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Emergências psiquiátricas Orientações gerais de avaliação 1.) Anamnese detalhada acerca de patologias atuais e pregressas 2.) Exame físico (com exame neurológico) 3.) Exame do estado mental 4.) Exames subsidiários Delirium Distúrbio do nível de consciência, acompanhado por alteração da cognição que não pode ser atribuído a uma demência preexistente, que se desenvolve em um período curto (horas a dias) e tende a flutuar durante o curso do dia. Características importantes: - declínio agudo na atenção e cognição; - condição ameaçadora à vida e potencialmente prevenível; - perda da independência; - aumento da morbimortalidade. Cabe ressaltar: início agudo, curso flutuante (ex.: aumento da agitação durante a noite), prejuízo de atenção, pensamento desorganizado, alteração do nível e consciência, déficit cognitivo, ilusões e alucinações, distúrbios psicomotores (hiper e hipoativo), alteração do ciclo sono-vigília e distúrbios emocional. Diferenciar de quadro psicótico: o quadro psicótico é bem estruturado e tem explicação para as percepções, enquanto que o paciente em delirium não é capaz de estruturar a construção delirante, se mostrando majoritariamente a alteração de consciência ao invés de estrutura do pensamento. Fatores de risco: idade acima de 65 anos, sexo masculino, demência, antecedente de delirium, depressão, dependência funcional, imobilidade, baixo nível de atividade, história de quedas, déficir visual ou auditivo, desidratação e desnutrição, uso de múltiplas drogas, insuficiência renal ou hepática, doença neurológica, fratura, dor e privação de sono. Medidas preventivas: estímulo ambiental adequado, mobilização precoce, intervenção para evitar ´privação de sono, equipamentos adaptados para o déficit visual e auditivo, intervenção precoce na depleção de volume, controle da dor, manutenção do balanço hidroeletrolítico, nutrição e prevenção de complicações pós-operatórias. Manejo farmacológico: - Haloperidol 0,5 - 1,0 mg 2x/dia; - Neurolépticos atípicos: risperidona 0,5 mg 2x/dia, olanzapina 2,5 - 5,0 mg 1x/dia e quetiapina 25 mg 2x/dia. Evitar benzodiazepínicos, pois altera nível de consciência: exceto se há associação com cocaína e risco de convulsão ou abstinência de álcool (delirium tremens). Crise de ansiedade Reação adrenérgica! Pacientes ansiosos, principalmente os que têm crises agudas, procuram várias vezes o PS acreditando que estão sofrendo uma urgência clínica; Estas devem ser descartadas e os casos graves devem ser encaminhados para avaliação psiquiátrica. É importante acolher o paciente e realizar psicoeducação, orientando a respeito da natureza do quadro sem invalidar o sofrimento. Sinais e sintomas psíquicos Sinais e sintomas somáticos Tensão, nervosismo e apreensão Autonômicos: piloereção, sudorese, taquicardia, vasoconstrição, aumento do peristaltismo, náusea e midríase Desrealização/despersonalização Musculares: dores, contraturas e tremores Insegurança Cinestésicos: parestesias, calafrios, ondas de calor e adormecimentos Dificuldade de concentração Respiratórios: sufocação, sensação de sufocamento e asfixia Diagnósticos diferenciais: doenças cardiológicas (HAS, IAM, prolapso de mitral e ICC), doenças pulmonares (asma, embolia pulmonar e DPOC), doenças neurológicas (vasculopatias cerebrais, epilepsia, síndrome pós-concusiva, enxaqueca, vertigem, esclerose múltipla, ataque isquêmico transitório, tumores cerebrais, doenças de Huntington/Ménière/Wilson/Addison), doenças endócrinas (síndromes carcinóide e de Cushing, hipertireoidismo, hipoglicemia, hiperparatireoidismo e feocromocitoma), intoxicação por droga (inclusive prescritas - ex.: acatisia e síndrome extrapiramidal) e abstinência de drogas. Tratamento farmacológico para a crise de ansiedade - benzodiazepínicos: a.) Diazepam de 5 a 40 mg/dia (meia-vida: 30 a 100 horas); b.) Clonazepam de 0,5 a 2 mg/dia (meia-vida: 18 a 50 horas); c.) Lorazepam de 2 a 6 mg/dia (meia-vida: 10 a 20 horas); d.) Alprazolam de 0,5 a 2 mg/dia (meia-vida: 6 a 20 horas). Agitação psicomotora Quadro de excitação mental e atividade psíquica aumentada. Acompanhada de desorganização do psiquismo e comprometimento da crítica, levando a comportamentos imprevisíveis e potencialmente violentos. Pode ter algum grau de elaboração, sendo mais complexa e organizada ou apresentar desorganização e pouca elaboração. Preditores de comportamento violento: aumento das exigências, aumento do tom de voz, comentários pejorativos, irritabilidade, postura de desconfiança indicando comportamento paranóico, comportamento de permanecer em pé ou andando pela sala, desacato às orientações dadas pelo profissional e sentimento de medo apresentado pelo profissional de saúde. Progressão da agressividade: 1.) Fase verbal com ameaças inespecíficas ou insultos a outras pessoas; 2.) Predomínio da fase motora (...) Sala de atendimento: médico entre o paciente e a porta, sala de emergência/rota de fuga, botão de pânico e equipe treinada e preparada a postos. Ideação suicida Tentativas de suicídio são eventos graves que fazem parte da rotina hospitalar, principalmente em pronto-socorro. O sofrimento do suicida é privado e inexprimível, deixando membros da família, amigos e colegas para lidar com um tipo de perda quase insondável, assim como com a culpa. 95% dos pacientes que cometem suicídio tem uma doença psiquiátrica associada: 80% depressão uni ou bipolar, 10% esquizofrenia e 5% demência/delirium. A ideação suicida, em si, não é necessariamente uma doença, mas principalmente quando está associada a sofrimento e desesperança. Fatores de risco: sexo masculino, idade entre 14 e 40 anos e idosos, separados > solteiros > viúvos > casados, desempregados, moradores de áreas urbanas, ateus/protestantes > católicos/judeus, estratos econômicos mais ricos e mais pobres, isolamento, social, perdas recentes, ficar órfão na infância, instabilidade familiar, datas importantes, traços e transtornos de personalidade, história familiar de doença adetica/suicídio/alcoolismo, doencas incapacitantes/dolorosas/terminais e tentativa anterior. Avaliação: 1.) Realizar uma avaliação psiquiátrica completa; 2.) Indagar sobre pensamentos, planos e comportamentos suicidas; 3.) Estabelecer um diagnóstico; 4.) Estimar o risco de suicídio.
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