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O caso OGX e Eike Batista ASSI, Marcus. Governança, Riscos e Compliance: mudando a conduta nos negócios. São Paulo: Saint Paul Editora, 2017. Para o entendimento do caso é preciso que detalhemos os fatos. Apresentamos uma publicação obtida no site da própria empresa, divulgada em 27 de agosto de 2015, e atualizada em 17 de outubro de 2016, com um breve relato sobre a companhia, deixando explícito o que estava acontecendo no grupo. A OGX possuía blocos exploratórios nas Bacias de Campos, Santos, Espírito Santo, Pará, Maranhão e Parnaíba, além de blocos exploratórios terrestres na Colômbia e nas bacias de Cesar-Rancheira. Na realidade, por meio de uma oferta pública de ações (OPA) realizada em novembro de 2007, a OGX captou, aproximadamente US$1,3 bilhão, fornecendo recursos para a participação na Nona Rodada de Licitação da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Segundo a OGX (2016): Nesta rodada, a OGX adquiriu o direito de concessão de blocos exploratórios nas bacias de Santos, Campos, Espírito Santo, Pará e Maranhão. Em junho de 2008, a Óleo e Gás Participações S.A (OGPAR) realizou sua oferta pública de ações, em que foram captados recursos na ordem de R$ 6,7 bilhões em uma oferta 100% primária, tornando-se a maior já realizada no Brasil até então. Os recursos foram destinados à campanha de exploração e desenvolvimento das descobertas de sua subsidiária OGX (OGX, 2016). Podemos observar que a confiança nas emissões e captações das empresas de Eike Batista eram enormes, mesmo com a apresentação de projetos e planos de viabilidade futura, sendo tudo baseado em expectativas de resultados futuros. Ainda de acordo com a OGX (2016): Em janeiro de 2012, a OGX deu início a produção de seu primeiro óleo por meio do Teste de Longa Duração (TLD), na Bacia de Campos, no Campo de Tubarão Azul e em dezembro de 2013, a Companhia iniciou sua produção no campo de Tubarão Martelo, também localizado na Bacia de Campos. Visando buscar oportunidades de crescimento, em dezembro de 2012, a OGX celebrou um contrato de “farm-in” 1 com a Petrobras tendo como objetivo a aquisição e participação de 40% no Bloco BS-4, localizado na Bacia de Santos. Os demais parceiros da empresa nesta concessão eram a Queiroz Galvão Exploração e Produção SA, com 30% de participação e a operação da Barra Energia do Brasil Petróleo e Gás Ltda., com 30%. O ano de 2013, no entanto, houve uma situação de desequilíbrio na estrutura de capital das Companhias, que resultou no pedido de recuperação judicial da OGpar e OGX, em 30 de outubro, como forma de preservação e continuidade dos seus negócios. Diversas ações foram implementadas com o objetivo de redimensionar e adequar as operações da Companhia aos recursos disponíveis, tais como: adequação da estrutura organizacional, redução de despesas administrativas e busca de parcerias para a modalidade de “farm-out” como forma de redução dos investimentos de capital. 1 O termo farm-in designa a atividade regida por um acordo entre as partes no que concerne à exploração de um determinado território, geralmente envolvendo companhias de óleo de gás e de mineração. Uma companhia de exploração (o farmee) adquire os direitos de concessão e exploração por parte de uma companhia de uma área da qual o proprietário (o farmor) abre mão, ao todo ou em parte, em troca de royalties. A operação conjunta do Farmor e do Farmee deverá alavancar os dispêndios de capital para ambas as partes. Nesse contexto, a mais valia do Farmee é disponibilizar dinheiro e tecnologia para agilizar o desenvolvimento dos campos de óleo e gás. Imagine que a Empresa Brasileira de Petróleo (Petrobrás) adquira blocos de exploração nos países vizinhos, tendo posse de 8 deles na Bolívia, por exemplo, sendo operadora de 6 deles. No caso de a petroleira negociar a participação em seus blocos de explicação naquele país, constitui-se uma operação denominada farm-out. Em contrapartida, a empresa que obter a compra de uma das áreas da Petrobrás realizará o processo de “farm-in'', uma vez que os dois procedimentos ocorrem simultaneamente. (Disponível em: https://maisretorno.com/portal/termos/f/farm-in) Como medida de reestruturação financeira, no segundo semestre de 2013, visando eliminar a dívida e recapitalizar a Companhia, foi celebrado o “Plan Support Agreement” em 24 de dezembro de 2013, com os detentores da maioria dos títulos de dívida emitidos pela OGX, através do qual, os mesmos, concordaram, dentre outras medidas, em apoiar o Plano de Recuperação Judicial da Companhia. Ainda como continuação da reestruturação e em virtude da ausência de perspectivas concretas de rentabilidade futura, a OGX fez inúmeros desinvestimentos. Em fevereiro de 2014, a Companhia comunicou a ANP a devolução das áreas exploratórias de Tulum, Viedma, Vesúvio e ltacoatiara, na Bacia de Campos, e das áreas de Curitiba, Belém e Natal, na Bacia de Santos e em março de 2015, realizou a devolução do Campo de Rêmora, na Bacia de Campos por ter se mostrado um projeto economicamente inviável devido às estimativas de volumes de óleo recuperáveis. Em dezembro de 2014, a OGX concluiu a venda de 100% dos blocos localizados nas bacias do Vale Inferior Magdalena (“VIM-5” e “VIM-19) e de 100% dos direitos econômicos permanecendo como a operadora dos blocos localizados nas bacias de Cesar Ranchería (“CR-2”, “CR-3” e “CR-4”). Em março de 2015 a Companhia internalizou as atividades de operações e manutenção da plataforma FPSO OSX-3 que opera no Campo de Tubarão Martelo, de forma a reduzir os custos de produção. Em agosto de 2015 após negociações com os credores da plataforma FPSO OSX-1, a OGX suspendeu temporariamente a produção no Campo de Tubarão Azul e a plataforma foi desmobilizada em janeiro de 2016. Após o período de 12 meses de suspensão, a Companhia solicitou a devolução da concessão do referido campo para a ANP. No dia 24 de março de 2016 a Companhia firmou um acordo com a Eneva 2 , no qual se comprometeu a subscrever parte das novas ações ordinárias a serem emitidas no âmbito de Aumento de Capital privado da Eneva, mediante a contribuição da totalidade de sua participação acionária detida na PGN 3 no momento da subscrição (“Participação OGX”). Após a homologação do referido Aumento de Capital, a OGX passou a deter 6,22% de participação acionária na Eneva SA. Atualmente, a OGPar e OGX tem praticado melhores esforços para preservar o valor das garantias aos credores, incluindo a participação da OGX no BS-4, e a sua participação acionária na Eneva; e para cumprir todas as exigências de seus planos de recuperação judicial. Ademais, as companhias têm adotado medidas agressivas para se adaptar ao cenário adverso dos preços de petróleo focando na execução e na produção e ao mesmo tempo reduzindo os custos (OGX, 2016). Bom, como podemos ver, foi uma sequência de baixas, demonstrando que, realmente, os projetos não eram tão rentáveis como apresentado. Não obstante, quando nos referimos à petrolífera OGX, do empresário Eike Batista, podemos facilmente afirmar que as expectativas do mercado estavam muito otimistas e todos lamentam que ela tenha entrado com um pedido de recuperação judicial, transformando-se no maior processo desse tipo da história da América Latina. Vale lembrar que a recuperação judicial substituiu a concordata, e que este é o último recurso antes de uma possível falência da empresa, e, na época, a empresa acumulava dívidas no valor de US$ 5,1 bilhões, sendo 70% com credores internacionais. Contudo, ainda há dúvidas sobre por que as agências de rating e investidores internacionais estão perdendo a confiança nos negócios do Brasil. Com esse impacto nos negócios, as ações da OGX perderam 99% do seu valor desde o pico, em 2010, quando atingiram o expressivo valor de R$ 23,27. Mas, em 30 de outubro de 2014, o papel fechou cotado a R$ 0,17, uma queda de 26% somente no mesmo dia. As empresas de Eike Batista deveriam representar um novo Brasil, que emergia como potência, pois sua fortuna foiestimada em US$ 30 bilhões e o empresário era, frequentemente, bajulado pelos políticos brasileiros, que intencionavam lucrar com doações polpudas [...]. No entanto, entre 2013 e 2014, o cenário mudou completamente. O patrimônio do empresário despencou para US$ 900 milhões, segundo cálculos da Forbes, e o ministro da Fazenda já afirmava que a OGX causava sérios problemas à imagem do país. O plano de recuperação da empresa, aprovado em junho de 2014, foi avaliado por uma consultoria externa que atestou sua viabilidade, desde que uma série de condições fossem atendidas, sendo necessário reduzir o tamanho da 2 Eneva S.A. é uma empresa brasileira integrada de energia que atua nos setores de geração, exploração e produção de petróleo e gás natural e comercialização de energia elétrica. Sob o nome de MPX Energia, entrou em operação em outubro de 2001 e sua oferta pública inicial foi realizada em 14 de dezembro de 2007. 3 A OGX e Óleo e Gás Participações subscreveu 14.875.412 ações da Eneva. Em contrapartida, a OGX transferiu para a Eneva 95% da participação que detinha no capital social da Parnaíba Gás Natural (PGN). Essa transferência está condicionada à homologação do aumento de capital aprovado em assembleia geral de acionistas da Eneva em 2 de agosto e à entrega das ações subscritas pela OGX no aumento de capital. A companhia informa, ainda, que concretizou a venda da participação remanescente no capital social da PGN para a Cambuhy I Fundo de Investimento em Participações. As operações estão abrangidas no acordo parcial anunciado em julho e fazem parte das negociações em curso com credores. petroleira, cortando custos e demitindo 70% do quadro de funcionários, assemelhando-se muito com o caso da Enron. Outra possibilidade era que o preço do barril de petróleo ficasse em torno de US$ 100, mas a queda para menos de US$ 40 inviabilizou o processo. Para contextualizar, em fevereiro de 2016, o preço do barril de petróleo estava a US$ 29, portanto, mais uma vez, a OGX ficou sem ganhos, pois reduziu seu faturamento e iniciou o doloroso processo de inadimplência, dando calote nos fornecedores e repetindo o ciclo da primeira quebra, ainda nos tempos de Eike soberano. Sem dinheiro para extrair petróleo, a produção diária no principal campo da empresa caiu de 14 mil barris para dez mil barris. Tornando se mais difícil fazer o fluxo financeiro funcionar e atender o plano de recuperação, porque é um dos processos essenciais para atender os credores, em outras palavras, pagar as dívidas. Para complementar o assunto, destacamos a matéria A segunda quebra da OGX, a petroleira de Eike Batista, de Samantha Lima, da revista Época, divulgada em 5 de setembro de 2015: Criada em 2007, a OGX se tornou o melhor exemplo do otimismo exagerado de Eike e de sua incapacidade de ouvir advertências de seus executivos. Em 2010, exibia a avaliação de reservas de 11 bilhões de barris – cerca de 80% do que a Petrobras acumulara em 60 anos. As reservas reais estavam perto de 2% do prometido. A produção esperada nunca veio. Um analista do setor e um representante de um credor dizem que a empresa está “tecnicamente falida”. O economista Aurélio Valporto chegou a ter 500 mil ações. Hoje, com apenas 1.000, preside a Associação Nacional de Proteção ao acionista minoritário e é testemunha nas ações penais contra Eike. “Ele fez um grande mal ao capitalismo brasileiro. Tirou a credibilidade do mercado e sangrou a poupança das pessoas”, diz. Nos últimos meses, Eike mantém-se alheio à OGX. Sua maior preocupação é a Justiça. Responde a duas ações penais, acusado de ter manipulado o mercado e vendido ações antes de a OGX e o estaleiro OSX reconhecerem seus problemas. Se condenado, poderá cumprir até 13 anos de prisão. O julgamento ainda não foi marcado. Eike tem R$ 162 milhões retidos pela Justiça, para pagamento de indenizações em caso de condenação. Três outras empresas de seu antigo império estão em recuperação judicial (ÉPOCA, 2015). Em fevereiro de 2015, em uma entrevista para o Correio Braziliense, a matéria de Simone Kafruni e Diego Amorim, Eike vive no inferno. Os amigos gozam no paraíso, apresentava questionamentos de como o conglomerado X era apenas um faz de conta, pois enquanto Eike Batista e sua ex-mulher, Luma de Oliveira, tinham seus bens apreendidos pela Polícia Federal, os fiéis escudeiros do empresário não encontravam motivos para reclamar, pois o ex-bilionário, segundo a matéria, seduziu executivos de empresas do porte da Vale e da Petrobras com pacotes de ações. Veja um trecho da matéria: Quem aceitou a proposta e vendeu os papéis antes do colapso das companhias ganhou rios de dinheiro. Marcelo Faber Torres, diretor financeiro e de relações com investidores da OGX Óleo e Gás por cinco anos, acumulou fortuna de R$ 110 milhões. Foi demitido um ano e meio antes da empresa afundar, após uma briga com Eike. Flávio Godinho e Paulo Gouvêa, amigos de Eike por mais de uma década, têm hoje R$ 200 milhões e R$ 150 milhões, respectivamente. Rodolfo Landim, antigo funcionário de carreira da Petrobras, entrou no sonho “X” com patrimônio de R$ 500 mil e o multiplicou por 240 vezes em quatro anos, saindo com R$ 57 milhões. Ricardo Antunes, Joaquim Martino e Dalton Nosé deixaram a Vale para se tornarem diretores da MMX - os dois primeiros ganharam R$ 57 milhões; Nosé acumulou R$ 115 milhões em dois anos e meio de trabalho. Marcelo Cheniaux, Ricardo Antunes e Adriano Vaz pediram demissão quando o grupo começava a desandar, mas com a venda de ações ganharam pelo menos R$ 80 milhões. O desmanche dos bens de Eike e de seus herdeiros não atingiu a riqueza daqueles considerados braços-direitos dele porque, internamente, foi possível perceber, com antecedência, o fim da ilusão. “A turma próxima a Eike notou a tempo que o cenário não era bom, que algo estava estranho. Quem pôde pulou logo fora já pensando em escapar de futuros problemas”, avalia o consultor Marcos Assi, especialista em auditoria interna com 30 anos de experiência. Alguns dos contratados para o alto escalão do grupo, acrescenta Assi, passaram a se recusar, inclusive, a assinar documentos, temendo consequências drásticas. Ao menos para os mais bem-sucedidos parceiros de Eike, as fortunas do “X” se concretizaram. Não à toa, a maior parte deles goza de um luxo conquistado às custas do mundo criado pelo ex-bilionário. “Eles se deram bem porque conseguiram se descolar da imagem de Eike, sempre muito controlador”, emenda (AMORIM; KAFRUNI, 2015). Com informações obtidas da revista Exame, mais especificamente, da matéria de Maria Luiza Filgueiras: A história secreta de todos os homens de Eike, em março de 2014, apresentou um pouco da história dos fiéis escudeiros de Eike Batista, vejamos: Marcelo Faber Torres – Economista, foi diretor financeiro e de relações com investidores da OGX Óleo e Gás. Antes, trabalhava em um banco de médio porte em Londres. Brigou com Eike e foi demitido um ano e meio antes do colapso da OGX. Acumulou R$ 110 milhões. Está em “período sabático”. Pretende abrir uma gestora. Flávio Godinho – Advogado, foi diretor de relações institucionais da EBX até 2013. Acumulou R$ 200 milhões. Virou consultor, passa a maior parte do tempo em Miami. Paulo Gouvêa – Formado em Direito, foi chefe da área de finanças corporativas do Grupo EBX. Acumulou R$ 150 milhões. Comprou apartamentos em Nova York e Paris. Deixou o grupo de Eike em abril de 2011, desgastado em razão dos choques com outros diretores. Depois foi diretor de mercado de capitais e sócio da XP Investimentos. Rodolfo Landim – Funcionário de carreira da Petrobras, cotado, recentemente, para ser presidente da empresa. Com Eike, multiplicou o patrimônio por 240 em quatro anos. Acumulou pelo menos R$ 57 milhões. Toca, hoje, a própria petroleira, a Ouro Preto, e uma empresa de investimentos, a Mare. Dalton Nosé – Executivo oriundo da mineradora Vale, foi diretor da MMX. Em dois anos e meio com Eike, acumulou R$ 115 milhões. Saiu do grupopara trabalhar na Anglo Ferrous, uma unidade de negócio de minério de ferro no Brasil do conglomerado britânico de mesmo nome que havia se tornado sócio de Eike na MMX. Joaquim Martino – Ex-diretor de operações do Sistema Carajás da Vale, foi diretor-geral da MMX. Acumulou pelo menos R$ 57 milhões. Tornou-se sócio de uma mineradora, a Manabi. Atualmente, cria gado. Ricardo Antunes – Ex-executivo da Vale, tornou-se presidente da LLX. Ganhou R$ 80 milhões, antes de pedir demissão em 2009. Virou sócio de uma gestora que administra R$ 285 milhões e da mineradora Manabi. Adriano Vaz – Chegou ao grupo X em 2002 e tinha 1% da MMX. Largou os negócios com Eike em 2009: pediu demissão e abriu negócio próprio. Ganhou pelo menos R$ 90 milhões e também virou sócio da gestora de Antunes. Marcelo Cheniaux – Também chegou ao grupo X em 2002 e detinha 1% da MMX. Ganhou pelo menos R$ 80 milhões e pediu demissão em 2009. Virou sócio da mesma gestora que administra R$ 285 milhões (EXAME, 2014). Analisando as informações apresentadas, questionamo-nos: será que existe alguma coincidência ou semelhança com os valores que a diretoria da Enron recebeu antes de quebrar? Discutindo com alguns alunos, comparamos e consideramos a OGX a Enron brasileira, pois existem diversas dúvidas sobre a possibilidade das empresas de Eike Batista terem manipulado informações contábeis e financeiras, os diretores vendido suas opções de ações e realizado ganhos, enquanto o mercado estava sendo envolvido com notícias fictícias, tanto que a própria CVM identificou que o Eike e José Olympio Pereira, diretor do banco Credit Suisse no Brasil, responsável pela montagem da operação, inflaram a oferta de ações da OGX, com declarações públicas de incentivo às compras, sem incluir, como é obrigatório nos comunicados oficiais, alertas para o risco da empresa. Essa situação é bastante preocupante, pois eram empresas com grandes possibilidades de lucros, levando muita gente a investir em ações. Mas quando fatos como esses ocorrem, sempre acaba sobrando para a tão falada credibilidade do mercado, porque a empresa e sua imagem são afetadas, causando perdas até mesmo para os concorrentes, pois reputação é muito importante, levamos anos para criar, e basta uma decisão equivocada para destruirmos aquilo que levamos tempo e suor para construir. Para que possamos compreender melhor as ações da Óleo e Gás Participações (OGXP3), em 24 de fevereiro de 2012, valiam R$ 18,18 e, em 23 de fevereiro de 2016, valiam R$ 0,04. Outro exemplo de como podemos acabar com a reputação e o valor do patrimônio das empresas pode ser percebido conforme as ações da Petrobras, que, em 2 de março de 2012, valiam R$ 25,30, e, em 23 de fevereiro de 2016, valiam R$ 5,00. Para esclarecermos, podemos evidenciar que a abertura de capital da petrolífera OGX deveria servir como lição ao mercado de capitais brasileiro, pois acreditamos que muitos erros foram cometidos, até mesmo pela ida um tanto quanto precipitada da companhia para a bolsa de valores e a oferta de uma empresa em processo pré-operacional. Afinal, a grande dificuldade de avaliar essas companhias sempre existiu, seja por meio dos relatórios de auditoria ou dos analistas de mercado. Portanto, avaliar informações financeiras e projeções de viabilidade nem sempre apresentam características que validem os resultados operacionais. Avaliar uma empresa por meio de metodologia do fluxo de caixa descontado necessita de resultados históricos que possam referendar a capacidade dos gestores em tornar o negócio sustentável. Por isso, evidenciamos que a possível ausência de geração de caixa consistente com receitas recorrentes nos primeiros anos pode ser negativa, afinal, a maior parte das estimativas vêm da administração, que tendo em vista os históricos de problemas de gestão não são as melhores fontes, pois sempre podemos nos deparar com conflitos de interesses envolvidos. Analisemos um trecho da matéria da revista Veja, de 5 de julho de 2013, Futuro da OGX foi escrito por Eike cinco anos atrás: No caso de Eike Batista, especialmente da empresa OGX, muitas das situações listadas no prospecto de abertura de capital da empresa, em 2008, como sendo “fatores de risco”, de fato, se tornaram realidade. Para se ter uma ideia, o próprio documento afirmava que as chances de o potencial da OGX se concretizar eram inferiores a 30%. Diz o documento: “nossos recursos potenciais riscados indicados neste prospecto consideram uma probabilidade média de sucesso de 27%. No entanto, a nossa equipe de exploração, enquanto atuava na Petrobras, obteve um índice médio de sucesso de 53% nos últimos quatro anos”, informa (VEJA, 2013). Além desses, outros exemplos de riscos previstos por Eike, de profecia, viraram fato, foram: endividamento, falta de caixa, estimativas furadas e atrasos. O mais interessante é que todos pareciam identificar alguns problemas, mas, provavelmente, deixaram de aplicar as melhores práticas de Governança Corporativa, sem contar com os princípios da governança, como a transparência e prestação de contas, afetando muitos investidores, credores e até mesmo clientes. Quando isso acontece, todo mundo perde, e as questões dos intangíveis somente aparecem nesses momentos, perdas financeiras, imagem e reputações, por melhor que sejam os processos de gestão de riscos, sempre descobriremos os impactos depois. Outro item importante, segundo muitos analistas de mercado, são casos como este da OGX que tendem a afastar os investidores em empresas startup, como já evidenciado anteriormente, o mercado consome confiabilidade e oportunidade, mas quando a confiança se perde é muito difícil obter funding no mercado por meio de investimento por partes interessadas, que suportam o mercado de novas empresas. QUESTÃO PARA RESPONDER EM GRUPO: Que eventos descritos nesse relato nos ajudariam a inferir falhas nas características qualitativas da estrutura conceitual: a) Fundamentais (enumere uma para cada uma das três características: Relevância, Materialidade e Representação Fiel) b) De Melhoria (enumere uma para cada uma das quatro características: Comparabiliade, Verificabilidade, Tempestividade e Compreensibilidade)