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Sono: características e distúrbios

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Guilherme Okoti de Melo 
 Sono 
➢ Estado comportamental reversível em que ocorre redução da capacidade de 
perceber e responder a estímulos, com alteração temporária do nível de 
mobilidade, de motricidade e, principalmente, do nível de consciência. 
 As principais características comportamentais do estado de sono 
incluem permanecer de olhos fechados, com pouca resposta a estímulos 
externos/internos, presença de movimentos involuntários (mioclonias), 
hipotonia ou atonia muscular, amnésia para fatos ocorridos durante o 
sono, obediência ao ritmo circadiano e uso de “pistas” ambientais, como 
ciclo claro-escuro, alterações de apetite ao longo do dia, mudanças na 
temperatura do ambiente e horários sociais. 
REM – cérebro extremamente ativo, mas hipotônico 
 Ondas dessincronizadas e de baixa amplitude no EEG, semelhantes às 
observadas na vigília – sono paradoxal 
➢ A musculatura voluntária apresenta intensa atonia, exceto nos músculos 
oculares extrínsecos, que geram os movimentos oculares rápidos, e no 
diafragma; 
➢ Os sonhos são mais elaborados, e o indivíduo apresenta mais dificuldade em 
ser despertado – há supressão com o uso de certas drogas. 
NREM 
 Ondas sincronizadas no EEG 
➢ Apresenta relativa inatividade do cérebro, com movimentos oculares lentos e 
hipotonia muscular, com sonhos pouco elaborados e raramente recordáveis. 
▪ NREM I: fase mais curta e transitória 
▪ NREM II: fase mais longa 
▪ NREM III: sono profundo ou de ondas lentas 
... padrão de desenvolvimento do ciclo sono-vigília 
➢ A sincronização-dessincronização das ondas do EEG do sono não REM e REM 
e vigília é consequência da atividade neural nos circuitos talamocorticais. 
Comentado [GOdM1]: → Redução do consumo 
energético, do metabolismo somático e da atividade do 
sistema nervoso central e autônomo. 
Comentado [GOdM2]: o sistema glinfático: rede 
perivascular que age drenando resíduos tóxicos e 
metabólitos do SNC e facilita a distribuição cerebral de 
compostos como aminoácidos, glicose e 
neuromoduladores - depende do tempo de sono. 
Comentado [GOdM3]: ... necessidade diária de sono: 
o RN: 15-18h 
o Lactentes: 13-15h 
o Pré-escolar: 12-13 
o Escolar: 10-12h 
o Adolescentes: 10h 
→ Na medida que o indivíduo se desenvolve, o sono 
gradualmente se torna restrito à noite. 
o Adulto: 5-8h 
 
 
Guilherme Okoti de Melo 
 
 Ocorrem de 4 a 6 ciclos 
NREM-REM ao longo 
de uma noite de sono, 
não necessariamente 
em sequência, e com 
REM sendo mais 
frequente na segunda 
metade da noite. 
Distúrbios 
Insônia 
➢ Falta de sono adequado, seja em quantidade ou qualidade. 
 Dificuldade de iniciar ou manter continuamente o sono, ou ainda 
despertar antes do horário desejado (sono não reparador), prejudicando 
a qualidade do dia. 
➢ Afeta 40% dos brasileiros e 45% da população mundial. 
 Classificação: 
▪ transitória: duram poucas noites, são muito comuns 
➢ Geralmente relacionadas a algum período de tensão, estresse, 
expectativa ou excitação. 
 Insônia sintomática 
▪ de curta duração: duram de poucos dias até três meses 
Comentado [GOdM4]: O primeiro ciclo REM-não REM 
dura de 70 a 100 minutos; os demais ciclos levam de 
90 a 120 minutos, com média de 90 a 110 minutos. 
 
 
Guilherme Okoti de Melo 
➢ Geralmente causadas por estresse grave ou persistente, p. exs. 
problemas de saúde, familiares, profissionais ou de 
relacionamento. 
▪ de longa duração: duram mais de três meses 
➢ Geralmente não estão relacionadas a transtorno mental, 
neurológico ou clínico estresse, abuso de drogas e hábitos 
inadequados para dormir. 
 Diagnóstico: 
 Escala Epworth 
 Tratamento: 
“Não tratamos a insônia, mas sim o paciente com insônia.” 
 não farmacológico: modificar alguns hábitos que interferem com o sono 
associado a higiene do sono. 
 farmacológico: quando necessário. 
 Melatonina: em atraso de fase, indução do pico de melatonina 
 Hipnóticos agonistas seletivos de receptores GABA-A, p. ex. 
zolpidem 
 Antidepressivos, p. exs. mirtazapina, amitriptilina 
? Anti-histamínicos e fitoterápicos 
Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) 
➢ Oclusões recorrentes de forma completa ou parcial das vias aéreas 
superiores que ocorrem durante o sono, levando a diminuição do fluxo 
aéreo e geralmente acompanhado com quedas de saturação. 
 Queda do palato mole, diminuição da sat. O2 (hipoxemia) e 
aumento da PCO2 (hipercapnia); sinais do tronco. 
➢ Afeta 2 a 4% da população entre 30 e 60 anos, especialmente durante 
a 5ª e 6ª décadas de vida – em idade de menopausa, o nº de casos é 
maior em mulheres do que em homens. 
 Fisiopatologia: 
Fatores Anatômicos + Fatores Genéticos + Fatores Ambientais 
❖ Teoria do Equilíbrio das Pressões: pressão insp. negativa intratorácica 
 Fatores de Risco 
 IMC  Idade 
Comentado [GOdM5]: → Regular o ciclo circadiano, 
estimulando o sono ao final do dia; aumenta o tempo 
total de sono e diminui o tempo necessário para 
adormecer. 
Comentado [GOdM6]: → Fragmentação do sono a 
cada episódio – sensação de sono não restaurador. 
Comentado [GOdM7]: Morfologia crânio-facial 
X Comprimento do corpo da mandíbula; posição do 
osso hioide e do maxilar 
x Alterações musculares 
x Redução do diâmetro LL: 
→ Aumento do tamanho da língua, palato mole. 
→ Alongamento da úvula. 
→ Hipertrofia adenotonsilar. 
→ Tecido adiposo parafaríngeo. 
Comentado [GOdM8]: 
x Obesidade 
x Controle ventilatório 
x Doenças genéticas (Pierre Robin, Treacher Collins, 
Down, Marfan, Prader-Willi) 
 
 
Guilherme Okoti de Melo 
 Sexo  Histórico familiar 
... características clínicas preditivas 
 Circunferência do 
pescoço 
 Desvio de septo nasal 
 Mandíbula e maxila 
estreitas 
 Retrognatismo 
 Aumento da úvula 
 Macroglossia 
 Má oclusão dentária 
 Tonsilas proeminentes 
 Sintomas 
o Diurnos 
 Sonolência 
 Alt. cognitivas 
 Alt. 
comportamentais 
 Cefaleia matinal 
 Sensação de sono 
não restaurador 
o Noturnos 
 Roncos 
 Respiração bucal 
 Interrupção do 
fluxo aéreo 
 Sono agitado 
 Noctúria 
 Diagnóstico: 
 Polissonografia 
 5-15/h: leve (+ sintoma diurno) 
 15-30/h: moderada 
 >30/h: grave 
... critérios diagnósticos 
A) Hipersonolência diurna excessiva 
B) 2 ou + 
i. Sono não restaurador 
ii. Múltiplos despertares 
iii. Fadiga 
iv. Dificuldade de concentração 
C) >5 eventos obstrutivos/h à polissonografia 
 Presença de A e/ou B + C. 
 Tratamento: 
... por que tratar? 
 Aliviar sintomas diurnos e noturnos. 
 Reduzir morbimortalidade cardiovascular. 
Comentado [GOdM9]: 
Aumento de resistência à insulina 
Liberação de catecolaminas (aumento da pressão, FC) 
Comentado [GOdM10]: Monitoriza, além da atividade 
elétrica cerebral, a atividade muscular dos membros 
(eletromiografia), dos olhos (eletro-oculografia), o 
movimento do diafragma, a saturação de oxigênio, a 
atividade elétrica cardíaca (eletrocardiograma), o fluxo 
aéreo, além de um microfone para a detecção de 
roncos. 
→ Indicada em casos de suspeita de apneia do sono, 
narcolepsia e transtorno comportamental do sono REM. 
Comentado [GOdM11]: 
o Hipertensão arterial diurna (fator de risco 
independente) 
o Insuficiência coronariana 
o Arritmias 
o Acidente vascular cerebral (fator de risco 
independente) 
o Insuficiência cardíaca congestiva 
 
 
Guilherme Okoti de Melo 
 Hipoxemia  Hipercapnia 
... quem tratar? 
 Pacientes sem sintomas diurnos 
 Pacientes com morbidade cardiovascular 
 Pacientes com neuropatia faríngea 
 Natureza progressiva 
... como tratar? 
✓ Perda de peso 
✓ Cessação do tabagismo 
✓ Cessação de álcool e hipnóticos 
✓ Reposição de hormônio tireoidiano 
 Medicações: protriptilina, modafinil, agentes serotoninérgicos 
 Dispositivos intra-orais: promove a estabilização das VAS; em pacientes 
com SAOS leve a moderada ou refratários aos outros tratamentos, com 
contraindicações e possíveis complicações 
 CPAP: mantém as vias aéreas superiores abertaspor pressão positiva 
Tratamento Cirúrgico 
? Traqueostomia 
? Cirurgia nasal 
? Glossectommia 
? Cirurgia de hipofaringe 
? Osteotomia bimaxilar 
Hipersonias de origem central 
▪ Narcolepsia tipo I: hipocretina reduzida (≤110 μg/m) c/ cataplexia 
▪ Narcolepsia tipo II: hipocretina normal s/ cataplexia 
 Polissonografia diurna 
 Sono REM precoce (<10 min.) 
 Latência de sono NREM diminuída (<1 min.; VN: até 30 min.) 
 Aumento da fase NREM I 
 Aumento do índice de despertar/ microdespertar (VN: 10-15/h) 
 Diminuição do TTS e ES 
 Redução do SOL 
 Maior incidência de apneias 
 Tratamento 
 não farmacológico: higiene do sono + cochilos diurnos 2 a 3x/dia. 
Comentado [GOdM12]: efeitos colaterais: 
x impacto social 
x lesão cutânea 
x epistaxe 
x desconforto torácico 
x pode evoluir com pneumotórax/ pneumomediastino 
→ Adesão relacionada com a relação médico-paciente. 
Comentado [GOdM13]: → A partir de fatores 
desencadeantes. 
x sonolência diurna excessiva, incontrolável; pode 
evoluir com crises súbitas e repetitivas de ataques de 
sono 
x paralisia do sono: episódios breves de incapacidade 
de se mover durante o processo de adormecer 
(hipnagógica) ou ao despertar (hipnopômpica), mais 
comum; associada ou não a alucinações hipnagógicas 
x cataplexia: perda súbita de tônus, estimulado por 
reações emocionais, sem perda da consciência e de 
curta duração 
x roncos 
 
 
Guilherme Okoti de Melo 
 farmacológico: tratar os sintomas. 
 Estimulante p/ sonolência excessiva diurna, p. ex. modafinila 
 Antidepressivo p/ cataplexia, p. ex. fluoxetina 
▪ Hipersonia idiopática: narcolepsia 
▪ Síndrome de Kleine-Levin: mais frequente em homens, com surtos de sono e 
polifagia 
Parassonias 
➢ Fenômenos físicos indesejados que ocorrem predominantemente durante o 
sono (epifenômenos), principalmente ao despertar, sem estar associados aos 
mecanismos de geração do sono e vigília, que ocorrem a partir da 
fragmentação do sono NREM com ativação de um centro motor posterior à 
inércia do sono. 
 
Dissonias associadas ao ciclo circadiano 
▪ Sd. jet-lag (mudança da zona de tempo) 
▪ Desordem shift-work (mudança do horário de trabalho) 
▪ Horário irregular de sono 
▪ Sd. atraso de fase do sono 
▪ Sd. avanço de fase do sono 
▪ Desordem ciclo sono-vigília diferente de 24h 
Transtornos do ciclo circadiano 
➢ Falta de sincronia entre o ciclo vigília-sono (núcleo supraquiasmático) em 
relação às horas do dia. 
 
 
Guilherme Okoti de Melo 
▪ Atraso de fase do ciclo sono-vigília: incapacidade persistente para adormecer 
e acordar com horários convencionais, como início de sono e despertar 
atrasados de 3 a 6 horas em relação aos tempos habituais; principalmente em 
jovens. 
▪ Avanço de fase do ciclo sono-vigília: horários de sono 3 horas mais cedo em 
relação aos tempos habituais; principalmente em idosos. 
 Insônia terminal 
▪ Ritmo sono-vigília irregular 
▪ Ritmo sono-vigília de não 24h 
Transtornos dos movimentos relacionados ao sono 
▪ Sd. das pernas inquietas: urgência em movimentar as pernas antes de 
adormecer e que dificultam o início do sono, frequentemente acompanhada de 
desconforto – repouso piora a necessidade de movimentar as pernas. 
 Levantar-se e movimentar-se melhora os sintomas. 
➢ Nos períodos vespertino e noturno ocorrem a piora dos sintomas. 
▪ Transtorno de movimentos periódicos de membros 
▪ Câimbras relacionadas ao sono 
▪ Bruxismo do sono 
Outras desordens do sono associadas a doenças mentais 
▪ Psicoses, desordens do humor, desordem de ansiedade, desordem do pânico, 
alcoolismo 
Outras desordens do sono associadas a doenças neurológicas 
▪ Doenças degenerativas, demência, parkinsonismo, insônia familiar fatal, 
epilepsia, status epilepticus eletrográfico, cefaleia 
Outras desordens do sono associadas a doenças clínicas 
▪ Doença do sono, isquemia cardíaca noturna, DPOC, asma, DRGR, fibromialgia

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