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Prestações de Contas Municipais - 2

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PRESTAÇÃO DE 
CONTAS MUNICIPAIS 
 
 
 
 
 
 
 UNIDADE 2 
 
 
 
ÍNDICE 
TÓPICOS PÁGINA 
1. ACCOUNTABILITY 3 
2. PRESTAÇÃO DE CONTAS NOS PODERES MUNICIPAIS 7 
2.1 Fundamentação e motivações 7 
2.2 Tomada de contas 11 
2.3 Principais motivos das desaprovações 19 
2.4 A responsabilização dos envolvidos diretamente nos PCS 20 
3. COMPLIANCE E ÉTICA ADMINISTRATIVA 27 
3.1 Ética administrativa: exigência imprescindível 27 
4. OS CONTROLES NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 42 
4.1 Controle interno municipal 42 
4.2 Organização na administração pública 46 
4.3 Garantias básicas para o pleno funcionamento do controle 
interno 
447 
4.4 Normas de conduta do controle interno 47 
4.5 Exercícios do controle interno 48 
4.6 Sistema de controle interno 49 
4.7 Atividades de apoio ao controle externo 52 
4.8 Controle interno X Transparência X Inter relação 52 
4.9 Controle social 53 
5. NOÇÕES ESSENCIAIS DE TRANSPARÊNCIA PÚBLICA 54 
5.1 Transparência pública no Brasil 54 
5.2 Publicidade oficial obrigatória 55 
5.3 Publicidade oficial facultativa 55 
5.4 Publicidade institucional 56 
5.5 Transparência pós CF/88 57 
5.6 Transparência e Accountability 58 
5.7 Fundamentação e responsabilizações 60 
 REFERÊNCIAS 63 
 
 
 
 
3 
 
1. ACCOUNTABILITY 
 
Muitos pesquisadores enfatizam que com a evolução dos tempos, trouxe consigo novas 
responsabilidades para a sociedade, que foi nessa medida solicitada a responder por uma dupla obrigação: 
1- Dos cidadãos, de manter uma estreita vigilância sobre o uso do poder concedido àqueles que 
foram escolhidos para governá-los; 
2-Dos governantes, de prestar contas das suas ações aos cidadãos que os escolheram. 
Surgiu então, um dos problemas mais relevantes da democracia moderna, que consiste em 
desenvolver formas e ferramentas de accountability, isto é, processos de avaliação e responsabilização 
permanente dos agentes públicos que permitam ao cidadão controlar o exercício do poder concedido aos 
seus representantes (DALLARI, 2010). 
Mas, o que significa, efetivamente, o termo accountability na atualidade? 
Para darmos uma resposta a esta questão parece-nos pertinente, buscarmos compreender 
melhor o significado da accountability e a partir dessa premissa, desenvolvermos uma categorização das 
suas dimensões. 
A definição de accountability tem sido tratada pela literatura especializada de forma muito 
abrangente. No entanto, hácerta carência de um significado mais preciso e claro, pois segundo estudiosos 
seu entendimento tem gerado muitas controvérsias (CENEVIVA, 2006). 
Pode-se especular inicialmente que accountability é um termo que se originou da língua inglesa, 
sem tradução precisa para o português, que nos remete à obrigação de componentes do órgão 
administrativo ou representativo, de prestar contas para instâncias controladoras ou a seus representados. 
Outro termo usado numa possível versão na língua portuguesa é a responsabilização (FARENZENA, 2010). 
Tal expressão poderia definir e descrever entre nós brasileiros, algo semelhante com o que se 
entendia o vocábulo accountability nos EUA, pois aqui no Brasil a Constituição Federal de 1988 determinou 
no parágrafo único do artigo 71 que: 
Art. 71 - Prestará contas qualquer pessoa física ou entidade pública que 
utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores 
públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, 
assuma obrigações de natureza pecuniária (BRASIL, 1988) [grifos nossos]. 
 
 
 
 
4 
 
Na atualidade, entendemos que embora possamos considerar que a expressão “prestar contas” 
tivesse, na sua origem, um significado próximo do que se pudesse entender por accountability, é notório 
que hoje a expressão accountability, descreve um fato na qual a amplitude e a profundidade estão longe da 
realidade brasileira de somente “prestar contas”. 
Mas, ainda buscando uma melhor compreensão do conceito accountability, pesquisamos no 
Michaelis Dicionário Prático (2011), e constatamos que: 
Claro está, portanto, que de acordo com as fontes consultadas, não existe 
um termo único em português para expressar o termo accountability, 
havendo que trabalhar com uma forma composta. Buscando uma síntese, 
accountability encerra a responsabilidade, a obrigação e a 
responsabilização de quem ocupa um cargo em prestar contas segundo 
os parâmetros da lei, estando envolvida a possibilidade de ônus, o que 
seria a pena para o não cumprimento desta diretiva (SACRAMENTO, 
2008, p. 2) [grifos nossos]. 
 
Porém, segundo outra definição extraída do Manual de Auditoria Integrada do Escritório do 
Auditor/Geral do Canadá (OAG,2015) conceitua esse vocábulo como sendo: 
É a obrigação de responder por uma responsabilidade outorgada. 
Pressupõe a existência de pelo menos duas partes: uma que delega a 
responsabilidade e outra que a aceita, mediante o compromisso de 
prestar contas sobre como essa responsabilidade foi cumprida. O termo 
sintetiza a preservação dos interesses dos cidadãos por meio da 
transparência, responsabilização e prestação de contas pela 
administração pública [grifos nossos]. 
 
No entanto, trazendo essa concepção para a área pública, ela pode se realizar no dia a dia da 
atuação dos agentes e das organizações públicas. E ocorre não só baseado nas diferentes instâncias de 
controle no interior da estrutura do Estado, mas também mediante o controle exercido pela imprensa, pelas 
organizações e associações da sociedade civil e pelos próprios cidadãos, cujas ações, de alguma forma, 
resultem algum tipo de constrangimento ou sanção (ROCHA, 2008). 
 
 
 
5 
 
Seguindo a mesma linha de raciocínio, o pesquisador Miguel Luiz Felipe (2005) aduz que a 
accountability diz respeito à capacidade com que os cidadãos têm de impor sanções aos governantes, 
reconduzindo ao cargo àqueles que 201 exerceram bem os seus mandatos, e destituindo aqueles que não o 
fizeram. E acrescenta ainda, que o exercício da accountability se dá pelo controle mútuo entre os poderes, 
mas, sobretudo, por meio da prestação de contas que os representantes devem à sociedade e submetendo-
se periodicamente a sua apreciação. 
De qualquer forma, podemos entender a accountability como um processo de avaliação e 
responsabilização permanente dos agentes públicos, que abrange tanto os eleitos quanto os nomeados ou 
os de carreira, em razão dos atos praticados em decorrência do uso do poder que lhes é outorgado pela 
sociedade. 
Será institucional quando esse processo de avaliação e responsabilização for praticado no âmbito 
do próprio aparato estatal, ou social quando praticado fora dos limites estatais. 
Em outras palavras, devemos ter conhecimentosobre o que os agentes públicos estão fazendo, 
como estão fazendo, que consequências resultam das suas ações e como estão sendo responsabilizados. Daí 
a necessidade de um fluxo de informações amplo e aberto, capaz de subsidiar e incentivar a discussão e o 
debate em torno das questões públicas. Baseado nessas premissas anteriores, verificamos ainda, que o 
governo não deve ser conduzido como um simples negócio, mas sim, com democracia, e dessa forma, a 
Administração Pública deve ser caracterizada por uma nova postura frente aos seus desafios, da seguinte 
maneira: 
a) servir aos cidadãos, não aos consumidores; 
b) buscar sempre o interesse público; 
c) dar mais valor à cidadania do que ao empreendedorismo; 
d) pensar estrategicamente e agir democraticamente; 
e) reconhecer que a accountability não é simples; 
f) servir ao invés de dirigir ou controlar;e, 
g) valorizar as pessoas e não somente a produtividade (ROCHA, 2008). 
Essa nova visão da administração pública coloca o servidor público diante de novas exigências e 
expectativas de atuação. 
 
 
 
 
 
6 
 
Essas novas exigências e expectativas, que se poderia denominar de “dever”, consubstanciam-
se em: servir aos cidadãos e valorizar as pessoas, agir eticamente,buscar o interesse público e defender os 
princípios democráticos. No entanto, embora pertinente e relevante verifica-se que os sistemas tradicionais 
de accountability foram desenhados para estabelecer e reforçar a confiança na probidade do governo, e que 
os novos sistemas devam ser desenhados de forma a estabelecer e reforçar a confiança no desempenho do 
governo, cabendo enfatizar que só isso não basta, É preciso ir além (BEHN,1998). 
 Os novos desafios propostos pelo tamanho e pela crescente complexidade das sociedades 
modernas, aliadas às novas visões da administração pública produzidas no interior desses novos modelos, 
exigem novas formas de agir e pensar a accountability, que estabeleçam e reforcem a confiança pública não 
só no desempenho governamental, mas, e principalmente, que restabeleçam e reforcem a confiança pública 
no serviço público e nos seus servidores (MENEGASSO, 2006). 
Por outro lado, a concepção de accountability no paradigma do novo serviço público é 
multifacetada, pois reconhece que as funções desempenhadas pelos administradores públicos nas 
sociedades contemporâneas são complexas. Reconhece, também, que medidas de eficiência e resultados 
são importantes, mas não são suficientes para abranger outras expectativas que a sociedade projeta em 
relação aos administradores públicos, tais como, agir eticamente e em conformidade com os princípios 
democráticos e o interesse público (DENHARDT, 2003, p. 131). E mais adiante complementam que o foco 
nos resultados, não satisfaz a necessidade da accountability por normas e valores democráticos. 
Os estudiosos enfatizam que não pretendem afirmar, com isso, que a atenção com a mensuração 
dos resultados não é importante. Ao contrário, focando os resultados as organizações públicas podem 
produzir significativas melhorias em benefício das pessoas às quais servem (DENHARDT, 2003). 
Por outro lado, a crítica ao modelo do novo serviço público é fundamentada no fato de que, “[...] 
embora contenha princípios merecedores de consideração por seu cunho democrático”, a proposta ainda 
requer uma boa estruturação para que possa ser implantada, pois ainda não apresenta práticas 
administrativas consistentes (MENEGASSO, 2006 p. 7). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
2. PRESTAÇÃO DE CONTAS NOS PODERES MUNICIPAIS 
 
2.1 FUNDAMENTAÇÃO E MOTIVAÇÕES 
Seguindo a evolução social humana, sobretudo após a identificação da figura do estado moderno 
(povo, território, governo), a exigência de os governantes ou particulares dar satisfação aos contribuintes 
sobre o uso e aplicação dos recursos públicos (financeiros e de bens) tem crescido mais e mais. 
Já na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, elaborada e aceita por muitos povos na 
era da Revolução Francesa (1789), consta essa exigência: 
“Art. 15 – A Sociedade tem o Direito de pedir conta a todo agente público de sua 
administração.” 
 
Segundo o texto divulgado no site do Tribunal de Contas do Estado do Paraná: 
“A Prestação de Contas é dever constitucional dos que utilizam, 
arrecadam, guardam, gerenciam ou administram dinheiros, bens e 
valores públicos.” 
 
http://www1.tce.pr.gov.br/conteudo/prestacao-de-contas-municipios/214 
 
De fato, a Constituição Federal determina que: 
“Art. 70... 
 ... 
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou 
privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e 
valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, 
assuma obrigações de natureza pecuniária.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 As constituições dos Estados-Membros repetem. A do Paraná, por exemplo, reproduz o texto 
no art. 74: 
“Art. 74... 
Parágrafo único - Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou 
privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiro, bens e 
valores públicos ou pelos quais o Estado responda, ou que, em nome deste, 
assuma obrigações de natureza pecuniária” 
 
Nas Leis Orgânicas Municipais, esse texto é de reprodução obrigatória, pelo princípio da simetria 
constitucional. 
 Assim, devem prestar contas tanto o Prefeito, quanto o Presidente da Câmara de Vereadores e 
outras pessoas que forem enquadradas nesses dispositivos, consideradas responsáveis pela coisa pública. 
E para maior entrelaçamento dos Poderes constituídos, a prestação de contas possui 
peculiaridades como, por exemplo, a harmonização das contas do Executivo com as do Legislativo, para 
envio ao órgão de controle externo. 
Essa determinação consta na Lei Complementar 101/2000, apelidada de lei de responsabilidade 
fiscal (LRF): 
“Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além 
das suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e 
Judiciário e do Chefe do Ministério Público, referidos no art. 20, as quais 
receberão parecer prévio, separadamente, do respectivo Tribunal de Contas.” 
 
Tipos de Prestação de Contas 
 PCA: Prestação de Contas Anual (contas de governo) 
Esse tipo, no município, é um processo de comprovação dos atos de governo de todo o exercício 
financeiro, de primeiro de janeiro a trinta e um de dezembro de cada ano civil. 
O principal fator é a comprovação da correta direção da Administração Direta e Indireta no 
município. 
No município, são obrigados a prestar contas de governo, o prefeito e o presidente da câmara 
de vereadores. 
 
 
 
 
 
9 
 
Deverão eles comprovar: 
- Execução do orçamento 
- Execução do plano de governo, dos programas e das políticas públicas 
- Demonstração da situação financeira e patrimonial 
- Cumprimento das metas fiscais 
 
 A PCA deverá conter: 
- Balanços Gerais 
- Leis orçamentárias 
- Relatórios (LRF e outros) 
- Demonstrativos 
 
O julgamento das contas anuais do prefeito é realizado pelo Poder Legislativo local. 
Para esse tipo de prestação de contas o critério de julgamento é político, apesar da exigência de 
justificativa técnica; é mais pela conveniência, pela subjetividade. 
O Ato Decisório é um Decreto Legislativo. 
Todavia, a PCA do presidente da Câmara Municipal é julgado pelo Tribunal de Contas, não 
concedendo ao Legislativo Municipal o mesmo tratamento dado às contas de governo do prefeito. 
 
PCTV: Prestação de contas de transferências voluntárias 
Esse tipo é aquele processo que se exige dos órgãos públicos em razão da entrega/recebimento 
de recursos públicos a outro ente (público ou privado) que não decorra de determinação constitucional ou 
legal. 
Poderá ocorrer em forma de: 
- Convênios 
- Acordos ou Ajustes 
- Auxílios 
- Subvenções Sociais 
- Termo de Parceria 
- Contrato de Gestão 
 
 
 
 
10 
 
O responsável pela prestação de contas é o administrador dos recursos ou bens. 
Por isto, é chamada de CONTAS DE GESTÃO (aquela anual é denominada contas de governo). 
Matéria da PCTV: 
- Legalidade do processamento das despesas 
- Regularidade dos atos e contratos administrativos 
- Economicidade e destinação dos gastos públicos 
 
Conteúdo do processo: 
- Notas de empenho 
- Ordens de pagamento 
- Comprovantes de despesas 
- Processos licitatórios 
- Contratos e atos administrativos 
- Extratos bancários 
- Folhas de pagamento 
 
A periodicidade dessa prestação de contas varia, pois poderá ser anual, ou logo após o 
encerramento do objeto. 
A competência para julgamento dessas contas é, segundo o STF – Supremo Tribunal Federal (RE 
848.826/CE) e jurisprudência atual (Acórdão 0004771-05.2020.8.16.0000 do PR, por exemplo), 
compartilhada entre Tribunal de Contas (análise técnica: pode aplicar multa e exigir ressarcimento) e Câmara 
Municipal (análise política: resultado alcança só a inelegibilidade). 
O Ato decisório do Tribunal de Contas geralmente é um Acórdão, enquanto que o da Câmara de 
Vereadores é um Decreto Legislativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
2.2 TOMADA DE CONTAS 
Esse formato ocorre, quando o gestormunicipal não presta contas e o Tribunal de Contas vai ao 
seu encontro, para busca-las. Geralmente, divide-se em: 
 
Ordinária 
Quando o responsável pelo órgão não encaminha a Prestação de Contas Anual (PCA), o Tribunal 
deverá instaurar a Tomada de Contas Ordinária. 
No caso do Paraná, por exemplo, o Regimento Interno do TCE-PR (Resolução nº 01/2006), assim 
prevê: 
“Art. 235. Na hipótese de descumprimento de prazo para a prestação de contas 
anuais, estaduais e municipais, a unidade administrativa competente 
comunicará ao Presidente do Tribunal, que determinará a instauração e 
autuação da Tomada de Contas Ordinária.” 
 
Especial 
O R.I. do TCE-PR prevê, também, que, em caso de o gestor de um órgão da administração indireta 
(autarquias, fundações, etc.) ou terceiro setor (instituições não governamentais, sem fins lucrativos e 
reconhecidas de utilidade pública) não prestar as contas que possui obrigação legal de realizar, o TCE 
determina que o órgão repassador dos recursos aplique a Tomada de Contas Especial: 
“Art. 233. Diante da omissão do dever de prestar contas, da não comprovação 
da aplicação dos recursos repassados pelo Estado e Municípios na forma 
prevista no inciso VI, do art. 1º, da Lei Complementar nº 113/2005, da ocorrência 
de desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos, ou ainda, da 
prática de qualquer ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que resulte dano 
ao erário, o órgão repassador, sob pena de responsabilidade solidária de seu 
gestor, deverá adotar providências com vistas à instauração de Tomada de 
Contas Especial para apuração dos fatos, identificação dos responsáveis e 
quantificação do dano. (Redação dada pela Resolução nº 24/2010) 
§ 1º Esgotadas todas as medidas ao alcance da autoridade administrativa e do 
órgão do controle interno, visando à apuração dos fatos irregulares, à perfeita 
identificação dos responsáveis e ao ressarcimento do erário, a Tomada de 
 
 
 
12 
 
Contas Especial será encaminhada ao Tribunal para julgamento. (Redação dada 
pela Resolução nº 24/2010) 
 
Extraordinária 
Caso o gestor responsável pelo órgão repassador não tome as providências da Tomada de Contas 
Especial, o Tribunal de Contas então iniciará o processo de Tomada de Contas Extraordinária: 
“Art.233... 
§ 2º Na hipótese de omissão do dever de instauração de Tomada de Contas 
Especial o Tribunal determinará a instauração de Tomada de Contas 
Extraordinária.” 
 
A Quem Prestar Contas 
A Constituição Federal de 1988 indica que: 
“Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com 
o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: 
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, 
mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de 
seu recebimento; 
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, 
bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as 
fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as 
contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de 
que resulte prejuízo ao erário público;” 
E no artigo 31 da Carta Magna, encontramos a indicação clara sobre a quem 
apresentar as contas: 
“Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo 
Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do 
Poder Executivo Municipal, na forma da lei. 
§ 1º - O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos 
Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais 
de Contas dos Municípios, onde houver. 
 
 
 
13 
 
§ 2º - O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o 
Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois 
terços dos membros da Câmara Municipal. 
§ 3º - As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à 
disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá 
questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei. 
§ 4º - É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas 
Municipais.” 
 
Com essa vedação constitucional, interrompeu-se a criação de novos tribunais de contas 
municipais, permanecendo apenas aqueles pré-existentes: 
- Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia 
- Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará 
- Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás 
- Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Pará 
- Tribunal de Contas do Município de São Paulo 
- Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro 
 
Por isto, as prestações de contas nos estados onde inexistir corte de contas municipal, deverão 
ser enviadas ao Tribunal de Contas do Estado. 
Destaque-se que em 21.07.2017, foi aprovada Emenda Constitucional Estadual pela Assembleia 
Legislativa do Ceará, extinguindo essa Corte de Contas, transferindo suas atribuições para o TCE/CE. 
Por regra, consta nas Leis Orgânicas Municipais o seguinte dispositivo: 
“Art. 71 – A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e 
patrimonial do Município e das entidades administrativa indireta ou 
fundacional, quanto a legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das 
subvenções e renuncia de receitas, será exercida pela Câmara Municipal 
mediante controle externo e pelo controle interno de cada Poder, na forma da 
Lei e pela apreciação das contas municipais pelo exame público. 
 
 
 
 
 
14 
 
§ 1° - Prestara contas qualquer pessoa física ou entidade pública que utilize, 
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiro, bens ou valores públicos ou 
pelos quais o Município responda, ou que, em nome deste, assuma obrigações 
de natureza pecuniária. 
... 
Art. 72 – O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio 
do Tribunal de Contas do Estado ou órgão competente, deliberando a Câmara 
sobre os pareceres desses órgãos no prazo máximo de noventa dias de seu 
recebimento, observando os seguintes preceitos. (NR) 
I – o parecer prévio do Tribunal de Contas ou do órgão competente, somente 
deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos Membros da Câmara 
Municipal; (NR) 
II – decorrido o prazo de noventa dias, sem deliberação pela Câmara, as contas 
serão colocadas na ordem do dia da sessão imediata, sobrestando as demais 
proposições, até sua votação final; (NR) 
III – rejeitadas as contas, serão estas imediatamente, remetidas ao Ministério 
Público para os fins de direito; 
§ 1° - As contas relativas às aplicações de recursos transferidos pela União e pelo 
Estado serão prestadas na forma da legislação Federal ou Estadual em vigor, 
podendo o Município suplementar essas contas, sem prejuízo de sua inclusão na 
prestação de contas anual.” 
 
Vale observar que, normalmente, as Leis Orgânicas locais preveem tanto a prestação de contas 
quanto a tomada de contas... 
Assim, os responsáveis (ou interessados), devem encaminhar as contas de governo e de gestão, 
ao órgão competente para a análise e julgamento dessas. 
Ressaltando que o tribunal de contas com jurisdição sobre o município será aquele com poder 
de julgamento previsto na lei. 
Por exemplo: 
Em caso das contas anuais, o julgamento será realizado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) 
ou Município (TCM). 
A PCTV referente a recursos ou bens repassados da União ao Município, deverá ser encaminhada 
ao Tribunal de Contas da União (TCU). 
 
 
 
15 
 
A Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (LC 113/2005) indica que, no papel de 
apoiador do Poder Legislativo Municipal, no controle externo, a Corte Administrativa tem a seguinte 
competência: 
“Art. 1º Ao Tribunal de Contas do Estado, órgão constitucional de controle 
externo, com sede na Capital do Estado, compete, nos termos da Constituição 
Estadual e na forma estabelecida nesta lei: 
I– apreciar as contas prestadas anualmente pelo Governador do Estado e pelos 
Prefeitos Municipais, mediante parecer prévio, que deverá ser elaborado nos 
prazos gerais previstos na Constituição Estadual, na Lei de Responsabilidade 
Fiscal, e nos prazos específicos previstos nesta lei; 
II – julgar as contas dos chefes dos órgãos do Poder Legislativo estadual e 
municipal, do Poder Judiciário, do Ministério Público e deste Tribunal; 
III – julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiro, 
bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as 
fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público, no âmbito 
estadual e municipal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio 
ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário; 
... 
Art. 3º A jurisdição do Tribunal abrange: 
I – qualquer pessoa física, órgão ou entidade a que se refere o inciso III, do art. 
1º, desta lei, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiro, bens 
e valores públicos ou pelos quais o Estado ou o Município responda, ou que, em 
nome deste, assuma obrigações de natureza pecuniária; 
II – aqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que 
resulte dano ao erário; 
III – os dirigentes ou liquidantes das empresas encampadas ou sob intervenção 
ou que de qualquer modo venham a integrar, provisória ou permanentemente, 
o patrimônio do Estado ou Município ou de outra entidade pública estadual ou 
municipal; 
IV – os responsáveis pelas contas das empresas estatais ou de cujo capital social 
o Estado ou o Município participe, de forma direta ou indireta, nos termos do 
ato constitutivo; 
 
 
 
16 
 
V – os responsáveis por entidades dotadas de personalidade jurídica de direito 
privado, que recebam contribuições e prestem serviços de interesse público ou 
social, bem como, as que se vinculem ao Estado ou ao Município no regime de 
colaboração, incluídas as que formalizaram acordos de Parceria Público Privada, 
Organizações Sociais, Serviços Sociais Autônomos e Organizações Civis de 
Interesse Público; 
VI – todos aqueles que lhe devam prestar contas ou cujos atos estejam sujeitos 
à sua fiscalização por expressa disposição de lei ou pela natureza dos recursos, 
bens e valores públicos envolvidos; 
VII – os responsáveis pela aplicação de quaisquer recursos repassados pela 
União, que sejam contabilizados pelo Tesouro Estadual ou Municipal, mediante 
convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, inclusive recursos 
internacionais; 
VIII – os sucessores dos administradores e responsáveis a que se refere este 
artigo, até o limite do valor do patrimônio transferido, nos termos do inciso XLV, 
do art. 5º, da Constituição Federal; 
IX – os representantes do Poder Público na Assembleia Geral das empresas 
estatais, das autarquias e sociedades anônimas de cujo capital o Estado, os 
Municípios ou o Poder Público participem, solidariamente, com os membros dos 
Conselhos Fiscais e de Administração, pela prática de atos de gestão ruinosa ou 
liberalidade à custa das respectivas instituições. 
Parágrafo único. Os agentes públicos, mencionados neste artigo, ficam 
obrigados a franquear o acesso e fornecer informações e elementos 
indispensáveis ao desempenho da competência do Tribunal.” 
 
Geralmente, os resultados dos julgamentos de contas prestadas serão: 
- REGULARES 
- IRREGULARES 
- REGULARES COM RESSALVA 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
O R.I. do TCE/PR prevê que: 
“Art. 245. Ao julgar as contas, o Tribunal decidirá se são regulares, regulares 
com ressalva ou irregulares. 
Art. 246. As contas serão julgadas regulares, quando expressarem, de forma 
clara e objetiva, a exatidão dos demonstrativos financeiros, a legalidade, a 
legitimidade, a eficácia e a economicidade dos atos de gestão do responsável, 
bem como, o atendimento das metas e objetivos. 
Parágrafo único. Quando julgar as contas regulares, o Tribunal dará quitação 
plena ao responsável. 
Art. 247. As contas serão julgadas regulares com ressalva, quando evidenciarem 
impropriedade ou qualquer outra falta de natureza formal, de que não resulte 
dano ao erário ou à execução do programa, ato ou gestão. 
§ 1º O acórdão de julgamento deverá indicar os motivos que ensejaram a 
ressalva das contas e aplicar as sanções ao responsável, quando cabíveis. 
§ 2º Na hipótese prevista no caput, após o pagamento da multa, caso haja, o 
Tribunal dará quitação ao responsável e lhe determinará, ou a quem lhe haja 
sucedido, se cabível, a adoção de medidas necessárias à correção das 
impropriedades ou faltas identificadas, de modo a prevenir a ocorrência de 
outras semelhantes. 
Art. 248. As contas serão julgadas irregulares, quando comprovada qualquer 
das seguintes ocorrências: 
I - Omissão no dever de prestar contas; 
II - Infração à norma legal ou regulamentar; 
III - Dano ao erário, decorrente de ato de gestão ilegítimo ou antieconômico; 
IV - Desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos; 
V - Desvio de finalidade. 
§ 1º O Tribunal poderá ainda julgar irregulares as contas no caso de reincidência 
de ressalva ou de descumprimento de determinação de que o responsável tenha 
tido ciência, feita em processo de tomada ou prestação de contas. (Redação 
dada pela Resolução nº 24/2010) 
§ 2º A prestação de contas em desacordo com as normas legais e 
regulamentares aplicáveis à matéria ou que não consiga demonstrar por outros 
meios a boa e regular aplicação dos recursos ensejará a irregularidade das 
contas, nos termos do inciso II, sem prejuízo da imputação de débito. 
 
 
 
18 
 
§ 3º Nas hipóteses dos incisos III, IV e V, a responsabilidade será pessoal do 
agente público que praticou o ato irregular, podendo o Tribunal de Contas fixar 
a responsabilidade solidária do terceiro que, como contratante ou parte 
interessada na prática do mesmo ato, de qualquer modo haja concorrido para o 
cometimento do dano apurado, bem como dos responsáveis pelo controle 
interno, por ação ou omissão. (Redação dada pela Resolução nº 24/2010) 
§ 4º A responsabilidade do terceiro de que trata o parágrafo anterior derivará 
do cometimento de irregularidade que não se limite ao simples descumprimento 
de obrigações contratuais ou ao não pagamento de títulos de crédito. 
§5º Na hipótese do inciso V, a decisão do Tribunal de Contas fixará a 
responsabilidade do ente público beneficiado com o desvio de finalidade, 
podendo, ainda, excluir a responsabilidade do agente público, para fins de 
ressarcimento, quando inequívoca sua boa-fé e a integral utilização dos recursos 
em proveito da entidade, sem prejuízo das sanções pessoais aplicáveis. 
§ 6º Verificadas as ocorrências previstas nos incisos III, IV e V, o Tribunal, por 
ocasião do julgamento, determinará a remessa de cópia da documentação 
pertinente ao Ministério Público Estadual, para ajuizamento das ações cabíveis, 
podendo decidir sobre essa mesma providência também nas demais hipóteses. 
§ 7º Nas hipóteses dos incisos II, IV e V, em que restar evidenciada a 
responsabilidade profissional de servidor vinculado a órgão de classe, o Tribunal, 
por ocasião do julgamento, determinará a remessa de cópia das instruções e da 
decisão ao respectivo órgão ou conselho, para a adoção das medidas 
pertinentes, no que tange ao exercício impróprio da atividade profissional. 
(Incluído pela Resolução nº 24/2010) 
Art. 249. Quando julgar as contas irregulares, havendo dano, o Tribunal de 
Contas condenará o responsável ao recolhimento da dívida, atualizada 
monetariamente e com os acréscimos legais devidos, podendo, ainda, aplicar-
lhe multa nos termos da lei, sendo o instrumento da decisão considerado título 
executivo para fundamentar a respectiva ação de execução. 
Art. 250. O julgamento de irregularidade das contas poderá acarretar 
Declaração de Inidoneidade nos termos do art. 97, da Lei Complementar nº 
113/2005, bemcomo a aplicação das demais sanções de que trata o art. 85 
dessa mesma lei. 
 
 
 
19 
 
Art. 251. O Tribunal de Contas ordenará o trancamento das contas que forem 
consideradas iliquidáveis, declarando os efeitos decorrentes e o consequente 
arquivamento do processo. 
Parágrafo único. As contas serão consideradas iliquidáveis quando caso fortuito 
ou de força maior, comprovadamente alheio à vontade do responsável, tornar 
materialmente impossível o julgamento de mérito.” 
 
2.3 PRINCIPAIS MOTIVOS DAS DESAPROVAÇÕES 
Nas Transferências voluntárias, os erros mais frequentes nos processos de prestação de contas 
(PCTV) são: 
- Objeto genérico, pouco claro 
- Plano de trabalho pouco detalhado 
- Orçamentos subestimados ou superestimados 
- Prazos insuficientes para execução 
- Ausência de projetos 
- Preenchimento dos relatórios da execução 
 
Conforme noticiado pelo TCE/SP em fevereiro/2020, “um em cada 4 prefeitos teve contas 
desaprovadas pelo TCESP”. 
In https://www.tce.sp.gov.br/6524-cada-4-prefeitos-teve-contas-desaprovadas-pelo-tcesp 
 
Os principais motivos são: 
 - Desequilíbrio entre receitas e despesas (desobediência orçamentária) 
 - Despesas com pessoal 
- Aplicação no Ensino e na Saúde 
- Remuneração dos profissionais do magistério 
- Pagamento de precatórios 
- Emprego de recursos do Fundeb 
- Remuneração de agentes políticos 
- Pagamento de encargos sociais 
 
 
 
 
20 
 
Já o TCU – Tribunal de Contas da União, aponta os seguintes motivos para desaprovações: 
- Omissão na prestação de contas 
- Desobediência a normas de licitações 
- Dano ou desfalque ao erário 
In http://g1.globo.com/politica/eleicoes/2016/noticia/2016/08/tcu-entrega-justica-lista-de-
6901-politicos-com-contas-irregulares.html 
 
2.4 A RESPONSABILIZAÇÃO DOS ENVOLVIDOS DIRETAMENTE NAS PCS 
Vias de Responsabilização 
Na omissão, na ação irregular no órgão, bem como, na falta de prestação de contas, os 
responsáveis diretos estarão sujeitos a responder em mais de uma via, independentemente uma das outras. 
Obviamente, através de processos que lhes propiciem o direito à defesa e ao contraditório (art. 
5º, inciso LV da Constituição Federal), quais sejam: 
a) administrativa (no órgão prestador das contas e/ou no CRC) 
b) penal (judicial) 
c) civil (judicial) 
d) político-administrativa (câmara municipal) 
 
Penas a que os responsáveis estão sujeitos 
Após o trâmite processual, na respectiva via, podem ser aplicadas as seguintes penas aos 
responsabilizados: 
 
No Processo Administrativo Junto ao TCE 
No Paraná, à guisa de referência, por determinação da Lei Complementar Estadual nº 113, de 15 
de dezembro de 2005, que dispôs sobre a Lei Orgânica do TCE/PR, as sanções podem ser: 
“Art. 85. O Tribunal de Contas, em todo e qualquer processo administrativo de 
sua competência em que constatar irregularidades poderá, observado o devido 
processo legal, aplicar as seguintes sanções e medidas: 
I - Multa administrativa; 
II - Multa por infração fiscal; 
III - multa proporcional ao dano e sem prejuízo do ressarcimento; 
 
 
 
21 
 
IV - Restituição de valores; 
V - Impedimento para obtenção de certidão liberatória; 
VI - Inabilitação para o exercício de cargo em comissão; 
VII - proibição de contratação com o Poder Público estadual ou municipal; 
VIII - a sustação de ato impugnado, se não sanada a irregularidade no prazo de 
30 (trinta) dias.” 
 
Contudo, tais sanções envolvem penas a serem aplicadas também aos órgãos envolvidos, como 
o impedimento de liberação da certidão institucional. 
Concernentemente aos responsáveis, podemos dizer que os resultados negativos de sua conduta 
dolosa, culposa, ativa ou passiva, sejam: 
a) multa funcional 
b) ressarcimento (restituição) 
c) inelegibilidade (indireta, da LC 64/90) 
d) declaração de inidoneidade 
e) impedimento de ocupar cargo comissionado 
 
Aliás, outro ato do TCE/PR que pode ser considerado uma pena aos responsabilizados, é o 
lançamento de seus nomes no cadastro dos responsáveis com contas julgadas irregulares. 
Nos inúmeros julgamentos da Corte de Contas paranaense envolvendo as Prestações de Contas, 
não foram poucas as vezes que o TCE aplicou essas penas (ao gestor, ao contador, ao controlador). 
 
Em Ação Civil Pública (ou Ação Popular) 
Quando da incidência de um ato ou omissão do agente público, que cause prejuízos ao erário ou 
que desobedeça a princípio aplicável à Administração Pública, caracterizando Improbidade Administrativa 
(Lei nº 8.429/92), esse estará sujeito às seguintes sanções: 
a) perda da função pública 
b) perda dos bens adquiridos ilicitamente 
c) suspensão dos direitos políticos (inelegibilidade de até 10 anos) 
 d) penas pecuniárias (até cem vezes) 
e) impedimento de contratar com órgãos públicos 
 
 
 
22 
 
f) impedimento de participar de concurso público 
g) impedimento de receber benefícios públicos 
h) impedimento de receber incentivos fiscais 
 
Em Processo penal 
Como dito anteriormente, é possível existirem processos em várias vias, apurando os mesmos 
atos ou omissões, em busca de responsabilizações em campos diversos. 
Uma das vias possíveis de apuração, paralela, concomitante, ou até em sequência, é a penal. 
A intenção aqui neste campo é apurar se houve ocorrência de crime. 
Nessa área de apuração, as penas resultantes podem ser: 
a) penas privativas de direitos 
b) penas pecuniárias 
c) penas de prestação de serviços 
d) penas privativas da liberdade 
e) liberdade ou benefícios condicionais 
 
Inclusive, dentre outros, relacionamos abaixo alguns crimes ligados à Prestação de Contas, 
puníveis pelo Poder Judiciário, relativos à Lei 10.028/00, que inseriu no Código Penal brasileiro a previsão de 
penas para os crimes contra as finanças públicas: 
a) - Art. 359-B Inscrição de despesas não empenhadas em RP (Detenção de 6m 
a 2 a). 
b) - Art. 359-C- Assunção de obrigação no último ano do mandato ou legislatura. 
(Reclusão de 1 a 4 anos). 
c) - Art. 359-D – Ordenação de despesa não autorizada (Reclusão de l a 4 anos. 
d) - Art. 5° - I- deixar de divulgar ou enviar ao PL e ao TC o relatório de gestão 
fiscal. 
 
Em Processo disciplinar (funcional) onde esteja vinculado 
Por falta funcional cometida por servidor, o órgão ao qual esteja vinculado poderá abrir processo 
administrativo disciplinar (PAD) para apurar eventuais responsabilizações. 
O processo administrativo disciplinar – PAD (lato sensu) abrange a sindicância administrativa e o 
processo administrativo disciplinar (stricto sensu), nos termos do art. 143 da Lei nº 8.112/90. 
 
 
 
23 
 
O processo administrativo disciplinar é o meio de apuração e punição de faltas graves dos 
servidores públicos e demais pessoas sujeitas ao regime funcional de determinados estabelecimentos da 
Administração, enquanto que a sindicância é o meio sumário de elucidação de irregularidades no serviço 
para subsequente instauração de processo e punição ao infrator. 
Esta é o verdadeiro inquérito administrativo que precede o processo administrativo disciplinar. 
Numa primeira modalidade a sindicância caracteriza-se como peça preliminar e informativa do 
processo administrativo disciplinar, ou seja, é meio de apuração prévia. 
A segunda espécie seria a sindicância de caráter processual, pois destina-se a apurar a 
responsabilidade de servidor identificado, por falta leve, podendo resultar em aplicação de pena – é um 
processo administrativo disciplinar sumário. 
A sindicância administrativa poderá resultar em: 
I – Arquivamento do processo, no caso de inexistência de irregularidade ou de impossibilidade 
de se apurar a autoria; 
II – Aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até trinta dias; ou 
III – instauração de processo administrativo disciplinar. 
 
O prazo para conclusão da sindicância não excederá 30 dias, podendo ser prorrogado por igual 
período, a critério da autoridade superior. 
Após as apurações deve a administraçãopública chegar à conclusão se cabe ou não instaurar o 
processo administrativo disciplinar. 
Verificando que o caso concreto exige a aplicação de punição administrativa, que não é 
compatível com a sindicância, deve proceder à instauração do referido processo, abrindo prazo para defesa 
do acusado, sob pena de nulidade do processo. 
A instauração de PAD será sempre necessária para a aplicação das seguintes penalidades: 
a) demissão 
b) cassação de aposentadoria 
c) disponibilidade 
d) destituição de cargo em comissão 
e) destituição de função comissionada 
f) suspensão superior a 30 dias (o limite da penalidade de suspensão é de 90 dias). 
 
 
 
 
24 
 
Nos demais casos, basta a sindicância para apurar a infração imputada ao servidor e, desde que 
se lhe assegure contraditório e ampla defesa prévios, aplicar a respectiva sanção – advertência ou suspensão 
por até 30 dias. 
As fases do processo administrativo disciplinar de procedimento ordinário são, no sistema 
federal: 
a) instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão; 
b) inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa e relatório; 
c) julgamento (art. 151 da Lei nº 8.112/90). 
 
Em Processo disciplinar (profissional), pelo CRC: 
Por certo que o Contador, enquanto profissional com regulamentação federal, deve atuar com 
disciplina, ética e responsabilidade, independentemente de estar vinculado ao poder público ou à iniciativa 
privada. 
Segundo previsão do Decreto-Lei nº 9.295/1946, o contador, bem como o técnico em 
contabilidade, oficialmente inscrito no Conselho Regional de Contabilidade (CRC), estarão sujeitos às 
seguintes penalidades, que podem ser aplicadas independentes de outras consequências em vias distintas: 
“Art. 27. As penalidades ético-disciplinares aplicáveis por infração ao exercício 
legal da profissão são as seguintes: (Redação dada pela Lei nº 12.249, de 2010) 
a) multa de 1 (uma) a 10 (dez) vezes o valor da anuidade do exercício em curso 
aos infratores dos arts. 12 e 26 deste Decreto-Lei; (Redação dada pela Lei nº 
12.249, de 2010) 
b) multa de 1 (uma) a 10 (dez) vezes aos profissionais e de 2 (duas) a 20 (vinte) 
vezes o valor da anuidade do exercício em curso às empresas ou a quaisquer 
organizações contábeis, quando se tratar de infração dos arts. 15 e 20 e seus 
respectivos parágrafos; (Redação dada pela Lei nº 12.249, de 2010) 
c) multa de 1 (uma) a 5 (cinco) vezes o valor da anuidade do exercício em curso 
aos infratores de dispositivos não mencionados nas alíneas a e b ou para os 
quais não haja indicação de penalidade especial; (Redação dada pela Lei nº 
12.249, de 2010) 
 
 
 
 
 
25 
 
d) suspensão do exercício da profissão, pelo período de até 2 (dois) anos, aos 
profissionais que, dentro do âmbito de sua atuação e no que se referir à parte 
técnica, forem responsáveis por qualquer falsidade de documentos que 
assinarem e pelas irregularidades de escrituração praticadas no sentido de 
fraudar as rendas públicas; (Redação dada pela Lei nº 12.249, de 2010) 
e) suspensão do exercício da profissão, pelo prazo de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, 
ao profissional com comprovada incapacidade técnica no desempenho de suas 
funções, a critério do Conselho Regional de Contabilidade a que estiver sujeito, 
facultada, porém, ao interessado a mais ampla defesa; (Redação dada pela Lei 
nº 12.249, de 2010) 
f) cassação do exercício profissional quando comprovada incapacidade técnica 
de natureza grave, crime contra a ordem econômica e tributária, produção de 
falsa prova de qualquer dos requisitos para registro profissional e apropriação 
indevida de valores de clientes confiados a sua guarda, desde que homologada 
por 2/3 (dois terços) do Plenário do Tribunal Superior de Ética e Disciplina; 
(Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) 
g) advertência reservada, censura reservada e censura pública nos casos 
previstos no Código de Ética Profissional dos Contabilistas elaborado e aprovado 
pelos Conselhos Federal e Regionais de Contabilidade, conforme previsão do art. 
10 do Decreto-Lei no 1.040, de 21 de outubro de 1969. (Incluído pela Lei nº 
12.249, de 2010)” 
 
No julgamento das contas na Câmara Municipal: 
Como dito no início deste material, as contas do Executivo Municipal estão sujeitas ao 
julgamento da Câmara de Vereadores. 
Sendo assim, quando da análise das respectivas contas prestadas, ou na falta delas, o Poder 
Legislativo poderá encontrar razões para o afastamento temporário ou a cassação do mandato do prefeito. 
Se isso acontecer, a pena poderá ser aplicada com base no Decreto-Lei 201/67, após o 
processamento com a concessão da defesa e contraditório. 
Ao final, ainda poderá ocorrer a indicação de prejuízo ao erário, com o envio dos motivos ao 
Ministério Público, para propositura da ação judicial competente, a fim de buscar o ressarcimento. 
 
 
 
 
26 
 
Do resultado das contas desaprovadas, assim como, da cassação do prefeito, acontecerá a 
incidência obrigatória da inelegibilidade prevista na Lei Complementar 64/90 (art. 1º, I, “c” e “g”) 
 
Outras responsabilizações na área cível: 
De registrar ainda, que, além das penalidades antes abordadas, poderão também ser propostas 
outras ações no Judiciário, em busca da responsabilização de gestores e servidores públicos, por atos 
cometidos ou informados nas prestações de contas ou em sua omissão, tais como: 
a) ressarcimento ao erário (imprescritível, se houver dolo, segundo o STF) 
b) indenizatória (dano moral e material) 
c) regressiva de ressarcimento (se o órgão for penalizado, por exemplo) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
3. COMPLIANCE E ÉTICA ADMINISTRATIVA 
 
 
 
3.1 ÉTICA ADMINISTRATIVA: EXIGÊNCIA IMPRESCINDÍVEL 
A ganância, a busca incessante do ter mais do que ser, o lucro desenfreado, sempre foram 
características que acompanharam os seres humanos, e por consequência empresários, empresas, 
administração pública, colaboradores, servidores públicos. Essas características tomaram dimensões ao 
longo do tempo, quase incontroláveis seja por parte do mundo corporativo ou das instituições 
governamentais. 
A cultura da corrupção estava disseminada e impregnada em todos os níveis hierárquicos, na 
maioria dos países inclusive no Brasil, chegando ao ponto de se criar grupos especialistas em atuar de forma 
ilegal na intermediação e suporte às operações, verdadeiras máfias, sociedades formadas pelos mais 
variados tipos de profissionais, com o fim único de extorquir, corromper, fazer tráfego de influência, gerar 
informações privilegiadas, resultando em fraudes, desvios, corrupção em níveis até então nunca vistos, na 
área privada ou pública. 
Essa situação fica insustentável, o sistema econômico financeiro mundial e brasileiro começa a 
ficar desequilibrado, afetando as negociações entre empresas, empresas e governo, independente da esfera 
governamental. No Brasil um único grupo econômico, chegou a bancar eleição de muitos políticos, desde 
senadores, deputados federais e estaduais, que lhe dava a segurança de indicações para cargos estratégicos, 
com poder de decisão, que levavam ao grupo econômico, por meio de informações privilegiadas, ganhos 
incomensuráveis em cima do Estado Brasileiro. 
Assim, mais do que urgente era necessário a criação de Leis rígidas por parte dos países no 
tocante ao combate à corrupção. 
 
 
 
 
 
28 
 
A Lei deveria buscar a punição das empresas, dos colaboradores, servidores públicos e todos 
àqueles envolvidos de alguma forma nas operações comerciais ou prestação de serviços, como forma de 
regrar os procedimentos nas instituições públicas ou privadas, por meio de códigos de conduta, códigos de 
ética, regulamentos, normativas, buscando minimizar os gastos com o combate à corrupção, resgatar a 
credibilidade do sistema econômico financeiro, nas operações entre empresas, empresas e governo. 
Dentro desse contexto,é importante que discutamos a questão da ética sob o ponto de vista das 
relações administrativas, não deixando de enfatizar, que essas relações só acontecem pelo fato da existência 
de colaboradores, servidores públicos, e demais envolvidos nessas relações. Portanto, a ética deve ser 
analisada sob o ponto de vista do indivíduo, bem como, da corporação e da administração pública 
 
 
Existem, dois conceitos importantes que são a Moral e a Ética, e que devem compor, nortear 
nossa discussão, conhecimento e entendimento, pelo fato que os mesmos se complementam e contribuem 
à discussão. 
Conforme Débora Silva discorreu sobre Moral, foi disponibilizado no site “Estudo Prático” e 
transcrevemos abaixo: a palavra “moral” é originária do termo latino “Morales”, que significa “relativo aos 
costumes”, isto é, aquilo que se consolidou como sendo verdadeiro do ponto de vista da ação. 
A moral pode ser definida como o conjunto de regras aplicados no cotidiano e que são utilizadas 
constantemente pelo cidadão. Tais regras orientam cada indivíduo que vive na sociedade, norteando os seus 
julgamentos sobre o que é certo ou errado, moral ou imoral, e as suas ações. 
 
 
 
29 
 
Desta maneira, a moral é fruto do padrão cultural vigente e engloba as regras tidas como 
necessárias para o bom convívio entre os membros que fazem parte de determinada sociedade. 
A moral é formada pelos valores previamente estabelecidos pela própria sociedade e os 
comportamentos socialmente aceitos e passíveis de serem questionados pela ética. Pode-se afirmar que, ao 
falarmos de moral, os julgamentos de certo ou errado dependerão do lugar onde se está. 
Por fim, pode-se considerar que a ética engloba determinados tipos de comportamentos, sejam 
eles considerados corretos ou incorretos; já a moral estabelece as regras que permitem determinar se o 
comportamento é correto ou não. 
Se considerarmos o sentido prático, a finalidade da ética e da moral é bastante semelhante, pois 
ambas são responsáveis por construir as bases que guiarão a conduta do homem, determinando o seu 
caráter e a sua forma de se comportar em determinada sociedade”. 
Ainda citando Débora Silva, disponibilizado no site “Estudo Prático” e transcrevemos abaixo: a” 
palavra “ética” é proveniente do grego “ethos”, que significa, literalmente, “morada”, “habitat”, “refúgio”, 
ou seja, o lugar onde as pessoas habitam. No entanto, para os filósofos, este termo se refere a “modo de 
ser”, “caráter”, “índole”, “natureza”. 
O filósofo Aristóteles acreditava que a ética é caracterizada pela finalidade e pelo objetivo a ser 
atingido, que seria viver bem, ter uma boa vida, juntamente e para os outros. 
Neste sentido, pode-se considerar a ética como um tipo de postura e que se refere a um modo 
de ser, à natureza da ação humana. Trata-se de uma maneira de lidar com as situações da vida e do modo 
como estabelecemos relações com outra pessoa. 
Quais são as nossas responsabilidades pessoais em uma relação com o outro? Como lidamos 
com as outras pessoas em sociedade? Uma conduta ética pode ser um tipo de comportamento mediado por 
princípios e valores morais. 
A palavra “ética” também pode ser definida como um conjunto de conhecimentos extraídos da 
investigação do comportamento humano na tentativa de explicar as regras morais de forma racional e 
fundamentada. Neste sentido, trata-se de uma reflexão sobre a moral. Desta maneira, pode-se afirmar que 
a ética é a parte da filosofia que estuda a moral, pois reflete e questiona sobre as regras morais”. 
 
 
 
30 
 
 
 
Ao apresentarmos a definição do conceito de Ética, percebemos a importância da aplicação 
desse conhecimento, os fatores positivos envolvidos sejam para Instituição Pública ou Privada, como 
também para a Sociedade como um todo. 
Já sabemos que o Programa de Compliance é alicerçado sobre alguns pilares, e não distinguindo 
nenhum desses alicerces, destacamos que um dos principais pilares passa pelo “Ser Ético”, contribuindo 
assim para que o programa, seja difundido, tenha a sua manutenção, perenidade e sucesso. 
O “Ser Ético”, transpassa o Programa de Compliance como um todo, mas tão importante quanto, 
é saber que todos os colaboradores, servidores públicos e àqueles que participam de alguma forma no 
contexto das relações comerciais, independentemente de nível hierárquico, devem viver o Ser Ético, em 
todos os momentos, ou seja, deve fazer parte do seu cotidiano, estar enraizado, estar entronizado, não 
apenas e unicamente ser um peso, uma obrigação em cumpri-lo por força de um código de ética, e por suas 
punições no caso de descumprimento. 
Com a cultura do Ser Ético disseminada entre os colaboradores, servidores públicos, nas 
organizações públicas e privadas, em todos os níveis hierárquicos, a aplicação do Programa de Compliance 
passa a ser natural para os mesmos, melhorando o nível de controle, impactando positivamente em fatores 
imateriais como a melhora do clima organizacional, imagem, bem como, contribuindo para a valorização, no 
resultado das Instituições. Outro ganho que a cultura do Ser Ético traz, é a participação, envolvimento, 
responsabilidade de todos no aperfeiçoamento do Programa de Compliance. 
Para convalidar o que escrevemos citamos Juan de Dios Pine da Guadarrama 
“(...) Se a ética tem a ver com a melhora das pessoas, também tem a ver com a 
melhora das instituições. Daí que devem ser institucionalmente muito valorados 
os mecanismos que ajudem aos administradores a comportar-se eticamente, 
tais como os códigos de comportamento, a aplicação das normas de controle e 
os conselhos cidadãos de vigilância. A liderança, para tanto, está 
indissoluvelmente unida ao comportamento ético. 
 
 
 
31 
 
 Daí a importância que os tomadores de decisões na gestão governamental 
possuam um sentido de serviço. As pessoas são capazes dos maiores esforços e 
sacrifícios se encontram sentido no que fazem. Transmitir esse sentido é a 
missão da liderança, pois uma das condições de ser líder é sua capacidade de 
influência. A principal missão do líder é desenvolver líderes ao seu redor. Líderes 
dispostos a defender e difundir os valores morais que sustentam a ação 
empreendida na gestão pública e na ética. ” 
 
Ao longo dos anos, no Brasil muitos foram os escândalos envolvendo empresas brasileiras, 
empresas multinacionais, empresas estatais, políticos, servidores públicos, colaboradores, que assaltaram o 
país, como tráfego de informações, informações privilegiadas, formação de quadrilhas, formação de cartel, 
dilapidação do patrimônio e dos cofres públicos, corrupção, lobby no Congresso Nacional em favor de 
algumas grandes corporações, envolvimento de políticos, envolvimento de servidores públicos. 
 Por conta da situação criada, por meio dos escândalos citados, onde parece que o país se 
encontrava à deriva, sem comandante, uma terra de ninguém, foram deflagradas várias operações, 
distribuídas em fases, onde o intuito foi único, o combate à corrupção, aos desvios, as fraudes, dentro das 
empresas estatais brasileiras, como também, das empresas privadas que mantinham relações com empresas 
governamentais. 
Com as operações acontecendo, a imprensa começa a dar destaque cada vez mais nos seus 
noticiários, a sociedade perplexa começa a conhecer um pouco do que estava escondido debaixo do tapete. 
Empresas dos mais diversos segmentos, corporativas ou públicas, independentemente em qual das esferas: 
federal, estadual, municipal, passam a fazer parte diariamente e negativamente do noticiário policial, e não 
do noticiário econômico. 
A exposição diária fez com que, praticamente fosse jogado no lixo toda uma história construída 
ao longo dos anos, a tradição, a qualidade dos produtos e serviços, reputação, nome da empresa, imagem 
de muitas delas, como também, em paralelo a prisão de Empresários de seus Presidentes, Ceo, 
Superintendentes, Controladores, que sentindo-se encurraladospassam a fazer acordos, chamados de 
delação premiada, onde por meio de depoimentos frente a juízes, contam como era o planejamento e o 
caminho da corrupção, as fraudes, quem eram os envolvidos, o que possibilita o levantamento e a 
desarticulação das quadrilhas que agiam dentro da Administração Pública. 
 
 
 
 
32 
 
Nesse período, vêm à tona quais eram as empresas públicas ou a elas equivalentes, secretarias 
e ministérios de governo, ministros, servidores públicos, detentores de cargos políticos, que não agiam de 
forma ética, e que estavam envolvidos com as quadrilhas, gangues, máfias, participando de ações 
criminosas, no intuito de facilitar ou até mesmo participar dos esquemas, que como já foi registrado 
anteriormente, sucateavam o patrimônio público, e geravam desvios financeiros de grande monta. 
A nação brasileira começa a sentir que esses prejuízos seriam irreparáveis à economia, ao 
crescimento, às empresas e as suas finanças e manutenção no mercado, à sociedade com o desaquecimento 
e encolhimento da economia, a chegada do desemprego em grande escala, ao cumprimento dos direitos 
sociais, como os programas direcionados à educação, moradia, segurança, saúde, lazer. 
Perante os investidores internos e externos, o Brasil por conta do volume de corrupção, fez com 
que os investidores passassem a olhar com desconfiança quanto a investir ou não. Essa decisão resultou em 
consequências inúmeras, entre elas o aumento do custo Brasil, seja por aumento na taxa de juros, ou com 
o aumento no número de desempregados e, por conseguinte o pagamento do seguro desemprego. 
Segundo Hely Lopes Meirelles a Administração Pública pode ser entendida 
como: “...o conjunto de órgãos instituídos para consecução dos objetivos do 
Governo; em sentido material, é o conjunto das funções necessárias aos serviços 
públicos em geral; em acepção operacional, é o desempenho perene e 
sistemático, legal e técnico, dos serviços próprios do Estado ou por ele assumidos 
em benefício da coletividade. Numa visão global, a Administração é, pois, todo 
o aparelhamento do Estado preordenado à realização de serviços, visando à 
satisfação das necessidades coletivas. ” 
Ainda segundo Hely Lopes Meirelles: “A Administração não pratica atos de 
governo; pratica, tão somente, atos de execução, com maior ou menor 
autonomia funcional, segundo a competência do órgão e de seus agentes. (...) 
O Governo comanda com responsabilidade constitucional e política, mas sem 
responsabilidade profissional pela execução; a Administração executa sem 
responsabilidade constitucional ou política, mas com responsabilidade técnica, 
e legal pela execução. A Administração é o instrumental de que dispõe o Estado 
para pôr em prática as opções políticas do Governo”. 
 
 
 
 
33 
 
 
Esse somatório de consequências, resultados ruins, exposições negativas, e perdas para ambas 
as partes, pública e privada, e especialmente para o País e, por conseguinte para a sociedade como um todo, 
vai desencadear o seu lado positivo no que se refere a Ética, com o Decreto Lei 1.171/94, que apresenta 
como referência a Comissão de Ética, que tem como abrangência todos os órgãos da Administração Pública 
Federal direta e indireta e órgão ou entidade que realiza atividades delegadas pelo poder público. 
A finalidade é orientar e aconselhar sobre a ética profissional do servidor, no trato com as 
pessoas e o patrimônio líquido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Para o Estado desempenhar suas atividades, utiliza-se dos agentes públicos que segundo 
Henrique Savonitti Miranda “A expressão “agente público” é utilizado para designar todo aquele que se 
encontre no cumprimento de uma função estatal, quer por representá-lo politicamente, por manter vínculo 
de natureza profissional com a Administração, por ter sido designado para desempenhar alguma atribuição 
ou, ainda, por se tratar de delegatório de serviço público”. 
Os agentes públicos, segundo Hely Lopes Meirelles, classificam-se em: 
Agentes políticos: são os componentes do Governo nos seus primeiros escalões, investidos em 
cargos, funções, mandatos ou comissões, por nomeação, eleição, designação ou delegação para o exercício 
de atribuições constitucionais. Esses agentes atuam com plena liberdade funcional, desempenhando suas 
atribuições com prerrogativas e responsabilidades próprias, estabelecidas na Constituição e em leis especiais 
(...). 
 
Agentes administrativos: são todos aqueles que se vinculam ao Estado ou às suas entidades 
autárquicas e fundacionais por relações profissionais, sujeitos à hierarquia funcional e ao regime jurídico 
determinado pela entidade estatal a que servem. São investidos a título de emprego e com retribuição 
pecuniária, em regra por nomeação, e excepcionalmente por contrato de trabalho ou credenciamento. (...) 
Os agentes administrativos não são membros de Poder de Estado, nem o representam, nem 
exercem atribuições políticas ou governamentais; são unicamente servidores públicos, com maior ou menor 
hierarquia, encargos e responsabilidades profissionais dentro do órgão ou da entidade a que servem (...) 
 
Agentes honoríficos: são cidadãos convocados, designados ou nomeados para prestar, 
transitoriamente, determinados serviços ao Estado, em razão de sua condição cívica, de sua honorabilidade 
ou de sua notória capacidade profissional, mas sem qualquer vínculo empregatício ou estatutário e, 
normalmente, sem remuneração (...) 
 
Agentes delegados: são particulares que recebem a incumbência da execução de determinada 
atividade, obra ou serviço público e o realizam em nome próprio, por sua conta e risco, mas segundo as 
normas do Estado e sob permanente fiscalização do delegante. (...) 
 
 
 
 
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Agentes credenciados: são os que recebem a incumbência da Administração para representá-la 
em determinado ato ou praticar certa atividade específica, mediante remuneração do Poder Público 
credenciante”. 
 
Com as definições e o entendimento sobre o que é de Administração Pública e Agentes Públicos, 
necessitamos saber então do que trata a Atividade Administrativa. A Atividade Administrativa tem como 
base a gestão de bens próprios, ou seja, públicos e de terceiros, quando o governo tem a guarda desses 
bens. 
O agente público deve buscar sempre, estar atento e ter o seu agir conforme o que preconiza o 
artigo 37 da Constituição Federal de 1988, quanto aos Princípios Constitucionais: ”Art. 37. A administração 
pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência“. 
O ente Estado só tem os seus objetivos alcançados por meio das atividades desenvolvidas pela 
Administração Pública, e essa só existe por conta, que as atividades, a execução e decisões do governo, são 
responsabilidade dos Agentes Públicos. 
Para que a Administração Pública consiga atender seus objetivos, sem se deixar envolver em 
desvios de conduta, ela deve se submeter às Leis e Normas Constitucionais, que vão embasar a conduta Ética 
dos Agentes Públicos que são servidores, ou seja, servem ao Estado. 
Com a volta dos civis ao poder no Brasil, e a nova Constituição Federal de 1988, a Carta Magna, 
com um apelo muito forte a sua obediência, pois passou a ser chamada a Constituição Cidadã, a 
Administração Pública vem buscando uma maior seriedade no tratar da coisa pública, o enxugamento da 
máquina pública, a busca pela qualidade no serviço público, a desburocratização, investimento em 
tecnologia, o compromisso com o bem comum, políticas públicas voltadas a uma gestão mais ética, tendo a 
base o artigo 37 que trata dos Princípios Constitucionais. 
Para que a Administração Pública possa alcançar seus objetivos, com base em um Programa de 
Compliance, buscando um grau de excelência nas suas atividades, é de fundamental importância o 
investimentocontínuo em capacitação dos Agentes Públicos, para que esses não sejam apenas eficientes, 
mas também eficazes na prestação de serviços, que desenvolvam o censo de auto responsabilidade, no 
entendimento que àquele serviço prestado não deva ser uma obrigação, e sim a contribuição para uma 
sociedade melhor. 
 
 
 
36 
 
Nesse contexto a Administração Pública deve ser incisiva quanto a exigência para que a 
excelência na prestação de serviços por parte do agente público, faça parte do seu cotidiano. 
Para que se crie a cultura do respeito, do bem servir à comunidade, do cuidado e zelo com o 
patrimônio público, a Administração Pública deve demonstrar em suas decisões uma postura responsável e 
ética, para que possa cobrar do funcionalismo público, por meio de seus controles, códigos de conduta, 
disciplinar, ético, e por meio de mecanismos de punição àquele servidor público que não esteja se 
comportando no desenvolvimento de suas atividades, com agir ético, pronto a servir, e não que queira 
apenas se servir. 
Cristina Seijo Suárez e Noel Añez Tellería, em artigo publicado pela URBE, descrevem os 
princípios da ética pública, que, conforme afirmam devem ser positivos e capazes de atrair ao serviço 
público, pessoas capazes de desempenhar uma gestão voltada ao coletivo. São os seguintes os princípios 
apresentados pelas autoras: 
“- Os processos seletivos para o ingresso na função pública devem estar ancorados no princípio 
do mérito e da capacidade, e não só o ingresso como carreira no âmbito da função pública; 
Como os concursos públicos, são o filtro para a entrada do futuro servidor público, é importante 
que na elaboração de seus editais, os mesmos cada vez mais busquem atrair bons profissionais. 
A formação continuada que se deve proporcionar aos funcionários públicos deve ser dirigida, 
entre outras coisas, para transmitir a ideia de que o trabalho a serviço do setor público deve realizar-se com 
perfeição, sobretudo porque se trata de trabalho realizado em benefícios de “outros”; 
Essa é uma mudança de postura por parte do futuro servidor público, onde mais do que almejar 
apenas a estabilidade, deve estar comprometido com o seu desenvolvimento contínuo. 
- A chamada gestão de pessoal e as relações humanas na Administração Pública devem estar 
presididas pelo bom propósito e uma educação esmerada. O clima e o ambiente laboral devem ser positivos 
e os funcionários devem se esforçar para viver no cotidiano esse espírito de serviço para a coletividade que 
justifica a própria existência da Administração Pública; 
O servidor público tem que estar imbuído da corresponsabilidade, ciente que a sua função tem 
como base servir à comunidade. 
- A atitude de serviço e interesse visando ao coletivo deve ser o elemento mais importante da 
cultura administrativa. A mentalidade e o talento se encontram na raiz de todas as considerações sobre a 
ética pública e explicam por si mesmos, a importância do trabalho administrativo; 
 
 
 
37 
 
A partir do momento que o servidor público sente-se pertencente ao meio que presta seu 
serviço, desempenha suas funções com responsabilidade, é cobrado a melhorar cada vez mais, recebe 
suporte de capacitação, a administração pública não mede esforços para proporcionar um bom ambiente 
de trabalho e uma remuneração justa, a aplicação da Ética se torna normal. 
- Constitui um importante valor deontológico potencializar o orgulho são que provoca a 
identificação do funcionário com os fins do organismo público no qual trabalha. 
Trata-se da lealdade institucional, a qual constitui um elemento capital e uma obrigação central 
para uma gestão pública que aspira à manutenção de comportamentos éticos; 
É função do governo resgatar por meio de suas decisões, tomadas de atitude, a valorização do 
servidor público perante à sociedade. Isso leva à aplicação dos comportamentos Moral e Ético por parte dos 
servidores públicos quando da execução de suas atividades. 
- A formação em ética deve ser um ingrediente imprescindível nos planos de 
formação dos funcionários públicos. Ademais se devem buscar fórmulas 
educativas que tornem possível que esta disciplina se incorpore nos programas 
docentes prévios ao acesso à função pública. Embora, deva estar presente na 
formação contínua do funcionário. No ensino da ética pública deve-se ter 
presente que os conhecimentos teóricos de nada servem se não se interiorizam 
na práxis do servidor público; 
 
Algumas formações, atitudes deveriam fazer parte da formação do servidor público, mas 
infelizmente, sem generalizar, na prática nem sempre é assim, seja porque o exemplo dos escalões 
superiores, dos políticos, dos empresários, no que se refere às relações com o poder público, com o cuidado 
da coisa pública, não é positivo, quando nos referimos ao comportamento Ético. 
No concurso público deve constar no edital o conteúdo abordando Ética. Nas atividades do 
agente público do cotidiano, a todo o momento deve ser lembrado o assunto Ética, bem como, o poder 
público deve fazer inserções na mídia, redes sociais, contemplando a Ética, em todas as relações, sociais, 
comerciais. 
O comportamento ético deve levar o funcionário público à busca das fórmulas mais eficientes e 
econômicas para levar a cabo sua tarefa; Quanto mais o agente público, for valorizado, respeitado, 
envolvido, responsável, mais ele entronizará o ser ético, gerando ganhos materiais e imateriais, para Ele, as 
Instituições Públicas e a Sociedade. 
 
 
 
38 
 
A atuação pública deve estar guiada pelos princípios da igualdade e não discriminação. Ademais 
a atuação de acordo com o interesse público deve ser o “normal” sem que seja moral receber retribuições 
diferentes do oficial que se recebe no organismo em que se trabalha; 
Quando o agente público tem em mente o quão importante é a sua atividade dentro da 
Administração Pública, exercita a Ética como algo normal, fará e desempenhará o seu papel, sem diferenciar 
ninguém, seja pessoa jurídica ou pessoa física. 
 
O funcionário deve atuar sempre como servidor público e não deve transmitir informação 
privilegiada ou confidencial. O funcionário como qualquer outro profissional, deve guardar o sigilo de ofício; 
 O agente público deve sempre ser lembrado que goza de fé pública, ou seja, na sociedade detém 
um lugar de destaque, independentemente da atividade que exerça ou do cargo que ocupe. Assim, o sigilo 
sobre informações recebidas ou sabidas, sobre quem quer que seja jamais deve servir de barganha, para 
obter qualquer tipo de vantagem indevida. 
 
O interesse coletivo no Estado social e democrático de Direito existe para ofertar aos cidadãos 
um conjunto de condições que torne possível seu aperfeiçoamento integral e lhes permita um exercício 
efetivo de todos os seus direitos fundamentais. Para tanto, os funcionários devem ser conscientes de sua 
função promocional dos poderes públicos e atuar em consequência disto. 
Um dos grandes desafios da Administração Pública é retornar à sociedade por meio da prestação 
de serviços de qualidade, àquilo que ela recebeu e que apenas deve gerir, e não se apropriar, que são os 
tributos, em especial os impostos. O agente público tem papel fundamental para o atingimento desse 
objetivo. 
Com o passar do tempo a Administração Pública desenvolveu, aprimorou mecanismos de 
controles, de fiscalização, com o intuito de que o ser ético, não seja algo estranho, ou um diferencial, mas 
que a Sociedade se sentisse partícipe, e que passasse a ter acesso às informações, como aplicação dos 
recursos públicos recebidos, programas públicos voltados à sociedade. A eficiência e a eficácia dos 
mecanismos de controle passam pela participação cada vez maior dos cidadãos, por meio dos canais à 
disposição. 
 
 
 
 
 
39 
 
As Ouvidorias são um ótimo exemplo de escuta ao cidadão, que basicamente fazem parte de 
todos os organogramas dos órgãos da Administração Pública Diretae Indireta, Sociedade de Economia Mista, 
Fundações. Também o Portal da Transparência, onde o cidadão tem à sua disposição todas as informações, 
acessando a página do órgão público via internet. 
Somos um país para efeito histórico no que se refere à Democracia, ainda muito novo, 
comparado com outros países, onde a Democracia já é exercida há centenas e milhares de anos. A Sociedade 
Brasileira ainda está amadurecendo no que se refere aos seus direitos e porque não, deveres. 
Os instrumentos de controle da Administração Pública sejam de acompanhamento ou 
fiscalização, aplicados pelos diversos órgãos públicos, contribuem para a disseminação do Ser Ético, entre os 
agentes públicos, bem como, muitas vezes para expurgar os maus agentes públicos da Administração 
Pública. 
Para que a Administração Pública tenha êxito na propagação do Ser Ético, junto aos agentes 
públicos, é importante que desenvolva uma consciência coletiva, por meio de investimentos de cursos, 
capacitações, treinamentos, estudos, como também juntos aos órgãos públicos, sejam ampliados e 
aprimorados os canais de comunicação à disposição da Sociedade, sempre tendo como base, o emprego dos 
Princípios Éticos. 
Como forma de não apenas se tratar de um mecanismo que apenas fiscalize, mas também, 
valorize, e até mesmo puna punição agentes públicos, importantíssimo por parte dos órgãos que compõe, 
integram a Administração Pública, a elaboração, implantação e aplicação e acompanhamento da prática dos 
artigos dos códigos de Ética. A efetivação dos Códigos de Ética nos órgãos públicos possibilita junto aos 
agentes públicos, uma maior cobrança, envolvimento, aceitabilidade, responsabilidade e porque não 
mudança de conduta desses. 
A aplicação dos Princípios Éticos, a criação da cultura ética, é uma via de mão dupla, ou seja, 
comportamental tanto do Governo Federal, Estadual, Municipal, quanto da Sociedade que deve ser instigada 
a participa como um agente político, como forma de conscientizar a população da importância do seu papel, 
conhecendo seus direitos e deveres constitucionais, e mais que isso, exercendo a democracia na plenitude 
e soberana. 
Para que tenhamos uma sociedade formada por cidadãos éticos, consciente dos seus direitos e 
deveres, democracia, cidadania, ética devem fazer parte da discussão em inúmeras disciplinas do ensino 
básico, fundamental, médio, superior e pós-graduação. 
 
 
 
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Essa articulação em torno da Ética contribui também, para quando o cidadão venha a se tornar 
um agente público, ou exerça função pública, o ser ético esteja presente em todas as suas atividades, 
decisões. 
Leis como a Lei 8.429/92 que trata da Improbidade Administrativa, a Lei de Responsabilidade 
Fiscal- 101/00 contribuem de sobremaneira eficiente e eficaz, para que a Ética esteja presente nas atividades 
exercidas, e executadas de forma responsável pelos agentes públicos, contribuindo para que a gestão 
pública seja mais respeitada, diminuindo a prática de relações incestuosas entre o poder público e poder 
privado, o trâmite do poder paralelo com o tráfico e informações privilegiadas nas três esferas de poder. 
Poder paralelo esse que tanto mal faz ao país, nas áreas econômica, financeira, social, e que o principal 
objetivo da Administração Pública seja alcançado, o interesse social. 
Como forma de demonstrar que é possível a prática cotidiana da Ética na Administração Pública, 
pelos seus agentes públicos, apresentamos alguns pontos, que foram descritos no artigo escrito por Andrés 
Sanz Mulas, e publicado pela Escuela de Relaciones Laborales da Espanha: “Para desenhar uma ética das 
Administrações seria necessário realizar as seguintes tarefas, entre outras: 
- Definir claramente qual é o fim específico pelo qual se cobra a legitimidade social; 
- Determinar os meios adequados para alcançar esse fim e quais valores é preciso incorporar 
para alcançá-lo; 
- Descobrir que hábitos a organização deve adquirir em seu conjunto e os membros que a 
compõem para incorporar esses valores e gerar, assim, um caráter que permita tomar decisões 
acertadamente em relação à meta eleita; 
- Ter em conta os valores da moral cívica da sociedade em que se está imerso; 
- Conhecer quais são os direitos que a sociedade reconhece às pessoas. “ 
Mudança, essa é a palavra, é a mola propulsora, o querer que aconteça, para que tenhamos uma 
Administração Pública Federal, Estadual e Municipal comprometidas com a Ética, uma gestão pública Ética, 
voltada aos princípios constitucionais, ao interesse público. 
Onde o jeitinho na gestão pública no que se refere ao tratamento da coisa pública, dê lugar a 
uma gestão pública austera, séria, com responsabilidade, menos burocrática, inovadora, livre de velhos 
ranços em especial de empresários, lobistas, políticos, agentes públicos que são verdadeiros parasitas, que 
só corrompem e desvirtuam os interesses da sociedade. 
 
 
 
 
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Os agentes públicos devem ser cada vez mais valorizados, capacitados, preparados para atingir 
o propósito maior que é o bem coletivo, sem deixar de existir os mecanismos de controle e que esses sejam 
cada vez mais aperfeiçoados, como forma de acompanhamento, e punição se for o caso, para que o ser ético 
predomine em todas as suas atividades e tomadas de decisão. 
Essa mudança relacionado a aplicação da Ética em toda a Gestão Pública, só ocorrerá em todas 
as instâncias, órgãos, níveis hierárquicos, se a sociedade estiver consciente da importância do seu papel 
ético, bem como, do poder de polícia que pode exercer na exigência de uma Administração Pública séria, 
eficiente e eficaz, comprometida com a Ética visando o bem comum. 
Essa conscientização por parte da sociedade da exigência e necessidade de uma Administração 
Pública, agindo eticamente de forma integral, segundo os Princípios elencados na Carta Magna, só ocorrerá 
se houver uma mudança de postura, atitudes dos cidadãos, começando com as pequenas coisas. 
Há um longo caminho a ser percorrido, na busca da maturidade do Ser Ético, na Sociedade ou na 
Administração Pública, mas não podemos esquecer que já avançamos, seja no acompanhamento das 
atividades administrativas desempenhadas pelos agentes públicos, nos canais de transparência, nas 
operações deflagradas no combate a corrupção, na elaboração e aplicação de Leis com fins específicos para 
a punição penal daqueles que se apropriam indevidamente da coisa pública. 
Uma sociedade mais justa, livre, igualitária, soberana, participativa do processo decisório, com 
respeito ao pluralismo das ideias, onde o bem comum seja a tônica, conforme nossos preceitos 
constitucionais ocorrerão na medida em que ela mesma, e que Administração Pública, por meio dos seus 
agentes públicos hajam de forma Ética. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4. OS CONTROLES NA ADMINISTRAÇÃO PUBLICA 
 
4.1 CONTROLE INTERNO MUNICIPAL 
O QUE É CONTROLE INTERNO? 
É o plano da organização, todos os métodos e medidas coordenadas adotadas pela empresa para 
salvaguardar seus ativos, verificar a adequação e confiabilidade de seus dados contábeis, promover a 
eficiência operacional e estimular o respeito e obediência às políticas administrativas fixadas pela gestão 
(AICPA – American Institute of Certified Public Accountants). 
O Controle começa pelas Unidades Administrativas e não podem funcionar isoladamente, essas 
estruturas damos o nome de “Sistema de Controle Interno”. 
 
 
FIGURA 3 – PAIVA, Rodrigo. Significados do controle. 
Fonte: Disponível em:.Acesso em: 25 maio 2019. 
 
“Controle Interno” significa na Administração Pública, que o controle será exercido por 
servidores da própria entidade auditada, conforme as normas, regulamentos e procedimentos por ela 
própria determinada, em consonância, com os objetivos e os preceitos gerais da Constituição Federal e das 
leis que regem o setor público. 
 
 
 
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O “Controle Interno” em essência deve