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Diarreia Aguda 1 Diarreia Aguda Uma das principais causas de mortalidade de crianças abaixo de 5 anos em países em desenvolvimento Aumento do volume e/ou frequência das evacuações com aumento das perdas de água e eletrólitos ≥ 3 evacuações por dia (ou mudança no padrão no caso de lactentes) 💡 Crianças em aleitamento materno exclusivo podem ter um reflexo gastrocólico mais elevado, de modo que podem evacuar após cada alimentação Aguda: Até 14 dias Aguda com sangue, muco ou pus —> Disenteria Processo infeccioso como principal causa Infecção autolimitada Persistente: ≥ 14 dias Aumento dos riscos de mortalidade e letalidade Maiores riscos de desnutrição e desidratação As causas mais comuns são as viroses, principalmente por Rotavírus (volumosas, com sangue), porém pode ser de origem bacteriana, fúngica, por protozoários, alergias… A principal complicação da diarreia é a desidratação, porém também pode levar a quadro de desnutrição Diarreia aguda aumenta o risco de desnutrição, a qual aumenta o risco da diarreia aguda; Fisiopatologia Diarreia Aguda 2 O acúmulo intraluminal de solutos pode causar uma diarreia osmótica Problemas na digestão de determinado alimento Maior quantidade de água na porção luminal Melhora com jejum Infecções virais costumam causar diarreia osmótica Aquosa Toxinas podem estimular a secreção ativa de eletrólitos (cloreto) pelos enterócitos —> Passagem de Sódio para compensar —> Passagem de água para o lúmen (Diarreia Secretória) Geralmente causada por exotoxinas Aquosa A diarreia invasiva ocorre pela inflamação da mucosa do cólon, causando menor absorção Pode levar a um quadro de disenteria Etiologia Diarreia aquosa Rotavírus Mecanismo osmótico —> Achatamento vilositário com diminuição das dissacaridases Tropismo pelas células do topo das vilosidades (Células mais maduras), causando seu achatamento Reduz o tempo de amadurecimento dos enterócitos (rapidamente chegam ao topo) Compromete a produção de dissacaridases Reduz a digestão de dissacarídeos Acúmulo de soluto no lúmen Diarreia Aguda 3 Mecanismo secretor —> Secreta enterotoxina que estimula a secreção de eletrólitos pelo enterócito Diarreia grave em crianças < 2 anos 💡 primeira infecção costuma ser mais grave Vômitos também podem ser comuns nos quadros de rotavírus Norovírus Relevantes na identificação de surtos de diarreia E. Coli As formas clínicas são distintas a depender do tipo de de E. coli Enterotoxigênica —> Leva a um quadro de diarreia secretória Incomum em países desenvolvidos Enteropatogênica —> Pode levar a quadro de diarreia persistente Vibrião Colérico —> Diarreia por mecanismo secretório Toxina com alto poder secretório 💡 Evacuação com aspecto de água de arroz, não havendo a formação das fezes Parasitas (Giardia) Não são causas frequentes de diarreia Disenteria Qualquer agente que causa disenteria pode causar diarreia aquosa, de modo que pode já iniciar-se como quadro de disenteria ou não causar em nenhum momento Shigella Diarreia Aguda 4 Principal causa de disenteria Mecanismo invasor na mucosa colônica, com reação inflamatória exuberante Febre Dor abdominal Tenesmo (vontade frequente de defecar com sensação de esvaziamento incompleto) Pode evoluir com sintomas neurológicas Pode evoluir com síndrome hemolítico-urêmica Lesão renal aguda Trombocitopenia Anemia microangiopática 💡 A toxina liberada pela bactéria causa dano no endotélio renal —> Formação de microtrombos (Redução da TFG e aumento do consumo de plaquetas) —> Lesão da hemácia ao passar pelos vasos —> Anemia microangipática (presença de esquizócitos) Campylobacter Principal agente infeccioso relacionado à síndrome de Guillains-Barre E. Coli Enteroinvasiva Êntero-hemorrágica Principal bactéria causadora da síndrome hemolítica urêmica Menor redução tecidual no cólon —> Disenteria sem febre Produtora da toxina de Segar Salmonella Diarreia Aguda 5 Maiores chances de desenvolver bacteremia Maiores riscos para pessoas com doenças graves em imunodeprimidos, menores de 3 meses ou pessoas com anemia falciforme Pode causar apenas diarreia aquosa Parasitas (Entamoeba Hystolitica) Clínica Verificar número de evacuações, presença de sangue, vômito, febre, duração… Verificar perda de peso da criança Até 5% —> Desidratação leve 5-10% —> Desidratação moderada > 10% —> Desidratação Grave < 2 meses, DM, Insuficiência renal, hepatopatias, vômitos frequentes, diarreias volumosas e sinais de desidratação são fatores de risco Classificar queixa dentro dos padrões de desidratação Avaliar Condição geral, sede, olhos e sinal da prega cutânea Grave Desidratada Sem desidratação Condição Letargia Irritada/agitada Sem a presença de sinais suficientes para classificar Sede Incapaz de beber Sedenta, aceitando líquidos com avidez Olhos Fundos ou muito fundos Fundos Sinal da prega cutânea (pinça na parede abdominal) Desaparece muito lentamente (>2 s) Desaparece lentamente (<2 s) Pulso Muito fraco ou Rápido e fraco Diarreia Aguda 6 pulso periférico ausente Lágrimas Ausentes Ausentes T. enchimento capilar > 5 segundos 3-5 segundos Plano C Plano B Plano A Pelo menos duas características Tratamento O uso de soluções glicossalinas Nas doenças diarreicas agudas o processo de absorção de sódio por transporte secundário da glicose é mantido —> Uso de solução glicossalina — > Permite o fornecimento de sódio e de glicose Soro caseiro (1 pitada de sal + 1 punhado de açúcar em 1 copo de água) —> Cerca de 45 mmol/L de sódio Evitar a desidratação, não sendo indicada em crianças já desidratadas Solução de reidratação oral (Sal de reidratação oral) —> Entre 75 e 90 Mmol/L de sódio Soluções Cristaloides (Fisiológicas) para uso EV Não é necessária a glicose para a hidratação parenteral Plano A —> Reidratação Oral Aumento da ingesta hídrica com ingesta do soro de reidratação oral após cada quadro diarreico Não é necessário realizar alteração da dieta Evitar a ingestão de líquidos hipertônicos para evitar perda hídrica Reavaliar se sinais de alerta ou sinais de perigo Piora da diarreia Vômitos repetidos Sede excessiva Diarreia Aguda 7 Recusa de alimentos Diminuição da diurese Disenteria < 1 ano —> 50-100 ml 1-10 anos —> 100-200 ml ≥ 10 anos —> Quantidade que o paciente aceitar Recomendar utilização de zinco por 10 dias Reduz o risco de recorrência pelos próximos 3 meses Reduz gravidade e duração do quadro < 6 meses —> 10 mg/dia ≥ 6 meses —> 20 mg/dia Plano B —> Reidratação oral em quadros de desidratação Administração contínua até que desapareça a desidratação 50-100 ml por Kg em um período de 4-6 horas Reavaliar paciente a cada uma hora Se persistência do quadro de desidratação ou piora —> Plano C Terapia de Reidratação Oral na unidade de saúde Solução de reidratação oral Não deve ser ofertado alimento, apenas leite materno se lactente Quando hidratada —> Alta com orientações para o plano A com solução de reidratação oral 💡 Mesmo se estiver com vômitos pode-se utilizar a TRO Plano C —> Reidratação Parenteral (Solução cristaloide) Diarreia Aguda 8 Maiores de 1 ano a reidratação é feita em 3h e menores de 1 ano em 6h (dobrar todos os períodos) Fase rápida de expansão 30 mL/kg de SF 0,9% em 30 minutos (ou 1 hora) Em seguida soro ringer lactato (na prática usa-se fisiológico) 70 ml/Kg por 2h 30 min (ou 5h) Se recém-nascido ou cardiopata grave —> Pode-se fazer 10 ml/Kg inicialmente Fase de manutenção para 24h Soro glicosado a 5% + SF (Proporção 4:1) + KCl 10% 2 ml para cada 100 ml de solução Até 10 kg —> 100 ml/kg 10-20 kg —> 1000 ml + 50 ml/kg que exceder 10kg > 20 kg —>1500 ml + 20 ml/kg que exceder 20 kg Com reestabelecimento da ingesta —> Diluição de 1:1 com 50 ml/kg/dia (Fase de reposição) Na fase de reposição usa 1ml KCl 19,1% para cada kg de peso da criança 💡 Utilizar 1 ml de KCl 19,1% para cada 100 mlde volume na fase de manutenção O uso de antibioticoterapia só é indicado com persistência dos sintomas e alterações no hemograma (Desvio à esquerda as custas de segmentados) —> Suspeita de infecção por Shigela (Disenteria + grave comprometimento do estado geral) ou Salmonela com fator de risco ou Cólera Ceftriaxona ou Ciprofloxacino (primeira escolha) - 15 mg/kg duas vezes ao dia por 3 dias Diarreia Aguda 9 Azitromicina (Segunda escolha) - 10 a 12 mg/kg no primeiro dia e 5-6 mg/kg a partir do segundo dia Antiemético —> Vômitos frequentes Ondansetrona - 0,1 mg/kg no plano B Uso de probióticos para reduzir o tempo de diarreia (florax, repoflor, provance, colikids, florabac) 💡 Racecadotrila —> Reduz a excreção de água e de eletrólitos. Nunca usar loperamida para quadros de diarreia aguda Em casos de diarreia persistente —> Avaliar redução de lactose
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