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UNASP – UNIVERSIDADE ADVENTISTA DE SÃO PAULO BACHARELADO EM PSICOLOGIA Arianne Carolino dos Santos - RA: 055429 Felipe Souza de Oliveira - RA: 191348 Julia Sampaio Lima – RA: 191571 Mariana Cabral da Silva – RA: 179660 Sofia Souza Silva – RA: 193051 Stephany da Silva Matos – RA: 192318 PROJETO INTEGRADO - ADOLESCÊNCIA, USO PROBLEMÁTICO DE INTERNET E DESENVOLVIMENTO COGNITIVO/SOCIAL SÃO PAULO – SP 2022 0 1 Arianne Carolino dos Santos Felipe Souza de Oliveira Julia Sampaio Lima Mariana Cabral da Silva Sofia Souza Silva Stephany da Silva Matos PROJETO INTEGRADO - ADOLESCÊNCIA, USO PROBLEMÁTICO DE INTERNET E DESENVOLVIMENTO COGNITIVO/SOCIAL Projeto integrado, apresentado a UNASP – Universidade Adventista de São Paulo, como requisito para o recebimento do Bacharel em Psicologia. Orientadores: Thiago da Silva Gusmão Cardoso, Vivian Andrade Araújo e Daniela Lombardi Schaefer. 0 2 SUMÁRIO RESUMO ............................................................................................................ 3 INTRODUÇ ÃO ................................................................................................. 4 DESENVOLVIMENTO .................................................................................... 5 CONCLUSÃO .................................................................................................. 14 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 15 0 3 RESUMO Inicialmente devemos destacar os benefícios que o uso da internet trouxe desde a sua existência. Métodos de ensino (aprendizagem escolar) e saúde foram revolucionados com os avanços tecnológicos. Tais benefícios auxiliam, inclusive, no apoio a problemas que antes existiam e hoje já não existem mais, como por exemplo, a busca por informação. Hoje, temos tudo de fácil acesso na palma da mão. Tal revolução trouxe consigo, o uso indiscriminado da internet como um refúgio para alguns problemas existentes que poderiam ser resolvidos de maneira simples. Mas com a falta de habilidades sociais de algumas famílias e o “fechar os olhos” para o que ocorre no dia a dia, acaba potencializando esses problemas, fazendo com que o uso da internet se torne dependência. Semelhante à dependência de drogas, álcool, açúcar etc. Tais problemas, se não tratados e resolvidos de início, acabam desenvolvendo problemas maiores, que dificilmente serão resolvidos com facilidade mais a frente. Ressalta-se o uso consciente da internet pelos adolescentes e o papel fundamental que desempenham os pais e/ou tutores para uma devida orientação de uso. Bem como todos os adultos que circundam o meio social daquele adolescente. A sociedade como um todo, visando uma maior segurança de navegação, estabeleceu algumas leis. Ainda que existam, é de extrema importância que os adolescentes sejam vigiados pelos adultos, para que não venham adquirir problemas pelo mal uso da internet. Essa vigilância, tem a ver com observação atenta e orientação, tendo em vista que precisamos ter a internet como aliada do conhecimento e não o contrário. 0 4 INTRODUÇ ÃO Considera-se adolescente o indivíduo que está entre os doze e dezoito anos de idade (Brasil, 2014). Nessa faixa etária, vivem no país aproximadamente 21 milhões de meninos e meninas, correspondendo à 21% da população brasileira (Fundo das Nações Unidas para a Infância [UNICEF], 2011). Nessa fase do desenvolvimento, o indivíduo passa por transformações biológicas, mudanças físicas, cognitivas, alterações nas emoções, personalidade, relação com outros indivíduos e no convívio social (Santrock, 2014). Segundo os dados da pesquisa feita pelo TIC Kids Online Brasil, do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), publicado pela plataforma Agência Brasil, 9 a cada 10 crianças e adolescentes brasileiros tem acesso à internet. Isso passa a ser um assunto preocupante pelos adultos e profissionais, por ser uma fase em que cognitivamente o cérebro deles não estão completamente formados. Com isso, refletimos: o que esse acesso acarretaria a vida biopsicossocial desses adolescentes longitudinalmente? Com esse mesmo estudo, identifica-se acesso desigual da internet por esses adolescentes, considerando o ambiente em que cada um reside. Mas é importante pontuar o aumento significativo do acesso à internet desde antes da pandemia da covid-19. O acesso desigual da internet pelos adolescentes considera que os cerca de quase 7% dos adolescentes que não possuem acesso à internet atualmente, vivem à margem do avanço tecnológico que existe como consequência disso. Mas, o intuito desse trabalho que aqui será apresentado, é identificar através de estudo de caso os potenciais problemas do uso exacerbado da internet por esses jovens e como desenvolver melhor o uso, já que não se considera mais o não uso desse meio que tanto revolucionou o mundo e fez com que a população mundial evoluísse. Destaca-se a estima do uso sábio pelos adolescentes e o “cerceamento” dos adultos para com eles, pois conseguem discernir melhor o que pode ou não vir a prejudicar o desenvolvimento do adolescente. Abordaremos ainda algumas métricas e comentários que são importantes considerar para a boa relação adolescente x internet a ponto de ela ser um instrumento aliado do conhecimento e não “a vilã” da história. 0 5 DESENVOLVIMENTO 1.1 – Soluções e inovações do uso da internet Com o surgimento da internet e a sua rápida disseminação, alguns conceitos de espaço e tempo foram aprimorados. Com a exclusão da distância espaço-tempo e a fortificação dos recursos, houve uma grande evolução quanto as conexões e a diversidade de caminhos a percorrer, rompendo o tempo e o relativizando-o. Mas há diferença no quesito tempo perdido com a internet, por exemplo, e o tempo perdido com a TV. Shirky (2010) conta essa evolução como um novo quadro de mídia: [...] o nosso tempo livre acumulado, que se avolumou primeiro com as jornadas de trabalho semanais com quarenta horas e cresceu depois da Segunda Guerra Mundial, com populações maiores e mais saudáveis, com o aumento de oportunidades educacionais, e com a difusão da prosperidade. Todo aquele tempo livre ainda não era um excedente cognitivo, porque nos faltavam os meios para usá-lo. De fato, mesmo com o acúmulo crescente de tempo livre no mundo desenvolvido, muitas das antigas estruturas sociais que nos uniam foram desmanteladas, tais como piqueniques, associações de vizinhos, campeonatos de boliche e compras feitas a pé. (SHIRKY, 2010, p. 161). Com o tempo livre que os adolescentes possuem hoje e a possibilidade quase que infinita de conexões tecnológicas, eles sairam do papel de consumidor para agente ativo de criação. Para Rheingold (1993), a internet abre a possibilidade de conexão coletiva nos ambientes virtuais, fortalecendo laços de relacionamentos que já existem e ainda criando novos relacionamentos. Seja de amizade ou outros fins. Com o crescimento vertiginoso do uso de internet e o aprimoramento do conceito tempo, o homem, no geral, fica abismado com a nova dimensão cibertemporal e ciberespacial. Conforme diz Biernazki (2000): O acesso instantâneo às informações e ao entretenimento é tão ubíquo que, às vezes, nos esquecemos de que esse é um fenômeno que apareceu muito repentinamente na história – é tão recente que não tivemos tempo para passar pelo processo de tentativa e erro, necessário para desenvolver instituições culturais que possam lidar adequadamente com ele. (BIERNAZKI, 2000, p. 47). No estudo com adolescentes salvadorenhos, constatou-se que suas relações sexuais eram influenciadas pela família, amigos e condutos de comunicação, dentre os quais a internet.A rede se constituiu como origem de informação sobre amor e sexo para 31,5% dos participantes da análise na capital do país. A internet é uma das mais consideradas fontes de informação e uma ferramenta que disponibiliza um vasto conhecimento sobre saúde, oportunizando decisões mais ágeis, mudanças de conduta e novos caminhos para mediar uma melhor qualidade de vida. As pesquisas realizadas no ambiente virtual pelos adolescentes portadores de doença crônica, 0 6 no Brasil, possibilitaram o enfrentamento da doença. Desde essa busca online, eles compreenderam os procedimentos e o tratamento, favorecendo adesão à terapia. (FERREIRA, OLIVEIRA, MEDEIROS, GOMES, CEZAR-VAZ e Á VILA, 2019) A internet foi uma das tecnologias responsáveis pela transformação do modo de vida das pessoas. Caracterizada por ser uma rede mundial com alta capacidade de transmissão que possibilita a difusão de informações, interação e a colaboração entre indivíduos e computadores, sem a necessidade dos envolvidos compartilharem o mesmo espaço físico. Tendo isso em mente, conseguimos extrair os prós e contras encontrados no uso da internet por adolescentes. 1.2 – Problemas desenvolvidos com o uso da internet Em março de 2019, segundo a Organização Mundial da Saúde, o novo corona vírus migrou de epidemia para pandemia. Resultando em defesa um protocolo de isolamento como principal medida para conter a expansão do vírus. A ruptura com as relações sociais presenciais e a necessidade abrupta de isolamento podem ser classificados como alguns dos fatores que causaram a ascensão do uso da internet juntamente com novos quadros ansiosos e depressivos da população. Precedentes negativos que impactam a qualidade de vida e saúde de cada indivíduo. O meio de sociabilidade via plataformas digitais (Instagram, Facebook, Twitter, YouTube e TikTok) intensificou-se mais intensamente durante a pandemia. No entanto, observa-se que em meio ao mundo digital, as performances são muito baseadas em quem será o “eu” a ser mostrado para os “outros” e como será a “aceitação”. Não é de agora que jovens são desafiados e desafiam uns aos outros. Também com um certo intuito de mostrar coragem ou o quanto o indivíduo pode suportar tais coisas. Em contrapartida, desafios on-line que envolvem algum tipo de autolesão são encobertos por um viés de “brincadeira” ou em formato de jogo. Não necessariamente sendo claro os tipos de danos que os participantes estão fadados a sofrer. Segundo Berribili e Mill (2018), a análise de campo feita para seu artigo foi quantitativa e qualitativa. Entrevistaram 533 adolescentes de 3 escolas particulares e 3 escolas públicas, separando-os em dois grupos: grupo A – que utilizam a internet acima de 3 horas por dia – e grupo B – que utilizam a internet por menos de 3 horas por dia. Com a sistematização da pesquisa (que foi feita por papel físico), apresentaram-se os números no qual não expressou diferença significativa no processo metacognitivo dos adolescentes; tendo em vista que o artigo considera os adolescentes como seres que buscam pesquisar informações na internet com o intuito de formar sua própria opinião, mas considerando os meios científicos para isso. 0 7 A única informação que foi importante relevar, foi que a grande maioria do grupo A, pareceu utilizar a internet como um meio de abstração, e não tanto quanto para pesquisa. Diferente do grupo B. Mas ainda assim, foi ligeiramente expressivo a porcentagem de adolescentes que para entender melhor o conteúdo novo da escola, preferem perguntar aos pais, colegas e/ou professores, do que pesquisar na internet. Por isso, a conclusão de não prejuízo cognitivo pelo artigo. Considera-se fazer uma pesquisa longitudinal para verificação aprimorada desse comprometimento cognitivo. De acordo com o estudo publicado pelo artigo “Padrão de uso de internet por adolescentes e sua relação com sintomas depressivos e de ansiedade”, verificou-se uma correlação daqueles adolescentes que manifestam um certo grau de abstinência pela falta de uso da internet e a presença de distúrbios leves como ansiedade e depressão. Ainda assim, o estudo não apontou níveis elevados nessas correlações apresentadas. Considerando esses adolescentes como não-clínicos. Entende-se que a correlação entre patologias psicológicas e o uso da internet, não está diretamente ligadas. Pelo que se apresenta no livro, adolescentes acabam manifestando dependência da internet por algum outro fator externo como: problemas pessoais (situação financeira, estresse), mudanças de vida (divórcio recente, recolocação profissional, morte de alguém querido) e escolares (relação com colegas e professores). (YOUNG e ABREU, 2019) O uso da internet de forma desmedida em tempo, conteúdo e forma de acesso pelo adolescente provoca prejuízo a atividades, como brincadeiras ao ar livre, práticas esportivas, socialização com animais domésticos e pessoas, atividades lúdicas, artísticas e educacionais. Estudos científicos em universidades de todo mundo, têm evidenciado a relação entre o uso compulsivo da internet, assim como com os jogos eletrônicos e redes sociais, com diversas implicações humanas: déficit de atenção, dificuldade de concentração, diminuição de capacidade de memorização, o isolamento social, estímulo da sexualidade; manifestando-se em diversos comportamentos em adolescentes com condições sociais econômicas e culturais diversas. O problema do uso compulsivo da internet mobilizou a Associação Psiquiátrica Americana (APA), para que o mesmo fosse verificado. Na quinta revisão do Manual Diagnósticos de Desordens Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM), incluíram-se critérios para diagnosticar um subtipo de uso compulsivo da internet e o vício em jogos eletrônicos e, de acordo com o DSM são nove critérios, entre eles: preocupação excessiva, pensando sempre no próximo jogo antes de acabar o anterior; abstinência, caracterizada pela irritabilidade, ansiedade e tristeza; tolerância – gastar compulsivamente com 0 8 jogos ou materiais de internet; controle nas participações de jogos online; perda de interesse por outros entretenimentos; negação em reconhecer que é um vício; enganar as pessoas de seu convívio social; o uso como terapia e dedicação exclusiva ou semi, perturbando o relacionamento, a educação, a carreira profissional por causa da participação em jogos online. Com relação à saúde do adolescente, observam-se potenciais prejuízos vinculados a duração do uso da internet por um período maior que 20 horas por semana. Grande parte desses prejuízos, ligado ao uso de drogas lícitas e ilícitas. Percebe-se que quanto maior a exposição do adolescente à rede, maior a inclinação ao uso de álcool, tabaco e maconha, quando apresentado a algum problema dos listados acima nesse texto. 1.3 – Diagnosticando o problema O adolescer é um período marcado por curiosidades que induzem a percorrer caminhos que nem sempre são saudáveis. O acesso à rede parece ser algo tranquilo pelos jovens, pois 77,9% dos adolescentes alegam nunca, ou apenas raramente, discutirem com seus pais devido ao uso da internet, enquanto 6,3% declararam ter problemas muitas vezes e 14,6%, ocasionalmente. (FERREIRA, OLIVEIRA, MEDEIROS, GOMES, CEZAR-VAZ e Á VILA, 2019) Cuidados em relação ao uso da internet é fundamental para preservar a integridade da criança e do adolescente. E, para isso, o controle parental é essencial e foi estabelecido no Art. 29º da Lei nº. 12.965 de 23 de abril de 2014 que estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet do Brasil. Dentre os motivos que levam os adolescentes a conectar-se a internet, destacam-se acessar redes sociais (85%), realizar download de música, filmes, vídeos ou imagens (64.4%), buscar informação relacionada aos estudos (60.2%), fazer uso do correio eletrônico(52.1%), jogar (28,2%); sendo estes jogos de diferentes tipos e formatos, tanto de caráter individual como grupal, incluindo-se os tradicionais jogos de azar. (FERREIRA, OLIVEIRA, MEDEIROS, GOMES, CEZAR-VAZ e Á VILA, 2019) Pelo fato de os adolescentes não terem concluído ainda toda a maturação cerebral esperada pelo ser humano, é um tanto “precipitado” dar algum diagnóstico patológico para alguns problemas acarretados no cotidiano, pois espera-se ainda a evolução do indivíduo até a fase adulta. Entretanto, a falta de controle parental é uma preocupação relevante, segundo Young (2019). O que podemos observar para que não evolua um problema em potencial, é a maneira como esses adolescentes utilizam as redes (mais uma vez, chamando a atenção para a atenção parental). Como as redes sociais é recheada de conteúdos rápidos, imediatistas e sem 0 9 profundidade, é de extrema importância que haja um descanso para a mente do adolescente. Tendo em vista que a grande maioria entra na internet para se relacionar, alguns especialistas recomendam que crianças e adolescentes não passem mais que 2 horas por dia em frente as telas, realidade essa dificilmente encontrada hoje. Pois de acordo com os últimos estudos, a média dos adolescentes tem sido de 7 a 8 horas de uso da internet por dia. Cognitivamente isso pode afetar na concentração do adolescente. Pois como as redes sociais (instrumento mais utilizado pelos adolescentes hoje) são estimuladoras, eles navegam sem foco, mas ainda assim absorvendo muito conteúdo ao mesmo tempo. Esse mecanismo pode ser utilizado de certa forma, a treiná-los a fazer mais de uma tarefa ao mesmo tempo, quando o utilizado de maneira aliada. Mas ainda assim, isso pode acarretar a uma falta de concentração por longo tempo, quando trazemos para o ambiente escolar. Alguns médicos defendem que o cérebro do adolescente não é capacitado para fazer mais de uma tarefa ao mesmo tempo, como gostamos de pensar. Pois como é uma fase na qual o cérebro passa por uma reorganização, estudos de imagem mostram um enfraquecimento na inibição de impulsos – de quem utiliza mais a internet - e problemas no córtex pré-frontal. Young (2019), diz: Estudos de imagem encontraram um processamento de informações menos eficiente e uma redução na inibição dos impulsos (Dong, Devito, Du, & Cui, 2012), maior sensibilidade às recompensas e insensibilidade às perdas (Dong, Hu, & Lin, 2013) e atividade cerebral espontânea anormal associada a mau desempenho de tarefas (Yuan et al., 2013). Com o uso repetitivo de telas, os estudos confirmam que as crianças têm maior probabilidade de ter aversão à demora na recompensa, ao passo que a resposta rápida, a recompensa imediata e as múltiplas janelas com diversas atividades caracterizam o comportamento na internet, reduzindo o sentimento de tédio ou retardando a aversão. Isso cria problemas com as habilidades que exigem concentração em uma única tarefa, como ler livros, que é uma atividade linear, sendo mais linha por linha e página por página. Ou seja, entende-se que os problemas com o uso da internet apresentados na adolescência já é um problema acarretado na infância, pois com o uso exacerbado as crianças apresentam mais dificuldade em lidar com a frustração. Então acaba que vira uma reação em cadeia, pois por não saberem lidar com a frustração, eles tem a internet e o uso das redes sociais, como refúgio para os conflitos familiares e sociais que se apresentam ao longo da infância. Fazendo com que quando eles cheguem na fase da adolescência, com uma dependência irreal do uso da internet, e por consequência, angariam problemas de saúde maiores que a falta de atenção; por exemplo, ansiedade, depressão, TDAH, transtorno antissocial, fobia social e hostilidade, ficando mais vulneráveis ao uso de entorpecentes que entram na vida deles de maneira sorrateira. Além dos problemas psicológicos e cognitivos, a dependência do uso da internet 0 10 apresenta problemas físicos nos adolescentes. Decorrente da falta de exercícios e alongamentos durante o uso da internet e seu tempo livre dela. Estudos apontam que os adolescentes que ficam mais tempo no computador, sofrem de dor na costas, fadiga visual, síndrome do túnel do carpo e vários transtornos por lesão repetitiva (Young, 2019) até a fase adulta. Fora que quanto mais a criança e o adolescente utiliza da tecnologia, mais adotam uma vida sedentária. E quanto mais sedentários eles ficam, mais distúrbios alimentares aparecem juntamente com problemas do sono. Angariando assim, um risco maior de obesidade. Segundo o Centro de Dependência de Internet, os itens apresentados a seguir são os sinais mais comuns de dependência de telas e de tecnologia, sendo “tecnologia” qualquer atividade na internet realizada em um computador, laptop, tablet, console de jogos ou qualquer outro dispositivo digital: ❖ A criança passa muitas horas envolvida com tecnologia. ❖ A criança está sempre preocupada com a tecnologia. ❖ A criança afasta-se das situações sociais, preferindo usar dispositivos digitais. ❖ A criança está cansada e irritável em consequência do sono inadequado e do uso excessivo de tecnologia. ❖ A criança diz que fica entediada quando não está usando dispositivos digitais. ❖ A criança afasta-se das atividades de que costumava gostar, buscando apenas atividades nos dispositivos digitais. ❖ O desempenho escolar da criança está comprometido porque seu foco está na tecnologia. ❖ A criança já mentiu ou escondeu a extensão de seu uso de tecnologia. ❖ A criança ficou raivosa ou desobedeceu quando você estabeleceu limites de tempo ao uso de tecnologia. A melhor maneira de diagnosticar tais problemas, é vigiar o padrão de comportamento daquele menor. A partir disso, se apresentar-se um desvio de conduta, é interessante investigar. Agora, para esses problemas aqui apresentados, será que há algum método que possamos adotar que visa aliviá-los? Ou ainda, será que podemos adotar comportamentos que inibem essa dependência? Veremos na próxima sessão. 1.4 – Soluções para os problemas levantados Antes de tudo, é importante ressaltar o quão importante é que o adolescente seja cuidado e muito bem observado por seus parentes (principalmente pai, mãe e/ou responsável legal), e se porventura, lhe faltar alguma atenção básica, buscar por ajuda de uma equipe 0 11 multidisciplinar. E isso se vale dos professores da escola, médicos pediatras e, dependendo da situação, um acompanhamento psicoterapêutico. Tendo em vista que é uma fase no qual se determina o ser adulto, é fundamental que essa formação seja feita de maneira construtiva e autoguiada. As redes sociais podem melhorar a aceitação dos adolescentes á procura dos serviços de saúde ou levar informação de qualidade. Para diminuir o distanciamento existente entre adolescentes e a APS (Atenção Primária à Saúde), foi necessário implementar o uso das tecnologias nas unidades de saúde, que segundo o artigo além de dinamizarem o fluxo de informação, podem contribuir para a produção e divulgação do conhecimento e ampliar canais de comunicação com a população. (Scopel, Sehnemg, Dallabrida, Monteiro, Machado, Paula, Cogos, Nevese, 2021) A questão do quão cedo se considera prematuro o uso da internet para crianças, ainda é controverso. Envolve considerações de segurança, educacionais e éticas, bem como todas as influências comportamentais que traz consequências negativas ou positivas para a saúde mais tarde na vida. Observou-se que não há pesquisas longitudinais suficientes que mostram com exatidão o prejuízo direto que a internet causa na vida do adolescente. Apenas comprova-se que ela é um meio para um fim. Isso acaba que explica muita coisa, mas não justifica. De acordo com Young (2019): Muitas escolas possuem computadores como parte do novo currículo, mas não foram treinados muitosprofessores para usar esse equipamento para construir relacionamentos mais seguros. Mesmo em muitos lares de diversos estratos sociais e contextuais, os pais pouco respondem às perguntas e demandas tecnológicas de seus filhos, e, agora, muitas queixas fazem parte das avaliações médicas ou psicológicas, merecendo mais atenção em termos de intervenção e prevenção, além de políticas públicas (Young & Abreu, 2010). Alguns estudos voltados a identificar uma solução de problemas para o uso da internet em excesso, trazem bastante a palavra resiliência. Apesar de ela ter diversos significados e interpretações, queremos voltar o significado dela para a parte psicológica no qual a define como o resultado de um processo de aprendizagem durante toda a vida (Abreu, 2017). A resiliência envolve principalmente a capacidade de lidar com problemas. Habilidade que deve ser nutrida desde a infância. Atualmente, muito se vê pais querendo inibir as frustrações de seus filhos. E isso, os impossibilita de confiar em si mesmos, de confrontar seus problemas e criar habilidades competentes para resolver suas crises. Os pais, visando trazer o mínimo de sofrimento para seus filhos, acabam que os protegem dos obstáculos da vida de maneira tamanha que os pontos fortes que deveriam ser trabalhados desde a infância, como autoeficácia, responsabilidade e resolução 0 12 de problemas, ficam “adormecidos” dentro deles, e quando confrontados por algum problema na adolescência e fase adulta, entram em crises existenciais a ponto de até colapsarem, por não terem aprendido a melhor maneira de lidar com aquilo. Segundo Young (2019): Os pais têm um papel fundamental na socialização e na regulação das emoções e dos comportamentos dos filhos, e os filhos também moldam e contribuem para o próprio comportamento e funcionamento regulatórios de seus pais. De fato, as famílias têm suas próprias capacidades de autorregulação e estabelecimento de limites claros que podem proporcionar efeitos protetivos contra o surgimento do comportamento que causa dependência. É muito provável que algumas dessas regras também se apliquem a outros hábitos que levem à dependência, especialmente para crianças com problemas mentais ou comportamentais e que podem se tornar dependentes de telas com maior frequência. Ou seja, o alto índice de resiliência dos pais e família coabitantes interfere diretamente na autorregulação dos adolescentes e, na autorregulação de todos da família que convivem. E isso acaba por definir o contexto do adolescente e sua saúde mental. Apesar de serem poucos os estudos, todos eles apontam que a resiliência previne esses adolescentes da dependência e problemas de saúde mental futuros. A resiliência tem a ver com a capacidade do adolescente de entender o que sente e como sente. Isso advém uma consciência mental positiva, que os capacita a passarem pelas adversidades da vida. Parece simples e fácil ao falar, mas para a geração digital imediatista, é algo bem complicado de se definir. Como mecanismo de ajuda, podemos utilizar de um método didático aprendido nas escolas: leitura e escrita. Com o alto índice de uso da internet e das redes sociais, os adolescentes acabam que utilizam de palavras na qual só a sua “bolha” entende, e quando transportado para as plataformas de mídia, há uma piora, pois cada vez mais eles reduzem as palavras usando de abreviações etc. Por isso passar a ser muito comum, acabam que adotam esses termos, abreviações e/ou palavras erradas para o seu cotidiano, ficando um pouco difícil lembrar do que é correto quando chega na fase adulta. Por esse motivo é muito recomendado que se faça não só o exercício da escrita, como também da leitura, nem que seja de revistas em quadrinhos. De acordo com a dica de Young (2019): Um modo terapêutico simples que poderia ser praticado mais frequentemente é o uso de um diário, no qual os jovens possam registrar suas tarefas diárias e acrescentar seus sentimentos, para que possam revisitar suas suposições e compará-las com seu estado de humor negativo ou agressivo. Esta pode ser uma opção para o diálogo e um método para quebrar o gelo entre pais e filhos. Poderia, até mesmo, ser um futuro modelo para o comportamento mais adaptativo e para a construção de resiliência (Abreu, 2017). Percebe-se até aqui a importância de uma família, escola e sociedade integrativa para esses adolescentes. Cremos ainda, que todo o ser humano com boas faculdades cognitivas possui capacidade suficiente para se tornar uma pessoa resiliente, e não depender 0 13 exclusivamente do meio onde vive para adquirir tal habilidade. Adultos que fortalecem essas faculdades em si, tendem a influenciar não só seus filhos, mas como pessoas a sua volta a reproduzirem também essa faculdade. Alguns modelos teóricos nos ajudam a compreender melhor essas características e proporcionam a quem a pratica uma autoevolução capaz de proporcionar cuidado e apoio aos adolescentes e demais pessoas que convivem. Eis aqui alguns exemplos: aprendizagem socioemocional (comunicação assertiva, autorregulação etc.); cognitivo-comportamental (ligações causais entre sentimentos, pensamentos e ações); psicologia positiva (processos e atividades que estimulam emoções positivas); mindfulness (contemplação, meditação e momentos de silêncio para redução de estresse); relacionamentos responsáveis e estáveis (ligações amigáveis e íntimas com segurança); e habilidades de resolver problemas e conflitos. O uso de internet é necessário, relevante e benéfico para todos. O risco torna-se real quando há o exagero no acesso à conteúdos específicos que podem trazer sérios riscos como a autolesão para o público infantojuvenil. Tal público é estritamente habilidoso quando se trata de tecnologia, em contrapartida, há a necessidade de filtrarem de maneira responsável o que consomem. 0 14 CONCLUSÃO Com o desenvolvimento do trabalho aqui apresentado, concluímos que grandes conquistas tivemos com a ascensão do uso da internet. Mas identifica-se também alguns problemas acarretados graças ao mau uso de tal ferramenta. Os problemas apresentados aqui foram desde sintomas físicos até cognitivos, interferindo no cotidiano do adolescente e sua autorregulação como humano e das pessoas que o cerca. Entendemos que por mais que a maturação cerebral do adolescente não esteja formada por completo, acreditamos que todos são formados com habilidades capazes de evolução. Por isso, não cremos na ideia de que qualquer problema acarretado para a fase adulta do adolescente seja um destino pré-determinado. Cremos que o meio em que o adolescente cresce e convive é um fator que colabora bastante, mas como dissemos no texto, isso explica, mas não justifica. De modo geral, é importante que os pais e professores façam um esforço concentrado e consciente para assegurar a saúde e o bem-estar dos adolescentes. Os administradores devem se concentrar em ensinar e promover competências e as habilidades fundamentais necessárias para estender os desfechos positivos à cultura digital. O uso de tecnologia e ferramentas digitais está hoje onipresente e é inevitável; portanto, é importante aproveitar os valores e benefícios associados e ainda proteger contra riscos relacionados. Como o mundo da tecnologia está evoluindo rapidamente e sempre mudando, as pesquisas científicas avançadas são o melhor recurso disponível para informar sobre políticas, comportamentos e práticas. Essas informações são especialmente úteis juntamente com contextos de especialistas policiais, jurídicos, alfabetização digital, segurança cibernética, entre outros. Como a saúde cibernética é um domínio novo, não podemos confiar apenas na intuição ao tomarmos decisões importantes quanto ao uso de tecnologia, comunicações digitais e exposição a conteúdo. Embora os benefíciosdo uso da internet devam ser enaltecidos e reconhecidos, os parâmetros e as medidas de segurança não devem ser subestimados ou negligenciados. As preocupações relacionadas à tecnologia devem continuar a ter grau máximo de prioridade para garantir a segurança e o sucesso dos adolescentes. 0 15 REFERÊNCIAS ABREU, Cristiano Nabuco de. Psicologia do cotidiano: como vivemos, pensamos e nos relacionamos hoje. 1ª ed. Porto Alegre: ArtMed, 2017. BERRIBILI, Erika Giacometti-Rocha; MILL, Daniel. Impacto cognitivo do uso intensivo da internet: a autonomia dos estudos com dispositivos na adolescência. Dial net, 2018. 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