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Lara de Aquino Santos Tratamento de Dentes com Rizogênese Incompleta RIZOGÊNESE INCOMPLETA: → Refere-se a um dente cujo ápice radicular não apresenta dentina apical revestida por cemento, apresentando-se radiograficamente com ápice radicular incompleto. ESTÁGIOS DE NOLLA: → Demonstram o período de desenvolvimento dos dentes permanentes, desde a presença do folículo dentário até a completamente formação do dente. ESTÁGIO 0: → Ausência de cripta. ESTÁGIO 1: → Presença de cripta. ESTÁGIO 2: → Início da calcificação da coroa. ESTÁGIO 3: → Formação de 1/3 da coroa. ESTÁGIO 4: → Formação de 2/3 da coroa. ESTÁGIO 5: → Coroa quase completa. ESTÁGIO 6: → Coroa completa. ESTÁGIO 7: → Formação de 1/3 da raiz. ESTÁGIO 8: → Formação de 2/3 da raiz. ESTÁGIO 9: → Raiz completa, porém, com ápice aberto. ESTÁGIO 10: → Raiz completa com ápice fechado. HÁ DIFERENTES GRAUS DE RIZOGÊNESE INCOMPLETA DENTES COM RIZOGÊNESE INCOMPLETA NÃO CHEGAM AO ESTÁGIO 10 DE NOLLA. Lara de Aquino Santos INTERRUPÇÃO DO CRESCIMENTO DAS RAÍZES: → Quando a polpa sofre necrose antes da rizogênese completa, a formação dentinária cessa e o crescimento da raiz é interrompido. Com isso o canal permanece amplo, o ápice radicular fica aberto e a raiz apresenta-se curta. CAUSAS: → Pode ser ocasionada por um trauma (80- 90% dos casos), devido a presença de lesão cariosa que acometeu a polpa ou por conta de síndromes. CONSEQUÊNCIAS: → Ocasiona ausência de uma parada apical, além de paredes radiculares finas e frágeis, tornando-se imperativo que se induza a apicificação a fim de obter um selamento apical adequado. DESAFIOS DO TRATAMENTO ENDODÔNTICO EM DENTES COM RIZOGÊNESE INCOMPLETA: → Devido a amplitude do canal torna-se impossível a realização do preparo químico-mecânico, mesmo utilizando limas de terceira série. Em consequência disso a ausência do batente apical inviabiliza a obturação endodôntica. Com bases nesses desafios utilizamos técnicas/procedimentos para retomar o completo desenvolvimento radicular ou fechamento do forame apical, por meio da deposição de tecido mineralizado. CONCEITOS IMPORTANTES: APICIGÊNESE: → É o processo fisiológico de formação radicular. QUANDO REALIZAR: → Em polpa normal ou com alterações reversíveis. OBJETIVO: → Manutenção da vitalidade e tratamento conservador permitindo um processo fisiológico de formação radicular. APICIFICAÇÃO: → São protocolos clínicos no qual se utiliza biomateriais que estimulam o fechamento apical por meio de uma barreira de tecido mineralizado. QUANDO REALIZAR: → Em alterações pulpares irreversíveis e necroses. OBJETIVO: → Promover um ambiente favorável para o fechamento apical pela deposição de tecido duro. CRITÉRIOS IMPORTANTES: 1. COMPRIMENTO; 2. ESPESSURA; 3. FECHAMENTO APICAL. Existem protocolos em que o ganho ocorrerá somente em espessura e fechamento apical, enquanto que em outros terá o ganho em comprimento, espessura e fechamento apical. Lara de Aquino Santos → Na pulpotomia ocorre o ganho em comprimento, espessura e fechamento apical, por conta do processo de apicigênese ter sido retomado, assim como na técnica regenerativa; → Já na apicificação ocorre o ganho somente em espessura e fechamento apical. MATERIAIS UTILIZADOS: HIDRÓXIDO DE CÁLCIO: → Pó branco, alcalino (pH 12,8) e pouco solúvel em água; → É considerado uma base forte; → É obtido através do carbonato de cálcio, por meio de um processo de calcinação; → Para que ocorra a sua dissociação iônica é necessário a associação do pó a um veículo, que pode ser líquido (soro fisiológico) ou viscoso (clorexidina gel). PROPRIEDADES: → Estimula a formação de tecido mineralizado; → Ativação de enzimas envolvidas no reparo; → O contato dele com os tecidos perirradiculares ocasiona um trauma químico que elimina os microrganismos e inicia o processo de reparo. CONSIDERAÇÕES: → Apresenta taxas de sucesso em torno de 95%; → Possui um custo mais acessível; → Requer trocas frequentes do material (desvantagem), necessitando de várias sessões, tornando o tratamento longo; → Apresenta efeitos negativos nas propriedades mecânicas. Estudos apontam que após 28 dias de uso da medicação intracanal já é possível observar alterações na resistência à fratura. E após 77 dias a redução é em torno de 43%. AGREGADO TRIÓXIDO MINERAL (MTA): → Biomaterial que induz a formação de tecido mineralizado; → É considerado o padrão ouro dentre todos os materiais; → Possibilita a presa em meios úmidos; → Excelente radiopacidade e selamento marginal. VANTAGEM: → Sessão única (utilização do PLUG apical). DESVANTAGEM: → Interrompe o desenvolvimento radicular, elevando a probabilidade de fratura; → Custo elevado. BIOCERÂMICOS: → São materiais bioativos, que também induzem a formação de tecido mineralizado. Lara de Aquino Santos POSSIBILIDADES DE TRATAMENTO: 1. PULPOTOMIA; 2. APICIFICAÇÃO PROPRIAMENTE DITA; 3. REGENERAÇÃO PULPAR. PULPOTOMIA: → Consiste na remoção do tecido pulpar coronário vivo ou inflamado, mantendo-se a porção radicular. A polpa radicular continuará o processo de apicigênese. INDICAÇÕES: → Dentes com rizogênese incompleta; → Casos que mostrarem evidencias clínicas de alterações pulpares que não tenham lesado a polpa radicular. ASPECTOS CLÍNICOS FUNDAMENTAIS PARA A INDICAÇÃO DA PULPOTOMIA: SANGRAMENTO: → Favorável: Sangramento normal após o corte do tecido com coloração vermelho vivo; → Desfavorável: Sangramento ausente com coloração muito escurecida ou muito claro/amarelada. Aspecto da Superfície do Remanescente: → Favorável: Polpa dental consistente, que oferece certa resistência ao corte; → Desfavorável: Polpa sem consistência que se desgarra facilmente, ou com aspecto pastoso ou liquefeito. Aspecto da Coroa Dental: → Favorável: Quase íntegra ou com paredes espessas e resistentes; → Desfavorável: Destruição coronária requerendo um pino intracanal para a restauração. Atenção: → Realizar um bom isolamento absoluto; → Não irrigar com hipoclorito de sódio; → Não realizar anestesia intrapulpar. TÉCNICA DA PULPOTOMIA: Pode ser realizada em sessão única ou em duas sessões clínicas. PRIMEIRA SESSÃO: 1. Anestesia e isolamento absoluto; Lara de Aquino Santos 2. Remoção do tecido cariado; 3. Antissepsia da coroa com o auxílio de uma gaze estéril embebida com clorexidina gel 2% ou álcool iodado 3%; 4. Se houver necessidade finaliza-se a abertura coronária; 5. Realizar a remoção da polpa coronária, rente à embocadura do canal, por meio de uma colher de dentina afiada e irrigar com soro fisiológico. 6. Inserção de corticosteroide + antibiótico (Otosporin) em uma bolinha de algodão e inserção na câmara pulpar. Nosso objetivo é que tenha uma ação mais anti-inflamatória, para que tenha um condicionamento do tecido, do que uma ação antimicrobiana, que é muito baixa desse tipo de medicação odontológica. Técnica Mediata X Técnica Imediata: A inserção do Otosporin pode ser realizada de forma imediata ou de forma mediata. → Técnica mediata: A bolinha de algodão contendo a medicação permanece de 2 a 7 dias; → Técnica imediata: Insere-se a bolinha de algodão com a medicação por 10 a 15 minutos. SEGUNDA SESSÃO: → Anestesia, isolamento absoluto, abertura coronária e remoção da bolinha de algodão; → Colocação da pasta de hidróxido de cálcio, MTA ou biocerâmico; → Inserção do cimento de hidróxido de cálcio; → Selamento coronário definitivo com resina composta. Realiza-se a proservação do elemento dentário para verificar se o processo deapicigênese está ocorrendo OU se o paciente apresenta alguma sintomatologia. VANTAGENS DA REALIZAÇÃO DA PULPOTOMIA: → Biológica, permite a complementação da rizogênese em dentes jovens; → Técnica mais rápida, mais fácil e econômica, fazendo com que o tratamento seja mais barato. QUANDO NÃO REALIZAR A PULPOTOMIA: → Reabsorções inflamatórias internas e externas; → Necessidade de uso de retentor intrarradicular; → Necrose pulpar; → Presença de aumento de volume (tumefação). EM CASO DE FRACASSO DA PULPOTOMIA: → Realiza-se a apicificação. Lara de Aquino Santos APICIFICAÇÃO PROPRIAMENTE DITA (DENTES COM NECROSE TOTAL): → É um procedimento de indução do fechamento apical, no qual é introduzido um material biocompatível no terço apical do canal, com o intuito de induzir a formação de tecido mineralizado, ou seja, criar uma barreira e induzir o fechamento do forame apical, evitando assim o extravasamento de guta percha da obturação para os tecidos periapicais e osso. CONSIDERAÇÕES: → Apresenta taxas de sucesso em torno de 95%; → O reparo está na dependência do combate à infecção. SEQUÊNCIA TÉCNICA: Importante: → Utilizar hipoclorito de sódio 2,5% no CRT com cautela para que não ocorra o extravasamento; → O CRT é estabelecido com base na radiografia, pois o localizador foraminal ficará apitando continuamente (1mm aquém do ápice radiográfico); → Uso da medicação intracanal; → Controle clínico-radiográfico em 1, 3 e 6 meses. Padronizar as radiografias por meio do uso do posicionador radiográfico; → Eventualmente uso de tampão apical com MTA. TÉCNICA MEDIATA: 1. Antissepsia da cavidade oral; 2. Isolamento absoluto + abertura coronária; 3. Neutralização imediata com NaClO + exploração inicial com limas Hedstroem, estabelecendo o CRT 1 mm do ápice; 4. Pulpectomia 2 a 3 mm aquém do ápice radiográfico; 5. PQM com limas H e K; 6. Colocação de hidróxido de cálcio; 7. Selamento coronário provisório; 8. Trocas da medicação intracanal após 7 dias, 30, 60, 90 dias. Completada a formação apical, procede- se a obturação endodôntica. TÉCNICA IMEDIATA (TAMPÃO APICAL): 1. Imediatamente após o preparo do canal radicular ou após o uso de um curativo intracanal com pasta de hidróxido de cálcio (mínimo 3 dias), realiza-se a seleção do cone de guta-percha; 2. Realiza-se o tampão apical utilizando o MTA (o MTA apresenta taxa de sucesso de 94% nos casos de apicificação). Lara de Aquino Santos Técnica utilizada em casos extremos de rizogênese incompleta; Além de uma barreira mecânica, estimulará o fechamento apical; Essa técnica é indicada nos casos em que o segmento apical apresenta paredes paralelas ou ligeiramente convergentes. REGENERAÇÃO PULPAR: → Consiste na reposição de polpa danificada, incluindo formação de nova dentina e novas células do complexo dentinopulpar; → Fornece uma abordagem de tratamento alternativa que se baseia nos princípios da medicina regenerativa e engenharia de tecidos. CONSIDERAÇÕES: → Tem-se a continuidade do desenvolvimento radicular (ganho em comprimento, espessura e fechamento apical); → Presença de células-tronco / proliferação e desenvolvimento celular; → Necessário o controle da infecção do canal radicular. PILARES PARA QUE A REGENERAÇÃO PULPAR ACONTECA E A FORMAÇÃO RADICULAR SEJA RETOMADA: → Células-troncos; → Matriz: Onde as células-troncos iram se aderir, se multiplicar e neoformar o tecido; → Fatores de crescimento: Os mediadores químicos iram sinalizar para iniciar o reparo. OBJETIVOS: → Promover o completo desenvolvimento radicular com evidências radiográficas de aumento de espessura da parede do canal e fechamento do forame apical, e muitas vezes o comprimento programado; → Manutenção do dente; → Tratamento da lesão perirradicular. SELEÇÃO DOS CASOS: → Dente permanente com necrose pulpar e ápice radicular aberto; → Dentes que não necessitem de retentor intrarradicular; → Pacientes/responsáveis colaboradores. FATORES EM COMUM DOS PROTOCOLOS CLÍNICOS DE REGENERAÇÃO PULPAR: 1. Descontaminação mecânica mínima; 2. Manter a medicação intracanal; 3. Sangramento induzido. MEDICAÇÃO INTRACANAL: → É necessária a máxima eliminação de microrganismos para o sucesso do tratamento; Lara de Aquino Santos → Técnica de medicação indicada pela associação americana de endodontia: Uso da pasta triantibiótica; → O uso da clorexidina + hidróxido de cálcio como medicação tem mostrado alto índice de sucesso e eficácia, o que demonstra que estão adequados. IMPORTANTE: → NAGATA et al., (2014) afirmam que o perfil microbiano de dentes com ápices abertos é similar aos dentes permanentes completamente formados. E que não foi observado diferença na contagem de bactérias entre as medicações intracanais utilizadas. TÉCNICA DE REVASCULARIZAÇÃO PULPAR: Não podemos garantir que o tecido neoformado seja 100% pulpar (‘’original’’). Pode ser um tecido conjuntivo parecido com o tecido pulpar, que cumpre as funções que precisa. PRIMEIRA CONSULTA: 1. Isolamento absoluto + abertura coronária; 2. Determinação da odontometria; 3. Irrigação com hipoclorito de 1% a 1,5% + soro fisiológico; 4. Secagem do canal; 5. Preenchimento com pasta HC ou pasta bi / triantibiótica; 6. Selamento coronário provisório. Não se realiza a instrumentação do canal. O paciente deve retornar com 2 semanas ou no máximo com 1 mês (4 semanas) para realizar a 2° etapa. SEGUNDA CONSULTA: 1. Exame radiográfico e clínico, avaliando sinais e sintomas (percussão e palpação); 2. Isolamento absoluto + abertura coronária e remoção da MIC com EDTA 17%; 3. Irrigação do canal com soro fisiológico para remoção do EDTA + secagem do canal com cones de papel absorvente; 4. Indução do sangramento girando uma lima #25 pré-curvada até 2mm além do forame apical; 5. Coloca-se a MTA com espessura de 3mm sobre o coágulo, formando um plug cervical; 6. Selamento coronário definitivo. Em caso de presença de fístula, edema ou sintomatologia dolorosa não podemos continuar o protocolo. Devemos partir para a apicificação; O processo é longo e é necessita de uma excelente orientação ao paciente, sendo recomendado até mesmo a construção de um termo de consentimento livre esclarecido; Lara de Aquino Santos Não necessariamente o elemento dentário irá responder aos testes térmicos e elétricos; Eventualmente o comprimento radicular não é atingido, mas há o ganho de espessura e fechamento apical. REQUISITOS PARA AVALIAÇÃO DE ACOMAPANHAMENTO: 1. DENTE ASSINTOMÁTICO E EM FUNÇÃO; 2. AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA: → 6-12 meses: Espera-se o desaparecimento da radioluscência apical, podendo haver um aumento da espessura da parede dentinária; → 12-24 meses: Deve haver comprovadamente o aumento da espessura das paredes dentinárias, aumento do comprimento radicular e fechamento apical. DESAFIOS DA TÉCNICA DE REGENERAÇÃO PULPAR: → Colocação da barreira cervical de MTA; → Pigmentação dentária por minociclina; → Dificuldade de indução do coágulo. FATORES RELACIONADO AO SUCESSO DA TÉCNICA: → Na maioria do casos o sucesso só ocorre em pacientes jovens; → Só consegue realizar em casos de necrose pulpar e ápice radicular aberto; → Imprescindível o uso de medicação intracanal; → Criação de scalffold (matriz); → Pouca ou nenhuma instrumentação; → Adequada restauração coronária. EM CASO DE FRACASSO DA REGENERAÇÃO PULPAR: → Realiza-se a apicificação.
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