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22 set RESENHA_ARTIGOS_02_DERICK_FJP_MUD_ORG_[4313]

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FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO 
 
 
 
RESENHA DE ARTIGOS 
 
Disciplina: Mudança Organizacional 
Docente: Marcus Vinícius Gonçalves da Cruz 
Discente: Derick Alan Silva 
Data: 12 de setembro de 2022 
 
 
O presente trabalho objetiva fazer um estudo de artigos integrando suas abordagens no 
que diz respeito a aspectos das Mudanças Organizacionais. Através do estudo dos artigos é 
possível observar uma convergência nos abordagens que enfatizam sobre aspectos das 
mudanças organizacionais institucionais, fazendo um estudo sobre processo e suas múltiplas 
forças que levam à(s) mudança(s), como ocorrem, suas etapas, atores envolvidos, as tipologias 
de mudanças institucionais que sustentam tais mudanças, dentre outros apontamentos a respeito 
das Mudanças Organizacionais Institucionais. 
 O artigo “Ação afirmativa em programas de pós-graduação no Brasil: padrões de 
mudança institucional” de Anna Carolina Venturini (2021) aborda sobre estudos e temas como 
as mudanças provocadas por políticas de ações afirmativas e ampliação de acesso de alunos em 
cursos de ensino superior. 
Como se pode verificar no texto, embora a ação afirmativa seja amplamente 
conceituada e popularmente conhecida como sistemas de reserva de vagas ou cotas, poucos 
estudos dedicados à experiência de programas de pós-graduação foram levantados no país, 
limitando, a maior parte dos estudos, acerca das ações voltadas para o ingresso à graduação. 
Dentre os principais motivadores à implantação das ações afirmativas têm-se a 
diversidade como forte argumento a favor de tais políticas. A institucionalização de tais 
políticas é fonte de discussão tanto internamente na comunidade acadêmica quanto na 
sociedade, haja vista às mudanças que se repercutem a partir de tais modelos de ingresso de 
estudantes. Assim sendo, o estudo investiga a criação de ações afirmativas nos cursos de pós-
graduação trazendo a perspectiva de mudança institucional desencadeadas por tais modelos. 
É importante ressaltar que maioria destes programas, que adotam ações afirmativas, 
não excluem do processo seletivo as fases tradicionais de avaliação. O que, por hora, pode se 
questionado quanto à efetividade de que tais ações alcancem efetivamente o publico alvo, ou 
seja, se tais ações estão cumprindo a finalidade incluir indivíduos de grupos desfavorecidos. Tal 
característica foi observada por intermédio de levantamento dos editais de seleção dos 
programas. Dados coletados para a pesquisa, até janeiro de 2018 indicam 737 programas de pós-
graduação acadêmicos com algum tipo de ação afirmativa. 
O surgimento e implantação de ações afirmativas podem derivar de decisões dos 
próprios programas, sob uma ótica mais interna da própria instituição e do corpo docente (força 
endógena), enquanto outras foram criadas para atender a legislações (sendo esta perspectiva 
encarada como de uma força de origem exógena). 
Os dados coletados indicam que apenas 18,3% dos programas criaram medidas por 
iniciativa própria e que número de políticas decorrentes de resoluções universitárias teve um 
aumento significativo induzido pela Portaria Normativa MEC nº 13/2016, do Ministério da 
Educação (MEC). A referida portaria determinou que todas as instituições federais de ensino 
superior enviassem propostas de inclusão de negros, pardos, indígenas e pessoas com 
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO 
 
 
deficiência em seus programas de pós-graduação. Por considerarem a Portaria obrigatória, 
muitas universidades emitiram resoluções sobre o assunto. 
Segundo Venturini, autora dos estudos, embora o acesso à universidade tenha 
democratizado o ingresso dos menos favorecidos aos cursos superiores, esta variou 
significativamente por carreiras, sendo as áreas menos valorizadas pelo mercado de trabalho, 
ditas como “menos duras”, foram a que mais efetivaram maior ingresso do público alvo dos 
programas afirmativos. Para o desenvolvimento da pesquisa as áreas de conhecimento dos 
cursos de pós graduação foram consideradas como variáveis relevantes para estudar as 
mudanças provocadas nos programas de ações afirmativas. 
Venturini também faz uma abordagem à respeito da dificuldade de se promover 
mudanças nas instituições, cujas regras, normas, procedimentos, comportamentos, dentre outros, 
podem não ser alteradas fácil ou instantaneamente. Importante destacar que as instituições 
sofrem tensões na implementação dos programas afirmativos, visto às consequências que 
podem ser desencadeadas no decorrer do tempo dentro da estrutura e sistema de avaliação de 
Programa de Excelência Acadêmica (Proex) da Capes. 
Tal tensão se origina a partir de uma eventualidade na redução da nota no programa de 
pós-graduação, que pode impactar o financiamento de pesquisas. Tal fator, que pode afetar a 
fonte de recursos para pesquisas, e é tido como fator principal no que diz respeito à resistência 
dos atores interessados no financiamento de bolsas, recursos para investimento em laboratórios, 
eventos, publicações, entre outros. 
Nota-se, portanto, que as fontes de tensão e resistência frente às mudanças 
institucionais originadas pelas ações afirmativas em estudo pode ser o resultado tanto de 
choques externos ou internos, assim como de choques incrementais ou instantâneas, que serão 
discorridos mais a frente. 
A Portaria Normativa MEC nº 13/2016, de certo modo, pode se encarada como uma 
mudanças radical, abrupta e instantânea, de origem exógena que atua como agente motor de 
mudança institucional nos programas de pós graduação. No entanto, segundo autora, não houve 
alterações nos critérios tradicionais de admissão em um número significativo de casos 
estudados, o que nos leva a inferir que modelo de choque exógeno não parece ser apropriado 
para explicar as ações afirmativas dos cursos de pós-graduação. 
Venturini baseou-se nas teorias do institucionalismo histórico sobre a mudança 
institucional para identificar um modelo que capture a lógica da evolução institucional e os 
processos endógenos de mudança. As mudanças nos programas foram analisadas de acordo com 
a tipologia que identifica quatro tipos de mudança institucional: substituição (displacement), 
camadas (layering), deslocamento (drift) e conversão (conversion). 
Quanto aos aspectos metodológicos o estudo restringiu-se por analisar apenas as 
universidades públicas. Todos os editais foram analisados, através de buscas em sítios 
eletrônicos dos programas, e aqueles contendo ações afirmativas foram separados e codificados 
de acordo com as seguintes características: universidade; código do programa conforme dados 
da Capes; área do conhecimento; tipo de ação afirmativa; beneficiários; nota da Capes; estado; e 
região. 
No primeiro momento da pesquisa foram separados os editais de seleção de 137 
programas de pós-graduação que criaram ações afirmativas por iniciativa própria, 
desconsiderando aquelas feitas por determinação legal ou resoluções de conselhos 
universitários. A análise da criação de políticas permitiu identificar se os programas foram 
criados de forma independente ou se foram forçados a fazê-lo pela Portaria Normativa MEC nº 
13/2016. A origem da iniciativa de mudança indicaria um desejo real por políticas de 
diversidade e mudanças nos procedimentos. Os 137 programas que criaram políticas de forma 
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO 
 
 
independente (o que representa 18,3% de todos os programas de ação afirmativa até janeiro de 
2018) foram codificados usando o software NVivo para identificar as principais etapas e 
critérios de admissão, que resultou em uma lista das principais etapas: tipo de vagas, tipo de 
edital, pontuação mínima (nota de corte)6, exames, proficiência em idiomas estrangeiros, 
avaliação do currículo, projeto de pesquisa, entrevista, cartas de recomendação e aceite do 
orientador. Em seguida códigos foram criados para identificar os tipos de alterações 
relacionadas às políticas de ação afirmativa, assim sendo, para cada etapado programa foi 
atribuído um código e o tipo de mudança aplicada. Por fim, a última etapa consistiu na criação 
de um conjunto de dados com o número de características do processo seletivo para cada 
programa e os códigos criados para identificar cada etapa do processo. Em seguida, o grau de 
mudança (cálculo matemático - DC) foi estabelecido com base na razão entre o número de 
mudanças (m) e a soma das características (c) do processo seletivo: 
 
Foram realizadas também entrevistas com 7 coordenadores de programas buscando 
entender se havia diferenças nos padrões de mudança conforme a área de conhecimento dos 
programas. O roteiro básico das entrevistas semiestruturadas continha 15 perguntas sobre a 
formulação de políticas e os processos de tomada de decisão, bem como as barreiras enfrentadas 
pelos grupos de beneficiários e propostas para alterar os critérios de admissão. As entrevistas 
foram transcritas e codificados no software NVivo em categorias como: barreiras de acesso, 
alterações de critérios de seleção, resistência, argumentos a favor e contra e motivos para 
mudança. 
Já o estudo “Explaining institutional change: ambiguity, agency, and power” de 
Mohoney J. & Telen K. (2010) trouze explanações, como se pode inferir do próprio título, sobre 
as Mudanças Institucionais e os aspectos, ambiguidades e os agentes que influenciam no 
processo, como tais indivíduos podem vir a criar forças (coalizões) que repercutem na forma, 
condução, resistência, dentre outros aspectos relacionados à forma das Mudanças Institucionais. 
O estudo também traz uma forte inferência defendida ao longo dos anos por 
estudiosos sobre outros fatores exógenos, externos às instituições e ao ambiente, fazendo um 
diagnóstico destas e das outras variáveis citadas, seja pelo aspecto individual ou sinérgico, no 
processo da Mudança Institucional, conforme será discorrido a seguir. 
Os autores citam como a instituição pode ir se reformulando ao longo do tempo, em 
uma série de movimentos de origens abruptas os crescentes, endógenos ou exógenos, e como os 
efeitos cumulativos dessas mudanças permitem que mudanças incrementais muitas vezes 
adicionam até transformações fundamentais na instituição. 
Segundo os autores a maioria dos estudiosos apontam para choques exógenos que 
provocam reconfigurações institucionais radicais, ignorando mudanças baseadas em 
desenvolvimentos endógenos que muitas vezes se desdobram de forma incremental. Contudo é 
notório destacar que, muitas vezes, “configurações institucionais são alteradas e substituídas por 
fundamentalmente novas, e que tais constituições, sistemas e arranjos surgem em certos casos e 
em certos momentos”. 
Os autores inferem que “mudanças graduais podem ser de grande significado por 
direito próprio, e as mudanças que se desenrolam gradualmente podem serem extremamente 
consequente como causas de outros resultados”, reforçado a ideia de que a mudança 
institucional além de ocorrer de forma gradual ocorre com dependência de trajetória, dando 
ênfase a teoria de que possivelmente as instituições normalmente evoluam em mais maneiras 
incrementais. 
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO 
 
 
Assim sendo assume-se a visão de que as fontes de mudança institucional não são 
provenientes apenas de choques exógenos ou mudanças ambientais. 
Inicialmente os autores debatem sobre o problema comum focado na estabilidade das 
instituições e suas respostas a choques exógenos. Pressupõe que os modelos e sistemas que são 
institucionalizados tendem a ser relativamente resistentes aos esforços de mudanças, visto que 
as instituições estão vinculadas a códigos de adequação. Paralelamente inferem que novas 
formas e mudanças organizacionais são semelhantes ou compatíveis com organizações 
existentes, caracterizando tais mudanças como “isomórficas”. 
Segundo os autores, embora bastante poderosos como ferramentas para explicar a 
continuidade, os mecanismos de perpetuação usados no institucionalismo sociológico fornecem 
poucas pistas sobre possíveis fontes de mudança endógena. 
Estudos de mudança geralmente fornecem informações relevantes a respeito dos 
atores como agentes endógenos das mudanças, e como estes conseguem desestabilizar práticas 
ou roteiros dominantes e impor suas alternativas preferenciais. 
Fica explicitado, portanto, uma variabilidade de ambiguidades e dilemas, que quando 
confrontados com as mudanças institucionais levam a reconhecer que a mudanças dos pontos de 
equilíbrios (endógenos ou exógenos) levam as instituições à mudanças envolvendo 
comparações dinâmicas e estáticas. 
A análise enfatiza “os efeitos institucionais indiretos, que ampliam ou reduzem o 
conjunto de situações em qual uma instituição é auto-aplicável, num modelo de mudança com 
efeitos de retroalimentação, enfatizado a continuidade da mudança como co-dependencia de sua 
trajetória”. 
Os autores ainda ressaltam que “muitos estudiosos veem as instituições antes de tudo 
como legados políticos de lutas históricas concretas, reforçando uma visão do visão do poder 
político das instituições enfatizando a persistência institucional em termos de aumento do 
retorno ao poder”. 
Nota-se, conforme elencado pelos autores, que as variedades de institucionalismo, em 
suma, fornecem respostas para o que sustenta as instituições ao longo do tempo, inferindo-se 
que dificilmente é possível encontrar um modelo geral de mudança capaz de compreender 
simultaneamente fontes exógenas e endógenas de mudança. 
No que tange a dinâmica do resultado político nas mudanças intitucionais os autores 
destacam sobre a concepção que as instituições, acima de tudo, são concebidas como 
“instrumentos distributivos carregados de implicações de poder” e que, por isso, estão repletas 
de tensões porque inevitavelmente levantam considerações sobre recursos e invariavelmente 
têm consequências distributivas. Assim sendo, “Qualquer conjunto de regras ou expectativas, 
terá implicações desiguais para a alocação de recursos”, polarizando interesses conforme os 
atores. 
Em alguns casos, o poder de um grupo (ou coalizão) em relação a outro pode ser tão 
grande que atores são capazes de projetar instituições que correspondam de perto às suas 
preferências institucionais bem definidas. Por essa perspectiva, mudança e estabilidade estão, de 
fato, inextricavelmente ligadas. Aqueles que se beneficiam de acordos existentes podem ter uma 
preferência objetiva por continuidade, mas garantir tal continuidade requer a mobilização 
contínua de apoio político. 
Uma importante fonte de mudança é equilíbrio de forças que por meio de mudanças 
nas condições ambientais que reorganizam as relações de poder. Deste modo os atores estão 
inseridos em uma multiplicidade das instituições, e as interações entre elas, podem permitir 
mudanças na distribuição contínua de recursos e as mudanças vinculadas. 
 
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO 
 
 
Vale ressaltar também que “o princípio da força que pressiona as mudanças, por 
vezes, é desencadeado pela própria instituição e que a mudança pode ocorrer atrás do 
favorecimento ou desfavorecimento de certos grupos, suas interações, arranjos e ao poder que é 
dado a estes”. Interessante destacar que os autores pressupõe que “as instituições podem ser 
alteradas para acomodar a nova realidade, e essa mudanças podem envolver criação de regras, 
ou podem simplesmente envolver extensões criativas de regras para a nova realidade”. 
Tais mudanças passam a ser vistas, portanto, como ambiguidades que se evidenciam 
através de coalizões que sustentam e remodelam a instituição a longo prazo, levando a 
percepção que as mudanças não dependem apenas da continuidade das próprias regras, mas 
também da maneiras pelas quais essas regras são instanciadas na prática. A parto desta 
perspectiva infere-se que um fator de forte influência, que estimula a mudança, são as 
implicações de distribuição dos atores e do poder nas instituições. 
Segundosos autores “Quando a execução de uma instituição é contestada e incerta, ou 
quando o significado de uma instituição é indeciso, o interesse de um ator em continuidade 
institucional pode ser equívoca e mutável”. 
A leitura dos estudos de Venturini e Mohoney J. & Telen K., assim sendo, fazem uma 
interessante convergência no que diz respeito aos modos de mudança institucional. 
A proposição dos autores enfatizam, em resumo, quatro tipos modulares de mudança 
institucional: deslocamento, estratificação, deriva e conversão. 
Em síntese o Deslocamento trataria da remoção das regras existentes e a introdução de 
novas; já a tratativa de Camadas faria alusão a introdução de novas regras em cima ou ao lado 
os que existem; o modelo Drift enfatiza o impacto alterado das regras existentes devido a 
mudanças no meio Ambiente enquanto que a Conversão traria a tona a alteração da 
promulgação das regras existentes devido à sua. No tocante do modelo de deslocamento, em que 
está presente quando as regras existentes são substituídas por novas, é um tipo de mudança que 
ser abrupta, e pode implicar a mudança radical que é frequentemente apresentada nas principais 
teorias institucionais. 
Por outra perspectiva, a estratificação ocorre quando novas regras são anexadas às 
existentes, mudando assim as maneiras pelas quais as regras originais estruturam o 
comportamento, não provocando a introdução de regras totalmente novas, mas sim envolve 
emendas, revisões ou acréscimos aos existentes, pois processos de estratificação geralmente 
ocorrem quando os desafiantes institucionais não têm a capacidade de realmente mudar as 
regras originais. 
Enquanto o Drift ocorre quando as regras permanecem formalmente as mesmas, mas 
seu impacto altera como resultado de mudanças nas condições externas, a conversão ocorre 
quando as regras permanecem formalmente as mesmas, mas são interpretados e encenados de 
novas maneiras, visto que em alguns casos a conversão resulta da incorporação de novos 
adeptos ou da assunção do poder por uma nova coalizão política que, em vez de desmantelar 
velhas instituições, usa-as de novas maneiras 
Assim sendo é possível observar que na abordagem do artigo de Venturini a 
modelagem em camadas (ou Layering) a mudança institucional cresce a partir do apego de 
novas instituições ou regras sobre ou ao lado das já existentes. Assim sendo certos programas de 
afirmação são reformulados mantendo em parte as regras dos modelos de seleção que já vinham 
sendo praticados em períodos anteriores. 
Importante destacar aqui a influencia do grau de poder discricionário dos atores na 
implementação de regras, e como esta varia de uma instituição para outra, assim como de uma 
área de concentração de um programa para outro. 
 
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO 
 
 
Observa-se também traços da estratificação nas mudanças implementadas nos 
programas afirmativos. Conforme já mencionado, com a estratificação, a antiga instituição 
permanece em lugar, mas é alterado através da introdução de novas regras. 
Por outro lado, sob a perspectiva do deslocamento, a velha instituição é simplesmente 
substituída – direta e abrupta ou gradualmente ao longo do tempo. Entende-se aqui as mudanças 
abruptas como as impostas pela Portaria Normativa MEC nº 13/2016, do Ministério da 
Educação (MEC) como um deslocamento. 
Mohoney J. & Telen K trazem uma interessante abordagem dos insurrecionais, que 
“procuram conscientemente eliminar as instituições existentes ou regras, e o fazem 
mobilizando-se ativa e visivelmente contra eles”. Tal inferência pode ser associada ao fato de 
alguns programas de áeas “menos duras” enfrentarem menores resitencias na implementação e 
continuidade dos programas de ações afirmativas, visto que diferentes tipos de agentes de 
mudança surgem em diferentes contextos institucionais. 
O apronfudamento da análise do trabalho dos autores trazem os termos de agentes 
parasitas, mutualistas e simbiontes, interessante de ser destacado frente aos diferentes atores da 
mudanças e seus reflexos. Na variedade parasitária, esses atores exploram uma instituição para 
ganho privado mesmo que dependam da existência e ampla eficácia da instituição para alcançar 
esse ganho. 
Os simbiontes também prosperam e obtêm benefícios de regras que não escreveram ou 
projetaram, usando essas regras de novas maneiras de avançar nos seus objetivos. A atividade 
simbiótica, portanto, não compromete a eficiência das regras ou a sobrevivência da instituição. 
Já os mutualistas normalmente contribuem para a robustez das instituições, ampliando a 
coalizão de apoio na qual a instituição se baseia, pois violam a letra da norma para sustentar e 
manter seu “espírito”. 
Mohoney J. & Telen K retratam também em seus estudos os atores subversivos e os 
oportunistas. Segundos os autores, subversivos “são atores que procuram deslocar uma 
instituição, mas ao perseguir esse objetivo, eles mesmos não infringem as regras da instituição. 
Em vez disso, disfarçam efetivamente a extensão de sua preferência para a mudança 
institucional, seguindo as expectativas institucionais e trabalhando dentro do sistema”. Por outro 
lado, os oportunistas são atores que têm preferências ambíguas sobre a continuidade 
institucional, que não procuram ativamente preservar as instituições, mas que exploram 
quaisquer possibilidades existentes dentro do sistema prevalecente para atingir seus fins, 
podendo ser vistos como uma fonte de inércia institucional. 
Em resumo pode-se generalizar sobre a afinidade entre tipos particulares de atores e 
modos de mudança da seguinte forma: “os insurrecionais buscam deslocamento, mas se 
contentará com o deslocamento gradual. Simbiontes procuram para preservar o status quo 
institucional formal, mas sua variedade parasitária realiza ações que causam deriva institucional. 
Subversivos procuram deslocamento, mas muitas vezes funcionam a curto prazo em nome da 
estratificação. Os oportunistas adotam uma abordagem de esperar para ver enquanto buscam a 
conversão quando convém aos seus interesses”. 
Por fim, conclui-se através do estudo dos artigos que as forças endógenas e exógenas 
promovem o deslocamento das normas de uma institução ao longo do tempo, e que os agentes 
de mudança geralmente não trabalham sozinhos e são fundamentais, conforme o poder de 
influencia na implementação das mudanças inseridas nas instituições. 
Nota-se que o sucesso de vários tipos de agentes em efetuar mudança normalmente 
depende crucialmente das coalizões, como se pode verificar que em determinados programas de 
afirmação os agentes levarem em consideração fatores diversos na implementação nos 
processos seletivos com finalidade afirmativas. 
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO 
 
 
 
A interação entre os recursos do contexto político e das propriedades das próprias 
instituições podem ser vistas como crucialmente importante para explicar a mudança 
institucional. A exemplo, os interesses no que diz respeito a manutenção de boa pontuação nos 
programas de avaliação de Programa de Excelência Acadêmica (Proex) da Capes é um fator que 
fez com que os atores tomassem posições disntintas frente à necessidade das mudanças. 
Verificou-se que o predomínio das Ciências Humanas (“áreas menos duras”) parece 
estar relacionado à sua proximidade (meio acadêmico e público alvo das ações afirmativas) com 
os estudos e também com o fato de que a diversidade é essencial para possibilitar novos 
problemas e abordagens metodológicas dentro do próprio programa de pós graduação. 
Conclui-se que a maioria dos programas passou por processos de mudança em 
camadas, com poucos casos de substituição e modificações quase completas nos processos de 
seleção devido às barreiras enfrentadas por determinados grupos. A preferência por baixos 
índices de mudança e substituição pode ser explicada pela forte resistência em fazer alterações 
mais pofundas nos processos de admissão devido à importância queos programas e docentes 
atribuem ao mérito e excelência acadêmico. 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
MAHONEY J, THELEN K. A theory of gradual institutional change. In: MAHONEY J, 
THELEN K, (Ed.). Explaining institutional change: ambiguity, agency, and power. Cambridge: 
Cambridge University Press; 2010. p. 1-37. 
 
 
VENTURINI, Anna Carolina. Ação afirmativa em programas de pós-graduação no Brasil: 
padrões de mudança institucional. Revista de Administração Pública, v. 55, n. 6, p. 1250-
1270, 2021.

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