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QUALIDADE E INDICADORES DE DESEMPENHO LOGÍSTICOS UNIASSELVI-PÓS Autoria: Leonardo Jacques Indaial - 2021 1ª Edição J19q Jacques, Leonardo Qualidade e indicadores de desempenho logísticos. / Leonardo Jacques – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 150 p.; il. ISBN 978-65-5646-437-4 ISBN Digital 978-65-5646-438-1 1. Logística empresarial. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 658 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jairo Martins Jóice Gadotti Consatti Marcio Kisner Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2021 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 O Papel da Qualidade no Processo de Gestão ........................ 7 CAPÍTULO 2 As Ferramentas e os Programas Participativos de Qualidade Utilizados para o Gerenciamento da Qualidade ................................................................................ 53 CAPÍTULO 3 A Relevância da Utilização de Sistemas de Medição de Desempenho na Gestão da Logística ...................................... 103 APRESENTAÇÃO O mundo moderno é constituído de diversas culturas, crenças e hábitos, sendo que todos esses elementos apresentados estão interligados, de alguma forma, a um ponto central: à economia. Ao discutir a respeito da economia, fatalmente, serão abordadas fontes de geração de valor e de renda, dentre elas, a produção de bens e de serviços. A produção de bens e de serviços é composta por diversas variáveis (como a adequação e a utilização dos recursos humanos, os impactos causados por questões políticas e sociais, o avanço dos níveis tecnológicos etc.), e, para essas variáveis apresentadas, há um fator que, certamente, tem uma relação direta e significativa: a gestão da qualidade. O presente livro, Qualidade e Indicadores de Desempenho Logísticos, tem, como propósito, oferecer, a você, elementos que permitam ampliar os conhecimentos de gestão da qualidade, com foco no entendimento dos conceitos acerca do tema e na utilização de indicadores, especialmente, no que diz respeito à logística. Está dividido em três capítulos, sendo que cada um deles possui objetivos, conteúdos, atividades de estudo, dicas, sugestões e recomendações para uma efetiva aplicação dos assuntos. O primeiro capítulo será dedicado a uma revisão da qualidade e da gestão da qualidade, propriamente dita. Você poderá expandir os seus conhecimentos de qualidade total a partir de uma revisão de fatos e de eventos históricos que contribuíram para o desenvolvimento (como a origem do TQC – Total Quality Control). Obterá mais informações do papel de nomes expressivos no processo da gestão da qualidade, e, por fim, compreenderá a relevância da gestão da qualidade nas organizações, nas quais é dada ênfase à área de logística, operações e processos. No segundo capítulo, serão abordadas as ferramentas e os programas utilizados para o gerenciamento da qualidade, de grande contribuição no meio corporativo, à medida que a aplicação e o uso não apresentam elevada complexidade, e podem gerar resultados muito favoráveis. No terceiro capítulo, trabalharemos com a relevância da utilização dos indicadores de desempenho na gestão da logística, que nos ajudam a entender os pontos fortes e fracos nos processos da área (como gestão dos estoques, distribuição etc.), com impacto na qualidade entregue aos clientes e nos resultados da organização. Façamos todos uma excelente leitura, e bons estudos! CAPÍTULO 1 O Papel da Qualidade no Processo de Gestão A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: • Compreender a evolução da qualidade total ao longo dos anos. • Apresentar personagens importantes para o desenvolvimento da gestão da qualidade. • Ampliar os conhecimentos a respeito do TQC. • Identificar a relevância dos conceitos de gestão da qualidade nas atividades logísticas. 8 Qualidade e Indicadores de Desempenho Logísticos 9 O Papel da Qualidade no Processo de GestãoO Papel da Qualidade no Processo de Gestão Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO A gestão de qualidade é um elemento fundamental nas organizações, afinal, os clientes se apresentam, cada vez mais, exigentes e seletivos, e, ao mesmo tempo, os níveis de competitividade crescem, à medida que evoluem as tecnologias e se verificam as mudanças no mercado de trabalho. Tais condições nos indicam que, sem padrões adequados e sustentáveis, as organizações têm sérias dificuldades em se manter ativas em um cenário globalizado. Ao promover a gestão de qualidade no ambiente, os empresários definem, como estratégia, a busca por padrões e pela estabilidade, visando melhorar o desempenho das pessoas, dos processos e dos produtos, e, para tanto, utilizam filosofias e métodos que auxiliem para o cumprimento do desafio. O interesse e a busca pelo aprimoramento da qualidade não podem ser considerados uma condição recente, mas estabelecida há centenas de anos, obviamente, atentando-se aos recursos e às situações de cada período. Apontemos, aqui, o período das antigas civilizações, no qual houve o incansável empenho por obras e por construções, de sublime padrão, que agregavam arquitetura, engenharia, estética e segurança, e no período pós-guerra, sendo que os povos e as culturas, como a dos japoneses, careceram, de forma rápida e efetiva, adaptação àquilo que, ainda, havia restado após os impactos da Segunda Guerra Mundial. Na atualidade, há determinados “pilares” para a o efetivo entendimento da qualidade com as corporações, como a comunicação, a busca pela melhoria contínua e o uso de adequadas tecnologias, entretanto, são elementos que não podem ser considerados “novos”, à medida que já eram abordados desde as discussões introduzidas pelo TQC (Total Quality Control), desenvolvido por grandes pensadores e, ainda hoje, considerados “gurus” da qualidade, como Deming, Feigenbaum, Juran, Crosby e Ishikawa. Por fim, feitas todas essas considerações, é possível afirmar que a gestão da qualidade se encontra presente em todos os departamentos de uma organização, como na logística, a qual, em função de uma série de acontecimentos dos últimos anos (cite-se, aqui, a “Greve dos Caminhoneiros”, de 2018, e a própria pandemia do Coronavírus, que, infelizmente, ainda é uma realidade), obteve, ainda mais, papel estratégico e de protagonismo no ambiente empresarial. Dessa forma, neste primeiro capítulo, você encontrará as seguintes seções: as origens da qualidade, o TQC (Total Quality Control) e a qualidade e a relação dela com a logística. 10 Qualidade e Indicadores de Desempenho Logísticos 2 ORIGENS E DEFINIÇÕES DA QUALIDADE A definição de qualidade e o entendimento das origens são, sem dúvida, um grande desafio. Na epistemologia da palavra, qualidade procede do latim qualitas, ou qualitatem, termo criado por Cícero (filósofo e orador romano) quando traduzia obras de Platão. Tem, como base, o pronome qualis, que significa "de que natureza", propriedade ou condição natural das pessoas ou coisas pela qual se distinguem de outras, e que constitui a essência e a maneira de ser. Em termos filosóficos, a qualidade remete a características e a propriedades de uma realidade: formas, disposições, capacidadese incapacidades. Podemos dizer que, desde os primórdios, a civilização humana busca, incessantemente, pela qualidade, mas, por certo, não nos termos que conhecemos no nosso cotidiano. Como exemplos dessa “busca”, há diversos exemplos: • a perfeição na construção das pirâmides do Egito; • a durabilidade das obras de engenharia civil dos romanos; • os cálculos matemáticos precisos; • os padrões de beleza das obras de arte desenvolvidas por parte dos gregos, dentre tantos outros. A figura a seguir representará as pirâmides de Gizé, construídas por volta de 2650-2500 a.C., para servir de monumento funerário ao faraó Queóps. A construção faz parte da lista das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, e impressiona pela beleza e pela qualidade arquitetônica, pois é a única que permanece em pé e em bom estado de conservação, comparada aos outros monumentos da lista. FIGURA 1 – A QUALIDADE NA ARQUITETURA DOS EGÍPCIOS FONTE: <encurtador.com.br/lqzFO>. Acesso em: 24 abr. 2021. 11 O Papel da Qualidade no Processo de GestãoO Papel da Qualidade no Processo de Gestão Capítulo 1 Outro fato de grande representatividade na história, e que envolve as questões acerca da qualidade, é a citação no Código de Hamurabi (2150 a.C.), no qual está escrito que, “se um construtor ergue uma casa para alguém e o seu trabalho não for sólido, com a casa desabando e matando o morador, o construtor será imolado". 1 - Apresente mais informações a respeito das grandes obras ou dos eventos nos quais os aspectos de qualidade foram, e são, amplamente, contemplados e valorizados. 2.1 DEFINIÇÕES DA QUALIDADE De acordo com Gomes (2004), a qualidade é fácil de reconhecer, mas difícil de definir. Para Reeves e Bednar (1994), a qualidade não é simples de ser definida, à medida que é considerada intuitiva, e, por vezes, subjetiva. A interpretação a respeito dela depende do ponto de vista de quem a analisa, e, justamente, por essa razão, é comum um produto ou um serviço ter qualidade para uma pessoa, e não para outra. Mesmo assim, há diversos conceitos estabelecidos por parte de estudiosos acerca do tema, como o de Juran apud Campos (1992), ao mencionar que a qualidade consiste nas características dos produtos que vão ao encontro das necessidades dos clientes. Meredith e Shafer (2002) estabelecem a qualidade como um modo eficaz de produzir com bom preço, a custos baixos, atendendo e satisfazendo às necessidades dos clientes, tornando a empresa competitiva no mercado. Para Reeves e Bednar (1994), não existe uma definição global, portanto, diferentes percepções de qualidade surgem, de acordo com as mais diversas circunstâncias, tornando-a um fenômeno complexo. Para os autores, a qualidade pode ser estabelecida de diversas formas: qualidade como valor, como conformação de especificações, como conformação a requisitos prévios, como ajustamento do produto/serviço para o usuário, como redução de perdas, e como atendimento e/ou superação das expectativas dos consumidores. Com o intuito de estabelecer dimensões e abordagens a respeito da qualidade, o americano David A. Garvin, professor em Administração Empresarial, 12 Qualidade e Indicadores de Desempenho Logísticos em Harvard, e economista, pelo MIT (Massachussets Institute of Technology), desenvolveu estudos no sentido de obter ideias mais concretas a respeito do tema, e, como resultados: • as cinco abordagens para definição de qualidade; • as oito dimensões da qualidade. FIGURA 2 – DAVID A. GARVIN FONTE: <http://oaprendizdaqualidade.blogspot.com/2014/12/gurus- da-qualidade-david-garvin.html>. Acesso em: 24 abr. 2021. Confira as cinco abordagens da qualidade: • qualidade transcendental: a qualidade está relacionada à sensação de experimentar o produto, sendo um sinônimo de excelência inata e não podendo ser medida precisamente. O reconhecimento ocorre pela experiência e na relação com questões, como beleza, gosto e estilo do produto; • qualidade centrada no produto: a qualidade é vista como a presença de características que são requeridas pelo consumidor, uma variável precisa e mensurável. Assim, quanto mais atributos que diferenciem um determinado produto de outro semelhantes, melhor; • qualidade com base no valor: a qualidade é percebida em relação ao preço do produto. Enfatiza a necessidade de um produto bom a um preço aceitável, ou seja, o consumidor aceita um produto com pouca qualidade e mais barato ou aceita pagar mais para tê-la; • qualidade considerada pela produção: a qualidade está no fato de atender às especificações do projeto na fabricação de um produto, entregando-o “livre de erros”. Nesse caso, qualquer tipo de desvio gera, diretamente, a queda da qualidade. As melhorias realizadas na 13 O Papel da Qualidade no Processo de GestãoO Papel da Qualidade no Processo de Gestão Capítulo 1 qualidade, de acordo com essa abordagem, reduzem os custos de inspeção e os de retrabalho; • qualidade do ponto de vista do consumidor: a qualidade deve atender às necessidades e à conveniência dos consumidores. Esse enfoque tende a beneficiar todos os demais, pois, quando as empresas se preocupam com a marca (transcendental), a conformidade às especificações (produção), o valor oferecido maior do que o preço (valor), estão, automaticamente, preocupando-se com os clientes. O estudo desenvolvido por Garvin (2002), acerca das abordagens da qualidade, pode ser resumido, de acordo com o exposto a seguir: QUADRO 1 – AS CINCO ABORDAGENS DA QUALIDADE, DESENVOLVIDAS POR GARVIN Abordagem Conceito Transcendental A qualidade é sinônimo de excelência inata, e o reconhecimento ocorre pela experiência. Prioriza o público considerado “risco” e o status. Centrada no produto A qualidade é precisa e mensurável, e pode ser considerada a partir dos atributos do produto e das características requeridas pelo consumidor. Prioriza o público, tecnicamente, esclarecido. Com base no valor A qualidade é percebida em relação ao preço do produto – o consumidor aceita pagar menos ou mais por produtos com pouca ou muita qualidade. Prioriza o público, economicamente, esclarecido. 14 Qualidade e Indicadores de Desempenho Logísticos Considerada pela produção A qualidade é precisa e mensurável, e pode ser considerada a partir do grau de conformidade en- tre o planejado e o executado. Prioriza o mercado, em geral. Ponto de vista consumidor A qualidade é considerada quando produtos de qualidade atendem, melhor, aos desejos do con- sumidor. Prioriza o público majoritário. FONTE: Adaptado de Garvin (2002) Outra importante contribuição de Garvin (2002), no sentido de conceituar qualidade, é o estabelecimento das dimensões da qualidade. Sob o ponto de vista dele, diversas são as perspectivas que podem ser atribuídas a produtos ou a serviços para torná-los, ou não, adequados ao uso. Tais perspectivas não são exclusivas, são complementares, e, por vezes, não são aplicáveis, conforme o produto que se fornece, o serviço que se presta, ou, até mesmo, o interesse do cliente. As oito dimensões para a qualidade, segundo Garvin (2002), serão, devidamente, descritas na sequência: • Desempenho: Trata das características básicas de um produto ou de um serviço. Nessa dimensão, está a capacidade do produto de ser eficiente e efetivo. • Características: Tratam das especificações do produto ou do serviço, de acordo com aquilo que está definido por quem o está fornecendo. Existem, também, as características secundárias, as quais suplementam o funcionamento do produto, e, mesmo não sendo, totalmente, definidas, têm o poder de alterar as percepções dos clientes em relação ao produto ou ao serviço. • Confiabilidade: Reflete a probabilidade de mau funcionamento do produto, como tempo de falha, possibilidade de defeitos etc. De uma maneira geral, a interpretação pode ser a seguinte: quanto maior o índice de confiabilidade de um produto ou de um serviço, menora possibilidade de frustrar a expectativa do cliente. • Conformidade: Reflete o grau no qual um projeto e as características de um produto ou de um serviço se encontram, conforme os padrões 15 O Papel da Qualidade no Processo de GestãoO Papel da Qualidade no Processo de Gestão Capítulo 1 estabelecidos e a especificação. Com relação à conformidade, há duas abordagens distintas: o a primeira iguala conformidade ao cumprimento de especificações (está mais relacionada com o pensamento norte-americano); o a segunda iguala conformidade ao grau de variabilidade (está mais relacionada com os fabricantes japoneses e com o trabalho de Genichi Taguchi). • Durabilidade: Em outros tempos, quando a própria percepção de consumo era diferente, talvez, tenha sido uma das principais dimensões da qualidade, especialmente, por representar a vida útil de um produto. Tecnicamente, podemos definir durabilidade como o tempo pelo qual um produto mantém as características e um perfeito funcionamento, em condições normais de uso. • Atendimento: De todas as dimensões, pode ser considerada a mais empírica, de elevado poder para afetar a percepção dos clientes. Por exemplo, a rapidez no atendimento, a cortesia e a facilidade de ter um problema solucionado encantam os clientes, pois eles não se preocupam, somente, com a possibilidade de ter problemas com um produto ou um serviço, mas, também, com a eficiência do fornecedor ao sanar as eventuais dificuldades. • Estética: Outra dimensão empírica, afinal, também está, diretamente, relacionada ao ponto de vista do cliente, ou do público-alvo. Pode ser observada na aparência de um produto, no sentimento, na sensação e na experiência que ele provoca. • Qualidade percebida: Dimensão mais ligada à “reputação” de um fornecedor. Acredita-se que quem produz algo de qualidade reconhecida possa ser capaz de manter esse nível em outros produtos ou serviços. Está, diretamente, relacionada com outra dimensão já citada, a confiabilidade. O estudo desenvolvido por Garvin (2002), acerca das dimensões da qualidade, pode ser resumido, de acordo com o quadro que segue: QUADRO 2 – AS OITO DIMENSÕES DA QUALIDADE, POR GARVIN Dimensão Conceito Desempenho Faz menção às características operacionais básicas do produto, porém, esses atributos, muitas vezes, refletem preferências pessoais, assim, torna-se difícil a análise. 16 Qualidade e Indicadores de Desempenho Logísticos Característica Refere-se aos adereços ou às características secundárias, e sofre influência pessoal dos consumidores. Com frequência, as duas pri- meiras dimensões se confundem. Confiabilidade Está relacionada com a probabilidade de mau funcionamento de um produto ou de falha. Conformidade É entendida como o grau que um produto atende aos padrões preestabelecidos. Durabilidade Essa dimensão abrange o conceito de vida útil do produto. Atendimento É a dimensão de envolvimento direto com o consumidor, pois este é sensível à rapidez e à facilidade de reparo. Estética e Qualidade Percebida Embora sejam duas dimensões, ambas estão, intimamente, relacionadas com a percepção individual de cada consumidor, assim, é necessário lidar com a subjetividade. FONTE: Adaptado de Garvin (2002) As oito dimensões referidas contemplam uma ampla variação de conceitos da qualidade e que contribuem para explicar, ainda mais, as principais abordagens citadas anteriormente. O quadro a seguir demonstrará a correlação entre as abordagens e as dimensões da qualidade: QUADRO 3 – A RELAÇÃO ENTRE AS ABORDAGENS E AS DIMENSÕES DA QUALIDADE Abordagem Dimensão Centrada no produto Desempenho, Características e Durabilidade Ponto de vista do consumidor Estética, Qualidade Percebida Considerada pela produção Conformidade, Confiabilidade FONTE: Adaptado de Garvin (2002) 17 O Papel da Qualidade no Processo de GestãoO Papel da Qualidade no Processo de Gestão Capítulo 1 2.2 ERAS DA QUALIDADE É fato que a qualidade, de forma universal, é considerada algo que afeta a vida das organizações e dos indivíduos de uma forma positiva (GOMES, 2004). Assim, é fundamental a compreensão desse fenômeno de constante presença nas nossas vidas, e sujeito a diversas interpretações, especialmente, por se tratar de um importante instrumento de gestão empresarial em um cenário competitivo e repleto de variações. A qualidade não é novidade, afinal, a discussão a respeito dos conceitos, definitivamente, é longa. No que diz respeito à história, podemos dizer que a qualidade, da forma como a vemos hoje, intensifica-se com a Revolução Industrial e a disseminação da produção em série, movimentos que foram se desenvolvendo e fazendo com que os artesãos sucumbissem a partir da comparação com os novos modelos econômicos. Para Paladini (1995), as noções a respeito do tema foram evoluindo ao longo do tempo, dadas as especificidades que cada período apresentou na história do desenvolvimento humano. Segundo Garvin (2002), a qualidade é conceituada desde muitos anos atrás, entretanto, o entendimento e a relevância em relação às funções gerenciais, ainda, podem ser considerados recentes, isso porque, ao longo das últimas décadas, o papel da qualidade tem recebido diferentes interpretações, migrando de uma visão mais simplista, e com foco na inspeção, para um elemento fundamental para o sucesso da estratégia corporativa. Para a avaliação da evolução da qualidade, Garvin (2002) estabelece uma classificação temporal para diferentes períodos da história, denominada de 4 Eras da Qualidade: Inspeção, Controle da Qualidade, Garantia da Qualidade e Gestão Estratégica da Qualidade, ou Qualidade Total. A era da Inspeção se concentrava nos séculos XVIII e XIX, nos quais a fabricação era, fundamentalmente, artesanal, e baseada na habilidade dos trabalhadores. A consequência era uma produção de baixos volumes, podendo, esses volumes, ser ajustados manualmente e com inspeção informal. A era do Controle da Qualidade tinha, como objetivo, produzir qualidade, de acordo com as especificações. Naquele período, já havia a produção considerada “em massa”, e, diferente da era da Inspeção, o cliente/consumidor já não tinha contato com o produtor. A obra Economic Control of Quality of Manufactured Product, de W. A. Shewhart, tornou-se referência para essa era, pois abordava a qualidade de 18 Qualidade e Indicadores de Desempenho Logísticos maneira científica, com referências de definições, técnicas, avaliações e melhorias da qualidade. O controle estatístico de qualidade ganhou força e aumentou o número de adeptos a partir da Segunda Guerra Mundial, e, nos anos 1940, o controle da qualidade se tornou, então, patamar de disciplina reconhecida. Na Era da Garantia da Qualidade, a qualidade passou a desempenhar uma função mais completa, não apenas focada na produção fabril, passando a ter características gerenciais. A ideia era não somente manter a qualidade estável, mas, também, melhorá-la, sempre que possível. Nessa era, surgiram as primeiras ferramentas (gráficos, controles e planos de amostragem), e, por isso, caracterizou-se por quatro importantes elementos: • quantificação dos custos da qualidade; • controle total da qualidade; • engenharia da confiabilidade; • zero defeito. A quarta era, Gestão Estratégica da Qualidade, ou Qualidade Total, desenvolveu-se à medida que os gestores norte-americanos avaliavam a necessidade de inserir a qualidade no processo de planejamento estratégico para auxiliar no “combate” aos concorrentes, especialmente, os japoneses, os quais se recuperavam no cenário econômico mundial. Nessa era, a qualidade passou a ser associada à rentabilidade e vista como parte integrante das necessidades dos clientes, e não somente do que era estabelecido nos departamentos internos (ou seja, efetuar pesquisas de mercado regulares; o estudo da concorrência se tornou fundamental para atingir tal objetivo).O quadro, na sequência, apresentará um resumo das “Eras da Qualidade”, levando em consideração algumas das principais características de cada uma delas: QUADRO 4 – AS ERAS DA QUALIDADE E AS CARACTERÍSTICAS As Eras da Qualidade Identificação de característi- ca Inspeção Controle da Qual- idade Garantia da Qual- idade Gestão Estratégica da Qualidade, ou Qualidade Total Preocupação básica Verificação Controle Coordenação Impacto Estratégi- co 19 O Papel da Qualidade no Processo de GestãoO Papel da Qualidade no Processo de Gestão Capítulo 1 Ênfase Uniformidade do produto Uniformidade do produto com pou- ca inspeção Toda a cadeia de produção, desde o projeto até o mercado Necessidades do mercado e do con- sumidor Responsável pela qualidade Departamento de Inspeção Departamentos de Produção e de Engenharia Todos os departa- mentos, embora a alta gerência só se envolva, perifericamente, com o projeto, o planejamento, e a execução das políticas de qual- idade Todos na empre- sa, com a alta gerência com forte liderança Orientação e abordagem Inspeção da qualidade Controle da qual- idade Construção da qualidade Gerência da qual- idade Métodos Instrumento de medição Instrumentos e técnicas estatísti- cas Programas e siste- mas Planejamento es- tratégico, estabe- lecimento de obje- tivos e mobilização da organização Papel dos profissionais da qualidade Inspeção, clas- sificação, conta- gem e avaliação Solução de prob- lemas e aplicação de métodos es- tatísticos Mensuração da qualidade, plane- jamento da quali- dade e projeto de programas Estabelecimento de objetivos, edu- cação e treinamen- to, trabalho con- sultivo com outros departamentos e delineamento de programas FONTE: Adaptado de Garvin (2002) 20 Qualidade e Indicadores de Desempenho Logísticos A seguir, abordaremos a forma através da qual a gestão da qualidade, o TQC (Total Quality Control) e alguns dos idealizadores contribuíram para estruturar e organizar esses novos conceitos. 3 GESTÃO DA QUALIDADE E TQC (TOTAL QUALITY CONTROL) Como já observado, no período anterior às fábricas, o artesanato representava o principal meio de organização do processo produtivo de utensílios utilizados no cotidiano, como móveis, ferramentas e roupas. Os artesãos produziam bens para comercialização, de acordo com os conhecimentos deles, geralmente, adquiridos por meio de ensinamentos familiares ou de um mestre. Eram responsáveis por todas as etapas de fabricação de uma mercadoria, ou seja, adquiriam matérias- primas, confeccionavam os produtos e os vendiam aos interessados, sendo que a produtividade dependia, exclusivamente, do ritmo e das habilidades. FIGURA 3 – O TRABALHO ARTESÃO PRÉ-REVOLUÇÃO INDUSTRIAL FONTE: <http://industriaearte.blogspot.com/>. Acesso em: 24 abr. 2021. O livro O Artífice, de Richard Sennett, é uma leitura apropriada para ampliar o entendimento acerca do trabalho do artesão. 21 O Papel da Qualidade no Processo de GestãoO Papel da Qualidade no Processo de Gestão Capítulo 1 Naquele mesmo período, não havia um padrão para as mercadorias, e o comércio local tinha condições de optar entre a qualidade e a oferta (como a demanda dos pedidos era limitada, as produções eram feitas com tempo, sem pressões para a realização das entregas, e boa parte da população se sentia satisfeita com o que era oferecido). Tal cenário gerava produções pouco volumosas e com “padrões” de qualidade mais estáveis, à medida que cada bem poderia ser manuseado/revisado antes da disponibilização àquele que estivesse o adquirindo. Em meados do século XVIII, surgiram, na Inglaterra, as primeiras fábricas consideradas “modernas”, com os equipamentos movidos pela energia das máquinas a vapor, desenvolvidas pelo inglês James Watt. FIGURA 4 – MÁQUINA A VAPOR USADA NA INDÚSTRIA TÊXTIL - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL FONTE: <encurtador.com.br/pVZ68>. Acesso em: 24 abr. 2021. Por intermédio dessa mudança, o trabalho humano, em atividades repetitivas e individualizadas, e que exigia o uso da força física, passou a ser substituído pela força da máquina. Era o início da Revolução Industrial, período que ficou marcado pelo desenvolvimento tecnológico que transformou o estilo de vida da humanidade, estabelecendo um novo padrão de consumo na sociedade e nas relações de trabalho. Com a Revolução Industrial, o cenário de manufatura passou por transformações significativas, especialmente, no que diz respeito à forma de produzir: o incremento de novas tecnologias, por meio de maquinários atualizados (especialmente, na indústria têxtil), e o aprimoramentos das técnicas de produção, foram responsáveis por questões, como a otimização do tempo, e, 22 Qualidade e Indicadores de Desempenho Logísticos consequentemente, os ganhos de produtividade, que contribuíam, diretamente, para a redução de custos. A produção, a qual, até então, era considerada “artesanal”, foi substituída pela produção em massa, com larga escala e pouca variedade, e condicionava os fabricantes a uma significativa mudança nas formas de produzir, de comercializar e de garantir, ao cliente, produtos de qualidade. De certa forma, tal condição se tornou uma ameaça no que diz respeito à qualidade, à medida que os artesãos, assim como outros trabalhadores (camponeses, por exemplo), foram incorporados, massivamente, a um modelo de trabalho no qual a remuneração passou a ser condicionada de acordo com os volumes entregues, dando margem a pedidos com padrões não conformes. Seriam precisos novos conceitos de gestão, para viabilizar ambas as condições (quantidade x qualidade), de forma a não comprometer aquele que, agora, já poderia ser denominado de consumidor final. A gestão da qualidade teve desenvolvimento, de forma mais efetiva, a partir dos anos 1950, no Japão, sendo um dos grandes marcos, para tal desenvolvimento, a Segunda Guerra Mundial. No “pós-guerra”, ao ter grande parte da população dizimada, e ao ver os próprios recursos naturais e tecnológicos para produção limitados, o Japão se submeteu aos termos determinados pelos Estados Unidos, e foi tomado por tropas americanas. Sob o protetorado americano, a política econômica do banqueiro Joseph Dodge cortou o crédito de muitas empresas japonesas, mergulhando o país em uma profunda deflação. A Toyota, uma das corporações mais expressivas da época, registrou perdas de 110 milhões de ienes em novembro de 1949 e em março de 1950. Até meados do século XX, os produtos japoneses eram reconhecidos por ser baratos, de baixa qualidade e com reputação duvidosa, aspectos que transmitiam, aos clientes, muita insegurança. À época, a qualidade, no Japão, era obtida através da inspeção. Nesse contexto, era necessário reconstruir a nação que havia sido devastada durante o período de confrontos, e, para tanto, seriam fundamentais estratégias de impacto em diversos segmentos, como a união, entre os empresários, para a reestruturação da indústria japonesa e a inserção de novos métodos de trabalho na indústria. Em 1946, por intermédio de Kenichi Koyanagi e de Ichiro Ishikawa, foi criada a JUSE (Japanese Union of Scientist and Engineers), entidade que se tornou o centro de difusão das atividades de controle da qualidade no Japão. Os principais objetivos dessa entidade eram a revitalização da indústria japonesa, por meio do 23 O Papel da Qualidade no Processo de GestãoO Papel da Qualidade no Processo de Gestão Capítulo 1 uso da tecnologia estrangeira, e o posterior uso na economia interna. Os japoneses propuseram, também, uma série de medidas, dentre elas, a padronização de processos, como a forma da cultura organizacional. Essa padronização esteve presente nos processos produtivos e com um papel de alta relevância para a redução de custos e para a maximização da produtividade (era fundamental a utilização, ao extremo, de todosos recursos). Outro aspecto significativo, quanto à padronização, estava na relação dela com a qualidade. Justamente, por não haver uma restrição de recursos, os trabalhos executados deveriam ser assertivos, eficazes, afinal, talvez, não houvesse a disponibilidade de novas matérias-primas, e, até mesmo, de mão de obra, para a execução de novos lotes de produção, tornando a eficiência e a eficácia imprescindíveis para cada fase. Naquele momento, originou-se uma série de ajustes com o intuito de reconquistar o mercado, surgindo, então, um dos mais significativos movimentos para a padronização do controle de qualidade, intitulado de TQC (Total Quality Control), o qual, na visão de Campos (1992), pode ser entendido como uma filosofia administrativa/empresarial de atuação em todos os setores de uma empresa, e, dentre as principais características (ou inovações) na relação com os sistemas de controle anteriores, destacam-se: • Satisfação do cliente como um dos objetivos principais durante todo o processo (da produção à venda). • Sistema de aperfeiçoamento contínuo (o conceito surgiu no Japão, e uma das premissas foi a de que um dia de trabalho não poderia passar sem que algum tipo de melhoria fosse feita em algum lugar das organizações). • Integração entre funcionários e setores, promovendo um ambiente mais saudável e menos discriminatório entre todos. • Valorização do respeito ao trabalhador. Segundo Campos (1992), o TQC é baseado, essencialmente, em um programa de educação e de treinamento, através do qual todas as pessoas da empresa devem mudar a maneira de pensar. Por essa razão, os japoneses optaram por convidar especialistas para fortalecer determinados conceitos com as empresas e as equipes, por meio de eventos de qualificação e de compartilhamento de conhecimento. 24 Qualidade e Indicadores de Desempenho Logísticos Serão apresentados, a seguir, personagens importantes da história da qualidade, os quais, em função da contribuição para o desenvolvimento da filosofia e dos processos de gestão, receberam o título de “gurus” da qualidade. 3.1 OS “GURUS” DA QUALIDADE Conheça, a seguir, os nomes mais conhecidos: • Williams E. Deming Para contribuir com todo esse processo de reconstrução e para a capacitação dos trabalhadores, os japoneses receberam, após a guerra, o estatístico e professor americano Williams E. Deming, um dos idealizadores do TQC, e considerado, ainda hoje, um dos estrangeiros responsáveis pelos maiores impactos na indústria e na economia do país oriental no século XX. De acordo com Akio Morita, um dos cofundadores da Sony, Deming foi o “santo patrono” do controle da qualidade japonês. FIGURA 5 – WILLIAMS E. DEMING FONTE: <https://www.google.com/search?q=foto+de+deming&tbm=isch &source=iu&ictx=1&fir=eqzvVCwuYW3ZuM%252CWN5mhdNHaIaEmM %252C_&vet=1&usg=AI4_-kThH0Ni>. Acesso em: 24 abr. 2021. O professor Deming recebeu, nos anos 1950, um convite da JUSE (União de Cientistas e Engenheiros Japoneses), entidade privada e sem fins lucrativos, que se tornaria o centro das atividades de controle de qualidade do país. O objetivo do convite era ministrar cursos para a aplicação da estatística para a melhoria da qualidade, o que, por consequência, levou, aos altos executivos do Japão, ensinamentos de como melhorar projetos e qualidade do produto, apresentando e aplicando métodos estatísticos, como a análise de variantes e o teste de hipóteses. 25 O Papel da Qualidade no Processo de GestãoO Papel da Qualidade no Processo de Gestão Capítulo 1 Por meio do trabalho desenvolvido com a entidade, foi capaz de transmitir a ideia de que a melhoria da qualidade era o caminho da prosperidade, e à medida que aprimorava a produtividade, contribuía para a redução dos custos e auxiliava na expansão do mercado (o que pôde ser percebido na década de 1970, com a penetração da economia japonesa nos mercados ocidentais). O legado de Deming, para a gestão da qualidade, é observado por meio das obras publicadas e por métodos, até hoje, considerados contemporâneos. Em uma das obras, intitulada de Out of the Crisis, ou Superando a Crise, de 1982, expôs um método para a administração da qualidade, com a exposição de quatorze princípios, os quais seguem sendo muito utilizados por gestores dos mais diferentes segmentos: • Entregar a constância de propósito: Estimular firmeza de propósito no sentido de melhorar a qualidade dos produtos e dos serviços e fomentar competitividade, permanência no mercado e geração de empregos. • Adotar uma nova filosofia: Assumir as responsabilidades e tomar a liderança no empreendimento de mudanças e para a geração contínua de melhorias. • Não depender da inspeção em massa: Não depender dos mecanismos de inspeção e de controle para garantir qualidade, ou seja, eliminar a necessidade de inspeção em larga escala, o que pode ser alcançado se a qualidade for embutida no próprio produto. • Extinguir a aprovação com base nos preços: Abandonar a prática de escolher fornecedores, exclusivamente, através dos preços, mas minimizar os custos totais, e procurar trabalhar com apenas um fornecedor, estabelecendo, com ele, uma relação de lealdade e de confiança. • Melhorar, de forma contínua, o sistema produtivo: Melhorar, constantemente, o sistema de produção de bens e de serviços, maximizando a qualidade e a produtividade, e reduzindo os custos. • Instituir o treinamento: Instituir programas de treinamento e de qualificação no ambiente de trabalho. • Fomentar a liderança: Maximizar a qualidade de pessoas e de máquinas, e, por isso, a importância de melhorar as técnicas de supervisão dos executivos e dos times de produção. • Afastar o medo: Eliminar a sensação de medo para que todos possam trabalhar de forma eficiente e eficaz. • Quebrar as barreiras entre os departamentos: Os departamentos de pesquisa, engenharia, vendas e produção devem trabalhar em equipe e procurar se antecipar aos problemas de produção e de funcionamento dos bens e dos serviços. 26 Qualidade e Indicadores de Desempenho Logísticos • Eliminar os “slogans” e as metas: Extinguir os que se referenciem aos colaboradores níveis “zero” de falhas na produtividade, afinal, tais citações apenas geram possíveis inimizades e desconfortos, visto que as principais causas das baixas qualidade e produtividade se encontram no sistema de metas preestabelecidas. • Eliminar as quotas numéricas: Acabar com os padrões e as quotas de produção nas unidades de produção, a administração por objetivos e a por números (metas numéricas). • Ter orgulho da mão de obra: Eliminar barreiras que privam o colaborador de se orgulhar da qualidade do trabalho. As lideranças devem se orientar por números, mas, também, pela qualidade, e eliminar os entraves que privam executivos e engenheiros do direito de saberem que fazem um ótimo trabalho. Isso significa abolição da administração por objetivos e por avaliações de mérito anuais. • Estimular a formação e o aprendizado: Instituir um programa de educação e autodesenvolvimento ativo e eficaz. • Tomar iniciativa para realizar a transformação: Incentivar o comprometimento de todos, com o intuito de implementar as transformações, pois elas são um trabalho da equipe. Prezado pós-graduando, a obra Out of Crisis, de Deming, é excelente para enriquecer os conhecimentos acerca da qualidade. Sugerimos que você realize uma pesquisa mais aprofundada acerca dos 14 princípios de Deming. Certamente, ajudará para um entendimento, ainda melhor, da gestão da qualidade. Deming foi o responsável por desenvolver a ferramenta PDCA (Plan, Do, Check, Action), idealizada pelo engenheiro Walter Shewhart, nos anos 1920. Considerado completo e eficiente, o ciclo PDCA é um dos mais conhecidos para ajudar na execução do planejamento estratégico das empresas, e recomendado para o aprimoramento contínuo da qualidade dos produtos e dos serviços. 27 O Papel da Qualidade no Processode GestãoO Papel da Qualidade no Processo de Gestão Capítulo 1 O PDCA está fundamentado em um ciclo, com atividades planejadas e recorrentes, para melhorar os resultados, ou atingir as metas estabelecidas, por isso, não possui um fim predeterminado. Dentre os princípios, está a ideia de tornar, mais claros e ágeis, os processos envolvidos na execução da gestão, especialmente, para identificar as causas dos problemas e as possíveis soluções. De acordo com Campos (1992), o PDCA está dividido, de acordo com as fases a seguir: • Plan (planejamento): O ciclo tem início com a definição de um plano, baseado em alguma diretriz ou política da empresa. Nesta fase, escolhe- se um processo, ou um problema a ser tratado. No planejamento, pode- se observar outras etapas, como: o Identificação do problema: É realizado todas as vezes que a empresa se depara com um resultado (efeito) indesejado, provindo de um processo (conjunto de causas). o Estabelecimento de meta: O problema é, sempre, a meta não alcançada, sendo a diferença entre o resultado atual e um valor desejado, chamado de meta. Toda meta a ser definida deve ser constituída de três partes: o objetivo gerencial, o prazo e o valor. o Análise do fenômeno: É feita a análise detalhada do problema detectado e das características dele, por meio de fatos e de dados, devidamente, coletados. o Análise do processo (causas): Buscam-se as causas mais importantes que provocam o problema, através da análise das características essenciais. o Plano de ação: Aparece o produto de todo processo, referente à etapa PLAN, na qual estão contidas, com detalhes, todas as ações que precisam ser tomadas para se atingir a meta inicial proposta. • Do (execução): A execução do plano consiste no treinamento dos envolvidos com o método a ser empregado, na execução propriamente dita e na coleta de dados para análise posterior. Assim como no planejamento, a fase possui subdivisões: o Treinamento: Quando o plano é divulgado para todos os envolvidos antes da execução. o Execução da ação: Quando o plano é executado. (Durante essa execução, devem ser feitas verificações periódicas, com os intuitos de manter o controle e de eliminar possíveis dúvidas que possam ocorrer ao longo da execução). 28 Qualidade e Indicadores de Desempenho Logísticos o Check (verificação): A análise, ou a verificação dos resultados obtidos e dos dados coletados é feita. Pode ocorrer, concomitantemente, com a realização do plano, quando se verifica se o trabalho está sendo feito da forma devida, ou após a execução, quando são feitas as análises estatísticas dos dados e a verificação dos itens de controle. Importante frisar que, nesta fase, podem ser detectados erros ou falhas. o Action (ação corretiva): Realizam-se as ações corretivas, ou seja, há a correção das falhas encontradas no passo anterior, e através do processo de padronização das ações executadas, cuja eficácia é verificada anteriormente. Ressalta-se que, nesta fase, inicia-se, novamente, o ciclo, caracterizando, então, o processo de melhoria contínua. 1 - Para a fixação do conhecimento a respeito do Ciclo PDCA, desenvolva, aqui, um pequeno case, no qual você possa aplicar a técnica na sua organização. Para contribuir no entendimento do ciclo PDCA, poderá ser visualizado, de acordo com a figura na sequência: FIGURA 6 – O CICLO PDCA FONTE: Adaptada de Campos (1992) 29 O Papel da Qualidade no Processo de GestãoO Papel da Qualidade no Processo de Gestão Capítulo 1 • Armand V. Feigenbaum Ainda, ao se discutir a respeito do TQC, é imprescindível citar o nome do americano Armand V. Feingenbaum, mestre e doutor pelo M.I.T (Massachussets Institute of Technology), agraciado, em 2008, com uma das maiores honras possíveis ao cidadão americano, a Medalha Nacional de Tecnologia e Inovação. De acordo com Carvalho e Paladini (2005), Feigenbaum obteve projeção internacional a partir da publicação do livro Total Quality Control, no qual apresentou os princípios do TQC, os quais, na sequência, transformariam os entendimentos quanto às práticas de qualidade nas organizações. A contribuição, também, é referendada pela difusão do conceito de que a qualidade nada mais é que a soma dos esforços de todas as organizações para contemplar o cliente. FIGURA 7 – ARMAND V. FEIGENBAUM FONTE: <encurtador.com.br/cJKO4>. Acesso em: 24 abr. 2021. Segundo as premissas estabelecidas por Feingenbaum, o TQC é um sistema eficaz para integrar os esforços de desenvolvimento, de manutenção e de melhoria da qualidade dos vários grupos em uma organização, de modo a permitir produtos e serviços com níveis mais econômicos, que permitam a plena satisfação do cliente. Por intermédio dos estudos dele, o professor Feingenbaum, também, motivou significativas mudanças ao demonstrar, por meio dos números e da linguagem financeira, que a ausência de qualidade, nas empresas, “custava caro”, em função dos expressivos custos com os retrabalhos e com os desperdícios de materiais. Uma representação dessa sentença é o desenvolvimento do que ele chamou de “Fábrica Oculta”. 30 Qualidade e Indicadores de Desempenho Logísticos Com o conceito de “Fábrica Oculta”, Feigenbaum (1994) defendeu que a não utilização de métodos que evitassem o retrabalho e o desperdício de materiais reduziria, significativamente, o potencial de produção, com determinadas fábricas podendo perder até 40% de produção. Esse conceito permanece nos dias de hoje, e serve como base para a análise de perda de capacidade produtiva, aplicação dos métodos de Lean Manufacturing e esforços para redução dos desperdícios. • Joseph M. Juran É preciso mencionar outro nome respeitável para o desenvolvimento do TQC, como o do romeno naturalizado americano Joseph M. Juran, responsável por estudos que, até hoje, servem como base para aqueles que são entusiastas da qualidade. O professor Juran estabeleceu, como foco, a apresentação de seminários aos administradores japoneses, e, com isso, expandiu a visão para as funções adequadas para promover a qualidade nas organizações do país oriental. FIGURA 8 – JOSEPH M. JURAN FONTE: <encurtador.com.br/jFIV7>. Acesso em: 24 abr. 2021. Dentre as contribuições mais expressivas dele, está o desdobramento dos conceitos de qualidade. Segundo Juran e Gryna (1991), a qualidade pode ser entendida como a conformidade entre o que o cliente deseja e o que o produto oferece, promovendo, então, a satisfação com o produto. Também, estabeleceu 31 O Papel da Qualidade no Processo de GestãoO Papel da Qualidade no Processo de Gestão Capítulo 1 que a qualidade é capaz de ser observada como a ausência de deficiência nos produtos ou nos serviços oferecidos, e pode ser definida das seguintes formas: • Qualidade do projeto: Atenção às pesquisas de mercado, às concepções de produto e às especificações de projeto. • Qualidade de conformidade: Atenção à tecnologia, ao potencial humano e ao gerenciamento. • Serviços de campo: Atenção à pontualidade, à competência e à integridade. Juran foi um dos pioneiros nas discussões a respeito dos custos inevitáveis (prevenção e avaliação) e evitáveis da qualidade (falhas internas e externas). Juran e Gryna (1991) afirmam que os custos da qualidade são aqueles que não existiriam se o produto fosse fabricado de forma perfeita na primeira vez, estando associados a falhas na produção que levam ao retrabalho, ao desperdício e à perda de produtividade. Também, desenvolveu a chamada “trilogia da qualidade”, considerada a base da gestão. A premissa é a de que, para a obtenção da qualidade, uma organização precisa seguir processos gerenciais considerados básicos: planejamento, controle e melhoria. • O planejamento da qualidade está relacionado aos processos de definição dos objetivos de qualidade, e de quais são os planos e as ações a serem realizados para o alcance disso. • O controle da qualidadeestá relacionado com o processo de avaliação daquilo que é planejado e do que é executado, comparando com os objetivos já definidos e buscando corrigir possíveis divergências que acontecem ao longo do caminho. • A melhoria da qualidade está relacionada com a melhoria dos níveis atuais de desempenho, o que consiste em, sempre, buscar a inovação através de processos de aprendizado e de correção das não conformidades. A “Trilogia da Qualidade” é um tema de grande importância para a gestão da qualidade. Procure conhecer um pouco mais a respeito do assunto, você não vai se arrepender! 32 Qualidade e Indicadores de Desempenho Logísticos Para contribuir com o entendimento da “trilogia da qualidade”, esta poderá ser visualizada, de acordo com a figura a seguir: FIGURA 9 – A TRILOGIA DA QUALIDADE FONTE: Adaptada de Juran e Gryna (1991) • Philip B. Crosby O americano Philip B. Crosby, também, pertence a esse “hall” de prestigiados autores relacionados à qualidade. Diferente dos demais “gurus” já apresentados, não era considerado um estudioso quanto à qualidade, mas um gestor em busca de bons resultados. Talvez, por esse motivo, na visão dele, as ações voltadas para o desenvolvimento da qualidade deveriam ser, amplamente, estimuladas pelos níveis mais altos da organização, no sentido de proporcionar o engajamento necessário para a fixação dos conceitos. FIGURA 10 – PHILIP B. CROSBY FONTE: <encurtador.com.br/xIPS6>. Acesso em: 24 abr. 2021. 33 O Papel da Qualidade no Processo de GestãoO Papel da Qualidade no Processo de Gestão Capítulo 1 Crosby (1994) definiu qualidade de forma sucinta, ao dizer que “qualidade é conformidade com os requisitos”, ou seja, se um determinado produto contempla todos os requisitos, de acordo com o padrão dele, ele, certamente, pode ser considerado um produto de qualidade. A frase “fazer certo da primeira vez” era uma das premissas de gestão dele, afinal, se o produto fosse fabricado, corretamente, na primeira vez, não existiriam desperdícios, e a qualidade não seria onerosa às organizações. O conceito de “Defeito Zero” foi muito divulgado e propagado por Crosby, o qual, resumidamente, consistia na ideia de que a ausência de defeitos deveria ser o padrão de desempenho dos sistemas de gestão. Para Crosby (1994), quando um produto apresenta defeitos, surge um gasto adicional, por parte da empresa, para a correção dele ou a produção de uma nova peça. O caminho seria um trabalho intenso de prevenção, com os defeitos sendo antecipados, evitados e não contabilizados. Para Crosby, considerar a possibilidade de erros, de maneira antecipada, poderia, realmente, fazer com que eles viessem a ocorrer. • Kaoru Ishikawa O japonês Kaoru Ishikawa, nascido em Tóquio (1915), formou-se engenheiro químico pela Universidade de Tóquio, e, anos depois, viria a ser um dos integrantes do corpo docente dela. A carreira, no mundo corporativo, iniciou em 1941, na Companhia de Combustível Líquido Nissan, na área da qualidade, e, em 1978, tornou-se presidente do Instituto de Tecnologia de Musashi. Foi membro da JUSE, e, ainda hoje, é considerado um dos principais expoentes da qualidade no Japão e no mundo. FIGURA 11 – KAORU ISHIKAWA FONTE: <https://blogdaqualidade.com.br/gurus-da-qualidade- kaoru-ishikawa/>. Acesso em: 24 abr. 2021. 34 Qualidade e Indicadores de Desempenho Logísticos A representatividade dele é tão considerada que, em 1993, a ASQ (American Society for Quality), uma das mais significativas autoridades mundiais em qualidade, criou, em homenagem a ele, o prêmio Medalha de Ishikawa. Tal reconhecimento é concedido, de forma anual, para indivíduos que tenham desempenhado liderança excepcional na melhoria dos aspectos humanos de qualidade. São diversas as contribuições de Ishikawa para o desenvolvimento da qualidade, sendo que todas elas, mesmo elaboradas há décadas, permanecem contemporâneas, à medida que possuem um elevado grau de aplicabilidade, não somente no ambiente industrial, mas, também, em diversos segmentos da economia mundial. Uma das primeiras contribuições dele foi a disseminação dos CCQ´s (Círculos de Controle de Qualidade), conceito criado com outros membros da JUSE, e que tem, como objetivo principal, a motivação dos ser humano. Segundo Campos (1992), os CCQ´s são círculos, ou grupos de pessoas que, ao buscar a causa dos problemas da qualidade, acabam por praticar o controle da qualidade. Para Ishikawa (1985), os principais fundamentos do CCQ são: • Ser composto de um grupo pequeno e voluntário, que conduz atividades de controle de qualidade dentro da mesma área de trabalho. Os participantes de grupos de CCQ não possuem uma remuneração formal, mas prêmios pelas disponibilidade e aplicação, como presentes, diplomas, participação em eventos com a diretoria etc. • Esse pequeno grupo deve conduzir, de forma contínua, o autodesenvolvimento, para a realização de melhorias no ambiente de trabalho. • Deve utilizar, para o desenvolvimento das atividades, algumas técnicas estabelecidas na gestão da qualidade, como o “brainstorming”, durante as reuniões de trabalho. O “brainstorming”, também denominado de “tempestade de ideias”, proporciona, aos participantes dos grupos de CCQ, liberdade para exposição e debate de sugestões e de ideias. Os CCQ´s obtiveram um alto nível de difusão entre as empresas japonesas, e foram, então, apontados como um dos principais fatores responsáveis pela alavancagem de desempenho. Durante as décadas de 1970 e de 1980, a aplicação e a utilização se expandiram, e passaram a fazer parte dos sistemas de gestão de empresas de países da Ásia, da Europa, da América do Norte e da América Latina. 35 O Papel da Qualidade no Processo de GestãoO Papel da Qualidade no Processo de Gestão Capítulo 1 Outro importante legado do trabalho de Ishikawa, no que diz respeito à qualidade, é a organização, além da divulgação das tão conhecidas ferramentas, denominadas de “7 ferramentas da qualidade”. De fato, as ferramentas já eram utilizadas no meio organizacional, entretanto, Ishikawa foi o responsável por uma espécie de “compactação” daquelas que eram consideradas mais efetivas nos mais diferentes segmentos, elaborando, então, um conjunto próprio, o qual, segundo ele, poderia solucionar até 95% dos problemas organizacionais. Além disso, com o desenvolvimento destas, qualquer trabalhador, ao se preocupar com a aplicação real dos métodos aos quais elas pertenciam, poderia propiciar o aperfeiçoamento do controle da qualidade. As sete ferramentas da qualidade são as seguintes: • Gráfico de Pareto. • Diagramas de Ishikawa. • Histogramas. • Folhas de verificação. • Gráficos de dispersão. • Fluxogramas. • Cartas de Controle. Todas essas ferramentas merecem destaque, e, por esse motivo, serão trabalhadas, de forma mais aprofundada, no segundo capítulo desta obra. Todavia, convém fazer uma explanação especial acerca do Diagrama de Ishikawa. Criado na década de 1960, é, comumente, interpretado como simples e abrangente em termos de utilização para encontrar a causa principal de um problema, e recebeu o nome de “Espinha de Peixe”, pelo fato de a forma visual se assemelhar a um esqueleto de peixe. O efeito (problema) se encontra disposto na “cabeça”, e os efeitos se encontram nas “espinhas”. O Diagrama de Ishikawa, ou “Espinha de Peixe”, poderá ser contemplado, com detalhes, de acordo com a ilustração a seguir: 36 Qualidade e Indicadores de Desempenho Logísticos FIGURA 12 – DIAGRAMA DE ISHIKAWA, OU “ESPINHA DE PEIXE” FONTE: Adaptada de Campos (1992) 1 - Busque mais informações a respeito dos “gurus” da qualidade e das contribuições deles para o processo de gestão. 4 QUALIDADE E RELAÇÃO COM A LOGÍSTICA Não há dúvida de que estamos vivendo um momento extremamente dinâmico, caracterizado pela alta competitividade, resultante da globalização, da evolução tecnológica, da instabilidadeno mercado de trabalho e das necessidades cada vez mais evoluídas dos consumidores. Nesse sentido, os padrões de exigência se tornam cada vez mais elevados, fazendo com que critérios, como qualidade, eficiência/eficácia e agilidade, nos processos, assumam uma posição de protagonismo no cenário econômico, sejam eles internos ou externos. Para esse contexto, manter níveis de serviço adequados, que atendam às demandas dos clientes, passou a ser, para as organizações, um diferencial. Na logística, por exemplo, tais condições podem ser, prontamente, verificadas, pois, ao oferecer serviços de qualidade e desempenho estável quanto à performance nas entregas, premissas que, normalmente, são estabelecidas pela organizações, e que contemplam, diretamente, o público consumidor, no que 37 O Papel da Qualidade no Processo de GestãoO Papel da Qualidade no Processo de Gestão Capítulo 1 tange às necessidades e aos desejos, a obtenção de prosperidade e de bons resultados clientes são, quase, uma certeza. Para Gomes e Ribeiro (2004), ao entregar serviços logísticos de qualidade, é possível dizer que a organização consegue atingir um nível de serviço planejado e altamente confiável pelo cliente, sendo que a satisfação dele é o aspecto que define o objetivo principal de todo o processo logístico, com a entrega do produto certo, no lugar certo, no momento certo e com o menor custo possível. Ainda, acerca da logística, é factível citá-la como uma área que, nos últimos anos, vem recebendo especial atenção por parte das organizações, uma vez que o foco em operação tem migrado para uma visão mais estratégica, tendo em vista as novas demandas de mercado. Nesse contexto, a gestão de qualidade, nos processos logísticos, seguramente, deve figurar como uma preocupação constante. É preciso que os gestores estejam cientes da necessidade de aprimorar normas e procedimentos na armazenagem e na distribuição, e, para isso, adquiram ferramentas e métodos que propiciem e assegurem a evolução dos negócios. Neste tópico, trabalharemos com a relação da qualidade com a logística, sob os pontos de vista da gestão dos estoques e do transporte de cargas/distribuição. 4.1 QUALIDADE NA GESTÃO DOS ESTOQUES Acerca das operações logísticas, a preocupação com as questões que envolvem a qualidade pode ser observada em diversas ocasiões, como na gestão dos estoques, afinal, conforme Wanke (2003), é considerada um elemento fundamental para a redução, para o controle dos custos totais e para a melhoria do nível de serviço prestado pelas empresas. De acordo com Rodrigues e Oliveira (2008), a gestão de estoques tem reflexos diretos e significativos na eficiência operacional (desempenho) e nas finanças da empresa, portanto, deve estar alinhada aos objetivos organizacionais e, para tanto, necessita-se conhecer os tipos de estoque e os controles. Segundo Dias (2010), a gestão de estoques visa elevar o controle dos custos e melhorar a qualidade dos produtos armazenados na empresa, ou seja, a qualidade desses estoques é, sem dúvida, um ponto primordial. Para Borges, Borges e Campos (2010), um dos principais motivos para se ter um bom planejamento, além do controle e da qualidade, é o grande impacto financeiro que é possível alcançar através do aumento da eficácia e da eficiência das operações da organização. 38 Qualidade e Indicadores de Desempenho Logísticos Em função de todas essas observações, os itens armazenados não podem ser vistos, apenas, como materiais ou objetos passíveis de transformação ou posterior venda, mas como uma fração expressiva de capital investido por parte do empresário, e, de certa forma, uma parte da imagem da empresa perante o consumidor final. Para Ballou (1993), o estoque não é composto, apenas, pelos produtos que estão armazenados nos depósitos, mas, também, pelos produtos que estão expostos nas prateleiras, em exposição para o consumidor. Assim, nada mais assertivo que interpretar a gestão de estoque como uma operação- chave, desenvolvendo métodos de controle que eliminem as ineficiências e os problemas de qualidade que possam vir a causar perdas e custos não planejados, condição fundamental nos estudos de logística. Pode-se dizer que há diversos métodos de controle de estoque que, se utilizados corretamente, impactam no caixa da empresa, nos custos operacionais e na qualidade dos materiais armazenados. Seja qual for o método que uma empresa empregue ou venha a empregar, as metas, para a gestão de estoque, são verdadeiras, independentemente do segmento ou do produto. Segundo Viana (2000), para qualquer que seja o método de controle de estoque, é fundamental a plena observância das rotinas em prática, a fim de evitar problemas de controle, com consequências no inventário, que redundam em prejuízos para a empresa. Controle de estoque é o procedimento adotado para registrar, fiscalizar e gerir a entrada e a saída de mercadorias e de produtos em uma indústria ou no comércio. Na concepção de Ballou (1993), existem diversos meios ou métodos para controlar os níveis de estoque sem que a qualidade e o nível de serviço prestado pela empresa sejam comprometidos, e, ao mesmo tempo, possibilitem minimizar, ao extremo, os custos de manutenção desse mesmo estoque. Dentre esses meios ou métodos, podemos destacar a análise ABC e a realização dos inventários físicos. 4.1.1 Análise ABC e qualidade nos estoques De acordo com Ching (1999), são diversas as técnicas que podem ser aplicadas ao controle de materiais. Para o autor, o estoque necessita de acompanhamento constante, e o capital estocado e os custos operacionais podem ser diminuídos, à medida que entendermos que não são todos os itens que merecem a mesma atenção. Isso significa que determinados objetos 39 O Papel da Qualidade no Processo de GestãoO Papel da Qualidade no Processo de Gestão Capítulo 1 possuem uma demanda maior do que outros, fazendo com que cada item receba uma classificação, de acordo com os requisitos de demanda e de custo. Para o atendimento desse propósito, utiliza-se o método da curva, ou análise ABC. O método da curva ABC foi idealizado pelo economista, sociólogo e engenheiro italiano Vilfredo Pareto, em 1897, e teve origem a partir de estudos estatísticos a respeito da renda de pessoas de diversos países. Pareto observou que uma parcela da população dos países em questão (em torno de 20%) concentrava muita riqueza (cerca de 80%). No restante, percebeu regularidade na distribuição da renda dos países. Esse fato propiciou o estabelecimento de um princípio segundo, a partir do qual o maior percentual da renda de um país, em torno de 80%, concentrava-se nas mãos de uma pequena parte da população, cerca de 20%. A empresa General Electric realizou uma adaptação do Princípio de Pareto para a administração de materiais dela, classificando-a como curva ABC. Segundo Dias (2010), a curva ABC tem sido usada não só para a administração de estoques, mas, também, para a definição de políticas, estabelecimento de prioridades para a programação da produção e para uma série de outros problemas usuais na empresa. A análise ABC se tornou, então, um dos métodos mais representativos para classificar itens, eventos ou atividades, de acordo com a importância relativa. Para Ballou (1993), a análise ABC (ou curva 80-20) se trata de um conceito, particularmente, valioso para o planejamento logístico, afinal, contribui para selecionar e focar a atenção e o controle em um número reduzido de fatores, causas ou itens, sendo que os aspectos envolvendo quantidade e qualidade dos estoques são muito aprimorados a partir da utilização dela. Segue um exposto que representará a Curva ABC. 40 Qualidade e Indicadores de Desempenho Logísticos GRÁFICO 1 – A CURVA ABC FONTE: Adaptado de Gonçalves (2016) Um dos principais benefícios dessa análise é proporcionar, ao trabalho dos gestores de controle de estoque, a decisãocerta de compra, baseando-se nos resultados obtidos pela curva ABC. Por consequência, tem-se, também, a otimização da aplicação dos recursos financeiros e dos materiais, além da realização de melhorias na forma de armazenagem, evitando desperdícios ou aquisições indevidas, favorecendo o incremento nos índices de lucratividade. 4.1.2 Inventário físico e qualidade nos estoques De acordo com Martins e Campos Alt (2009), o inventário físico é outra ferramenta valiosa para a gestão dos estoques (para a obtenção de acuracidade em relação às quantidades indicadas nos sistemas de controle e para a avaliação da qualidade dos itens). O processo de inventário, realizado de forma eficiente, colabora para a manutenção dos níveis ideais de estoque, de acordo com os objetivos e as demandas das corporações, indicando e corrigindo os itens de maior perda. Em termos de operação, consiste na contagem física de todos os itens do estoque, levando em consideração o período de referência determinado pela gestão. Caso seja detectada alguma divergência no que diz respeito à quantidade ou ao valor do estoque, além das características e das propriedades dos materiais, os departamentos envolvidos (na maioria dos casos, logística, 41 O Papel da Qualidade no Processo de GestãoO Papel da Qualidade no Processo de Gestão Capítulo 1 qualidade e controladoria) devem tomar as devidas providências, realizando ajustes, correções, ou, até mesmo, sucateamento. A realização de tais contagens, via de regra, ocorre por intermédio de equipes de operação que, preferencialmente, devem ter um nível mínimo de conhecimento em relação aos materiais inventariados e aos ambientes de armazenagem (ainda, é comum observar, em eventos de inventário, colaboradores recrutados às pressas, desatualizados quanto aos graus de importância e de responsabilidade em relação ao que devem executar nas próximas horas ou dias, dependendo do volume de itens, devidamente, inventariados. Detalhes como esses são importantes à medida que trazem forte credibilidade no momento das avaliações dos números/percentuais encontrados, sejam eles positivos ou negativos). Também, é importante que as equipes, além do conhecimento dos materiais e do ambiente, tenham, à disposição, equipamentos que possam contribuir na realização da atividade de forma produtiva e assertiva. Com a evolução da tecnologia na área de logística, o uso de coletores de dados e de softwares é, cada vez mais, presente, com prévias e resultados finais disponibilizados on time, trazendo um acréscimo de qualidade e de produtividade em comparação há alguns anos. FIGURA 13 – REALIZAÇÃO DE INVENTÁRIO COM COLETOR DE DADOS FONTE: <http://brasil3.com.br/a-importancia-do-coletor-de-dados- no-inventario-de-estoque/>. Acesso em: 24 abr. 2021. Assim, é pertinente uma organização prévia da atividade, com ajustes de tarefas e de responsabilidades, afinal, todas as divergências encontradas e lançadas têm reflexo direto nos resultados institucionais. Osawa (2018) destaca boas práticas para a realização de um inventário: • Organização: Estoques organizados minimizam erros de contagem, portanto, investir tempo, na preparação, contribui com os resultados. Em momentos que antecedem a uma realização das contagens, algumas corporações determinam que as equipes de contagem façam uma pré-avaliação dos ambientes, observando se os materiais possuem as devidas identificações, se não há equipamentos/máquinas em frente e 42 Qualidade e Indicadores de Desempenho Logísticos as estruturas de armazenagem (prateleiras, porta paletes, drive-ins), minimizando riscos e dificuldades futuras. • Metodologia: É preciso escolher uma metodologia de contagem que garanta a acuracidade desejada (a contagem “peça a peça”, geralmente, é a mais recomendada). • “Contagem cega”: Todas as contagens precisam ser “cegas”, ou seja, as equipes de contagem (ou o contador), preferencialmente, não devem saber o saldo de estoque, sob pena de ter uma indução aos resultados. • Inventários rotativos: O controle fica melhor, as ações têm mais rapidez e a qualidade do inventário geral pode ser medida mais rapidamente. De fato, à medida que há uma sistemática de inventário rotativo ativa na organização, os inventários gerais não devem apresentar grandes “surpresas”, pois as divergências, em tese, já estão sendo tratadas por parte dos gestores. • Análise dos inventários: É necessário fazer a validação dos inventários, desde a contagem geral até o saldo contábil. • Auditoria: Durante o inventário, é importante que as contagens sejam auditadas para medir a qualidade e para identificar eventuais desvios de processo. Algumas organizações, de acordo com os valores envolvidos em estoque, optam pela contratação de instituições especializadas em auditoria, para acompanhar as equipes de contagem, com o intuito de validar todo o processo. • Divergência: É muito importante fazer a comparação do saldo de estoque com a contagem realizada no dia do inventário. Postergar a análise e os “fechamentos” das contagens pode comprometer todo o processo e desqualificar o resultado final. • Visões de análise: A equipe de análise de inventário necessita apresentar diversas visões de análise, para evitar constatações precipitadas e sem “profundidade”. Normalmente, as visões de análise se relacionam aos valores absolutos (quantidade de peças divergentes), ou valores financeiros, contudo, é salutar, também, considerar, por exemplo, o quão satisfatório, ou não, está o estado de qualidade das peças contadas. • Análise da diferença em módulo: Deve-se ter atenção para a soma das perdas e das sobras, desprezando o sinal (muitas vezes, um índice baixo de perdas pode ser enganoso, pois são resultados de sobras altas que podem ocorrer por erros e por contagem ou por saldo de estoque irregular). O bom desempenho de um processo de inventário pode ser resultante de uma combinação de fatores dispostos, conforme a figura a seguir. Os elementos principais estão adaptados ao Diagrama de Ishikawa: 43 O Papel da Qualidade no Processo de GestãoO Papel da Qualidade no Processo de Gestão Capítulo 1 FIGURA 14 – ADAPTAÇÃO DOS ELEMENTOS DE UM PROCESSO DE INVENTÁRIO PARA O DIAGRAMA DE ISHIKAWA FONTE: O autor Para a avaliação da atividade de inventário e a interpretação da efetividade, costumam ser realizadas reuniões (podem ser operacionais, táticas ou estratégicas, dependendo do nível de colaboradores envolvidos) para a análise dos resultados encontrados. Nessas reuniões, podem ser tomadas diversas decisões, como o simples “aceite” dos números verificados, a elaboração de planos de ação para a resolução de divergências mais graves, e a estruturação (ou acompanhamento) de indicadores que possam ser utilizados para cada ciclo de realização de inventários. 1 - Descreva, aqui, as boas práticas que você já utiliza na sua organização, e aquelas que, ainda, podem ser implementadas para o sucesso dos eventos de inventário. 4.2 QUALIDADE NO TRANSPORTE DE CARGAS/DISTRIBUIÇÃO O transporte de cargas/distribuição e a gestão de frotas são elementos que, assim como a gestão dos estoques, podem e devem ser considerados pontos- chave para o resultado das organizações, merecendo, então, atenção especial por parte daqueles que têm funções de comando. 44 Qualidade e Indicadores de Desempenho Logísticos Nas palavras de Gurgel (2008), o transporte é o elo essencial entre a expedição da empresa e o cliente, sendo que os esforços para elevar a produtividade e aprimorar a qualidade das entregas, ao consumidor final, podem ser comprometidos pela ineficiência do transporte de abastecimento e de distribuição. Postulam, Leone e Leone (2007), que a distribuição de produtos sempre foi uma atividade necessária em toda a história do homem, assim, não é exagero afirmar que ela é um ponto de destaque para as empresas e para o consumidor. Conforme Bertaglia(2016), a gestão de frotas é um componente importante no processo de administração dos transportes, já que a movimentação de carga tem peso significativo na formação dos custos logísticos e na qualidade do serviço. A gestão da qualidade contribui com todos os elementos citados ao definir instrumentos que viabilizem e tornem, mais eficientes e eficazes, os processos logísticos que, com eles, interagem, ou que, deles, dependem, ou seja, para assegurar a efetividade no tempo e na qualidade das entregas, decisões, como a contratação, ou a estruturação de parcerias com transportadores qualificados, é primordial, especialmente, se estes operam com sistemas de gestão padronizados e preparados, tecnologicamente, para enfrentar as adversidades que o transporte, normalmente, enfrenta. Quanto ao aspecto tecnológico, há significativos investimentos realizados com o intuito de garantir as entregas, disponibilizando informações em tempo real, com segurança e precisão (aspectos relevantes para o atendimento de qualidade e a eficácia). De acordo com Bertaglia (2016), a eficiência, a eficácia e o desempenho da frota precisam ser avaliados constantemente, afinal, impactam na distribuição, e muitos são os fatores que influenciam nessa avaliação, sendo, um dos mais representativos, a definição de métodos e de programas de roteirização de cargas. Essa ferramenta, sendo utilizada de maneira eficaz, proporciona benefícios satisfatórios à empresa, organizando as diferentes restrições de uma rota e outras formas de distribuição de produtos e de serviços para os clientes. 4.2.1 Roteirização de cargas e qualidade nos custos e nos serviços Segundo Novaes (2007), os métodos de roteirização, em grande parte, foram desenvolvidos e receberam o nome dos próprios idealizadores, e, dentre os sistemas de roteirização mais utilizados, estão o método Clarke & Wright, e o método de “Varredura”. Por meio deles, é possível efetuar o planejamento das rotas de maneira eficiente, para que a execução possa ser realizada da melhor forma possível. 45 O Papel da Qualidade no Processo de GestãoO Papel da Qualidade no Processo de Gestão Capítulo 1 O método de “Varredura”, segundo Novaes (2007), é heurístico, de fácil utilização, pois apresenta uma sequência lógica para a aplicação, podendo se associar com um software para a roteirização e o cálculo do menor percurso, permitindo, assim, precisão e qualidade dos dados obtidos. Realizado por meio computacional, contempla as seguintes fases: • Utilizar o armazém como o ponto central e estabelecer um eixo horizontal, devendo, este, ser perpendicular àquele ponto. • Girar o eixo em sentido horário, ou anti-horário, até a localização de um cliente. • Experimentar os clientes potenciais, analisando se isso pode ser incluso no plano de rotas. • Com a impossibilidade de inclusão, iniciar um novo roteiro, com o encerramento do anterior. • Aplicar, para cada roteiro, o método 3-opt, com a finalidade de reduzir o caminho a ser percorrido. Conforme Ballou (2006), o método de “Varredura” é recomendável pela facilidade de resolução de problemas de maneira rápida e eficaz, e apresenta uma margem de erro de 10%, sendo aceitável quando se pretende estabelecer uma solução ótima absoluta. No entanto, apresenta, como desvantagem, a maneira através da qual os roteiros são formados. É um processo de dois estágios: em primeiro lugar, atribuem-se as paradas a cada veículo, para, só depois, estabelecer- se a sequência dessas paradas nas estradas. Em função desse processo de dois estágios, questões de tempo, como a duração total da viagem, e a atribuição de janelas de tempo, não são, adequadamente, tratadas. Observe a roteirização pelo método de “Varredura”: FIGURA 15 – VISUALIZAÇÃO DE ROTEIRIZAÇÃO PELO MÉTODO DE “VARREDURA” FONTE: Adaptada de Novaes (2007) 46 Qualidade e Indicadores de Desempenho Logísticos Na prática, a roteirização, no transporte, é a forma de designar o processo para a determinação de um ou de mais roteiros ou sequências de paradas a serem cumpridos por veículos de uma frota, objetivando visitar um conjunto de pontos, geograficamente, dispersos. Para Wu (2007), a roteirização se fundamenta em determinar um conjunto de rotas, de baixo custo, que atenda às necessidades dos nós (que podem ser considerados pontos de ônibus, depósitos etc.). Ainda, leva em consideração as restrições operacionais, como capacidade dos veículos, duração das rotas, janelas de tempo, duração da jornada de trabalho etc. Os sistemas de roteirização estão entre os maiores investimentos em tecnologia por parte das operações logísticas, e fornecem benefícios em qualidade não somente para aqueles que estão prestando o serviço, mas para os que contratam. Com um sistema de roteirização bem planejado e gerenciado, faz-se o melhor uso dos recursos existentes por meio de entregas inteligentes e controle das rotas, possibilitando a criação de territórios e de rotas rentáveis. Tais condições geram reduções dos custos logísticos e melhoria do nível de serviço. De acordo com a figura a seguir, será possível perceber, na prática, casos reais de sucesso, devido à aquisição de sistemas de roteirização. Serão apresentadas as empresas contratantes com o devido ramo de atuação, os problemas carentes de resolução, os sistemas utilizados, e, por fim, os resultados alcançados. 47 O Papel da Qualidade no Processo de GestãoO Papel da Qualidade no Processo de Gestão Capítulo 1 QUADRO 5 – OS SISTEMAS DE ROTEIRIZAÇÃO E OS RESULTADOS FONTE: Adaptado de Melo (2000) Todavia, mesmo constatando os benefícios dos sistemas de roteirização, é indispensável a realização, por parte dos gestores, de uma avaliação de cenários para a concretização do investimento, visto que, em boa parte dos casos de insucesso, ou do não atingimento do planejamento, observa-se falta de orientação, e, até mesmo, de informações em relação às características dos produtos disponíveis no mercado. Sugere-se, então, que, ao optar pela execução do plano de investimento, determinados questionamentos já tenham sido realizados e, apropriadamente, respondidos internamente, como: 48 Qualidade e Indicadores de Desempenho Logísticos Quanto à decisão de aquisição e ao uso dos sistemas/tecnologias: • Quais são os reais objetivos da aquisição? • Quais critérios devem ser adotados à seleção do sistema? • É mais apropriado desenvolver um sistema ou adquirir um dos disponíveis no mercado? • Quais são os reais problemas a serem solucionados? • Que tipos de problemas/vantagens essa aquisição pode trazer? Quanto aos sistemas/tecnologias: • Quais são os sistemas/tecnologias disponíveis no mercado? • Quais são as principais características de cada produto? • Possuem aderência aos nossos processos de trabalho? Quanto ao processo de implementação: • Em quantas fases é feita a implantação? • Quais os profissionais que devem ser envolvidos? • Quais as tarefas e as atividades a serem desenvolvidas? • Em que momento (prazo) podem ser vistos os primeiros resultados? 1 - Explique de que forma os sistemas de roteirização contribuem para o acréscimo dos níveis de serviço, e como seria possível implementar na sua organização. Feitas todas essas considerações, é preciso citar que há diferentes formas de avaliar o resultado da qualidade nos processos logísticos, sendo, a elaboração e o acompanhamento de indicadores de desempenho, as mais utilizadas, em função da aplicabilidade e do relacionamento direto com a gestão. Os indicadores, à medida que implementados, servem, como referência, aos gestores, para a manutenção e/ou a melhoria de todo o processo em eventos próximos. Para Campos (1992), os indicadores são medidas que representam ou quantificam um insumo, um resultado, uma característica ou o desempenho de 49 O Papel da Qualidade no Processo de GestãoO Papel da Qualidade no Processo de Gestão Capítulo 1
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