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02 - COISA JULGADA

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COISA JULGADA
1. Peculiaridades: 
É um direito fundamental previsto no Art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal que expõe: “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.
É direito ligado ao princípio da segurança jurídica. A finalidade é proteger a decisão judicial contra a irretroatividade e mutabilidade garantindo a tutela da confiança. 
De acordo com o Art. 502 do Novo CPC: “a coisa julgada material é a autoridade que torna imutável a indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso”.
Portanto, o Art. 502 do NCPC é uma concretização da segurança jurídica. Estabiliza a discussão sobre determinada situação jurídica
2. Efeito negativo e positivo da coisa julgada: 
A coisa julgada é um efeito jurídico que decorre de um fato jurídico previsto em lei: irrecorribilidade da decisão judicial exauriente. 
Ocorrendo o fato jurídico, qual seja, irrecorribilidade da decisão, esta torna-se: a) indiscutível e b) imutável. 
Ao se tornar indiscutível a decisão gera efeitos em duas dimensões: 
a) NEGATIVA: quando impede que a mesma questão seja decidida novamente em outro processo. O efeito negativo da coisa julgada impede o reexame do que foi decidido, gerando, neste caso, uma defesa para o demandado nos termos do Art. 337, VII, do NCPC. 
b) POSITIVA: neste aspecto a coisa julgada gera a vinculação do julgador em uma segunda causa. Portanto, o Juiz fica adstrito, ou seja, vinculado ao que foi decido em um processo que transitou em julgado caso haja uma demanda incidente. EX: Paternidade na ação de alimentos e reserva de quinhão no inventário. 
Além de indiscutível, a coisa julgada é imutável, ou seja, não pode ser alterada. Essa é uma regra que comporta exceções que serão vistas à frente. 
3. Pressupostos para a formação da coisa julgada:
A coisa julgada é resultado da combinação de dois pressupostos: a) decisão em cognição exauriente e b) transito em julgado, ou seja, decisão não mais sujeita a recurso. 
4. Coisa julgada material e formal:
	MATERIAL	FORMAL
	É a indiscutibilidade da sentença judicial fora do processo, portanto, em relação a outro processo. (extraprocessual).
	É a indiscutibilidade da sentença judicial dentro do processo, portanto, em relação ao mesmo processo. (endoprocessual).
Constitui o simples transito em julgado da decisão. Portanto, trata-se de preclusão máxima dentro do processo. 
A doutrina diferencia coisa julgada material e formal.
4. Coisa julgada e tríplice identidade: 
Ao criar a objeção da coisa julgada o art. 337 do CPC preceitua que há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado. Esclarece, ainda, que uma ação e idêntica a outra quando houver as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido”. 
Por isso, costuma-se dizer que, para a verificação da coisa julgada é preciso que haja uma “tríplice identidade”. 
Existem exceções a tríplice identidade: Quando ocorre a coisa julgada com partes diversas. EX: Processos Coletivos; Colegitimação.
5. Limites objetivos da coisa julgada:
Está previsto no Art. 503 do NCPC. Trata-se de definir “o que” se torna indiscutível pela coisa julgada. Em regra, a coisa julgada abrange a questão principal, expressamente decidida no processo.
Portanto, a coisa julgada recai sobre a questão expressamente decidida. Excepcionalmente, a coisa julgada pode tornar indiscutível a questão incidental, quando preencher certos pressupostos, quais sejam: 
a) Dessa resolução depender o julgamento do mérito.
b) A seu respeito tiver contraditório prévio e efetivo, não se aplicando ao caso de revelia.
c) O juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal. 
Nestes casos, as questões incidentais, também podem ser protegidas pela coisa julgada quando expressamente decidida na fundamentação da sentença. EX: Validade de contrato na ação de cobrança; Inconstitucionalidade da lei na repetição do indébito; filiação na ação de alimentos.
 
Nessa linha, o Enunciado n. 165 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: "Independentemente de provocação, a análise de questão prejudicial incidental, desde que preencha os pressupostos dos parágrafos do art. 503, está sujeita à coisa julgada".
6. Limites subjetivos da coisa julgada: 
O Art. 506 cuida dos limites subjetivos da coisa julgada, ou seja, quem está submetido a coisa julgada. 
Pelo Art. 506 do NCPC a coisa julgada vincula somente as partes. Portanto, a decisão passada em julgado só se impõe para aqueles que figuraram como parte no processo. 
Esta regra, inspirou-se nos princípios da inafastabilidade da jurisdição, devido processo legal, contraditório e ampla defesa. É que, ninguém pode ser atingido pelos efeitos de uma decisão sem que tenha sido garantido sua participação no processo. “A sentença não pode prejudicar terceiros estranhos ao processo, porém pode beneficiar”.
Existem exceções no qual a sentença pode ser estendida a terceiros: EX: Substituição processual; legitimação concorrente.
7. Eficácia preclusiva da coisa julgada: 
O Art. 508 do NCPC cuida da eficácia preclusiva da coisa julgada. Portanto, com a coisa julgada tornam-se deduzidas e repelidas todas as alegações e defesas que poderiam ser feitas no processo, ou seja, é irrelevante se a parte trouxe ou não, determinas provas ou teses, no debate processual. 
A coisa julgada acoberta a pretensão deduzida e dedutível. Forma uma armadura para a decisão, tornando irrelevante qualquer razão que de deduza no intuito de revê-la. 
Para Fredie Didier Junior, essa armadura, impede, inclusive a discussão de questões que devem ser examinadas a qualquer tempo, como a falta de pressuposto processual e a prescrição. 
8. Limites temporais da coisa julgada: 
O art. 505 determina “até quando” a sentença com transito em julgado se torna indiscutível. Trata-se do limite temporal da coisa julgada. 
De acordo com o art. 505 do NCPC a coisa julgada é imutável a qualquer tempo. Portanto, nenhum juiz pode decidir novamente as questões já decididas relativas a mesma lide. 
Ocorre que, tratando-se de relação jurídica de trato continuado e havendo fato superveniente que justifique uma revisão do julgado, será possível nova decisão nos termos do art. 505, inciso I e II do NCPC.

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