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Neoplasia intraepitelial cervical (NIC) Lesões precursoras do câncer cervical ● maioria dos tumores de colo do útero é de origem epitelial e é causada por subtipos oncogênicos de HPV ● durante o desenvolvimento: epitélio colunar mucossecretor da endocérvice é unido ao revestimento epitelial escamoso da ectocérvice no óstio do colo do útero ● início da puberdade: junção escamocolunar (JEC) sofre eversão, tornando o epitélio colunar visível na ectocérvice ○ células colunares expostas eventualmente sofrem metaplasia escamosa → forma a zona de transformação, onde muitas vezes surgem tumores Patogênese ● HPV: agente etiológico da neoplasia cervical ○ possui tropismo pelas células escamosas imaturas da zona de transformação ○ maioria das infecções: transitória e eliminada em poucos meses pela resposta imune do hospedeiro ○ algumas infecções persistem e causam lesões intraepiteliais escamosas (LIEs) ○ detectável por métodos moleculares em praticamente todos os casos de neoplasia intraepitelial cervical (NIC) e carcinoma do colo do útero ● lesões intraepiteliais escamosas (LIEs): lesões precursoras a partir das quais a maior parte dos carcinomas invasivos do colo do útero se desenvolve ● fatores de risco para o desenvolvimento de NIC: idade precoce na primeira relação sexual, múltiplos parceiros sexuais, parceiro masculino com múltiplos parceiros sexuais anteriores, infecção persistente por papilomavírus de alto risco ● HPV usa as DNA polimerases das células hospedeiras para replicar seu genoma e produzir virions → liberados na superfície da mucosa escamosa ○ em circunstâncias normais: maturação das células escamosas é acompanhada pela parada da replicação do DNA, o que evita a produção de vírus ○ variantes de “alto risco “ do HPV: possuem oncoproteínas virais (E6 e E7) → inibem p53 (fator de transcrição que impede a transformação neoplásica celular) e RB (gene regulador negativo-chave do ciclo celular), respectivamente, que deveriam atuam inibindo a divisão de células escamosas à medida que sofrem maturação ● variantes de HPV de alto risco: tipos 16 e 18 ○ responsáveis por aproximadamente 70% dos casos de LIE e carcinoma cervical ○ infecções mais propensas a persistir → fator de risco para o desenvolvimento de carcinoma ○ propensão a se integrar ao genoma da célula hospedeira → evento que está ligado à progressão para carcinoma ● variantes de HPV de baixo risco: ○ ex.: tipo 6 e 11 ○ associadas ao desenvolvimento de condilomas do trato genital inferior ○ expressam variantes E6 e E7 com atividades diferentes ou mais fracas e não se integram ao genoma do hospedeiro ● vacina quadrivalente contra o HPV para os tipos 6, 11, 16 e 18: muito eficaz na prevenção de infecções por HPV porém não substitui a necessidade do exame de rotina para a detecção do câncer de colo de útero Lesão Intraepitelial Escamosa (LIE - Lesão Intraepitelial Cervical) ● alteração epitelial pré-cancerosa → geralmente precede o desenvolvimento de um câncer evidente por muitos anos, por vezes décadas ● exame de Papanicolaou (PAP): detecção precoce da LIE ○ células são raspadas da zona de transformação e examinadas microscopicamente ○ esfregaço de Papanicolaou: exame de triagem para o câncer mais bem-sucedido já desenvolvido ● assintomática → chama a atenção clínica através do resultado anormal do exame de PAP ● casos acompanhados por colposcopia (ácido acético é utilizado para realçar a localização de lesões para então serem submetidas à biópsia) ● Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LIEBG) ● sistema de classificação anterior: neoplasia intraepitelial cervical I (NIC I) ● associada à infecção produtiva pelo HPV e não progride diretamente para carcinoma invasivo ● maioria: regride e apenas uma pequena percentagem evolui para LIEAG → não é tratada como uma lesão pré-maligna ● 10x + comum do que a LIEAG ● caracterizada por ○ alterações displásicas no terço inferior do epitélio escamoso ○ alterações coilocitóticas nas camadas superficiais do epitélio ○ núcleos 3x maior e hipercorado ○ irregularidades citoplasmáticas ○ perda de maturação em até no max ⅓ → se passar é alto grau ○ alteração da polarização sem diferenciação das c. basais a medida que “sobem” ● mulheres com LIEBG documentada por biópsia: tratadas de maneira conservadora, com observação cuidadosa Lesão intraepitelial escamosa de alto grau (LIEAG) ● sistema de classificação anterior: neoplasia intraepitelial cervical II e III (NIC II e III) ● aumento da proliferação, maturação epitelial interrompida e menores níveis de replicação viral ● alto risco de progressão para o carcinoma ● maioria: não progride para o câncer e pode até regredir ● podem ser detectadas muito antes que qualquer anormalidade seja visível na inspeção macroscópica ● caracterizada por ○ NIC II: displasia se estende para o terço médio do epitélio exibindo variações na forma das células e no tamanho dos núcleos + heterogeneidade da cromatina nuclear e presença de mitoses, sendo algumas atípicas (aneuploidias), acima da camada basal até o terço médio do epitélio + camada superficial de células ainda mostra diferenciação e alterações coilocitóticas ocasionais + perda de senescência (imortalização celular) + alta relação citoplasmática ○ NIC III: perda de diferenciação quase completa + variação ainda maior no tamanho da célula e do núcleo + heterogeneidade da cromatina + orientação desordenada das células e mitoses anormais + alterações que afetam praticamente todas as camadas do epitélio + alteração coilocitótica geralmente está ausente ● mulheres diagnosticadas com LIEAG: tratadas com excisão cirúrgica (biópsia em cone) ○ mulheres permanecem em risco para o desenvolvimento de cânceres do colo do útero, do pudendo feminino e da vagina, todos associados ao HPV → esfregaços e exame clínico de acompanhamento são obrigatórios Carcinoma Invasivo do Colo do Útero ● se desenvolvem na zona de transformação ● mais comuns: ○ carcinomas de células escamosas (75%): pico de incidência por volta dos 45 anos de idade, de 10 a 15 anos após a detecção da LIE precursora ○ adenocarcinomas e carcinomas adenoescamosos mistos (20%) ○ carcinomas neuroendócrinos de pequenas células (< 5%) ○ todos: associados ao HPV ● progressão da LIE para carcinoma invasivo é variável, imprevisível e requer infecção pelo HPV, bem como mutações nos genes supressores de tumores e nos oncogenes ● fatores de risco: tabagismo e a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) ● única maneira confiável de monitorar o curso da doença: através do exame físico regular associado ao exame de PAP e à biópsia de lesões suspeitas ● variam de focos microscópicos de invasão estromal a tumores exofíticos clinicamente visíveis ○ microscopicamente: tumores invasivos geralmente consistem em projeções e ninhos de células escamosas que produzem uma resposta estromal desmoplásica ○ gradação: baseada no grau de diferenciação escamosa → varia de tumores minimamente diferenciados a bem diferenciados, os quais produzem pérolas de queratina ○ invasão da membrana → capacidade de disseminação à distância → metástase ● risco de metástases ○ para tumores menores que 3 mm de profundidade: < 1% ○ tumores maiores que 3 mm de profundidade: + 10% ● observado em mulheres que nunca fizeram um exame de Papanicolaou ou que não foram examinadas por muitos anos ○ frequentemente sintomático → pacientes procuram o serviço médico com queixa de sangramento vaginal inesperado, leucorreia, coito doloroso (dispareunia) ou disúria ● tratamento primário: histerectomia e dissecação dos linfonodos ○ pequenos carcinomas microinvasivos podem ser tratados com biópsia em cone ○ radiação e a quimioterapia são benéficas nos casos em que a cirurgia não é curativa ● mortalidade: fortemente relacionada com o estágio do tumor ○ carcinomas neuroendócrinos (que seguem um curso agressivo): relacionada ao tipo de célula ● recomendações ○ início da coleta do citopatológico deveser aos 25 anos de idade para as mulheres que já tiveram ou têm atividade sexual ○ os primeiros 2 exames devem ser realizados anualmente e, se ambos vierem negativos, os próximos devem ser realizado a cada 3 anos ○ exames periódicos devem seguir até os 64 anos de idade e em mulheres sem história prévia de doença neoplásica pré-invasiva, interrompidos quando essas mulheres tiverem pelo menos dois exames negativos consecutivos nos últimos cinco anos ○ para mulheres com mais 64 anos de idade e que nunca se submeteram ao exame citopatológico, deve-se realizar dois exames com intervalo de um a três anos. Se ambos os exames forem negativos, essas mulheres podem ser dispensadas de exames adicionais ● células presentes na amostra citopatológica: células escamosas, células glandulares, células metaplásicas ○ presença de células metaplásicas ou células endocervicais, representativas da junção escamocolunar (JEC), tem sido considerada como indicador da qualidade da coleta → local onde se situa a quase totalidade dos cânceres do colo do útero
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