Prévia do material em texto
1 EDUCAÇÃO PARA O LAZER Alessandro José da Rocha Caro(a) estudante, neste próximo capítulo daremos andamento à uma busca do entendimento e da importância da educação para o lazer. O lazer é fundamental para a vida social dos seres humanos. Apesar de poucas pessoas conhecerem o real significado dessa palavra, o lazer é um direito constitucional por que é considerado essencial e, por ser essencial, deveria ser oportunizado a todos o usufruto desse direito. Etimologicamente a palavra lazer provém do verbo francês loisir, que tem origem por sua vez, na forma infinitiva latina de licere, que significa o que é permitido. O francês loisir deu origem à expressão inglesa leisur, que se utiliza tecnicamente para significar tempo livre. (DUMAZEDIER, 1979). Como o lazer e atividade física compõe as necessidades humanas, identificaremos qual a importância destes conhecimentos para os profissionais de Educação Física. Bom estudo a todos! Objetivos Compreender sobre o lazer e suas formas de vivenciar o lúdico; Aprender a utilizar o tempo de lazer em atividades que propiciem o necessário retorno a satisfação; Entender que socialmente a idéia de uma existência assentada mais no desfrutar da vida do que viver para trabalhar; Identificar o porquê que o lúdico sempre foi um problema para a sociedade; Apontar como a sociedade pode desfrutar do lazer adequadamente de um tempo livre sem acarretar perdas na produção econômica e melhorar a qualidade de vida; Compreender o momento de começar a educação para o lazer; Entender como estes elementos educação e lazer se relacionam; Esquema 1.1 Lazer como direito social. 1.2 Lazer no âmbito do senso comum. 1.3 Atividade física e lazer na promoção da saúde. 1.4 Conteúdos culturais ligados ao lazer. 1.5 Considerações Finais. O termo lazer (do latim licere, “ser permitido”) não é recente. Surgiu na civilização greco- romana, já então oposto do trabalho. O ideal do cidadão livre, tanto em Atenas como em Roma, até a consolidação do cristianismo, era a plena expressão de si mesmo nos planos físico, artístico e intelectual. CAMARGO, L.O.L., 1998. 1.1 LAZER COMO DIREITO SOCIAL O direito ao lazer está na Constituição – artigo 6º, caput, artigo 7º, IV, artigo 217, § 3º, e artigo 227. O lazer é fundamental para a vida social dos seres humanos. Apesar de poucas pessoas conhecerem o real significado dessa palavra, o lazer é um direito constitucional por que é considerado essencial e, por ser essencial, deveria ser oportunizado a todos o usufruto desse direito. Os humanos brincavam em todas as épocas. Os livros de história mostram que os homens independente da sua idade ou condições sociais foram capazes de iludir as suas preocupações e de encontrar formas de diversão. Já tempo livre, recreação e lazer são termos que falam de um tempo criado pela economia moderna apenas para que os indivíduos pudessem se divertir ou fazer o que bem entendessem. A palavra lazer é derivada do latim "licere", que significa “ser lícito” ou “ser permitido”, não é recente. Surgiu na civilização greco-romana, já então como o oposto do trabalho. O direito ao lazer surgiu, em 1988, como uma liberdade do indivíduo. O direito ao lazer nunca esteve em nenhuma Constituição Brasileira anterior, desde nossa primeira Constituição em 1824, quer como liberdade, quer como direito social. Todavia, em 1988, surgiu como liberdade (1ª geração), e logo depois ganhou status de direito de 2ª geração, com a força de nossa doutrina e jurisprudência. Os direitos de 2º http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641309/artigo-6-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641213/artigo-7-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10726905/inciso-iv-do-artigo-7-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10647364/artigo-217-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10647069/par%C3%A1grafo-3-artigo-217-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10644726/artigo-227-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 geração têm caráter programático, isto é, são prestações positivas que o Estado deve desenvolver, pôr em prática e fazer florescer a favor do indivíduo. A observância dos direitos de 2ª geração, que são os direitos sociais, é obrigatória para os Poderes Públicos. Da mesma forma que a saúde está no caput do art. 6º, CF, como dever do Estado, como direito social, assim também está o lazer. E está no artigo 7º como direito social específico do trabalhador. É dever do Estado. O moderno direito de todos ao lazer, a reivindicação de uma jornada menor de trabalho e desejo de um maior tempo livre, teve apoio de setores esclarecidos da sociedade moderna, os educadores achavam que apenas trabalhando menos, as pessoas poderiam pensar em estudo e escola. Os religiosos achavam que apenas assim, as pessoas poderiam se dedicar-se a religião. Os reformadores políticos pensavam que, apenas com menos tempo de trabalho, as pessoas poderiam pensar em militância sindical e política. Todos se enganaram! Esse tempo livre aumentou na sua quase totalidade, tornou se um tempo de diversão, tempo de lazer. O lazer pago pelo trabalho, houve-se um processo de reivindicações, primeiro lutou-se pela jornada de 8 horas e, assim surgiu um tempo diário de lazer, em seguida, lutou-se pela jornada semanal de 40 horas e surgiu o repouso semanal remunerado, depois, pelo direito à pausa anual e surgiram as férias remuneradas, e, finalmente, pelo direito ao não- trabalho na velhice e surgiu a aposentadoria remunerada. Mesmo na absurda jornada de trabalho do brasil de hoje, o tempo livre já é quase igual ao tempo de trabalho. Nos países desenvolvidos, o tempo livre já é maior. Lazer e não diversão, ideal dos gregos e romanos, a existência de um tempo livre voltado ao desenvolvimento pleno do indivíduo. A diversão e o lúdico podem acontecer em qualquer momento do cotidiano dos indivíduos, estejam eles trabalhando, trocando fraldas do bebê ou rezando. O tempo livre, é o tempo que sobra das obrigações profissionais, escolares, e familiares, englobando o estudo voluntário, a participação religiosa ou política e o lazer. E o lazer é a forma mais buscada de ocupação desse tempo livre, seja para se divertir, seja para repousar, seja autodesenvolver por meio da conversa, da leitura, do esporte, etc. O tempo de lazer é apenas um tempo especial em que podemos buscar mais situações agradáveis do que aquelas que o trabalho pode nos http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641309/artigo-6-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 proporcionar. Mas ainda estamos longe de uma civilização do lazer, em que as pessoas saibam ocupar esse tempo livre com atividades que efetivamente lhes divirtam e contribuam para seu desenvolvimento pessoal. Aliás, uma educação para o lazer deve mesmo começar na primeira juventude, quando os sonhos ainda estão quentes, quando ainda não se perdeu a espontaneidade tão necessária para viver o lúdico, quando ainda se pode apostar numa vida na qual trabalho, família e lazer caminhem juntos, de forma integrada. Não é fácil. Entretanto, essa aposta tem chances de ser ganha, se uma educação para o lazer for iniciada já nessa fase. CAMARGO, L.O.L., 1998. 1.2 LAZER NO ÂMBITO DO SENSO COMUM O senso comumcompreende o lazer de forma compensatória e funcionalista, relacionando-o, em geral, ao divertimento e descanso, desconsiderando o desenvolvimento social e pessoal. O lazer, porém, possui outros interesses ou conteúdos além do físico-esportivo e artístico: intelectual, social, manual (MARCELLINO, 2006) e turístico (CAMARGO, 2006). Dessa forma, acreditamos que para uma verdadeira compreensão da discussão de lazer seja necessário o encontro e confronto de conhecimentos entre o senso comum e o conhecimento sistematizado. O senso comum é o conhecimento inicial que os sujeitos possuem, Geertz (2001) considera este tipo de conhecimento como uma forma de expressão, sendo a base para a construção cultural. O senso comum abrange “um território gigantesco de coisas que são consideradas como certas e inegáveis” (GEERTZ, 2001, p. 114). O senso comum, considerado pelo autor como o primeiro subúrbio de conhecimento, é caracterizado por ser empírico e incompleto, passado de uma geração a outra, onde a tradição é a força simbólica do senso comum; nas palavras do autor, “o bom senso é uma forma de explicar os fatos da vida” (GEERTZ, 2001, p. 127). O autor diz ainda que para este saber não existe conhecimento esotérico, nem técnicas especiais ou talentos específicos, a não ser aquilo que é chamado de experiência, maturidade. Assim, o senso comum é uma forma de expressão cultural. Nesse sentido, compreendemos como fundamental uma mediação de sentidos que vise a identificação do conhecimento provindo do senso comum, de modo a tornar possível aos sujeitos o acesso ao conhecimento sistematizado. Acreditamos que esta mediação tenha espaço nas escolas e em cursos de formação profissional, realizando discussões que partam do conhecimento que o aluno possui e de suas experiências pessoais. O referencial cultural contribui para os estudos do lazer tanto no sentido de compreender a dinâmica das relações sociais por mostrar uma alternativa e relacioná-los a outras dimensões da vida social como do ponto de vista da pesquisa. Como nos indica Magnani (2011), este referencial situa o tema da pesquisa num quadro conceitual e oferece uma perspectiva metodológica através das categorias analíticas e do método etnográfico. 1.3 ATIVIDADE FÍSICA E LAZER NA PROMOÇÃO DA SAÚDE. Atividade física é um comportamento que envolve qualquer movimento resultante de contração muscular esquelética capaz de aumentar o gasto energético acima do repouso de maneira intencional, além disso, a atividade física também envolve uma relação com a sociedade e com o ambiente no qual a pessoa está inserida. Isso quer dizer que a atividade física está presente no lazer, nas tarefas domésticas ou no deslocamento para a escola ou o trabalho. Um estilo de vida mais ativo contribui para diminuir a incidência de várias doenças crônico-degenerativas, reduzindo os índices de mortalidade cardiovascular em geral. A prática regular de exercícios garante o aumento de massa muscular, além da preservação da massa óssea e o controle da glicemia e da pressão. Quando a atividade física é planejada e estruturada com o objetivo de melhorar ou manter os componentes físicos, como a estrutura muscular, a flexibilidade e o equilíbrio, estamos falando do exercício físico. Nesse caso, ele geralmente é orientado por um profissional de educação física. Ou seja, todo exercício físico é uma atividade física, mas nem toda atividade física é um exercício físico. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), se a prática de atividade física aumentasse em 25%, mais de 1,3 milhão de mortes precoces poderiam ser evitadas a cada ano no mundo. O sedentarismo é o quarto fator de risco mais importante para mortalidade precoce por todas as causas, de acordo com a OMS. Calcula-se que a falta de exercícios regulares é responsável por 6% das doenças cardíacas coronárias; 7% do diabetes tipo 2; 10% do câncer de mama e 10% do câncer de cólon. Diante deste cenário, a entidade recomenda fortemente a criação de políticas e programas destinados a promover a saúde com atividade física. A (OMS), orienta que as pessoas devem praticar 150 minutos semanais de atividade física moderada ou pelo menos 75 minutos de atividade física de maior intensidade por semana. As quantidades recomendadas acima representam os tempos mínimos recomendados pela OMS. Sendo assim, se for possível praticar a atividade física por mais tempo, os ganhos para a saúde podem ser ainda maiores. A atividade física é indicada para todas as faixas etárias, com diferentes objetivos. Para crianças e adolescentes, um maior nível de atividade física contribui na melhora do perfil lipídico e metabólico e reduz a incidência de obesidade. Criar esta consciência desde cedo entre os jovens significa estabelecer uma base sólida para reduzir os índices de sedentarismo entre adultos. Para a terceira idade, a atividade física traz benefícios como a prevenção da osteoporose e a manutenção da massa muscular, possibilitando mais força, flexibilidade e equilíbrio para realizar tarefas do dia-a-dia, além de uma melhor autoestima e maior consciência corporal. O problema é que, mesmo cientes dos benefícios, a maioria da pessoas não encontram tempo para fazer exercícios e os compromissos do cotidiano acabam afastando-as da atividade física. Além disso, as facilidades da vida moderna, com sua tecnologia avançada e acesso fácil aos bens de consumo, só fazem aumentar a inatividade entre a população. O fato é que o combate ao stress físico, mental e psicológico são aliados da boa saúde. E as atividades de lazer são formas de divertimento, descanso ou http://previva.com.br/mortes-prematuras-por-doencas-cronicas/ http://saudebrasil.saude.gov.br/eu-quero-me-exercitar-mais/recomendacoes-do-tempo-da-atividade-fisica-por-faixa-etaria http://previva.com.br/atividade-fisica-faixa-etaria/ desenvolvimento que podem trazer inúmeros benefícios, não só para sua saúde física, como para sua saúde mental e psicológica, que são tão importantes quanto a saúde física. Portanto, se você ainda não tem um tempo reservado exclusivamente para o seu lazer, trate de colocar em sua agenda um horário para se dedicar totalmente a esse momento. Você precisa disso. É uma necessidade do ser humano. E, além disso, se você se programar corretamente, pode ter certeza que não vai atrapalhar seus afazeres do dia a dia. Procure praticar atividades de lazer de uma forma regular, ex: caminhar, ler livros, praticar esportes, ir ao cinema, restaurantes, fazer piqueniques, viajar, pescar, atividades ao ar livre, atividades de aventura, etc. 1.4 CONTEÚDOS CULTURAIS LIGADOS AO LAZER. Dumazedier (1980) distingue cinco categorias de acordo com o conteúdo das atividades de lazer assim descritas pelos seus interesses: físicos, artísticos, intelectuais, práticos/manuais e sociais. Dois autores acrescentam outros interesses ao de Dumazedier que são interesses turísticos apresentados por Camargo (2003) e os interesses virtuais apresentados por Schwartz (2003). Nessa classificação, as categorias são divididas de acordo com o predomínio que cada interesse explícita. 1.4.1 – Artístico Nos interesses artísticos, o predomínio é estético, o imaginário, as emoções e sentimentos. É uma forma de linguagem importante no sentido de educação das sensibilidades. As experiências estéticas podem resultar em algumas descobertas antes camufladas. A possibilidade neste interesse se dá através de novas linguagens e da vivência e experimentação de novas experiências. Outro conceito pertinente ao Lazer, nos mostra Pereira (1998), está relacionado ao Lazer passivo e ao ativo. No primeiro caso, refere-se ao lazer de consumo como é o caso dos cinemas, teatros, Shopping Center, televisão. Soma-se ainda a contemplação como é o caso da leitura e de alguns jogos queestão incluídos como propostas em parques, calçadões e outros espaços de Lazer. O Lazer ativo refere-se aquele ligado principalmente às atividades físicas como as caminhadas, as práticas esportivas e as lúdicas através de brincadeiras e alguns tipos de jogos. Relacionando o interesse artístico ao esporte, poderíamos vislumbrar os participantes expressando suas emoções e sentimentos através, por exemplo, da imitação de ídolos esportivos (atletas/árbitros/técnico/dirigentes) ou ainda na participação como espectador, seja ao vivo no evento ou pela televisão, rádio ou internet. Não é difícil ver em grandes arenas esportivas os espectadores criando coreografias, cantos e palavras de ordem que cativam os torcedores de modo bastante envolvente, efusivo. A famosa “ola” (onda em espanhol), criada por torcedores em estádios de futebol, pode caracterizar bem esse interesse artístico relacionado ao esporte. Nas torcidas organizadas há membros que praticamente não assistem ao espetáculo ficando apenas organizando as manifestações dos membros da torcidas. Existem ainda locutores que ficam dentro das arenas (não necessariamente nos estádios de futebol) com microfones conversando com os espectadores, agitando as torcidas e oferecendo prêmios e brindes aos presentes promovendo "gritos" e coreografias de incentivo aos atletas. Temos visto isso em jogos da Seleção Brasileira de voleibol quando acontecessem no Brasil. Os mascotes também são figuras muito presentes nos eventos esportivos (inclusive no futebol) fazendo várias intervenções e manifestações com o público relacionadas aos interesses artísticos. 1.4.2 – Físico O esporte é um fenômeno sócio cultural extremamente importante desde o início deste século (Paes, 2009) e que faz parte das manifestações culturais do homem, inclusive as de Lazer. O esporte, não necessariamente precisa ser praticado da mesma maneira que as Instituições oficiais o apresentam, mostra Alves (2014). Diante disso, a partir do esporte, acreditamos ser possível desenvolver os conteúdos culturais do Lazer. Os interesses físicos se relacionam com as práticas corporais de movimento, principalmente as esportivas que tem ampla difusão pela mídia. As atividades esportivas efetivamente podem fazer parte destes interesses sendo que, nessa vertente, os esportes não necessariamente precisam ser orientados pelas rígidas regras impostas pelas organizações que comandam estas práticas. As adaptações, as adequações e as recriações das práticas esportivas em nível de regras, espaços e materiais, podem ser bons facilitadores para a participação dos indivíduos. Os esportes não devem ser a única possibilidade de prática em se tratando de interesses físicos. Mesmo tendo uma grande divulgação e repercussão em nível mundial e considerado um dos maiores fenômenos das sociedades modernas, não deve ser a única manifestação de interesse físico. Existem outras possibilidades de atividades físicas, como por exemplo, a dança, a ginástica que também podem ser incorporadas pelos interesses artísticos além dos físicos. Ressalta-se que, de acordo com as possibilidades e com a própria prática, estes interesses podem aparecer de modo unido, complementar. Neste interesse físico predomina o dito Lazer ativo pois a intervenção, a atuação, a participação ocorre de modo incisivo. Pode haver, relacionado ao esporte, a contemplação, a admiração e a intervenção como espectador de práticas esportivas o que neste caso envereda pelo Lazer passivo. 1.4.3 – Intelectual Nos interesses intelectuais temos o contato com o real, o racional, com as informações, o desenvolvimento do intelecto. Nestes interesses os sujeitos participam, por exemplo, de alguns jogos (de estratégia, quebra-cabeça) ou de palestras e cursos. Os esportes têm uma vasta literatura produzida em várias vertentes como por exemplo biografias de esportistas, tipos de treinamentos, eventos esportivos, estatísticas das mais variadas, entre outras. Relacionados a este interesse, pode-se investir em leituras de obras, investigação de documentários, possíveis pesquisas sobre dados relativos a recordes, curiosidades esportivas. Muitos esportistas têm enveredado nas carreiras de palestrantes apresentando suas carreiras, suas glórias e frustrações. Oscar Schmidt, o "Oscar mão santa" do basquete (ex atleta) e Bernardo Rocha Rezende, o "Bernardinho" do voleibol (ex atleta e técnico de voleibol) são dois nomes muito solicitados para palestrar em instituições das mais variadas áreas. Dependendo da situação, o Lazer ativo ou o Lazer passivo estarão presentes neste interesse. 1.4.4 – Manuais Os interesses manuais são caracterizados pela manipulação no sentido de criar ou transformar objetos e materiais. Soma-se ainda o manuseio de locais, de espaços. Relacionado aos interesses manuais, os esportes podem ser entendidos e praticados como possibilidades de criação, recriação e adaptação de espaços e materiais, ou seja, a partir das características ditas oficiais das modalidades esportivas, o interesse manual pode desenvolver, criar e recriar utensílios e aparatos que se assemelham aos utilizados nas práticas institucionais originais e podem assim favorecer essa prática esportiva de forma adaptada. Partindo do pressuposto que as modalidades esportivas para serem praticadas sob as imposições oficiais das Instituições organizadoras têm um custo elevado e impedem em boa parte as possibilidades criativas de intervenção do indivíduo, materiais adaptados e espaços recriados podem favorecer uma maior envolvimento, participação e interesse das pessoas. Bolas, redes, raquetes, tacos, tabelas/cestas, "gols" podem fazer parte de um grupo de materiais a serem criados, recriados ou adaptados para as possibilidades de práticas esportivas adaptadas. No nível individual pode-se criar "caneleiras" (com papelão), espadas (com cabos), capacetes (de jornal) possibilitando um tipo de prática esportiva prazerosa. O Lazer ativo predomina neste interesse. Neste interesse manual, vê-se o caráter mimético apresentado por Taussig (1993) em seu conceito de mimesis nos auxiliando a entender que a faculdade mimética pertence à “natureza” que têm as culturas de criar uma segunda “natureza”. Todavia, essa faculdade não acontece meramente pela cópia do original, mas também por meio de ressignificações que cada cultura consegue desse original, influenciando, como consequência, o próprio original. Os indivíduos que manipulam materiais com fins de criar ou recriar possibilidades de uso no esporte, fazem suas interpretações e suas reinterpretações dos novos destinos suscitados nestas investidas. O Lazer ativo tem predomínio neste interesse. 1.4.5 – Sociais Os interesses sociais são alcançados através da busca de contatos e do convívio social que visam, em grande parte a sociabilidade. Muitas vezes as pessoas buscam situações para ter contato com outras pessoas e momentos que favoreçam o convívio social, o encontro com sujeitos. Em tempos de tecnologia, muitos destes encontros e o convívio social ocorrem principalmente através das redes sociais de modo virtual o que tem afastado as pessoas dos encontros presenciais. Esse é o fato atual sem questionamentos da negatividade ou positividade destas relações virtuais. As práticas esportivas, podem ser um aglutinador de pessoas que procuram estes encontros presenciais de convívio com o outro. É muito comum em algumas empresas a composição de equipes de corrida onde os empregados/atletas se reúnem para treinar e participar de competições principalmente as corridas de rua. As relações profissionais existentes entre os membros do grupo deixam de existir naqueles encontros de treinos ou provas para formar uma grande equipe de competição visando não apenas os resultados mas principalmente este convívio fora do ambientede trabalho caracterizando bem as atividades de Lazer. Algumas pesquisas feitas em academias de ginástica apontam que grande parte dos usuários, assim o fazem, para ter convívio e para conhecer com outras pessoas seja com fins de relacionamentos ou apenas de amizades. Consequentemente estes espaços, além de oferecer diretamente atividades físicas, ainda proporcionam situações de convivência social em momentos de Lazer. Os parques que tem quadras, pistas de corrida, caminhada ou ciclismo, também são espaços onde os usuários podem desfrutar destas práticas além de ter a possibilidade de conhecer pessoas que também buscam estes locais com os mesmos fins. Existem também espaços com quadras ou campos esportivos onde as pessoas se reúnem para, além de praticarem os esportes, terem a possibilidade de estar perto de outras pessoas onde possam conversar, discutir enfim, conviver de maneira harmoniosa a partir da prática esportiva. Essa relação de esporte, saúde e convívio social fica bem explicitada neste interesse pois quando o indivíduo busca um espaço para convívio social estará praticando atividades físicas e melhorando sua saúde não apenas nos quesitos físicos e biológicos, mas também sociais e emocionais sendo o enfoque destas ações o Lazer ativo. Saiba Mais. Vídeos: A importância do lazer. https://www.youtube.com/watch?v=NA8NSt7sl4o Educação Física e Lazer/ quem disse que estou só brincando. https://www.youtube.com/watch?v=ZpWa5zWcMcY Aula prática tema: Educação física fundamentos do lazer. https://www.youtube.com/watch?v=h5-ie6ARFa4 1.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo discorremos sobre conteúdos importantes para o profissional de Educação Física que pretende atuar com as atividades físicas relacionadas ao lazer. https://www.youtube.com/watch?v=NA8NSt7sl4o https://www.youtube.com/watch?v=ZpWa5zWcMcY https://www.youtube.com/watch?v=h5-ie6ARFa4 Falamos sobre a importância de resgatar o lazer como direito social, lembrando que está assegurado dentro da Constituição Federativa do Brasil, o lazer como direito para todos. Estudamos sobre que o lazer pode ser abordado de diversas maneiras, sendo uma delas o lazer do senso comum, do dia a dia. Conhecemos e compreendemos sobre o lazer e os cinco conteúdos culturais, sendo eles, artístico, intelectual, manuais, sociais e físico. Hoje existem órgãos internacionais competentes em pesquisar e estudar o tempo livre das pessoas. Por fim entendemos que a atividade física e lazer está relacionada a parte esportiva, momento livre, promoção da saúde, ou seja, é um direito do cidadão. Espero que tenham compreendido bem o capítulo e que ele lhe seja útil nas suas práticas profissionais, gostaria de encorajá-los para que pratiquem atividades físicas em seu tempo livre. REFERÊNCIAS ALVES, Ubiratan Silva. Educação Física escolar: uma abordagem ampliada do esporte. São Paulo: Avercamp, 2014. CAMARGO, L. O. L. Educação para o lazer. São Paulo: Moderna, 1998. CAMARGO, L. O. L. O que é lazer. 3. ed., 3. reimpr. São Paulo: Brasiliense, 2006. DUMAZEDIER, Joffre. Sociologia empírica do lazer. São Paulo: Perspectiva: SESC, 1979. DUMAZEDIR, Joffre. Valores e conteúdos culturais do lazer. São Paulo: Sesc, 1980. GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1989. GEERTZ, C. O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. MAGNANI, J. G. C. Antropologia e educação física. In: CARVALHO, Y. M.; RÚBIO, K. (Org.). Educação física e ciências humanas. São Paulo: Hucitec: UNESP, 2011. MAGNANI, J. G. C. Festa no pedaço: cultura popular e lazer na cidade. São Paulo: Brasiliense, 1984. MARCELLINO, N. C. Estudos do lazer: uma introdução. 4. ed. Campinas: Autores Associados, 2006. MARCELLINO, N. C. A formação e o desenvolvimento de pessoal em políticas públicas de lazer e esporte. In: MARCELLINO, N. C. (Org.). Formação e desenvolvimento de pessoal em lazer e esporte: para a atuação em políticas públicas. Campinas: Papirus, 2003a. MARCELLINO, N. C. Lazer e educação. 10. ed. Campinas: Papirus, 2003b. PAES, Roberto Rodrigues; Montagner, Paulo Cesar; Ferreira, Henrique Barcelos. Pedagogia do Esporte: iniciação e treinamento em Basquetebol. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. PEREIRA, S. C. A prática do lazer em Blumenau: execução ou apropriação do espaço. DYNAMIS, Blumenau, 6 (23): 227- 245, abr/jun, 1998. TAUSSIG, Michael. Mimesis and alterity: a particular history of the senses. Nova York/Londres: Routledge, 1993.