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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE PEDAGOGIA ABIGAIL NORONHA BORGES DE ARAÚJO SAÚDE EMOCIONAL DO EDUCADOR E SUA DESMOTIVAÇÃO PROFISSIONAL MANAUS 2020 ABIGAIL NORONHA BORGES DE ARAÚJO SAÚDE EMOCIONAL DO EDUCADOR E SUA DESMOTIVAÇÃO PROFISSIONAL Trabalho de Conclusão de Curso de Pedagogia, apresentado como exigência da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso Orientador(a): Débora Rodrigues Barbosa MANAUS 2020 RESUMO As escolas estão em constante mudança devido a globalização, pois a partir dela surgem mudanças sociais e tecnológicas. Por isso, a necessidade de pesquisas voltadas a saúde e condições do trabalho dos docentes no mundo e principalmente no Brasil. Conforme pesquisas e relatos diários de professores sobre constrangimentos, restrições de sua autonomia, desgastes físicos e afins, instigou a curiosidade de investigar e abordar o tema sobre a relação do professor ao seu processo de trabalho e o que fomenta a sua desmotivação com a profissão, ao ponto de levar o abandono da profissão ou migrar para outras atividades que não estejam vinculas com a escola propriamente dita e as doenças físicas, psíquicas e emocionais adquiridas no decorrer de sua jornada pedagógica. Palavras chave: Saúde. Trabalho Docente. Saúde emocional. 4 1 INTRODUÇÃO A escolha do tema se deu pela importância de uma pesquisa voltada para as causas de desmotivação do educador na sua área de atuação. Sua relevância é agregar no âmbito escolar, ajudar os professores e trazer para o centro da discussão o conceito de saúde emocional e como ela pode impactar diretamente os educadores e, por outro lado, a ausência dessa discussão pode significar o agravamento de situações que comprometem o profissional no contexto educacional. As emoções são a fonte de orientação, autenticidade e energia humana se bem direcionadas, podem oferecer sabedoria intuição e caso o oposto potencializar doenças emocionais, psíquicas e até mesmo físicas. Sabendo-se a importância desse tema, o presente trabalho visa por meio de bibliográficas identificar a realidade existente no âmbito escolar nas escolas brasileiras e os principais causadores das doenças emocionais nos professores. É importante questionar em determinado momento da profissão como docente, discente ou pesquisador: O que fomenta a desmotivação na área profissional? E nesse contexto é necessário considerar o quanto nossos docentes tem competência emocional, referente suas frustrações, problemas e vicissitudes que são causadas no exercício de sua jornada docente. Finalizando, o principal objetivo é apresentar as principais características que leva o docente a ficar desmotivado. 5 2 METODOLOGIA O presente trabalho foi realizado com base bibliográfica, por meio de artigos, livros e revistas bibliográficas, por isso o caráter do mesmo é qualitativo. Os principais autores lidos para desenvolver e basear foram: Lowen (1979), Henry Iroux (1997), Esteve (1999), Chiavaneto (1999), Novaes (2000), Martins (2001), Freire (2001), Sato (2002), Rios (2002), Libâneo (2003), Monteiro (2004), Codo, Aydin (2012), entre outros. Com base nesses autores foi possível realizar, trazer a luz e refletir sobre o tema proposto. 6 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA MOTIVAÇÃO Antes de aprofundar o tema sobre Saúde emocional do Educador é necessário pontuar e conceituar o termo motivação, pois é a partir dela que entendesse o sentido de satisfação ou insatisfação profissional oriundo de desgastes emocionais. A palavra motivação deriva do latim motivus, movere, que significa mover. Em seu sentido original, a palavra indica o processo pelo qual o homem é incentivado por algum tipo de motivo ou razão. Motivo e emoção são palavras com o mesmo intuito e raiz, com isso é necessário salientar que todo o homem se sente motivado por algo ou alguma coisa. A motivação para o trabalho é um estado de disposição e interesse de realizar uma tarefa ou algo. A pessoas está motivada para seu trabalho se estiver com disposição para realizar ou pensamentos positivos para realizar. Segundo Stone e Freeman (1996, p. 6) apontam que a “motivação são fatores que provocam, canalizam e sustentam o comportamento do indivíduo”, ou seja, a motivação do trabalho garante que ele esteja apto para realizar o resultado esperado da melhor forma possível. Chiavenato (2003) diz que as pessoas são diferentes quando se trata de fatores motivacionais, as necessidades mudam porque as pessoas são diferentes de uma para outra, produzindo padrões de comportamento, valores sociais e afins. O principal autor a estudar a motivação humana foi Maslow, ele criou a pirâmide das necessidades humanas. A pirâmide de Maslow apresenta etapas da motivação, onde seu inicio é por meio das necessidades básicas até a autorrealização. Chiavenato (1999) apresenta algumas evidencias causadoras da motivação no trabalho, sendo elas: horário de trabalho, intervalo, conforto físico, permanência no emprego, remuneração e benefícios, trabalho seguro, chefe amigável, interação com colegas, promoções, orgulho, reconhecimento, 7 responsabilidade, diversidade, participações de decisões, diversidade, autonomia e por fim satisfação total, porém nem sempre esses objetivos são alcançados. DESMOTIVAÇÃO Por muitos anos, as pessoas têm falado sobre falta de motivação no trabalho e organizações atormentadas. Segundo Maciel & Sá (2007), a influência da motivação pode causar sérios problemas para as organizações e indivíduos. Furtado e Junior (2010) apontam que a principal causa de frustração é que muitas pessoas não possuem os conhecimentos necessários para realizar as tarefas propostas pela agência e as condições de trabalho são precárias. Esses fatores levam ao estresse e à falta de motivação no local de trabalho. Outro fator apontado por Aydin (2012) é que existem muitas atividades que afetam a renda porque geram insatisfação, baixa renda e insegurança. Leal e Teixeira (2009) enfatizam que realizar diversas tarefas pode causar insatisfação entre os trabalhadores. Para reforçar Cabral (2014), as necessidades humanas nem sempre são atendidas, o que leva à depressão, agressão, baixa autoestima, pessimismo, resistência e insegurança. Outro autor que buscou entender a motivação para a dispensa de empregos foi Oliveira (2009), que descreveu o salário como um dos principais fatores, pois para ele as pessoas gravemente feridas eram desestimuladas, diminuindo a receita da empresa em que trabalhava. Feijó (2012) destacou que a falta de motivação é causada pelo excesso de atividade, que leva ao estresse. Leal & Teixeira (2009) afirmam que as razões para a falta de motivação no trabalho são ambientes de trabalho instável, falta de segurança no trabalho e habilidades de liderança deficientes. Por fim, Oyedele (2012) disse que a falta de consciência faz parte da desmotivação. 8 BREVE FATORES QUE DESMOTIVAM O DOCENTE O setor de ensino exige contatos simples e profundos entre as pessoas envolvidas no processo educacional. Nesse processo, a energia é liberada, na maioria das vezes a maioria dos profissionais fica exausta e sente que apesar de toda a dedicação, o resultado não é o melhor. Quando o professor se depara com a falta de reconhecimento e resultados frustrantes, ele tende a entrar no processo de proteção, pois não deseja mais se envolver emocionalmente em seu ambiente profissional. O estado emocional dos professores é preocupante. Quando estão constantemente sob pressãodevido às necessidades profissionais, surge uma série de problemas ou compromissos biopsicossociais: O trabalho realizado não só dentro das salas de aula, mas também nos intervalos, observando e acompanhando os alunos, demanda um esforço maior que acaba por sobrecarregar os professores. Por falta de outros horários, é nos intervalos que eles se reúnem com pais ou são procurados pelos próprios alunos com dúvidas sobre as matérias ou querendo expor conflitos de ordem pessoal. O professor acaba sendo o gerenciador de situações que, muitas vezes, fogem ao seu controle por despreparo. (MELEIRO, 2002, p.17) Em relação aos professores, diante da insatisfação ou da lacuna entre o que são forçados a fazer e o que podem fazer, costumam reclamar de seu sofrimento, que é exacerbado pela falta de reconhecimento de seus esforços perante as instituições de ensino. Segundo Batista e Codo (2002, p. 8), as dúvidas sobre suas habilidades profissionais corrompem o cérebro do professor, pois ele passa o tempo lutando pela realidade social e material do trabalho para poder ensinar seus alunos, esforço e custo. As emoções e os gostos pessoais são elevados, os resultados podem nem ser satisfatórios, os alunos podem nem mesmo aprender e o trabalho não é prestado atenção. 9 Os professores brasileiros enfrentam as seguintes dificuldades: baixos salários, ambiente de trabalho instável, poucas perspectivas de desenvolvimento de carreira, trabalho extremamente importante e exaustivo, mas não reconhecido; a situação da educação no Brasil é preocupante. Além das dificuldades, os professores também enfrentam o desinteresse dos alunos. O docente não consegue se alegrar com que ele próprio ensina, não se encanta com os alunos sejam eles crianças, jovens e adultos. E a indisciplina na sala de aula cresce quando os alunos perdem o interesse na aula, eles buscam na indisciplina uma forma de manifestação de suas insatisfações como discentes. O professor na tentativa de controle da situação chega a usar do autoritarismo sem sentido e assim um mal-estar toma conta do sistema educacional diante disso, afirma que: O brasileiro não encontra mais uma rede de sustentação social para o exercício de seu mandato: todos os milhões de professores deste país estão sozinhos. Por mais que se reúnam em associações de classe, por mais que se façam programas e programas de melhoria do ensino e de qualidade total, por mais que busquem cursos e cursos de aprimoramento profissional, os professores continuam irremediavelmente sozinhos. Sabe-se que todo exercício profissional exige, para sua boa execução, que se estenda sob ele uma rede imaginária e simbólica que liga, articula, organiza, valoriza, prestigia, e, portanto, atribui significação a pratica individual de seus participantes. Pois bem: a rede estendida sob a educação está aos pedaços. (KUPFER, 2001, p. 143) O declínio da qualidade do ensino básico não se deve apenas aos documentos oficiais e à instabilidade da formação inicial de vários professores, mas também à baixa qualidade da formação. Para formar profissionais da educação, é necessário educação, investimento contínuo e sistemático. Não porque o acúmulo de currículo e tecnologia podem garantir excelentes profissionais da educação, mas pelo processo reflexivo e crítico da prática educativa e da intervenção nas próprias condições de trabalho. Apesar das políticas governamentais apresentarem preocupação com a normatização da formação inicial e continuada do professor, conforme podemos ver nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), elas não têm dispensado atenção aos salários e às condições de trabalho desse profissional. Constata-se também um “refinamento dos mecanismos de controle sobre suas atividades, amplamente preestabelecidas em inúmeras competências, conceito esse que está substituindo o de saberes e conhecimentos. (PIMENTA, 2002, p. 20). 10 Esteve (1999), denomina a situação como mal-estar docente, uma expressão que indica apatia e desencanto com a docência. Segundo o autor, existe uma crise da profissão docente relacionada com massificação do sistema educacional. O fenômeno da ampliação das matrículas atingiu os professores que sentiram uma sensível transformação das suas condições materiais de trabalho e do valor que atribuem a profissão. Além da precariedade para atender às novas demandas sociais, à falta de professores, à pequena procura pela carreira docente. Porém, o mal-estar descrito também é relacionada ao número crescente de docentes que apresentam doenças físicas, emocionais e mentais. Jesus, S. (2002, p. 15), faz a problematização sobre o mal-estar na docência, apontando a situação como um fenômeno social: O mal-estar docente é um fenômeno dos nossos dias, quer pelo aumento brusco da percentagem de professores com sintomas de mal-estar nos últimos anos quer pelo facto (sic) de no passado os professores não apresentarem índices mais elevados de insatisfação, stress ou exaustão do que outros profissionais. Assim, o mal-estar docente é um fenômeno da sociedade actual (sic), estando interligado com as mudanças sociais que ocorreram nas últimas décadas, com implicações no comportamento dos alunos na escola [...] Os professores à medida que enfrenta dificuldade em suas profissões, começam apresentar um ressentimento referente à sua profissão e passar a levar o dia -a dia numa rotina insípida. Diante de tal contexto pode-se evidenciar um mal-estar na profissão docente, a comunicação entre os profissionais, pais e alunos fica prejudicada, não existe troca de experiencia, não existe desabafo e tão pouco tentativas de soluções viáveis. Esse isolamento contribui para o crescimento do sentimento de impotência e frustração. Tais fatos levam a pensar na saúde emocional dos professores, principalmente daqueles que cuidam de crianças pequenas, nas suas primeiras experiências escolares, pensando que a relação professor-aluno é determinante nesse primeiro contato, uma vez que essa relação destes são importantes para aprendizagem e formação dos indivíduos. Para reforçar o que foi dito a cima, Codo (2002), fez uma investigação onde trata-se a síndrome de desistência do educador. Ele investigou 52.00 sujeitos em 1.440 escolas de ensino básico espalhadas em diversos estados do Brasil. E os resultados foram alarmantes; quase metade da população estudada apresentavam características da síndrome de Burnout, isto é, 48% dos profissionais da educação entrevistados apresentavam sinais de mal-estar com sua escolha de profissão. 11 Em junho e julho de 2018, a Revista Nova Escola fez uma pesquisa similar apontando que 66% dos professores já precisaram se afastar por problemas de saúde. Esta foi realizada com mais de 5 mil professores e os resultados foram: a ansiedade, que afeta 68% dos educadores; estresse e dores de cabeça (63%); insônia (39%); dores nos membros (38%) e alergias (38%). Além disso, 28% deles afirmaram que sofrem ou já sofreram de depressão. Segundo Heleno Araújo Filho, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) aponta que a não aplicação das políticas educacionais previstas na legislação impede que sejam oferecidas condições adequadas de trabalho para o desempenho da profissão. A falta de infraestrutura, o excesso de alunos por sala de aula, a dupla jornada, a falta de segurança nas escolas e a má remuneração contribuem para desvalorizar a carreira e desestimular os profissionais, causando uma série de doenças. Outra questão recorrente no dia a dia dos professores são os problemas de voz. Uma pesquisa que está sendo realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com o Ministério da Educação, com 6.510 professores de todo o Brasil, identificou em seus resultados preliminares que 17,7% deles sofrem com problemas vocais, seguidos por problemas respiratórios(14,6%) e emocionais (14,5%). E nesse ano 2020, devido a pandemia foi realizada uma outra pesquisa com intuito de apoio aos profissionais da educação, onde se propôs mapear a saúde emocional e os impactos causados e os resultados foram: 72% dos professores estão com a saúde emocional regular (41%), ruim (21%) e péssima (10%) e a pandemia foi responsável pela piora dessa percepção em 68% casos. Muitos casos são mencionados o medo, ansiedade e excesso de trabalho. Outros transtornos foram a ansiedade (67%), estresse (33%) e depressão (20%) são os mais comuns nos profissionais da educação. 12 APRESENTANDO A SINDROME DE BURNOUT A síndrome de burnout origina-se de "burn out" em inglês, ou seja, queima completa, que é chamada de síndrome de esgotamento do trabalho, que foi denominada pelo psicólogo Freudenberger no início dos anos 1970. Reinhold (2008) usou uma metáfora para expressar "burnout", "consumir-se” ou seja, as pessoas que sofrem das síndromes acima mencionadas se consomem fisicamente e emocionalmente. Os sintomas são: forte dor de cabeça, tontura, alterações de humor, distúrbios do sono, desatenção, problemas digestivos. Conforme Codo & Menezes (2002, p.238), Burnout também pode ser traduzido como perder o fogo, perder a energia ou queimar (para fora) completamente. É uma síndrome por meio da qual o trabalhador perde o sentido da sua relação com o trabalho, de forma que as coisas já não o importam mais e qualquer esforço lhe parece ser inútil. Para complementar Carvalho (2003), aponta Burnout como uma expressão inglesa que significa está emocionalmente cansado após uma longa exposição a uma situação estressante, com prejuízo ao resultado de trabalho. A autora do instrumento utilizado na avaliação sobre a síndrome, define o Burnout como uma síndrome caracterizada por três componentes: exaustão emocional, despersonalização e o baixo envolvimento pessoal no trabalho. A exaustão emocional se manifesta quando os trabalhadores sentem que não podem mais dar o melhor de si mesmo no nível afetivo; eles percebem que esgotada a energia e os recursos emocionais próprios, devido ao contato diário com os problemas. Na despersonalização, existe um desenvolvimento de sentimentos e atitudes negativas, cinismo às pessoas do trabalho, um endurecimento afetivo, uma coisificação da relação. O baixo envolvimento pessoal no trabalho apresenta negatividade na relação do trabalho e atendimento. (CODO, 2002, p.238) Amorim e Turbay (1998), afirmam que a Síndrome de Burnout é uma experiência pessoal (sentimentos e atitudes) com alterações, problemas e disfunções psicofisiológicas com consequências agravantes para a pessoa e a organização, sendo que esta afeta diretamente a qualidade de vida do indivíduo. Apesar de ser uma experiência pessoal, ela não está isolada ou dissociada dos aspectos sociais e psicológicos. De acordo com Carlotto (2005) a Síndrome de Burnout na educação é um fenômeno muito complexo e com dimensões variáveis que resultam de aspectos individuais e do ambiente de trabalho. Não se restringem apenas à sala de aula ou 13 ao contexto institucional, todos os fatores envolvidos nesta relação, inclusive políticas educacionais e fatores sócio-históricos. Lipp (2005, p.73) diz que os sintomas são a quase exaustão: cansaço mental, dificuldade de concentração, perda de memória imediata, apatia, indiferença emocional, impotência sexual ou perda da vontade de fazer sexo, corrimentos, infecções ginecológicas, tumores, problemas de pele, queda de cabelo, gastrite ou úlcera, perda ou ganho de peso, desanimo, questionamento diante da vida, dúvidas, ansiedade, crises de pânico, pressão alta, alteração dos níveis de colesterol e triglicerídeos, distúrbios de menstruação e queda na qualidade de vida. APROFUNDANDO OS FATORES QUE DESMOTIVAM O DOCENTE A organização da escola e o seu funcionamento são alguns dos fatores mais importantes para fortalecer ou fragilizar os educadores. Segundo Batista (2002, p.334) forma de gestão adotada pela escola estabelece diferentes aspectos que afetam sua realidade. E por meios indiretos fornece ou limita a dor psicológica dos educadores. Se a gestão for participativa e democrática, poderá transformar as esperanças e desejos de seus funcionários. O contrário, se a gestão não leva em conta as exigências e expectativas dos funcionários, isso gera frustração porque eles se sentem desconsiderados, ou seja, ambiente escolar proporciona ou limita a dor psicológica dos trabalhadores. Na maioria dos casos, o fator que afeta diretamente as atividades de ensino, restringe- as e causam um impacto negativo na prática diária, está é a infraestrutura instável da maioria das escolas públicas. O conceito de infraestrutura que nos interessa está relacionado à forma como o trabalho é permitido. Quando falamos em meios, estamos nos referindo a ferramentas de trabalho, pois todo trabalhador precisa delas para realizar suas atividades. Para o professor, suas ferramentas são materiais básicos (carteiras, quadros-negros, copiadoras, etc.) e recursos de apoio ao ensino (estéreo, biblioteca, computador, material didático etc.). O autor Batista (2002), quando os professores não têm materiais básicos e recursos de apoio ao ensino, eles acabam afetando seu relacionamento com a escola e seu 14 envolvimento pessoal no trabalho recorrente. Haverá, portanto, um campo de tensão entre o sentido de desvalorização profissional e sua relação com a atividade docente. Em comparação com as escolas públicas brasileiras, a maioria dos estados brasileiros carece de materiais e recursos básicos para apoiar o ensino, o que dificulta o trabalho dos professores. O maior desgaste ocorre quando os professores enfrentam a violência social no local de trabalho. Se a sociedade também é composta de pessoas violentas e as escolas fazem parte da sociedade, então esse problema existe naturalmente. Surge a pergunta: O que esse educador deve fazer? Trabalhando em um ambiente caracterizado pela violência ou violência? As "gangues" florescem na paisagem urbana, geralmente relacionadas ao tráfico de drogas. As disputas entre os cartéis de drogas ocorriam dentro e fora da escola. Batista (2002) continua, a promessa de dinheiro fácil e os apelos forçados da mídia ao consumo levaram alguns jovens a cometer crimes. As organizações criminosas oferecem aos indivíduos uma recompensa que a sociedade lhes nega: uma fantasia de vida cheia de charme, poder e prestígio. Diante de uma área tão cinzenta, cheia de violência e crime, será difícil para os professores manter o equilíbrio psicológico. O professor com burnout trouxe um olhar que revelou sua pressão física e mental. Suas ações também são evidentes: ele não está mais envolvido com o trabalho, não tem sido tão afetuoso no relacionamento com os alunos e colegas como antes, mostra-se desamparado e pessoalmente incapaz de realizar o que sonha. O trabalho que antes lhe trouxe felicidade é doloroso. A professora criticava os alunos, enfatizava suas dificuldades e atribuía os alunos às suas próprias falhas. Começa com uma sensação de inquietação que aumenta à medida que a alegria de lecionar gradativamente vai desaparecendo. (...) se instala muitas vezes a partir de expectativas elevadas e não realizadas. (...)não ocorre de repente; é um processo cumulativo, começando com pequenos sinais de alerta, que, quando não são percebidos, podem levar o professor a uma sensação de quase terror diante da ideia de ter que ir à escola. (REINHOLD, 2002, p.64 e 65) Wilhelm Reich é um dos estudiosos que defendeu fortemente uma visão humana unificada para superar a dicotomia corpo / mente. Ele argumenta que o princípio básico da inseparabilidade entre corpo e mente apoiará nossa compreensão da saúde emocional. Na teoria de reichiana, corpo e mente têm funções completase inter-relações internas, são a expressão da mesma realidade dinâmica. O corpo armazena emoções, sentimentos e reflete 15 nosso estado mental. Nas milhares de células do corpo humano, nosso passado está gravado. O corpo fala conosco mais vividamente do que nossas palavras. O corpo não mentirá, nem esquecerá: “Por meio do comportamento, da postura, da atitude e de cada gesto, o organismo está falando uma linguagem que transcende sua expressão verbal.” (LOWEN, 1977, p. 15) O processo de desgaste ocorre não apenas entre professores e alunos, mas entre os familiares também. O desgaste destruiu a força do profissional, corroeu seus sonhos e o tornou uma pessoa dolorida e nervosa. Viver com pessoas com deficiências físicas, mentais e emocionais afetam, e os membros da família por suas emoções ruins, temperamento e indiferença. O professor está em crise. Uma dificuldade afeta a outra. Torna-se uma rede de crise interconectada no trabalho, na família e na sociedade. Reich (1988, p.32) diz que quando o trabalho não respeita as necessidades biológicas dos humanos, ele se esgota; quando os trabalhadores os aprisionam neste sistema capitalista baseado em interesses sociais e econômicos, esse socialismo não respeita a natureza humana . Segundo este conceito, é necessário eliminar as forças que vão contra a relação natural entre as pessoas e o trabalho, e é preciso eliminar as forças que são contrárias à organização da liberdade: Deve ser separada das forças naturais e importantes no indivíduo e na sociedade. Todos os obstáculos que impedem esta vitalidade natural de funcionar espontaneamente. Pressão, desafios, contratempos, trabalho pesado, crítica e falta de autonomia são algumas das dificuldades que incomodam os professores no campo profissional (ESTEVE, CODO, MOTA-CARDOSO, LIPP). Essas dificuldades causaram uma sensação de desilusão. Porém, apesar de sofrerem das mesmas adversidades, alguns professores continuam a resistir, continuam a lutar, a agir, a criar e a mudar o seu próprio espaço. Outros fatores que levam a desmotivação são: as carências pessoais, em nosso modo de perceber, influenciam a escolha profissional e a seleção de métodos e práticas profissionais que combinam com a maneira de ser de cada indivíduo. O modo particular de cada um se apropriar do sentido de sua história pessoal, carregando suas frustrações para a esfera profissional, revela o porquê do que faz e do como faz. A resposta à pergunta, por que é que fazemos o que fazemos na sala de aula? Leva-me a evocar a mistura de vontades, de gostos, de experiências, de acasos até que foram consolidando gestos, rotinas, comportamentos com os quais nos identificamos como professores. Cada um tem à sua maneira própria de organizar as aulas, de se 16 movimentar na sala, de se dirigir aos alunos, de utilizar os meios pedagógicos, uma maneira que constitui quase uma segunda pele profissional (NÓVOA, 1998, p. 29). Dentre as angústias que foram procuradas com base teórica, o salário é apontado como o maior responsável pela insatisfação, pelo cansaço e desgaste sofridos na profissão. Observa-se que o problema não é a síndrome de burnout, não é o desgaste no trabalho, mas sim, o acúmulo de afazeres. Pelo fato de ganharem um salário insuficiente, os educadores têm que se desdobrar com os cuidados de casa e de filhos, o que exige trabalhar dois, três turnos, como meio de aumentar seus rendimentos. A insatisfação na vida afetiva, os problemas de relacionamento com pais, marido, filhos, foi outro aspecto levantado. É evidente que problemas de ordem pessoal afetam o trabalho e vice-versa, como aponta Nóvoa (1998, p. 39): “é impossível separar o eu profissional do eu pessoal”. E por fim o cansaço e o degaste físico. SOLUÇÃO DO PROBLEMA Conforme Nóvoa (1998) a escola é, o lugar onde se concentra o maior número de profissionais qualificados, se considerado um fato real, não seria então, a escola um lugar privilegiado para pensar soluções para os problemas que afligem os seus profissionais? Atualmente é realizado diversas pesquisas referentes o assunto educação emocional, saúde emocional e inteligência emocional, onde têm tratado a necessidade das inter-relações no espaço escolar. Eles enfatizam a necessidade do envolvimento afetivo, dos vínculos emocionais. Há um grande número de professores doentes, por falta de serem considerados. O ambiente de trabalho necessita ser cuidado para não ser proliferador de mal-estar, de estresse, de esgotamento. A própria escola deve criar espaço e tempo para a troca de experiências. Os professores precisam ser atores criativos, construir conhecimentos, recriar realidades. A união entre os professores levaria ao fortalecimento da classe, da educação, enfim, grandes transformações poderiam ser alcançadas. O foco no estado emocional dos professores nos faz buscar elementos teóricos que nos ajudem a refletir sobre as experiências de vida e 17 perceber soluções para o quadro delineado na realidade escolar. Fortalecer opções viáveis para educadores. O autor Giroux (1997) diz que o professor ocuparia o seu lugar de intelectual transformador, atuando como sujeito de sua história. Os seus depoimentos trariam sua experiência, suas angústias, seus saberes, o que é de fundamental importância na constituição e no fortalecimento de sua identidade. A história dos professores precisa ser contada, ouvida e interpretada. Deixando para trás o tempo em que qualquer conversa entre os trabalhadores era considerada improdutiva, ou, muito pior, subversiva, passemos ao diálogo, que movimenta as ideias e as fazem germinar. Além de serem valorizados por seu esforço por meio de salários melhores e principalmente o interesse dos professores em avanço acadêmico e aprimoramento. Segue algums estratégias e passos divididos em estratégias para enfrentar a desmotivação, por Lipp (2008): a) Estratégias educativas: ✓ Saber o que é estresse; ✓ Reconhecer o estresse no corpo, na mente e nas relações interpessoais; ✓ Identificar as fontes externas de estresse; ✓ Identificar também os estressores internos, a fábrica particular de estresse de cada um b) Estratégias situacionais ✓ Tentar eliminar os estressores possíveis de serem eliminados; Aceitar os estressores inevitáveis; ✓ Reinterpretar os estressores inevitáveis, ou seja, ver o lado positivo de cada estressor essencial em sua vida. c) Estratégias de enfrentamento duradouro ✓ Aprender a reconhecer os seus limites; ✓ Aprender a respeitar os seus limites; Tomar uma atitude ativa diante da vida; ✓ Usar estratégias de enfrentamento do estresse, concentrand0-se na busca de soluções e não nas emoções geradas pelos estressores; ✓ Usar técnicas de resolução de problemas; ✓ Assumir a responsabilidade pela sua vida; ✓ Aprender a dizer “não”; ✓ Utilizar o apoio do colega no ambiente de trabalho; ✓ Lembrar que nada ruim dura para sempre. 18 ✓ Estratégias de enfrentamento para atenuar os sintomas ✓ Rir, brincar, fantasiar, usar o senso de humor; ✓ Tirar férias mentais, isto é, desligar-se dos problemas por alguns minutos durante o dia; ✓ Usar técnicas de relaxamento; ✓ Alimentar-se bem; ✓ Praticar alguma atividade física. CONSIDERAÇÕES FINAIS No decorrer, destacou-se o desconforto dos profissionais da educação. Na análise, percebe-se que a saúde emocional dos educadores precisa ser cuidada. Educadores, sabem que muitas vezes fazem muito trabalho, que está além das possibilidades e muito além do que as condições de trabalho podem proporcionar. Algumas pessoas podem estar sob a mesma pressão e aguentar, enquanto outras não podem. Algumas pessoas têm alta resistência e são capazes de se adaptar às agressões da vida. Na verdade, não renunciam, mas têm forte resistência. Algumas pessoas se esforçam para mudar o status quo, buscam soluçõespara problemas, buscam ajuda e se esforçam para encontrar oportunidades de maneira saudável e sábia. Dinâmica, complexidade, troca e heterogeneidade começam a se delinear em nossa sociedade, e a própria escola deve se tornar um espaço de mudança. São novos relacionamentos e modelos de participação necessários ao ambiente escolar. A profissão de educador está sendo redefinida. Todas essas redefinições trouxeram transtornos e é muito difícil para o educador acompanhar todas as demandas feitas a cada momento. Falta de certezas e divergências são aspectos substanciais na atual realidade do educador. Sentimos o sofrimento dos educadores diante dos novos desafios. A renovação da profissão docente não envolve apenas ciência e ensino. Para enfrentar a mudança e a incerteza, o treinamento inicial e o treinamento contínuo para a persistência são necessários para fortalecer a classe: educadores isolados tornam-se vulneráveis aos ambientes político, econômico e social. A dor está entre a doença e a saúde. 19 Nas últimas duas décadas, nos campos político, social e econômico, a sociedade passou por mais mudanças do que nos últimos dois séculos, e todos finalmente sofreram para se adaptar às mudanças, inclusive as escolas. Codo (2002) destacou que o burnout é um dos filhos dessa nova era. De fato, essas mudanças estão mudando profundamente o nosso meio, trazendo novos conceitos de trabalho e de trabalhador, esses conceitos têm impacto em todas as pessoas que entram no mundo do trabalho, e para o profissional docente não é diferente. Suas funções mudam constantemente. Partindo do pressuposto de que os papéis da escola e da família têm o mesmo ritmo, o que temos visto é que muitas pessoas não conseguem acompanhar esse ritmo. Essa mudança leva ao fortalecimento do ensino e à ampliação da ação. Portanto, causa desgaste e insatisfação desses profissionais. A realização profissional está relacionada a aspectos como: bem-estar, proteção à saúde, proteção física, mental e social e treinamento para utilizar de forma segura e plena a energia pessoal na execução das tarefas laborais. A qualidade de vida no trabalho em saúde depende não só dos professores, mas também das instituições e da sociedade. São necessárias políticas públicas urgentes para criar melhores condições de trabalho para os educadores, e um grande número de professores despende até 60 horas semanais. Esse ritmo pode prejudicar uma boa vida familiar, exercícios físicos e saúde física e mental. Todo esse esforço é para conseguir um salário digno, de forma a dar prioridade às necessidades da família e até ao estudo. Claro, vários professores já experimentaram um ou mais sintomas da síndrome de burnout. No entanto, educar é apaixonar-se, embora tenham encontrado dificuldades das quais nunca desistiram, muitos educadores estão certamente cheios de entusiasmo pela profissão e pelo trabalho. Ainda há muito trabalho a ser feito na área da educação, mas temos certeza que se investirmos na saúde emocional dos educadores, essa mudança vai acontecer aos poucos. São eles que precisam fazer as reformas educacionais necessárias, porque são eles que enfrentam dificuldades. São profissionais da educação, precisam encontrar uma saída para os obstáculos encontrados no cotidiano ao refletir sobre suas próprias práticas, mas para isso precisam de muita energia e, portanto, precisam manter a saúde emocional. 20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AYDIN, S. (2012). Factors Causing Demotivation in EFL Teaching Process: A Case Study. Qualitative Report, 17(51). BATISTA, A.S.; CODO, W. Crise de identidade e sofrimento; in: CODO, Wanderley (Coord.). Educação: carinho e trabalho -Burnout, a síndrome da desistência do educador. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. BERGAMINI, Cecília – Motivação nas organizações, Ed. Atlas, São Paulo, 1994 – 4ª edição. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução a Teoria Geral da Administração. 2ª ed. Rev. Atual. São Paulo: Campos, 2003. CODO, Wanderley (Coord.). Educação: carinho e trabalho -Burnout, a síndrome da desistência do educador. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002 FREIRE, Paulo. 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