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Embargos a Execução (914 a 920, do CPC) Trata-se da defesa do devedor nas execuções fundadas em títulos executivos extrajudiciais A) Conceito e Tese de Defesa É realizada por meio de ação autônoma (embargos a execução), diferente do cumprimento de sentença em que a impugnação é protocolada no próprio cumprimento de sentença por petição, formando um incidente. No processo de execução de título executivo extrajudicial a defesa do executado é instaurado em processo autônomo, vinculado à execução, denominado embargos a execução. Possui a finalidade específica de defender o executado no processo e execução de forma plena, podendo este, apresentar qualquer tese de defesa (meios lícitos de provas). B) Competência Regra: os embargos serão opostos no juízo da execução (distribuição por dependência). Competência funcional absoluta (se não respeitada, gera nulidade absoluta no processo). Exceções: quando a penhora for realizada por carta precatória, os embargos poderão ser apresentados no juízo deprecante (tramita a execução), ou no deprecado (cumpriu a penhora), porém a competência de julgamento será do deprecante (aquele que tramita a execução), exceto quando alegado apenas vícios na penhora, hipótese em que o juízo deprecado poderá julgar os embargos. "Art. 914. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá se opor à execução por meio de embargos. § 1º Os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados em apartado e instruídos com cópias das peças processuais relevantes, que poderão ser declaradas autênticas pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal. § 2º Na execução por carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens efetuadas no juízo deprecado." C) Ausência de garantia do Juízo A apresentação dos embargos à execução independente de garantia de juízo, portanto, o executado, ainda que não tenha bens, poderá apresentar embargos a execução que serão recebidos, processados e julgados. A penhora pode, inclusive ocorrer somente após o julgamento dos embargos à execução. "Art. 914. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá se opor à execução por meio de embargos." D) Prazo para opor embargos a execução Os embargos deverão ser opostos no prazo de 15 dias contados conforme as regras do artigo 231, CPC. Em regra a contagem ocorrerá a partir da data da juntada aos autos do Aviso de recebimento ou mandado de citação cumprido. Atenção: Não se aplicam aos embargos a execução as regras de prazo dobrado para litisconsortes com advogados diferentes (229, CPC) e nem a data da juntada do último mandado cumprido (231, parágrafo 1, CPC). Portanto, se houver litisconsórcio passivo (vários executados), o prazo fluirá independente a contada da data da juntada da citação de cada um deles. Exceção: Se os litisconsortes forem cônjuges ou companheiros (conta-se da data da juntada do último mandado de citação). Art. 915. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contado, conforme o caso, na forma do art. 231 . § 1º Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar conta-se a partir da juntada do respectivo comprovante da citação, salvo no caso de cônjuges ou de companheiros, quando será contado a partir da juntada do último. § 2º Nas execuções por carta, o prazo para embargos será contado: I - da juntada, na carta, da certificação da citação, quando versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens; II - da juntada, nos autos de origem, do comunicado de que trata o § 4º deste artigo ou, não havendo este, da juntada da carta devidamente cumprida, quando versarem sobre questões diversas da prevista no inciso I deste parágrafo. § 3º Em relação ao prazo para oferecimento dos embargos à execução, não se aplica o disposto no art. 229 . § 4º Nos atos de comunicação por carta precatória, rogatória ou de ordem, a realização da citação será imediatamente informada, por meio eletrônico, pelo juiz deprecado ao juiz deprecante. E) Prazo para embargos com pedido de pagamento parcelado: O artigo 916, do CPC admite que o devedor no prazo dos embargos deposite 30% do valor da execução (incluindo encargos, custas e honorários) e postule o pagamento do restante em até seis parcelas mensais acrescidas de correção monetária e juros de 1% ao mês. Se o pedido for deferido, a execução ficará suspensa até o adimplemento integral. A medida que for depositado o valor mensal, o magistrado no ato seguinte autorizará o imediato levantamento pelo credor. Trata-se de um direito do devedor que não admite a recusa do credor. No entanto, necessário que o requerimento respeite o prazo dos embargos, deposite judicialmente o equivalente a 30%v do total do débito e indique o número de parcelas (até seis). Se não forem cumpridos referidos requisitos, o credor pode recusar. A ausência de adimplemento das parcelas por parte do devedor, gera o vencimento antecipado das parcelas e o prosseguimento da execução acrescida de multa de 10% sobre o saldo restante, sendo agora vedada a oposição de embargos. Esse requerimento de pagamento parcelado não é admitido no cumprimento de sentença. "Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o executado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de um por cento ao mês. § 1º O exequente será intimado para manifestar-se sobre o preenchimento dos pressupostos do caput , e o juiz decidirá o requerimento em 5 (cinco) dias. § 2º Enquanto não apreciado o requerimento, o executado terá de depositar as parcelas vincendas, facultado ao exequente seu levantamento. § 3º Deferida a proposta, o exequente levantará a quantia depositada, e serão suspensos os atos executivos. § 4º Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito, que será convertido em penhora. § 5º O não pagamento de qualquer das prestações acarretará cumulativamente: I - o vencimento das prestações subsequentes e o prosseguimento do processo, com o imediato reinício dos atos executivos; II - a imposição ao executado de multa de dez por cento sobre o valor das prestações não pagas. § 6º A opção pelo parcelamento de que trata este artigo importa renúncia ao direito de opor embargos § 7º O disposto neste artigo não se aplica ao cumprimento da sentença. F) Objeto dos embargos a execução A execução de título extrajudicial não é precedida de nenhum processo anterior, por isso, os embargos são a primeira oportunidade de defesa do executado. Assim, o executado terá a possibilidade de alegar qualquer tipo de defesa (matérias amplas, como se fosse no processo de conhecimento). As matérias que podem ser aduzidas em embargos estão positivadas no artigo 917, CPC. Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar: I - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; II - penhora incorreta ou avaliação errônea; III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para entrega de coisa certa; V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; VI - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento. Nos embargos a execução, além de ter amplitude no tema de defesa, o executado pode ainda requerer produção de provas (se necessário). Portanto, nos embargos é possível discutir: - questões relacionadasà existência, constituição e extinção do débito; (ex. Prescrição do Título) - temas relacionados à admissão do processo de execução (ex. Excesso de execução, Impenhorabilidade, Avaliação) - questões processuais da execução (ex. Ilegitimidade de parte) "917, § 2º, Há excesso de execução quando: I - o exequente pleiteia quantia superior à do título; II - ela recai sobre coisa diversa daquela declarada no título; III - ela se processa de modo diferente do que foi determinado no título; IV - o exequente, sem cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o adimplemento da prestação do executado; V - o exequente não prova que a condição se realizou. § 3º Quando alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à do título, o embargante declarará na petição inicial o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo. § 4º Não apontado o valor correto ou não apresentado o demonstrativo, os embargos à execução: I - serão liminarmente rejeitados, sem resolução de mérito, se o excesso de execução for o seu único fundamento; II - serão processados, se houver outro fundamento, mas o juiz não examinará a alegação de excesso de execução." G) Procedimento dos embargos a execução - Petição Inicial com os requisitos do 319, CPC - valor da causa com o benefício econômico que se pretende nos embargos (pode ser diverso da execução). - O magistrado ao receber os embargos verificará se os embargos possuem condições ou não de prosseguimento (admite emenda em 15 dias). - Indeferimento l iminar (intempestivos; manifestamente protelatórios ou indeferimento da inicial). - intimação do embargado (exequente) para impugnar os embargos em 15 dias. "Art. 918. O juiz rejeitará liminarmente os embargos: I - quando intempestivos; II - nos casos de indeferimento da petição inicial e de improcedência liminar do pedido; III - manifestamente protelatórios. Parágrafo único. Considera-se conduta atentatória à dignidade da justiça o oferecimento de embargos manifestamente protelatórios." - Se o embargado não apresentar impugnação, sofre os efeitos da revelia (veracidade dos fatos apontados nos embargos que não sejam contrários ao título executivo). - Se a matéria for excesso de execução (deve apontar o valor correto com a memória discriminada de cálculo). - Embargos autuados em apartado (cópias das peças processuais relevantes do processo de execução). - Em regra os embargos não possuem efeito suspensivo (prosseguindo da execução). - Excepcionalmente pode ser requerido o efeito suspensivo e deferido pelo magistrado quando: a) requerimento expresso do embargante ( a qualquer tempo) b) preenchidos requisitos para conceder tutela provisória c) execução garantida com penhora, depósito ou caução suficientes para o adimplemento da execução. - Da decisão que defere ou não o efeito suspensivo cabe Agravo de Instrumento (1015, X, CPC). Art. 919. Os embargos à execução não terão efeito suspensivo. § 1º O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes. § 2º Cessando as circunstâncias que a motivaram, a decisão relativa aos efeitos dos embargos poderá, a requerimento da parte, ser modificada ou revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada. § 3º Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos disser respeito apenas a parte do objeto da execução, esta prosseguirá quanto à parte restante. § 4º A concessão de efeito suspensivo aos embargos oferecidos por um dos executados não suspenderá a execução contra os que não embargaram quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao embargante. § 5º A concessão de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens. - Intima-se o embargante para réplica e verifica se é hipótese de julgamento - Caso haja necessidade de instrução probatória, designará data para perícia ou audiência. - Ao final o magistrado proferirá sentença de extinção com ou sem resolução do mérito. Julgados improcedentes, a execução prosseguirá. Julgados procedentes, poderá alterar o conteúdo da execução ou até mesmo extingui-la. - Por fim, embargos considerados manifestamente protelatórios importará em ato atentatório a dignidade da justiça e consequentemente multa de até 20% sobre o valor da execução, revertido em favor do exequente. "Art. 920. Recebidos os embargos: I - o exequente será ouvido no prazo de 15 (quinze) dias; II - a seguir, o juiz julgará imediatamente o pedido ou designará audiência; III - encerrada a instrução, o juiz proferirá sentença."
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