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Governança Estratégica do Município - 2

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Compliance e ética na administração pública 
 
 
 
 
A palavra COMPLIANCE tem origem no verbo em inglês to comply, que 
significa agir em conformidade com uma regra, normativa, lei, pedido ou um 
comando. 
No âmbito do setor público ou privado, compliance é o conjunto de 
princípios que visam o cumprimento de todas as normas legais e 
regulamentares, as políticas e as diretrizes estabelecidas para a execução das 
atividades da instituição ou da empresa, bem como, evitar, detectar e tratar 
quaisquer desvios ou inconformidades que possam ocorrer no desenvolvimento 
das atividades. 
A principal função do Compliance, seria então, a de garantir que as 
organizações atinjam seus principais objetivos e funções (econômicas, sociais 
e ambientais), mantendo intactas a sua imagem e confiabilidade, garantindo a 
sua continuidade com honra e dignidade. 
A primeira ideia sobre um programa de Compliance surgiu no século XX, 
nos Estados Unidos quando as agências reguladoras começaram a emergir 
como forma de regulamentar determinadas atividades relacionadas, 
principalmente com a saúde alimentar e ao comércio de medicamentos. 
Contudo, o tema compliance teve avanço quando relacionado a temas 
referentes as instituições financeiras, tanto que em 1913 foi criado o Federal 
Reserve System (Sistema de Reserva Federal) que tinha como objetivo a 
criação de um sistema financeiro mais estável, seguro e adequado as normas e 
leis. 
Já em 1977, foi promulgado, nos Estados Unidos, o FCPA (Foreign 
Corrupt Pratices Act), a Lei Anti-Corrupção Americana, destinada a criar 
sanções cíveis, administrativas e penais no combate a corrupção comercial 
internacional. Esta lei, se aplica a pessoas e empresas americanas que utilizem 
de corrupção no poder público estrangeiro para obter ou reter transações 
 
 
 
2 
Capítulo 
comerciais internacionais. Estabelece ainda, um sistema adequado e 
transparente de controles internos. 
Como podemos perceber, o termo compliance nos Estados Unidos não é 
novo. Já no Brasil o termo é recente, e ainda pode causar estranheza quando 
associado a Administração Pública tendo em vista sua origem e aplicação na 
área privada, como empresas multinacionais. Porem, é necessário 
compreender que o Poder Público não só deve se submeter à legislação, como 
deve dar o exemplo de boa-fé, bons princípios e boa governança. 
A corrupção vem atormentando o mundo moderno, em especial o Brasil. 
Esse cenário causa a necessidade de uma mudança comportamental por parte 
das organizações sejam elas públicas ou privadas. Nesse sentido nasceram no 
Brasil algumas normas antisubornos e anticorrupção, que visam evitar, detectar 
e sanar qualquer tipo de desvio, seja um ato ilícito, uma fraude ou 
simplesmente irregularidades administrativas. Como exemplos dessas normas 
que foram criadas no Brasil sobre essa temática, podemos citar: Código de 
Ética do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal (Decreto 1.171 de 
22 de junho de 1994); Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101, 
de 04 de maio de 2000); Programa Nacional de Gestão Pública e 
Desburocratização (GesPública) instituído pelo Decreto nº. 5.378 de 23 de 
fevereiro de 2005; Lei nº. 12.527, de 18 de novembro de 2011, chamada Lei de 
Acesso a Informação; Lei nº. 12.813, de 16 de maio de 2013, chamada de Lei 
de Conflito de Interesses no exercício de cargo ou emprego do Poder Público 
Executivo Federal; Lei nº. 12.846, de 1º. de agosto de 2013, intitulada Lei 
Anticorrupção, com seu respectivo Decreto 8.793 de 29 de junho de 2016 que 
institui a Política Nacional de Inteligência e a recente Instrução Normativa nº. 5 
de 24 de junho de 2019. Vale destacar que a lista apresentada não é tudo, pois 
existem outros dispositivos, inclusive nos âmbitos Estaduais e Municipais que 
compõem o ordenamento pertinente ao tema. 
Para o setor público aderir ao um programa de Compliance é, antes de 
mais nada, um grande desafio, tendo em vista a necessidade de se adotar 
estratégias para mudanças no ambiente regulatório, de modo a evitar riscos 
que podem resultar desse processo e de suas possíveis punições. Outra 
questão que deve ser levantada é: apenas cumprir as normas/leis de 
Compliance é suficiente no setor público? Ou será que é preciso conciliar 
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DESTAQUE: 
Accountability é um termo inglês que pode ser traduzido para o português 
como responsabilidade com ética e remete a obrigação, a transparência de um 
órgão administrativo ou representativo de prestar contas a instâncias 
controladoras ou seus representados. 
Então, dizemos que o mecanismo Accountability é formado por duas práticas: 
1) Promover transparência, responsabilidade e prestação de contas; e, 
2) Assegurar a efetiva atuação dos controles e auditorias. 
esforços para o sucesso na execução das políticas públicas, dos bons 
resultados e do aprimoramento na qualidade de vida do cidadão? 
Nesse contexto a cultura Compliance deve ir muito além do que apenas 
atender a exigências normativas, da legalidade estrita, ao contrário deve ser 
constituída também com o princípio constitucional da “eficiência”, agregando 
vários valores éticos e princípios morais, que tenham por objetivo não apenas 
facilitar o cumprimento da lei, mas fomentar valores aos servidores públicos, 
dentro de uma ideia de busca por melhores resultados. Portanto, adotar uma 
postura de compliance apenas para criação de mais controles do cumprimento 
legal, engessaria ainda mais a administração pública e poderia não ser 
suficiente para melhorar a eficiência da ação do Estado, mas que seja 
associada com garantias sobre a eficiência do poder público, agregando cada 
vez mais a Accountabillity ou prestação de contas e a transparência. 
O ideal seria uma relação de equilíbrio entre os valores de compliance e 
accontabillity, uma vez que entendemos que uma cultura de compliance muito 
importante, porém sem a prestação de contas, que demonstra se os recursos 
foram bem aplicados com eficiência e eficácia, a gestão não terá êxito, assim 
como a economia não se desenvolverá e o cidadão não terá resultados 
satisfatórios no atendimento de suas demandas. 
Vale saber que no Brasil, a AGU cumpre um importante papel e é a 
responsável pela expedição de orientações e pela determinação de ações 
alinhadas com o aumento da transparência, a gestão adequada de recursos, a 
adoção de mecanismos de punição de agentes públicos, com o objetivo de 
proteger as administrações públicas contra riscos de corrupção e garantir a 
prestação de serviços com qualidade à sociedade. 
 
 
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LINK: 
 
Compliance precisa se tornar um instrumento de gestão na 
Administração Pública. 
 
https://www.cgu.gov.br/noticias/2018/05/entrevista-201ccompliance- 
precisa-se-tornar-um-instrumento-de-gestao-na-administracao-publica 
 
 
 
 
Como pudemos perceber, o termo Compliance tem a ver com Ética, e 
por extensão, Ética no serviço público. 
 
 
Segundo o dicionário da língua portuguesa, ética deriva do grego e nos 
demonstra a ideia de conformidade com os costumes, significa: “Parte da 
Filosofia que estuda os valores morais e princípios da conduta humana; 
conjunto de princípios morais que devem ser respeitados no exercício de uma 
profissão”. Como conceito a ética é o ramo da filosofia que tem por objetivo 
refletir sobre a essência dos princípios, valores e problemas fundamentais da 
moral, tais como a finalidade e o sentido da vida humana, a natureza do bem e 
do mal, os fundamentos da obrigação e do dever, tendo como base as normas 
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SAIBA MAIS: 
 
Saiba mais sobre Accountability na Admininistração Pública 
https://revista.tcu.gov.br › ojs › index.php › RTCU › article › view 
Artigo: Accountability no Setor Público: uma reflexão sobre transparência 
governamental no combate à corrupção 
https://www.cgu.gov.br/noticias/2018/05/entrevista-201ccompliance-precisa-se-tornar-um-instrumento-de-gestao-na-administracao-publicahttps://www.cgu.gov.br/noticias/2018/05/entrevista-201ccompliance-precisa-se-tornar-um-instrumento-de-gestao-na-administracao-publica
consideradas universalmente válidas e que norteiam o comportamento 
humano. Ainda podemos entender a ética como o conjunto de princípios, 
valores e normas morais e de conduta de um indivíduo, de um grupo social ou 
de uma sociedade. 
Para Vazques (2005), ética é compreendida como teoria, investigação 
ou aplicação de um tipo de experiência humana ou forma de comportamento 
dos homens e possui como função fundamental estudar a essência do 
comportamento moral e é diferente da moral, propriamente dita. 
A ética pública está associada aos princípios fundamentais elencados na 
Constituição Federal de 1988, em seu art. 37 que prevê: 
 
“A Administração Pública direta e indireta de 
qualquer dos poderes da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos 
princípios de legalidade, impessoalidade, 
moralidade, publicidade e eficiência (...)” 
 
Quanto aos citados princípios constitucionais, podemos entender de 
acordo com Meirelles (1996): 
 Legalidade – A legalidade, como princípio da administração, significa 
que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, 
sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles 
não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e 
expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso. 
 
 Impessoalidade – O princípio da impessoalidade, (...), nada mais é que 
o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador público 
que só pratique o ato para o seu fim legal. E o fim legal é unicamente 
aquele que a norma de Direito indica expressa ou virtualmente como 
objetivo do ato, de forma impessoal. Esse princípio também deve ser 
entendido para excluir a promoção pessoal de autoridades ou servidores 
públicos sobre suas realizações administrativas. 
 
 
 
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 Moralidade – A moralidade administrativa constitui, pressuposto de 
validade de todo ato da Administração Pública (...), está estritamente 
ligado à conduta do administrador público, o qual em suas ações, deve 
sempre respeitar os bons costumes, a ética, moralidade e estrita 
legalidade” . 
 
 Publicidade – Publicidade é a divulgação oficial do ato para 
conhecimento público e início de seus efeitos externos. (...) O princípio 
da publicidade dos atos e contratos administrativos, além de assegurar 
seus efeitos externos, visa a propiciar seu conhecimento e controle 
pelos interessados diretos e pelo povo em geral, através dos meios 
constitucionais. 
 
 Eficiência – O princípio da eficiência exige que a atividade 
administrativa seja exercida com presteza, perfeição e rendimento 
funcional. É o mais moderno princípio da função administrativa, que já 
não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, 
exigindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório 
atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros. 
 
Verificados os princípios constitucionais, podemos dizer que a ética está 
relacionada diretamente ao comportamento dos indivíduos, dos profissionais, 
gestores e também dos políticos que elaboram e fazem cumprir as Leis que 
orientam os comportamentos frente as necessidades em relação ao meio 
social, entretanto, não é possível para a lei ditar sobre os padrões de 
comportamento, e é ai que entra um outro ponto importante que é cultura, pois 
dependendo da época e da região, existem coisas que são éticas e há coisas 
que são antiéticas. 
Nós não nascemos absolutamente prontos e aptos para viver em 
sociedade. Ao contrário, precisamos de cuidados, ensinamentos, orientações, 
ou seja, só nos tornamos de fato humanos na medida em que convivemos e 
aprendemos com outras pessoas e outras culturas. Por meio desse 
aprendizado de vida em sociedade formamos nossas personalidades e valores, 
passamos a compartilhar e participar de um mundo cultural, com várias 
referências entre as quais, as éticas. 
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Todas as culturas humanas criaram modos de viver em coletividade, de 
se organizar politicamente, de se relacionar com o meio ambiente, de trabalhar, 
produzir e dividir riquezas. Todos os povos desenvolveram linguagens, 
manifestações artísticas e religiosas, valores morais, vestiários e moradias. 
Desse modo, essa pluralidade cultural indica, um acumulo de 
experiências humanas que constituem o patrimônio de todos nós. 
Nesse contexto a ética se modifica de acordo com o tempo, a época e a 
sociedade. Como exemplifica o Filósofo Mário Sérgio Cortela, quando diz que 
“há 150 anos, na Bahia, amarrar um ser humano no ”pau de arara” e chicoteá- 
lo era considerado um ato moralmente aceitável; assim como, até trinta anos, 
assassinar uma mulher em nome da defesa da honra, no caso de uma traição. 
Logo, a ética é como teorizamos a nossa conduta, enquanto a moral é como 
praticamos essa conduta. A moral é a prática e a prática se altera com o passar 
do tempo. 
Sobre práticas, frequentemente constatamos a opinião pública 
desabonar o comportamento ético do serviço público, ou do servidor público. 
As críticas feitas pela sociedade, assim como todo senso comum é imediatista 
e baseada em uma visão superficial da realidade, que entre outras coisas, 
trabalha com as “generalizações” colocando no mesmo patamar, servidores, 
gerentes e políticos. De fato, sabemos que essa é uma realidade complexa e 
que precisa ser analisada com cautela e visão histórica, cada situação deve ser 
tratada separadamente, dentro de seu contexto e não de forma simplista e 
apressada. 
 
Na década de 1990, com o primeiro impeachment de um 
Presidente da República, houve uma fase péssima para a imagem do 
funcionalismo público diante da sociedade, frente a isso, o então presidente 
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Itamar Franco, tomou a iniciativa de tentar mudar a visão da população em 
relação a administração pública. Assim, constituiu uma comissão para 
elaboração de uma proposta de código de ética para o funcionalismo público 
executivo. 
Dessa forma, o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do 
Poder Executivo Federal, aprovado pelo Decreto nº. 1.171 de 22 de junho de 
1994, enumera uma série de regras pertinentes ao conjunto de princípios 
éticos, voltados à observância dos princípios constitucionais: 
 
I – A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios 
morais são primados maiores que devem nortear o servidor público, seja no 
exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da 
vocação do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão 
direcionados para a preservação da honra e da tradição dos serviços públicos. 
 
II – O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua 
conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e 
o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas 
principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no 
art 37, caput, e § 4º da Constituição Federal. 
 
III – A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o 
bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem 
comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor 
público, é que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo. 
 
IV - A remuneração do servidor público é custeada pelos tributos pagos 
direta ou indiretamente por todos, até por ele próprio, e por isso se exige, como 
contrapartida, que a moralidade administrativa se integre no Direito, como 
elemento indissociável de sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como 
consequência, em fator de legalidade. 
 
V – O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade 
deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como 
cidadão, integrante da sociedade, o êxitodesse trabalho pode ser considerado 
como seu maior patrimônio. 
 
VI – A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, 
se integra na vida particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos 
verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou 
diminuir o seu bom conceito na vida funcional. 
 
VII – Salvo os casos de segurança nacional, investigações policiais ou 
interesse superior do Estado e da Administração Pública, a serem preservados 
em processo previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade 
de qualquer ato administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade, 
 
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ensejando sua omissão comprometimento ético contra o bem comum, 
imputável a quem a negar. 
 
VIII – Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la ou 
falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria pessoa interessada ou 
da Administração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre 
o poder corruptivo do hábito do erro, da opressão ou da mentira, que sempre 
aniquilam até mesmo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação. 
 
IX – A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao serviço 
público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga 
seus tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral. Da 
mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao patrimônio público, 
deteriorando-o, por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa 
ao equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens de boa 
vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus 
esforços para construí-los. 
 
X – Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solução que 
compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo a formação de 
longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na prestação do serviço, não 
caracteriza apenas atitude contra a ética ou ato de desumanidade, mas 
principalmente grave dano moral aos usuários dos serviços públicos. 
 
XI – O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais de seus 
superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, assim, evitando a 
conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo de desvios 
tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam até mesmo imprudência 
no desempenho da função pública. 
 
XII – Toda ausência injustificada do servidor de seu local de trabalho é fator 
de desmoralização do serviço público, o que quase sempre conduz à desordem 
nas relações humanas. 
 
XIII – O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura organizacional, 
respeitando seus colegas e cada concidadão, colabora e de todos pode 
receber colaboração, pois sua atividade pública é a grande oportunidade para o 
crescimento e o engrandecimento da Nação. 
 
O código, também enumera os deveres fundamentais do servidor 
público, tais como assiduidade, razoabilidade, zelo, dedicação, presteza, entre 
outros a saber: 
 
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou emprego 
público de que seja titular; 
 
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento, pondo fim 
ou procurando prioritariamente resolver situações procrastinatórias, 
principalmente diante de filas ou de qualquer outra espécie de atraso na 
 
 
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prestação dos serviços pelo setor em que exerça suas atribuições, com o fim 
de evitar dano moral ao usuário; 
 
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade do seu 
caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de duas opções, a melhor e 
a mais vantajosa para o bem comum; 
 
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição essencial da 
gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade a seu cargo; 
 
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiçoando o processo 
de comunicação e contato com o público; 
 
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios éticos que se 
materializam na adequada prestação dos serviços públicos; 
 
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, respeitando a 
capacidade e as limitações individuais de todos os usuários do serviço público, 
sem qualquer espécie de preconceito ou distinção de raça, sexo, 
nacionalidade, cor, idade, religião, cunho político e posição social, abstendo-se, 
dessa forma, de causar-lhes dano moral; 
 
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de representar contra 
qualquer comprometimento indevido da estrutura em que se funda o Poder 
Estatal; 
 
i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de contratantes, 
interessados e outros que visem obter quaisquer favores, benesses ou 
vantagens indevidas em decorrência de ações imorais, ilegais ou aéticas e 
denunciá-las; 
 
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências específicas da 
defesa da vida e da segurança coletiva; 
 
l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que sua ausência 
provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo negativamente em todo o 
sistema; 
 
m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou fato 
contrário ao interesse público, exigindo as providências cabíveis; 
 
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, seguindo os 
métodos mais adequados à sua organização e distribuição; 
 
o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com a melhoria 
do exercício de suas funções, tendo por escopo a realização do bem comum; 
 
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao exercício da 
função; 
 
 
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q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de serviço e a 
legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções; 
 
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções superiores, 
as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possível, com critério, 
segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em boa ordem. 
 
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de direito; 
 
t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais que lhe sejam 
atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses dos 
usuários do serviço público e dos jurisdicionados administrativos; 
 
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder ou autoridade 
com finalidade estranha ao interesse público, mesmo que observando as 
formalidades legais e não cometendo qualquer violação expressa à lei; 
 
v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe sobre a existência 
deste Código de Ética, estimulando o seu integral cumprimento. 
 
Trata, também das vedações ao servidor público: 
 
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e 
influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem; 
 
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servidores ou de 
cidadãos que deles dependam; 
 
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com erro ou 
infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão; 
 
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício regular de 
direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou material; 
 
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu alcance ou do 
seu conhecimento para atendimento do seu mister; 
 
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou 
interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com os 
jurisdicionados administrativos ou com colegas hierarquicamente superiores ou 
inferiores; 
 
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda 
financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou vantagem de qualquer 
espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua 
missão ou para influenciar outro servidor para o mesmo fim; 
 
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encaminhar para 
providências; 
 
 
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i) iludir ou tentariludir qualquer pessoa que necessite do atendimento em 
serviços públicos; 
 
j) desviar servidor público para atendimento a interesse particular; 
 
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autorizado, qualquer 
documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio público; 
 
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu 
serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros; 
 
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitualmente; 
 
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a moral, a 
honestidade ou a dignidade da pessoa; 
 
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a 
empreendimentos de cunho duvidoso. 
 
Por fim, o Capítulo II, discorre sobre as comissões de ética. As 
comissões de ética devem ser criadas em todos os órgãos e entidades da 
Administração Pública Federal, direta ou indireta, autárquica ou fundacional, ou 
em qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo poder 
público, compostas por três servidores públicos e respectivos suplentes. 
As comissões de ética tem por competência instaurar processos sobre 
ato, fato ou conduta considerada passível de infringência ético-profissional, 
desde de formuladas por autoridade, servidor, jurisdicionados administrativos. 
Também tem como incumbência fornecer aos órgãos competentes os registros 
sobre a conduta ética do servidor, para o efeito de instruir e fundamentar 
processos de promoção e para os demais procedimentos próprios da carreira 
do servidor público. 
Os procedimentos a serem adotados pela comissão de ética para a 
apuração de fato ou ato, que em princípio, se apresente contrário a ética, terão 
o rito sumário, ouvido apenas o servidor e o queixante, se houver, cabendo 
sempre recurso. Dada a eventual gravidade da conduta do servidor ou sua 
reincidência, poderá a Comissão de Ética encaminhar a sua decisão e 
respectivo expediente para a Comissão Permanente de Processo Disciplinar do 
respectivo órgão, se houver, e, cumulativamente, se for o caso, à entidade em 
que, por exercício profissional, o servidor público esteja inscrito, para as 
providências disciplinares cabíveis. 
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DESTAQUE: 
Com o objetivo de garantir a aplicação das normas e procedimentos 
anticorrupção e de compliance, a Controladoria Geral da União, lançou 
uma cartilha “Sugestões de Decretos para a Regulamentação da Lei 
Anticorrupção nos Município”. Essa cartilha propõe as diretrizes: 
simplificação, suficiência, especificidades municipais e cooperação. 
http://www.cgu.gov.br/noticias/2017/08/cgu-auxilia-municipios-na- 
regulamentacao-da-lei-anticorrupcao 
 
SAIBA MAIS: 
 
Saiba mais sobre a história da ética na Administração Pública 
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/176590/000176590. 
pdf 
 
LINK: 
 
Veja um pouco mais sobre ética no vídeo: 
http://www.institutocpfl.org.br/play/etica-no-cotidiano-mario-sergio- 
cortella-e-clovis-de-barros-filho/ 
Entende-se por servidor público, para fins de apuração do 
comprometimento ético, todo aquele que, por força da lei, contrato ou qualquer 
ato jurídico, preste serviço de natureza permanente, temporária ou excepcional, 
ainda que sem retribuição financeira, desde que ligado direta ou indiretamente 
a qualquer órgão estatal, como as autarquias, as fundações públicas, as 
entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de economia 
mista, ou em qualquer setor em que prevaleça o interesse do Estado (Freire, 
Motta, 2004). Importante ressaltar que todas as esferas de governo, inclusive 
as municipais, podem e devem formular suas legislações sobre os vários 
temas, inclusive os sobre ética e compliance. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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http://www.cgu.gov.br/noticias/2017/08/cgu-auxilia-municipios-na-regulamentacao-da-lei-anticorrupcao
http://www.cgu.gov.br/noticias/2017/08/cgu-auxilia-municipios-na-regulamentacao-da-lei-anticorrupcao
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/176590/000176590.pdf
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/176590/000176590.pdf
http://www.institutocpfl.org.br/play/etica-no-cotidiano-mario-sergio-cortella-e-clovis-de-barros-filho/
http://www.institutocpfl.org.br/play/etica-no-cotidiano-mario-sergio-cortella-e-clovis-de-barros-filho/
A ética é um tema diverso e atualmente, podem causar alguns 
constrangimentos quando sobreposta à administração pública. Quando falamos 
de ética nos vem a mente temas sobre corrupção, extorsão, propina, 
ineficiência, fragilidade e até a “Operação Lava Jato”, porém é necessário 
termos como referência o estabelecimento de um padrão ético, a partir do qual, 
possamos julgar a atuação da administração e dos servidores públicos ou de 
todos aqueles envolvidos na vida pública. Esse padrão está relacionado a 
implantação de um sistema ou programa de compliance. 
 
 
Um bom exemplo de iniciativa de compliance na gestão pública é o caso 
do Estado do Paraná que assinou neste ano de 2019 a Lei Ordinária Estadual 
nº. 19.857, de 29 de maio. Esta Lei institui o Programa de Integridade e 
Compliance da Administração Pública Estadual e da outras providências. 
 
De acordo com o art 2º. da citada Lei O Programa de Integridade e 
Compliance da Administração Pública Estadual do Paraná tem por objetivo: 
 
I – adotar princípios éticos e normas de conduta e certificar seu cumprimento; 
 
 
II – estabelecer um conjunto de medidas conexas visando à prevenção de 
possíveis desvios na entrega dos resultados esperados pelos destinatários dos 
serviços; 
 
III – fomentar a consciência e a cultura de controles internos na busca contínua 
da conformidade de seus atos, da observância e cumprimento das normas e da 
transparência das políticas públicas e de seus resultados; 
 
15 
 
IV – aperfeiçoar a estrutura de governança pública, criar e aprimorar a gestão 
de riscos e os controles da Administração Pública do Estado do Paraná; 
 
V – fomentar a inovação e a adoção de boas práticas de gestão pública; 
 
 
VI – estimular o comportamento íntegro e probo dos agentes públicos e 
políticos; 
 
VII – proporcionar a capacitação dos agentes públicos no exercício de cargo, 
função ou emprego; 
 
VIII – estabelecer mecanismos de comunicação, monitoramento, controle, 
avaliação e auditoria; 
 
IX – assegurar que sejam atendidos, pelas diversas áreas da organização, os 
requerimentos e solicitações de órgãos reguladores e de controle. 
 
Com esse trabalho a administração pública estadual espera ter como 
resultado um plano de integridade, que definirá as condutas que deverão ser 
seguidas pelos servidores públicos e quais serão as providências a serem 
tomadas pela gestão caso sejam desrespeitados as normas. 
O principal foco do programa é mudar a cultura do serviço público, criar 
a consciência de que todo servidor tem que agir com integridade e com ética. 
Talvez a sociedade não veja um resultado imediato desse trabalho, 
porém com o passar do tempo, as pessoas podem perceber que o estado 
mudou e que não será admitido corrupção, se houver. Esse é o objetivo do 
programa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
PARA REFLETIR: 
 
BRAGA, Marcus V. de Azevedo. Compliance no setor público: necessário; 
mas suficiente? Disponível em: https://www.esafi.com.br/financas- 
publicas/compliance-no-setor-publico-necessario-mas-suficiente/ 
 
BRASIL. Decreto n 1.171, de 22 de Junho de 1994. Aprova o Código de Ética 
Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d1171.htm>. Acesso em 11 
Nov. 2014. 
 
BRASIL. Advogacia Geral da União (AGU). Disponível em: 
http://www.agu.gov.br/ 
 
BRASIL. Constituição da República Federal do Brasil. Publicada no Diário 
Oficial da União, em 05 de outubro de 1988. 
 
CORTELA. Mario Sérgio.Qual É A Tua Obra? - Inquietações Propositivas 
Sobre Ética , Liderança e Gestão. Rio de Janeiro, 24 Ed. Vozes Nobilis, 2015. 
 
Dicionário da Língua Portuguesa. Melhoramentos, 2002. p. 122. 
 
FREIRE, Elias; Motta, Sylvio. Ética na administração pública: teoria e 630 
questões. Niteroi-RJ: Impetus, 2004. 
 
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 30.ed. São 
Paulo: Malheiros, 2005. 
 
PARANÁ. Lei 19.857 - 29 de Maio de 2019. Institui o Programa de Integridade 
e Compliance da Administração Pública Estadual e dá outras providências. 
 
VASQUEZ, A. S. Ética. 26. ed. Rio de Janeiro: Civilização Bra-siliense, 2005. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
https://www.esafi.com.br/financas-publicas/compliance-no-setor-publico-necessario-mas-suficiente/
https://www.esafi.com.br/financas-publicas/compliance-no-setor-publico-necessario-mas-suficiente/
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d1171.htm
http://www.agu.gov.br/
https://jus.com.br/tudo/direito-administrativo
6.1 Transparência na Administração Pública 
Lei12.527-Acessoà 
Decreto 6.170 - Regras para celebração 
de convênios com entidades sem finslucrativos 
Portal da Transparência 
201 200 200 200 200 198 
LeiComplementarn.º131 Lei de Responsabilidade 
Constituição Federal 
 
 
Transparência Pública, controle preventivo e concomitante 
 
 
A idéia de transparência do Estado brasileiro foi incluída na agenda 
política de controle social apenas com o fim do período de autoritarismo que 
vigorou no Brasil de 1964 a 1985. A democratização do Estado, que 
estudaremos nos próximos capítulos, tinha como um de seus pressupostos o 
maior controle da adminsitração pública pela sociedade civil. Para tal, a 
transparência do Estado, seria a possibilidade do acesso do cidadão as 
informações e os conteudos governamentais. 
 
 
 
Histórico de nomativos que ampliaram o acesso a informação no Brasil 
 
 
A esse respeito Bresser Pereira (2001) argumenta que a eficiência 
administrativa e democracia são os dois objetivos maiores da sociedade 
contemporânea, ainda que vistos como contraditórios pelo saber convencional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
Capítulo 
Democracia é um regime político no qual todos os cidadãos elegíveis 
participam diretamente ou por meio de seus representantes eleitos, na 
proposta, no desenvolvimento e na criação das leis, podem ainda exercer o 
poder de governar. Envolve as áreas sociais, econômicas e culturais. 
A Constituição Federal em seu Art. 1º. Paragrafo Unico, diz que: “Todo o 
poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou 
diretamente, nos termos desta Constituição”. A Carta Magna de 1988 garante 
ao cidadão o acesso aos dados públicos gerados e mantidos pelo governo. É 
direito de todo o cidadão ter acesso a, por exemplo, de onde vêm as receitas 
do Estado, como são gastos os recursos dos impostos, quem são os servidores 
públicos, quanto ganham entre outros dados. Com o Poder Legislativo não é 
diferente. O dever de publicidade e transparência exige que as informações 
administrativas e legislativas dos órgãos públicos estejam à disposição do 
cidadão de forma rápida e simples. 
Percebemos, então, que a prática da democracia tem se manisfestado 
no Brasil, dentre outros aspectos pelas manifestações e cobranças cada vez 
mais intensas por ética e transparência na condução das atividades públicas. 
Podemos entender a Transparência como um preceito pelo qual se 
impõem à adminsitração pública a prestação de informações e de prestação de 
contas de suas ações, por meio da utilização de meios de comunicação. 
Visando responder a essas demandas dos cidadãos, os instrumentos já 
existentes na administração federal foram reforçados e outros foram criados 
para a difusão da informação governamental. Podemos citar alguns exemplos: 
Lei do Processo Administrativo (Lei nº 9.784/1999), a Lei que criou os pregões 
presencial e eletrônico (Lei nº 10.520/2002), o Decreto que criou o SICONV - 
Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse (Decreto nº 
6.170/2007) e o Decreto que criou o cartão de pagamento do Governo Federal 
e extinguiu o fim das contas tipo “B” - suprimento de fundos (Decreto nº 
6.370/2008), o Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI) que 
registra os gastos efetuados pelo Tesouro Nacional; Sistema Integrado de 
Dados Orçamentários (SIDOR); a folha de pagamentos e os dados cadastrais 
dos servidores civis federais (SIAPE); Sistema de Gerenciamento da Receita e 
Despesa da Previdência Social; o planejamento de ações do governo; a 
movimentação do cadastro de fornecedores, de preços e do catálogo de 
20 
materiais e serviços; e o fornecimento de informações sobre a organização 
governamental e suas macroatribuições. 
Além dessas normas, outras duas ganham destaque para a garantia da 
transparência e do acesso à informação: a Lei de Responsabilidade Fiscal – 
LRF ou Lei Complementar nº 101/2000 e a Lei Complementar nº 131/2009. 
 
Assinada em 5 de maio de 2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) 
é uma lei complementar que regulamenta o artigo 163 da Constituição Federal 
e estabelece as normas que orientam as finanças públicas no Brasil. Tem 
como objetivo aprimorar a responsabilidade na gestão fiscal da utilização dos 
recursos públicos, por meio de ação planejada e transparente que possibilite 
prevenir riscos e corrigir desvios que possam afetar o equilíbrio das contas 
públicas. 
A LRF instituiu os instrumentos de transparência da gestão fiscal – 
planos, orçamentos, leis de diretrizes orçamentárias (LOD), prestações de 
contas e parecer prévio, Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o 
Relatório de Gestão Fiscal – determinando que fosse dada ampla divulgação à 
sociedade dessas informações contábeis/financeiras. Estão sujeitos à LRF os 
Poderes Executivo, Legislativo, inclusive Tribunais de Contas, e Judiciário, bem 
como o Ministério Público e os órgãos da administração direta, fundos, 
autarquias, fundações e empresas estatais de todas as esferas – União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios. 
O artigo 48 da LRF trata, especificamente, da Transparência na Gestão 
Fiscal, que diz: 
“São instrumentos de transparência da gestão 
fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, 
inclusive em meios eletrônicos de acesso 
público: os plano, orçamentos e leis de 
diretrizes orçamentárias; prestações de contas 
e o respectivo parecer prévio; o Relatório 
Resumido da Execução Orçamentária e o 
Relatório de Gestão Fiscal; e as versões 
simplificadas desses documentos”. 
 
 
Logo, a transparência da gestão fiscal é tratada na Lei como um 
princípio de gestão, que tem por finalidade principal, franquear ao cidadão 
 
21 
 Receitas; 
 Despesas; 
 Fornecedores; 
 Programas, ações e 
projetos. 
acesso à informações relativas às atividades financeiras do estado e conhecer 
os procedimentos necessários para essas divulgações (CRUZ, 2009). 
 
A segunda importante 
norma que merece 
destaque na garantia da 
transparência e do 
acesso a informação foi a 
Lei Complementar Nº. 
131, conhecida como Lei 
da Tranparência. 
 
 
A Lei da Transparência, assinada em 27 de maio de 2009 acrescenta 
dispositivos à Lei Complementar no 101 (LRF), que estabelece normas de 
finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, a fim de 
determinar a disponibilização de informações sobre a execução orçamentária e 
financeira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 
Conforme determinado na Lei Complementar Nº. 131, todos os entes da 
federação, deverão divulgar na internet, as seguintes informações: 
 Quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades 
gestoras no decorrer da execução da despesa, no momento de 
sua realização, com a disponibilização mínima dos dados 
referentes ao número do cor-respondente processo, ao bem 
fornecido ou ao serviço prestado, àpessoa física ou jurídica 
beneficiária do pagamento e, quando for o caso, ao procedimento 
licitatório realizado; 
 Quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita 
das unidades gestoras, inclusive referente a recursos 
extraordinários; 
 
 
 
 
 
 
22 
A prumulgação da Lei Nº. 131/09, então, acrescentou novos dispositivos 
à Lei de Responsabilidade Fiscal, inovando ao determinar a disponibilização, 
em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução 
orçamentária da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipíos, 
criando os “portais da transparência”. 
Essa Lei estabeleceu, também, diversos prazos para o cumprimento de 
suas determinações para todos os atores. Contudo ainda existem os entes da 
federação que não estão totalmente adequados com o que a Lei define. 
Em atendimento ao estabelecido nessas normas, existe um quadro de 
iniciativas adotadas no âmbito do Governo Federal, que também devem ser 
implantado pelos Estados e Municipios, para promover a divulgação de 
informações à sociedade, sobretudo em relação à publicidade da aplicação de 
recursos financeiros. Um marco das políticas de transparência implementadas 
foi a criação do Portal da Transparência do Poder Executivo Federal, uma 
iniciativa da Controladoria-Geral da União lançada em novembro de 2004. 
O objetivo do Portal é apoiar a boa e correta aplicação dos recursos 
públicos ao possibilitar o acompanhamento e fiscalização pela sociedade dos 
gastos públicos. Por meio do Portal da Transparência, sem necessidade de 
senha ou cadastro, é possível consultar os gastos do Governo Federal 
lançados até o dia anterior. Dessa forma, a sociedade pode colaborar com o 
controle das ações de seus governantes, no intuito de checar se os recursos 
públicos estão sendo usados como deveriam. 
 23 
Outras iniciativas brasileiras que visam à divulgação proativa de 
informações públicas também merecem destaque, tais como: 
• Páginas de Transparência Pública: criadas em 2005, são páginas na 
Internet por meio das quais são divulgadas as despesas realizadas pelos 
órgãos e entidades da Administração Pública Federal, informando sobre 
execução orçamentária, licitações, contratações, convênios, diárias e 
passagens; 
• Sites Copa 2014 e Jogos RIO 2016 - Transparência em 1º lugar: 
iniciativas que têm o objetivo de facilitar o controle social dos recursos públicos 
que serão investidos para os jogos da Copa do Mundo de Futebol em 2014 e 
Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 na cidade do Rio de Janeiro; 
• Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse (SICONV): 
sistema de acompanhamento e gestão de recursos da União transferidos via 
convênio ou contrato de repasse. Através desse sistema de recursos e 
acompanhamento da execução. O acesso a essas informações é oferecido ao 
público, possibilitando o controle social dos recursos públicos repassados via 
convênio. 
Em 25 de junho de 2019, o Governo Federal publicou a Instrução 
Normativa Nº. 05 de 2019, que dispõe sobre as práticas de governança e 
gestão dos processos dos órgãos e entidades que atuam nas Transferências 
Voluntarias da União. Essa Normativa também, inseriu o Sistema de Gestão de 
Convênios e Contratos de Repasse (SICONV), em uma plataforma mais ampla 
e completa chamada Plataforma Mais Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
SAIBA MAIS: 
 
Para saber mais sobre a Lei da Tansparência 
http://www.leidatransparencia.cnm.org.br/img/download/cartilha.pdf 
 
LINK: 
Conhece mais sobre o trabalho da Contraladoria Geral da União. 
https://www.cgu.gov.br/sobre/institucional 
6.2 Controle na Administração Pública 
 
 
 
 
 
 
 
O controle da Administração Pública deve ser entendido como um 
instrumento da democracia. A existência de uma estrutura formal para controle 
das finanças públicas, eficiente, eficaz e efetiva, para alcance do objetivo de 
garantir o bom desempenho das atividades do poder público realizadas no 
interesse do bem público é um fato comum em um Estado democrático 
organizado. 
Di Pietro (2004) define o controle da Administração Pública como o 
poder de fiscalização e correção que sobre ela exercem os órgãos do Poder 
Judiciário, Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a conformidade 
de sua atuação com os princípios que lhe são impostos pelo ordenamento 
jurídico. 
Cada Poder exerce controle sobre os demais. O Poder Legislativo exerce 
controle sobre os demais poderes, o Tribunal de Contas da União sobre toda a 
administração, a atuação de controle do Ministério Público e a atuação interna 
25 
 
DESTAQUE: 
 
As transferências voluntárias são os recursos financeiros repassados 
pela União aos Estados, Municípios e Entidades, em decorrência da 
celebração de convênios ou outros instrumentos similares, cuja 
finalidade é a realização de obras e/ou serviços de interesse comum. 
http://www.leidatransparencia.cnm.org.br/img/download/cartilha.pdf
https://www.cgu.gov.br/sobre/institucional
TCU 
Ministério 
Público 
Poder 
Legislativo 
Poder 
Executivo 
Poder 
Judiciário 
Administração Pública 
1. Quanto ao órgão, o controle pode ser: 
do Poder Executivo sobre os seus prórios atos, podem ser vizualizados na 
figura a seguir: 
 
 
 
Controle da Administração Pública 
 
Fonte: Tribunal de Contas da União (adaptado). 
 
 
Uma vez definido o que é o controle da Administração pública, vemos 
que o mesmo é dividido em quatro espécies: 
1. quanto ao órgão; 
2. quanto ao momento em que se efetua; 
3. quanto ao ambiente (posição: interno ou externo); 
4. de legalidade ou de mérito. 
 
 
 
 
 
 
 
26 
2. Quanto ao momento em que se efetua podem ser: 
• controle administrativo: é o poder de fiscalização e correção que a 
Administração Pública exerce sobre a própria atuação, sob os aspectos de 
legalidade e mérito, por iniciativa própria ou mediante provocação; 
 
• controle legislativo: basicamente compreende o controle político e o 
financeiro. O controle político aprecia se as decisões administrativas atendem 
aos aspectos legais e de oportunidade e conveniência diante do interesse 
público. O controle financeiro é exercido com auxílio do Tribunal de Contas que 
implementa fiscalizações contábeis, financeiras, orçamentárias, patrimoniais e 
operacionais; 
 
• controle judicial: dotado de garantias de imparcialidade que permitam apreciar 
e invalidar os atos ilícitos perpetrados pela Administração Pública. 
 
 
• controle prévio: quando o ato administrativo fica sujeito à autorização ou 
aprovação prévia, visando impedir que seja praticado ato ilegal ou contrário ao 
interesse público. É exercido antes da conclusão de um ato administrativo. 
O objetivo do controle preventivo é assegurar que o ato, ou ação, seja 
praticado em perfeitas condições de legalidade e em conformidade com os 
princípios adminsitrativos. 
Como exemplo podemos citar a aprovação do Senado Federal, na 
escolha do nome para a Procuradoria Geral da República. 
 
• controle concomitante: é o que acompanha a atuação administrativa no 
momento em que o ato administrativo é executado como, por exemplo, o 
acompanhamento do procedimento licitatório, a execução orçamentária da 
despesa etc. É exercido durante o ato administrativo. 
Possui o mesmo objetivo do controle preventido, o de assegurar que o 
ato ou ação seja praticado em perfeitas condições de legalidade e em 
conformidade com os princípios adminsitrativos. 
 
 
 
27 
3. Quanto à posição (interna ou externa) em que se localiza o controle: 
4. Quanto ao controle, podem ser de: 
• controle posterior: tem o objetivo de rever os atos já praticados, para corrigi- 
los, desfazê-los ou apenas confirmá-los. Conforme exemplifica Di Pietro, 
abrange atos como os de aprovação, homologação, anulação, revogação, 
convalidação. 
 
 
• controle interno: é o controle decorrente de órgão integrante da própria 
estrutura em que se insere o órgão controlado. Por exemplo,a auditoria interna 
de um Município realizando auditoria numa Secretaria Municipal; 
 
• controle externo: é o controle exercido por um dos Poderes sobre o outro, ou 
a auditoria realizada por um órgão que não é componente da estrutura da 
administração que está sendo fiscalizada. 
 
 
• legalidade: é o controle que pode ser exercido pelos três Poderes sobre a 
legalidade dos atos administrativos verificando se esses estão de acordo com 
as normas; 
 
• mérito: é exercido pela própria Administração Pública verificando a 
oportunidade de realização do ato administrativo. 
 
Todos estes controles apresentados são exercidos nos meandros da 
Administração Pública pelos Poderes, seus órgãos e entidades. Devemos 
destacar o controle exercido pela sociedade, denominado controle social, 
previsto na Constituição Federal de 1988. 
O controle social é um conceito amplo. Quanto mais transparente for a 
Administração Pública, maior será o grau de controle social. 
O controle realizado pelos cidadãos, das ações dos governantes é 
importante para assegurar que os recursos públicos sejam bem aplicados em 
benefício da coletividade. É a participação da sociedade no acompanhamento 
 
 
28 
e verificação das ações da gestão pública na execução das políticas públicas, 
monitorando e avaliando os objetivos, processos e resultados. 
A Administração Pública conta, em sua estrutura, com outros órgãos 
específicos incumbidos de exercer o controle sobre a própria administração, 
tendo sido reservados a eles, atribuições específicas na Constituição Federal 
de 1988. 
Vejamos alguns desses órgãos: 
 
 
1. Ministério Público - Nos termos do art.128 da Constituição Federal de 
1988, o Ministério Público abrange: 
 I – Ministério Público da União, que compreende: 
 Ministério Público Federal; 
 Ministério Público do Trabalho; 
 Ministério Público Militar; 
 Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; 
 II – o Ministério Público dos Estados. 
 
O Ministério Público é um órgão independente e permanente. Incumbido 
da defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e 
individuais indisponíveis. Pode promover inquérito civil e ação civil pública para 
a proteção do patrimônio público e social do meio ambiente e dos interesses 
coletivos. 
 
2. Polícia Federal – Conforme a Constituição de 88, a Polícia Federal destina- 
se a apurar infrações contra a ordem pública e social ou em detrimento de bens 
e serviços de interesse da União. 
A Polícia Federal exerce, com exclusividade, as funções de polícia 
judiciária da União, ou seja, é um órgão da segurança do Estado que tem como 
principal função apurar as infrações penais e a sua autoria por meio da 
investigação policial, procedimento administrativo com característica inquisitiva, 
que serve, em regra, de base à pretensão punitiva do Estado formulada pelo 
Ministério Público, titular da ação penal. 
 
 
 
29 
 
DESTAQUE: 
 
A Escala Brasil Transparente (EBT) é uma metodologia para medir a 
transparência pública em estados e municípios brasileiros. A EBT avalia 
o grau de cumprimento de dispositivos da Lei de Acesso à Informação 
(LAI). Suas versões três versões concentram-se na transparência 
passiva e por isso foram realizadas solicitações reais de acesso à 
informação aos entes públicos avaliados. Confira o ranking do seu 
Estado e/ou Município. 
https://www.cgu.gov.br/assuntos/transparencia-publica/escala-brasil- 
transparente 
3. Advocacia Geral da União (AGU) – É a instituição que representa o Governo 
Federal judicial e extrajudicialmento. Ou seja, a AGU, por meio da Procuradoria 
Geral, promove ações para proteger a União. Como exemplo de sua atuação, 
podemos citar as ações de ressarcimento de dinheiro público desviados de 
forma criminosa. A AGU promove uma pesquisa dos bens do responsável pelo 
pagamento, com a finalidade de que esses bens garantam a dívida devida. 
 
4. Controladoria-Geral da União (CGU) – é o órgão de controle interno do 
Poder Executivo Federal. Sua área de atuação engloba a maioria dos órgãos e 
entidades públicas. É composta por outros órgãos como a Corregedoria Geral 
da União e a Ouvidoria Geral da União. 
As ações de controle implementadas pela CGU são: auditorias e 
fiscalizações. Fiscalizações são ações de controle mais rápidas sobre 
determinados atos e fatos administrativos, enquanto as auditorias são trabalhos 
mais extensos e aprofundados sobre determinadas áreas da gestão pública. 
A CGU, desde 2003, implementou o Programa de Fiscalização a Partir 
de Sorteio Público, que consiste em verificar a aplicação de recursos públicos 
federais nas bases municipais e estaduais. Ao encontrar falhas e 
irregularidades, a Controladoria-Geral da União recomenda ao órgão ou 
entidade federal repassador dos recursos que implemente os meios 
necessários para ajustar a aplicação dos recursos federais. 
 
 
 
 
 
30 
https://www.cgu.gov.br/assuntos/transparencia-publica/escala-brasil-transparente
https://www.cgu.gov.br/assuntos/transparencia-publica/escala-brasil-transparente
 
LINK: 
 
Controle da Adminsitração Pública Federal. 
https://www.youtube.com/watch?time_continue=100&v=V63d0y95V9E 
https://www.youtube.com/watch?time_continue=26&v=UL7muZPHYgE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
SAIBA MAIS: 
Saiba mais sobre o Controle Social da Administração Pública. 
https://www.cgu.gov.br/Publicacoes/controle- 
social/arquivos/controlesocial2012.pdf 
https://www.youtube.com/watch?time_continue=100&amp;v=V63d0y95V9E
https://www.youtube.com/watch?time_continue=26&amp;v=UL7muZPHYgE
https://www.cgu.gov.br/Publicacoes/controle-social/arquivos/controlesocial2012.pdf
https://www.cgu.gov.br/Publicacoes/controle-social/arquivos/controlesocial2012.pdf
 
 
BRASIL. Constituição da República Federal do Brasil. Publicada no Diário 
Oficial da União, em 05 de outubro de 1988. 
 
BRASIL. Instrução Normativa Nº. 5, de 24 de junho de 2019. Dispõe sobre as 
práticas de governança e gestão dos processos dos órgãos e entidades que 
atuam nas transferências voluntárias de recursos da União 
 
BRASIL, Lei Complementar Nº. 101, de 04 de maio de 2000. Estabelece 
normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal 
e dá outras providências. 
 
BRASIL, Lei Complementar Nº. 131, de 27 de maio de 2009. Acrescenta 
dispositivos à Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, que 
estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na 
gestão fiscal e dá outras providências, a fim de determinar a disponibilização, 
em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução 
orçamentária e financeira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios. 
 
BRASIL. Tribunal de Contas da União (TCU). Disponível em 
https://portal.tcu.gov.br/inicio/ 
 
 
BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Democracia, estado social e reforma 
gerencial. Rev. adm. empres. vol.50 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2010. 
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034- 
75902010000100009 
 
CHAVES, Renato Santos. Controle da Administração Pública. Tribunal de 
Contas da União. Instituto Serzedello Corrêa, Brasília: 2014 
 
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 17 ed. São Paulo: 
Atlas, 2004. 
 
PEREIRA, José Matias. Administração Pública: foco nas instituições e 
ações governamentais. 5ª. Ed. São Paulo: Atlas, 2018. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
https://portal.tcu.gov.br/inicio/
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&amp;pid=S0034-75902010000100009
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&amp;pid=S0034-75902010000100009
Administração Pública Patrimonialista 
 
 
 
 
Democratização estratégica da gestão 
 
 
Quando observamos a evolução histórica da adminsitração pública no 
Brasil, podemos destacar três modelosde administração: Patrimonialista, 
Burocrática e Gerencial. 
 
 
Podemos dizer que desde a sua descoberta em 1500 até a Revolução 
de 1930, o Brasil foi uma grande instituição garantidora de privilégios sociais e 
econômicos a uma elite rural e aristocrática. Essa elite conseguia do Estado os 
mais diversos privilégios como empregos, poderes, emprestimos vantajosos, 
impunidades e uma lista sem fim de outros benefícios. 
Segundo Weber (1968) o conceito de patrimonialismo se caracteriza 
pelas formas de dominação política tradicional em que não se separa de forma 
clara e visível as esferas pública e privada, em que esses dois domínios se 
misturam na concepção do governante, que entende e controla o Estado como 
se fosse uma extensão do seu próprio domínio privado. 
Dessa forma, na Administração Pública patrimonialista, o aparelho de 
Estado era como uma extensão do poder do Monarca, que não separava o seu 
patrimônio do patrimônio público, e ainda, um sistema no qual quem trabalhava 
para o Estado, ou seja os “servidores públicos” possuíam status de nobreza 
real, uma vez que os cargos funcionavam como recompensas ou premios, o 
que gera o nepotismo. Esse modo de governar contribuiu para a prática da 
corrupção, uma vez que o órgão público era controlado pelos soberanos. 
Em síntese, toda a trajetória, desde o descobrimento, é uma história 
marcada pela forte presença do Estado, controlado por uma elite patrimonial, 
dando vida e forma a sociedade brasileira. A herança desse modelo, resulta em 
uma administração pública caracterizada por um vies patrimonial, que resiste 
com intensidade, até os dias de hoje. 
33 
Capítulo 
 
 
 
 
 
 
 
O desaparecimento gradual da administração patrimonialista coincide 
com o início da era capitalista no Brasil, ou seja, com a diminuição do cultivo da 
cana-de-açucar que foi sendo substituída pela do café. 
Esse fato, alinhado ao desenvolvimento das comunicações e a 
urbanização das áreas rurais, fazem com que o domínio agrário se enfraqueça 
e se torne impotente. 
A Administração Pública burocrática nasce na segunda metade do 
século XIX, como um contraponto a administração patrimonialista, pois tinha 
como objetivo combater a corrupção e o nepotismo do modelo anterior. 
Propagava como princípios: serviço público profissional; carreira pública; 
hierarquia funcional; impessoalidade; formalismo; tudo era feito de acordo com 
o poder legal. Para tanto, era necessário o controle rígido dos processos e do 
ingresso à carreira pública, com regras na admissão (concursos públicos ou 
titulações) e controle nas compras visando evitar abusos, ineficiência e 
incapacidade. 
A Administração burocrática, teve início então na era do Presidente 
Getúlio Vargas, que ocasiou um restauro político do Estado com a intenção de 
atender as pressões modernizantes da iniciante burguesia nacional. Dessa 
forma, um Estado mais racional e eficiente seria primordial para o bom 
resultado da intervenção estatal, que objetivava garantir o desenvolvimento 
econômico e as relações político-social da burguesia e dos setores operários 
urbanos (PACARELLI, 2011). 
Se por um lado, o primeiro movimento que modernizou a adminsitração 
pública com o estabelecimento de padrões, pode promover a reforma no 
serviço público (por ser um pré-requisito para tornar efetiva a ação da 
organização estatal); possibilitou treinamentos, formação profissional, salários 
mais justos e atraentes e garantias legais, por outro lado, fez com que todos os 
brasileiros dependentes da ação do Estado e por consequencia, da burocracia 
 
34 
Administração Pública Burocrática 
Administração Pública Gerencial 
interna, sofressem com as insatisfatórias e ineficientes práticas e políticas 
publicas das áreas de saúde, educação e segurança pública. 
Nesse contexto, de acordo com Pereira (2018): 
 
 
“quando o Estado passa a ser democrático (século XX), e tem 
como responsabilidade gerar o bem comum, por meio do 
atendimento adequado das crescentes demandas da população, 
ocorre significativa ampliação das suas funções nos campos 
socioeconômico e político. O aumento dessas pressões e a 
incapacidade do Estado burocrático de atendê-las de maneira 
satisfatória colocam em xeque o Estado burocrático. Tem-se, 
portanto, o início do processo de transformações, com a 
introdução da reforma da gestão pública, que busca transformar 
o modelo de Estado burocrático em Estado gerencial”. 
 
A administração burocrática, apesar do progresso apresentado, tornou- 
se inadequada, tendo em vista a ampliação do papel social e econômico do 
Estado a partir de 1950, e aos interesses da população, visto que suas regras 
passaram a se sobrepor aos interesses da sociedade. 
 
 
Como resposta a crise do Estado do Bem-Estar Social, surgiu na 
segunda metade do século XX, a Administração Pública Gerencial, que tem 
como objetivos principais enfrentar a crise fiscal, reduzir custos e tornar mais 
eficiente a administração dos bens e serviços de responsabilidade do Estado, 
focando seus esforços para o resultado. 
A Administração Pública Gerencial partiu do princípio de combater o 
nepotismo e a corrupção, observando que, para isso, não são necessários 
procedimentos tão rígidos, pois, nesse modelo, são universalmente rebatidos 
quaisquer atos que confundam patrimônio público e privado. Começam a ser 
utilizadas novas estratégias como a descentralização, a delegação de 
autoridade, controle sobre o desempenho, etc. Ainda, na administração 
gerencial, o serviço público não precisa mais ser autorreferente, mas orientar- 
se pela ideia de serviço ao cidadão. É um serviço para o público, essa é a 
essência da administração pública gerencial. 
Outra questão que passa a ter um lugar de destaque é a transparência, 
visto que a corrupção ainda é um fenômeno que enfraquece a democracia, a 
confiança no Estado, a legitimidade e moral dos governos e dos políticos. 
35 
A diferença entre os modelos da Administração Pública burocrática e da 
gerencial é bastante significativa, na medida em que a última parte de 
princípios e pressupostos diferentes, com outra visão de funcionários, do 
Estado e da sociedade. 
 
 
Administração Burocrática Administração Gerencial 
i. A Administração Pública 
burocrática é autorreferente e se 
concentra no processo, em suas 
próprias necessidades e perspectivas, 
sem considerar a alta ineficiência 
envolvida. 
 
ii. A Administração Pública 
burocrática acredita em uma 
racionalidade absoluta, que a 
burocracia está encarregada de 
garantir. 
 
iii. A Administração Pública 
burocrática assume que o modo mais 
seguro de evitar o nepotismo e a 
corrupção é pelo controle rígido dos 
processos, com o controle de 
procedimentos. 
 
iv. Na administração burocrática não 
existe a confiança. 
 
v. A administração burocrática é 
centralizadora, autoritária. 
 
vi. A administração burocrática prega 
o formalismo, rigidez e o rigor 
técnico. 
i. A Administração Pública gerencial é orientada para o 
cidadão, voltada para o consumidor, e se concentra nas 
necessidades e perspectivas desse consumidor, o cliente- 
cidadão. No gerencialismo, o administrador público 
preocupa-se em oferecer serviços, e não em gerir 
programas; visa atender aos cidadãos, e não às 
necessidades da burocracia. 
 
ii. A Administração Pública gerencial pensa na sociedade 
como um campo de conflito, cooperação e incerteza, na 
qual os cidadãos defendem seus interesses e afirmam 
suas posições ideológicas. 
 
iii. A Administração Pública gerencial parte do princípio 
de que é preciso combater o nepotismo e a corrupção, 
mas que, para isso, não são necessários procedimentos 
rígidos, e sim outros meios, como indicadores de 
desempenho, controle de resultados etc. 
 
iv. Na administração gerencial, a confiança é limitada, 
permanentemente controlada por resultados, mas, ainda 
assim, suficiente para permitir a delegação, para que o 
gestorpúblico possa ter liberdade de escolher os meios 
mais apropriados ao cumprimento das metas prefixadas. 
 
v. A administração gerencial prega a descentralização, 
com delegação de poderes, atribuições e 
responsabilidades para os escalões inferiores. 
 
vi. A administração gerencial preza os princípios de 
confiança e descentralização da decisão, exige formas 
flexíveis de gestão, horizontalização de estruturas, 
descentralização de funções e incentivos à criatividade e 
inovação. 
 
Fonte: Matias-Pereira (2016a), com adaptações. 
 
 
Continuando o debate sobre a modernização do Estado e da gestão 
pública no Brasil, é importante constatar que toda a reestruturação do Estado, 
e a consequente redefinição de suas relações com a sociedade, é um processo 
eminentemente político. 
36 
DESTAQUE: 
A cidadania é o conjunto de direitos e deveres exercidos por um 
indivíduo que vive em sociedade, no que se refere ao seu poder e grau 
de intervenção no usufruto de seus espaços e na sua posição em poder 
nele intervir e transformá-lo. 
 
SAIBA MAIS: 
 
Artigo DEMOCRATIZAÇÃO DO ESTADO DIGITAL: governança 
eletrônica ee-participação no ciclo de políticas públicas. 
http://www.ipea.gov.br/code2011/chamada2011/pdf/area9/area9- 
artigo8.pdf 
 
LINK: 
 
Conheça mais sobre o Governo Digital do Brasil. 
https://www.governodigital.gov.br/sobre-o-programa 
Com a promulgação da Constituição Federal em 1988, houve uma forte 
transferência de responsabilidades e atribuições de políticas públicas para a 
esfera da administração municipal. Essa transferência encontrou barreiras 
criadas, principalmente, pela falta de ferramentas e de profissionalização dos 
servidores que compõem a máquina administrativa municipal. 
Como explica Pascarelli (2011, p. 40) “no quadro institucional que vem 
sendo delineado, desde o advento da Constituição Federal de 1988, o 
município passou a ter importantes atribuições, havendo, porém o paradoxo 
associado a baixa capacidade de criar receita própria e de quase nenhuma 
competência administrativa, tornando-se muito preocupantes as consequências 
perversas e explosivas que essa combinação potencializa”. 
Com a nova ordem constitucional, a sociedade pode invocar a cidadania 
para cobrar a qualidade no serviço público. 
 
 
 
 
 
37 
http://www.ipea.gov.br/code2011/chamada2011/pdf/area9/area9-artigo8.pdf
http://www.ipea.gov.br/code2011/chamada2011/pdf/area9/area9-artigo8.pdf
https://www.governodigital.gov.br/sobre-o-programa
É neste contexto que o emprego das Tecnologias da Informação e da 
Comunicação (TIC) começou a ser apresentado como uma estratégia 
fundamental para superar as limitações dos outros modelos, transformando um 
processo de reforma com vistas a modernizar e a democratizar o Estado, em 
especial a administração pública. 
O desenvolvimento da internet e das demais TIC criou novas 
possibilidades e oportunidades à Administração Pública, inclusive as 
municipais, e ao seu relacionamento com o cidadão. As TIC vêm sendo 
aplicadas tanto na busca de maior celeridade e de menor custo dos processos 
de governo, quanto na criação de oportunidades de participação popular e de 
canais de interação entre o administrador e o administrado 
Nessas condições, nos amplos debates sobre a reforma do Estado de 
forma objetiva, percebemos que uma considerável estratégia, foi a criação do 
governo digital. Essa ferramenta atende tanto as demandas por modernização, 
quanto por democratização. 
A modernização está ligada a reengenharia e reorganização dos 
processos do governo, por meio da administração digital. Já a democratização, 
segundo Pinho (2008) considera que os governos podem fazer uso das TIC 
(Tecnologia da Informação e da Comunicação) para quatro finalidades 
principais: 
 a prestação de serviços e informações à comunidade; 
 o apoio na organização de movimentos sociais e formação de redes na 
sociedade civil; 
 a implementação de mecanismos de democracia eletrônica; 
 a democratização do acesso à comunicação eletrônica. 
 
O termo Governo Eletrônico pode ter muitas definições. Vamos 
considerar governo eletrônico como sendo as ações dos programas de 
Governo Eletrônico (eGOV) que priorizam o uso das tecnologias da informação 
e comunicação (TICs) para democratizar o acesso à informação, visando 
ampliar o debate e a participação popular na construção das políticas públicas, 
como também aprimorar a qualidade dos serviços e informações públicas 
prestadas. 
 
 
38 
Essa ferramenta possibilita a contínua otimização da prestação de 
serviços, a participação dos cidadãos e da governança, por meio de 
informações das relações internas e externas do governo, proporcionadas pela 
tecnologia, pela internet e pelos novos meios de comunicação. Em outras 
palavras, as TIC’s possuem um enorme potencial democrático, desde que haja 
definições políticas no sentido da participação popular e da transparência, pois 
o governo pode deixar de oferecer o que não considera tão prioritário em 
qualquer tempo. 
Nesse contexto, Ruediger (2002), visualiza o governo eletrônico como 
um potencializador de boas práticas de governança e catalisador de uma 
profunda mudança nas estruturas de governo, proporcionando mais eficiencia, 
transparência e desenvolvimento, do provimento democrático de informações 
para as decisões, além de ser uma ferramenta de capacitação política da 
sociedade. 
No Brasil, a política de Governo Eletrônico segue um conjunto de 
diretrizes que atuam em três frentes fundamentais: 
1. Junto ao cidadão; 
2. Na melhoria da sua própria gestão interna; 
3. Na integração com parceiros e fornecedores. 
 
 
As diretrizes gerais de implantação e operação do Governo Eletrônico 
funcionam no âmbito dos Comitês Técnicos de Governo Eletrônico e servem de 
referência para estruturar as estratégias de intervenção, sendo adotadas como 
orientações para todas as ações de governo eletrônico, gestão do 
conhecimento e gestão da TI em toda a Administração Pública Federal, entre 
elas estão: 
 
 A prioridade do Governo Eletrônico é a promoção da cidadania; 
 A Inclusão Digital é indissociável do Governo Eletrônico; 
 O Software Livre é um recurso estratégico para a implementação do 
Governo Eletrônico; 
 A gestão do conhecimento é um instrumento estratégico de articulação e 
gestão das políticas públicas do Governo Eletrônico; 
 O Governo Eletrônico deve racionalizar o uso de recursos; 
 
39 
 O Governo Eletrônico deve contar com um arcabouço integrado de 
políticas, sistemas, padrões e normas; 
 Integração das ações de Governo Eletrônico com outros níveis de 
governo e outros poderes. 
 
Desde 2016, o Governo Federal criou a Estratégia de Governança 
Digital (EGD) com o intuito de aumentar as possibilidades de participação 
social e de construção colaborativa de políticas e iniciativas inovadoras de 
governo digital, com a proposta de oferecer melhores serviços à sociedade. A 
EGD busca a simplificação e agilização na prestação dos serviços públicos e 
de melhora do ambiente de negócios e da eficiência da gestão pública. 
Além do governo eletrônico, outra 
grande estratégia utilizada pelos governos 
com o objetivo de modernizar o Estado e 
fortalecer a democracia é a particição 
popular. 
Já sabemos que a paticipação popular 
fortalece a Democracia. Cidadãos que 
conhecem o que acontece na administração dos seus municípios, estados e de 
seu país podem dialogar, propor melhorias e cobrar dos governantes para que 
elas sejam concretizadas. 
Esta possibilidade de participação da sociedade é uma das principais 
marcas da concepção do Estado Democrático de Direito. Como afirma Martins 
Júnior: 
 
“Participação é decisiva para as democracias 
contemporâneas, contribuindo para a governabilidade 
(eficiência), a contenção de abusos (ilegalidade), a 
atenção de todos os interesses (justiça), a tomada de 
decisões mais sábias e prudentes (legitimidade), o 
desenvolvimentoda responsabilidade das pessoas 
(civismo) e tornar os comandos estatais mais 
aceitáveis e facilmente obedecidos (ordem).” 
 
 
 
 
40 
A democracia participativa não pode se resumir a escolha dos 
governantes pelo povo. Deve ir além da eleição. A participação popular deve 
existir também na tomada de decisões que envolvam direta ou indiretamente 
os interesses individuais dos cidadãos. Isso será de fato o exercício da 
cidadania globalmente considerada. 
 
Um dos grandes estímulos á ampliação da participação popular no Brasil 
foi a instituição da LAI – Lei de Acesso à Informação (Lei Nº. 12.527/2011) 
esta normativa exige que os órgãos e atores públicos em todas as esferas de 
governo prestem informações e dêem publicidade de seus atos, conforme o 
Art. 5º da Constituição Federal: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, 
à segurança e à propriedade”. A partir daí a transparência ganhou força e a 
relação entre a sociedade e seus representandtes se tornou mais próxima. 
 
A participação popular vem aumentando signitificamente no país com 
cidadãos mais engajados do que nunca, que reivindicam clareza em cada 
atividade ou ato praticado pela administração pública, uma vez que ela 
permita a promova a participação ativa da sociedade. 
 
Conforme falamos, o princípio da participação popular norteia a 
Administração Pública, amparado em leis e, principalmente, na Constituição 
Federal. O cidadão, além de buscar saber como funcionam e o que fazem os 
diferentes segmentos do poder público, pode também colaborar no processo 
de elaboração, gestão e avaliação das políticas públicas, por meio de alguns 
instrumentos, dos quais podemos destacar: 
 
 Conselhos Municipais: também chamados de Conselhos de 
Políticas Públicas, os conselhos municipais são uma importante 
forma de participação popular para uma gestão pública mais 
transparente e participativa em prol dos cidadãos. Esses grupos 
atuam nas mais diversas áreas como saúde, educação, pessoa 
idosa e com deficiência, diretos da mulher, direito da criança e do 
adolescente, assistência social, entre outros, e possuem o papel 
41 
de mediação entre a sociedade em geral e o Governo (Federal, 
Estadual ou Municipal) com o intuito de formular e acompanhar a 
execução das políticas públicas do municípios em todas essas 
áreas; 
 Portal do Cidadão: pode ser chamado também de “site” da 
prefeitura ou do órgão público a ser acessado. Esses portais 
fomentam a transparência e a participação popular. Esse canal de 
comunicação com a sociedade pode ser utilizado por qualquer 
pessoa ou qualquer órgão e de qualquer esfera adminsitrativa. 
Nos portais podemos encontrar encontrar todas as informações 
relevantes dos entes públicos, como investimentos, folhas de 
pagamento, projetos e políticas, permitindo que o cidadão 
conheça a gestão à fundo. A criação dos Portais do Cidadão é um 
dos reflexos da digitalização dos processos, ou seja, como já 
falamos, por meio do uso da tecnologia e utilização de soluções 
inteligentes, é possível melhorar a prestação de serviços públicos. 
Com o uso de ferramentas digitais (softwares específicos para 
gestão pública) para gerenciar seus processos, a Administração 
Pública pode permitir a realização e o encaminhamento de 
serviços de forma totalmente online. Assim, as pessoas podem 
fazer buscas e acompanhar processos administrativos de 
qualquer lugar e ganham autonomia, pois podem, por exemplo, 
escolher o momento mais adequado para fazer suas solicitações 
sem ter que se deslocar para lugares específicos e muitas vezes 
enfrentar filas de espera; 
 Aplicativos e Redes Sociais: esse instrumento possui um grande 
potencial colaborativo. Os aplicativos móveis têm se tornado 
grandes aliados do poder público, uma vez que já é possível 
fiscalizar obras, informando ao órgão competente a situação e o 
andamento da execução de uma rodovia, por exemplo, com um 
simples celular, permitindo que as informações sejam integradas 
e consolidadas no sistema de gestão do órgão. Estão sendo 
desenvolvidas ferramentas que mesmo sem internet, possibilitam 
o registro e a consulta de dados enviados pelo cidadão. A 
42 
 
DESTAQUE: 
 
Investigando portais de governo eletrônico de estados no Brasil: muita 
tecnologia, pouca democracia 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034- 
76122008000300003 
 
SAIBA MAIS: 
 
Sociedade Civil e democratização da gestão pública no Brasil. 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517- 
45222006000200007 
utilização das redes sociais pelo poder público pode ajudar 
também no atendimento as demandas do cidadão. Ele pode, além 
de receber as reclamações, dar sequência a solicitações e ainda 
oferecer conteúdos úteis e relevantes para a vida do cidadão. 
 
 
 
 
 
LINK: 
 
O Portal e-Cidadania do Senado Federal, foi criado para incentivar a 
participação da sociedade no processo legislativo. Os cidadãos podem 
assistir audiências públicas sobre temas em debate na Casa e enviar 
comentários e perguntas; também podem sugerir propostas para análise 
dos senadores e opinar sobre projetos em tramitação. 
https://www12.senado.leg.br/noticias/videos/2018/02/portal-e-cidadania- 
estimula-participacao-popular-nas-atividades-legislativas 
 
Governo Eletrônico 
https://www.governodigital.gov.br/EGD/historico-1/historico 
https://www.governodigital.gov.br/EGD/historico-1/diretrizes 
 
Lei da Ficha Limpa 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp135.htm 
 
 
Como vimos, a inclusão da participação popular na gestão e nas 
tomadas das decisões é mais que um obrigação legal, é um grande auxílio ao 
trabalho dos governantes. Isso porque, permite que a Administração Pública 
43 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&amp;pid=S0034-76122008000300003
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&amp;pid=S0034-76122008000300003
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&amp;pid=S1517-45222006000200007
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&amp;pid=S1517-45222006000200007
https://www12.senado.leg.br/noticias/videos/2018/02/portal-e-cidadania-estimula-participacao-popular-nas-atividades-legislativas
https://www12.senado.leg.br/noticias/videos/2018/02/portal-e-cidadania-estimula-participacao-popular-nas-atividades-legislativas
https://www.governodigital.gov.br/EGD/historico-1/historico
https://www.governodigital.gov.br/EGD/historico-1/diretrizes
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp135.htm
tenha mais eficiência em suas ações, resultando em um maior 
comprometimento social e com o desenvolvimento dos municípios. 
Um bom exemplo da importância da participação popular para a 
administração pública foi a criação da Lei da Ficha Limpa. Esta Lei teve início 
com um grupo de cidadãos que juntos, levaram ao Congresso Nacional uma 
proposta com as diretrizes iniciais. Assinada e em vigor desde 2010, a Lei da 
Ficha Limpa (Lei Complementar Nº. 135/2010), é um dos projetos de iniciativa 
popular que viraram lei no nosso país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 
BRASIL. Constituição da República Federal do Brasil. Publicada no Diário 
Oficial da União, em 05 de outubro de 1988. 
 
BRASIL, Lei Complementar Nº. 135, de 04 de junho de 2010. Altera a Lei 
Complementar no 64, de 18 de maio de 1990, que estabelece, de acordo com 
o § 9o do art. 14 da Constituição Federal, casos de inelegibilidade, prazos de 
cessação e determina outras providências, para incluir hipóteses de 
inelegibilidade que visam a proteger a probidade administrativa e a moralidade 
no exercício do mandato. 
 
BRASIL, Lei Federal Nº. 10.527, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso 
a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º,

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