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AULA 13 - DIR FAMÍLIAS

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AULA 13 – ALIMENTOS 
1. Alimentos – noção introdutória:
Conceito: “Tudo o que é necessário para satisfazer aos reclamos da vida, são as prestações com as quais podem ser satisfeitas as necessidades vitais de quem não pode provê-las por si. Mais o amplamente, é a contribuição periódica assegurada a alguém, por um título de direito, para exigi-la de outrem, como necessário à sua manutenção” (Yussef Said Cahali). 
Observa-se inserida no conceito, a noção de obrigação. Portanto, fala-se em credor (na maior parte das vezes, o filho) e em devedor (na maior parte das vezes, o pai). 
Às vezes pode ocorrer que o genitor (credor) cobre do filho (devedor) alimentos – vide o caso em que a mãe de Gabriel Medina pediu alimentos a ele. 
2. Legitimidade para pedir e para pagar os alimentos – sujeitos da obrigação de alimentos:
“As obrigações de alimentos obedecem a um ‘numerus clausus’, uma vez que as pessoas que podem vir a ser sujeitos (ativos e passivos) da relação são enumeradas pro normas”.
· Numerus clausus = rol taxativo;
· Limite até irmãos (2º grau);
Contra essa ideia se encontram Maria Berenice Dias e Cristiano Chaves (entendem que a obrigação deve ir para além do 2º grau).
Hoje, a visão majoritária é de que a obrigação de alimentos situa-se entre ascendentes, descendentes e irmãos, não se estendendo aos colaterais de 3º e 4º grau. 
Há decisões do STJ que corroboram essa limitação no que concerne à obrigação de alimentos.
3. Regras acerca da legitimidade para pedir e pagar alimentos: 
SUBTÍTULO III
Dos Alimentos
Art. 1.694 – CC: Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§ 1 o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
§ 2 o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.
É importante o termo “uns aos outros” para dar a conotação de reciprocidade. 
Observa-se que o pagamento se estende para as necessidades educacionais, desde que, obviamente, compatível com a classe social do devedor (não se pode exigir o pagamento de uma matrícula em uma escola particular de um cidadão que ganha 3 salários mínimos). 
Art. 1.696 – CC: O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros. 
Estende-se a obrigação alimentícia a avós e bisavós. 
Art. 1.697 – CC: Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais. 
Não se tem uma obrigação solidária passiva – o credor não pode cobrar de qualquer um logo de imediato. Tem-se uma obrigação subsidiária.
A ordem de cobrança segue: PAI/MÃE FILHO/FILHA IRMÃOS 
Art. 1.698 – CC: Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.
Deve-se atentar para o aspecto financeiro do devedor. Não se pode cobrar, por exemplo, 2/3 do que ele ganha para destinar ao filho.
Isso é sustentado no parágrafo 1º do art. 1694 do referido diploma:
Art. 1694, § 1 o  - CC: Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
Estende-se aos de grau imediato (avós). Caso o pai não tenha condições de arcar com o ônus financeiro, serão chamados os avós paternos e, posteriormente, os avós maternos. 
Para Camilo Colani, o artigo convidou as pessoas a terem filhos sem compromisso financeiro para com eles (art. 1698 – CC), se apoiando na obrigação dos avós. 
Os alimentos provenientes dos avós recebem o nome de avoengos.
4. Princípio da proporcionalidade:
O montante da prestação de alimentos se determina por uma equação de proporcionalidade, que se traduz pelo cálculo realizado em razão da necessidade do alimentado e da possibilidade do alimentante, conforme estabelece o artigo 1.694, § 1º do CC.;
Binômio: Necessidade do credor + Possibilidade do devedor
Para alguns autores existe um 3º elemento: a condição social 
Não existe na lei percentagem para a fixação de alimentos.
5. Alteração da obrigação alimentícia:
Art. 1.699 – CC: Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo.
O artigo supratranscrito é o fundamento para as ações de revisão e de exoneração de obrigação alimentícia.
6. Transmissão da obrigação por sucessão:
Art. 1.700 – CC: A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1694.
Ex 1 (Obrigação convencional de direito de família): A casado com B. 2 filhos ab e ba. A e B se divorciam. A se casa com C. C é madrasta de ab e ba. A é muito rico. A se divorcia de C. A faz um acordo com C para pagar R$ 20.000/mês de alimentos para a ex-esposa (C). Se A morrer, a obrigação passa para os filhos de A e terão que pagar 20.000/mês para a madrasta. 
Os filhos se desejarem não pagar, devem ingressar com uma ação de exoneração.
Segundo Camilo Colani, o artigo anterior não foi pensado para o Ex 1, mas para este a seguir:
Ex 2 (Obrigação ex delicto): A atropela e mata B (pai de família). A é condenado a pagar alimentos para os filhos menores de B (20.000,00 mês) – obrigação que se estenderá a seus filhos (obrigação cível).
No caso anterior, alguém pleiteou uma ação de alimentos depois de outrem falecer. O tribunal fixou a tese de que a obrigação deve ser fixada enquanto o devedor ainda está em vida.
7. Alimentos na separação/divórcio/dissolução da união estável (alimentos na conjugalidade):
A ex-esposa era credora do ex-marido. Está ficando um mecanismo jurídico anacrônico. 
Alimentos transitórios – durante certo tempo.
· 1ª hipótese – Art. 1702, CC: Na separação (divórcio/dissolução da união estável) judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges inocente (“traído”) e desprovido de recursos, prestar-lhe-á o outro a pensão alimentícia que o juiz fixar, obedecidos os critérios estabelecidos no art. 1694. Como, hoje, não se discute mais culpa em divórcio/separação, isso ficou anacrônico;
· 2ª hipótese – Art. 1704, CC: Se um dos cônjuges separados (divorciado/dissolvido da união estável), judicialmente (ou extrajudicialmente) vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido declarado culpado na ação de separação judicial. A mesma observação feita na hipótese anterior se encaixa nesta segunda hipótese;
· 3ª hipótese – Art. 1704, Parágrafo Único, CC: Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência. Essa hipótese é a mais absurda possível. Ex: A tenta matar B. A deve pagar alimentos a B. Só que se A não tiver condições e não tiver parentes em condições de prestá-los, B (a vítima) deve assegurar alimentos a A. Isso é inconstitucional – na visão colaniana – por transformar a vítima em devedora. Caberia ao Estado assegurar esses alimentos;
8. Características dos alimentos:
Art. 1707 – CC: Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora. 
Os alimentos são irrenunciáveis e incedíveis (não podem ser submetidos a cessão de crédito). 
Além disso, os alimentos não podem se submetidos à compensação – são incompensáveis (não se pode descontar o valordos alimentos).
Os alimentos também não podem ser penhorados em virtude da sua conotação de subsistência. 
9. Exoneração da obrigação:
Art. 1708 – CC: Com o casamento, a união estável ou o concubinato do credor, cessa o dever de prestar alimentos.
Parágrafo único. Com relação ao credor cessa, também, o direito a alimentos, se tiver procedimento indigno em relação ao devedor.
Não faz sentido e até constrangedor o ex-cônjuge bancar alimentos com a sua ex-esposa estando já casada/em união estável/em concubinato. 
Essa expressão “procedimento indigno” é muito ampla, podendo ser realizadas algumas analogias:
· Indignidade para sucessão (exclusão do herdeiro); 
· Ingratidão na doação;
· Tentativa de homicídio (não se pode beneficiar da própria torpeza); 
Para a avaliação (21/11):
· Assunto cumulativo – muitos pré-requisitos para a compreensão do conteúdo da 2ª avaliação;
· O conteúdo da 2ª unidade começa com a anulação de casamento; 
· Não cai guarda compartilhada, investigação de paternidade, ação anulatória da paternidade, adoção, etc; 
· 5 questões valendo 11,0 pontos (não haverá esse ponto extra na 2ª chamada);
· Não haverá acórdão, nem decisão judicial – serão questões objetivas; 
· Prova mais conceitual – englobando doutrina, aulas e legislação; 
· 1h e 30min de prova (90 min no total); 
· Sem consulta;

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