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Equilíbrio químico de química geral 2 Química Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) 8 pag. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: gabriel-lalala (laragrabi0@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark EXPERIMENTO 10 CINÉTICA QUÍMICA: INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO E DA TEMPERATURA NA VELOCIDADE DAS REAÇÕES QUÍMICAS OBJETIVOS • Determinar a ordem de uma reação através de medidas de velocidade, variando-se a concentração dos reagentes; • Estudar a influência da temperatura do meio reacional sobre a velocidade das transformações químicas; • Determinar a energia de ativação para a reação entre o iodato e hidrogenossulfito em meio ácido. INTRODUÇÃO A cinética química trata do estudo da velocidade e mecanismo das reações químicas. O conhecimento das velocidades das reações é de grande importância prática: a velocidade de uma reação é um critério básico para seu uso em processos industriais. Neste experimento iremos medir a velocidade da oxidação do íon iodeto pelo íon persulfato: 2 I- + S2O82- → I2 + SO42- Estudaremos a variação na velocidade com a concentração de cada reagente. A medida que a reação ocorre a concentração de I- diminui, enquanto a concentração de I2 aumenta com o tempo. A FIGURA 1 mostra estas variações na concentração com o tempo para a reação. Note na FIGURA 1 que devido à estequiometria da reação, I- desaparece duas vezes mais rápido do que I2 é formado. A velocidade da reação pode ser expressa como: dt ]d[I ou dt ]d[I 2 − − tal que a velocidade da reação em qualquer tempo é a inclinação da curva da FIGURA 1 para um tempo particular. A velocidade é proporcional ao produto da concentração das espécies reagentes elevadas a alguma potência: v [I-]n[S2O8]m ou v = k[I-]n[S2O8]m Document shared on www.docsity.com Downloaded by: gabriel-lalala (laragrabi0@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark EXPERIMENTO 14 - CINÉTICA QUÍMICA 108 FIGURA 1. Variação da concentração de I2 e I- em função do tempo onde k é uma constante de proporcionalidade chamada constante de velocidade. O símbolo [ ] designa a concentração em mol L-1. Os expoentes n e m referem-se a ordem da reação com respeito aos reagentes, I- e S2O82- respectivamente. A soma de n+m fornece a ordem total de reação. A ordem da reação deve ser determinada experimentalmente e não pode ser deduzida da estequiometria da reação. Para reações simples a ordem é comumente 1 ou 2, mas em muitas reações químicas complexas podem aparecer frações ou ter ordem zero. Existem dois métodos para se determinar a ordem de uma reação. A primeira envolve a medida da velocidade em função da concentração inicial dos reagentes e a segunda envolve a medida da concentração em função do tempo. O primeiro método pode ser aplicado a qualquer reação e em sua forma mais simples envolve a medida da velocidade inicial da reação para várias concentrações iniciais de reagentes. Em tais medidas é assumido que o consumo de reagentes é desprezível, tal que aplicando a equação v = k[I-]n[S2O8]m, a concentração inicial de I- e S2O8 pode ser usada. Existem dois meios para achar o valor de n e m: a) Mantendo [S2O8-2] constante, os valores de n podem ser escolhidos e a equação testada para a linearidade com os dados obtidos. Por exemplo, se o valor de n é escolhido como 1, então teremos que v = k[I-]1[S2O8]m e um gráfico de v em função de [I-] deve ser linear se n for realmente 1 para esta reação. Alternativamente, n pode ser escolhido como 2 e então a equação torna-se: v = k[I-]2[S2O8]m Document shared on www.docsity.com Downloaded by: gabriel-lalala (laragrabi0@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark EXPERIMENTO 14 - CINÉTICA QUÍMICA 109 e um gráfico de v em função de [I-]2 deve ser linear se n = 2 para esta reação. Para reações com ordem integral este método pode facilmente distinguir entre uma ordem de 1 ou de 2 para um reagente em particular. b) Outro método mais geral é determinar os valores de n e m tomando o logaritmo de v = k[I-]n[S2O8]m, que nos fornece: log v = log k + n log [I-] + m log [S2O82-] Mantendo [S2O82-] constante, um gráfico de log v em função de log [I-] deve fornecer uma linha reta cuja inclinação é n. Este gráfico proporciona um teste geral, inclusive em casos onde a ordem pode ser uma fração. A vantagem deste método é que as reações secundárias, as quais poderiam mudar o mecanismo da reação para um período de tempo mais longo, não afetam a velocidade inicial da reação. Nós iremos tratar os dados pelos dois métodos. A velocidade de formação de I2 da reação é medida permitindo que o I2 formado sofra uma rápida reação com o íon tiossulfato. I2 + 2 S2O32- → 2 I- + S4O6-2 Uma quantidade conhecida de tiossulfato é adicionada a mistura de reação. Como I2 é lentamente formado na reação com persulfato será imediatamente consumido na reação com tiossulfato. Quando todo tiossulfato for consumido, I2 começa a acumular no sistema. Este ponto pode ser precisamente medido através da formação de um complexo de I2 com amido, que exibe uma cor azul. Portanto o tempo necessário para o aparecimento da cor azul corresponde ao tempo necessário para consumir uma quantidade conhecida de tiossulfato, e, portanto, também corresponde ao tempo necessário a formação de uma quantidade comparável de I2. Em cada experimento a mistura reacional conterá os reagentes S2O82- e I-, uma pequena quantidade de S2O32- e a solução indicadora de amido. Em alguns experimentos serão adicionadas pequenas quantidades de nitrato de potássio e sulfato de amônio para manter constante a força iônica da solução, mas nenhum destes compostos participa da reação. A velocidade de formação de I2 será medida em nove experimentos. Nos primeiros cinco experimentos a concentração de S2O8-2 será mantida constante e a concentração de I- será variada, enquanto que nos últimos quatro a concentração de S2O82- é que será variada e a de I- será mantida constante. Em todos os experimentos a concentração de S2O32- será mantida constante. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: gabriel-lalala (laragrabi0@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark EXPERIMENTO 14 - CINÉTICA QUÍMICA 110 ENERGIA DE ATIVAÇÃO: De acordo com a teoria cinética das partículas, para que ocorra reação química é necessário que as partículas das substâncias envolvidas colidam entre si. Nem toda colisão, entretanto, resulta em rearranjo dos átomos e conseqüente formação de novas substâncias. Colisões efetivas requerem que as partículas envolvidas possuam energia cinética suficiente para romper as ligações químicas dos reagentes e formar novas ligações. A energia cinética mínima das partículas, necessária para a ocorrência de reação química, é chamada de Energia de Ativação. O estudo da influência da temperatura na velocidade de uma reação química permite o cálculo experimental de sua energia de ativação. INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA VELOCIDADE DE UMA REAÇÃO QUÍMICA: Nesta experiência, vamos utilizar a chamada reação “Relógio de Iodo”, envolvendo íons iodato e hidrogenossulfito em meio ácido. Esta reação pode ser representada como um processo em duas etapas: IO3 - + 3 HSO3 - → I- + 3 SO42- + 3 H+ ETAPA LENTA 5 I - + IO3 - + 6 H+ → 3 I2 + 3 H2O ETAPA RÁPIDA Vamos manter constantes as concentrações de todos os reagentes e fazer a reação-relógio em quatro temperaturas diferentes, marcando o tempo decorrido entre a mistura dos reagentes e o surgimento da cor azul característica do complexo I2 - amido. A energia de ativação característica da reação-relógio pode ser determinada graficamente. Considerando que as concentrações dos reagentes são mantidasconstantes, se analisarmos a Lei da Ação das Massas para essa reação: v = k [KIO3] [NaHSO3] [H2SO4] concluiremos que a velocidade só pode variar devido a dependência da constante de velocidade k em relação à temperatura. Esta dependência é dada pela Lei de Arrhenius: k = A e - Ea / RT em que: k = constante de velocidade; A = fator pré-exponencial; Ea = energia de ativação; R = constante universal dos gases ideais; T = temperatura absoluta (em kelvin). Como desejamos obter o valor da energia de ativação Ea, usaremos logaritmos: log k = log A - (Ea / 2,3 RT) na qual o fator 2,3 surgiu ao se passar da base e para a base decimal. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: gabriel-lalala (laragrabi0@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark EXPERIMENTO 14 - CINÉTICA QUÍMICA 111 Não determinaremos os valores de k, mas de uma grandeza que lhe é proporcional (k é proporcional a velocidade e, portanto inversamente proporcional ao tempo). Com as substituições devidas, obteremos a expressão: log (1 / tempo) = cte. - (Ea / 2,3 RT) ou seja: log (1 / tempo) = cte. - (Ea / 2,3 R) . (1 / T ) Assim, se um gráfico de log (1/tempo) em função o inverso da temperatura absoluta (1/T) for construído, obteremos uma reta cujo coeficiente angular corresponderá a -Ea / 2,3 R. Dado que R = 8,314 J K-1 mol-1, é possível calcular a energia de ativação Ea em joules. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL MATERIAIS NECESSÁRIOS: Bureta de 50 mL; Béquer de 100 mL; Pipeta graduada de 10 mL; Termômetro de 110 ºC; Cronômetro. REAGENTES: Tiossulfato de sódio a 0,01 mol L-1; Iodeto de potássio a 0,2 mol L-1; Nitrato de potássio a 0,2 mol L-1; Persulfato de amônio a 0,2 mol L-1; Sulfato de amônio a 0,2 mol L-1. SEGURANÇA: • O contato com iodo na pela pode causar lesões, dependendo da susceptibilidade do indivíduo. O iodo neste experimento estará complexado com amido, contudo evite o cantado da solução com a pele. Em caso de contato lave a região afetada com água e sabão. PARTE A: INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO 1. Limpar cinco buretas e marcá-las como segue: a) tiossulfato de sódio a 0,01 mol L-1; (bureta 1) b) iodeto de potássio a 0,20 mol L-1; (bureta 2) c) nitrato de potássio a 0,20 mol L-1; (bureta 3) d) perssulfato de amônio a 0,20 mol L-1; (bureta 4) e) sulfato de amônio a 0,20 mol L-1; (bureta 5) 2. Usar uma pipeta de 10 mL para a solução de amido 0,2%; 3. Usar dois béqueres de 100 mL marcados como f e g; É ACONSELHÁVEL FAZER OS EXPERIMENTOS EM BANHO COM TEMPERATURA CONSTANTE Document shared on www.docsity.com Downloaded by: gabriel-lalala (laragrabi0@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark EXPERIMENTO 14 - CINÉTICA QUÍMICA 112 4. As sequências 4 a 6 se referem à linha 1 da Tabela 1. No béquer f prepare uma solução misturando: 20 mL de solução de KI, 8 mL de solução de Na2S2O3 a 0,01 mol L-1 e 4 mL de solução indicadora de amido 0,2%. Misturar bem com um bastão de vidro. 5. No béquer g coloque 20ml de (NH4)2S2O8 0,2 mol L-1; 6. Após isto adicionar o conteúdo do béquer g ao béquer f, misturar bem por alguns segundos e em seguida disparar o cronômetro; 7. Repetir os procedimentos 4 a 6, porém adicionando as quantidades dos reagentes apresentados na TABELA 1, a partir da linha 2. Em cada mistura do bequer f, não esquecer de adicionar 8 mL de solução de Na2S2O3 a 0,01 mol L-1 e 4 mL de solução indicadora de amido 0,2%. ATENÇÃO: • O aparecimento da cor azul corresponde à formação do complexo de I2-amido, o cronômetro deve ser travado neste instante; • O tempo compreendido entre a mistura e o aparecimento da cor azul corresponde ao tempo de formação de I2, registrar este tempo. TABELA 1. Volumes, em mL, de reagentes para cada mistura. Béquer F Béquer G Mistura KI 0,2 mol L-1 KNO3 0,2 mol L-1 (NH4)2S2O8 0,2 mol L-1 (NH4)2S04 0,2 mol L-1 1 20 0 20 0 2 15 5 20 0 3 10 10 20 0 4 5 15 20 0 5 2,5 17,5 20 0 6 20 0 15 5 7 20 0 10 10 8 20 0 5 15 9 20 0 2,5 17,5 Document shared on www.docsity.com Downloaded by: gabriel-lalala (laragrabi0@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark EXPERIMENTO 14 - CINÉTICA QUÍMICA 113 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL MATERIAIS NECESSÁRIOS: Bureta de 50 mL; Béqueres de 50 mL; Termômetro de 110 ºC; Cronômetro. REAGENTES: SOLUÇÃO A: Iodato de potássio a 0,0100 mol L-1 SOLUÇÃO B: Hidrogenossulfito de sódio a 0,0100 mol L-1; Ácido sulfúrico a 0,0100 mol L-1; Amido a 2%. PARTE B: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA Para cada equipe, o procedimento abaixo será realizado em duas temperaturas sempre utilizando banho-maria. Fazer os experimentos em triplicata para cada temperatura. Considerando todas as equipes, as seguintes temperaturas são sugeridas: 2 oC, 6 oC, 12 oC, temperatura ambiente da água, 25 oC e 30 oC. 1. Medir 10 mL de solução 0,1 mol L-1 de KIO3 com uma bureta e colocar esta alíquota em um béquer de 50 mL; Solução A. 2. Em outro béquer de 50 mL, recolher 10 mL da solução de HSO3; solução B; 3. Deixar os dois béquers em banho de gelo (para 2, 6 e 12 oC) ou água/agua quente (para 25 e 30 oC) até atingir a temperatura desejada, por pelo menos 3 minutos, para garantir o equilíbrio térmico entre os reagentes e o banho. Anotar a temperatura no caderno de relatório; esta deve estar no máximo 0.5 oC distante do valor desejado. 4. Misturar, então, a solução A na B (DISPARANDO O CRONÔMETRO NO INSTANTE EM QUE OS DOIS SE ENCONTRAREM!) e manter a mistura no banho, sob temperatura controlada, durante a ocorrência da reação; 5. Parar o cronômetro assim que conseguir observar o surgimento de cor azul na solução. Anotar o tempo no caderno de relatório; 6. A reação deve ser repetida em duas temperaturas utilizando o banho de gelo ou água; ATENÇÃO: • Não permita que a temperatura ultrapasse 38 ºC, para que não haja risco de decomposição do íon HSO3- (bissulfito). Document shared on www.docsity.com Downloaded by: gabriel-lalala (laragrabi0@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark EXPERIMENTO 14 - CINÉTICA QUÍMICA 114 7. Com a média dos os dados obtidos por todas as equipes, construir um gráfico de tempo vs. temperatura; 8. Enunciar a relação existente entre velocidade de reação e a temperatura; 9. Construir um gráfico de log (1/tempo) em função de (1 / Temperatura) na escala absoluta; 10. Calcular o valor da energia de ativação para a reação-relógio de iodo. Utilizar unidades do Sistema Internacional; 11. Comparar o valor obtido com o valor disponível na literatura, isto é, Ea = 21,5 kJ mol-1, e indicar as possíveis fontes de erros. 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