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O TRABALHO DOCENTE E O DOMÍNIO DO CONHECIMENTO O trabalho docente está em constante desenvolvimento, onde seu entendimento deve ser estabelecido em um determinado contexto sócio- histórico. Os docentes estão diretamente ligados aos processos institucionalizados de educação, mesmo que haja outros profissionais da educação neles interferindo. Essas atividades são conhecidas como processo de ensino-aprendizagem. Mas a pergunta vem... Quem ensina e quem sabe? Para saber ensinar é necessário também conhecer o produto e para mandar fazer é preciso atribuir ao outro a necessidade do conhecimento. O fazer e o mandar fazer está relacionado ao trabalho docente na análise dos problemas do ensino brasileiro. Será que quem está ensinando domina o objeto de conhecimento e sua prática? Podemos dizer que quem ensina aprende, por isso os dois elementos estão relacionados. Ninguém ensina sem saber e, quem sabe, também deve saber ensinar. O professor e o aluno se completam, um não existe sem o outro. Sendo o homem um ser que se identifica pela sua natureza cultural e histórica podemos dizer que o papel do professor é de fundamental importância, pois o que forma o homem é o resultado dos processos educativos pelos quais ele passa, seja físico, social ou cultural. O homem é educado durante toda sua vida social com processos de tempo e espaço diferentes. O responsável por isso é o professor que tem por profissão fazer com que o conhecimento seja divulgado, ou seja, realiza grande parte dessa educação da qual o homem precisa para seu desenvolvimento social. O ponto central do trabalho do professor é promover interações culturais e sociais de conhecimento em geral. Mas, onde fica o professor quando a educação passa a ser informatizada? Com a tecnologia crescendo cada vez mais, muito do que o professor ensinava já foi substituído pela máquina. Até que ponto haverá a dispensa do trabalho desse profissional? A educação/ ensino é um trabalho complexo e de indispensável execução de ser humano. O professor doa-se por inteiro ao ensinar, coloca todo seu potencial, pois sabe que aquela é sua função. Ele ensina de igual para igual, ou seja, de um ser humano para outro, enquanto a máquina só processa informações. Ela não pode interagir como acontece com o professor e o aluno, ali há uma troca de conhecimento, o ato de educar é recíproco, há um processo. Se há processo há educação, se não, ninguém educa. O papel do professor é algo antigo, surgido entre os séculos XV e XVI, quando este profissional passou a atender às necessidades da sociedade como o ler e o escrever, que passaram a ser habilidades sociais culturalmente importantes. Assim, com o desenvolvimento da sociedade o professor ampliou seu desempenho tanto no ensino do trabalho como na formação geral, surgindo assim um conhecimento formalmente organizado. A escola surgiu para desenvolver os aspectos socioeconômicos, o comportamento social e a integração e preparação da criança para o convívio com os adultos. Assim, podemos dizer que o ser humano é educável, moldável e transformável, principalmente na fase da infância onde ela está pronta e aberta para aumentar seu conhecimento. Com todas essas mudanças o professor passou a sistematizar seu ensino, dominando o conteúdo e preparando-se para o processo de educar trabalho este que caracteriza-se pelo saber e o saber ensinar. O saber pedagógico está relacionado com o domínio dos conhecimentos acumulados e do conhecimento pedagógico que tem como forma de expressão o trabalho docente. O professor conhece sua atividade, age com consciência, sabe construir e transformar o dia-a-dia da vida social, possui controle e autonomia quando organiza e dirige seu trabalho em sala de aula. De acordo com alguns estudos sobre trabalho docente a escola é um local capitalista, da qual as atividades desenvolvidas constituem um processo de trabalho capitalista, consequentemente todo trabalho docente realizado também é de gênero capitalista. O Estado, mantendo o controle e modificando as atribuições do professor em comparação às suas responsabilidades do passado, acaba por diminuir seu prestígio e o seu salário, contudo, isso não extingue a essência do trabalho docente. Ultimamente o trabalho do professor foi fragmentado e a divisão de trabalhos ficou mais evidente achando-se que, assim, a análise do processo de trabalho ficaria mais clara. Porém, uma escola é totalmente diferente de uma fábrica. Enquanto na fábrica a produção das partes faz com que o todo seja um produto de boa qualidade, na escola isso se torna diferente, pois o ato de ensinar só se realiza na sua totalidade e não de modo fragmentado. O professor não deve ser um ser limitado em conhecimentos específicos e sim dono de conhecimentos enriquecidos e desenvolvidos cada vez mais, mesmo se sabendo que é humanamente impossível alguém conseguir dominar na sua totalidade todo tipo de tarefas. Em tempos mais remotos o professor era o dominador da situação do conhecimento, porém, algumas modificações sociais como o avanço da tecnologia, o desenvolvimento cientifico, a elevação dos níveis de escolaridade e cultura da população, alteraram essa situação fazendo com que o docente fique limitado ao contexto escolar, dominador apenas em conteúdo. É necessário considerar o professor como um ser que sabe e sabe fazer, pois essa é sua principal atividade de trabalho. Hoje, o professor, como dever legal, participa da elaboração e execução do projeto político pedagógico da escola juntamente com os outros profissionais do ambiente escolar. É de grande importância essa participação já que o trabalho docente é considerado como eixo central do conjunto de ações, tema e situações que circulam a escola. Um outro destaque a ser dado é quanto ao profissionalismo que deve marcar o trabalho docente. O Estado deveria assumir e desenvolver uma política educacional onde houvesse mais atribuições significativas à formação inicial do profissional docente e de seus estudos posteriores, salários mais dignos e condições adequadas de trabalho, valorizando, assim, o educador e sua profissão, pois como Brzezinski afirma, constitui um dos componentes essenciais do profissionalismo do magistério. A educação mudou, a repetição dos saberes de quem sabia a quem aprendia já não existe mais. O aluno aprende com o professor e vice-versa, existe uma troca de conhecimentos. O papel da escola constitui-se em escolher e selecionar o que é de melhor para o aluno, porque a informação passada tem que ser importante e ter contribuição para o seu crescimento e não ser meramente uma simples informação. E é o professor que age como a ligação do aluno com o conhecimento, que através do diálogo torna as informações significativas. O contato pessoal no processo pedagógico é imprescindível e diverge com a teoria de que o professor é dispensável diante a tecnologia da informação. No entanto ele não deve estacionar seu conhecimento, deve estar sempre em busca, avançando a cada tempo, pois sua atividade necessita da habilidade do saber e do saber ensinar. Ele precisa ser um eterno pesquisador pronto para questionar e reconstruir seu conhecimento. Assim, o professor deve estar sempre agindo como um profissional que pensa, sabe, dialoga, ensina e aprende, porém não de maneira fragmentada, mas como um todo. Um profissional ávido por conhecimento. REFERÊNCIA BRZEZINSKI, Iria. Profissão professor: identidade e profissionalização decente. Brasília: Plano Editora, 2002.
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