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MODELO DE INDISPONIBILIDADE DE COMPONENTES CONSIDERANDO A DEGRADAÇÃO DEVIDA AO HISTÓRICO TOTAL DE DEMANDAS E ENVELHECIMENTO - UMA APLICAÇÃO A GERADORES DIESEL DE EMERGÊNCIA DE USINAS NUCLEARES João Márcio Lima do Nascimento Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Nuclear, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Engenharia Nuclear. Orientador: José de Jesús Rivero Oliva Rio de Janeiro Março de 2021 MODELO DE INDISPONIBILIDADE DE COMPONENTES CONSIDERANDO A DEGRADAÇÃO DEVIDA AO HISTÓRICO TOTAL DE DEMANDAS E ENVELHECIMENTO - UMA APLICAÇÃO A GERADORES DIESEL DE EMERGÊNCIA DE USINAS NUCLEARES João Márcio Lima do Nascimento TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA NUCLEAR. Orientador: José de Jesús Rivero Oliva Aprovada por: Prof. José de Jesús Rivero Oliva Profa. Andressa dos Santos Nicolau Prof. Carlos André Vaz Júnior Dr. Pedro Luiz da Cruz Saldanha Dr. Márcio Zamboti Fortes RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL MARÇO DE 2021 iii Nascimento, João Márcio Lima do Modelo de indisponibilidade de componentes considerando a degradação devida ao histórico total de demandas e envelhecimento - uma aplicação a geradores diesel de emergência de usinas nucleares/Nascimento, João Márcio Lima do Nascimento. - Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2021. XIV, 74 p.: il.; 29, 7cm. Orientador: José de Jesús Rivero Oliva Tese (doutorado) - UFRJ/COPPE/Programa de Engenharia Nuclear, 2021. Referências Bibliográficas: p. 70 - 73. 1. Station Blackout. 2. Modelos de indisponibilidade. 3. Testes periódicos. 4. Manutenção fora de serviço. 5. RIDM 2. I. Oliva, José Jesús Rivero. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Nuclear. III. Título. iv Dedicatória Aos meus amados pais: Haydelene e João Baptista v Agradecimentos Agradeço a Deus pela trajetória abençoada que me foi oferecida. Agradeço aos familiares e amigos que ajudaram a consolidar os valores familiares transmitidos por meus pais. Agradeço a todos companheiros de trajetória acadêmica e profissional. Agradeço à COPPE/UFRJ, minha casa por cerca de uma década. Agradeço a todos os membros do PEN pelo apoio sem o qual nada teria sido possível. Agradeço à CNEN, minha casa por cerca de duas décadas, por mais esta oportunidade. Agradeço aos colegas de CNEN de várias gerações pelo aprendizado e pelo convívio. Agradeço em especial aos colegas que me ajudaram a seguir o rumo deste trabalho. vi Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D. Sc.) MODELO DE INDISPONIBILIDADE DE COMPONENTES CONSIDERANDO A DEGRADAÇÃO DEVIDA AO HISTÓRICO TOTAL DE DEMANDAS E ENVELHECIMENTO - UMA APLICAÇÃO A GERADORES DIESEL DE EMERGÊNCIA DE USINAS NUCLEARES João Márcio Lima do Nascimento Março/2021 Orientador: José de Jesús Rivero Oliva Programa: Engenharia Nuclear Este trabalho apresenta um modelo de indisponibilidade que considera a degradação provocada por todo histórico de demandas de componentes em prontidão, não apenas a degradação provocada pelos testes periódicos programados, mas também as demandas reais e demandas adicionais relacionadas a manutenções corretivas quando é detectada falha latente do componente no teste periódico. O modelo é aplicado para avaliar o efeito dos testes adicionais em Geradores Diesel de Emergência de uma usina nuclear. Estes testes adicionais não são considerados pelos modelos disponíveis na literatura. Os resultados mostram que a testagem excessiva dos Geradores Diesel de Emergência durante seu ciclo de vida leva a um aumento significativo de sua indisponibilidade, com reflexos na frequência de dano ao núcleo ao final do período de revisão geral do componente. Este incremento pode justificar a antecipação da revisão geral do componente em um ou dois ciclos de trabalho. vii Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulllment of the requirements for the degree of Doctor of Science (D. Sc.) COMPONENT UNAVAILABILITY MODEL CONSIDERING THE COMPREHENSIVE DEMANDS RECORD DEGRADATION AND AGING - AN APPLICATION TO AN NUCLEAR POWER PLANTS EMERGENCY DIESEL GENERATORS João Márcio Lima do Nascimento March/2021 Advisor: José de Jesús Rivero Oliva Departament: Nuclear Engineering This work presents an unavailability model which considers standby component degradation due to repeated startups, including not only planned surveillance tests, but also additional startups due to real demands and, in cases when the component latent fault is detected by the planned test, extra tests related to corrective maintenance. The model is applied to evaluate the effect of additional tests on Emergency Diesel Generators from a Nuclear Power Plant’s On Site Power System. These additional tests are not considered in traditional reliability models. The results show that excessive Diesel Generator testing during its working life may lead to a significant increase of component unavailability with reflections on the core damage frequency at the end of its overhaul maintenance period. This increment could justify anticipation of the component overhaul maintenance in one or two working cycles. viii Sumário Capítulo 1 1 Introdução 1 1.1 Motivação 1 1.2 Problema 4 1.3 Objetivo 4 1.4 Organização do Documento 5 Capítulo 2 7 Revisão Bibliográfica 7 2.1 Evolução da Base Normativa do Evento Station Blackout 7 2.2 Evolução da Base Normativa do Evento LOCA 13 2.3 Política de Testes Periódicos e Manutenção 16 2.4 Destaques da Revisão Bibliográfica 22 Capítulo 3 24 Marco Teórico 24 3.1 Indisponibilidade de Componentes Considerando as Contribuições dos Testes e Reparos 24 3.2 Modelagem da Indisponibilidade de Componentes 25 3.2.1 Modelo de indisponibilidade sem desgaste por testes e sem envelhecimento 29 3.2.2 Modelo de indisponibilidade com envelhecimento e sem desgaste por testes 29 3.2.3 Modelo de indisponibilidade com desgaste por testes e sem envelhecimento 30 3.2.4 Modelo de indisponibilidade com desgaste por testes e com envelhecimento 31 ix 3.2.5 Avaliação dos modelos de indisponibilidade lineares tradicionais 32 Capítulo 4 34 Propostas de modelos de indisponibilidade 34 4.1 Quantificação linear da Indisponibilidade 34 4.1.1 Modelo de Indisponibilidade linear com desgaste por partidas em manutenção e sem Envelhecimento 36 4.1.2 Modelo de Indisponibilidade linear com desgaste por partidas em manutenção e com Envelhecimento 37 4.2 Histórico de partidas dos Geradores diesel de Emergência 38 Capítulo 5 44 Modelo de Indisponibilidade Não Linear Paramétrico 44 Capítulo 6 49 Caso de estudo 49 6.1 Motivação 49 6.2 Descrição do Sistema 50 6.3 Tarefas de Simulação 52 Capítulo 7 54 Discussão de Resultados 54 Capítulo 8 67 Conclusões e TrabalhosFuturos 67 Referências Bibliográficas 70 Apêndice I 74 Disponibilidade de Dados 74 x Lista de Figuras Figura 2.1 – Diagrama simplificado de um sistema de injeção de segurança de alta pressão Figura 4.1 – Histórico de partidas de um Gerador Diesel Figure 6.1 – Sistema On Site Power Figura 7.1 – Indisponibilidade média do GDE para um período de dez ciclos de trabalho considerando Nadd = 0 Figura 7.2 – Comportamento da FDN durante dez ciclos de trabalho considerando Nadd = 0 xi Lista de Tabelas Tabela 2.1 – SBOMC em função da Confiabilidade dos Geradores Diesel de Emergência Tabela 2.2 – Contribuições de risco causadas por testes e suas causas raiz Tabela 4.1 – Histórico de partidas de um Gerador Diesel Tabela 4.2 – Parâmetros de Confiabilidade Tabela 4.3 – Indisponibilidades médias por período Tabela 7.1 – Indisponibilidade média do GDE considerando Nadd = 0 Tabela 7.2 – Indisponibilidade média do GDE considerando Nadd = 1 Tabela 7.3 – Indisponibilidade média do GDE considerando Nadd = 2 Tabela 7.4 – FDN (ano-1) considerando Nadd = 0 Tabela 7.5 – FDN (ano-1) considerando Nadd = 1 Tabela 7.6 – FDN (ano-1) considerando Nadd = 2 Tabela 7.7 – Importância Fussell-Vesely do evento EDGFS para Nadd = 0 Tabela 7.8 – FDN (ano-1) considerando Nadd = 0 para uma configuração 2 of 4 EDG com um subsistema indisponível xii Lista de Símbolos erf função de erro [-] m número de testes executados anteriormente no ciclo de trabalho [-] 𝑛 número total de períodos de teste [-] n0 número inicial de demandas [-] nd número total de demandas do equipamento [-] p1 fator de degradação por demanda [-] p2 fator de degradação por tempo em prontidão [-] �̅� indisponibilidade média [-] 𝑅0 FDN avaliada quando o componente está disponível [ano -1] 𝑅1 FDN avaliada quando o componente está indisponível [ano -1] 𝑅𝐶 Risco causado pelo teste [ano -1] 𝑅𝐷 Risco detectado pelo teste [ano -1] 𝑅𝑑𝑜𝑤𝑛 Risco devido à indisponibilidade do equipamento durante a execução do teste [ano-1] 𝑅𝑠𝑡𝑎𝑡𝑒 Risco devido a configuração do teste ou erro ao recuperar o componente [ano -1] 𝑅𝑇 Impacto Total ao Risco do teste é definido [ano -1] 𝑅𝑡𝑟𝑖𝑝 Risco de desligamento do reator causado pelo teste [ano -1] 𝑅𝑤𝑒𝑎𝑟 Risco devido ao desgaste de equipamento provocado [ano -1] 𝑡 tempo decorrido desde o último teste [horas] 𝑇 Intervalo entre testes periódicos [horas] T0 tempo de trabalho de ciclos de trabalhos anteriores Tc Duração do ciclo de trabalho [horas] 𝑇𝑟 duração média do reparo [horas] 𝑇𝑡 duração média do teste [horas] xiii Letras gregas α fator de envelhecimento [hora-1 ano-1] β1 parâmetro de impacto na probabilidade de falha por demanda associado ao número de demandas [-]; β2 parâmetro de impacto na taxa de falha associado ao número de demandas [-] β3 parâmetro de impacto na taxa de falha associado ao tempo de envelhecimento [-] δ número de demandas adicionais; 𝜆0 taxa de falha residual [hora -1]; 𝜆 taxa de falha [hora-1] 𝜌 probabilidade de falha em demanda [-] 𝜌0 probabilidade de falha em demanda residual [-] xiv Subscrito 0 Residual add Adicionais eff Efetivo pmt Pós-manutenção MAX Máxima 1 Capítulo 1 Introdução 1.1 Motivação Ao longo das últimas décadas, as bases normativas da indústria nuclear foram objeto de um constante aperfeiçoamento motivado pela experiência operacional acumulada pelas usinas e, especialmente, das lições aprendidas a partir dos acidentes de Three Mile Island (USNRC, 1979), Chernobil (IAEA, 1992) e Fukushima (IAEA, 2015). Com relação aos Geradores Diesel de Emergência (GDEs), destaca-se a evolução da base normativa relacionada aos eventos de Station Blackout e acidentes com perda de refrigerante (Loss of Coolant Accident - LOCA), dois eventos iniciadores com importante demanda sobre os Geradores Diesel de Emergência. Em 1975, a United States Nuclear Regulatory Commission (USNRC) publicou o Reactor Safety Study, WASH 1400 (USNRC, 1975), que foi a primeira avaliação integrada do risco derivado da operação de usinas nucleares mediante uma metodologia atualmente conhecida como Análise Probabilística de Segurança (APS). Este estudo apontou o Station Blackout como um dos eventos que pode apresentar uma contribuição importante ao risco e, por este motivo, a USNRC declarou o Station Blackout como questão de segurança não resolvida (Unsolved Safety Issue – USI). No caso dos Geradores Diesel de Emergência, um programa apropriado de testes periódicos e manutenção é especialmente importante, pois além de verificar o atendimento da usina às Especificações Técnicas e a permanência dentro de sua Base de Projeto (USNRC, 1995a), os Geradores Diesel de Emergência são necessários para mitigar as consequências dos acidentes além da Base de Projeto. Em 2016, a Agência Internacional de Energia (International Agency of Atomic Energy - IAEA) publicou a Revisão 1 do Specific Safety Requirements No. SSR-2/1 – 2 Safety of Nuclear Power Plants: Design (IAEA, 2016). É importante destacar que a Revisão 1 do SSR-2/1 é um documento que não tem a natureza de um relatório sobre o acidente de Fukushima. O objetivo desta Revisão é incorporar aos requisitos de segurança para o projeto de usinas nucleares as lições aprendidas no acidente de Fukushima. A dinâmica do acidente, na qual um terremoto seguido de uma maremoto que afetou o sítio da usina indisponibilizando diversos sistemas de segurança e comprometendo especialmente a alimentação de energia elétrica devido a um evento de Station Blackout prolongado, levou a uma mudança conceitual muito importante nos requisitos de segurança dos projetos de usinas nucleares: O conceito de Acidente Base Além da Base de Projeto, condição extremamente improvável na qual o acidente demanda recursos além dos disponíveis para levar a usina a uma condição segura, é substituído pelo conceito de Operação em Base de Projeto Estendida. Nesta condição operacional pós-acidente, mesmo ocorrendo perda da integridade do núcleo, é necessário garantir que sejam disponibilizados recursos para mitigar as consequências do acidente. Assim, com relação ao fornecimento de energia elétrica para a usina, é determinado que fontes Alternativas de Corrente Alternada (ACA) estejam disponíveis durante Operação em Base de Projeto Estendida. Várias iniciativas foram tomadas para dar resposta ao Station Blackout como desafio à segurança. Uma das principais vias identificadas foi a preservação da confiabilidade do sistema de fornecimento de energia elétrica interna (On Site Power) em níveis elevados mediante uma política adequada de testes periódicos e manutenção. Esta política deve possibilitar que a confiabilidade dos Geradores Diesel de Emergência permaneça acima dos valores definidos como metas pelo US Nuclear Regulatory Commission Regulation (NUREG) 1032 (USNRC, 1988a) e no USNRC Regulatory Guide 1.155 (USNRC, 1988b). Por meio de dos testes periódicos, podem ser identificadas falhas latentes dos Geradores Diesel de Emergência que permanecem em prontidão. A principal contribuição positiva de um teste periódico é, portanto, a identificação e correção de falhas assim como a interrupção do progresso daquelas que estavam em desenvolvimento. Infelizmente, existem também contribuições adversas, tais como, desgaste adicional do componente, risco de desligamento da usina (trip) devido a transientes gerados pelo teste, e a 3 possibilidade de erro de realinhamento do componente após a execução do teste. Os efeitos de algumas destas contribuições adversas não são suficientemente considerados nos modelos de indisponibilidade conhecidos. Por outra parte, a base normativa do evento Acidente com Perda de Refrigerante (Lossof Coolant Accident - LOCA) também evoluiu ao longo das últimas décadas devido ao acúmulo da experiência operacional. Em 2010, a USNRC publicou uma atualização normativa, 10 Code of Federal Regulations 50 (10CFR50.46) (USNRC, 2010), com uma nova classificação dos eventos LOCA em duas regiões. Uma primeira região, para rupturas do primário de tamanho inferior a um valor denominado Tamanho de Ruptura de Transição (Transition Break Size- TBS) e uma segunda região, para rupturas acima do TBS, com alta taxa de perda de refrigerante que demanda mais recursos para manter a remoção de calor residual e preservar a integridade do núcleo. Os eventos da segunda região são considerados extremamente improváveis em comparação com os eventos da primeira região. De acordo com esta nova regulamentação do evento LOCA, os requisitos regulatórios para o Sistema de Refrigeração de Emergência do Reator (Emergency Core Cooling System- ECCS), para rupturas de tubulação menores que o TBS, permanecem os mesmos previstos no 10CFR50.46 (USNRC, 2010). No entanto, devido ao fato de a ocorrência de eventos na segunda região, acima do TBS, ter uma probabilidade consideravelmente menor que os da primeira, os requisitos regulatórios adotados para eventos de ruptura de tubulação acima do TBS podem ser menos conservativos. Assim, a nova regulamentação do LOCA determina que eventos de ruptura de tubulação maiores que o TBS passam a ser considerados acidentes além da Base de Projeto ou em Base de Projeto Estendida. Estes eventos permanecem sob controle regulatório e a nova regra do LOCA determina que seja assegurada a capacidade de mitigar todo espectro de LOCA. No entanto, para eventos LOCA acima do TBS, não é necessário postular o evento de LOCA concomitante com um evento de perda de alimentação de energia elétrica externa (Loss of Offsite Power- LOOP). (CHO, et al., 2000) e (LIM, et al., 2007) abordaram esta mudança de base normativa para avaliar o impacto de uma flexibilização no tempo de partida requerido aos 4 Geradores Diesel de Emergência, que é critério de aceitação na realização dos testes periódicos. Este tempo, anteriormente determinado pelas exigências extremas de um grande LOCA, acima do TBS, concomitante com LOOP, poderia ser aumentado para atender com maior confiabilidade acidentes mais frequentes previstos nas bases de projeto. Neste contexto, o presente trabalho é motivado pela necessidade de avaliar os impactos na política de testes periódicos e manutenção dos Geradores Diesel de Emergência derivados da evolução dos requisitos regulatórios e bases normativas. Estes impactos ainda não foram estudados de forma integrada suficientemente. Isto se refere especificamente ao aumento da frequência de testes em condições de desgaste conjuntamente com critérios de aceitação rígidos que levam a uma maior quantidade de testes mal sucedidos que geram, por sua vez, uma maior indisponibilidade por manutenção corretiva e ao desgaste devido ao aumento do número de testes pós- manutenção. 1.2 Problema As mudanças nas bases normativas dos eventos SBO e LOCA apresentam consequências possivelmente conflitantes entre si, possibilitando ora um maior rigor, ora um relaxamento de requisitos regulatórios relacionados às políticas de testes periódicos e de manutenção dos Geradores Diesel de Emergência. Por este motivo, é necessário avaliar o impacto ao risco derivado destas mudanças. Contudo, não há uma ferramenta que permita uma avaliação integrada do efeito que as diversas modificações das bases normativas têm sobre a política de testes periódicos e manutenção dos Geradores Diesel de Emergência, especialmente com relação à periodicidade dos testes e aos seus critérios de aceitação. 5 1.3 Objetivo O objetivo deste trabalho é desenvolver um modelo de indisponibilidade que considere envelhecimento e o desgaste provocado por todas partidas dos Geradores Diesel de Emergência do sistema On Site Power de uma usina nuclear durante o ciclo de vida dos Geradores Diesel de Emergência. Ou seja, o modelo contempla partidas devidas a testes periódicos, partidas relacionadas à manutenção fora de serviço (Maintenance Out of Service - MOOS) e, finalmente, às demandas reais dos Geradores Diesel de Emergência devido às eventuais perdas de alimentação externa da usina (Loss of Off Site Power - LOOP). Através deste modelo é possível quantificar a variação dos valores de indisponibilidade dos Geradores Diesel de Emergência decorrente de diferentes políticas de manutenção e testes periódicos que impliquem em um maior ou menor número de partidas dos Geradores Diesel de Emergência ao longo de seu ciclo de vida. O impacto no risco total da usina decorrente da variação da indisponibilidade dos Geradores Diesel de Emergência, devida a políticas de manutenção mais ou menos rigorosas, é avaliado através da utilização de um modelo de APS de uma usina nuclear. 1.4 Organização do Documento O Capítulo 2 apresenta a Revisão Bibliográfica dividida nos seguintes tópicos: • Evolução da Base Normativa do Station Blackout; • Evolução da Base Normativa do LOCA; • Política de Testes Periódicos e Manutenção Corretiva. No Capítulo 3, Marco Teórico, são apresentados modelos matemáticos estudados na pesquisa bibliográfica e, a partir destes modelos, no Capítulo 4, são propostos modelos lineares de indisponibilidade que permitem quantificar as contribuições à indisponibilidade do desgaste provocado pelos testes, periódicos e pós-manutenção, e pelo envelhecimento. No Capítulo 5, é apresentado um modelo não linear de 6 indisponibilidade que permite a quantificação da indisponibilidade decorrente de diferentes políticas de manutenção e das demandas reais dos Gerador Diesel. No Capítulo 6 é apresentado o caso de estudo, uma série de simulações sobre o impacto na Frequência de Dano ao Núcleo (FDN) das variações da indisponibilidade verificadas no modelo proposto no Capítulo 5. No Capítulo 7 é apresentada a discussão dos resultados das simulações. Por fim, no Capítulo 8 são apresentadas as conclusões e as sugestões deste trabalho. 7 Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 2.1 Evolução da Base Normativa do Evento Station Blackout Station Blackout de uma usina nuclear é um evento definido (USNRC, 1975) (USNRC, 1988a) (USNRC, 1988b) como a perda de alimentação externa (LOOP) concomitante com desligamento da turbina e falha do sistema de suprimento interno de energia elétrica de emergência (On Site Power), mas sem a perda de alimentação de corrente alternada através de baterias e inversores. O WASH 1400 (USNRC, 1975) estabeleceu uma metodologia de Análise Probabilística de Segurança de usinas nucleares baseada em uma divisão de tarefas que, uma vez combinadas, produzem como resultado final uma avaliação global do risco associado a uma usina nuclear. Deste modo, a determinação final do risco é dividida em três tarefas principais: • Tarefa I – Identificação dos potenciais acidentes e quantificação de suas frequências de ocorrência e da liberação de radiação ao ambiente associada; • Tarefa II – Após a obtenção dos resultados da Tarefa I, é calculado como a radiação se distribui no ambiente e suas consequências para o público e propriedades; • Tarefa III – Por fim, é feita uma ponderação entre as consequências obtidas na Tarefa II e suas frequências, obtidas na Tarefa I, e assim obtém-se uma estimativa do risco total decorrente de acidentes nucleares. Este trabalho se limita ao estudo da quantificação da frequência de dano ao Núcleo, APS nível I, realizado durante a execução da Tarefa I. A análise dos valores das 8 frequências de ocorrência obtidos possibilita uma avaliação da adequação dos requisitos de confiabilidade dos componentes e sistemas envolvidos nas sequências acidentais com maior contribuição aorisco. Assim, este trabalho mantém o foco na metodologia proposta no WASH 1400 (USNRC, 1975) para a realização da Tarefa I (Identificação dos potenciais acidentes e quantificação de sua frequência de ocorrência de acidentes com liberação de radiação ao ambiente associada) devido ao fato de que política de testes periódicos e manutenção está mais relacionada à redução das probabilidades das sequências acidentais do que às consequências dos acidentes. A metodologia utilizada para a definição das probabilidades das sequências acidentais utilizada pelo WASH 1400 (USNRC, 1975) é a da modelagem através de árvores de eventos e de árvores de falhas apresentada no Addedum I, "An Over-view of Event Tree and Fault Tree Methodology and the Handling of Common Mode Failure", do WASH 1400 (USNRC, 1975). Um dos resultados relevantes do WASH 1400 (USNRC, 1975) foi a conclusão de que as falhas dependentes são contribuintes importantes ao risco das usinas nucleares. O evento Station Blackout pode acarretar falhas dependentes nos equipamentos de segurança ativos, especialmente os que não são alimentados por energia elétrica através de baterias e inversores. Em 1979 a USNRC declarou o evento Station Blackout como questão de segurança não resolvida (Unsolved Safety Issue 44 - USI.44) e, por este motivo, verificou a necessidade de aprofundar o entendimento desta questão de modo a estabelecer critérios regulatórios adequados. Para abordar a USI.44, foi implementado um plano de ação (Task Plan Action 44 - TPA.44) que levou, em 1988, à publicação do NUREG 1032 – Evaluation of Station Blackout Accidents at Nuclear Power Plants (USNRC, 1988a), que apresentou as conclusões técnicas decorrentes do TAP.44. Estas conclusões estabeleceram as bases para o Regulatory Guide 1.155 - Station Blackout (USNRC, 1988b). Em 2003, o NUREG 1776 – Regulatory Effectiveness of the Station Blackout Rule (USNRC, 2000) publicou uma avaliação da efetividade da implementação da regra do evento de Station Blackout estabelecida pelo Regulatory Guide 1.155 (USNRC, 1988b). 9 O NUREG 1032 (USNRC, 1988a) apresenta de forma consolidada os estudos feitos após a publicação do WASH 1400 (USNRC, 1975) abordando, basicamente, os seguintes tópicos: • Frequência e duração da LOOP; • Confiabilidade das fontes de corrente alternada de emergência (internas e externas); • Frequência e duração do Station Blackout; • Capacidade de mitigar o Station Blackout (Station Blackout Mitigation Capability - SBOMC); • Análise das sequências acidentais; • Avaliação das características dominantes do Station Blackout. Os tópicos acima foram estudados com base na experiência de diversas usinas, levando em consideração aspectos externos às usinas, que podem influenciar a frequência e a duração do evento de LOOP, e aspectos inerentes ao projeto da usina, tais como as possíveis configurações dos sistemas de On Site Power e políticas de testes periódicos e manutenção. O Regulatory Guide 1.155 (USNRC, 1988b) estabelece metas de confiabilidade para os Geradores Diesel de Emergência e valores aceitáveis da SBOMC como função das características meteorológicas, de projeto do sistema externo de fornecimento de energia (Offsite Power) ao qual a usina está ligada, da configuração dos Geradores Diesel de Emergência adotada no sistema e demais características do projeto do sistema On Site Power da usina. A Tabela 2.1 (USNRC, 1988b) mostra as metas estabelecidas para diferentes condições possíveis baseadas em uma classificação em três grupos dos sistemas Offsite Power (P1, P2 e P3) e três tipos de configuração dos Geradores Diesel de Emergência no sistema On Site Power (A, B e C). A classificação dos sistemas Offsite Power leva em consideração características tais como, número de circuitos alternativos, independência destes circuitos, aspectos meteorológicos e outras variáveis que podem contribuir para a interrupção do fornecimento de energia externa da usina. Nesta classificação, P1 10 corresponde ao cenário mais favorável e P3 ao pior cenário. De modo semelhante, a classificação dos sistemas de On Site Power leva em consideração fatores que podem contribuir para a interrupção do fornecimento interno de energia. Nesta classificação, A representa a configuração mais robusta e C a menos robusta. Tabela 2.1: SBOMC em função da Confiabilidade dos Geradores Diesel de Emergência Característica de Projeto do Offsite Power SBOMC aceitável (horas) Configuração do grupo GDE A B C Confiabilidade 0,975 0,95 0,975 0,95 0,975 0,95 [P1] 2 2 4 4 4 4 [P2] 4 4 4 4 4 8 [P3] 4 8 4 8 8 16 Posteriormente, o NUREG 1776 (USNRC, 2000) avalia a eficácia da implementação da base regulatória introduzida pelo NUREG 1032 (USNRC, 1988a) e pelo Regulatory Guide 1.155 (USNRC, 1988b). O NUREG 1776 (USNRC, 2000) conclui que a regra do Station Blackout foi implementada de modo efetivo pelas usinas licenciadas pela USNRC, que houve um aumento da SBOMC acima dos valores prescritos na tabela 2.1, redução do risco, aumento da tolerância à LOOP e que os custos de implementação foram considerados razoáveis. No entanto, o NUREG 1776 (USNRC, 2000), introduz recomendações de revisão da regra do Station Blackout definida no Regulatory Guide 1.155 (USNRC, 1988b). Especialmente no seguinte ponto: • Esclarecimento de que a busca contínua de níveis elevados de confiabilidade dos Geradores Diesel de Emergência pode levar a um aumento da indisponibilidade 11 dos Geradores Diesel de Emergência devido ao elevado número de testes e ao desgaste provocado por uma rotina pesada de testes periódicos. Por este motivo, os licenciados são orientados a não testar excessivamente os Geradores Diesel de Emergência para demonstrar as metas de confiabilidade prescritas no Regulatory Guide 1.155 e, deste modo, evitar aumentos desnecessários da indisponibilidade dos Geradores Diesel de Emergência; Esta recomendação cria as bases para uma maior utilização da análise do risco total da execução de testes periódicos proposta pelo NUREG 5775 (USNRC, 1992) e por (KIM, et al., 1994). Deste modo, a busca por altos níveis de confiabilidade dos Geradores Diesel de Emergência passa a ser ponderada com o incremento do risco introduzido pela execução dos testes periódicos, em manutenção fora de serviço e pós-manutenção, que podem provocar um aumento da indisponibilidade dos Geradores Diesel de Emergência. O NUREG 6890 (USNRC, 2005), Reevaluation of Station Blackout Risk at Nuclear Power Plants - Analysis of Station Blackout Risk, apresenta uma avaliação da experiência operacional relativa ao evento Station Blackout no período entre 1986 e 2004, período não contemplado pelos NUREG 1032, Regulatory Guide 1.155 e NUREG 1776. O foco deste trabalho é nas características do LOOP e chega-se à conclusão de que a frequência de LOOP foi reduzida ao longo dos anos, no entanto, sua duração aumentou, dado que indica a necessidade de avaliar a necessidade de aumento da SBOMC das usinas licenciadas. A evolução da base regulatória levou à publicação de trabalhos científicos avaliando os impactos do aumento da SBOMC. Neste contexto, (VOLKANOVSKI & PROSEK, 2013) aplicam a metodologia de árvores de eventos e árvores de falhas e avalia os impactos no risco do aumento da SBOMC. A análise é feita basicamente através de modelos termo-hidráulicos (RELAP5) (USNRC, 1995b) e conclui que a maior redução da FDN é observada nas simulações com aumento do número de Geradores Diesel de Emergência e aumento da capacidade de fornecimento de energia elétrica em corrente alternada através de baterias e inversores. Ainda tratando da adequação da SBOMC, (AL SHEHHI, et al., 2013) desenvolve modelos para quantificar a relação segurança/custo de engenharia da extensão da SBOMC 12 a partir da avaliação de diferentes estratégiasde manipulação de variáveis de projeto como: • aumento da capacidade de fornecimento da água de alimentação de emergência; • utilização de geradores diesel de emergência diversos; • modificação do intervalo dos testes periódicos. Os resultados apresentados concluem que existem, basicamente, duas estratégias para redução do risco de dano ao núcleo devido ao Station Blackout: • redução da frequência de Station Blackout através do uso de Geradores Diesel de Emergência diversos com refrigeração a água e a ar, por exemplo, com o objetivo de reduzir a frequência de perda do sistema On Site Power; • aumento da SBOMC através do aumento da capacidade do banco de baterias, de fontes ACA e da utilização de um sistema alternativo de alimentação de água de emergência em condições de Station Blackout, caminhões tanque, por exemplo. Com relação ao custo, o aumento do fornecimento da água de alimentação de emergência disponível é economicamente preferível à adição de Geradores Diesel de Emergência diversos. No entanto, com relação à redução da FDN, a instalação de Geradores Diesel de Emergência diversos é mais simples e efetiva que a instalação de um sistema alternativo de alimentação de água de emergência, apesar de seu custo ser maior. Por fim, este estudo chega à conclusão de que existe uma frequência ótima teórica, do ponto de vista da relação risco/custo, para a realização de testes periódicos dos Geradores Diesel de Emergência em função da adição de Geradores Diesel de Emergência diversos e do aumento do fornecimento da água de alimentação de emergência. Abordando a questão de fontes alternativas alimentação de energia elétrica, (LEE, et al., 2014) avaliam a utilização de fontes ACA não qualificadas como classe de segurança como uma estratégia de mitigação do Station Blackout do reator APR1400. Nesta abordagem, em caso de Station Blackout, equipamentos essenciais à segurança poderiam ser alimentados por fontes de corrente alternada não qualificadas de modo a garantir o cumprimento da função de segurança. Além disso, este trabalho aborda a questão do 13 estabelecimento de procedimentos operacionais a serem adotados em caso de ocorrência do evento Station Blackout. A base regulatória estabelecida após o WASH 1400 (USNRC, 1975) prevê a adoção de procedimentos para restabelecer o Offsite e On Site Power para enfrentar o evento Station Blackout. Assim, (LEE, et al., 2014) inovam ao propor procedimentos para a situação de Station Blackout em condições de Base de Projeto Estendida, na qual não foi possível recuperar Offsite e On Site Power, e a SBOMC se esgota. Neste caso, é necessário que sejam definidos previamente procedimentos operacionais para que, utilizando características de projeto da usina e fontes alternativas de energia portáteis e de água para resfriamento, seja possível manter a capacidade de refrigeração do núcleo. 2.2 Evolução da Base Normativa do Evento LOCA Acidentes com Perda de Refrigerante (Loss of Coolant Accident- LOCA) são acidentes postulados que resultam na perda de refrigerante do reator, em uma taxa maior que a capacidade de reposição, provocada por rupturas nas barreiras de pressão do primário, incluindo a ruptura completa da maior tubulação do sistema de refrigeração do reator (USNRC, 1997) (USNRC, 2010). Do ponto de vista da Base de Projeto, o evento de LOCA concomitante com LOOP é um dos maiores desafios à segurança das usinas nucleares. Deste modo, a mudança da base normativa relativa ao evento LOCA pode ter impacto na política de testes periódicos e de manutenção dos Geradores Diesel de Emergência, especialmente com relação à periodicidade da realização e aos critérios de aceitação dos testes, especificamente o tempo de partida dos Geradores Diesel de Emergência. Da mesma forma como ocorreu com relação ao evento Station Blackout, a experiência operacional acumulada ao longo de últimas décadas levou a mudanças na base normativa do evento LOCA (USNRC, 2010). 14 O NUREG 6890 (USNRC, 2005) estabeleceu a regra final do LOCA que modificou os Requisitos Técnicos (Technical Requirements) relativos ao LOCA. Estes novos requisitos introduzem o conceito de Tamanho de Ruptura de Transição (Transition Break Size - TBS). Eventos LOCA com rupturas maiores que o TBS são considerados extremamente improváveis e, por este motivo, estes eventos passam a ser considerados acidentes além da Base de Projeto, ou em Base de Projeto Estendida. Devido a esta mudança de classificação, não é necessário assumir o evento de LOCA com ruptura maior que o TBS concomitante com um evento de LOOP. Isto pode levar a uma possibilidade de aumento do tempo de partida máximo dos Geradores Diesel de Emergência, critério de aceitação de testes periódicos. Além disso, as mudanças na base normativa do evento LOCA (USNRC, 2010) estabelecem que, após análise de segurança específica, é possível permitir que as usinas operem durante pequenos intervalos, até 14 dias, por exemplo, com equipamentos necessários à mitigação de eventos de LOCA acima do TBS indisponíveis. Avaliando os impactos da mudança da base normativa do LOCA, (LIM, et al., 2007) apresentam uma análise termo-hidráulica combinada com um modelo de APS do impacto no risco do reator OPR-1000 no caso de o tempo máximo de partida dos Geradores Diesel de Emergência ser estendido a partir do relaxamento dos requisitos técnicos permitidos após a publicação de (USNRC, 2010). A metodologia aplicada por (LIM, et al., 2007) utiliza a análise termo-hidráulica para determinar as seguintes correlações: • O tempo máximo de partida dos Geradores Diesel de Emergência, sem dano ao revestimento do combustível devido à falta de refrigeração do núcleo do reator, em caso de LOCA com dupla guilhotina; • O tamanho máximo de ruptura do LOCA, sem dano ao revestimento do combustível, de acordo com o tempo de partida do Gerador Diesel de Emergência. Em seguida, é apresentado um estudo da probabilidade condicional de ocorrer um LOOP dada a ocorrência de um LOCA. É quantificado o efeito do tempo de partida na probabilidade de falha do Gerador Diesel de Emergência. São identificadas duas contribuições ao risco relacionadas ao tempo de partida do Gerador Diesel de Emergência: • Acréscimo da FDN devido ao LOCA não mitigado; 15 • Decréscimo da FDN, nos eventos que permitem um tempo de partida dos Geradores Diesel de Emergência maior, devido a uma maior disponibilidade destes. (LIM, et al., 2007) desenvolve uma análise de sensibilidade do tempo de partida dos Geradores Diesel de Emergência para determinar qual contribuição ao risco é dominante e conclui que, para quantificar a mudança do risco da usina relacionada ao tempo de partida do Gerador Diesel de Emergência, as seguintes informações são necessárias: • O maior tamanho de ruptura do LOCA mitigável de acordo com o tempo de partida do Gerador Diesel de Emergência; • A distribuição de frequência do tamanho de ruptura do LOCA; • A distribuição de frequência do evento LOCA concomitante com LOOP; • O modelo de Análise Probabilística de Segurança para se obter a FDN; • A probabilidade de falha do Gerador Diesel de Emergência em função do tempo de partida. (KANG, et al., 2013) propõe um procedimento probabilístico e determinístico combinado para avaliação de risco e margens de segurança e apresenta sua aplicação para a avaliação do desempenho do ECCS na redefinição do LOCA do reator APR-1400. A avaliação aponta para a possibilidade de mudanças de projeto da usina, dentre elas, a possibilidade de estender o tempo de partida dos Geradores Diesel de Emergência. O modelo proposto avalia o efeito do aumento do tempo de partida dos Geradores Diesel de Emergência na FDN. Os resultados levam à conclusão de que é possível aumentar o tempo de partida dos Geradores Diesel de Emergência de 20s para60s sem redução considerável das margens de segurança. Diante do exposto, conclui-se que a evolução da base regulatória do LOCA aponta para a possibilidade de um aumento do tempo de partida dos Geradores Diesel de Emergência verificada por pesquisas baseadas em modelos da APS e termo-hidráulicos. É importante destacar que o tempo de partida dos Geradores Diesel é um dos critérios de aceitação dos testes periódicos a que os Geradores Diesel são submetidos. A flexibilização deste critério de aceitação poderia levar a uma redução do número de testes realizados sem sucesso ao longo da vida útil deste componente. Isto implicaria em uma 16 redução dos valores de indisponibilidade do equipamento devido a redução do número total de testes, redução de necessidade de execução de manutenções corretivas e redução da degradação do componente devida à execução de testes pós-manutenção. 2.3 Política de Testes Periódicos e Manutenção (KIM, et al., 1994) quantificam as diversas parcelas do risco associado a um teste periódico e avalia a efetividade do teste em função destas parcelas. Os riscos associados ao teste são classificados como riscos detectados pelo teste e riscos causados pelos testes. A parcela do risco detectado pelo teste (RD), Eq. (2.1), corresponde às falhas latentes reveladas pela execução dos testes. A parcela do risco causado (RC) pela execução do teste periódico, Eq. (2.2), corresponde à soma das parcelas 𝑅𝑡𝑟𝑖𝑝(risco de desligamento do reator (trip) devido a um transiente causado pelo teste), 𝑅𝑤𝑒𝑎𝑟(risco de desgaste devido aos testes repetitivos); 𝑅𝑠𝑡𝑎𝑡𝑒(risco de alinhamento pós-teste incorreto) e 𝑅𝑑𝑜𝑤𝑛(risco de indisponibilidade devido à execução do teste). Estas contribuições ao risco são detalhadas na Tabela 2.2 (KIM, et al., 1994). 𝑅𝐷 = 1 2 𝜆𝑇 (𝑅1 − 𝑅0) (2.1) 𝑅𝐶 = 𝑅𝑡𝑟𝑖𝑝 + 𝑅𝑤𝑒𝑎𝑟 + 𝑅𝑠𝑡𝑎𝑡𝑒 + 𝑅𝑑𝑜𝑤𝑛 (2.2) 𝑂𝑛𝑑𝑒, 𝑅1 = 𝐹𝐷𝑁 𝑎𝑣𝑎𝑙𝑖𝑎𝑑𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑜𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑒𝑠𝑡á 𝑖𝑛𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙; 𝑅0 = 𝐹𝐷𝑁 𝑎𝑣𝑎𝑙𝑖𝑎𝑑𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑜𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑒𝑠𝑡á 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙; 𝜆 = 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎; 𝑇 = 𝐼𝑛𝑡𝑒𝑟𝑣𝑎𝑙𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑡𝑒𝑠𝑡𝑒𝑠 𝑝𝑒𝑟𝑖ó𝑑𝑖𝑐𝑜𝑠. O teste é considerado efetivo se 𝑅𝐷 >𝑅𝐶 . Note-se que a expressão 𝑅𝐷− 𝑅𝐶 é conhecida na literatura como importância do risco ou importância Birnbaum, que indica a sensibilidade da FDN ao estado, falho ou não, do componente testado. 17 Tabela 2.2: Contribuições de risco causadas por testes e suas causas raiz Identificador 𝐶𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜 𝑎𝑜 𝑟𝑖𝑠𝑐𝑜 Causa do risco 𝑅𝑡𝑟𝑖𝑝 Risco de desligamento do reator causado por teste Erro humano, falha de equipamento, procedimento inadequado 𝑅𝑤𝑒𝑎𝑟 Risco devido ao desgaste de equipamento provocado por teste Característica inerente ao teste, procedimento inadequado, erro humano 𝑅𝑠𝑡𝑎𝑡𝑒 Risco devido a configuração do teste ou erro ao recuperar o componente Erro humano, procedimento inadequado 𝑅𝑑𝑜𝑤𝑛 Risco devido à indisponibilidade do equipamento durante a execução do teste indisponibilidade do equipamento durante o teste Ao contrário da importância Birnbaum (𝑅𝐷− 𝑅𝐶) , o Impacto Total ao Risco (𝑅𝑇) do teste é definido como a soma das parcelas de risco detectado (𝑅𝐷) e risco causado (𝑅𝐶), Eq. (2.3). Isto se justifica pois, apesar de parcela 𝑅𝐷 representar um risco benéfico, pois pode identificar componentes indisponíveis, ainda assim é uma parcela de risco e, ao se definir 𝑅𝑇 como a soma das parcelas de risco, é possível otimizar 𝑅𝑇 para se buscar um intervalo ótimo de teste. 𝑅𝑇 = 𝑅𝐷 + 𝑅𝐶 (2.3) Avaliando as diversas parcelas de contribuição ao risco, (KIM, et al., 1994) apresentam uma análise da contribuição do risco causado especificamente para a parcela de transientes provocados por trip (𝑅𝑡𝑟𝑖𝑝) consequente da execução do teste e, como as parcelas 𝑅𝐷 e 𝑅𝑡𝑟𝑖𝑝 são função do intervalo de tempo entre testes periódicos, 𝑇, é possível se derivar um intervalo entre testes periódicos ótimo teórico, minimizando a função 𝑅𝑇(𝑇). 18 Além disso, é apresentada uma análise da contribuição do risco de desgaste devido à execução de testes repetitivos 𝑅𝑤𝑒𝑎𝑟 que demonstra que uma elevada frequência de testes pode ser uma causa do aumento da contribuição da parcela de risco causada pela execução dos testes periódicos 𝑅𝐶. Levando em consideração os efeitos adversos dos testes periódicos, (LAPA, et al., 2006) propõem uma metodologia para a implementação de uma política de manutenção preventiva baseada em custo versus confiabilidade. Esta metodologia permite intervalos entre testes flexíveis. Além disso, é proposto um modelo de otimização da relação custo/confiabilidade utilizando técnicas de algoritmos genéticos. São apresentados dois modelos probabilísticos para a manutenção preventiva. O primeiro a nível de componente, o segundo a nível de sistema. Por fim, é proposta a modelagem através de algoritmo genético (YANG, et al., 1999), e apresentado um caso de estudo de um sistema de injeção de segurança de alta pressão, cujo diagrama simplificado é apresentado na figura 2.1. Este sistema, composto de dez componentes principais, três bombas e sete válvulas, foi estudado anteriormente por (HARUNUZZAN & ALDEMIR, 1996). Os resultados levam à conclusão de que é possível definir estratégias de manutenção que alcancem alta confiabilidade e baixo custo utilizando o modelo de intervalos entre testes flexíveis. Figura 2.1 – Diagrama simplificado de um sistema de injeção de segurança de alta pressão 19 Buscando otimizar risco e custo, (KANCEV & CEPIN, 2011a) abordam o impacto da política de manutenção preventiva de componentes ativos na relação risco versus confiabilidade utilizando um modelo que leva em consideração o envelhecimento destes componentes. O modelo proposto incorpora os efeitos adversos dos testes periódicos, abordados por (KIM, et al., 1994), e os efeitos do envelhecimento dos componentes. São apresentados modelos de indisponibilidade de componentes e sistemas. Os modelos são aplicados a um estudo de caso de um modelo sistema de injeção de segurança de alta pressão composto de três bombas e sete válvulas, o mesmo abordado por (HARUNUZZAN & ALDEMIR, 1996). Os resultados levam à conclusão de que o intervalo entre testes ótimo obtido é consideravelmente diferente dos intervalos prescritos pelas especificações técnicas do caso estudado. Além disso, a introdução dos efeitos do envelhecimento no modelo proposto não modifica substancialmente os resultados desde que se mantenha o intervalo entre testes periódicos em valores próximos ao intervalo ótimo teórico. No entanto, os efeitos do envelhecimento tornam-se consideráveis a medida que o valor do intervalo entre testes é elevado. Finalmente, observou-se que a incerteza dos parâmetros relacionados ao envelhecimento dos componentes tem um impacto importante na análise quantitativa apresentada. Dois modelos, um linear e outro baseado na distribuição de Weibull, da indisponibilidade a nível de componente são desenvolvidos por (KANCEV & CEPIN, 2011b). A partir destes modelos de indisponibilidade a nível de componente é feito o desenvolvimento matemático para a obtenção da indisponibilidade a nível de sistema, utilizando testes sequenciais e escalonados. A proposta é criar uma ferramenta que permita otimizar a política de testes e manutenção de modo a manter a disponibilidade e a reduzir custos. Novamente o modelo sugerido é aplicado às bombas do sistema de injeção de segurança de alta pressão composto abordado por (HARUNUZZAN & ALDEMIR, 1996). As conclusões apontam para uma possível redução da indisponibilidade e do custo de manutenção utilizando um intervalo ótimo entre testes. No entanto,devido à incerteza dos dados de simulação, não se pode afirmar que os resultados são precisos. A questão da incerteza de parâmetros associados ao envelhecimento de componentes é abordada por (KANCEV, et al., 2012), que propõem uma análise de 20 incertezas aplicada ao estudo de caso apresentado por (KANCEV & CEPIN, 2011a) aplicando diversas distribuições de probabilidade aos parâmetros associados ao envelhecimento, especialmente à taxa de falha dos equipamentos. Simulações levam à conclusão de que a propagação das incertezas aumenta a medida que se estende o intervalo entre testes. Consequentemente a incerteza na indisponibilidade do sistema é maior para o intervalo entre testes prescrito pelas especificações técnicas que para o intervalo ótimo do modelo analítico de indisponibilidade proposto. Tanto (KANCEV, et al., 2012) quanto (KANCEV & CEPIN, 2011a) e (KANCEV & CEPIN, 2011b) concluem que as metodologias propostas apresentam resultados válidos no entanto a incerteza dos parâmetros é uma questão que precisa ser aprofundada. Buscando uma estratégia de testes periódicos e monitoramento que permita aumentar a disponibilidade de componentes, (SHIN, et al., 2015) propõem a utilização de um modelo de indisponibilidade dependente do tempo com envelhecimento de equipamentos em prontidão para situações de emergência. Este modelo leva em consideração, de forma integrada, informações como o número de testes periódicos executados e o tempo de vida do equipamento. Além disso, são apresentados dois métodos de aperfeiçoamento da disponibilidade: • Método de inspeção baseado no monitoramento Online (Online Monitoring Based Inspection Method - OMIM); • Método de encurtamento do intervalo entre testes periódicos (Shortening Surveillance Test Interval Method - SSTIM). No método OMIM, alguns elementos do componente sensíveis à passagem de tempo são monitorados através de sensores, em intervalos diferentes do teste periódico, sem que seja necessária uma operação real do componente. Para os demais elementos, aqueles em que o monitoramento on line não é viável ou aqueles avaliados como menos suscetíveis à passagem do tempo, os testes são executados em intervalos de tempo variáveis. É apresentado um caso de estudo para uma válvula motorizada. No contexto deste método, entende-se como elementos mais suscetíveis à passagem do tempo como aqueles cujo mecanismo de progressão de falha em prontidão não pode ser verificado por inspeção visual e, deste modo, informações como temperatura, pressão, etc., podem indicar a necessidade de mudança no intervalo de teste. 21 O modelo de indisponibilidade dependente do tempo com envelhecimento de equipamentos em prontidão utilizado incorpora os efeitos do envelhecimento nos parâmetros de confiabilidade e, além disso, leva em consideração o número de testes periódicos executados desde a instalação do equipamento. Deste modo, o modelo proposto pode ser útil para quantificar as parcelas do risco associado a um teste periódico identificadas por (KIM, et al., 1994), Eq. (2.2), especialmente 𝑅𝑤𝑒𝑎𝑟(risco de desgaste) e 𝑅𝑑𝑜𝑤𝑛(risco de indisponibilidade devido ao teste). (ABDOUL-NOUR, et al., 2002) propõem uma metodologia de aperfeiçoamento do programa de manutenção preventiva de Geradores Diesel de Emergência com o objetivo de manter os níveis de confiabilidade disponibilidade elevados a longo prazo. Além disso, propõe o uso desta metodologia para a atualização de parâmetros do modelo de APS com base no histórico real do componente. (MARTÓN, et al., 2015) propõem um modelo de Análise Probabilística de Segurança (Ageing Probabilistic Safety Assessment - APSA) para suporte de tomadas de decisão orientadas pelo risco (Risk Informed Decision Making - RIDM) que incorpora as contribuições ao risco geradas não apenas pelo envelhecimento mas também pela efetividade da manutenção e eficiência dos testes periódicos. O modelo é utilizado para o acompanhamento da contribuição de um componente à FDN ao longo do ciclo de vida do componente e propõe o uso de medidas compensatórias para reduzir o impacto do envelhecimento ao final do ciclo de vida do componente. (MARTÓN, et al., 2016) desenvolvem um modelo de indisponibilidade no qual o sistema é dividido em múltiplos itens e, além do envelhecimento, a efetividade da manutenção é considerada. O modelo é aplicado ao sistema de injeção de segurança de alta pressão composto de três bombas e sete válvulas estudado anteriormente por (HARUNUZZAN & ALDEMIR, 1996). As conclusões apontam para uma série de abordagens possíveis a partir da modelagem da efetividade da manutenção. (MARTORELL, et al., 2017) desenvolvem o modelo proposto por (KIM, et al., 1994) para incorporar o desgaste provocado pelos testes periódicos e verificar os efeitos da efetividade das políticas da manutenção na confiabilidade, na disponibilidade e na 22 manutenibilidade (reliability, availability and maintanability - RAM). O caso de estudo apresentado se restringe à aplicação do modelo no nível de componente. 2.4 Destaques da Revisão Bibliográfica A confiabilidade dos Geradores Diesel de Emergência é uma questão fundamental para o risco total de uma usina nuclear. Diversas posições regulatórias estão relacionadas à definição do nível de confiabilidade dos Geradores Diesel de Emergência. Por este motivo, a evolução das bases normativas deve ser considerada de modo integrado, pois as diferentes posições regulatórias estabelecidas ou atualizadas ao longo dos últimos anos podem determinar abordagens diferentes na atualização das políticas de testes periódicos e manutenção dos Geradores Diesel de Emergência. Por exemplo, a evolução da base normativa do Station Blackout aponta para um aumento na exigência dos níveis de confiabilidade dos Geradores Diesel de Emergência o que pode ser implementado através de um maior rigor nos critérios de aceitação dos testes periódicos e nas políticas de execução de testes, especialmente os testes pós-manutenção. Por outro lado, a evolução da base normativa do LOCA aponta para a possibilidade de relaxar os requisitos regulatórios relativos ao tempo de partida dos Geradores Diesel de Emergência. Uma avaliação integrada destas mudanças das bases regulatórias pode apontar para novas abordagens das políticas de testes periódicos dos Geradores Diesel. Do ponto de vista do fornecimento de energia elétrica, não há uma avaliação integrada do aumento da SBOMC, seja através do aumento da capacidade das baterias, seja através da utilização de fontes alternativas de corrente alternada. Não há instrumentos capazes de quantificar de forma integrada as contribuições ao risco destas abordagens de aumento de SBOMC. Ao longo dos últimos vinte anos, há uma série de trabalhos científicos que buscam de modelos mais detalhados e abrangentes de quantificação da indisponibilidade de equipamentos em prontidão. Uma abordagem bem estabelecida nestes trabalhos é o aperfeiçoamento de modelos de indisponibilidade estabelecidos (KIM, et al., 1994) para incorporar os efeitos do envelhecimento e do desgaste de modo a otimizar as políticas de 23 testes periódicos e manutenção com objetivo de obter os níveis desejados de confiabilidade, disponibilidade, manutenibilidade e custo. Em geral estes modelos são testados a nível de sistema calculando-se a indisponibilidade dos componentes através dos modelos propostos e avaliando a confiabilidade do sistema. As incertezas associadas aos resultados têm sido apontadas como uma dificuldade para a validação dos modelos propostos. No entanto, os modelos têm sido ferramentas úteis para identificar tendências de comportamento do risco. A proposta deste trabalho é desenvolver um modelo de indisponibilidade dos Geradores Diesel de Emergência, que incorpore as contribuições do envelhecimento e dodesgaste por partidas sucessivas devidas não apenas aos testes periódicos planejados mas também aos testes pós-manutenção. Em uma primeira etapa, será apresentado um modelo linear que incorpore os efeitos do desgaste provocados tanto por testes periódicos quanto por testes em manutenção fora de serviço considerando ou não o envelhecimento do componente. Posteriormente, este modelo será generalizado para um modelo não linear que torne possível se avaliar o impacto das políticas de manutenção à indisponibilidade. A partir do modelo não linear, serão determinados novos valores de indisponibilidade média dos Geradores Diesel de Emergência. Estes valores de indisponibilidade serão utilizados como dados de entrada em um modelo de APS de uma usina nuclear para avaliar a contribuição deste aumento de indisponibilidade média ao risco total da usina. 24 Capítulo 3 Marco Teórico O objetivo deste capítulo é apresentar as propostas de modelo de indisponibilidade disponíveis na literatura de forma sistemática e uniformizando a notação. Cabe destacar que o desenvolvimento matemático dos modelos parte da expressão geral de indisponibilidade (VAURIO, 1980) mas abordam apenas as parcelas de indisponibilidade referentes à falha em demanda de componentes em prontidão. As parcelas de indisponibilidade da execução de testes periódicos e da execução de reparos do componente não são objeto de estudo deste capítulo. 3.1 Indisponibilidade de Componentes Considerando as Contribuições dos Testes e Reparos A Eq. (3.1), (VAURIO, 1980), apresenta um modelo para a quantificação da indisponibilidade de componentes submetidos a uma rotina de testes e manutenção. �̅� = 𝜌 + 1 2 𝜆0 𝑇 + 𝑇𝑡 𝑇 + ( 𝜌 + 𝜆0 𝑇 ) 𝑇𝑟 𝑇 (3.1) 𝑜𝑛𝑑𝑒: �̅� − 𝑖𝑛𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑚é𝑑𝑖𝑎; 𝑇𝑟 − 𝑑𝑢𝑟𝑎çã𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑟𝑒𝑝𝑎𝑟𝑜; 𝜆0 − 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑑𝑢𝑎𝑙 𝑚é𝑑𝑖𝑎; 𝑇𝑡 − 𝑑𝑢𝑟𝑎çã𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑡𝑒𝑠𝑡𝑒; 𝜌 − 𝑝𝑟𝑜𝑏𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎 𝑒𝑚 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎; 𝑇 − 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑣𝑎𝑙𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑡𝑒𝑠𝑡𝑒𝑠 𝑝𝑒𝑟𝑖ó𝑑𝑖𝑐𝑜𝑠; 25 O modelo de indisponibilidade apresentado na Eq. (3.1), pode ser dividido em três parcelas de contribuição à indisponibilidade média de um componente testado periodicamente. As falhas de equipamentos em prontidão são representadas por 𝜌 + 1 2 𝜆0 𝑇. A indisponibilidade devida ao intervalo de tempo necessário à execução dos testes periódicos é representada pela parcela 𝑇𝑡 𝑇 . Por fim, a parcela ( 𝜌 + 𝜆0 𝑇 ) 𝑇𝑟 𝑇 corresponde à indisponibilidade devida ao tempo de reparo do componente após verificada uma falha durante um teste. No restante deste capítulo, serão apresentados modelos de indisponibilidade para componentes em prontidão, ou seja, o valor de indisponibilidade correspondente apenas à parcela 𝜌 + 1 2 𝜆0 𝑇 da Eq. (3.1). Para simplificar o texto, serão adotadas as expressões indisponibilidade e modelos de indisponibilidade para se referir apenas à indisponibilidade decorrente das falhas em demanda dos equipamentos em prontidão. No entanto, nas aplicações do modelo, serão incorporadas as parcelas de indisponibilidade devido à execução de testes e aos reparos em caso de falha. As demais parcelas de indisponibilidade serão consideradas no modelo de APS nível I que será utilizado no caso de estudo mas não são consideradas no desenvolvimento do modelo de indisponibilidade pois este se restringe à falha do Gerador Diesel na partida. 3.2 Modelagem da Indisponibilidade de Componentes Avaliando a quantificação da indisponibilidade de componentes em prontidão, (USNRC, 1992) estabelece modelos de indisponibilidade que levam em consideração as contribuições das degradações do componente decorrentes do desgaste devido às demandas do componente durante sua vida útil e do tempo em prontidão. De forma geral, a indisponibilidade de um componente devido ao tempo de espera é dada pela Eq. (3.2). 𝑞(𝑡) = 1 − 𝑒∫ 𝜆(𝑡 ′𝑡 0 ) 𝑑𝑡′ (3.2) 26 Considerando-se o termo exponencial da Eq. (3.2), ∫ 𝜆(𝑡′ 𝑡 0 ) 𝑑𝑡′, menor que 0,1, o que geralmente é verificado para valores típicos de taxa de falha, pode-se expandir a expressão em uma série de Taylor e considerar apenas os dois primeiros termos, o que leva à Eq. (3.3). 𝑞(𝑡) ≈ ∫ 𝜆(𝑡′ 𝑡 0 ) 𝑑𝑡′ (3.3) Para avaliar o risco causado pela execução de testes, (USNRC, 1992) propõe um modelo onde seja possível separar as contribuições do desgaste causado pelas demandas e do tempo de prontidão. A Eq. (3.4) apresenta a indisponibilidade de um componente 𝑞(𝑛, 𝑡), testado periodicamente, como função do número de demandas (𝑛) e do tempo decorrido desde o último teste (𝑡), admitindo-se testes periódicos com intervalos entre testes 𝑇. 𝑞(𝑛, 𝑡) = 𝜌(𝑛) + ∫ 𝜆(𝑛, 𝑡′ 𝑡 0 ) 𝑑𝑡′ 𝑝𝑎𝑟𝑎 0 < 𝑡 < 𝑇 (3.4) 𝑜𝑛𝑑𝑒: 𝑛 − 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑠𝑡𝑒𝑠 𝑒𝑥𝑒𝑐𝑢𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑛𝑜 𝑒𝑞𝑢𝑖𝑝𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜; 𝑡 − 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑑𝑒 𝑜 ú𝑙𝑡𝑖𝑚𝑜 𝑡𝑒𝑠𝑡𝑒; 𝜌 (𝑛) − 𝑝𝑟𝑜𝑏𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎𝑠 𝑐𝑎𝑢𝑠𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎; 𝜆(𝑛, 𝑡) − 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎; Note-se que na Eq. (3.4) a indisponibilidade é apresentada como uma função do tempo (𝑡), do número de períodos de testes (𝑛) e dos parâmetros probabilidade de falha em demanda 𝜌 (𝑛), e taxa de falha 𝜆(𝑛, 𝑡). Deste modo, o modelo de indisponibilidade está diretamente vinculado à forma como as funções probabilidade de falha em demanda, 𝜌 (𝑛), e taxa de falha, 𝜆(𝑛, 𝑡), são modeladas. Assim, (USNRC, 1992) propõe os seguintes modelos gerais para a falha em demanda, 𝜌 (𝑛), e taxa de falha, 𝜆(𝑛, 𝑡): 𝜌 (𝑛) = 𝜌0 + 𝜌0(𝑛 𝑝1) 𝛽1 (3.5) 27 𝑜𝑛𝑑𝑒: 𝜌0 − 𝑝𝑟𝑜𝑏𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎 𝑝𝑜𝑟 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑑𝑢𝑎𝑙; 𝑝1 − 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑔𝑟𝑎𝑑𝑎çã𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎; 𝛽1 − 𝑝𝑎𝑟â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑖𝑚𝑝𝑎𝑐𝑡𝑜 𝑛𝑎 𝑝𝑟𝑜𝑏𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎 𝑝𝑜𝑟 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 𝑎𝑠𝑠𝑜𝑐𝑖𝑎𝑑𝑜 𝑎𝑜 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎𝑠; e 𝜆(𝑛, 𝑡) = 𝜆0 + 𝜆0(𝑛 𝑝2) 𝛽2 + 𝛼𝑢𝛽3 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡 ∈ [0, 𝑇], 𝑢 = 𝑛𝑇 + 𝑡 (3.6) 𝑜𝑛𝑑𝑒: 𝜆0 − 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑑𝑢𝑎𝑙; 𝑝2 − 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑔𝑟𝑎𝑑𝑎çã𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑒𝑚 𝑝𝑟𝑜𝑛𝑡𝑖𝑑ã𝑜; 𝛽2 − 𝑝𝑎𝑟â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑖𝑚𝑝𝑎𝑐𝑡𝑜 𝑛𝑎 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎 𝑎𝑠𝑠𝑜𝑐𝑖𝑎𝑑𝑜 𝑎𝑜 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎𝑠; 𝛼 − 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑣𝑒𝑙ℎ𝑒𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜; 𝛽3 − 𝑝𝑎𝑟â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑖𝑚𝑝𝑎𝑐𝑡𝑜 𝑛𝑎 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎 𝑎𝑠𝑠𝑜𝑐𝑖𝑎𝑑𝑜 𝑎𝑜 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑣𝑒𝑙ℎ𝑒𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜; Assim, na Eq. (3.5), 𝜌0 representa a probabilidade de falha em demanda residual, que pode ser interpretada como a probabilidade de falha por demanda de um componente novo. Além disso, o termo 𝜌0(𝑛 𝑝1) 𝛽1corresponde a uma representação não linear da contribuição do número de demandas à probabilidade de falha em demanda do componente e, consequentemente, à indisponibilidade. De modo semelhante, na Eq. (3.6), o primeiro termo, 𝜆0, representa a taxa de falha residual, ou seja, a taxa de falha do componente novo. Os demais termos são representações não lineares das contribuições à taxa de falha. O segundo termo, 𝜆0(𝑛 𝑝2) 𝛽2 equivale à contribuição à taxa de falha devida ao desgaste provocado pelo 28 número de demandas acumuladas ao longo da vida do componente. Por fim, o termo 𝛼𝑢𝛽3 representa a contribuição à taxa de falha do envelhecimento do componente. As Eqs. (3.5) e (3.6) envolvem parâmetros cuja estimativa pode ser difícil. Para simplificar a aplicação do modelo, o próprio NUREG 5775 (USNRC, 1992) sugere a adoção de um modelo linear utilizando os parâmetros 𝛽1, 𝛽2, e𝛽3 em valor unitário. Assim, de modo a simplificar a modelagem da indisponibilidade, as Eqs. (3.5) e (3.6) são linearizadas e reescritas da seguinte forma: 𝜌 (𝑛) = 𝜌0 + 𝜌0 𝑛 𝑝1 = 𝜌0( 1 + 𝑛𝑝1); (3.7) e 𝜆(𝑛, 𝑡) = 𝜆0 + 𝜆0𝑛𝑝2 + 𝛼𝑢 = 𝜆0(1 + 𝑛𝑝2) + 𝛼𝑢; (3.8) Por fim, a expressão (3.4) pode ser escrita da seguinte forma: 𝑞(𝑛, 𝑡) = 𝜌0( 1 + 𝑛𝑝1) + ∫ [𝜆0(1 + 𝑛𝑝2) + 𝛼𝑢 ′] 𝑡 0 𝑑𝑡′, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡 ∈ [0, 𝑇], 𝑢′ = 𝑛𝑇 + 𝑡′. (3.9) Com base nas Eqs. (3.7), (3.8) e (3.9) podem ser analisados os seguintes cenários: 1. Modelo de indisponibilidade sem desgaste por testes e sem envelhecimento; 2. Modelo de indisponibilidade com envelhecimento e sem desgaste por testes; 3. Modelo de indisponibilidade com desgaste por testes e sem envelhecimento; 4. Modelo de indisponibilidade com desgaste por testes e com envelhecimento. 29 3.2.1 Modelo de indisponibilidade sem desgaste por testes e sem envelhecimento No caso de um modelo que desconsidere o desgaste por testes e o envelhecimento (𝑝1 = 𝑝2 = 𝛼 = 0), as Eqs. (3.7), (3.8) e (3.9) podem ser escritas da seguinte forma: 𝜌 (𝑛) = 𝜌0; (3.10) 𝜆(𝑛, 𝑡) = 𝜆0; (3.11) 𝑞(𝑛, 𝑡) = 𝜌0 + 𝜆0𝑡; 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡 ∈ [0, 𝑇] ∀ 𝑛; (3.12) A indisponibilidade média em qualquer período de teste 𝑛 , �̅�(𝑛) , pode ser calculada através da expressão: �̅�(𝑛) = 1 𝑇 ∫ 𝑞(𝑛, 𝑡′) 𝑑𝑡′ 𝑇 0 = 𝜌0 + 1 2 𝜆0𝑇; (3.13) Por fim, a indisponibilidade ao final de qualquer período de teste 𝑛, 𝑞(𝑛, 𝑇), é expressa por: 𝑞(𝑛, 𝑇) = 𝜌0 + 𝜆0𝑇. (3.14) 3.2.2 Modelo de indisponibilidade com envelhecimento e sem desgaste por testes Caso a análise desconsidere o desgaste por testes e leve em consideração os efeitos do envelhecimento, (𝑝1 = 𝑝2 = 0 𝑒 𝛼 ≠ 0), as Eqs. (3.7), (3.8) e (3.9) podem ser escritas da seguinte forma: 𝜌 (𝑛) = 𝜌0; (3.15) 30 𝜆(𝑛, 𝑡) = 𝜆0+∝ 𝑢 = = 𝜆0+∝ (𝑛𝑇 + 𝑡); (3.16) 𝑜𝑛𝑑𝑒, 𝑢 = 𝑛𝑇 + 𝑡, é 𝑜 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑖𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑜𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒. 𝑞(𝑛, 𝑡) = 𝜌0 + ∫ [𝜆0 𝑡 0 + 𝛼(𝑛𝑇 + 𝑡′)]𝑑𝑡′ = = 𝜌0 + (𝜆0 + 𝛼𝑛𝑇)𝑡 + 𝛼 2 𝑡2, 𝑡 ∈ [0, 𝑇]; (3.17) A indisponibilidade média, �̅�(𝑛), pode ser calculada através da expressão: �̅�(𝑛) = 1 𝑇 ∫ 𝑞(𝑛, 𝑡′)𝑑𝑡′ 𝑇 0 = = 1 𝑇 ∫ [𝜌0 + (𝜆0 𝑇 0 + 𝛼𝑛𝑇)𝑡′ + 𝛼 2 𝑡′ 2 ]𝑑𝑡′ = 𝜌0 + (𝜆0 + 𝛼𝑛𝑇) 𝑇 2 + 𝛼 6 𝑇2; (3.18) Por fim, a indisponibilidade ao final do período de teste, 𝑞(𝑛, 𝑇), é expressa por: 𝑞(𝑛, 𝑇) = 𝜌0 + 𝜆0𝑇 + (𝑛 + 1 2 )𝛼𝑇2 (3.19) 3.2.3 Modelo de indisponibilidade com desgaste por testes e sem envelhecimento Caso a análise desconsidere o desgaste por testes e leve em consideração os efeitos do envelhecimento, (𝑝1 ≠ 0, 𝑝2 ≠ 0 𝑒 𝛼 = 0), as Eqs. (3.7), (3.8) e (3.9) podem ser escritas da seguinte forma: 𝜌 (𝑛) = 𝜌0 + 𝜌0𝑛𝑝1 = 31 = 𝜌0(1 + 𝑛𝑝1); (3.20) 𝜆(𝑛, 𝑡) = 𝜆0 + 𝜆0𝑛𝑝2 = = 𝜆0(1 + 𝑛𝑝2) (3.21) 𝑞(𝑛, 𝑡) = 𝜌0(1 + 𝑛𝑝1) + ∫ 𝜆0(1 + 𝑛𝑝2) 𝑡 0 𝑑𝑡′ = = 𝜌0(1 + 𝑛𝑝1) + 𝜆0(1 + 𝑛𝑝2)𝑡, 𝑡 ∈ [0, 𝑇]; (3.22) A indisponibilidade média, �̅�(𝑛), pode ser calculada através da expressão: �̅�(𝑛) = 1 𝑇 ∫ 𝑞(𝑛, 𝑡′)𝑑𝑡′ 𝑇 0 = 1 𝑇 ∫ [𝜌0(1 + 𝑛𝑝1) + 𝜆0( 𝑇 0 1 + 𝑛𝑝2)𝑡 ′]𝑑𝑡′ = 𝜌0(1 + 𝑛𝑝1) + 𝜆0𝑇 2 (1 + 𝑛𝑝2); (3.23) Por fim, a indisponibilidade ao final do período de teste, 𝑞(𝑛, 𝑇), é expressa por: 𝑞(𝑛, 𝑇) = 𝜌0(1 + 𝑛𝑝1) + 𝜆0(1 + 𝑛𝑝2)𝑇; (3.24) 3.2.4 Modelo de indisponibilidade com desgaste por testes e com envelhecimento Caso a análise desconsidere o desgaste por testes e leve em consideração os efeitos do envelhecimento, (𝑝1 ≠ 0, 𝑝2 ≠ 0 𝑒 𝛼 ≠ 0), as Eqs. (3.7), (3.8) e (3.9) podem ser escritas da seguinte forma: 𝜌 (𝑛) = 𝜌0(1 + 𝑛𝑝1); (3.25) 𝜆(𝑛, 𝑡) = 𝜆0(1 + 𝑛𝑝2) + 𝛼(𝑛𝑇 + 𝑡); (3.26) 32 𝑜𝑛𝑑𝑒, 𝑢 = 𝑛𝑇 + 𝑡, é 𝑜 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑖𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑜𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒. 𝑞(𝑛, 𝑡) = 𝜌0(1 + 𝑛𝑝1) + ∫ [𝜆0 𝑡 0 (1 + 𝑛𝑝2) + 𝛼(𝑛𝑇 + 𝑡 ′)]𝑑𝑡′ = = 𝜌0(1 + 𝑛𝑝1) + 𝜆0(1 + 𝑛𝑝2)𝑡 + 𝛼𝑡 2 (2𝑛𝑇 + 𝑡), 𝑡 ∈ [0, 𝑇]; (3.27) A indisponibilidade média, �̅�(𝑛), pode ser calculada através da expressão: �̅�(𝑛) = 1 𝑇 ∫ 𝑞(𝑛, 𝑡′)𝑑𝑡′ = 𝑇 0 = 𝜌0(1 + 𝑛𝑝1) + 𝜆0𝑇 2 (1 + 𝑛𝑝2) + 𝛼𝑇2 2 (𝑛 + 1 3 ) (3.28) Por fim, a indisponibilidade ao final do período de teste, 𝑞(𝑛, 𝑇), é expressa por: 𝑞(𝑛, 𝑇) = 𝜌0(1 + 𝑛𝑝1) + 𝜆0(1 + 𝑛𝑝2)𝑇 + (2𝑛 + 1) 𝛼𝑇2 2 . (3.29) 3.2.5 Avaliação dos modelos de indisponibilidade lineares tradicionais Neste capítulo foram apresentados modelos de indisponibilidade lineares tradicionais. Estes modelos tem em comum a forma como as Eqs. (3.2), (3.5) e (3.6) são linearizadas e diferem pela consideração, ou não, dos efeitos do desgaste e do envelhecimento do componente. Nestes modelos, apenas as demandas referentes aos testes periódicos são levadas em consideração para efeito de avaliação do desgaste provocado pelas demandas ao longo da vida útil do componente. Deste modo, os modelos apresentados neste capítulo não permitem avaliar os efeitos à indisponibilidade do desgaste provocada por uma política de manutenção que imponha um número elevado de demandas do componente. 33 Com relação aos Geradores Diesel de Emergência, a questão do desgaste excessivo é especialmente importante devido ao fato de se tratar de um equipamento suscetível ao desgaste de partes mecânicas durante a partidas e pelo fato da partida envolver uma grande quantidade de energia em intervalos de tempo de poucos segundos. O NUREG 1776 (USNRC, 2000), que avaliou a efetividade da implementação das normas prescritas nos NUREG 1032 (USNRC, 1988a) e Regulatory Guide 1.155 (USNRC, 1988b), orienta aos operadores de usinas nucleares que, apesar de ser necessário manter a confiabilidade dos Geradores Diesel de Emergência acima de valores prescritos, deve- se evitar uma redução da indisponibilidade dos Geradores Diesel de Emergência devida a um números excessivo de testes. Os modelos apresentados anteriormente neste capítulo não consideram o desgaste devido partidas relacionadas à manutenção fora de serviço. Deste modo, os valores de indisponibilidade derivados destes modelos não contemplam o número total de partidas e, deste modo, subestimam o valor real da indisponibilidade dos Geradores Diesel de Emergência e não permitem uma avaliação da política de manutenção fora de serviço dos Geradores Diesel de Emergência. No Capítulo 4, serão apresentadas propostas de modelos de indisponibilidade que considerem todo histórico de partidas dos Geradores Diesel de Emergência e que permitam avaliar os impactos das políticas de manutenção à indisponibilidade dos Geradores Diesel de Emergência. 34 Capítulo 4 Propostas de modelos de indisponibilidade 4.1 Quantificação linear da Indisponibilidade Os Geradores Diesel de Emergência de uma usina nuclear são submetidos a políticas de manutenção com objetivo de garantir alta confiabilidade. Uma característica importante dos testes periódicos dos Geradores Diesel de Emergênciaé o rigor do tempo de partida como critério de aceitação. Devido às características mecânicas dos Geradores Diesel de Emergência a partida e operação em potência nominal do gerador em intervalos de tempo da ordem de 10 segundos pode provocar desgastes consideráveis. Por este motivo, é importante utilizar um modelo de indisponibilidade que leve em consideração o desgaste, além do envelhecimento, que já foi objeto de outros modelos. O cálculo da indisponibilidade dos Geradores Diesel de Emergência a partir dos modelos tradicionais, propostos por (VAURIO, 1980) e (KIM, et al., 1994), necessita ser aperfeiçoado através da utilização de um modelo de indisponibilidade que contemple desgaste e envelhecimento. No entanto, é preciso diferenciar o número de períodos de teste, 𝑛 , do número total de demandas, 𝑛𝑑 , do equipamento, pois é possível que o equipamento seja demandado mais de uma vez a cada período de testes devido às partidas dos testes pós manutenção. Os modelos propostos no Capítulo 3 consideram uma demanda a cada período de teste desprezando, deste modo, o desgaste devido aos testes pós manutenção que pode ser significativo. A Eq. (4.1) apresenta a formulação geral do modelo proposto e decorre de uma generalização da Eq. (3.4). 𝑞(𝑛, 𝑛𝑑 , 𝑡) = 𝜌(𝑛𝑑) + ∫ 𝜆(𝑛, 𝑛𝑑 , 𝑡 ′)𝑑𝑡′ 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡 ∈ [0, 𝑇] 𝑡 0 (4.1) 𝜌(𝑛𝑑) = 𝜌0(1 + 𝑛𝑑𝑝1) (4.2) 35 𝜆(𝑛, 𝑛𝑑 , 𝑡) = 𝜆0(1 + 𝑛𝑑𝑝2) + 𝛼(𝑛𝑇 + 𝑡) (4.3) 𝑜𝑛𝑑𝑒, 𝑛 = número de períodos de teste; 𝑛𝑑 = número total de demandas do equipamento; 𝑡 = tempo decorrido desde o último teste; 𝜌(𝑛𝑑) = probabilidade de falhas causadas pelo total das demandas; 𝜌0 = probabilidade de falha por demanda residual; 𝑝1 = fator de desgaste por demanda; 𝜆(𝑛, 𝑛𝑑 , 𝑡) = taxa de falha; 𝜆0 = taxa de falha residual; 𝑝2 = fator de desgaste por tempo em prontidão; 𝑇 = intervalo entre testes; 𝛼 = fator de envelhecimento. Assim, a Eq. (4.1) apresenta a indisponibilidade como uma função de duas variáveis: 1. 𝑛 - número de intervalos de teste decorridos desde o início da vida do equipamento; 2. 𝑛𝑑 - número total de demandas do equipamento (incluindo testes pós manutenção). Através desta modelagem, é possível avaliar os efeitos na indisponibilidade dos Geradores Diesel de Emergência considerando seu histórico total de demandas. Nesta abordagem, são consideradas as partidas decorrentes de testes periódicos, manutenção fora de serviço e demandas reais. 36 4.1.1 Modelo de Indisponibilidade linear com desgaste por partidas em manutenção e sem Envelhecimento Em uma primeira abordagem, serão desprezados os efeitos do envelhecimento (𝛼 = 0). Assim, as Eqs. (4.2) e (4.3) podem ser escritas da seguinte forma: 𝜌(𝑛𝑑) = 𝜌0(1 + 𝑛𝑑𝑝1) (4.4) 𝜆(𝑛𝑑 , 𝑡) = 𝜆0(1 + 𝑛𝑑𝑝2) (4.5) 𝑞( 𝑛𝑑 , 𝑡) = 𝜌0(1 + 𝑛𝑑𝑝1) + ∫ 𝜆0(1 + 𝑛𝑑𝑝2)𝑑𝑡 ′ 𝑡 0 = 𝜌0(1 + 𝑛𝑑𝑝1) + 𝜆0(1 + 𝑛𝑑𝑝2)𝑡 𝑡 ∈ [0, 𝑇] (4.6) Assim, a Eq. (4.7) apresenta a indisponibilidade média. �̅�(𝑛𝑑) = 1 𝑇 ∫ 𝜌0(1 + 𝑛𝑑𝑝1) + 𝜆0(1 + 𝑛𝑑𝑝2)𝑡 ′𝑑𝑡′ 𝑇 0 = 𝜌0(1 + 𝑛𝑑𝑝1)𝑇 + 𝜆0 2 (1 + 𝑛𝑑𝑝2)𝑇 2; (4.7) Por fim, a indisponibilidade ao fim do período de teste é apresentada na expressão: 𝑞(𝑛𝑑, 𝑇) = 𝜌0(1 + 𝑛𝑑𝑝1) + 𝜆0 2 (1 + 𝑛𝑑𝑝2)𝑇 2 (4.8) 37 4.1.2 Modelo de Indisponibilidade linear com desgaste por partidas em manutenção e com Envelhecimento Considerando os efeitos os efeitos do envelhecimento (𝛼 ≠ 0), as Eqs. (4.2) e (4.3) podem ser escritas da seguinte forma: 𝜌(𝑛𝑑) = 𝜌0(1 + 𝑛𝑑𝑝1) (4.9) 𝜆(𝑛, 𝑛𝑑 , 𝑡) = 𝜆0(1 + 𝑛𝑑𝑝2) + 𝛼(𝑛𝑇 + 𝑡) (4.10) 𝑞(𝑛, 𝑛𝑑 , 𝑡) = 𝜌0(1 + 𝑛𝑑𝑝1) + ∫ [𝜆0(1 + 𝑛𝑑𝑝2) + 𝛼(𝑛𝑇 + 𝑡 ′)]𝑑𝑡′ 𝑡 0 = 𝜌0(1 + 𝑛𝑑𝑝1) + 𝜆0(1 + 𝑛𝑑𝑝2)𝑡 + 𝛼 𝑡 2 (2𝑛𝑇 + 𝑡) 𝑡 ∈ [0, 𝑇] (4.11) A indisponibilidade média, �̅�(𝑛, 𝑛𝑑), pode ser calculada através da expressão �̅�(𝑛, 𝑛𝑑) = 1 𝑇 ∫ 𝑞(𝑛, 𝑛𝑑 , 𝑡 ′)𝑑𝑡′ 𝑇 0 = 𝜌0(1 + 𝑛𝑑𝑝1) + 𝜆0(1 + 𝑛𝑑𝑝2) 𝑇 2 + 𝛼 𝑇2 2 (𝑛 + 1 3 ) (4.12) A indisponibilidade ao final do período de teste, 𝑞(𝑛, 𝑛𝑑,𝑇), é expressa por: 𝑞(𝑛, 𝑛𝑑,𝑇) = 𝜌0(1 + 𝑛𝑑𝑝1) + 𝜆0𝑇(1 + 𝑛𝑑𝑝2) + (2𝑛 + 1) 𝛼 𝑇2 2 (4.13) Definidas novas propostas de modelo de indisponibilidade que considerada o histórico total de demandas do componente, pode-se avaliar a relevância do incremento da indisponibilidade decorrente desta nova abordagem. 38 4.2 Histórico de partidas dos Geradores diesel de Emergência A tabela 4.1 apresenta um exemplo de um histórico de partidas obtida de dados da experiência operacional de um Gerador Diesel de Emergência. No início de sua operação, 𝑛 = 1, o número total de demandas não é nulo, 𝑛𝑑 = 11. Isto ocorre devido à execução de testes de comissionamento antes do Gerador Diesel ser considerado disponível para operação. Ou seja, neste caso o Gerador Diesel foi demandado a partir 11 vezes durante os testes de comissionamento. Ao final do primeiro período de testes, 𝑛 = 1, é executado o primeiro teste periódico e este teste é bem sucedido. Por este motivo, o número de partidas adicionais neste período (δ) é nulo. O Gerador Diesel segue disponível para operação sendo testado periodicamente. Ao final do décimo quarto período de testes, 𝑛 = 14, o teste é realizado sem sucesso pela primeira vez, sendo necessárias três partidas adicionais para que o teste seja considerado realizado com sucesso e o Gerador Diesel seja considerado disponível para operação. Ao longo da vida útil do Gerador Diesel, estipulada neste exemplo de 120 períodos, ocorrem várias execuções de testes sem sucesso. O número de partidas adicionais (δ) varia a cada teste sem sucesso. Ao final de 120 períodos de teste há uma diferença considerável entre o número de períodos de teste, 𝑛 = 120, e o número total de demandas do Gerador Diesel, 𝑛𝑑 = 232. A diferença de quase cem por cento entre os valores de 𝑛 e 𝑛𝑑 indica que os modelos tradicionais de indisponibilidade, Eqs. (3.23) e (3.28), que não diferem o número de períodos ( 𝑛 ) do número total de partidas ( 𝑛𝑑 ), desconsideram uma parcela da indisponibilidade devida à execução de partidas adicionais do Gerador Diesel durante seu ciclo de vida. As Eqs. (4.7) e (4.8) propõem modelos de indisponibilidade que levam em consideração as partidas adicionais. 39 Tabela 4.1 – Histórico de partidas de um Gerador Diesel n δ nd n δ nd n δ nd 1 0 11 41 0 89 81 0 158 2 0 12 42 0 90 82 0 159 3 0 13 43 0 91 83 1 161 4 0 14 44 0 92 84 1 163 5 0 15 45 2 95 85 0 164 6 0 16 46 0 96 86 0 165 7 0 17 47 1 98 87 1 167 8 0 18 48 0 99 88 0 168 9 0 19 49 0 100 89 0 169 10 0 20 50 1 102 90 0 170 11 0 21 51 0 103 91 0 171 12 0 22 52 0 104 92 4 176 13 0 23 53 3 108 93 1 178 14 4 28 54 0 109 94 1 180 15 0 29 55 0 110 95 0 181 16 0 30 56 0 111 96 0 182 17 0 31 57 0 112 97 0 183 18 0 32 58 1 114 98 3 187 19 1 34 59 1 116 99 2 190 20 1 36 60 0 117 100 2 193 21 1 38 61 1 119 101 1 195 22 1 40 62 3 123 102 3 199 23 5 46 63 1 125 103 1 201 24 1 48 64 0 126 104 0 202 25 0 49 65 1 128 105 1 204 26 1 51 66 0 129 106 0 205 27 4 56 67 0 130 107 0 206 28 0 57 68 0 131 108 0 207 29 1 59 69 4 136 109 3 211 30 0 60 70 5 142 110 1 213 31 3 64 71 2 145 111 1 215 32 10 75 72 0 146 112 0 216 33 2 78 73 0 147 113 2 219 34 0 79 74 1 149 114 1 221 35 0 80 75 0 150 115 1 223 36 1 82 76 0 151 116 0 224 37 0 83 77 0 152 117 0 225 38 0 84 78 2 155 118 0 226 39 0 85 79 0 156 119 3 230 40 2 88
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