crescimen-
to é um dos processos que tem a idade cronológica 
como parâmetro para acompanhamento, mas não 
é o único determinante. Com o crescimento físico, o 
desenvolvimento motor também acontece, concomi-
tantemente. Os processos de maturação biológica, 
especialmente o desenvolvimento do sistema neu-
romuscular, possibilita, o ganho e o refinamento das 
diferentes habilidades motoras, sejam em movimen-
tos de locomoção, estabilização ou manipulação. 
Com o desenvolvimento, processos relacionados 
à aprendizagem motora, também, tornam-se pre-
sentes, e é o aprendizado que possibilita práticas, 
cada vez mais, complexas bem como o refinamento 
das habilidades motoras adquiridas. Compreender 
esses conteúdos, os aspectos fisiológicos e compor-
tamentais do controle motor bem como as teorias e 
os processos da aprendizagem motora e do controle 
motor é fundamental para embasar a intervenção 
do profissional de Educação Física.
Nesse sentido, a participação de um profissional 
de Educação Física, ao longo desses processos da 
vida do ser humano, pode proporcionar a otimi-
zação dos recursos disponíveis em cada uma das 
etapas. Ao final desta disciplina, você conhecerá 
esses processos e as etapas do desenvolvimento 
e da aprendizagem motora e saberá como ensinar 
as habilidades motoras nas diferentes práticas fí-
sicas. A proposição de estímulos coerentes com 
a etapa de crescimento, desenvolvimento e/ou 
de aprendizagem pode representar uma vanta-
gem para o indivíduo, no contexto das aulas de 
Educação Física na escola, em clubes esportivos, 
no contexto recreativo, na academia e em outros 
que envolvam o movimento humano. Os conhe-
cimentos relacionados ao desenvolvimento e à 
aprendizagem motora fazem parte do dia a dia da 
prática do profissional de Educação Física, dessa 
forma, é fundamental que você os compreenda 
para que possa aplicá-los, adequadamente, nos 
seus planejamentos e nas duas aulas. 
Diante do exposto, observe quais foram os ter-
mos-chave abordados até agora. É sobre isso que 
vamos falar ao longo deste material. A sua dedicação 
nas atividades propostas no decorrer das unidades, 
o aprofundamento nos conteúdos indicados e o 
compromisso com o aprendizado são o que trará 
o diferencial na sua formação. Estamos aqui para 
o(a) auxiliar, seja o(a) protagonista, o(a) responsável 
pela construção da sua formação. 
provocações iniciais
sumário
UNIDADE I
10 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR
UNIDADE II
44 APRENDIZAGEM MOTORA: CONSIDERAÇÕES INICIAIS
UNIDADE II
66 ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO CONTROLE MOTOR
UNIDADE II
98 TEORIAS E PROCESSOS DE APRENDIZAGEM MOTORA E CONTROLE MOTOR
UNIDADE II
124 APRENDIZAGEM MOTORA E A INTERVENÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Dra. Giseli Minerato Schmitz 
Dra. Juliane Berria
Oportunidades de aprendizagem
Nesta unidade, você terá a oportunidade de entender que o crescimento, a maturação 
e o desenvolvimento motor são eventos interdependentes que se iniciam e terminam 
em momentos distintos da vida. Você poderá diferenciar os aspectos de cada um, 
incluindo as etapas da vida nas quais eles ocorrem, conhecimento necessário para 
o desenvolvimento do seu trabalho como profissional de Educação Física. Por 
fim, conhecerá e distinguirá as terminologias empregadas, as teorias, as fases do 
desenvolvimento motor e os fatores que os afetam, possibilitando um olhar ampliado 
sobre as experiências as quais o profissional pode ter.
CRESCIMENTO E
DESENVOLVIMENTO MOTOR
unidade 
I
12 
 
Você já se perguntou como o desenvolvimento dos se-
res humanos acontece? Parou para pensar que somos 
muito mais do que uma carga genética? Talvez isso 
seja um dos maiores avanços da neurociência! O de-
senvolvimento dos seres humanos também depende 
do ambiente onde se está inserido e da qualidade das 
relações, além da genética. 
Nesse sentido, para que possamos iniciar a cons-
trução do conhecimento nesta disciplina, é essencial 
e necessário assistir ao documentário O Começo da 
Vida (produzido por Maria Farinha Filmes, em 2016). 
Este filme nos convida a sermos agentes de mudança 
na sociedade, pois nos instiga a pensar se estamos cui-
dando bem dos primeiros anos de 
vida de uma criança, os quais deter-
minam o presente e o futuro da hu-
manidade. É só acessar o QRCode 
ao lado e vir conosco!
Os mil primeiros dias de vida são o melhor mo-
mento para o desenvolvimento motor da criança, pois é 
o período no qual o cérebro está se moldando, se desen-
volvendo. As crianças são ultrassensíveis aos padrões de 
informação e nunca param de prestar atenção. As co-
nexões neurais são, extremamente, rápidas e as rotas 
dos neurônios não utilizadas vão desaparecendo. No 
início do desenvolvimento motor, a criança erra muito 
e ela precisa continuar tentando. As crianças com 
autoestima elevada não têm medo de errar e tendem a 
seguir repetindo a tarefa, contudo o mesmo pode não 
acontecer com aquelas que não apresentam a mesma 
autoestima. É a estimulação por parte das pessoas que 
convivem com o bebê que pode dar o suporte necessá-
rio para ele não desistir da tarefa, estimulando-o a se-
guir alimentando as rotas dos neurônios. 
O conhecimento dos conteúdos contidos nesta 
unidade pode proporcionar o estabelecimento de ob-
jetivos, conteúdos e métodos de ensino coerentes com 
as características de desenvolvimento de cada indiví-
duo. Outros pontos importantes são a observação e 
a avaliação dos movimentos de cada indivíduo, per-
mitindo, ao longo do desenvolvimento dele, melhor 
acompanhamento das mudanças ou dificuldades no 
comportamento motor. 
As crianças aprendem por imitação. A brincadeira é 
o principal veículo e, por meio dela, é possível explorar a 
criatividade. Agora, é com você! Te convido a visitar um 
Centro de Educação Infantil onde seja possível que você 
passe um período do dia observando os aspectos do 
desenvolvimento motor dos alunos, com base nos con-
teúdos trazidos pelo documentário. Caso conviva com 
uma criança, façaesta atividade com ela: proponha-se a 
observar como o desenvolvimento acontece enquanto a 
criança brinca. Fique atento(a) aos detalhes.
Agora que você sabe, um pouco mais, como o de-
senvolvimento de uma criança inicia e o que é impor-
tante para ele acontecer, registre, no Diário de Bordo, 
as experiências que você tem ou já teve sobre o que foi 
abordado até aqui. 
O desenvolvimento motor é estimulado por meio 
de brincadeiras? É possível perceber as diferenças em 
relação a ele, quando duas crianças da mesma idade re-
alizam a mesma atividade? Reflita sobre as suas atitudes 
perante o desenvolvimento da criança e destaque se fo-
ram favoráveis ou não a esse amadurecimento. 
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/15395
 13
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Antes de abordarmos o assunto do desenvolvimento 
motor, há vários processos que acontecem na vida do 
ser humano desde a concepção e que influenciam ou 
são determinantes neste progresso, portanto, devem ser 
conhecidos por você. Iniciaremos falando da idade cro-
nológica, seguido do crescimento físico, da maturação e, 
por fim, do desenvolvimento motor. Estes conceitos são 
úteis na compreensão de como as etapas do desenvolvi-
mento motor se apresentam e de como eles se relacio-
nam e interagem entre si.
A idade cronológica é uma medida de tempo im-
portante à compreensão de como o crescimento, a ma-
turação e o desenvolvimento interagem entre si, afinal, 
esses processos são medidos em dado momento (ou em 
vários pontos) do tempo. Isso significa dizer que o ponto 
de referência para a observação do crescimento, da ma-
turação e do desenvolvimento é, sempre, a idade crono-
lógica da criança. Por exemplo, todas as crianças nasci-
das em 5 de agosto de 2012 terão 10 anos em 5 de agosto 
de 2022, contudo elas podem se encontrar em processos 
biológicos diferentes, os quais possuem a sua tabela de 
tempo própria, sem comemoração de aniversário (MA-
LINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2009). 
Como o tempo biológico pode não acompanhar o 
tempo do calendário, crianças com a mesma idade cro-
nológica estão, às vezes, em níveis de maturidade bioló-
gica diferentes. Este fato é, frequentemente, observado 
durante a adolescência, quando acontece a maturação 
sexual. Há meninas que, aos 12 anos de idade, estão ma-
duras, sexualmente, enquanto outras ainda estão no pro-
14 
 
cesso ou ainda não o iniciaram; mesmo assim, todas 
elas têm os mesmos 12 anos de idade cronológica. Isso 
também é observado nos meninos, só que um pouco 
mais tarde, por volta dos 14 anos (MALINA; BOU-
CHARD; BAR-OR, 2009). Nos meninos também é fre-
quente observar essas diferenças de processos bioló-
gicos em idades cronológicas semelhantes na variável 
de estatura. O estirão de crescimento costuma iniciar 
em idades diferentes, então, expressivas discrepâncias 
na estatura são observadas em garotos de 13 anos, por 
exemplo. Neste caso, a velocidade de crescimento, com 
frequência, importa, representando diferenças de esta-
tura nas idades subsequentes. 
A idade cronológica é, frequentemente, dividida em 
faixas de tempo que caracterizam os processos predomi-
nantes de cada faixa (Tabela 1). O início da infância é 
o primeiro período do crescimento pós-natal que corres-
ponde ao primeiro ano de vida, excluindo o primeiro ani-
versário. Esse período é caracterizado pelo rápido desen-
volvimento do sistema neuromuscular e da maioria dos 
outros sistemas, das dimensões corporais, assim como do 
crescimento físico. A infância subdivide-se em períodos 
denominados: perinatal (hora do nascimento até a pri-
meira semana), neonatal (primeiro mês de vida) e pós-
-natal (restante do primeiro ano). 
A infância subdivide-se em primeira (anos pré-esco-
lares: 1,0 a 4,99 anos) e segunda (anos de “escola funda-
mental”, até o quinto ou sexto ano). Na primeira infân-
cia, o crescimento continua rápido, o desenvolvimento 
também acontece, enquanto que, na segunda infância, o 
progresso é, relativamente, estável tanto para o crescimen-
to físico e a maturação quanto para o desenvolvimento 
comportamental. A pré-adolescência abrange o período 
do final da segunda infância (primeiro aniversário) até o 
início da adolescência. Em termos de idade cronológica, a 
adolescência é o período complexo de ser definido devi-
do às variações no tempo em relação ao seu início e à sua 
finalização (MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2009). 
De acordo com a Organização Mundial de Saúde 
(WHO, 2007), a adolescência corresponde às idades de 
10 a 19 anos. É neste momento que os principais siste-
mas do corpo alcançam a maturidade, ou seja, se tor-
nam adultos em estrutura e função (MALINA; BOU-
CHARD; BAR-OR, 2009). 
Na Tabela 1, podem ser mais bem observadas as 
classificações etárias cronológicas convencionais, desde 
a concepção até a idade adulta avançada (idosos).
Período
Faixa etária 
aproximada
I Vida pré-natal
(Da concepção ao 
nascimento)
A. Período do zigoto
Concepção -
1 semana
B. Período embrionário
2 semanas -
8 semanas
C. Período fetal
8 semanas -
nascimento
II O bebê
(Do nascimento 
aos 24 meses)
A. Período neonatal
Nascimento -
1 mês
B. Início do período de 
 bebê
1 - 12 meses
C. Restante do período
 de bebê
12 - 24 meses
III Infância (Dos 2 aos 10 anos)
A. Período entre 2 e 3
 anos
24 - 36 meses
B. Início da infância 3 - 5 anos
C. Meio/final da
 infância
6 - 10 anos
 15
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Período
Faixa etária 
aproximada
IV Adolescência
(Dos 10 aos
20 anos)
A. Pré-puberdade
10 - 12 anos
(meninas)
11 - 13 anos
(meninos)
B. Pós-puberdade
12 - 18 anos
(meninas)
14 - 20 anos
(meninos)
V Juventude
(Dos 20 aos 40 
anos)
A. Período inicial 20 - 30 anos
B. Período de
 consolidação
30 - 40 anos
VI Meia-idade
(Dos 40 aos
60 anos)
A. Transição da
 meia-idade
40 - 45 anos
B. Meia-idade 45 - 60 anos
VII Adulto mais velho (60 anos +)
A. Velho jovem 60 - 70 anos
B. Velho mediano 70 - 80 anos
C. Velho mais velho 80 anos + 
Tabela 1 - Classificações etárias cronológicas convencionais
Fonte: Gallahue, Ozmun e Goodway (2013, p. 28). 
Agora que temos uma base da informação da medida de 
tempo universal que nos ajuda a compreender os eventos 
ocorridos desde a concepção, avançaremos nos demais 
conceitos de crescimento, maturação e desenvolvimento. 
O crescimento físico (Figura 1) refere-se ao aumen-
to do tamanho de partes específicas do corpo ou o au-
mento no tamanho do corpo como um todo. O início do 
crescimento físico ocorre na concepção e termina no final 
da adolescência ou no início da segunda década de vida. 
Durante o crescimento, o aumento no número de células 
(mitose) costuma ocorrer, processo que é denominado 
hiperplasia. Outro processo é o crescimento no tama-
nho das células, chamado de hipertrofia (MALINA; 
BOUCHARD; BAR-OR, 2009). Tal termo é, comumen-
te, ouvido nos espaços de treinamento físico, como em 
academias de musculação. Isso significa que a hipertrofia 
acontece durante o crescimento físico, no início da vida, 
até que se atinja a estatura máxima, mas também nas de-
mais idades, por meio da prática de atividades físicas. 
Outro processo que acontece durante o crescimen-
to físico é a acreção. Este termo é usado para descrever 
o aumento na capacidade das substâncias intercelulares 
em agregar células, ou seja, é uma espécie de ligação entre 
células. Todos esses processos, muitas vezes, não ocor-
rem, concomitantemente, pelo contrário, a predominân-
cia de um ou outro varia em função da idade ou do tecido 
envolvido (MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2009). 
16 
 
Os níveis de crescimento físico de crianças e adolescen-
tes são considerados um importante indicador de qua-
lidade de vida de um país. Observa-se que há variações 
nesses níveis entre populações, pois são determinados 
pelos componentes genéticos e pelas características do 
ambiente. Aliás, o ambiente é um forte agente de mu-
danças, capaz de superar as características genéticas, 
principalmente no que se refere às doenças e ao estilo de 
vida (ZEFERINO et al., 2003).Para exemplificar esta questão, trago o caso de crian-
ças que não possuem herança genética de obesidade, 
mas, ao serem expostas, diariamente, a alimentos de alto 
valor energético e pobre em nutrientes, como os alimen-
tos processados e ultraprocessados, ao passarem tempo 
excessivo em comportamentos sedentários, por exem-
plo, se mantendo muito tempo sentadas, e por não prati-
carem atividades físicas, passam a apresentar um quadro 
de obesidade. O mesmo podemos observar no sentido 
inverso: indivíduos com histórico familiar de obesidade 
e que cultivam alimentação saudável, praticam ativida-
des físicas, diariamente, e são pouco expostos a compor-
tamentos sedentários podem não apresentar um quadro 
de excesso de peso (sobrepeso e obesidade). 
A maturação corresponde ao tempo e ao controle 
temporal do progresso pelo estado biológico maduro. 
É o progresso em direção à maturidade física, o estado 
ótimo de integração funcional entre os sistemas corpo-
rais de um indivíduo e a capacidade de reprodução. A 
maturação é um processo, enquanto que a maturidade 
é um estado. A primeira ocorre em todos os sistemas, 
órgãos e tecidos do corpo, ao passo que a segunda varia 
segundo o sistema biológico estudado. Por exemplo, a 
maturidade sexual é alcançada quando a capacidade re-
produtiva funcional está completa; a maturidade esque-
lética é atingida quando o esqueleto adulto é ossificado 
por completo; a maturação dos sistemas neuroendócri-
no (nervoso e endócrino) é o agente mais importante na 
maturação somática (crescimento), sexual e esquelética 
(MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2009).
É possível observar variações individuais no ritmo e 
no grau dessas mudanças, mas a ordem sucessiva em que 
ocorrem é a mesma, tanto num sexo quanto no outro. 
Por exemplo, duas crianças podem ter o mesmo nível de 
crescimento alcançado (mesmo tamanho), contudo po-
dem estar em lugares diferentes do caminho para a maturi-
dade esquelética (alcance do tamanho adulto). Assim, a es-
Descrição da Imagem: a figura refere-se ao crescimento físico infantil, por meio uma ilustração sequencial com dez imagens de uma criança. A 
primeira imagem é de um recém-nascido envolvido numa manta, a segunda é de um bebê deitado de barriga para cima. A terceira imagem é de 
uma criança deitada de bruços. Na quarta imagem, a criança está de joelhos, uma das mãos toca o chão. Na quinta imagem, ela está sentada. Na 
sexta, a criança está com os joelhos e as mãos no chão. Na sétima imagem, ela está com os pés e mãos tocando o chão. Na oitava, a criança está 
com o tronco ereto, com os joelhos no chão. Na nona imagem, ela está em pé, se equilibrando. Na décima e última imagem, a criança está em pé.
Figura 1 - Ilustração do crescimento físico de uma criança
 17
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
tatura final é diferente entre essas crianças e o alcance dessa 
estatura ocorre, talvez, em períodos de tempo diferentes, 
também (MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2009). 
Esta é a diferença essencial entre o crescimento e a 
maturação: o crescimento enfatiza o tamanho atingido 
num determinado ponto do tempo; a maturação eviden-
cia o progresso para atingir o tamanho adulto e a maturi-
dade. Portanto, crescimento e maturação são eventos, al-
tamente, relacionados e dinâmicos. O objetivo é atingir o 
estado adulto (maturidade), e as etapas caminham em di-
reção a esse objetivo desde o momento da concepção até 
que a maturidade seja alcançada. Nesse sentido, o cresci-
mento e a maturação são processos biológicos com fim 
e direção (MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2009).
O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode 
ter um contexto biológico ou comportamental e, também, 
contempla uma variedade de domínios que se inter-rela-
cionam conforme a criança interage com o meio cultural. 
Crescimento
Físico
Maturação
Crescimento
Físico
Maturação
Focalizado no
tamanho
Aumento
quantitativo
Focalizado no
progresso
Avanço
qualitativo na
constituição
biológica
Os conceitos de referência, maturidade esquelética, alvo parental, escore z, baixa 
estatura, velocidade de crescimento, índice de massa corporal, os seus pressupostos 
e limitações são conteúdos importantes na atuação profissional. A seguir, uma revisão 
narrativa aborda estes temas e ressalta os aspectos da avaliação do indivíduo. É só 
acessá-la pelo seu leitor de QRCode. Não perca esta oportunidade de conhecimento!
Descrição da Imagem: a figura refere-se ao crescimento físico e a maturação, representando-os por meio de um esquema horizontal em setas 
sequenciais. A primeira seta sequencial na cor azul refere-se ao crescimento físico, indicando que ele é focalizado no tamanho bem como no 
aumento quantitativo. A palavra “tamanho”, no interior da seta, está em negrito e a palavra “quantitativo” está em caixa alta. A segunda seta 
sequencial na cor verde refere-se à maturação, indicando que ela é focalizada no progresso bem como no avanço qualitativo na constituição 
biológica. A palavra “progresso”, no interior da seta, está em negrito e a palavra “qualitativo” está em caixa alta.
Figura 2 - Crescimento físico e maturação
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/15396
18 
 
No contexto biológico, o desenvolvimento está relacio-
nado aos processos de diferenciação e especialização de 
células embrionárias. A diferenciação completa é alcançada 
quando a sua função em um tecido específico inicia, embo-
ra o progresso da função prossiga de acordo com o sistema 
do corpo, até que ela seja refinada. No contexto comporta-
mental, diz respeito ao crescimento de competência rela-
cionado aos domínios cognitivo, emocional, social, moral e 
motor. Aqui, focalizaremos o desenvolvimento no domí-
nio motor, cujo progresso está relacionado à aquisição e ao 
refinamento de comportamentos, tais como: o desenvolvi-
mento da competência motora, a aquisição e o refinamento 
de habilidades em atividades motoras variadas (MALINA; 
BOUCHARD; BAR-OR, 2009).
No documentário indicado no início da unidade (O 
Começo da Vida), foram abordados todos os domínios 
do desenvolvimento da criança e situações que o exem-
plificam. Talvez você não tenha percebido essa aborda-
gem e, se isso aconteceu, te convido a ver o documen-
tário, novamente, mas, dessa vez, atente-se ao conteúdo 
exposto sobre cada domínio do desenvolvimento no 
contexto comportamental. 
Na sua essência, o desenvolvimento motor é observado 
a partir de alterações no comportamento motor. Trata-
se de um processo de aquisição de padrões (movi-
mentos utilizados para desempenho específico, como 
pular, correr) e habilidades de movimento (precisão, 
exatidão e economia de energia). O desenvolvimento de 
um padrão motor está relacionado ao alcance de níveis 
aceitáveis de habilidade com uma mecânica corporal 
eficiente para diferentes situações motoras. Não requer, 
especificamente, conquista do alto grau de habilidade 
(GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). 
Em geral, o desenvolvimento motor é influenciado 
por fatores do próprio indivíduo (biologia), do ambien-
te (experiência) e da própria tarefa em si (aspectos físi-
cos e mecânicos) (ROSA NETO, 2015). Conforme vimos 
no documentário O Começo da Vida, a criança precisa 
ser estimulada para o desenvolvimento acontecer. Este 
estímulo é no sentido de oferecer a ela oportunidades de 
explorar o meio com objetos simples que podem ganhar 
vida, e quem dá vida aos objetos é a própria criança.
O desenvolvimento motor também pode ser visto a 
partir de um modelo teórico que serve para testar os fa-
tos. A formulação de modelos teóricos que conduzem ex-
plicações do comportamento ao longo da vida é recente, 
pois o interesse pelo desenvolvimento motor deixou de 
ser descrição e catalogação de dados, apenas, a partir da 
década de 80. Os modelos teóricos abrangentes, os quais 
explicam o processo de desenvolvimento motor, são es-
cassos, enquanto são poucas as teorias amplas sobre o 
tema (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). 
Focaremos em um modelo abrangente para o desen-
volvimento motor, modelo este que parte de dois pontos devista teóricos: a teoria das fases-estágios descritiva e a 
teoria dos sistemas dinâmicos explicativa. Esse modelo 
teórico não é perfeito, isto é, também lhe falta algo, contudo 
ele tem sido a base para compreender melhor o que e por 
que cada etapa do desenvolvimento motor ocorre. Aquilo 
“Crescimento, maturação e desenvolvi-
mento são processos que operam em uma 
estrutura de tempo e que interagem entre 
si para moldar a forma pela qual as crianças 
evoluem. As interações entre esses conceitos 
tendem a ser mais aparentes na transição para 
a adolescência, momento no qual há conside-
rável variabilidade no ritmo e no grau de cres-
cimento e de maturação sexual, por exemplo”. 
Fonte: Malina, Bouchard e Bar-Or (2009, p. 
23, grifos dos autores).
 19
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
que as pessoas são em faixas etárias específicas corresponde 
à descrição, e o motivo da ocorrência dessas características 
diz respeito à explicação (GALLAHUE; OZMUN; GOO-
DWAY, 2013). 
As fases do desenvolvimento motor que serão apre-
sentadas, posteriormente, provêm de uma base dedutiva, 
ou seja, têm como base a inferência e servem de modelo 
para a formulação de teorias. O método dedutivo é com-
posto por três características: i) integra os fatos existentes 
e esclarece os indícios empíricos que têm ligação com o 
conteúdo da teoria; ii) dedica-se à formulação de hipóte-
ses que podem ser testadas; iii) passa por testes empíricos, 
isto é, as hipóteses testadas de forma experimental devem 
gerar resultados que confirmem, ainda mais, a teoria. Esse 
método nos permite identificar as informações necessá-
rias ao preenchimento de lacunas na teoria (o que ainda 
não é conhecido) bem como o esclarecimento ou o aper-
feiçoamento da mesma (GALLAHUE; OZMUN; GOO-
DWAY, 2013). 
As mudanças no comportamento dos movimentos 
ao longo do tempo é o que caracteriza o processo de de-
senvolvimento motor (GALLAHUE; OZMUN; GOO-
DWAY, 2013). Desde o momento em que ocorre a con-
cepção, o organismo tem uma organização, segue uma 
lógica biológica, possui um calendário evolutivo e matu-
rativo bem como uma porta aberta à estimulação e à inte-
ração (ROSA NETO, 2015). Durante toda a vida, estamos 
envolvidos nesse processo. Bebês, crianças, adolescentes, 
adultos e idosos, segundo Gallahue, Ozmun e Goodway 
(2013), passam pelo processo de aprender como se movi-
mentar, com competência e de forma controlada, respon-
dendo às mudanças enfrentadas, todos os dias, uma vez 
que o ambiente muda, constantemente. As possibilidades 
de desenvolvimento motor da criança avançam, de for-
ma significativa, com a idade, e as oportunidades se tor-
nam cada vez mais diversificadas, complexas e completas 
(ROSA NETO, 2015). Temos a capacidade de observar as 
diferenças no desenvolvimento do comportamento dos 
movimentos. 
O estudo das mudanças no comportamento dos mo-
vimentos ao longo do ciclo da vida é uma das formas de 
observar o desenvolvimento motor. Abre-se uma janela 
que permite ver o processo desse desenvolvimento pelo 
comportamento dos movimentos possíveis de observa-
ção, fornecendo pistas de como os procedimentos moto-
res ocorrem. Nesse sentido, tal processo é visto como fase 
e estágio (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). 
Ao longo de todas as fases do desenvolvimento 
motor, o movimento possível de ser observado é ca-
tegorizado de três formas diferentes, segundo a sua fi-
nalidade. Elas são denominadas tarefas de movimento 
de estabilidade, locomoção e manipulação ou são a 
combinação de todas elas (GALLAHUE, OZMUN, 
GOODWAY, 2013). No documentário sugerido no iní-
cio da unidade, foram ilustradas as diferentes tarefas de 
movimento, desde o início da vida, por exemplo, um 
bebê engatinhando (3min30seg), manipulando objetos 
(de 3min34seg até 4min30seg), sustentando-se em algu-
ma postura (5min21seg). 
Os movimentos de estabilidade, segundo Gallahue, 
Ozmun e Goodway (2013), são aqueles que necessitam 
de certo grau de equilíbrio ou postura (ex.: ficar em pé). O 
equilíbrio é a base para que toda a ação diferenciada do cor-
po (e das suas partes) possa acontecer (ROSA NETO, 2015). 
Especificamente, são aqueles que não são nem de locomo-
ção, nem de manipulação, portanto, incluem movimen-
tos de virar, torcer, puxar, empurrar. A estabilidade, como 
uma categoria do movimento, corresponde a qualquer 
movimento que aconteça como ganho ou manutenção do 
equilíbrio do indivíduo em relação à força da gravidade, ou 
seja, a capacidade de se sustentar em alguma postura (ex.: 
posturas invertidas e de rolamento do corpo, apoiar-se em 
um único pé, manter-se na posição ereta em pé ou sentado) 
(GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). 
20 
 
Os movimentos de locomoção são aqueles que en-
volvem mudança de um ponto a outro na localização do 
corpo, seja correndo, seja caminhando, pulando ou salti-
tando. Dessa forma, os movimentos de rolar para frente 
e para trás também são consideradas atividades de lo-
comoção, tendo em vista que o corpo se movimenta de 
um ponto a outro (e de estabilidade devido à necessida-
de de manutenção do equilíbrio na realização da tarefa 
que apresenta uma oscilação incomum) (GALLAHUE; 
OZMUN; GOODWAY, 2013). 
A manipulação é uma categoria de 
movimentos a qual envolve a força. Em movi-
mentos amplos, refere-se a conferir força a objetos 
ou receber força deles, por exemplo, lançar, pegar, 
chutar, rebater bem como o voleio e o drible. Em 
movimentos finos, diz respeito ao uso dos mús-
culos da mão e do punho, nas tarefas como: digi-
tar, costurar e cortar com tesouras (GALLAHUE; 
OZMUN; GOODWAY, 2013).
Na combinação de movimentos das catego-
rias de locomoção, estabilidade e manipulação, 
há inúmeras atividades. Por exemplo, a atividade 
de pular cordas envolve o pulo (locomoção), a ma-
nutenção do equilíbrio do corpo (estabilidade) e 
o giro da corda (manipulação); o jogo de futebol 
requer habilidades de correr e pular (locomoção), 
esquivar-se, alcançar, girar e girar (estabilidade) e 
driblar, chutar, passar e cabecear (manipulação). 
Por fim, considerando que o movimento é uma 
janela para o processo de desenvolvimento motor, 
uma das formas de estudar esse processo é anali-
sar como as habilidades de movimento progridem, 
sequencialmente, ao longo da vida (GALLAHUE; 
OZMUN; GOODWAY, 2013).
No início do documentário, foram ilustra-
das diferentes situações de movimentos de lo-
comoção, estabilidade e manipulação que são 
realizados pelos bebês de forma combinada (até 
o minuto 8). Isso significa que a combinação dos 
movimentos acontece desde os primeiros meses 
de vida. Retome o documentário com o objetivo 
de visualizar os exemplos ou o acesse, no QRCo-
de do início da unidade, para ver, novamente, as 
cenas que ilustram o movimento combinado (de 
29min40seg até 29min58seg também pode ser 
disponibilizado para exemplificar).
 21
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
OLHAR CONCEITUAL
Movimentos de manipulação: 
envolve a força no sentido de 
conferir força a, ou receber força de, 
objetos (ex. lançar, pegar, chutar, 
rebater objetos, voleio e drible)
Movimentos de estabilidade: 
necessitam de certo grau de 
equilíbrio, dando a capacidade 
de sustentar-se em alguma 
postura (ex. ficar em pé). 
Movimentos de locomoção: 
envolvem mudança de um ponto 
a outro na localização do corpo, 
quer seja correndo, caminhando, 
pulando ou saltitando. 
Combinação de movimentos: 
pular cordas envolve o pulo 
(locomoção), a manutenção do 
equilíbrio do corpo (estabilidade) 
e o giro da corda (manipulação).
Fonte: Gallahue, Ozmun, Goodway (2013, p. 67-68).
Agora, falaremos, um pouco mais, sobre as fases e os 
estágios do desenvolvimento motor, por meio de um 
modelo teórico desenvolvido por Gallahue, Ozmun 
e Goodway (2013), apresentado na Figura 3 e defini-
do como uma ampulheta heurística, isto é, como um 
processo fase-estágio descontínuo e sobreposto. Nesse 
modelo, o desenvolvimento motor de cada indivíduo 
passa por quatro fases: movimento reflexo, rudi-
mentar, fundamental e especializado. Em cada uma 
delas, há de dois a trêsestágios com faixa etária apro-
ximada para os seus períodos de desenvolvimento. A 
última fase, no seu último estágio, indica a utilização 
dos movimentos na rotina diária, de forma recreativa 
e/ou competitiva, ao longo da vida.
22 
 
Utilização na
rotina diária ao
longo da vida
Utilização
recreativa ao
longo da vida
Utilização
competitiva ao
longo da vida
FAIXA ETÁRIA APROXIMADA NOS
PERÍODOS DO DESENVOLVIMENTO
4 meses a 1 ano
Desde o útero até
4 meses
 14 anos ou mais
 11 a 13 anos
7 a 10 anos
 5 a 7 anos
 3 a 5 anos 
2 a 3 anos
 1 a 2 anos
 Do nascimento a 1 ano 
Estágio de decodi�cação
de informações
Estágio de codi�cação
de informações
FASE DO MOVIMENTO
ESPECIALIZADO
FASE DO MOVIMENTO
FUNDAMENTAL
FASE DO MOVIMENTO
RUDIMENTAR
FASE DO MOVIMENTO
REFLEXO
ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR
Estágio da utilização ao longo da vida
 Estágio de aplicação
 Estágio de transição
Estágio pro�ciência
 Estágios elementares emergentes
 Estágio inicial
Estágio pré-controle
 Estágio de inibição do re�exo
A fase do movimento reflexo é a primeira forma do 
movimento humano, a primeira realizada pelo feto. 
Os movimentos realizados, aqui, não são aprendidos, 
como o próprio termo sugere, eles são reflexos, por isso, 
não são considerados “habilidades”, e sim “capacidades” 
(GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). Nesta 
fase, os movimentos são involuntários, ou seja, a ação 
motora é processada, automaticamente, pelo sistema 
nervoso, tanto para sons, tato e visão quanto para pres-
são e formam a base de cada uma das fases do desenvol-
Descrição da Imagem: a figura refere-se a fases e estágios do desenvolvimento motor. Compreende a ilustração de uma ampulheta de tempo 
composta por dois recipientes cônicos que se comunicam entre si, por meio de um pequeno orifício. Na parte superior da ampulheta, há três 
tópicos: “Utilização na rotina diária ao longo da vida”, “Utilização recreativa ao longo da vida” e “Utilização competitiva ao longo da vida”. As três 
utilizações estão ligadas às quatro fases do movimento que estão na parte inferior da ampulheta. Na base da ampulheta, está a fase do movimento 
reflexo e indica que, na faixa etária aproximada desde o útero até os 4 meses e dos 4 meses a 1 ano, o estágio do desenvolvimento motor é de 
codificação e decodificação de informações, respectivamente. Logo acima, está a fase do movimento rudimentar, o qual indica que, na faixa etária 
aproximada do nascimento a 1 ano e de 1 a 2 anos, o estágio do desenvolvimento motor é de inibição do reflexo e pré-controle, respectivamente. 
Em cima da fase do movimento rudimentar está a fase do movimento fundamental e indica que, na faixa etária aproximada de 2 a 3 anos, 3 
a 5 anos e 5 a 7 anos, os estágios do desenvolvimento motor são, respectivamente: inicial, elementares emergentes e de proficiência. Por fim, 
próxima à parte central da ampulheta está a fase do movimento especializado. Ela indica que, na faixa etária aproximada de 7 a 10 anos, 11 a 
13 anos e 14 anos ou mais o estágio do desenvolvimento motor é de transição, de aplicação e de utilização ao longo da vida, respectivamente. 
Figura 3 - Fases e estágios do desenvolvimento motor / Fonte: adaptada de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013).
 23
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
vimento motor (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 
2013; ROSA NETO, 2015). A partir do quarto mês da 
vida fetal até o quarto mês pós-nascimento, aproxi-
madamente, a maioria dos movimentos realizados são 
reflexos e as reações involuntárias dos bebês variam 
de acordo com os estímulos recebidos (GALLAHUE; 
OZMUN; GOODWAY, 2013). Os movimentos reflexos 
podem ser divididos em primitivos e posturais (foram 
ilustrados, principalmente, no início do documentário). 
Os reflexos primitivos são respostas de busca por 
nutrição, proteção e coleta de informações. Um exemplo 
são os movimentos reflexos de sucção e fixação, con-
siderados mecanismos de sobrevivência do bebê. Eles 
são fundamentais para a nutrição do recém-nascido 
(GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). Os refle-
xos primitivos de sobrevivência incluem o reflexo de 
Moro (Figura 4), busca e sucção, preensão palmar (Fi-
gura 5), preensão plantar (Figura 6) e tônico assimétrico 
(Figura 7) (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). 
No Reflexo de Moro, também conhecido como re-
flexo do susto, a estimulação acontece quando o bebê é 
colocado na posição supino e alguma sensação de inse-
gurança de apoio é produzida. Uma forma de fazer isso é 
deixando a cabeça do bebê cair um pouco para trás de re-
pente. Esse reflexo também pode ser autoinduzido a par-
tir de um som alto, provocado pela tosse ou pelo espirro 
da criança (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). 
Os bebês abrem os seus braços e mãos, rapidamente, com 
as palmas das mãos voltadas para cima no momento em 
que sentem falta de apoio, conforme ilustrado na Figura 4 
(a). Esse reflexo ocorre desde o nascimento e continua ao 
longo dos seis primeiros meses; tem sido utilizado como 
uma das formas de avaliar o desenvolvimento neurológi-
co infantil: a sua presença após essa idade costuma indicar 
um quadro de disfunção neurológica (GALLAHUE; OZ-
MUN; GOODWAY, 2013). 
a) b)
A nutrição é o principal estímulo para o reflexo de busca e 
sucção, presente em todos os bebês com desenvolvimento 
esperado. O reflexo de busca é mais forte nas três primei-
ras semanas e pode se manifestar até o final do primeiro 
ano, enquanto o de sucção tende a desaparecer ao final do 
terceiro mês, contudo, persiste, voluntariamente. O reflexo 
de busca é mais, facilmente, observado quando o bebê está 
dormindo, quando está com fome ou na posição de ama-
mentação. O reflexo de sucção ocorre a partir da estimu-
lação feita nos lábios, nas gengivas, na língua ou no palato 
duro, sendo, ritmicamente, repetitiva. A estimulação para 
ambos os reflexos acontece, considerando um recém-nasci-
do saudável, de forma diária, nos horários de amamentação 
(GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013).
Descrição da Imagem: a figura refere-se ao Reflexo de Moro. 
Compreende uma ilustração com duas imagens de um bebê. A 
Figura 4 (a), que indica a fase de extensão, mostra um bebê deitado 
de barriga para cima, com os membros inferiores e superiores 
esticados. A Figura 4 (b), que indica a fase de flexão, mostra um 
bebê deitado de barriga para cima com os membros inferiores e 
superiores flexionados próximos ao corpo.
Figura 4 (a) - Reflexo de Moro: fase de extensão; Figura 4 (b) - Fase 
de flexão / Fonte: Gallahue, Ozmun e Goodway (2013, p. 144).
24 
 
O reflexo de preensão palmar consiste na forte 
pegada que o bebê apresenta do nascimento até os qua-
tro primeiros meses. Nos dois primeiros meses, as mãos 
do bebê se mantêm bem fechadas, ao estimular a palma 
da mão com um objeto, o órgão, instintivamente, se fe-
cha em torno dele com força (Figura 5), se for exercida 
força contra os dedos flexionados, a pegada fica mais 
apertada. Quando suspenso, o bebê consegue sustentar 
o próprio peso do corpo devido à tamanha força da pe-
gada. A intensidade da resposta, neste reflexo, aumenta 
durante o primeiro mês e tende a diminuir, gradativa-
mente. Se o reflexo persistir até o primeiro ano ou se a 
resposta ao estímulo for fraca no primeiro mês, certo 
atraso no desenvolvimento motor pode estar presente 
(GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). 
O toque na sola dos pés em recém-nascidos provoca o 
Reflexo de Babinski, enquanto a pressão exercida no 
toque refletirá na extensão dos dedos do pé. Esse reflexo 
cede lugar ao reflexo plantar quando o sistema neuro-
muscular amadurece, então, certa contração dos dedos é 
observada como resposta ao estímulo realizado na sola 
do pé (Figura 6). Uma forma de estimular, facilmente, o 
reflexo plantar de preensão é pressionando os polega-
res contra o terço anterior do pé do bebê. Isso ocorre por 
volta do quarto mês e continua até o 12° mês, aproxima-
damente. Quando o Reflexo de Babinski persiste até o 
sexto mês, tem-se um indicativo de falha no desenvol-
vimento (GALLAHUE;OZMUN; GOODWAY, 2013). 
O reflexo tônico assimétrico do pescoço, mostra-
do na Figura 7 (a), corresponde ao posicionamento do 
bebê em supinação. O pescoço é girado, de modo que 
a cabeça fica voltada ora para um lado, ora para outro. 
Descrição da Imagem: a figura refere-se ao reflexo palmar de 
preensão. Compreende a ilustração de uma mão humana seguran-
do a ponta de um objeto fino e roliço. Na outra extremidade, uma 
mão humana pequena agarrando o objeto com todos os dedos.
Figura 5 - Reflexo palmar de preensão
Fonte: Gallahue, Ozmun e Goodway (2013, p. 145).
Descrição da Imagem: a figura refere-se ao reflexo plantar. Com-
preende a ilustração de uma mão humana segurando a ponta de 
um objeto fino e roliço. Na outra extremidade, há um pé humano 
pequeno agarrando o objeto com todos os dedos. A figura tam-
bém mostra as pernas e abdômen da criança, que se encontra 
deitada de costas.
Figura 6 - Reflexo de preensão plantar
Fonte: Gallahue, Ozmun e Goodway (2013, p. 146).
 25
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
A posição dos braços é em assimetria, conforme ilustra 
a Figura 7 (a): braço estendido do lado do corpo para 
onde a cabeça está voltada, o outro braço é mantido 
numa posição flexionada, e a posição das pernas segue 
o posicionamento dos braços. No reflexo tônico simé-
trico, apresentado pela Figura 7 (b), os membros supe-
riores e inferiores assumem posição similar. Ao flexio-
nar a cabeça e o pescoço, os braços são flexionados, mas 
as pernas ficam estendidas, como mostra a Figura 7 (c) 
(GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013).
a) b) c)
Nesta fase são desenvolvidos, também, involuntariamen-
te, os reflexos posturais: estes são como dispositivos de 
teste neuromotor. Por meio deles, é possível observar os 
mecanismos de estabilidade, locomoção e manipulação 
— tipos de movimentos que se desenvolvem, posterior-
mente, com controle consciente —. Para exemplificar, os 
reflexos primários de engatinhar e dar passos se apro-
ximam muito dos comportamentos voluntários poste-
riores de engatinhar e andar (GALLAHUE; OZMUN; 
GOODWAY, 2013). Fazem parte dos reflexos posturais 
os reflexos labirínticos apresentados pelas Figuras 8; e 
visuais, os quais são de levantamento (Figura 9); os de 
amortecimento e apoio, como o paraquedas, apresenta-
do na Figura 10 (a); o reflexo de engatinhar da Figura 10 
(b); o reflexo primário de caminhar/pisar da Figura 10 
(c) e o de natação. 
Descrição da Imagem: a Figura 7 (a) refere-se ao reflexo tônico assimétrico. A ilustração mostra um bebê deitado de barriga para cima com 
o pescoço inclinado para o lado direito do corpo. A Figura 7 (b) refere-se ao simétrico do pescoço. A ilustração mostra um bebê com os braços 
esticados, sendo segurado por duas mãos na parte de trás da cintura, fazendo-o ficar numa posição como se estivesse sentado em uma cadeira, 
as suas pernas estão flexionadas e o seu pescoço está ereto. A Figura 7 (c) também se refere ao simétrico do pescoço. A ilustração apresenta 
um bebê com os braços flexionados junto ao corpo e tocando o queixo. Ele está sendo segurado por duas mãos na parte de trás da cintura. As 
suas pernas estão esticadas para frente, enquanto o seu pescoço está inclinado para baixo.
Figura 7 (a) - Reflexo tônico assimétrico; Figura 7 (b) - Simétrico do pescoço; Figura 7 (c) - Simétrico do pescoço
Fonte: Gallahue, Ozmun e Goodway (2013, p. 147).
26 
 
a)
b)
c)
a) b) c)
Descrição da Imagem: a Figura 8 (a) refere-se aos reflexos labirínticos na posição ereta. A ilustração mostra um bebê sendo segurado por duas 
mãos na parte de trás da cintura. Ele está ereto, com pernas e braços flexionados. A Figura 8 (b) refere-se aos reflexos labirínticos na posição 
inclinada para trás. A ilustração apresenta o bebê sendo segurado por duas mãos na parte de trás da cintura, inclinado para trás, com pernas 
e braços flexionados. As pernas estão erguidas, os braços estão junto ao corpo. A Figura 8 (c) refere-se aos reflexos labirínticos na posição 
pronada. A ilustração mostra o bebê sendo erguido por duas mãos, ele está na horizontal, com a barriga para baixo, pernas e braços um pouco 
flexionados. A cabeça do bebê está erguida e voltada para frente.
Figura 8 (a) - Reflexos labirínticos na posição ereta; Figura 8 (b) - Inclinada para trás; Figura 8 (c) - Pronada
Fonte: Gallahue, Ozmun e Goodway (2013, p. 148).
Descrição da Imagem: a Figura 9 (a), duas mãos adultas seguram ambas as mãos do bebê. A imagem mostra as pernas dele flexionadas para 
baixo e a cabeça inclinada, levemente, para trás. Na Figura 9 (b), a cabeça do bebê se inclina para frente, enquanto as pernas flexionadas sobem. 
Na Figura 9 (c), o tronco do bebê está arqueado com o movimento das pernas flexionadas para cima.
Figura 9 (a) - Primeiro tipo de reflexo de flexão; Figura 9 (b) - Segundo tipo de reflexo de flexão; Figura 9 (c) - Terceiro tipo de reflexo de 
flexão / Fonte: Gallahue, Ozmun e Goodway (2013, p. 148).
 27
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
a) b) c)
Essa primeira fase do desenvolvimento motor é dividida 
em dois estágios que se sobrepõem: o de codificação e o 
de decodificação de informações. O primeiro, o estágio 
de codificação de informações, inicia no útero e dura 
até os 4 meses pós-nascimento (Figura 3). É caracteriza-
do pela atividade de movimentos involuntários do bebê 
que podem ser observados e que servem de recurso pri-
mário para a coleta de informações, a busca de nutrição 
e a procura, por meio dos seus movimentos, pela prote-
ção. Aqui, os centros cerebrais inferiores comandam os 
movimentos fetais e neonatais, portanto, são bem mais 
desenvolvidos do que o córtex motor (GALLAHUE; 
OZMUN; GOODWAY, 2013). 
O segundo, o estágio de decodificação de infor-
mações, também chamado de processamento, se inicia 
por volta do quarto mês e vai até os 2 anos de idade (Fi-
gura 3). À medida que os centros cerebrais vão se desen-
volvendo, os movimentos reflexos vão sendo inibidos. 
Gradualmente, os centros cerebrais inferiores renun-
ciam ao controle dos movimentos esqueléticos, dando 
No vídeo disponível no QRCode, a seguir, você terá a oportunidade de visualizar 
cada um dos movimentos reflexos presentes nessa fase do desenvolvimento motor. 
Venha ver!
Descrição da Imagem: na Figura 10 (a), a ilustração mostra o bebê sendo segurado por duas mãos. Ele está de barriga para baixo, horizontal-
mente ao chão, os braços e pernas estão esticados. Na Figura 10 (b), o bebê está deitado de barriga para baixo, com a cabeça inclinada para 
cima e voltada ao lado esquerdo do corpo. Uma mão adulta toca a planta do pé esquerdo dele. Na Figura 10 (c), há duas ilustrações, lado a lado. 
A primeira, à esquerda, mostra o bebê sendo segurado por duas mãos na cintura, ele está em pé, ereto. Uma perna levanta enquanto a outra 
apoia, de modo que, nessa primeira imagem, a perna direita está levantada e, na segunda imagem, à direita, a perna levantada é a esquerda.
Figura 10 (a) - Reflexos de paraquedas; Figura 10 (b) - Reflexos de engatinhar; Figura 10 (c) - Reflexos primários de caminhar
Fonte: Gallahue, Ozmun e Goodway (2013, p. 149-152).
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/15397
28 
 
espaço para o movimento voluntário acontecer. Isso 
significa dizer que o estágio de decodificação substitui 
a atividade sensório-motora pela perceptivo-motora. 
Esta substituição é mediada pela área motora do córtex 
cerebral (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). 
A fase do movimento rudimentar compreende as 
primeiras formas de movimentos voluntários, presentes 
desde o nascimento até por volta dos 2 anos de idade (Fi-
gura 3). Os movimentos nesta fase se caracterizam por 
apresentarem uma sequência previsível de surgimento 
e são determinados pela maturação bem como repre-
sentam as formas básicas de movimentos voluntários 
necessários à sobrevivência do bebê. Segundo Gallahue, 
Ozmun e Goodway (2013), incluem os movimentos es-
tabilizadores (ex.: adquirir o controle dos músculos do 
tronco e do pescoço e o controle sobre a cabeça), loco-
motores (ex.: engatinhar, arrastar-se,caminhar) e mani-
pulativos (ex.: pegar, soltar, alcançar). Conforme estes 
autores, o aumento do controle motor e da competência 
de movimento do bebê resulta no domínio das capaci-
dades de movimento rudimentar, uma vez que recebe 
estímulos do ambiente, da própria tarefa e do indivíduo. 
Esta fase do desenvolvimento motor foi ilustra-
da no documentário O Começo da Vida e pode 
ser revisto naquele QRCode apresentado no 
início da unidade, nos seguintes recortes:
1. 8hmin40seg -10min08seg.
2. 20min25seg - 20min30seg.
3. 27min37seg - 27min59seg.
4. 42min00seg - 42min52seg.
5. 49min00seg - 50min28seg.
6. 43min20seg - 47min40seg.
O desenvolvimento ocorre a partir de um proces-
so dinâmico, dentro de um sistema auto-organizado 
(GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). Esta fase 
subdivide-se em dois estágios, os quais representam ordens 
do comportamento motor, progressivamente, mais eleva-
das: estágio de inibição do reflexo e estágio pré-controle. 
Durante a fase do movimento rudimentar, a sequên-
cia na qual as habilidades de movimento são adquiridas é 
fixa, ou seja, todos os bebês seguirão a mesma sequência, 
contudo a taxa de avanço, muitas vezes, varia entre os be-
bês (alguns executam mais cedo ou mais tarde do que ou-
tros), conforme Gallahue, Ozmun e Goodway (2013). 
O estágio de inibição do reflexo (do nascimento 
a 1 ano) começa, ainda, quando o repertório dos movi-
mentos é reflexo. Aos poucos, os movimentos passam a 
ser influenciados pelo córtex em desenvolvimento. Como 
consequência, os reflexos vão sendo inibidos e, pouco a 
pouco, desaparecem, assim, todos os movimentos que, até 
então, aconteciam de forma involuntária, dão espaço para 
os comportamentos motores voluntários. Neste nível da 
inibição do reflexo, o aparato neuromotor do bebê está 
num estágio de desenvolvimento rudimentar, portan-
to, o movimento voluntário pouco pode ser distinguido, 
dando a impressão de que os movimentos são descontro-
lados, sem refinamento (GALLAHUE; OZMUN; GOO-
DWAY, 2013). Um exemplo disso é observado quando o 
bebê deseja pegar um brinquedo no chão: o processo de 
se agachar ou sentar, estender o membro superior e movi-
mentar a mão para pegar o objeto, mesmo que de forma 
voluntária, é pouco controlado. 
No estágio pré-controle (1 a 2 anos), as crianças 
começam a apresentar mais controle e precisão sobre os 
movimentos. As capacidades de movimentos rudimen-
tares evoluem, rapidamente, devido ao acelerado desen-
 29
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
volvimento dos processos cognitivos e motores. Neste 
estágio, os movimentos relacionados ao equilíbrio (aqui-
sição e manutenção), à manipulação de objetos e à loco-
moção no ambiente, realizados de forma descontrolada 
no estágio anterior, ganham precisão e controle. A rapi-
dez bem como a extensão do desenvolvimento do con-
trole motor adquirido, neste estágio, num curto espaço 
de tempo, pode ser explicada, em partes, pelo processo de 
maturação (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013).
Conheceremos um pouco mais das capacidades de 
movimento rudimentar do bebê, nesta fase do desenvol-
vimento motor, os quais são alicerces do desenvolvimento 
das habilidades nas fases fundamental e especializada. 
A estabilidade diz respeito à capacidade de estabelecer 
controle sobre a musculatura contra a força da gravidade, a 
fim de atingir e manter uma postura ereta (GALLAHUE; 
OZMUN; GOODWAY, 2013). A sequência de desenvolvi-
mento das capacidades de estabilidade rudimentar é previ-
sível, conforme ilustrado nas imagens, a seguir. As tarefas de 
estabilidade incluem o controle da cabeça e do pescoço, o 
controle do tronco e da posição sentada (Figuras 11) bem 
como o alcance na postura em pé (Figuras 12).
a) b) c)
Descrição da Imagem: a Figura 11 (a) refere-se aos estágios da conquista do sentar independente no terceiro mês. A ilustração mostra o bebê 
sentado, em posição ereta, sendo segurado na cintura por duas mãos adultas. A Figura 11 (b) refere-se ao sexto mês e apresenta o bebê sentado 
sozinho, com o tronco e a cabeça inclinados para frente. A Figura 11 (c) apresenta o oitavo mês. A ilustração mostra o bebê sentado sozinho, 
com o tronco e a cabeça eretos e as mãos, levemente, esticadas. 
Figura 11 (a) - Estágios da conquista do sentar independente no terceiro mês; Figura 11 (b) - No sexto mês; Figura 11 (c) - No oitavo mês
Fonte: Gallahue, Ozmun e Goodway (2013, p. 161).
30 
 
a) b) c)
A habilidade da locomoção depende de como o bebê consegue lidar com 
a força da gravidade, não há como ela se desenvolver sem que a estabilida-
de esteja, proporcionalmente, desenvolvida. A habilidade de se movimentar, 
livremente, será alcançada quando o bebê realizar as tarefas desenvolvimentais 
rudimentares da estabilidade com êxito. As formas mais frequentes de loco-
moção nas quais a criança se envolve, enquanto aprende a lidar com a força 
da gravidade, são os movimentos horizontais: rastejar, como na Figura 13 (a); 
o rastejar sentado, o engatinhar, como na Figura 13 (b); o andar de quatro e 
os movimentos de marcha ereta: andar com apoio, com alguém segurando as 
mãos, com a condução de alguém, sozinho com mãos para cima e com as mãos 
para baixo (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013).
Descrição da Imagem: aa Figura 12 (a) refere-se aos estágios da conquista da posição em pé no sexto mês. Na ilustração, o bebê encontra-se 
em pé apoiando as duas mãos numa barra horizontal. A Figura 12 (b) refere-se ao 10º mês. Nela, o bebê encontra-se em pé, apoiando as duas 
mãos nas mãos de um adulto. A Figura 12 (c) refere-se ao 12º mês. O bebê encontra-se em pé, sozinho, sem o apoio das mãos. 
Figura 12 (a) - Estágios da conquista da posição em pé no sexto mês; Figura 12 (b) - No 10º mês; Figura 12 (c) - No 12º mês
Fonte: Gallahue, Ozmun e Goodway (2013, p. 161).
 31
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
a) b)
As capacidades manipulativas do bebê avançam por 
uma série de estágios, assim como acontece com a estabi-
lidade e a locomoção. Na fase dos movimentos rudimen-
tares, apenas o alcance, o pegar/pressão e o soltar (Figura 
14), aspectos básicos na manipulação, são considerados. 
Estas capacidades são, fortemente, influenciadas pela ma-
turação, que, quando atingida, faz a criança se beneficiar 
das oportunidades que surgem para praticar e melhorar 
as capacidades rudimentares de manipulação cuja urgên-
cia na aquisição possibilita ao bebê em desenvolvimento 
o primeiro contato com objetos presentes no ambiente 
(GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013).
a) c)b)
Descrição da Imagem: a Figura 13 (a) refere-se ao rastejar. Na ilustração, o bebê encontra-se deitado de barriga para baixo. O joelho direito está 
flexionado e a cabeça está para frente, enquanto os braços estão esticados no chão. A Figura 13 (b) refere-se ao engatinhar. O bebê encontra-se 
de joelhos e mãos apoiadas no chão.
Figura 13 (a) - Rastejar; Figura 13 (b) - Engatinhar / Fonte: Gallahue, Ozmun e Goodway (2013, p. 163).
Descrição da Imagem: a Figura 14 (a) refere-se às capacidades rudimentares de alcançar objetos. A ilustração mostra a criança sentada próxi-
ma a um pequeno cubo, com a mão direita esticada em direção ao cubo. A Figura 14 (b) refere-se à capacidade rudimentar de pegar objetos. A 
criança está sentada tocando os cubos empilhados à sua frente. A Figura 14 (c) refere-se à capacidade rudimentar de soltar objetos. A criança 
está sentada próxima a três cubos, a mão esquerda tocando o peito e a mão direita esticada.
Figura 14 (a) - Capacidades rudimentares de alcançar; Figura 14 (b) - Pegar; Figura 14 (c) - Soltar
Fonte: Gallahue, Ozmun e Goodway (2013, p. 166). 
32 
 
Similarmente ao que foi observado nas fases anteriores, 
a fase do movimento fundamental (padrão de movi-
mento), nos primeiros anos de vida, resulta da fase an-
terior, a do movimento rudimentar. Nesta nova fase, as 
crianças mais novas estão envolvidas, de forma ativa, na 
exploração e experimentação do que o corpo é capaz de 
fazer em relação aos movimentos. A criança passa a des-
cobrir a forma de executar inúmeros movimentos de es-tabilidade, locomoção e manipulação, experimentando os 
movimentos de maneira isolada e, posteriormente, com-
binando-os a outros, com o objetivo de adquirir cada vez 
mais controle sobre o desempenho de movimentos dis-
tintos, seriais e contínuos, segundo a própria capacidade 
de acolher as mudanças nas exigências das tarefas. Con-
forme Gallahue, Ozmun e Goodway (2013), os exemplos 
de atividades que correspondem ao padrão de movimen-
to, nesta fase, são: equilibrar-se com uma perna só, andar 
sobre o meio fio (estabilizadoras), correr, pular (locomo-
toras), pegar e arremessar (manipulativas). 
O desenvolvimento dessas habilidades pode ser in-
fluenciado pela maturação, contudo essa não é a única 
influência recebida. As demandas da tarefa e os fatores 
ambientais, como oportunidades de prática, incenti-
vo e instruções e o contexto do ambiente (ecologia) 
são fortes influenciadores do desenvolvimento das 
habilidades do movimento fundamental. A utilidade 
dessas habilidades é para toda a vida bem como re-
presentam componentes importantes do dia a dia dos 
adultos e das crianças (GALLAHUE; OZMUN; GOO-
DWAY, 2013). Visando a exemplificar esta colocação, 
pensaremos no deslocamento a pé que fazemos para ir 
ao trabalho ou até o comércio, ou ainda, como forma 
de prática de atividade física; subir escadas para acessar 
cômodos da casa ou salas comerciais em edifícios; equi-
librar-se em estruturas estreitas de passagens ou em um 
pé só, a fim de realizar alguma tarefa, o que exige a ma-
nutenção do corpo em posições dinâmicas ou estáticas.
Considerando o modelo da ampulheta, para com-
preender as fases e os estágios do desenvolvimento motor 
(Figura 3), é importante ponderar que toda a fase do mo-
vimento fundamental possui estágios separados, mas eles, 
comumente, se sobrepõem: o estágio inicial, o elementar 
emergente e o estágio proficiente. O estágio inicial (2 
a 3 anos) representa as primeiras tentativas voltadas para 
o alvo de executar uma habilidade fundamental. Aqui, o 
movimento é marcado pela ausência de algumas partes ou 
por uma sequência inapropriada, por má coordenação e 
fluxo rítmico, pelo uso reduzido ou demasiado do corpo, 
com insatisfatória integração espacial e temporal do movi-
mento (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). 
Nos estágios elementares emergentes (3 a 5 anos), 
há mais controle motor e coordenação rítmica bem 
como melhor sincronização dos elementos temporais e 
espaciais. No entanto os padrões de movimento ao lon-
go desses estágios, em geral, continuam reduzidos ou 
exagerados, mesmo que melhor coordenados. É comum 
muitos indivíduos, não, somente, crianças, não conse-
guirem ir além dos estágios elementares emergentes 
em uma ou mais habilidades (GALLAHUE; OZMUN; 
GOODWAY, 2013).
Os estágios de proficiência (5 a 7 anos) são os úl-
timos da fase dos movimentos fundamentais. Costumam 
ser marcados pelo desempenho eficiente, coordenado e 
controlado, mais maduros em relação a estes três aspec-
tos do processo. As habilidades de manipulação que re-
querem o acompanhamento visual com cruzamento de 
objetos em movimento, como é o caso de movimentos 
de rebater e pegar, podem se desenvolver um pouco mais 
tarde. Para a eficiência no seu desenvolvimento, essas ha-
bilidades requerem o desenvolvimento da maturação, as 
oportunidades de prática, o incentivo e um ambiente favo-
rável ao aprendizado. Sem as oportunidades, o desenvol-
vimento dessas habilidades fica comprometido e se torna 
difícil alcançar a proficiência, comprometendo, também, 
 33
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
a fase posterior: a do movimento especializado 
(GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013).
Agora que as crianças apresentam condições 
de explorar os seus potenciais ao vencer a força 
da gravidade (estabilidade), exercendo controle 
sobre a musculatura quando realizam movimen-
tos com o corpo em determinado espaço (loco-
moção) e evoluem, gradualmente, na habilidade 
de estabelecer contatos com objetos, de forma 
precisa e controlada (manipulação), no ambiente 
onde estão interagindo, o desenvolvimento motor 
se encaminhará ao refinamento (GALLAHUE; 
OZMUN; GOODWAY, 2013). A partir desta fase, 
o desenvolvimento é direcionado, mais fortemen-
te, às habilidades locomotoras e manipulati-
vas. O foco continua na aquisição de vivências de 
movimentos que aumentem o repertório e permi-
tam a evolução das habilidades motoras dos mo-
vimentos fundamentais. Ainda não é o momento 
de direcionar a criança para a fase de especializa-
ção, neste ponto, o profissional de Educação Física 
tem contribuição ímpar. Continuar estimulando a 
criança a desenvolver a competência motora bá-
sica, a partir de uma mecânica corporal eficiente, 
nas diferentes práticas de movimentos que reque-
rem habilidades distintas, é o melhor caminho.
Veremos alguns exemplos de como ocorre o 
desenvolvimento das habilidades motoras fun-
damentais de locomoção e manipulação ao longo 
dos seus estágios. Nos exemplos de habilidades de 
locomoção (Figuras 15) e de manipulação (Figuras 
16), o estágio 1 corresponde ao estágio inicial, os 
estágios 2 e 3 aos estágios emergentes, enquanto o 
estágio 4 refere-se ao estágio proficiente. 
A sequência de duas das cinco habilidades 
de locomoção, nos seus respectivos estágios, está 
ilustrada nas Figuras 15. 
34 
 
a) b)
Estágio 1
Estágio 2
Estágio 3
Estágio 4
Estágio 1
Estágio 2
Estágio 3
Estágio 4
Para que você possa compreender, de forma mais clara, 
o desenvolvimento das habilidades motoras, no vídeo 
disponível no QRCode, a seguir, você visualizará a execução 
da habilidade motora de locomoção (corrida), executada 
por três crianças que, de acordo com a idade cronológica, 
espera-se que estejam nos estágios inicial, emergente e 
proficiente. Observe, com atenção, a diferença de execução 
da mesma habilidade motora ao longo dos estágios de 
desenvolvimento.
Descrição da Imagem: as figuras apresentam sequências ilustradas, uma embaixo da outra, separadas em estágios 1, 2, 3 e 4. Na Figura 15 (a), 
há uma sequência de movimentos de corrida que inicia na fase de bebê, quando a criança cai no final, e termina na fase adulta, com a corrida 
estabelecida. Na Figura 15 (b), há uma sequência de movimentos de corrida que se inicia na fase infantil, quando a criança salta, moderadamente, 
e finaliza na fase adulta, com o salto estabelecido. 
Figura 15 (a) - Sequências desenvolvimentais da corrida; Figura 15 (b) - Do salto horizontal / Fonte: Gallahue, Ozmun e Goodway (2013, p. 251-259).
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/15398
 35
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Nesse momento, observaremos, nas Figuras 16, qual é a 
sequência de desenvolvimento do chute, do voleio e da 
rebatida, três das cinco habilidades motoras fundamen-
tais de manipulação, nos seus respectivos estágios. 
a)
b) c)
Estágio 1
Estágio 2
Estágio 3
Estágio 4
Estágio 1
Estágio 2
Estágio 3
Estágio 4
Estágio 1
Estágio 2
Estágio 3
Estágio 4
Descrição da Imagem: as figuras apresentam sequências ilustradas, uma embaixo da outra, separadas em estágios 1, 2, 3 e 4. A Figura 16 (a) 
refere-se às sequências desenvolvimentais do chute, por meio de uma sequência de movimentos de chutes curtos no estágio 1 até chegar a 
movimentos mais estabelecidos no estágio 4. Na Figura 16 (b), há uma sequência de movimentos de voleios curtos no estágio 1 até chegar a 
movimentos de voleio mais estabelecidos no estágio 4. Na Figura 16 (c), há uma sequência de movimentos curtos de rebatida com um taco no 
estágio 1 até chegar a movimentos de rebatida estabelecidos no estágio 4.
Figura 16 (a) - Sequências desenvolvimentais do chute; Figura 16 (b) - Do voleio; Figura 16 (c) - Da rebatida 
Fonte: Gallahue, Ozmun e Goodway (2013, p. 235-241). 
36 
 
O alcance da proficiência nas diferentes modalidades 
esportivas, ou ainda, na dança e nos jogos presentes 
nas diversificadas culturas, é influenciada pelo desen-
volvimento das habilidades motoras fundamentais. O 
repertório adquirido nessa fase em que se combinam 
habilidades motoras possibilitaàs crianças realizar 
movimentos com habilidade nas práticas desportivas 
e na dança. Porém se os princípios básicos não forem 
assimilados, o desenvolvimento motor não será efi-
ciente. Isso significa dizer que, quando não acontece 
a capacidade de se movimentar com facilidade, com-
binando as diferentes habilidades motoras fundamen-
tais, a competência motora básica adquirida nos pri-
meiros anos foi deficiente.
Crianças que desenvolvem a competência motora 
em diferentes habilidades e movimentos estarão mais 
propensas a ter êxito na manifestação das próprias ha-
bilidades na fase seguinte do modelo da ampulheta, isto 
é, na fase do movimento especializado (GALLAHUE; 
OZMUN; GOODWAY, 2013).
Existe um modelo sinergista da competência motora e da 
atividade física capaz de auxiliar no entendimento da real 
importância do “bom êxito” no desenvolvimento motor 
ao longo de todas as fases. Vimos que, quando o desen-
volvimento é deficiente em alguma das etapas, o esperado 
para a fase seguinte fica comprometido, o que impacta 
mais do que o comprometimento da próxima fase. 
Segundo Gallahue, Ozmun e Goodway (2013), a 
relação entre a competência motora e a atividade físi-
ca se fortalece ao longo das fases, então, as crianças que 
apresentam níveis mais elevados de competência mo-
tora tendem a escolher para si níveis mais elevados de 
atividade física, também. 
Sabe o que acontece com as crianças com menor 
competência nas habilidades motoras? Elas se engajarão 
em níveis mais baixos de atividade física quando forem 
obrigadas a se envolver, ou preferirão ficar de fora, se 
houver a possibilidade de escolha. Isso te trouxe algu-
ma lembrança das aulas de Educação Física? Ao mesmo 
tempo em que a baixa competência motora conduz a 
criança a baixos níveis de atividade física, o menor en-
volvimento nessas atividades resultará em menos opor-
tunidades de aumentar a competência motora. Interes-
“É um equívoco pensar que as crianças apren-
dem as habilidades de movimento fundamental 
‘naturalmente’, pois muitas crianças sequer al-
cançam o estágio de proficiência e, portanto, 
não possuem a competência motora necessá-
ria para aplicação dessas habilidades em jogos 
e esportes durante a infância e a adolescência”.
(David L. Gallahue, John C. Ozmun e Jacqueline 
D. Goodway)No vídeo disponível no QRCode, a seguir, você 
visualizará a execução da habilidade manipulativa 
(chute), executada pelas crianças do vídeo anterior. É 
possível verificar o desenvolvimento da habilidade ao 
longo dos três estágios de desenvolvimento na fase do 
movimento fundamental.
 37
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
sante, não?! É um ciclo que se retroalimenta e que tende 
a permanecer nas fases posteriores, conduzindo o indi-
víduo a um estilo de vida menos ativo. As consequências 
passam a ser severas não mais, somente, no contexto do 
desenvolvimento motor, mas na saúde como um todo.
Há evidências, na literatura, as quais enfatizam, também, a 
importância do profissional de Educação Física para o de-
senvolvimento de habilidades motoras e a promoção dos 
níveis de atividade física. Um estudo realizado por Rodri-
gues et al. (2013) com 50 crianças, de 4 a 6 anos de idade, 
teve por objetivo verificar os efeitos de diferentes contextos 
no desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais 
e no crescimento somático de alunos no Ensino Infantil. 
Das 50 crianças de ambos os sexos, 25 tiveram Educação Fí-
sica com um professor da área e 25 tiveram atividades com 
o professor responsável pela turma ao longo do ano letivo. 
As atividades conduzidas nas aulas de Educação Físi-
ca seguiram o conteúdo sugerido pelo sistema educacio-
nal, ajustadas à realidade profissional e estrutural da es-
cola. As crianças do grupo que tiveram aulas de atividade 
motora ministradas pelo professor polivalente, responsá-
vel pela turma, foram compostas por atividades recreati-
vas, realizadas em um playground instalado na escola. Os 
alunos passaram por uma bateria de testes que mensuram 
habilidades motoras de locomoção e manipulativas (con-
trole de objeto) em dois momentos, denominados de pré 
Vimos, também, no documentário O Come-
ço da Vida (42min00seg - 42min52seg), que 
o professor deve construir contextos interes-
santes para o desenvolvimento do aluno. O 
adulto em si tem este papel, o de estimular a 
criatividade da criança, de propiciar ambien-
tes favoráveis e permitir que o aluno os explo-
re (42min00seg - 47min40seg). 
e pós-teste. No início do ano letivo (pré-teste), as avalia-
ções revelaram semelhanças nos aspectos motores entre 
os grupos (RODRIGUES et al., 2013). 
Ao final do ano letivo (pós-teste), entretanto, as crian-
ças que tiveram atividades com o professor da sala apre-
sentaram redução no nível de atividade física, enquanto 
que as crianças que tiveram aulas de Educação Física com 
o professor especialista apresentaram manutenção no 
nível de atividade física e melhor desenvolvimento das 
habilidades motoras. No crescimento somático (físico), o 
envolvimento em diferentes contextos de aulas de Educa-
ção Física ao longo do ano letivo não foi suficiente para 
promover alterações, isto é, os grupos apresentaram cres-
cimento físico semelhante (RODRIGUES et al., 2013). 
O que se concluiu neste estudo (RODRIGUES et al., 
2013) é que as aulas de Educação Física ministradas por 
um professor especialista contribuíram na melhora no 
desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais 
bem como promoveram a manutenção do nível de ativi-
dade física em crianças no Ensino Infantil.
A última fase do modelo da ampulheta é a fase do 
movimento especializado (Figura 3), onde ocorre o 
refinamento (exatidão, precisão e controle) das habili-
dades fundamentais de estabilidade, locomoção e mani-
pulação bem como a combinação e a reelaboração para 
uso nas diferentes demandas da vida (GALLAHUE; 
OZMUN; GOODWAY, 2013). 
Podemos dizer que são movimentos fundamentais ma-
duros e que passaram por um processo de adaptação para a 
aplicação em contextos específicos, como a prática de ativi-
dades esportivas e recreativas, ou ainda, para as demandas 
do cotidiano. Portanto, também é uma fase para toda a vida. 
Com o objetivo de exemplificação: os movimentos de pu-
lar e saltar, realizados na fase do movimento fundamental, 
agora, podem ser combinados, resultando nas atividades de 
pular corda, executar saltos do atletismo e praticar dança 
folclórica (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). 
38 
 
Três estágios compõem a fase do movimento especiali-
zado, a saber: o estágio de transição, de aplicação e de 
utilização ao longo da vida (GALLAHUE; OZMUN; 
GOODWAY, 2013). As características de cada estágio es-
tão apresentadas no Quadro 1. 
Estágio Idade Características
Transição
7 a 10 
anos
Aplicações mais complexas e 
específicas dos padrões de mo-
vimento fundamental. Combina-
ção e aplicação de habilidades 
de movimento para posterior 
execução em espaços esporti-
vos e recreativos. 
Ex.: pular corda (mesmos ele-
mentos da fase anterior — fun-
damental — com mais precisão, 
forma e controle).
Obs.: pais e professores preci-
sam estar atentos para não re-
querer que a criança se especia-
lize ou restrinja o envolvimento 
nas atividades. Este é um está-
gio de transição e focar, estrita-
mente, em certas habilidades, 
neste momento, pode produzir 
resultados desfavoráveis ao de-
senvolvimento.
Em síntese, os padrões de movimento em 
que se baseiam as habilidades específicas 
no esporte são os mesmos presentes nas 
habilidades de movimento fundamental. Isso 
significa que, segundo Gallahue, Ozmun e 
Goodway (2013), o domínio, a competên-
cia motora das habilidades de estabiliza-
ção, locomoção e manipulação na fase 
de movimentos fundamentais favorece o 
aprendizado das habilidades específicas. 
Estágio Idade Características
Aplicação
11 a 13 
anos
O adolescente começa a tomar 
decisões conscientes sobre a 
sua prática, baseadas, frequen-
temente, na forma como ele se 
percebe em relação às chances 
de diversão e de sucesso a par-

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