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Inteligência Emocional e Estratégias de Enfrentamento lv

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Prévia do material em texto

2019
IntelIgêncIa emocIonal 
e estratégIas de 
enfrentamento
Prof. Kelvin Custódio Maciel.
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Prof. Me. Kelvin Custódio Maciel.
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
M152i
 Maciel, Kelvin Custódio
 Inteligência emocional e estratégias de enfrentamento. / Kelvin Custódio 
Maciel. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.
 177 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0313-3
 
 1. Inteligência emocional. - Brasil. 2. Estratégias de enfrentamento. - Brasil.
 II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 152.4
III
apresentação
Olá, prezado acadêmico! Preparamos esse livro com o intuito de fazê-lo 
refletir sobre questões teóricas e práticas que discutem a inteligência Emocional 
e Estratégias de Enfrentamento. Assuntos ligados ao sucesso, fracasso, 
habilidades e emoções, bem como as formas de expressão e comunicação.
Nesse sentido, abordaremos de uma maneira dialógica alguns temas 
importantes respeitantes à inteligência emocional ao longo do livro.
 
Na Unidade 1 abordaremos assuntos específicos do universo da 
inteligência emocional, tais como: competências emocionais, pessoais e 
sociais; estados de ânimo e transtornos emocionais. Por que estudar sobre 
inteligência emocional? Ora, se você aprender a coordenar e agenciar o que 
você pensa e sente, certamente será capaz de ter um melhor relacionamento 
consigo mesmo, será mais fácil enfrentar situações adversas em sua vida e 
em seu trabalho, terá maior capacidade de conquistar seus objetivos, saber 
se portar frente a relacionamentos interpessoais e se autoconduzir diante de 
uma negociação, quando você for comprar ou vender algo. 
Portanto, nessa unidade vamos refletir a partir de alguns 
questionamentos que são pertinentes numa sociedade que cada vez mais 
fragmenta e coloca em “caixinhas” as múltiplas potencialidades que uma 
pessoa possui, tendo em vista as demandas do mercado de trabalho. Essa 
indiferença em relação às possibilidades que podemos ser são visíveis quando 
olhamos para a instituição escolar, por exemplo. Quando nos perguntamos: 
Quantas crianças consideradas prodígios não fizeram mais proezas do que 
colecionar boas notas nas escolas? Quantas pessoas com alto quociente de 
inteligência (QI) tiveram uma carreira profissional decadente, ao passo que 
pessoas cujo QI não era destacável foram longe, profissionalmente falando? 
Mas tais questões serão exploradas ainda mais na segunda unidade desse 
livro, então não deixe de fazer a leitura e mergulhar nesse universo para se 
autoconhecer e conhecer o outro.
Na Unidade 2 apresentaremos a teoria das Inteligências Múltiplas, a 
sua aplicabilidade no contexto escolar, as estratégias de ensino que podem 
reconfigurar a prática pedagógica e como a teoria das Inteligências Múltiplas 
pode estar ligada à linguagem e à saúde. Refletiremos sobre o caráter 
inovador dessa teoria, como possibilidade de quebrar o paradigma das 
estruturas pedagógicas contemporâneas. A abertura para uma abordagem 
multicultural nos espaços escolares e o estímulo ao engajamento dos alunos 
são algumas características de um ensino que considera o aluno enquanto 
dotado de múltiplas inteligências. 
IV
Nesse sentido, a contribuição recente da teoria das Inteligências 
Múltiplas evidencia o poder de inserção de uma visão pluralista da mente, 
reconhecendo diversas facetas da cognição, reconhecendo que as pessoas têm 
potenciais e estilos diferenciados de aprender, e que não cabe à escola impor 
um ensino homogêneo sem considerar que cada estudante é um universo 
singular e uma potência a ser explorada e guiada. 
Portanto, como o desenvolvimento das potencialidades que permeiam 
os domínios da inteligência emocional podem auxiliar na saúde? Você verá 
que os pacientes com câncer, que apresentam maior inteligência emocional, 
também apresentam melhor saúde mental e atitudes mais esperançosas 
diante do diagnóstico de câncer. Além disso, o desenvolvimento e o 
estímulo do autoconhecimento e da inteligência emocional podem beneficiar 
qualitativamente a vida dos profissionais da saúde, bem como pacientes que 
estão em situações de fragilidade emocional. Por esses e outros motivos, 
convidamos você a se engajar na leitura e nas reflexões dessa unidade, 
compreendendo que a educação é a principal ferramenta para a transformação 
do mundo e do homem.
Por fim, na Unidade 3, trataremos das múltiplas estratégias de 
enfrentamento que estão relacionadas ao fortalecimento da inteligência 
emocional, na medida em que o sujeito consegue superar uma situação 
adversa em sua vida ou em seu trabalho. A superação de uma situação 
de adversidade, o fato de se colocar em uma posição de autodefesa ou de 
enfrentamento de uma situação adversa, diz respeito a um movimento da 
psicologia denominado “fenômeno da resiliência humana”. Provavelmente 
você já ouviu, em algum momento da sua vida, alguém dizendo que foi 
resiliente em tal situação, ou que conseguiu superar um problema ou uma 
dificuldade aparentemente impossível de se recuperar. Nessas circunstâncias 
“moram” alguns conceitos que trabalharemos nessa unidade. 
Vamos conhecer mais sobre os conceitos denominados de coping e de 
buffers, que são de grande importância quando tratamos de fatores de proteção 
no qual a pessoa lança mão diante de um fator de risco ou de vulnerabilidade. 
A partir do estudo dessa unidade, você aprenderá a identificar no seu 
quotidiano quando uma pessoa está utilizando fatores de proteção internos 
(coping) e externos (buffers), e ficará por dentro das estratégias mais eficazes 
para obter maior rendimento profissional sem prejudicar a saúde física e 
psíquica. Como superar a ansiedade e o estresse originado de uma situação 
adversa? Como prevenir o aparecimento de doenças diversas, como fadiga, 
dores de cabeça, insônia, alterações intestinais? Um dos caminhos é através 
das estratégias de enfrentamento, da assertividade em ativar os fatores de 
proteção para compreender a situação e superá-la. 
A partir disso, esperamos que esse livro didático contribua para a sua 
formação docente e que, por meio dele, você possa se engajar num projeto 
de educação que compreenda o estudante em sua totalidade, estabelecendo 
V
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
pontes entre a vontade de aprender do estudante e o compromisso de ensinar 
do professor.Pois como indaga o filósofo contemporâneo Zygmunt Bauman: 
“Como se pode lutar contra as adversidades do destino sozinho, sem a ajuda 
de amigos fiéis e dedicados, sem um companheiro de vida, pronto para 
compartilhar os altos e baixos?”. Num mundo em que as relações humanas 
se evidenciam cada vez mais frágeis e líquidas, um caminho possível é ser 
resiliente, desenvolvendo as potencialidades e respeitando as diferenças que 
se fazem presentes em todos os momentos de nossas vidas.
Bons estudos!
Professor Me. Kelvin Custódio Maciel.
NOTA
VI
VII
UNIDADE 1 – INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: CONCEITOS E DESENVOLVIMENTO ...... 1
TÓPICO 1 – INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: CAPACIDADES MENTAIS, 
 EMOÇÕES, RACIONALIDADE E HABILIDADES .................................................. 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 O QUE É INTELIGÊNCIA EMOCIONAL? ..................................................................................... 4
3 AS CAPACIDADES MENTAIS E O DESENVOLVIMENTO DO CÉREBRO .......................... 8
4 AS EMOÇÕES E A RACIONALIDADE ........................................................................................... 11
5 AS HABILIDADES DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL ........................................................... 12
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 14
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 15
TÓPICO 2 – INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: COMPETÊNCIAS PESSOAIS, 
 COMPETÊNCIAS SOCIAIS E MENSURAÇÃO ........................................................ 17
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 17
2 COMPETÊNCIA EMOCIONAL ........................................................................................................ 17
2.1 COMPETÊNCIAS PESSOAIS ........................................................................................................ 22
2.2 COMPETÊNCIAS SOCIAIS ........................................................................................................... 26
3 MENSURAÇÃO DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL ................................................................ 31
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 35
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 36
TÓPICO 3 – ESTADOS DE ÂNIMO E TRANSTORNOS EMOCIONAIS .................................. 37
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 37
2 ESTADOS DE ÂNIMO ........................................................................................................................ 37
3 TRANSTORNOS EMOCIONAIS ..................................................................................................... 41
3.1 ESTRESSE .......................................................................................................................................... 42
3.2 ANSIEDADE..................................................................................................................................... 43
3.3 DEPRESSÃO ..................................................................................................................................... 43
3.4 TRANSTORNO OU SÍNDROME DO PÂNICO ......................................................................... 44
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 46
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 52
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 53
UNIDADE 2 – INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS ................................................................................ 55
TÓPICO 1 – TEORIAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS ....................................................... 57
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 57
2 TEORIAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS .......................................................................... 57
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 70
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 75
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 76
sumárIo
VIII
TÓPICO 2 – INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NA EDUCAÇÃO .................................................77
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................77
2 INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NA EDUCAÇÃO: ESTRATÉGIAS DE ENSINO ...............77
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................87
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................89
TÓPICO 3 – INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E A SAÚDE ........ 91
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................91
2 INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, SAÚDE E LINGUAGEM .......................................................92
3 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E CÂNCER .................................................................................97
4 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E ATITUDES SUICIDAS ........................................................98
5 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E PROFISSIONAIS DA SAÚDE ..........................................100
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................104
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................105
UNIDADE 3 – ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO ..............................................................107
TÓPICO 1 – ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO: CONCEITOS .......................................109
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................109
2 CONCEITOS RELATIVOS ÀS ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO .............................110
2.1 RESILIÊNCIA .................................................................................................................................110
2.2 COPING ...........................................................................................................................................113
3 RELAÇÕES ENTRE COPING E ESPIRITUALIDADE ................................................................113
4 COPING E ADOLESCÊNCIA/JUVENTUDE ................................................................................118
5 COPING E ADULTEZ ........................................................................................................................119
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................126AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................127
TÓPICO 2 – ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM AMBIENTE DE TRABALHO ....129
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129
2 ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO: FATORES DE PROTEÇÃO ...................................130
3 ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM AMBIENTE DE TRABALHO.........................135
3.1 MEDIDAS DE ENFRETAMENTO DO ESTRESSE NO TRABALHO ....................................140
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................144
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................146
TÓPICO 3 – ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO: SAÚDE E EDUCAÇÃO .....................149
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................149
2 ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO NA ÁREA DA SAÚDE ...........................................150
3 ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM AMBIENTES EDUCACIONAIS ...................154
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................160
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................164
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................166
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................167
1
UNIDADE 1
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: 
CONCEITOS E DESENVOLVIMENTO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender o conceito de inteligência emocional;
• compreender as competências emocionais, tanto pessoais quanto sociais;
• conhecer os estados de ânimo;
• conhecer os principais transtornos emocionais.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: CAPACIDADES MENTAIS, 
EMOÇÕES, RACIONALIDADE E HABILIDADES
TÓPICO 2 – INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: COMPETÊNCIAS PESSOAIS, 
COMPETÊNCIAS SOCIAIS E MENSURAÇÃO
TÓPICO 3 – ESTADOS DE ÂNIMO E TRANSTORNOS EMOCIONAIS
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: CAPACIDADES MENTAIS, 
EMOÇÕES, RACIONALIDADE E HABILIDADES
1 INTRODUÇÃO
“Inteligência emocional” – que expressão misteriosa e ao mesmo tempo 
aparentemente inusitada, talvez até incongruente? Afinal, estamos acostumados 
a ler e a ouvir frases que parecem cindir inteligência e emoção, como se uma coisa 
fosse uma coisa e outra coisa fosse outra coisa...
Talvez seja por isso que "inteligência emocional" soa algo como “vitamina de 
manga”. Poucos anos atrás, as mães sempre diziam que não era possível misturar 
leite com manga, que tal mistura era tão perigosa que poderia causar um “revertério” 
fatal no sistema digestivo do sujeito que resolvesse experimentar tal iguaria! 
Algo que é bem mais familiar aos nossos ouvidos são as canções e as 
histórias literárias que ora engrandecem a razão, ora engrandecem a emoção. Por 
exemplo, a obra Um Sopro de Vida, de Clarice Lispector (1999), mostra um diálogo 
entre um autor e uma das personagens criadas por ele. Uma das frases do diálogo 
nos conclama a pensar em temas que entrecruzam esse tópico: "Mas é preciso 
me amar como involuntariamente sou. Apenas me responsabilizo pelo que há de 
voluntário em mim e que é muito pouco" (LISPECTOR, 1999, p. 130). 
Então, o que há de voluntário seria consciente, portanto, ligado à 
cognição, à inteligência? E o involuntário (que ocupa a maior parte) é da ordem 
do inconsciente, portanto, ligado à emoção? 
Prezado acadêmico, não foque sua leitura visando responder às perguntas 
que acabou de ler. Apenas continue lendo, com o aviso de que você encontrará alguns 
frutos de estudos sobre interações entre emoção (manga?) e inteligência (leite?). 
UNIDADE 1 | INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: CONCEITOS E DESENVOLVIMENTO
4
2 O QUE É INTELIGÊNCIA EMOCIONAL?
A expressão “Inteligência Emocional” foi se tornando amplamente 
conhecida em virtude dos estudos do professor da famosa Universidade de 
Harvard, Daniel Goleman. Em 1995, Goleman publicou o livro intitulado 
Inteligência Emocional. Contudo, ele não foi o pioneiro a pesquisar sobre essa 
temática, já que os psicólogos americanos Peter Salovey e John Mayer foram os 
primeiros a explicar esse conceito (COBÊRO, 2003). 
É válido lembrar que, em 1990, na primeira vez que utilizaram o termo 
"Inteligência Emocional", Peter Salovey e John Mayer estavam partindo dos 
estudos do psicólogo Howard Gardner acerca das "Inteligências Múltiplas", com 
o intuito de questionar a supremacia da inteligência cognitiva nas pesquisas sobre 
inteligência (ALMEIDA; SOBRAL, 2005). 
ESTUDOS FU
TUROS
Você estudará sobre as "Inteligências Múltiplas" descritas por Gardner na 
Unidade 2 desse livro didático.
NOTA
O que significa supremacia da inteligência cognitiva?
Até então, a quantidade massiva de pesquisas que diziam respeito à inteligência era aquela 
que se concentrava nas esferas intelectuais, que envolvia lógica, razão, habilidades de 
memorizar e analisar proposições, características que se destacam na escola, relacionadas 
à apropriação dos conteúdos que eram abordados no ambiente educacional, por exemplo.
Agüera (2008), por sua vez, atribui a criação do termo “Inteligência 
Emocional” ao psicólogo israelita Reuvem Baron, em 1985, que também foi o 
pesquisador que criou a denominação “quociente emocional”. 
Segundo Woyciekoski e Hutz (2009), a inteligência emocional explicita 
um convite à reflexão sobre os conceitos tradicionais de inteligência, passando a 
agregar à inteligência dimensões emocionais e sentimentais. Conforme Almeida e 
Sobral (2005), tão logo a expressão inteligência emocional tenha sido cunhada, já foi 
embebida com os sentidos de perceber, compreender e regular as próprias emoções. 
TÓPICO 1 | INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: CAPACIDADES MENTAIS, EMOÇÕES, RACIONALIDADE E HABILIDADES
5
Em linhas gerais, a inteligência emocional se refere à consonância entre 
a razão e a emoção. Trata-se, assim, de manejar as emoções de modo inteligente 
(REGO; ROCHA, 2009). 
Já para Agüera (2008), a inteligência emocional equivale à capacidade 
humana de fazer a gestão das emoções, isto é, adaptar-se às circunstâncias que 
emergem no dia a dia. 
Por conseguinte, facilmente pode-se supor os motivos pelos quais tantas 
pessoas têm procurado saber mais sobre esse assunto. Santos, Almeida e Lemos 
(1999) esclarecem que está cada vez mais evidente que a inteligência não é uma 
habilidade de teor exclusivamente cognitivo, isto é, intelectual/mental. Não basta 
se destacar em habilidades e competências intelectuais e não conseguir controlar 
as próprias emoções. 
Seguindo essa linha de raciocínio, Roberts, Flores-Mendoza e Nascimento 
(2002) acrescentam que a inteligência emocional de uma pessoa possibilita que 
se anteveja seu futuro desempenho profissional. Por isso, as empresas têm 
procurado analisar as habilidades cognitivas, comportamentais e emocionais, 
antes de efetuar a contratação de profissionais. Para Santos, Almeida e Lemos 
(1999, p. 401), “[...] ser emocionalmente inteligente está se tomando requisito 
imprescindível para todo profissional”, principalmente porque o mercado de 
trabalho tem se mostrado cada vez mais competitivo, na medida em que passa a 
ser mediado por dispositivos tecnológicos e apresenta baixos níveis de emprego, 
aumentando assim a concorrência e a disputa por uma vaga detrabalho entre os 
desempregados. Portanto, as pessoas que têm investido no desenvolvimento de 
sua inteligência emocional estão apresentando um diferencial, potencializando 
sua empregabilidade. 
Santos, Almeida e Lemos (1999, p. 403) são ainda mais contundentes ao 
declararem que "[...] não existe mais espaço para o profissional que não consegue 
desenvolver habilidades de compreender como se efetuam os mecanismos de 
manejo relacionados ao controle, estabilização e utilização das emoções". 
Por essas e outras, a inteligência emocional vem sendo discutida em 
inúmeros países, e diversas áreas do conhecimento têm contribuído nos estudos 
sobre ela. Por isso, ela está se caracterizando como uma temática de interesse 
multidisciplinar. Algumas áreas que estão se debruçando sobre ela são a 
Psicologia, a Sociologia, a Comunicação Social, a Administração, a Medicina, a 
Biologia e a Educação (GONZAGA; MONTEIRO, 2011).
Além de ampliarem as chances no mercado de trabalho, as pessoas que são 
mais hábeis no comando das próprias emoções provavelmente desfrutam de melhor 
qualidade de vida (ROBERTS; FLORES-MENDOZA; NASCIMENTO, 2002). 
UNIDADE 1 | INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: CONCEITOS E DESENVOLVIMENTO
6
Por que? Porque ter capacidade para coordenar o que pensam e o que 
sentem, provavelmente lhes dá possibilidades mais eficazes de:
• terem um melhor relacionamento consigo mesmas;
• enfrentarem circunstâncias adversas;
• conquistarem seus objetivos;
• lutarem por seus sonhos; 
• se portarem diante dos relacionamentos interpessoais, envolvendo família, 
amigos etc.;
• conduzirem adequadamente uma negociação quando forem comprar ou 
vender algo.
Talvez seja mais fácil entender que o desenvolvimento da inteligência 
emocional possibilite que uma pessoa seja "bem resolvida" consigo mesmo. Mas 
será que esse atributo poderia interferir nos relacionamentos com outras pessoas? 
"Acredita-se que ela [Inteligência Emocional] esteja associada à capacidade das 
pessoas de perceber e gerenciar suas próprias emoções assim como perceber 
e, porque não, conduzir as dos outros (ROBERTS; FLORES-MENDOZA; 
NASCIMENTO, 2002, p. 89). 
Caso você discorde que a inteligência emocional dá o poder de "conduzir 
as emoções de outrem", ao menos, faça o exercício de imaginar uma situação tensa 
entre duas pessoas. Pode ser no contexto jurídico, por exemplo, dois advogados 
oponentes em uma audiência. Se aquele que dispõe de uma inteligência emocional 
mais desenvolvida não puder interferir diretamente nas emoções do outro 
advogado, ao menos terá uma suposta vantagem por conseguir manter-se calmo, 
concentrado na ocasião, assumindo uma postura mais profissional. O advogado 
opositor, por sua vez, poderá perder a assertividade, entregar-se por completo às 
emoções e perder as estribeiras no tribunal. 
É possível que você esteja pensando que desenvolver a inteligência 
emocional lhe dará garantias de sucesso na vida pessoal, familiar, profissional 
etc. No entanto, é necessário clarificar que a inteligência emocional pressupõe 
um construto psicológico que surgiu há pouco tempo, além de apresentar 
um campo conceitual complexo, se considerarmos o estilo e material de seu 
conteúdo. Consequentemente, tem demonstrado dificuldades metodológicas 
(WOYCIEKOSKI; HUTZ, 2009).
Tanto as investigações quanto os debates em torno da inteligência 
emocional ainda estão em estágio inicial, portanto, há impasses conceituais, além 
dos metodológicos, cujas medidas necessitam ser aprimoradas. Por exemplo: a 
inteligência emocional diz respeito a um tipo específico de inteligência, ou seria 
mais adequado enquadrá-la no campo da personalidade? É possível medir, 
mensurar o grau de inteligência emocional de cada pessoa? (ROBERTS; FLORES-
MENDOZA; NASCIMENTO, 2002). 
TÓPICO 1 | INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: CAPACIDADES MENTAIS, EMOÇÕES, RACIONALIDADE E HABILIDADES
7
Essas são apenas algumas perguntas que permanecem sem respostas 
conclusivas sobre essa temática, alguns questionamentos que dividem opiniões 
entre os pesquisadores. Mas não é por ser um conhecimento que está em fase de 
construção (se é que algum conhecimento pode-se afirmar como completamente 
concluído) que deve ser desprezado. 
Sendo assim, agora que você já tem uma noção do que a inteligência 
emocional abrange e de como anda o desenvolvimento de suas pesquisas, vamos 
aprofundar um pouco mais esse conceito?
A inteligência emocional (IE) constitui um campo de estudo que 
reúne pesquisas extensivas sobre a inter-relação entre pensamentos, 
sentimentos e habilidades. Sobretudo, investigam-se as reações e 
interpretações emocionais de sujeitos, bem como a função das emoções 
no comportamento inteligente. A consideração das interações entre 
cognição e emoção poderia resultar no reconhecimento da capacidade 
do homem em lidar com suas emoções de forma inteligente e 
compatível com seus mais caros objetivos de vida (WOYCIEKOSKI; 
HUTZ, 2010, p. 152).
Essa citação parece se articular aos tópicos que foram listados nos 
parágrafos anteriores, sobre a forma de lidar com os relacionamentos, sonhos, 
situações funestas etc. Assim, passa-se a fortificar a ideia de que o ser humano tem 
virtudes que lhe permite direcionar seu estado emocional de modo perspicaz, em 
sintonia com seus propósitos de vida. 
Acadêmico, essas frases disparam algum gatilho de memória de cunho 
religioso em você? Parecem assemelhar-se às ideias contidas nos versículos 
bíblicos que seguem?
• "Melhor é o homem paciente do que o guerreiro, mais vale controlar 
o seu espírito do que conquistar uma cidade". Provérbios 16:32 
• "Como a cidade com seus muros derrubados, assim é quem não 
sabe dominar-se". Provérbios 25:28 
• "Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, 
amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. 
Contra essas coisas não há lei". 
Gálatas 5:22-23 (BÍBLIA ON, 2019, s.p., grifo do autor).
Quiçá, as frases que você tem lido nesse livro estão lhe fazendo recordar 
das "filosofias" orientais que enfatizam o aniquilamento da ira.
Na concepção de Agüera (2008), a ideia de não se deixar apoderar-se pelas 
paixões remonta à Idade Antiga, sendo Platão, um filósofo que a defendia. Na 
filosofia platônica, as paixões e sensações pertencem ao mundo das ilusões e das 
ideias imperfeitas. Para o pensador, não devemos nos conduzir pelas paixões, 
pois as paixões são efêmeras e passageiras. 
UNIDADE 1 | INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: CONCEITOS E DESENVOLVIMENTO
8
Porventura, você que conhece um pouco sobre abordagens relacionadas 
à Psicologia, está se perguntando se a contenção das emoções pode causar danos 
psicológicos à pessoa que tem buscado frear as emoções que julga nocivas para ela. 
Porém, o que acontece com as pessoas que soltam totalmente os freios e lançam-se 
por inteiro aos impulsos emocionais? Será que elas correm riscos de desenvolver 
psicopatologias? E o que dizer das perdas (que poderiam ser evitadas) que elas 
podem sofrer em seu cotidiano? 
Só para constar, o desregramento emocional pode acarretar:
• Término de relacionamentos amorosos/familiares/profissionais/amigáveis.
• Diversos prejuízos financeiros (dívidas, compras ou vendas das quais depois 
se arrepende).
• O contágio de doenças (DST, por exemplo).
• O surgimento de doenças que não são contagiosas (o descontrole sobre o 
apetite pode desencadear a obesidade, por exemplo).
• Desistência de sonhos ou de objetivos (como os estudos, uma viagem que se 
almeja, aquisições, hobbies). 
• Dificuldades para conseguir se inserir no ambiente de trabalho ou manter-se nele. 
Na Psicologia e em muitas de suas áreas afins, raramente pode-se 
dar garantias tangíveis, por envolver assuntos subjetivos (influenciados por 
incontáveis fatores e nem sempre plenamente previsíveis). De qualquer modo, 
Agüera (2008) argumenta que a inteligência emocional pode interferir na saúde e 
na qualidade das relações que a pessoa estabelece com outrem. 
3 AS CAPACIDADES MENTAIS E O DESENVOLVIMENTO DO 
CÉREBRO
De acordo com Agüera(2008), existem cinco capacidades mentais que se 
destacam: os instintos, as emoções, os raciocínios, as intuições e as estratégias. 
QUADRO 1 – PRINCIPAIS CAPACIDADES MENTAIS
INSTINTOS São espontâneos, reflexos. Isto é, acontecem involuntariamente. Podem atiçar emoções e também podem sinalizar a necessidade de atuar racionalmente.
EMOÇÕES São reações fisiológicas incitadas pelos instintos. Apesar de apresentarem um alto grau de automatismo, possibilitam maior controle do que os instintos.
RACIOCÍNIOS
Procedem dos estímulos enviados pelos instintos, pelas emoções ou pelas 
intuições. Seu processamento é mais vagaroso, está diretamente aliançado à 
lógica e à análise de fotos objetivos.
INTUIÇÕES
Emanam da interseção entre emoções e raciocínios e recebem influências de 
ambos. Há elementos conscientes e inconscientes por trás delas. Ainda que 
não existam fatos comprovados, há indícios de que as intuições proporcionam 
colaborações subjetivas.
ESTRATÉGIAS
São possibilitadas pelas interações das quatro capacidades (instintos, emoções, 
raciocínios e intuições). Portanto, é a capacidade mental mais refinada e 
sofisticada, também denominada de planejamento estratégico. Envolve a 
organização e delegação de atividades das demais capacidades mentais.
FONTE: Adaptado de Agüera (2008)
TÓPICO 1 | INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: CAPACIDADES MENTAIS, EMOÇÕES, RACIONALIDADE E HABILIDADES
9
Conforme o ciclo vital vai se desenrolando na vida de uma pessoa, é 
possível observar que seu cérebro vai se desenvolvendo. Consequentemente, 
falar de inteligência emocional na infância é diferente do que falar de inteligência 
emocional na vida adulta. Portanto, seguem algumas dicas de leitura, caso você 
queira se aprofundar nas primeiras fases do desenvolvimento humano, isto é, no 
período da vida até a puberdade:
DICAS
Para visualizar como vai se processando o desenvolvimento da compreensão 
emocional já na infância, recomendamos a leitura de dois artigos:
1- Desenvolvimento da Compreensão Emocional, publicado em 2015, por Franco e Santos. 
Você pode encontrá-lo no link: http://www.scielo.br/pdf/ptp/v31n3/1806-3446-ptp-31-03
-00339.pdf. 
2- Compreensão de emoções, aceitação social e avaliação de atributos comportamentais 
em crianças escolares, publicado em 2011, por Pavarini, Loureiro e Souza. 
Você pode encontrá-lo no link: http://www.scielo.br/pdf/prc/v24n1/v24n1a16.pdf.
Rego e Rocha (2009) fizeram um estudo sobre a educação emocional 
instigando reflexões sobre o foco das escolas nos dias atuais. Considerando que já 
existem embasamentos teóricos acerca da importância da educação das emoções, 
por que as escolas continuam praticamente girando em torno do desenvolvimento 
da inteligência intelectual, analítica das crianças? 
Assim, voltamos à discussão que já emergiu nas primeiras linhas desse 
tópico: a hegemonia da inteligência analítica, lógico-matemática, intelectual, 
acadêmica. Vale lembrar que esse tipo de inteligência, que costumeiramente é 
mensurado com testes de QI (quociente de inteligência), não deveria ser usado 
para medir a inteligência global das pessoas e, sim, a inteligência intelectual 
(AGÜERA, 2008).
Até porque um bom QI não assegura que uma criança terá bom rendimento 
escolar ou que um funcionário apresentará excelente desempenho profissional, 
ou que um idoso terá mais propensões a ter boa saúde, ou a se relacionar bem 
com os seus cuidadores. 
Quantas crianças que foram consideradas prodígios não fizeram maiores 
proezas do que colecionar boas notas nas escolas? Quantas pessoas com alto 
quociente de inteligência tiveram uma carreira profissional decadente, ao passo 
que pessoas cujo QI não era destacável foram longe, profissionalmente falando? 
UNIDADE 1 | INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: CONCEITOS E DESENVOLVIMENTO
10
Como as pessoas reagem aos percalços que a vida lhes apresenta? Como elas 
administram suas próprias vidas? (SANTOS; ALMEIDA; LEMOS, 1999). Como 
explica Agüera (2008), bom resultado no teste de QI não dá mostras sobre as 
habilidades dessa pessoa no que tange o trabalho em equipe, tampouco sobre 
como enfrenta situações de estresse ou de frustração. 
Sendo assim, acompanhe na sequência o resumo do artigo pertinente, 
elaborado por Rego e Rocha (2009, p. 135):
O papel da inteligência emocional dentro e fora da escola, exige 
"educar" as emoções para que as pessoas tornem-se aptas a lidar com 
frustrações, angústias e medos. Este artigo tem como objetivo geral 
avaliar a importância da educação emocional no contexto da educação, 
partindo-se das seguintes indagações: será que a Educação Emocional 
pode contribuir no processo de ensino-aprendizagem, favorecendo 
o equilíbrio entre aspectos cognitivos racionais e emocionais do 
educando? Em caso positivo, que caminhos teórico-metodológicos 
podem ser trilhados e/ou apontados para que a Educação Emocional 
se torne realidade nas escolas? A opção metodológica foi a pesquisa-
ação, realizada em quinze oficinas, com participação de 14 docentes, 1 
coordenador e a pesquisadora. Os resultados das oficinas constituíram-
se em um plano de ação que visou disseminar os estudos da educação 
emocional nas escolas. As conclusões da pesquisa apontam que as 
competências da inteligência emocional, como autoconhecimento, 
autogestão, consciência social e administração de relacionamentos, 
podem contribuir para a qualidade do processo de ensino-aprendizagem, 
conduzindo o ser humano ao equilíbrio da razão e emoção.
Ao final dessa unidade, você pode ler um pouco mais sobre esse artigo 
na seção de leitura complementar. Consideramos esse artigo muito oportuno, até 
porque ele aborda a relação da inteligência emocional com a qualidade de vida. 
Na vida adulta, a inteligência emocional também é muito importante, 
inclusive no contexto profissional. A enfermagem é uma profissão que requer 
habilidades atinentes à inteligência emocional, como a empatia, por exemplo 
(SANTOS; ALMEIDA; LEMOS, 1999). Por isso, além de concordarmos que é 
conveniente estimular o desenvolvimento da inteligência emocional nas escolas, 
pensamos que também seja apropriado promover seu desenvolvimento nos 
cursos profissionalizantes e/ou superiores, sobretudo, naqueles que formam 
profissionais que precisarão ter competências emocionais.
DICAS
Para obter informações sobre a inteligência emocional na fase adulta e na 
senilidade, leia o artigo: Bem-estar psicológico e inteligência emocional entre homens e 
mulheres na meia-idade e na velhice, publicado por Queroz e Neri, em 2005. Disponível na 
íntegra em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-79722005000200018&script=sci_
abstract&tlng=pt.
TÓPICO 1 | INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: CAPACIDADES MENTAIS, EMOÇÕES, RACIONALIDADE E HABILIDADES
11
Agora que você já sabe quais são as principais capacidades mentais e 
que ao longo do desenvolvimento humano as formas de lidar com a inteligência 
emocional podem ir se aperfeiçoando, voltemos, com um pouco mais de atenção 
e propriedade à questão da "superioridade" da racionalidade sobre as emoções, 
ou seria das emoções sobre a razão? 
4 AS EMOÇÕES E A RACIONALIDADE
O que é mais importante: A razão ou a emoção? 
Eis uma pergunta com várias possibilidades de respostas! Por exemplo, 
o tempo pode mudar a resposta dada a ela. No Império Romano, há grandes 
indícios de que a razão era valorizada, pois há muitos escritos daquele período que 
enaltece a temperança (AGÜERA, 2008). A temperança perpassa pelo domínio da 
emoção, que se subjuga pela razão. 
A História da Arte também nos dá notícias sobre épocas ou movimentos, 
artistas que valorizavam a racionalidade acima das emoções: Renascença, 
Neoclassicismo, Cubismo, Bauhaus, arte abstrata, minimalismo e gótico 
exemplificam essa valoração à razão (AGÜERA, 2008).
Também existiram as épocas, ou movimentos, ou, os artistas que 
valorizavam as emoções em detrimento da razão. Assim, nota-se maior abertura à 
sensibilidade e à criatividade. Agüera (2008) cita como exemplos: Românico, Arte 
Flamenca, Barroco, Romantismo,Modernismo, Impressionismo, Surrealismo. 
A inteligência mais cognitiva, relacionada ao raciocínio e à lógica é 
tradicionalmente medida pelos testes tradicionais (SANTOS; ALMEIDA; 
LEMOS, 1999).
A inteligência emocional, por sua vez, interfere na forma de se relacionar com 
outrem, no estilo de exercer liderança, na expressão da criatividade, na adaptação às 
mudanças que a vida requer, no reconhecimento de sentimentos, no discernimento 
emocional, na autocompreensão (SANTOS; ALMEIDA; LEMOS, 1999).
[...] a Inteligência Emocional é um aprendizado permanente, mas que 
urge para a sobrevivência no mundo moderno, pois se permitirmos que as 
emoções fujam do nosso controle, corremos o risco de analisar a realidade 
muito subjetivamente, distorcendo as informações e até mesmo tendo um 
comportamento ineficiente para determinadas situações comuns no dia a 
dia (SANTOS; ALMEIDA; LEMOS, 1999, p. 407).
Não significa que a inteligência intelectual não tenha participação alguma 
nesses processos que foram associados à inteligência emocional. Apenas reiteramos 
que ela não pode ser considerada à inteligência global de uma pessoa. Até porque, 
"[...] a incapacidade de observar nossos verdadeiros sentimentos nos deixa à mercê 
destes" (SANTOS; ALMEIDA; LEMOS, 1999, p. 408). E ser levado para lá e para cá 
pelas próprias emoções não soa algo muito inteligente, não é mesmo? 
UNIDADE 1 | INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: CONCEITOS E DESENVOLVIMENTO
12
5 AS HABILIDADES DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 
Como já foi visto, há uma forte relação entre a inteligência emocional e as 
"inteligências múltiplas" apresentadas em 1995 por Gardner (ROBERTS; FLORES-
MENDOZA; NASCIMENTO, 2002). Por isso, a inteligência emocional foi 
caracterizada, já em sua gênese, por duas dimensões: intrapessoal e interpessoal 
– ambas aparecem nas inteligências múltiplas. 
Vamos compreender o significado dessas duas dimensões para a 
inteligência emocional? 
QUADRO 2 – DIMENSÕES DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL CONFORME GOLEMAN
Inteligência Emocional
Dimensão Intrapessoal Dimensão Interpessoal
Autoconhecimento.
Autocontrole.
Compreensão e identificação dos próprios 
impulsos emocionais e dirigi-los para 
proveito seu.
Conhecimento de outrem.
Empatia.
Compreensão dos estímulos emocionais dos 
outros, sopesando as circunstâncias sob o 
prisma de outrem.
FONTE: Adaptado de Almeida e Sobral (2005)
Esse quadro permite inferir que inteligência emocional é constituída 
por dimensões internas (intrapessoais) e externas (interpessoais). Em outras 
palavras, as dimensões internas referem-se à compreensão e ao controle que a 
própria pessoa sente. Já as dimensões externas requerem que a pessoa olhe para 
além dela, para que consiga entender o que o outro está sentindo e em seguida 
encontre meios para ajudar regular as emoções dele. Por exemplo: um bombeiro 
está diante de uma pessoa que anunciou que pulará do vigésimo andar de um 
prédio. O bombeiro procurará ajudar tal pessoa a regular suas emoções. Então, 
não pense que a regulação das emoções de outrem é sempre manipulativa para o 
benefício unicamente daquele que está manipulando. 
Agora, vamos visualizar o modelo definido pelos precursores Mayer e Salovey?
QUADRO 3 – CATEGORIAS DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL PRECONIZADAS 
POR MAYER E SALOVEY
Categorias da Inteligência Emocional
Identificação e 
percepção emocional.
Facilitação emocional 
do pensamento.
Compreensão 
emocional.
Gestão 
emocional.
Reconhecimento e a 
entrada da informação 
no sistema emocional.
Envolve o uso da 
emoção para melhorar 
o processamento 
cognitivo.
Envolve o 
processamento 
cognitivo da emoção.
Autorregulação 
emocional e a 
regulação das emoções 
nas outras pessoas.O processamento posterior de informação e 
enfatizam a resolução de problemas.
FONTE: Adaptado de Costa e Faria (2014)
TÓPICO 1 | INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: CAPACIDADES MENTAIS, EMOÇÕES, RACIONALIDADE E HABILIDADES
13
Esse quadro parece esmiuçar o quadro anterior, ou seja, minuciar, 
pormenorizar. No Tópico 2, você entrará em contato mais íntimo com as 
competências pessoais e sociais da inteligência emocional. O objetivo de trazer 
esses quadros mais sucintos nesse momento é permitir que você compare as 
primeiras definições de inteligência emocional, bem como vá construindo 
conhecimentos iniciais que serão aprofundados nos tópicos que seguem. 
Já que estamos apresentando sínteses dos pioneiros no campo da 
inteligência emocional, segue agora uma síntese inspirada na teoria de Baron:
QUADRO 4 – FATORES DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL CONFORME BARON
Categorias da Inteligência Emocional
Percepção Compreensão Regulação
Capacidade de discernir, 
identificar emoções.
Capacidade de distinguir 
e entender mudanças que 
atingem as emoções com o 
passar do tempo. Antever 
a manifestação de emoções 
e observar como elas se 
mesclam.
Capacidade de nortear, moderar 
as emoções perante escolhas 
difíceis, impasses, ou situações 
nefastas.
Fonte: Adaptado de Agüera (2008)
Talvez a palavra "regulação" soe menos familiar do que "percepção" e 
"compreensão". A regulação está relacionada com possibilidade de conseguir 
pensar numa estratégia mais acertada para resolver um problema específico. 
Portanto, está atrelada ao coping (PAVARINI; LOUREIRO; SOUZA, 2011). 
ESTUDOS FU
TUROS
A palavra coping reaparecerá na Unidade 3 desse livro, uma vez que está 
relacionado com o enfrentamento de situação estressante.
Para o desfecho desse tópico, apresentamos as palavras com as quais 
Bueno e Muniz (2006, p. 29) nos brindam: 
A percepção das emoções abrange desde a capacidade de identificar 
emoções em si mesmo, em outras pessoas e em objetos ou condições 
físicas, até a capacidade de expressar essas emoções e as necessidades 
a elas relacionadas, e ainda a capacidade de avaliar a autenticidade 
de uma expressão emocional, detectando sua veracidade, falsidade ou 
tentativa de manipulação. 
14
Neste tópico, você aprendeu que:
• Por muitas décadas, as pesquisas pareceram privilegiar a inteligência 
intelectual.
• O campo de investigação da inteligência emocional é um tanto quanto novo.
• O campo “inteligência emocional” surgiu com o intuito de disseminar a 
importância dos fatores emocionais atrelados à inteligência. 
• Impera uma crença de que a inteligência emocional está diretamente ligada ao 
bem-estar de cada pessoa, bem como ao seu sucesso acadêmico e profissional. 
• Inteligência emocional explicita um grupo de capacidades que se relacionam 
entre si e propiciam que a pessoa note a presença de emoções, identifique uma 
emoção entre outras, e consiga motivar emoções oportunas. 
• A inteligência emocional abarca o entendimento dos sentimentos, emoções, 
pensamentos, a moderação deles a partir de ponderações racionais. 
• A inteligência emocional circunscreve a avaliação de sentimentos e emoções, 
bem como a manifestação deles. 
RESUMO DO TÓPICO 1
15
1 No decorrer da leitura desse tópico, você passou seus olhos por algumas 
expressões específicas do universo da inteligência emocional. A proposta 
dessa atividade é que você faça uma pesquisa nos motores de busca 
da internet, como Google, por exemplo, com expressões relacionadas à 
inteligência emocional que mais chamaram a sua atenção.
Esse tópico trouxe, em algum momento, a expressão "consciência 
social". Então, poderíamos inferir que existe um tipo de consciência que é 
individual ou uma consciência de si mesmo, isto é, uma consciência de caráter 
intrapessoal. Sendo assim, procure nos motores de busca, as palavras:
a) Consciência de si mesmo:
b) Autocontrole:
c) Empatia:
Atenção! Lembre-se de que seus colegas também farão a mesma atividade, 
então, se todos escreverem os primeiros significados que aparecerem, haverá 
pouco material para trocarem ideias no encontro presencial ou nos ambientes 
de aprendizagem mediados pelas tecnologias de informação e comunicação. 
Portanto, aplique-se com esmero! 
2 Em um artigo acerca de propostas de redução da maioridade penal, os 
autores observam que:"[...] seguindo a lógica penal, os legisladores procuram 
um indivíduo consciente, autônomo, pleno de suas capacidades mentais e 
responsável por seus atos" (VAVASSORI; TONELI, 2015, p. 1189, grifo do 
autor). Desse modo, cite as cinco principais capacidades mentais.
3 Você concorda com Agüera (2008), no sentido que o Renascimento, o 
Neoclassicismo, o Cubismo, Bauhaus, a arte abstrata, o minimalismo e o 
estilo gótico exemplificam a valorização da razão? Escolha um desses itens 
para justificar sua resposta, citando pelo menos três características. 
4 Você concorda com Agüera (2008), no sentido que o românico, a arte 
flamenca, o Barroco, o Romantismo, o Modernismo, o Impressionismo e o 
Surrealismo exemplificam a valorização da emoção? Escolha um desse itens 
para justificar sua resposta, citando, pelo menos três características.
AUTOATIVIDADE
16
17
TÓPICO 2
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: COMPETÊNCIAS PESSOAIS, 
COMPETÊNCIAS SOCIAIS E MENSURAÇÃO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A inteligência emocional poder ser medida, potencializada e desenvolvida? 
A partir dos conhecimentos adquiridos no primeiro tópico sobre as especificidades 
da inteligência emocional, você aprofundará neste segundo tópico noções como 
competência emocional e suas subdivisões: competências pessoais e sociais. No 
decorrer do tópico você obterá orientações para desenvolver a sua competência 
emocional. 
Você aprenderá que as competências sociais estão relacionadas à empatia 
e às habilidades que desenvolvemos no contexto social que estamos inseridos. 
Você consegue administrar bem seus relacionamentos interpessoais? Neste 
tópico também serão apresentados dicas e conselhos – por isso fique atento aos 
UNIS – que buscam fortalecer as relações interpessoais e levar a um aprendizado 
sobre si mesmo.
Por fim, entrará em contato com algumas pesquisas acerca da mensuração 
da inteligência emocional, ou seja, instrumentos de avaliação que se propõem a 
medir, aferir a inteligência emocional de uma pessoa. Boa leitura!
2 COMPETÊNCIA EMOCIONAL
Para retomar o conceito de inteligência emocional, apresentado no tópico 
anterior, traremos as palavras de Miguel, Zuanazzi e Villemor-Amaral (2017, p. 
1853): “Inteligência emocional diz respeito à capacidade de perceber e compreender 
adequadamente as emoções e gerenciá-las de maneira adaptativa e construtiva”. 
Você já deve ter notado que as palavras “perceber”, “compreender”, “gerenciar”, 
“adaptar”, associadas à palavra “emoções”, frequentemente fazem parte dos 
conceitos de inteligência emocional. A palavra “construtiva” não havia aparecido 
nos conceitos que foram apresentados nas páginas anteriores. “Construtiva” foi 
um vocábulo acertadamente utilizado por Miguel, Zuanazzi e Villemor-Amaral 
(2017), pois seus significados envolvem algo positivo, edificante, instrutivo, no 
sentido de levantar, crescer, valorizar. 
UNIDADE 1 | INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: CONCEITOS E DESENVOLVIMENTO
18
Antes de focalizar o conceito de competência emocional em si, segue 
mais um conceito de inteligência emocional, dessa vez elaborado por Dantas e 
Noronha (2006, p. 59): “[...] capacidade de perceber, entender e usar precisamente 
as emoções em si e em relação aos outros, bem como gerenciá-las para facilitar 
os processos cognitivos e promover o crescimento pessoal e intelectual”. Nessa 
conceituação, fica evidente que é possível gerir as emoções em prol dos processos 
intelectuais, visando a um progresso ou elevação inclusive na dimensão pessoal. 
Talvez você esteja se fazendo uma dessas perguntas: 
• Mas um dos motivos que estimulou as primeiras pesquisas sobre inteligência 
emocional não foi justamente romper com a hegemonia da intelectualidade 
que repousava sobre o termo inteligência?
• E, agora, vemos uma pesquisa de 2006 afirmando que a inteligência emocional 
pode contribuir para o desenvolvimento intelectual de uma pessoa?
Não parece contraditório? 
O que ocorre é que até a década de 90, os pesquisadores pareciam 
considerar “mais inteligentes” aquelas pessoas que apresentavam os melhores 
resultados nos testes de QI – que se destacavam no desempenho acadêmico, que 
“sabiam” sobre mais conteúdos geralmente vistos na escola. Não importava se 
essas pessoas soubessem gerir as próprias emoções ou não. 
O que a pesquisa de Dantas e Noronha (2006) sugere é que a inteligência 
global das pessoas pode resultar da junção de dimensões cognitivas/intelectuais 
e emocionais, e que essa somatória pode contribuir para o desenvolvimento 
intelectual da pessoa (dentre outros desenvolvimentos). 
Caso isso ainda não ficou compreensível para você, aproveite a 
oportunidade para desenvolver sua paciência. Fique tranquilo, nos próximos 
parágrafos isso poderá ficar mais claro. Enquanto você procura assimilar essas 
novas informações, compreendê-las, já consegue presumir o que é a competência 
emocional?
Antes de entregar esse novo conceito para você, segue um trecho da 
pesquisa feita por Ferreira et al. (2018, p. 22) acerca da prevenção do abandono 
dos estudos por parte de estudantes da educação em nível superior: 
No que se refere aos resultados da relação entre o abandono 
escolar com as variáveis sociodemográficas e com as competências 
emocionais, verificou-se que a perceção emocional estabelece uma 
relação direta com a dimensão organizacional, sugerindo que quanto 
mais perceção emocional os estudantes têm menos percecionam 
a dimensão organizacional como fator de abandono escolar. A 
expressão emocional estabelece uma relação direta com a dimensão 
gestão de vida, sugerindo que quanto mais expressão emocional os 
estudantes têm menos percecionam a dimensão gestão de vida como 
fator de abandono escolar, enquanto o sexo estabelece uma relação 
TÓPICO 2 | INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: COMPETÊNCIAS PESSOAIS, 
19
inversa, indicando que, independentemente do sexo, os estudantes 
mais perceção têm da dimensão gestão de vida como potencial fator 
de abandono escolar. A expressão emocional também estabelece uma 
relação inversa com a dimensão relacional, sugerindo que quanto 
menos expressão emocional os estudantes têm maior é perceção 
da dimensão relacional como fator de abandono escolar, enquanto 
a capacidade de lidar com a emoção estabelece uma relação direta, 
indicando que quanto menos capacidade de lidar com a vida têm os 
estudantes mais perceção têm da dimensão relacional como latente 
fator de abandono escolar. O sexo estabelece uma relação inversa 
com a dimensão profissão/carreira e com o abandono escolar global, 
sugerindo que, independentemente do sexo, maior é perceção da 
dimensão profissão/carreira como fator de abandono escolar e do 
abandono escolar na sua globalidade.
NOTA
A palavra “perceção” existe! Ela é mais utilizada em Portugal, onde se 
encontravam boa parte dos pesquisadores durante a realização da pesquisa que acabou de 
ser mencionada. O significado da palavra é muito parecido com o da palavra “percepção”.
Com base nesse trecho da pesquisa, sobre o abandono dos estudos, você já 
se aventura a rascunhar um conceito de “competência emocional”?
Conforme Agüera (2008), a competência emocional consiste nas 
habilidades de:
• monitorar e refrear os impulsos emocionais;
• se desvencilhar de estados de ânimo desfavoráveis; 
• entender que para obter grandes gratificações geralmente é necessário abrir 
mão de pequenas gratificações, ou, no mínimo, deixá-las para depois. 
Essas habilidades parecem se articular harmoniosamente com as palavras 
de Primi, Bueno e Muniz (2006, p. 29):
A emoção, como facilitadora do ato de pensar, diz respeito à influência 
que as emoções têm nos processos cognitivos, e, ao mesmo tempo, à 
eficácia com que a pessoa compreende e utiliza a informação desse 
sistema de alerta que dirige a atenção e o pensamento para as 
informações (internas ou externas) mais importantes no processo de 
solução de problemas.
Para que isso fique mais perceptível para você, convidamos você a refletir 
sobre suas atitudes, agora que está ocupando o papel de universitário.Você sente 
vontade de estudar o tempo todo? Você se sente empolgado todos os dias para 
ler ou fazer as atividades de estudo? Você sempre se sente com energia suficiente 
para continuar concentrado por horas em seus estudos? Ou, às vezes, você sente 
vontade de trocar as leituras, atividades acadêmicas por atividades de lazer?
UNIDADE 1 | INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: CONCEITOS E DESENVOLVIMENTO
20
Sejamos francos! Cursar uma graduação requer muitos esforços. Uma 
pessoa que sempre e prontamente cede aos impulsos emocionais de largar os 
livros para dormir ou para passear, ou para ficar navegando nas redes sociais, 
têm menor chance de concluir os estudos universitários, simplesmente porque 
ela provavelmente desistirá deles ou acabará reprovando em várias disciplinas. 
Então, ser universitário exige uma coibição de impulsos emocionais dia após dia. 
Enquanto cursamos a faculdade, nossa vida continua paralelamente, e 
assim como com todas as pessoas, surgem problemas vez ou outra. Aparecem 
situações adversas, queiramos ou não. Se nos deixarmos abater por elas, e 
passarmos longos períodos entristecidos, irritados, irados, desanimados, também 
corremos grande risco de sairmos da instituição de ensino superior antes de 
concluirmos o curso. Já que estamos aprendendo sobre inteligência emocional, 
lembre-se de que você precisará conseguir sair, libertar-se de estados emocionais 
negativos para conseguir se concentrar nos estudos. Não significa fingir que nada 
está acontecendo. Significa ser resiliente e dar continuidade aos seus projetos de 
vida, ainda que em meio aos problemas. 
E as gratificações? Só quem conclui um curso superior pode dizer quantas 
festas, viagens, jantares, almoços, precisou deixar de frequentar para ficar estudando 
– ou para economizar dinheiro para pagar as mensalidades da faculdade. Quantas 
horas de sono foram perdidas? E o distanciamento de seus hobbys? De um jeito 
ou de outro, é necessário abrir concessões para seguir a vida acadêmica. Quem 
não consegue trocar os prazeres imediatos vindos dessas ou outras situações, pela 
gratificação da obtenção de conhecimento, da conquista de um novo diploma, 
também pode ter maiores dificuldades de prosseguir nos estudos. 
Ficou claro, agora, por que Dantas e Noronha (2006) afirmam que a 
inteligência emocional pode ser proveitosa para o crescimento pessoal ou 
intelectual de uma pessoa? 
Quem sabe, nessas alturas das suas leituras e reflexões, você esteja se 
perguntando se é possível desenvolver a própria inteligência emocional, ou se 
é algo que já está determinado geneticamente. A pesquisa realizada por Bueno 
e Primi (2003) lhe permitiu constatar que sujeitos na fase adulta deram maiores 
demonstrações de inteligência emocional do que os adolescentes. Isso parece 
sinalizar que com o transcorrer dos anos de vida e das experiências que cada um 
vai vivenciando, a inteligência emocional vai sendo enriquecida. 
Agüera (2008) alega que por meio da reflexão íntima e interior, 
costumeiramente chamada de introspecção e da prática, ou seja, do aprendizado, 
treino, exercício, a inteligência emocional pode ser aperfeiçoada, otimizada.
 
Diante dessa afirmação, não seria espantoso se uma pergunta que passasse 
a pulsar em meio aos seus pensamentos, nesse momento fosse: “Como eu posso 
desenvolver minha a inteligência emocional?”, ou: “O que eu tenho que fazer 
para melhorar competência emocional?”.
TÓPICO 2 | INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: COMPETÊNCIAS PESSOAIS, 
21
Que tal algumas respostas? O primeiro passo é ler e ponderar sobre o 
quadro que segue:
QUADRO 5 – PARA DESENVOLVER A COMPETÊNCIA EMOCIONAL
Como aumentar a sua competência emocional?
Produza, suscite motivação para si mesmo.
Se você se deparar com fracassos, não aceite ficar triste, acabrunhado por muito tempo. Levante-
se. Persevere. Siga adiante.
Comande seus impulsos em vez de permitir que eles comandem você.
Policie e contenha seus estados de ânimo.
Se esforce para ter compreensão com os outros. Faça o exercício de tentar olhar para as circunstâncias 
a partir do ponto de vista deles.
Viva de modo que suas ações demonstrem segurança, credibilidade, confiabilidade.
Tente transformar positivamente o ambiente em que está.
Comporte-se de modo gentil, cortês e benevolente.
FONTE: Adaptado de Agüera (2008)
Você percebeu que habilidades como autocontrole, entusiasmo, 
automotivação, expressão e empatia entremeiam essas orientações? 
Antes de passar para o próximo subtópico, releia o quadro que acabou 
de ser exposto. Você observou que algumas das frases dizem mais respeito ao 
relacionamento consigo mesmo e outras se referem ao relacionamento com outrem? 
NOTA
Precisa de algumas dicas para desenvolver a sua abertura para outros pontos de 
vista? Agüera (2008) tem algumas delas para você:
Seja eclético e flexível. Permita-se considerar atentamente os argumentos das outras pessoas, 
até mesmo daquelas que pensam de maneira totalmente diferente da sua. Não é preciso 
mudar de opinião sempre, mas é benéfico recordar que grande parte das discordâncias 
possuem mais dois pontos de vista além do seu! Ou seja, o de seu interlocutor e de outras 
pessoas que olhem para a situação a partir de outro lugar (observam as coisas por um 
prisma diferente do seu e do seu interlocutor). Além do mais, quem garante que você é 
realmente o detentor da verdade? Assim como o seu interlocutor pode estar equivocado, 
você também pode. Cuidado para não cair na armadilha de julgar as circunstâncias de modo 
irrefletido, tomado exclusivamente por emoções. Procure não rejeitar com veemência os 
argumentos dos outros. Existem maneiras mais socialmente aceitas de ouvir contrapalavras 
e de se posicionar diante delas. Tomando esses cuidados, você aumenta as probabilidades 
de desenvolver a sua empatia!
UNIDADE 1 | INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: CONCEITOS E DESENVOLVIMENTO
22
Existem conselhos para melhorar a competência emocional nos dois 
sentidos, porque elas dividem-se em competências pessoais e sociais, como você 
poderá conferir a seguir.
2.1 COMPETÊNCIAS PESSOAIS
Na concepção de Agüera (2008), as competências pessoais definem a 
maneira pela qual uma pessoa se conecta com suas emoções e sentimentos 
individuais e sobre como ela estabelece relações com o que sente. As competências 
pessoais pressupõem a consciência de si, a autorregulação e a motivação, como 
você pode visualizar na sequência:
• Consciência de si: Engelmann (2002) esclarece que a consciência é a via pela qual 
cada um pode tanto sentir-se quanto saber-se algo. A consciência é imprescindível 
para a construção do conhecimento, para o saber, e é individual. Isso inclui o 
sentir e o saber sobre as próprias emoções, estados de ânimo e sentimentos.
NOTA
Quer desenvolver sua consciência de si? Que tal começar literalmente pela escrita 
de sua própria história? “O exercício de (re)memoração autobiográfica é desencadeador de 
um processo de produção de consciência de si. Escrever sua história de vida é, portanto, o 
dispositivo que, ao ser acionado, permite a construção de uma representação de si” (CUNHA, 
2016, p. 96, grifo do autor).
• Autorregulação: para Bendassolli et al. (2016, p. 2), a autorregulação é um “[...] 
processo psicológico individual que contribui bastante com o desempenho 
profissional, já que influencia a agência das ações”. A autorregulação inicia 
com o policiamento das próprias sensações e afetos, bem como com a análise de 
ambos. Tendo identificado as emoções, os sentimentos e os estados de ânimo, a 
pessoa tem condições de manejá-las em certa medida, controlando-as de modo 
a ajustar as próprias atitudes e ações positivamente. Trata-se do autocontrole 
emocional, que está associado ao autorreforço e autoeficácia orientados para 
metas, por exemplo. 
TÓPICO 2 | INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: COMPETÊNCIAS PESSOAIS, 
23
DICAS
Você sabia que a palavra autorregulação tem sido muito associada com a 
aprendizagem atualmente? Indicamos ler o artigo Atividades de Ensino que desenvolvem a 
Autorregulação daAprendizagem, publicado em 2018 por Basso e Abrahão. Disponível no 
link: http://www.scielo.br/pdf/edreal/v43n2/2175-6236-edreal-43-02-495.pdf.
• Motivação: você já deve ter ouvido alguém dizer que as empresas deveriam 
investir mais na motivação de seus funcionários, ou, que os professores 
deveriam instigar a motivação de seus alunos. Então, será que a motivação 
é algo que só vem de fora para dentro? Ou uma pessoa pode ser capaz de 
produzir motivação em si mesma? Há indícios de que é possível gerar uma 
motivação em si mesmo. É o que parece defender Clement et al. (2014, p. 46) ao 
propalarem a expressão: “[..] motivação autônoma (formas autodeterminadas 
de motivação extrínseca e motivação intrínseca)”. Vale lembrar que a palavra 
extrínseca se refere ao que é externo, de fora, enquanto intrínseca significa 
inerente, interno, de dentro. “A motivação intrínseca se caracteriza pelo interesse 
e satisfação pela atividade em si, ou seja, o envolvimento é livre e voluntário e 
não necessita de recompensas ou punições” (CLEMENT et al., 2014, p. 46). Dito 
em outras palavras, a motivação abrange inclinações, predisposições internas 
que favorecem que objetivos sejam atingidos. 
Portanto, ao analisarmos as correlações entre essas três características, 
que, para Agüera (2008), compõem o substrato das competências pessoais da 
inteligência emocional, podemos inferir que o autoconhecimento, a percepção e 
o entendimento das próprias emoções, ânimos e ponderações são qualidades que 
definem as pessoas que possuem a intrínseca inteligência emocional.
No entanto, é válido lembrar que não é possível dominar completamente 
as emoções, desde o surgimento até o seu desfecho. Até porque, quando somos 
repentinamente afetados por uma emoção, não conseguimos antever o que pode 
acontecer, reduzindo assim nosso poderio sobre ela. Algumas emoções nos 
acometem de modo totalmente inesperado (AGÜERA, 2008).
Por que às vezes nos sentimos surpreendidos por emoções e ficamos sem 
saber como reagir, ou agimos impensadamente em resposta a elas? 
O sistema límbico assume o controle antes que a parte do cérebro 
pensante (neocórtex) tenha tomado consciência de nossa emoção 
(sentimento) e tenha elaborado uma decisão. O sistema emocional 
“decide” uma atuação com base nas lembranças e impressões 
guardadas em nossas memórias emocionais, antes que chegue à 
consciência do neocórtex de que emoção se trata e que ação estamos 
tomando (AGÜERA, 2008, p. 97).
UNIDADE 1 | INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: CONCEITOS E DESENVOLVIMENTO
24
NOTA
O que é o sistema límbico? Está relacionado às estruturas cerebrais cujas bases 
neurais estão associadas às emoções (ESPERIDIÃO-ANTONIO et al., 2008).
FONTE: <https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/10/sistema-limbico-
450x340.jpg>. Acesso em: 15 jan. 2019.
Sistema Límbico
Cérebro
Cerebelo
Hipocampo
Medula espinhal
Amígdala
Corpo mamilar
Núcleo septal
Fórnix
Giro cingulado
IMPORTANT
E
O que é o neocórtex? São as regiões cerebrais responsáveis pela coordenação 
de distintas informações obtidas pelas vias sensitivas e sensoriais do corpo humano. Pode-
se dizer que é o núcleo do planejamento de ações, abrangendo também a organização e 
administração até das ações desencadeadas pelas emoções (RIBAS, 2007).
Por isso, algumas vezes somos precipitados, impulsivos, agimos 
imponderadamente, porque o comportamento se desdobra antes que dê tempo 
para a reflexão, a análise dos fatos, a ponderação. 
TÓPICO 2 | INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: COMPETÊNCIAS PESSOAIS, 
25
NOTA
Para exemplificar uma situação em que o comportamento antecede o 
pensamento, sugerimos a apreciação da música “Refrão de Bolero”, do grupo Engenheiros 
do Hawaii. Um dos trechos da música é esse:
Mas eu falei sem pensar 
Coração na mão 
Como um refrão de um bolero 
Eu fui sincero como não se pode ser
FONTE: <http://www.suasletras.com/letra/Engenheiros-do-Hawaii/Refrao-de-Bolero/111
36>. Acesso em: 14 jan. 2019.
Falar sem pensar, ser sincero além do que deveria revela uma situação em que a pessoa não 
refletiu antes de agir, e acabou "metendo os pés pelas mãos".
Segundo Primi, Bueno e Muniz (2006), o processo decisório, isto é, as 
tomadas de decisão podem ser beneficiadas, incrementadas quando a pessoa 
desenvolve sua capacidade de gerar sentimentos em si mesma. Assim, a pessoa 
pode avaliar as circunstâncias, treinando a si própria para gerar suas emoções, 
examiná-las sensatamente, senti-las de modo conveniente e manuseá-las 
positivamente antes de definir sua escolha. 
Ainda assim, Agüera (2008) defende que prontamente podemos controlar 
a durabilidade da emoção, ou seja, pelo menos é possível reger, sem demora, o 
espaço de tempo que a emoção ocupará. A capacidade de comedir a extensão da 
emoção é fundamental para que ela não se apodere inteiramente do nosso estado 
de ânimo ou para que ela não perdure mais tempo do que o inevitável. Assim, 
podemos reagir de forma mais apropriada perante os dilemas e percalços da vida. 
Existem pessoas que não conseguem se ajustar adequadamente as suas 
emoções, permitindo-se ser o tempo todo sugestionáveis pelo o que sentem. 
Entregam-se globalmente às emoções e, assim, correm riscos de paulatinamente 
serem desmantelados por elas, ou, minimamente danificados. Inclusive, seus 
relacionamentos ficam vulneráveis, prestes a ruir. Esses são mais alguns motivos 
para que tais pessoas procurem psicólogos e/ou médicos (AGÜERA, 2008).
Quando a motivação está muito baixa, as demais habilidades da inteligência 
emocional podem ser avariadas, abaladas, deixando de ser demonstradas de forma propícia 
(AGÜERA, 2008).
ATENCAO
UNIDADE 1 | INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: CONCEITOS E DESENVOLVIMENTO
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Antes de avançarmos para a temática das competências sociais, vamos 
recapitular que o conhecimento emocional inclui algumas capacidades, conforme 
Primi, Bueno e Muniz (2006): 
• identificar as emoções;
• indicar as diferenças e gradações entre elas;
• compreender sentimentos complexos;
• passar de um sentimento para outro. 
NOTA
Você quer mais orientações para desenvolver suas competências pessoais? 
Aceitar os próprios erros e procurar o lado positivo das coisas sãos dois conselhos 
deixados por Agüera (2008). Veja as demais sugestões deixadas pelo mesmo autor:
• Lembre-se que seus erros podem lhe propiciar aprendizado, depois de terem sido 
assimilados por você. 
• Todos os seres humanos são suscetíveis a errar, e ter a hombridade para admitir que um 
erro foi cometido por você pode, inclusive, elevar o nível de confiança nas pessoas que 
convivem ao seu redor.
• Faça o máximo possível para consertar as complicações que seus erros causaram. 
• Focar no lado positivo das coisas pode lhe ajudar a superar os momentos mais sofríveis.
• Procure ampliar seu campo de visão. Não focalize tanto nos problemas. Olhe para os 
lados, em outras direções. Talvez você descubra oportunidades em meio às adversidades.
• Ter uma atitude positiva pode melhorar o seu entorno e a sua vida como um todo!
2.2 COMPETÊNCIAS SOCIAIS
A maneira pela qual uma pessoa se comporta em âmbito social, isto 
é, quando seus comportamentos são diretamente direcionados a outrem, é 
influenciada por seus pensamentos acerca das interações sociais e pelo seu 
repertório de habilidades sociais. Os pensamentos dela acerca dos contatos sociais 
incluem suas impressões sobre os acontecimentos sociais em que está inserida 
(PEREIRA; DUTRA-THOME; KOLLER, 2016). 
Assim, pode-se afirmar que as competências sociais explicitam a maneira 
pela qual nos relacionamos com as outras pessoas, e são compostas pela empatia 
e pelas habilidades sociais (AGÜERA, 2008): 
• Empatia: é a capacidade de reparar quais são/perceber como são as emoções, 
os sentimentos, as necessidades, as apreensões das outras pessoas. Para 
desenvolver a empatia é essencial saber ouvir e ter capacidade para observar 
outrem atentamente. Então, é possível captar e concatenar os indícios verbais e 
não verbais do estado de ânimo alheio. A empatia é imprescindívelpara formar 
relacionamentos sociais adequados tanto na esfera pessoal (íntima, familiar) 
TÓPICO 2 | INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: COMPETÊNCIAS PESSOAIS, 
27
quanto na esfera profissional, acadêmica (SOMBRA NETO et al., 2017). “É a 
sensibilidade para detectar os sinais externos que mostram o que os outros 
querem ou precisam” (AGÜERA, 2008, p. 97). 
NOTA
Se você constata que necessita desenvolver-se em termos de empatia, que tal 
iniciar por prestar atenção na vida e no cotidiano de seus familiares ou de pessoas que 
são importantes por você? Observe-os. Ouça-os. Mantenha-se concentrado no que dizem 
quando falam com você.
Entretanto, a empatia não é suficiente para estabelecer relacionamentos 
interpessoais saudáveis. Agüera (2008) chama a atenção para o fato de que há 
pouca serventia em ter habilidade refinada de compreender as emoções de 
outrem, se não souber manobrá-las ou usá-las. Por isso, o segundo fator que 
compõe as competências sociais são as habilidades sociais:
• Habilidades sociais: capacidades melindrosas formadas por vários elementos 
e aspectos que permitem ao sujeito a emissão de comportamentos interpessoais 
relativos à expressão adequada de sentimentos (SIMÕES; CASTRO, 2018). 
De acordo com Agüera (2008, p. 97), as habilidades sociais representam “[...] 
as capacidades para induzir respostas desejáveis nos outros”. Habilidades 
sociais revelam a capacidade de relacionar-se bem com as emoções alheias, 
coerentemente. Englobam ainda a maestria em solucionar conflitos entre pessoas, 
ter inclinação para confiar nos outros e transmitir confiança a eles. Para Carneiro 
et al. (2007), as habilidades sociais abrangem distintos comportamentos sociais 
realizados para lidar apropriadamente com as situações interpessoais. Assim, 
as habilidades sociais parecem estar relacionadas à autoconfiança, atitudes/
pensamentos positivos acerca das interações sociais, disposição para apresentar-
se a outrem, facilidade para iniciar conversas e sustentá-las, competências 
para o diálogo, demonstração de sentimentos, estratégias de enfrentamento, 
assertividade e moderação de comportamentos coléricos ou aborrecidos. 
DICAS
Você sabia que pessoas com um repertório enriquecido de habilidades sociais 
tendem a ser mais saudáveis e a desfrutar de melhor qualidade de vida quando idosas? Para 
saber mais sobre o assunto, indicamos a leitura do artigo intitulado Qualidade de vida, apoio 
social e depressão em idosos: relação com habilidades sociais, publicado em 2007 por Carneiro 
et al. Você pode acessá-lo por meio do link: http://www.scielo.br/pdf/prc/v20n2/a08v20n2.pdf.
UNIDADE 1 | INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: CONCEITOS E DESENVOLVIMENTO
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Além de maiores indicadores de saúde e de melhor qualidade de vida, 
pessoas com vasto repertório de habilidades sociais costumam estabelecer relações 
de amizade de melhor qualidade (PEREIRA; DUTRA-THOME; KOLLER, 2016). As 
habilidades sociais não interferem apenas em relacionamentos entre amigos, mas 
também a outros estilos de relacionamentos: “[...] um repertório bem desenvolvido 
em habilidades sociais pode melhorar as relações interpessoais, tendo como 
consequência melhor bem-estar psicológico” (QUELUZ et al., 2018, p. 537). 
As habilidades sociais consideradas como recursos convenientes utilizados 
pelo estudante afetam positivamente no seu próprio desempenho escolar, como 
apontam Fernandes et al. (2018). 
Pessoas que dispõem de diversificadas habilidades sociais ainda são mais 
propensas a solicitar ajuda quando precisam, portanto possuem maiores chances 
de resolver problemas (PEREIRA; DUTRA-THOME; KOLLER, 2016), “[...] além 
de saber estabelecer boas equipes de colaboradores para enfrentar questões 
coletivas” (AGÜERA, 2008, p. 98). Assim, pode-se afirmar que as habilidades 
sociais possibilitam vantagens no que tange o suporte social. 
Queluz et al. (2018) trazem uma informação que pode parecer 
contraditória. Alegam que quanto mais desenvolvida for uma pessoa em termos 
de habilidades sociais, ela tende a usufruir de maior suporte emocional, bem 
como de maior autoestima e de melhor qualidade da relação. Em contrapartida, 
pode experimentar sobrecarga, níveis mais elevados de estresse além da presença 
de conflitos. Você pode levantar hipóteses das causas de mais estresse, conflito e 
sobrecarga em pessoas mais hábeis socialmente?
Em geral, pessoas ricas em habilidades sociais possuem empatia, portanto 
se importam com os outros e possuem maior propensão a serem sensíveis às 
emoções deles. Isso faz com que elas fiquem preocupadas com o bem-estar alheio, 
contribuindo para a elevação do estresse e para a sobrecarga. Talvez você conheça 
alguém que busque resolver os problemas de várias pessoas que o cercam. Isso 
pode gerar alto investimento de tempo e de energia na tentativa de ajudar os 
outros. Agora, vamos pensar na pessoa que não possui um repertório muito rico 
de habilidades sociais. Possivelmente, é uma pessoa que não se implica tanto com 
os problemas alheios, nem se aplica sobremaneira em tentar resolvê-los – por isso, 
menos estressada e menos sobrecarregada. 
E quanto à presença de conflitos? Dispor de variadas habilidades sociais 
não isenta a pessoa de lidar com conflitos. Ela pode ter empatia e facilidades 
de resolver impasses que emerjam em seu relacionamento com outras pessoas, 
mas nem sempre as outras pessoas estão dispostas a solucioná-los. Então, 
hipoteticamente, uma pessoa com escasso repertório de habilidades sociais 
pode simplesmente afastar-se das pessoas com quem estabelece conflitos. Fugir 
dos conflitos não é necessariamente positivo, ou se ela não fugir, tende a não se 
preocupar muito com o fato de que sua opinião diverge da opinião de alguém. 
Pessoas com mais habilidades sociais dificilmente se satisfarão em simplesmente 
TÓPICO 2 | INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: COMPETÊNCIAS PESSOAIS, 
29
afastar-se de quem discorda delas. Há uma tendência ao diálogo e à construção 
coletiva de novas possibilidades de solução. E enquanto o conflito continuar, 
tendem a ficar pensando em maneiras de resolver a situação. Elas se importam. 
É válido destacar que mesmo entre duas pessoas que desenvolveram suas 
habilidades sociais, é inevitável o surgimento de conflitos. Conflitos não podem 
ser considerados como algo necessariamente negativo! Barrios (2016) nos lembra 
de que os conflitos interpessoais são constitutivos da personalidade, sendo 
assim, relevantes nos processos de socialização, desenvolvimento e educação 
moral desde a infância. Por isso, a escola representa um lócus privilegiado para 
o desencadeamento de tais experiências que contribuem para o desenvolvimento 
psicológico e social, como indicam as palavras de Barrios (2016, p. 263, tradução 
nossa): “[...] a perspectiva sociocultural construtivista, que enfatiza a importância 
dos conflitos interpessoais no processo de socialização, desenvolvimento e 
educação moral da criança, além de ver a escola como um contexto central para 
esses processos”. 
Ser paciente, tolerante, flexível, benevolente e tratar as pessoas com respeito 
são ótimas formas de safar-se de conflitos que por vezes são evitáveis e infrutíferos.
ATENCAO
Algo que precisa ficar compreensível, antes que você dê continuidade 
a sua leitura, é que a falta de inteligência emocional pode acarretar diversos 
dispêndios ou malefícios a si mesmo e/ou aos demais. Começando pelo fato de 
que pessoas que necessitam desenvolver sua inteligência emocional com urgência 
estão fadadas a dilacerar suas relações pessoais em qualquer uma das esferas 
(profissional, familiar, social), podendo, ainda, gerar impactos preocupantes na 
saúde física, enquanto protelam em fazer algo para desenvolver sua inteligência 
emocional (AGÜERA, 2008). 
IMPORTANT
E
Agüera (2008) esclarece que a inteligência intrapessoal pode auxiliar tanto na 
escolha por um parceiro (em qualquer esfera), ou na escolha do ambiente de trabalho, 
quanto no processo de adaptação a eles. 
UNIDADE 1 | INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: CONCEITOS E DESENVOLVIMENTO