Prévia do material em texto
CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS CURSO DE DIREITO IGOR ROBERTO DE OLIVEIRA CONCEIÇÃO OS CRIMES CIBERNÉTICOS E OS LIMITES DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO NA INTERNET SÃO PAULO 2022 2 IGOR ROBERTO DE OLIVEIRA CONCEIÇÃO Artigo científico apresentado ao curso de Direito do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas- FMU, como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Direito, sob a orientação do Professor Fábio Gallinaro. Data da Apresentação: Banca Examinadora: Professor Orientador: Fábio Gallinaro. Professor²: Professor ³: SÃO PAULO 2022 3 OS CRIMES CIBERNÉTICOS E OS LIMITES DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO NA INTERNET Igor Roberto De Oliveira Conceição Iroc_6@hotmail.com Resumo: Visando a responsabilidade civil nos termos da Lei 12.965/2014, que institui normas na funcionalidade da internet. Analisando a finalidade da responsabilidade, a base legal do direito de personalização, a revolução da internet e do direito digital, o efeito sob as redes sócias. falando da responsabilidade dos provedores, que só são responsabilizados se não cumprirem uma notificação extrajudicial. o Marco Civil deu início ao direito digital, sendo aplicado de maneira correta e equilibrada. Palavras-chave: Crimes cibernéticos; Marco Civil da Internet; ambiente virtual; direito digital. Abstract: CYBER CRIMES AND THE LIMITS OF FREEDOM OF EXPRESSION ON THE INTERNET Aiming at civil liability under the terms of Law 12.965/2014, which establishes rules on internet functionality. Analyzing the purpose of liability, the legal basis of personalization, the revolution of the internet and digital law, the effect on social networks. talking about the responsibility of providers, who are only liable if they do not comply with an extrajudicial notification. Marco Civil initiated the digital law, being applied in a correct and balanced way. Keywords: Cyber crimes; Civil Framework for the Internet; virtual environment; digital law. mailto:Iroc_6@hotmail.com 4 Sumário: INTRODUÇÃO CAPÍTULO I – A LIBERDADE DE EXPRESSÃO; 1.1. Direitos fundamentais envolvidos.;1.2. Direito à honra.;1.3. Direito à privacidade.;CAPÍTULO II - AMBIENTE VIRTUAL;2.1. A utilização do ambiente virtual;2.2. Provedores de internet.;2.2.1 Provedor Backbone;2.2.2 Provedor de Acesso ou Conexão;2.2.3 Provedor de Hospedagem;2.2.4 Provedor de Conteúdo;2.3. Diferenciação de provedores feita pelo Marco Civil da internet.;CAPÍTULO III - O CONFLITO DE DIREITO;3.1 O conflito na internet entre liberdade de expressão;3.2 Discurso de ódio no ambiente virtual.;3.3 Indenização por dano moral e material.;CONCLUSÃO;BIBLIOGRAFIA INTRODUÇÃO O principal estímulo para desenvolver o projeto de pesquisa, é a importância do tema para a atual sociedade política, econômica e social onde encontra-se Fake News e crimes contra a honra na internet vêm se tornando gradativamente mais comum e ganham mais repercussão. Em vista disso, o panejamento é criar uma análise em relação aos fundamentos que rodeiam esses crimes na esfera Virtual do nosso País e quais órgãos competentes para fazer isso. A modernização ocasionou para a população a comodidade da comunicação e inclusão social, de forma parcial, mas hoje em dia em diferentes partes do mundo podemos comunicar-se por meio da World Wide Web (WWW), da Internet através de dispositivos eletrônicos. Portanto, o Direito como principal órgão de fiscalização não estará acessível, por que a evolução do progresso mundial é implacável, e o desenvolvimento da sociedade é sempre auxiliada por leis e o Direito. O Direito está por trás dos fatos sociais, melhor dizendo, os fatos sociais ocorrem e o Direito os regulariza. Os cibercrimes tiveram início na década de 1970, e enquanto o perfil dos criminosos mudou, a quantidade de usuários de computadores domésticos também teve um crescimento significativo, com isso o aumento da criminalidade, o anonimato manteve a impunidade. A impressão de que a privacidade como princípio para os usuários, a liberdade de comunicação e expressão em favor de investigadores que buscam localizar e capturar vídeos, imagens e atos sexuais proibidos por lei, é rastreado na Internet e não há leis específicas contra esses crimes. A pandemia de COVID-19 lembrou o mundo sobre a importância da Internet 5 como uma porta para a educação, o alcance à informação, saúde, cultura e a outros aspetos da vida diária. Fora os desafios para defender a saúde pública e buscando conter os índices de mortes e infeção, os governos também demandam adotar recursos para conter a divulgação das Fake News para assim manter a ordem pública. Tendo em vista que algumas notícias falsas pareçam absurdas, discernir a veracidade da ficção pode ser bem difícil. Sobretudo, por se tratar de uma doença até então pouco conhecida, e que, mesmo, não há consenso entre os próprios especialistas sobre a melhor abordagem contra ela. Temos notícias difíceis de entender e informações reais vinculados a histórias que são destruídas para serem verdadeiras. Vários desses crimes têm comportamento fraudulento. Em meados de março de 2019, o STF instaurou um inquérito (INQ) 4781 através da Portaria GP 69/2019, assinalada pelo presidente do STF, Ministro Dias Toffoli e denunciada pelo Ministro Alexandre de Moraes, para verificar a veridicidade de informações fraudulentas (fake news), relatórios falsos e ameaças ao tribunal, seus ministros, pessoas próximas e familiares. A gravidade do problema da reportagem, o aumento da desinformação e a disseminação de notícias falsas na mídia e nas redes sociais levaram a um distanciamento social preocupante. A sociedade e os Magistrados devem cultivar o espírito crítico com todo e qualquer dado encontrado, investigando o contexto e sondando se a informação indica a verossimilidade da escrita, quem foi o autor e se foi vinculado na mídia tradicional. Os desenvolvimentos tecnológicos estão ocorrendo em uma velocidade absurdamente alta do que a aptidão do judiciário de se adaptar para remediar abusos. Como a falta de informação é multissetorial, colateral sendo assim afetando todos da sociedade, lidar com isso é dever de todos. Todos os segmentos, principalmente a mídia, devem criar táticas que aliados a normas jurídicas administrativas, sirvam para acabar com esse mal. Tendo exposto uma situação tão caótica resta simplesmente ser mais bem analisado e refletido dia a dia com o intuito de encontrar soluções que corrijam esses crimes e assim cada vez mais puníveis em sua legislação especial, a lei de crimes cibernéticos, popularmente conhecida como lei da Carolina Dieckmann. A liberdade de expressão é o direito de todos de expressar seus pensamentos, opiniões, atividades intelectuais, artísticas, científicas e de comunicação, sem censura, conforme garantido pelo Artigo 5. da Constituição Federal. É um direito de personalidade, inalienável, irrevogavelmente e intransferível, 6 fundamental para a afirmação do princípio da dignidade. É uma forma de proteger a sociedade da opressão, um fundamento essencial das sociedades democráticas que têm como pilares a igualdade e a liberdade. Nas palavras de Silva (2011, p.217): A liberdade de manifestação do pensamento tem seus ônus, tal como o de o manifestante identificar-se, assumir claramente a autoria do produto do pensamento manifestado, para, em sendo o caso, responder por eventuais danos a terceiros. Daí por que a Constituição veda o anonimato. A Constituição da República do Brasil de 1988 como um todo estabelece limitações que se baseiam em outros direitos constitucionais importantes protegidos sendo eles objeto de proteção do direito penal, atravésdos crimes de difamação e calúnia; crimes contra a honra conhecidos. Trata-se mais da proteção dos direitos fundamentais relevantes do que da liberdade de expressão devendo ser respeitada. É uma medida considerável da própria lei, nenhuma regra ou princípio é absoluto. Segundo Silva, os direitos fundamentais são: Situações jurídicas, objetivas e subjetivas, definidas no direito positivo, em prol da dignidade, igualdade e liberdade da pessoa humana.”. Tais direitos são imprescindíveis para uma convivência digna, livre e igualitária, “sem os quais a pessoa humana não se realiza, não convive e, às vezes, nem mesmo sobrevive". O ambiente virtual hoje ocupa uma posição na sociedade para ser um espaço para as pessoas se distraírem, principalmente através das redes sociais, sendo um mecanismo que vai desde tarefas escolares a transações financeiras. No entanto, agressões, abusos e violências têm sido praticados nesse ambiente, resultando em consequências psicossociais significativas as vítimas mesmo sem contato físico. As referências ao direito de resposta e à vedação ao anonimato se vêm apresentar como limitações que, longe de constituírem censura, marcam a fronteira entre o que entender como liberdade, exercida com responsabilidade e licenciosidade (RIBEIRO, 1987, p. 5; SOARES, 1977, p. 284). Conforme Rossini (2004) “o crime virtual é entendido como gênero, onde o delito telemático é a espécie, pelo fato da peculiaridade de ocorrer dentro das relações virtuais realizadas entre os computadores utilizados para a prática delativa”. No entanto, é indispensável estar ciente do que você está expressando ou dizendo, especialmente quando é publicado especialmente se a expressão for 7 criminosa. “o Direito Penal brasileiro ainda não se adaptou totalmente para punir os crimes cibernéticos” (PINHEIRO,2009, p. 8). Fica claro pela leitura do texto que as questões de regularização do mundo virtual são discutíveis, cabendo ao principal sistema judiciário o acompanhamento de sua evolução. Este trabalho tem como objetivo estudar os limites da liberdade de expressão no ambiente virtual. Sejam eles, delimitam a liberdade de expressão do ambiente virtual; analisar os crimes cibernéticos dentro da realidade do Brasil e localizar a jurisprudência relativa aos crimes cibernéticos. Enquanto o crescente acesso à Internet gera preocupação em termos de liberdade de expressão no ambiente virtual, no Brasil não há um ordenamento jurídico que englobe todas as condutas puníveis, ou seja, os usuários brasileiros não estão perto de serem totalmente protegidos. Diante disso que se ilustra, há um equívoco acerca dos limites do direito fundamental à expressão no ambiente virtual. Qual seria o limite do direito de expressão de um indivíduo no ambiente virtual? A liberdade de expressão não pode ser extremamente distorcida sem afetar a dignidade da pessoa humana, sendo atualmente um meio de contornar e aumentar a citação do ódio. Qual seria a proposta efetiva de justiça para o vício? Um aspecto muito importante sobre a dignidade do ser humano é que sem este princípio, várias garantias constitucionais, sua importância para a manutenção e pleno funcionamento do regime verdadeiramente democrático é extremamente alta de modo que o estudo abre a questão de como a maneira e os irresponsáveis brasileiros usaram a liberdade no ambiente virtual, com repercute negativamente não apenas na esfera constitucional, mas coletivamente. Todo este mal-entendido em torno da liberdade de expressão no virtual é traduzido em diversas situações pela utilização deste direito. Assim, a lei usada totalmente em que é honrada, afeta a democracia e outras partes da sociedade. A liberdade de expressão constituindo garantia de funcionamento nos campos, Badeni (2002, p. 15) destaca que: É evidente que o reconhecimento legal da liberdade de expressão do pensamento configura uma das conquistas mais importantes que o homem 8 obteve em sua permanente luta pela dignidade. Com maior razão em um sistema democrático constitucional, que pressupõe a coexistência de uma pluralidade de opiniões na sociedade, de diversos conceitos, juízos e ideias. Porém, o problema só seria resolvido por uma consciência coletiva em que se entendesse que nenhum se sobrepõe ao outro, afastando os crimes contra a honra. Nesse sentido é o entendimento da Procuradoria-Geral da República (BRASIL, 2009). Somente incluindo a sociedade no debate político-constitucional, por meio do desenvolvimento dos direitos de cidadania, é que se pode garantir que a Constituição não sucumba aos fatores reais de poder. A legitimidade anda junto com o sentimento de que o destinatário é também coautor da decisão. A cidadania só será efetiva diante de uma sociedade bem informada. Para garantir essa efetiva participação no processo decisório do teatro político, deve-se equilibrar a relação existente entre direitos clássicos, políticos, sociais, econômicos e culturais. Tendo como limite que a liberdade de expressão deve apenas partir do princípio da dignidade humana, eliminando o excesso e sempre resguardando o direito da pessoa. É de extrema importância que os fatos acima expostos sejam revelados pelo sistema de justiça como forma de continuar atualizando no combate aos novos tipos de crimes no ambiente virtual, além de eficaz na punição dos já cometidos. Ter como medida preventiva para que não ocorra o número crescente de casos que violam a dignidade da pessoa humana e seus muitos outros direitos fundamentais. Esse estudo teve início com a pesquisa teórica sobre o assunto, iniciando com a pesquisa bibliográfica e uma análise preliminar sobre o assunto da pesquisa. Usando o método dedutivo e pesquisa Dado o assunto a ser tratado, os trabalhos serão baseados em casos concretos decorrentes do cibercrime na atualidade, levando em consideração as doutrinas, de autores jurídicos na busca de sanar o problema. CAPÍTULO I – A LIBERDADE DE EXPRESSÃO 1.1. Direitos fundamentais envolvidos. A liberdade de expressão é um direito fundamental atribuindo ao indivíduo, não pertencente ao Estado. Como este é um princípio crucial do estado democrático, é apoiado pelo artigo 5º, IV e 220 da Constituição Federal, com a incumbência de proteger a segurança do indivíduo e a liberdade de expressão que a promulgou. 9 Com foco na proteção das atividades intelectuais, científicas, artísticas e de comunicação de qualquer indivíduo, a censura é impedida com o objetivo de conservar a sociedade da opressão e garantir a dignidade da pessoa humana. Sendo de significativo valor para a garantia da liberdade de pensamento a ser cumprida, da qual a Constituição proíbe o anonimato, permitindo que, se durante o seu exercício haja dano material, moral ou de imagem, pode-se garantir a resposta certa, proporcional ao agravo, portanto a indenização cabível, e devem ser observados o art.5, IV, V, X, XIII XIV: IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; V - É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;(Constituição Federal, art.5, IV, V, X, XIII e XIV) Desta forma, direitos como privacidade, honra e imagem das pessoas devem ser protegidos em concordância com liberdade de expressão, sendo estudado caso a caso. Em especial, identifica-se que a liberdade de expressão não pode ser instrumento para a prática de atos ilícitos,com base nos artigos 186 e 187 do Código Civil. Nesse sentido, explica Carvalho (1999, p. 49): Tanto a liberdade de expressão quanto a de informação encontram limites constitucionais. A diferença básica é que, enquanto na primeira há maior licença para a criação e a opinião, a segunda deve prestar obediência à verdade objetiva. Mas nenhuma delas é totalmente imune de controle, do mesmo modo que nenhum direito é absoluto. Vivemos em um Estado de Direito em que o exercício dos vários direitos devem ser harmônicos entre si e em relação ao ordenamento jurídico. Desse modo, a liberdade de expressão também se limita pela proteção assegurada constitucionalmente aos direitos da personalidade, como honra, imagem, intimidade etc. Salienta Paulo Bonavides (2010, P.563-564): Os direitos de primeira geração ou os direitos de liberdade têm por titular o indivíduo, são oponíveis ao Estado, traduzem-se como faculdades ou atributos da pessoa que ostentam uma subjetividade que é seu traço mais característico; enfim, são direitos de resistência ou de oposição perante o Estado. Como o Brasil é um país que esteve durante a ditadura militar, preza pela proteção da lei, restabelecendo o princípio essencial na Constituição 1988, essencial para o funcionamento da democracia. 10 O indivíduo está, nessa conformação, livre de suas escolhas. É a afirmação da liberdade de expressão. No entanto, é importante notar que, como todos os outros direitos fundamentais, somente a liberdade de expressão pode ser considerada um direito absoluto. Em algumas situações, irá convergir ou entrará em conflito com outros direitos Fundamentais, que deve ser obstaculizado por um julgamento a ser realizado no caso concreto através de suas especificidades sem, contudo, desviar-se das premissas e normas preestabelecidas para impossibilitar julgam a oportunidade em benefício daqueles que melhor defendem o que pode perturbar a segurança jurídica, um dos direitos. 1.2. Direito à honra. O direito à honra é protegido pelo artigo 5º, X da Constituição. A transgressão deste direito é devidamente expressa no Código Penal, por injúria, difamação e calúnia. A honra é tradicionalmente considerada a partir de dois ângulos complementares: e subjetivo. A honra objetiva refere-se à reputação, à concepção que o homem tem da sociedade. A honra subjetiva, por sua vez, diz respeito à autoestima, ao sentimento da própria dignidade. A honra protege a reputação, a consideração da pessoa profissional, comercial, familiar e outros meios, bem como a consciência da própria dignidade. Honra subjetiva e honra objetiva podem ser mais facilmente no ambiente virtual, por exemplo, em uma postagem de mídia social do Instagram, enfatizando o ataque à honra de alguém em particular. A propagação é instantânea, sendo vista por amigos, familiares, próximos, conhecidos e desconhecidos em todo o mundo, atingindo inúmeras pessoas em segundos. No ambiente virtual, existem várias formas de violar em geral se espalhar com grande frequência em tempos de pandemia, Fake News em quais de fatos apropriados distorcidos, errôneos e falso0073 usar o nome de outros sem permissão, gerando assim grande insegurança medo por parte do utilizador. 1.3. Direito à privacidade. 11 A Constituição Federal prevê, em seu artigo 5º, parágrafo que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a 17 indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação” O Código Civil, em seu artigo 21: “A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz a requerimento do interessado adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma”. Alega Vidal (2010, on line): Assim, podemos afirmar que a proteção da privacidade não é proveniente do interesse individual de cada um, mas de um interesse social em protegê-la. A forma como tratamos o direito à privacidade molda a sociedade. Devemos entender que o direito à privacidade, além de direito do indivíduo, é um elemento do corpo social. O direito à privacidade está diretamente ligado ao direito à personalidade. É um direito constitucional, devendo ser protegido, com a sua devida importância. Além disso, o Brasil trata do direito à privacidade no Marco Civil da Internet e a lei geral de proteção de dados. O Marco Civil da Internet regulamenta os direitos e deveres dos internautas ao navegar. Visando proteger a privacidade dos dados pessoais dos usuários - e isso fica evidente no artigo 3º, incisos II e III: Art. 3º A disciplina do uso da internet no Brasil tem os seguintes princípios: II - proteção da privacidade; III - proteção dos dados pessoais, na forma da lei; No Capítulo II, que trata dos direitos do usuário e garantias, a lei também é explícita no que diz respeito ao direito à privacidade. No artigo 7º, a lei prevê os direitos que garantem ao usuário ao acessar a Internet, considerado essencial ao exercício da cidadania. Um dos exemplos é a inviolabilidade da privacidade e intimidade é o fluxo de suas comunicações pela rede, suas comunicações privadas armazenadas. A lei afirma também explicitamente no artigo 8º “a garantia do direito à privacidade e à liberdade de expressão nas comunicações é condição para o pleno exercício do direito de acesso à internet”. A Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD (Lei nº 13.709/2018): “dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, com o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desenvolvimento da 12 personalidade da pessoa natural”. Um dos seus fundamentos (art. 2º) é o respeito à privacidade e a inviolabilidade da privacidade, honra e da imagem. O direito à privacidade é abordado em pontos da lei, que exalta o princípio constitucional, as boas práticas e a governança dos gestores e operadores de dados pessoais. Uma observação sobre o direito à privacidade é que também está previsto, na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948. Conforme seu artigo 12: “Ninguém será sujeito a interferências em sua vida privada, em sua família, em seu lar ou em sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques”. A lei sobre crimes cibernéticos (Lei 12.737/2012) ou lei Carolina Dieckmann, prevê a qualificação criminal dos crimes cibernéticos alterando o Código Penal para criminalizar o roubo de senha, violação de dados, monitoramento de computador e divulgação de informações privadas. CAPÍTULO II - AMBIENTE VIRTUAL Ao longo da história e as evoluções tecnológicas, veio também a Internet. Com sua rápida popularização, a rede começou a se adaptar ao cotidiano de grande parte da população. Dessa forma, circunstâncias não observadas anteriormente no mundo real começaram a ocorrer no ambiente virtual. Com os direitos fundamentais em análise, isso não era diferente: o exercício da liberdade de expressão, bem como seus direitos à privacidade e também passou a ocorrer na tela de Computadores Criado por J.P. Ecket e John Mauchly, idealizadores da computação americana, no ENIAC foi apresentado "o gigante do cérebro”, o primeiro computador do mundo, sua velocidade era mil vezes mais rápida que as máquinas eletromecânicas, o tamanho e complexidade era surpreendente. Ao passar dos anos, foi criada a Internet, dando início a um projeto de pesquisa militar. Eis como ensina Vasconcelos (2003, p.33): Inicialmente criada com objetivo militar, a internet, que hoje é a maior rede de comunicação do Planeta, teve como embrião a Arpanet, surgida em 1969 com 13 a finalidade de atender a demandas do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. A ideia era criar uma rede que não pudesse ser destruídapor bombardeios e fosse capaz de ligar pontos estratégicos, como centro de pesquisa e tecnologia. O que começou como um projeto de estratégia militar, financiado pelo Advanced Research Projects Agency (ARPA) acabou se transformando na internet. Com o passar dos anos a Internet não ficou estagnada, pelo contrário começou ano após ano tornando-se popular, depois de anos do seu princípio cessou o acesso restrito e começou a ser aberto à população. Assim, Queiroz e Araújo, referem que: Toda essa revolução na informática deu origem ao espaço cibernético(ciberespaço), ou seja, um espaço virtual onde são desenvolvidas relações interpessoais, onde não há centralização de informações e onde todos têm o poder de se comunicar. Este espaço goza de uma gama infinita de informações e dados, com acesso a sítios (sites), e-mails, bate-papos, blogs e páginas de relacionamentos. Com a evolução da Internet na sociedade, ela trouxe possibilidades infinitas trazendo comodidade, na realização de transações diárias, bancárias tornou-se o PIX Rápido eficiente, comunicação instantânea por toque, trocas de documentos importantes, resolução de disputas por audiências de videoconferência, fez a comunicação ficar muito eficiente. Conforme apontado por Vasconcelos (2003, p.35): “A internet, sem dúvida, representa hoje em todo mundo um dos melhores e mais baratos meios de comunicação, ocupando milhões de linhas telefônicas diariamente e permitindo que as pessoas possam obter os mais variados tipos de informação”. 2.1. A utilização do ambiente virtual Com o avanço da tecnologia e o ambiente virtual globalizado, tornou-se necessária a criação de plataformas qualificadas como intermediárias, cuja função é permitir aos usuários se conectarem aos serviços da Internet, criando várias categorias de fornecedores que permitem a ligação entre os utilizadores da Internet e a World Wide Web, com particular destaque para os fornecedores de serviços de Internet Acesso. Portanto, um provedor de serviços de Internet pode ser classificado como a pessoa que presta serviços na web. Possui várias outras classificações e outros termos como: Provedores de Infraestrutura - “Backbone” -, Hospedagem de Correio, 14 Provedores de Conteúdo ou Informação. Menciona Leonardi (2012, online): É possível afirmar que provedor de serviços de Internet é gênero do qual as demais categorias (provedor de backbone, provedor de acesso, provedor de correio eletrônico, provedor de hospedagem e provedor de conteúdo) são espécies. Endereçamento e classificação de Fornecedores de acesso, Conteúdo e no ambiente virtual, enfatizando sua importância e contribuições para cada um e suas responsabilidades civis 2.2. Provedores de internet. Leonardi (2012, on line) enfatiza que “embora usualmente oferecidas conjuntamente, essas são atividades completamente distintas que podem ser prestadas por uma mesma empresa a um mesmo usuário ou por diversas empresas, separadamente”. E ainda “a diferença conceitual subsiste e é de fundamental importância para a compreensão da responsabilidade de tais empresas, variável, conforme a atividade específica exercida”. 2.2.1 Provedor Backbone A palavra Backbone significa espinha dorsal, em inglês, sendo responsáveis pela ordem entre a conexão e o computador. Se não tivesse o Backbone, não teríamos acesso à internet em nossas casas, empresas, centros e outros ambientes. Também sendo responsável pelo envio dos dados entre cidades brasileiras para o exterior. Para que a velocidade de transmissão não seja lenta o backbone trabalha com o sistema "dividir e conquistar", pois fragmenta a grande espinha dorsal em outras redes menores. Quando você envia um e-mail ou uma mensagem via WAPP, a informação sai do seu computador, passa pela rede local e depois “circula” no backbone. Uma vez encontrado o destino da mensagem, a rede recebe os dados e os encaminha para o endereçamento correto. Para simplificar o conceito, pense no backbone como uma rodovia principal, 15 que possui várias entradas e saídas para as cidades. Nesta rota, todos os dados enviados pela Internet em busca da cidade correta para entrega da mensagem. É intrigante ouvir que alguns países bloqueiam o acesso a determinados sites, como o YouTube. Assim como os sites, no submundo dos bits não há nada além de números de identificação, e esses códigos de identificação são bloqueados para que o backbone não envie seu conteúdo, todo o país obtém permissão para acessar as páginas. Embora possa não parecer complicado, bloquear uma página para que um país inteiro não tenha acesso não é uma tarefa muito simples. No entanto, uma vez feito isso, é quase impossível contornar a segurança. No Brasil, os principais provedores deste serviço são: Embratel, Rede Nacional de Pesquisa, a Brasil Telecom, entre outros. 2.2.2 Provedor de Acesso ou Conexão Conhecido como provedor de acesso à conexão, o nome em si implica que eles são representados pela pessoa jurídica encarregada de abastecer os meios que conectam os clientes à rede virtual da web. Acerca desse provedor Vasconcelos (2003, p. 70) entende que: O provedor de acesso é uma atividade- meio, ou seja, um serviço de intermediação entre o usuário e a rede, sob contrato. É o típico trato de prestação de serviços onde, de um lado, o usuário se responsabiliza pelos conteúdos de suas mensagens e pelo uso propriamente dito, enquanto de outro, o provedor oferece serviços de conexão à rede, de forma individualizada e intransferível, e até mesmo o uso por mais de um usuário. Trata-se de um contrato normalmente oneroso e, por ter cláusulas arbitradas pelas partes, os seus termos são livres, desde que não contenham nenhuma disposição contrária à lei. Portanto, o provedor de acesso é considerado como um dos serviços mediadores. Em que, através dos diferentes planos e pacotes para seus clientes, permite que o usuário se conecte à rede. 2.2.3 Provedor de Hospedagem Os hosts são classificados como empresas que fornecem serviços de armazenamento de dados remotos com estruturas físicas. Portanto, eles permitem o acesso ao conteúdo de acordo com as condições estabelecidas pelo contratante. 16 Tomando como exemplo conhecido UOL Host e a Locaweb. Além disso, provedores de hospedagem oferecem plataformas como sites ou páginas prontas para uso, acessando-as e modificando seu conteúdo. Destacando os ensinamentos de Leonardi (2012, online): Assim, um provedor de hospedagem oferece dois serviços distintos: o armazenamento de arquivos em um servidor e a possibilidade de acesso a tais arquivos conforme as condições previamente estipuladas com o provedor de conteúdo, que pode escolher entre permitir o acesso a quaisquer pessoas ou apenas a usuários determinados. Tomando como exemplos: WordPress que permite a formatação de blogs, YouTube que hospeda vídeos, Spotify que hospeda conteúdo de música, e assim por diante. 2.2.4 Provedor de Conteúdo Os provedores de conteúdo são as pessoas que criam o conteúdo pelos provedores de informação na rede e o distribuem. Sendo feito pelos próprios servidores, terceiros como prestadores de serviços de hospedagem. A principal função dos provedores de conteúdo é fornecer informações e notícias acessíveis a qualquer usuário da Internet. Vale lembrar que Leonardi (2012, on line) diferencia o provedor de conteúdo de informação: Uma ressalva deve ser feita: a doutrina estrangeira por vezes fez a referência à figura do “provedor de informação” que não se confunde com o “provedor de conteúdo”. Afirma-se que, no âmbito da internet, a pessoa natural ou jurídica que explora o meio de informação ou divulgação é o provedor de conteúdo, ao passo que o efetivo autor da informação seria chamado de “provedor de informação”. Entendemos que se deve utilizar simplesmente “autor” e não a expressão “provedor de informação”,evitando-se assim complexidade desnecessária. A diferença entre provedores de conteúdo e provedores de informações é que os provedores de informação é quem cria as informações que serão compartilhadas e as fornece. Os conteúdos, por sua vez, divulgam dados previamente criados pelo provedor de informações. 2.3. Diferenciação de provedores feita pelo Marco Civil da internet. O Marco Civil da Internet, lei 12.965/16, deu início a várias classificações relacionadas aos princípios, garantias e deveres de uso de Internet no Brasil, o princípio da proteção da privacidade e dos dados pessoais, e assegurar, como direitos 17 e garantias dos internautas, no artigo 7º, e o sigilo do fluxo de suas comunicações, bem como a inviolabilidade e sigilo de suas comunicações privadas armazenadas, decisão judicial. aplicando o provedor de conexão perante ao Marcos Civil da Internet Serro (2015, p.05) ensina que: Estes provedores, chamados de provedores de conexão ou provedores de serviços, são os responsáveis pela intermediação entre a operadora e o usuário do serviço contratado. Nesta modalidade de provedor, é oferecida a conexão à Internet conforma especificidades e velocidades contratadas e o acesso pode ser feito através de uma identificação de usuário e senha, por exemplo. Os provedores de conexão são os responsáveis por alcançar ao usuário diretamente o acesso à rede. Este acesso é feito através de uma conexão adquirida de backbone. O inciso VI do artigo 5.º do Código Civil dá uma definição de aplicações de internet, considerando como “o conjunto de funcionalidades acessíveis através de uma ligação à internet”. O artigo 15 do Marco Civil alude ao fato de que o provedor de “constituído na forma de pessoa jurídica e que exerça essa atividade de forma organizada, profissionalmente e com fins econômicos”. A respeito desse fornecedor, Serro (2015, p.06): Também chamados de middleware, estes provedores, diferentemente dos provedores de conexão, disponibilizam um instrumento para a execução de aplicações. A subseção III da Lei 12.965/2014, prevê normas atinentes à "Guarda de Registros de Acesso a Aplicação de Internet na Provisão de Aplicações”, estando o seu conceito e delimitação expostos no artigo 5º inciso, VIII da mesma Lei, que especifica que "registros de acesso a aplicação de internet” são o “conjunto de informações referentes à data e hora de uso de uma determinada aplicação de internet a partir de um determinado endereço de IP” O conceito no mesmo inciso VIII do mesmo artigo se traduz no “conjunto de funcionalidades que podem ser acessadas por meio de um terminal conectado à Internet, compreendendo, portanto, os provedores que hospedam conteúdos, correios eletrônicos, sites de relacionamentos, entre outros. Finaliza Aquino (2016, online) Então, num primeiro momento, pode-se dizer que Provedor de Aplicação de internet é uma expressão que descreve qualquer organização, grupo ou empresa que proporcione aos usuários um conjunto de funcionalidades que podem ser acessadas por meio de um computador conectado à internet. Dessa forma, pode se tirar uma conclusão inicial que se enquadra na expressão acima citada, o provedor de backbone (provedor de infraestrutura) e o provedor de acesso ou conexão, este último pela própria distinção feita pelo Marco Civil da Internet em seu texto entre provisão de aplicações e provisão de conexão de internet. A particularização causada pelo Marco Civil da Internet é relevante, pois 18 possibilita identificar e abrir caminho à responsabilidade civil através dos formulários de serviços aos meios técnicos de cada tipo de provedor. CAPÍTULO III - O CONFLITO DE DIREITO 3.1 O conflito na internet entre liberdade de expressão Com todos os avanços e crescimento da tecnologia e a abertura para todos ao ambiente virtual, isso resultou em todas as dimensões, não só nas laterais, mas consequentemente nas negativas, colidindo entre liberdade de expressão e honra ou a vida privada de outros, temos muitos exemplos deste problema. Em janeiro de 2021, no Brasil, o Ministro de Moraes do Supremo Tribunal Federal determinou que a frente aberta para investigar a venda online de autoridades pessoais, obtida no mega vazamento de milhões de CPF, seja vinculada à investigação da notícia, já em andamento na Corte sob o seu transferidor. A ordem foi depois que o presidente do tribunal, Fux, pediu a intervenção do Ministro da Justiça e da Segurança Pública. Alexandre de Moraes observou que a comercialização de informações e dados privados afeta diretamente a intimidade, privacidade e segurança pessoal dos ministros do STF. É porque todos os onze membros do tribunal foram atingidos pelo vazamento. Concretizou Alexandre de Moraes (2021, on line): Há, portanto, a necessidade de fazer cessar lesão ou ameaça de lesão a direito, visando interromper o incentivo à quebra da normalidade institucional, concretizado por meio da divulgação e comercialização de dados privados e sigilosos de autoridades No mesmo documento, o Ministro prosseguiu que os motores de busca retiram imediatamente dos seus endereços utilizados para vender o material aos fornecedores de motores de busca, como Google, Yahoo, Ask e As três últimas são plataformas denominadas "deep web" ou "dark web", que é um tipo de internet não relacionado a mecanismos de busca e rastreamento, associado a atividades ilegais. O mega vazamento de dados de mais de 200 brasileiros terá impactos por muitos anos. A falha foi descoberta pela empresa especializada em segurança digital da startup Psafe, com 223 milhões de CPF vazados. O fato averiguado pelo especialista em Direito Digital Ronaldo Lemos como o 19 "vazamento de dados do fim do mundo". Para ele, todas essas informações estão à venda na chamada "deep web ``. Qualquer pessoa pode comprá-los, pagando com criptomoedas. Vai ser difícil reverter essa situação. Dados, uma vez vazados, não podem ser desfasados ``, alega. O Hacker oferece informações em 37 categorias, em pacotes a partir de $500. Entre os ministros da Suprema Corte, Ricardo Lewandowski o mais afetado, com dados em 26 das 37 categorias. Todos os demais também possuem informações em mais de 20 categorias. Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, possuem dados de renda e salário. A consequência de todos esses atos é incerta, deixando-os irreparáveis. Em 2015, uma estudante de São Paulo, conhecida como Bia, 25 anos, teve vídeos compartilhado nas redes sociais pelo ex-companheiro Os vídeos repercutiram pelo Brasil a fora, por alguns dias e assim começaram os problemas na vida estudantil. As reações das pessoas foram mistas, muitas pessoas apoiaram a vítima e argumentaram que a estudante não havia feito mal algum, pois ela fez do vídeo um momento privado com seu ex-namorado, alguém que ela é confiável e amada. No entanto, como a maioria dos casos que se tornam virtuais, a maioria chamou de adjetivos depreciativos, repostando o vídeo, o que ajudou a denegrir a imagem do aluno. Houve casos de pessoas oferecendo o dinheiro para fazer sexo com a vítima, falando sobre as inúmeras ligações e mensagens para a vítima Bia fez um boletim de ocorrência e acionou seus advogados para orientá-la e fazer algo contra seu agressor. Apesar de todas as tentativas para voltar a uma vida normal, Bia teve que largar a faculdade, deixar seu emprego, mudar a aparência para não ser reconhecida na rua Sumir das redes socias. Após a investigação policial, o ex-companheiro que transmitiu os vídeos e fotos de Bia aceitou a Pena proposta pelo Ministério Público e foi "condenado" a prestar serviços comunitários durante 6 meses. Seguindo esse raciocínio, a Câmara dos Deputados estava em tramitação um projeto de lei que buscava punir severamente os crimes contra a honra praticados na internet, com destaque para aqueles conhecidos por possuírem pornografia que seria adivulgação de imagens da vítima com o objetivo de alcançar a integridade física, 20 moral e psicológica da pessoa, tais como atos de vingança, autopromoção, humilhação e, agravantes, e o não consentimento da vítima. O termo sexting significa o envio de mensagens de conteúdo íntimo e sexual a um indivíduo, porém, é crime se aquela pessoa que recebe a mensagem, transmitida sem o consentimento da pessoa que o enviou. Um dos projetos em tramitação é a Lei nº 6630/2013, de autoria do deputado Romário, que conduz a divulgação abusiva de material íntimo na Internet. Este projeto de lei acrescentaria a seguinte redação pena no Código Penal: Art. 216-B. Divulgar, por qualquer meio, fotografia, imagem, com vídeo ou qualquer outro material, contendo cena de nudez, ato sexual ou obsceno sem autorização da vítima. Pena – detenção, de um a três anos, e multa. Neste artigo, é criada uma causa para punição agravada se a divulgação for destinada a humilhar ou vingar a vítima, e se for por um ex-cônjuge ou qualquer pessoa com quem ela tenha um relacionamento. O aumento da pena prevista no artigo do projeto de lei é significativo porque dependendo da gravidade do crime cometido e do dano sofrido pela vítima a pena pode chegar a três anos de reclusão, que inviabiliza a oferta da transação penal, impossibilitando se necessário, a condenação criminal do agressor, com a transformação de sua pena em restrição de direitos. Além disso, para crimes cometidos contra criança ou adolescente cujo agressor seja maior de 18 anos, haverá um longo processo criminal contra ele. É importante salientar que em casos de vítimas homossexuais em um cenário de violência doméstica, o mencionado anteriormente também se aplica em uma interpretação ampla. Esses dois casos foram exemplos de conflitos entre liberdade de expressão, honra ou privacidade na internet. Quando se trata de liberdade de expressão, os direitos muitas vezes se chocam, o que complica o caso. Casos como o exposto são comuns e o tempo tem proporções menores no ambiente Comum, restando que na rede o conflito toma uma proporção maior e mais rápida, criando assim direitos característicos estar na ordem do dia. Levando a entender que as tecnologias raramente são novas diretrizes legais, o que elas fazem é trazer maior complexidade às disputas existentes. 21 Porém, esse resultado que o ambiente virtual gera não é novo. Temos como exemplo o uso do telefone, dispositivos nos quais não tinham regularizações por lei e assim surgiram escutas telefônicas, a confidencialidade entre outros. Nenhuma violação de privacidade foi estipulada nesses momentos históricos, eles foram simplesmente introduzidos de diferentes formas. Percebe-se que os efeitos das proporções ocupadas pelo meio ambiente não superam nenhuma outra revolução tecnológica até o momento. Partindo do fato de que historicamente inovações tecnológicas têm exigido adaptações no ordenamento jurídico a criação de legislação específica para regulamentar a matéria, no virtual não deve ser diferente. Portanto, não é necessário criar um diploma específico para reger as relações na Internet, uma vez que são adaptáveis à rede, em desde que separem as semelhanças e as diferenças entre a rede e o mundo real. Quanto a não contrair os princípios constitucionais expostos neste estudo. Dentre as diferenças e semelhanças, há algumas que o tornam diferente, pois quando algo é postado na rede, é permanente e de fácil acesso. Tendo como dois pontos principais de diferença: o caráter permanente e a facilidade de acesso. Assim como as ideias, a questão é qualquer pessoa pode inserir conteúdo sem restrições, o que pode se tornar globalmente conhecido em segundos, sendo a mais eficiente de todas as Mídias já utilizadas na história. Por exemplo, as informações veiculadas por jornais, revistas ou televisão não assumem atualmente as proporções que no ambiente virtual, pois já o são por determinados grupos, tendo como público ouvinte e telespectador dessas formas de comunicação mencionadas, pois a Internet é domínio de grande parte da população mundial, em fácil acesso à reprodução de informações e acesso livre do usuário. Quanto à permanência da informação publicada, pode ser feita de várias maneiras. Os meios de comunicação antes do ambiente virtual tinham como por fala, em rádios e televisão e suas audiências não eram instantâneas sendo determinado limite de tempo para ser reportado. Sendo muito menos propensos a lembrar quaisquer características, como os rostos das pessoas envolvidas ou os nomes. Na mídia escrita como livros ou revistas, eles têm um alto grau de permanência. Por serem registrados, podem ser visualizados com clareza de detalhes 22 por quem os procura. No entanto, eles têm um risco maior de se perder e perder informações devido ao risco do papel ser descartado, esquecido em bibliotecas e perdido se não armazenado corretamente, resultando em perda de informações. No ambiente virtual, no entanto, isso não acontece. A grande diferença com outros meios de comunicação é que na rede, a publicação se perde apenas com a interrupção do homem, podem ser pesquisadas por todo e sem risco de perda. Portanto, é mais difícil de ser esquecido, bastando uma busca por qualquer usuário na rede. Quem pode remover o post é, geralmente, a pessoa que postou, tendo assim uma violação de honra ou privacidade não só ao postar, mas também no espaço de tempo em que é acessível na rede. O fácil acesso a toda publicação na rede quanto aos outros meios de comunicação, têm sempre mais dificuldade por terem recurso a livros com registros antigos em que tinham de pesquisar por página para obter informação completa. O que não ocorre mais na web, através de palavras-chave ou expressões relacionadas ao que você procura, agora é possível ser redirecionado para um site que contenha a informação buscada em uma forma prática e eficaz. Além de pesquisar na web por valores científicos ou culturais, muitos usuários usam a pesquisa para encontrar pessoas, parentes, curiosidades, até relacionamentos, obter empregos, entre usos. Tendo como conclusão as diferenças expostas, o ambiente virtual é que as vezes a publicação na rede tem bilhões acesso ao conteúdo com acesso total aos fatos sem qualquer privação de fácil visualização por qualquer usuário. Como isso não acontecia dessa forma o indivíduo tinha que se mover fisicamente para acessar informações que corriam o risco de se perder com o tempo. Portanto, quando o direito de honra de uma pessoa à privacidade é violado com informações da rede, isso tem uma repercussão inimaginável que teria na realidade, sendo marcado e identificado a qualquer momento e por qualquer usuário, facilitando ainda mais a pessoa para seu artigo publicado. Tendo a reputação marcada para sempre, levando à dificuldade de renovar relações, de construir a vida diante de não poder se impor nos ofícios. Na maioria dos casos de abuso de liberdade cometido no ambiente virtual, 23 ocorrido nos exemplos expostos, eles assumem proporções inimagináveis em segundos onde suas características são marcadas e claramente reconhecidas. Assim, a reputação dos envolvidos fica permanentemente comprometida. Portanto, nunca se sabe a proporção real levará uma determinada publicação, enquanto a informação estiver disponível na web, ela pode chegar a um fato conhecido mundialmente. Ter sempre o interesse da vítima em retirar o quanto antes para tentar evitar um dano irreparável ao seu direito fundamental. Com todo o contexto exposto, fica a ideia de que todo ato normal da vida cotidiana do mundo tem maior repercussão no ambiente virtual. Deixando-nos acreditar que a rede é um ambiente onde não são permitidos erros, que quem publica conteúdo tem grande poder de julgar e ser atacado ao mesmo tempo. Então, sempre que você postar ou comentarum na rede, realmente pense em se isso causaria algum problema, julgamento ou até mesmo exposições A própria liberdade de expressão se voltando contra si mesma. A ideia exposta não pode ser colocada em trabalho e continuar suspensa. O ambiente virtual, apesar de ser de acesso rápido e eficiente, não pode continuar sem regras e sem consequências para o usuário que utiliza a rede para disseminar ódio e suprimir direitos fundamentais de outros usuários. Se a rede não permitir erros, pode estar presente o Poder Judiciário para remediar e punir esses erros. O objetivo principal na questão é que medidas efetivas válidas sejam garantidas para assegurar ao usuário que ele não está exposto a fatos e que sua vida é privada não é publicada na rede, tirando suas expectativas e sua capacidade de viver uma vida normal no mundo real. Constata-se que apesar das divergências com o sistema, o fato de essa questão ser debatida no Congresso, a importância do combate às infrações cometidas no ambiente virtual e a preocupação em preservar a vida privada da pessoa vida. 3.2 Discurso de ódio no ambiente virtual. A liberdade de expressão ligada ao direito fundamental ao qual está vinculado o discurso de ódio, por causa de muitos usuários seus preconceitos por trás da proteção do livre pensamento. O discurso de ódio que se espalha pela rede é destacado pelos usuários de seletivos grupos de pessoas, por causa de sua origem 24 de sua religião, gênero ou deficiência mental, orientação sexual, entre outros fatores. Na rede, a divulgação é feita por meio de mensagens, vídeos ou fotos que propagam racismo, xenofobia, homofobia, entre outras formas de intolerância. Conforme exposto no ambiente virtual, cada post tem o potencial de viralizar e atingir milhões de usuários, sendo uma forma mais grave se fosse representado no mundo real, devido à sua repercussão Atualmente, o crescimento do discurso de ódio assusta e os responsáveis pelas redes sociais mais utilizadas para ataques, segundo o relatório G1, Facebook, Youtube e assinado um acordo pela Federação Mundial de 23 de setembro de 2020, no qual estabelece formas de evitar publicidade com conteúdo nocivo. Segundo Carolyn Everson, vice-presidente de marketing do Facebook, esta decisão tem “uma linguagem unificada para avançar no combate ao ódio on-line”. O Facebook, como uma empresa que tem sido palco de todo esse conteúdo odioso em vários países, sofre uma pressão por parte dos governos, para combater o discurso. Para a plataforma, caracteriza-se o discurso de ódio segue em seu site (Facebook, 2018, on line): Conteúdos que ataquem pessoas com base em sua raça, etnia, nacionalidade, religião, sexo, gênero ou identidade de gênero, orientação sexual, deficiência ou doença, sejam elas reais ou presumidas, não são permitidos. No entanto, permitimos tentativas claras de piadas ou sátiras que não tenham caráter de ameaças ou ataques. Isso inclui conteúdo que muitas pessoas possam considerar de mau gosto (por exemplo, piadas, comédia stand-up, certas letras de músicas populares etc.). Como afirma o relatório, dezenas de anunciantes suspenderam anúncios no Facebook em meio à campanha "Stop For Profit", dizendo que a rede deveria fazer mais para acabar com o ódio e desinformar sua plataforma. Perante a responsabilidade civil dos sites e aplicativos de mídia social em face do discurso de ódio, o Marcos Civil da internet, Lei n. 12.965/2014 dá-se o entendimento de que o conteúdo gerado por um responsável após o provedor ter recebido uma ação judicial, sem tomar medidas para remover o conteúdo que é responsabilizado. No entanto, Marco Civil é de fundamental importância para que os casos em que a responsabilidade do fornecedor não seja solidária entre o fornecedor e o terceiro publicado a infração. Ter os meios para garantir a forma correta de usar a liberdade de expressão na rede, ter os meios para garantir o livre acesso entre os usuários sem 25 medo de ataques de gratificações. Como escreveu Silva (2011, online): O ódio é uma questão factual e sua intensidade como movimento transformador na sociedade dependerá de como ele é divulgado. O discurso do ódio é uma forma especial de propagação do mal e meio informacional tem papel fundamental no atual contexto histórico. Portanto, com a atenção dada a todos não pode esquecer que sempre a minoria é alvo de ataques, nos quais passam despercebidos por serem utilizadores anónimos. 3.3 Indenização por dano moral e material. Oque nos garante no art. 5º, X, da Constituição da República, no rol dos direitos fundamentais da pessoa, decorre o direito à indenização por danos morais ou materiais, a privacidade, honra ou pessoas. Apenas o dispositivo poderá ser utilizado em juízo por vítima que tenha submetido a exposições desonrosas e pejorativas e eficaz na condenação de danos morais ou materiais. No dispositivo constitucional, corrobora-se com o Código Civil, que em seu artigo 186, que quem tem direito e causa dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito, e em 927 estabelece que quem, por ato ilícito, causar dano a outrem, é obrigado a repará-lo. Além disso, o art. 12 do Código Civil abre a possibilidade de pleitear danos por ameaça ou violação do direito da personalidade. Assim, a vítima pode reclamar expressamente a indemnização por danos morais e materiais contra a pessoa que causou o dano, no caso de incitar publicações que violem os direitos da personalidade na rede. Neste sentido, o artigo 19.º do diploma tem a seguinte redacção: Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o provedor de aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário. Cabe ainda transcrever trecho do acórdão do Superior Tribunal de Justiça que confirma esse entendimento: [...] 6. Ao oferecer um serviço por meio do qual se possibilita que os usuários externem livremente sua opinião, deve o provedor de conteúdo ter o cuidado de propiciar meios para que se possa identificar cada um desses usuários, coibindo o anonimato e atribuindo a cada manifestação uma autoria certa e 26 determinada. Sob a ótica da diligência média que se espera do provedor, deve este adotar as providências que, conforme as circunstâncias específicas de cada caso, estiverem ao seu alcance para a individualização dos usuários do site, sob pena de responsabilização subjetiva por culpa in omittend. Sobre pornografia de vingança, artigo 21 do Marco Civil da Internet: Art. 21. O provedor de aplicações de internet que disponibilize conteúdo gerado por terceiros será responsabilizado subsidiariamente pela violação da intimidade decorrente da divulgação, sem autorização de seus participantes, de imagens, de vídeos ou de outros materiais contendo cenas de nudez ou de atos sexuais de caráter privado quando, após o recebimento de notificação pelo participante ou seu representante legal, deixar de promover, de forma diligente, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço, a indisponibilização desse conteúdo. Parágrafo único. A notificação prevista no caput deverá conter, sob pena de nulidade, elementos que permitam a identificação específica do material apontado como violador da intimidade do participante e a verificação da legitimidade para apresentação do pedido. Quanto à legitimidade passiva, é certo que deve ser intentada contra os funcionários diretos do país em que foi cometida a infração, e os funcionários prestadores de serviço em geral, apenas se responsabilize pelo fato de que é pouco que ele consiga filtrar todoo tipo de mensagens de ódio em seu servidor por usuários, chegando a milhões. Ou seja, sua responsabilidade é subjetiva. É extremamente importante que cabe ao judiciário, e não aos provedores de serviços de Internet, decidir se determinada expressão de pensamento ou não, no conflito sobre a honra ou a vida da Internet privado por um lado e a expressão por outro, a medida deve ser destinada à publicação de dados desonrosos ou privados, pois, como sua proporção nunca é conhecida e pode se tornar irreversíveis permanentemente a parte lesada. Tomando como medida não só para orientar o poder, mas para exigir que os provedores de sites que eles controlam impeça a inserção desse tipo de postagem sejam mais criteriosos nas postagens criando barreiras de acesso que tenham um histórico de tentativas de discurso de ódio, sob pena de responsabilização pelos danos causados. Portanto, a tentativa legal do lesado de cessar a violação de seu direito ou o exercício do direito de resposta não faz o seu direito de ser indenizado dano moral ou dano já consumido. As ações de obrigação de fazer e não fazer contra o autor do ato ilícito, fazer contra o prestador e o exercício do direito de responder entre si podem ser exercidas sem prejuízo da ação de dano moral ou danos materiais resultantes de ferimentos pessoais. 27 Finalmente, deve-se notar que a expectativa deve ser analisada levando em consideração o grau de amplitude que a informação era razoavelmente esperada para alcançar dado o local em que foi publicada na rede. CONCLUSÃO A liberdade de expressão é o direito de todos de expressar pensamentos, opiniões, atividades intelectuais, artísticas, científicas e de comunicação, sem censura, conforme garantido pelo artigo 5º da Constituição Federal. É um direito da personalidade, inalienável, irrevogavelmente e intransferível, fundamental para a afirmação do princípio da dignidade. Tendo como garantia de realização e verdade individual, é importante para a comunidade, o cumprimento da função de autogoverno e um objetivo de proteção do democrático, além de cumprir uma função de verificar os atos de funcionários públicos. No entanto, constantemente se deparará com outros direitos fundamentais, além da honra e privacidade, que são direitos da personalidade. Havendo esse conflito, o advogado terá que levar os direitos em consideração, sempre buscando a melhor solução para o específico. Enquanto o crescente acesso à Internet gera preocupação em termos de liberdade de expressão no ambiente virtual, não há um sistema legal no Brasil que englobe todas as condutas puníveis, ou seja, usuários brasileiros não estão perto de serem devidamente protegidos. Nessa ausência, os cibercriminosos se aproveitam da inevitabilidade do uso da internet no cotidiano, além do pouco conhecido mundo virtual, pôr em relação aos perigos da web. Para a presente pesquisa, no entanto, o que importa é a rede de difusão de ideias, pois é nessa área que o conflito entre liberdade de expressão de um lado e honra ou a vida do outro. Deve-se notar que o ambiente virtual dentro direito não é novo. Temos como exemplo o uso do telefone, das câmeras em que não tinham regularizações por via de lei e assim surgiram as escutas, as imagens entre outros. Nenhuma violação da privacidade foi estipulada nesses momentos históricos, eles foram simplesmente introduzidos nos costumes. 28 Percebe-se que os efeitos das proporções ocupadas pelo meio ambiente não superam nenhuma outra revolução tecnológica até o momento. Partindo do fato de que historicamente inovações tecnológicas, principalmente na mídia, têm exigido adaptações no ordenamento jurídico a criação de legislação específica para regular a matéria, no virtual não deve ser diferente. Tendo como conclusão as diferenças expostas, o que tem fator que diferencia o ambiente virtual da fala no real, é que uma vez a publicação na rede bilhões de pessoas têm acesso ao conteúdo com acesso total aos fatos sem qualquer privação de serem facilmente pesquisados por qualquer usuário. Como não aconteceu desta forma, o indivíduo teve que mover-se fisicamente em direção a uma pilha de demora para acessar as informações que corriam o risco de serem perdidas com o tempo. Portanto, quando o direito à privacidade de uma pessoa é violado com informações na rede, este tem uma repercussão inimaginável sobre o que este teria na realidade, sendo marcado e identificado a qualquer tempo e por qualquer usuário, e facilitando ainda mais a pessoa para seu artigo publicado. Ter a reputação marcada para sempre, dificultando a renovação de relacionamentos, para construir a vida diante de não conseguir se impor nos ofícios. No entanto, não adianta questionar a legalidade das manifestações do pensamento se não forem apresentadas soluções ao lesado para que este possa cessar a violação de seu direito. É importante ter em mente que, à medida que a vida real migra para as telas de computador, os eventos que ocorrem na Internet deixam de ser puramente virtuais e passam a interferir na vida das pessoas, exigindo soluções reais. Assim, este trabalho linkou um breve estudo da responsabilidade civil, trazendo à tona as suas hipóteses e espécies, esboçado sobre tipos de provedores de acesso à Internet, a evolução do direito digital e a forma de responsabilidade do fornecedor nos termos da Lei 12.965/2014. A Lei 12.965/2014, conhecida como Marco da Internet, nasceu do crescimento instantâneo da Internet, da necessidade do sistema jurídico legalizar as disputas decorrentes de novas formas de relacionamento, visando princípios que regem os deveres e obrigações decorrentes do uso da Internet no Brasil. Sendo importante em diferenciação e responsabilidade, o Marco da Internet 29 possui provedores de conexão e provedores de aplicativos. Atendendo aos acordos do quadro de direitos civis da Internet, os provedores de conexão atuam para mediar o vínculo entre o operador e o usuário desses provedores, ficando isentos da responsabilidade civil por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros e mantendo registros de conexão em ambiente controlado sob sigilo e no período de 1 ano. Os Provedores de Aplicativos, por outro lado, atuando com o objetivo de fornecer instrumentos para execução de Aplicativos, deverão manter tais registros por um período de seis meses com os mesmo modelos, com sigilo, segurança e podem ser responsabilizados civilmente somente se não tornarem o material ofensivo indisponível, após decisão específica e dentro do prazo definido. Esta ordem judicial deve ter identificação clara e precisa do conteúdo nocivo, caso contrário pode ser nulo e sem efeito. Fica entendido que, em concordância com o Marco de Direitos da Internet, os Provedores de Serviços de Internet somente serão responsáveis se não executarem ordem judicial ou notificação extrajudicial que determine a exclusão do conteúdo ofensivo. Sintetizando o Marco Civil da Internet, protege positivamente os direitos da personalidade e equilibra a questão da responsabilidade civil perante os provedores de acesso à Internet e quem publica o conteúdo ofensivo, entre outros benefícios, pode as dimensões normativas referidas ao assunto em questão, trazendo uma harmonização das relações sociais. Apesar da gravidade dos danos decorrentes do conflito estudado, há um comentário que não pode ser omitido desta pesquisa: de fato, a internet brasileira tem problemas, países como a China, Coreia do Norte e o Irã têm poucas violações de honra e privacidade na Internet, mas isso é porque suas redes são fechadas e antidemocráticas. Tendo em vista que é melhor ter problemas por excesso de liberdade de expressão de que por sua ausência, agora pertence aos juristas, advogados e magistrados para entender a estrutura e funcionamento da World Wide Web, para que possam coibiro abuso dessa liberdade na internet proteger o direito à honra e vida das vítimas, que fazem não desejam ver sua vida para sempre por um crime digital, sempre presente e localizado em qualquer lugar do mundo. 30 BIBLIOGRAFIA AQUINO. Nick Richard Freitas. Antinomia jurídica entre o Marco Civil da Internet e o Código de defesa do Consumidor em matéria de Responsabilidade Civil dos Provedores de Aplicações de Internet. Jusbrasil. 2016. Disponível em: https://nickrichardfaquino.jusbrasil.com.br/artigos/232516149/antinomia-juridica- entre-o-marco-civil-da-internet-e-o-codigo-de-defesa-do-consumidor-em-materia- de-responsabilidade-civil-dos-provedores-de-aplicacoes-de-internet Acesso em: 13 abr. 2022 CARVALHO, Gustavo Grandinetti Castanho de. Direito de Informação e Liberdade de Expressão. Rio de Janeiro: Renovar, 1999. FACEBOOK, Facebook vai ‘fazer mais’ para limitar abusos na internet. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2018/01/facebook-vai-fazermais- para-limitar-abusos-nainternet.html. Acesso em: 06 abr. 2022. LEONARDI. Responsabilidade civil: responsabilidade civil na Internet e nos demais meios de comunicação. Regina Beatriz Tavares da Silva, Manoel J. Pereira dos Santos, coordenadores. 2. Ed. São Paulo: Saraiva, 2012. (Série GVlaw) Vários autores. 1. Comunicação de massa 2. Internet (Rede de computadores). QUEIROZ, Andressa Veríssimo; ARAÚJO, Antônia Alcimária Paula. Ciberdireito: Crimes Cibernéticos Contra a Honra. Web Artigos. Disponível em: HTTP://www.webartigos.com/artigos/ciberneticos-crimes-ciberneticos-contra- ahonra/10967/#ixzz3wbFejyGb. Acesso em: 05 de maio 2022. PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito Digital. São Paulo: Saraiva 2009. QUEIROZ, Andressa Veríssimo; ARAÚJO, Antônia Alcimária Paula. Ciberdireito: Crimes Cibernéticos Contra a Honra. Web Artigos. Disponível em: HTTP://www.webartigos.com/artigos/ciberneticos-crimes-ciberneticos-contra- ahonra/109675/#ixzz3wbFejyGb. Acesso em 06 de abr. 2022. PINHEIRO, Patrícia. Direito Digital. São Paulo: Saraiva 2009. 31 ROSSINI, Augusto Eduardo de Souza. Informática, telemática e direito penal. São Paulo: Memória Jurídica, 2004. SERRO. Bruna Manhago. Da responsabilidade Civil do Provedor de Aplicações frente Lei 12.965/94: Análise Doutrinária e Jurisprudencial. Congresso Internacional de Direito e Contemporaneidade. Maio 2015. Disponível em: HTTP://coral.ufsm.br/congressodireito/anais/2015/6-3.pdf. Acesso em: 06 de abr.2022. SILVA RL, Nichel A, Martins ACL, Borchardt CK. Discursos de ódio em redes sociais: jurisprudência brasileira. Revista direito GV.2011; 7(2):445-468 SILVA, José Afonso da 1991, p. 217 apud HOESCHL, Hugo Cesar. Elementos do Direito Digital. Disponível em: Acesso em: 10 de abr. 2022. TERCEIRO, Cecílio da Fonseca Vieira Ramalho. O problema na tipificação penal dos crimes virtuais, 2009. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/3186/oproblema-na-tipificacao-penal-dos- crimesvirtuais. Acesso em: 12 de maio 2022 VASCONCELOS. Fernando Antônio. Internet: responsabilidade do provedor pelos danos praticados, 2005. VASCONCELOS. Fernando Antônio. Internet: responsabilidade dos provedores pelos danos praticados, 2003 VIDAL, Gabriel Rigoldi. Regulação do direito à privacidade na internet: o papel da arquitetura. Jus Navigandi, Teresina, ano 17, n. 2689, 10 nov. 2012. Disponível em: < http://jus.com.br/revista/texto/17798>. Acesso em: 18 de abr. 2022.