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fichamento amadurecendo o verde

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
Ciências Socioambientais
Discente: Rafaela Vianna Waisman			Docente: Andréa Zhouri
ZHOURI, Andréa. “Amadurecendo o Verde: Construindo Redes Ambientalistas Globais”. In Cidadania: Revista do Patrimônio, no. 24, 1996.
	Neste artigo escrito em 1996 para a Revista do Patrimônio, Andréa Zhouri busca elucidar as seguintes questões sobre o surgimento do campo ambiental no Brasil: como a temática ambiental constituiu-se e legitimou-se como questão político-cultural? De que formas as demandas ambientais foram construídas, reconhecidas e abordadas como demandas políticas e culturais? Como se definem os atores políticos dessas práticas?
	Zhouri apresenta trechos de entrevistas com candidatos às eleições para a Assembleia Constituinte, em 1986, para desvendar as diferentes visões sobre o movimento ecológico e o ambiental, bem como as disputas pela legitimidade e pelos sentidos de tal / tais movimentos. A autora discute como “ecologista” era uma categoria comumente associada a “jovens de classe média intelectualizada”, como certo reflexo simbólico do “verde” como atributo da juventude, em oposição a um senso de “maturidade”. 
	O movimento ecológico considerava e abrangia as mais diversas pautas políticas. Entretanto, com o avanço das catástrofes ambientais, mesmo os setores mais conservadores passam a olhar para a questão ambiental como necessária de ser debatida. Com isso, o movimento antes ecológico é agora restringido a um “movimento ambiental”, de caráter conservador e tecnicista, focando estritamente em ambiente e abandonando as questões sociais. 
A construção político-cultural da “questão ambiental” – p.131
- Anos 70: negação do modelo de industrialização vigente – p.131
- Anos 80: aumento da visibilidade das questões ambientais. Participação dos ecologistas nas eleições de 1986 – p.131
· Dois movimentos importantes: emergência e dominância de grupos profissionais técnico-científicos (ONGs); e popularização das questões ambientais – p.132
· Criação SEMA (Secretaria do Meio Ambiente) -> legitimação do tema ecológico – p.132
O mecanismo de politização da ecologia: a construção de novos sentidos ambientais – p. 132
“Uma abrangência do conceito de ambiental é construída de forma a politizar o conceito no diálogo partidário. Os candidatos procuram traçar os pontos de interseção entre os temas ambientais e as temáticas dos respectivos partidos, como forma de legitimação daquelas questões e de suas próprias candidaturas.” – p. 132/133
- Dois slogans de campanha: 
a) “Seja maduro, defenda o verde!”, de Fábio Feldman (à época no PMDB, e fundador das ONGs Oikos e S.O.S Mata atlântica)
	- Discurso construído de forma a demonstrar a seriedade das questões ambientais e afirmando sua inclusão nas pautas a serem tratadas na constituinte. Fuga da identificação com candidatos “verdes”, associados à anarquia, ingenuidade e romantismo.
b) “Ambiente inteiro”, de diversos candidatos do PT, cada qual atribuindo um significado próprio ao slogan. – p.133
	- Correntes sindicalistas marxistas consideravam as questões ambientais como separadas do social, da materialidade (infraestrutura), pertencentes a um “plano cultural” (supra estrutura) e, portanto, secundárias à luta operária. – p.132
	-Necessidade de “alargamento” ou politização da noção de meio ambiente. – p. 134
A emergência dos “novos ambientalistas” e das ONGs
- Temática ambiental,constituindo-se como importante catalisador de discursos políticos e sobre o político, tanto no Brasil como globalmente.- p. 135
- As ONGs como agentes institucionalizantes do movimento ecológico, com estruturas e práticas centralizadas, verticalizadas e hierarquizadas. Baseiam-se em propostas profissionalizantes, e mantêm vínculo com instituições governamentais, econômicas e agências financeiras. - p. 136
- Movimento ecológico X movimento ambientalista. Os “antigos” ecologistas não reconhecem a legitimidade de tais práticas como sendo ecológicas. - p. 136
O processo de globalização ou ‘networking’ nos anos 90 – p. 137
- Relatório Brundtland – 1987: apresenta o conceito de “desenvolvimento sustentável”;
- Divulgação internacional de imagens de destruição da Amazônia; assassinato de Chico Mendes; diversas lideranças indígenas brasileiras como Cacique Raoni, David Ianomâmi, Airton Krenak e Paulinho Paiakan são levadas à Europa e inseridas num espaço global de discussão, através da atuação de ONGs e Fundações internacionais. Floresta Amazônica como espaço transnacional de discussões e lutas políticas.

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