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PEDIATRIA Carolina Ferreira Asma: é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas associada a uma à hiper responsividade da via aérea a estímulos diretos/indiretos, ocorre obstrução ao fluxo aéreo intrapulmonar generalizada e variável, reversível espontaneamente ou c/ tto -Características: • Asma alérgica: início na infância, HF e pessoal de atopia, apresenta eosinofilia periférica e escarro eosinofílico ≥ 2,5% • Asma ñ alérgica: associada a infecções virais, sem antecedentes atópicos, escarro neutrofilico ≥ 5,4% ou paucigranulocítico • Asma c/ obesidade: início tardio, associado a obesidade, escarro c/ celularidade mista (≥2,5% eosinófilos e ≥ 54% neutrófilos) -Fatores de risco: história de atopia pessoal ou familiar, sexo masculino, obesidade, poluição dentro e fora do domicílio, exposição à fumaça de cigarro, aparecimento de sibilância após os 2 anos de idade, infecção grave por vírus sincicial respiratório no período de lactente, frequência elevada de crises na 1º infância, função pulmonar alterada e hiper-responsividade das vias aérea -Fisiopatogenia: ocorre estreitamento brônquico intermitente reversível causado por contração do m.liso brônquico + edema da mucosa + hipersecreção da mucosa. Há uma hiperresponsavidade brônquica isso gera uma resposta broncoconstritora exagerada ao estímulo. Há um ciclo contínuo de agressão e reparo e c/ isso alterações estruturais irreversíveis -Quadro clínico: dispneia + sibilância + tosse+ falta de ar +sensação de aperto no tórax + sintomas que pioram a noite ou na madrugada + variam sua intensidade de acordo c/ o tempo. -História natural: lactentes e crianças pré-escolares podem ter sibilância recorrente -Características p/ prever se a sibilância recorrente na criança irá persistir na vida adulta: dx de eczema nos < 3 anos + dx de rinite nos < 3 anos + pai ou mãe c/ asma + sibilancia sem resfriado + eosinofilia sanguínea > 3% (na ausência de parasitoses) Marcha atópica: dermatite atópica rinite asma -Diagnóstico: (1) sintomas respiratórios (dispneia,tosse crônica, opressão ou desconforto torácico sobre tudo à noite ou nas 1º hrs da manhã; sibilo indica obstrução do fluxo aéreo ele pode ocorrer ou ñ) e a variabilidade dos sintomas + (2) Espirometria antes e após o uso de broncodilatador (BD) deve ser realizada de rotina em todas as crianças c/ suspeita (elevação de > de 12% nos valores de VEF1 após BD indica reversibilidade da obstrução e indica o dx de asma). Em contrapartida, a ñ resposta a BD ñ exclui o dx de asma.+ (3) avaliação imunológica c/ níveis elevados de IgE e positividade em testes cutâneos de leitura imediata c/ aeroalérgenos. Fazem dx: 1+2+3; 1+2 e 1+3. -Exames complementares: espirometria (confirma dx), é usada também p/ seguimento, só pode ser realizada em crianças > 6 anos devido à necessidade de cooperação. Por isso o dx só pode ser confirmado apenas na idade escolar. Dx de asma na espirometria: do VEF1/CVF que reverte após o uso de BD de curta ação. Medidas seriadas de PFE, é feito medidas matinais e vespertinas durante 2 semanas, pode ser feito em casa, é menos confiável, se as variações diurnas são > 20% aponta p/ asma. IgE sérica especifica confirma os resultados de testes cutâneos -Seguimento: o Controle: É FEITO PELO CONTROLE DOS SINTOMAS NAS ÚLTIMAS 4 SEMANAS: avalia a frequência dos sintomas diurnos e dos despertares noturnos, limitação à atividade física e a frequência do uso de BD de curta duração e intensidade da limitação ao fluxo aéreo o FR p/ desfechos desfavoráveis: historia ≥1 exacerbação grave no ano anterior; internação previa em UTI ou c/ intubação por crime de asma; uso excessivo de B2-curta SOS; técnica inalatória incorreta ou má adesão; exposição ambiental persistente (tabagismo, alergenos); epirometria: VEF1<60% predito ou elevada reversibilidade ao BD; antecedente de prematuridade ou de baixo peso ao nascer ; uso frequente e prolongado de corticoide sistemico e uso continuo de altas doses de corticoide inalatorio → Técnica inalatória e aderência ao tto → Presença de comorbidades: rinite, rinossinusite, DRGE, obesidade, síndrome da apneia obstrutiva do sono, depressão e ansiedade P/ considerar controle em crianças ≤ 5 anos:sintomas no max 1 x/sem e uso de medicação de alivio no max 1x/sem → Gravidade(refere a quantidade de medicação necessária p/ alcançar o controle) da asma e a etapa de tto necessário p/ controle: o Leve: controlada c/ etapa 1 ou 2 o Moderada: controlada c/ etapa 3 ou 4 o Grave: controlada c/ altas doses de corticoide inalatorio + BD de longa duração -Tratamento de manutenção: em crianças > de 5 anos é muito similar àquele recomendado p/ os adultos, sendo dividido de acordo c/ o GINA em 2 faixas etárias: 6 a 11 anos e ≥ 12 anos. A base do tto nas crianças de 6 a 11 anos é o uso do corticoide inalatório, além de manter o beta2-agonista de curta duração como medicação preferencial de resgate nas crises. Os PEDIATRIA Carolina Ferreira antagonistas dos receptores de leucotrieno (montelucaste) são menos eficazes que os corticoides inalatórios, é recomendado apenas em pcts resistentes ou c/ efeitos adversos ao uso dos corticoides inalatórios, principalmente na presença de comorbidades alérgicas (dermatite atópica e a rinite alérgica) e na asma leve induzida por exercício físico. Os beta2-agonistas de longa duração só estão liberados por bula em crianças acima de 5 anos de idade e o tiotrópio em crianças acima de 6 anos. Desde 2021 o GINA assume a possibilidade do uso do corticoide inalatório + formoterol como opção de tto em etapas 3 e 4 como medicação de manutenção e tto na crise, ou seja, substituindo o uso de BD de curta duração nas exacerbações também nessa faixa etária. -Tto de manutenção da asma em crianças de 6 a 11 anos de idade: • Etapa 1 (medicação de resgate p/ alívio dos sintomas): educação + controle ambiental + medicação de resgate p/ alívio dos sintomas (2x ou menos/semana), essa medicação é o B2-agonista de rápido início de ação (salbumatamol,fenoterol ou formoterol). Opção no resgate: associar corticoide inalatório (fluticasona, betametasona) ao B2-agonista de rápido início de ação (SABA) • Etapa 2 (medicação de alívio + 1 único medicamento de controle): corticoide inalatório diário em baixa dose (1ºescolha- pode levar candidíase oral e disfonia c/ a higiene). Opção: antagonista de leucotrieno OU baixa dose de corticoide inalatório + SABA • Etapa 3: alterar a medicação associar 1 corticoide inalatório em baixa dose c/ B2-agonista inalatório de ação prolongada (LABA-são usados em associação aos CI em pcts > 4 anos, NÃO devem ser usados como monoterapia) OU Corticoide inalatório em média dose diário OU corticoide inalatório muito baixa dose + formoterol (MART).Opção: corticoide inalatório em baixa dose + antagonista de leucotrieno • Etapa 4: alterar a medicação Combinação de corticoide inalatório em média dose associado a LABA OU MART. Opção: adicionar antagonista de leucotrieno OU adicionar tiotrópio • Etapa 5: encaminhar ao pneumologista pediátrico e realizar avaliação fenotípica. Combinação de CI de alta dose associado a LABA ou corticoide oral como última opção ou adicionar anti-IgE. Em crianças > 6 anos usaremos antes do corticoide: omalizumabe (anti-IgE); tiotópio; mepolizumabe (anti-IL-5/ asmeosinofílica). NA CRISE É B2 de curta + CORTICOIDE SISTÊMICO Sintomas agudos= medicação de resgate -Tratamento de manutenção em crianças c/ idade ≤ 5 anos: • Etapa 1: B2 de curta ação de acordo c/ a necessidade • Etapa 2: CI dose baixa • Etapa 3: CI dose média (dobrar a dose). Obs: LABA ñ é recomendada• Etapa 4: CI dose alta + referir ao especialista. Considerar uso de CI + LABA em > de 4 anos -Tratamento de manutenção em adolescentes c/ 12 anos ou +: é o mesmo recomendado p/ os adultos e envolve o uso preferencial da combinação formoterol + CI como medicação de resgate já desde a 1º etapa do tratamento, dando-se preferência também pelo uso dessa combinação como tto de manutenção. O formoterol é o único LABA que mostrou efeito benéfico no alívio das crises de asma, sendo a única opção p/ uso na crise. Já nas etapas 3 ou 4, outros BD de longa duração podem ser usados como medicação de controle habitual, como o salmeterol (disponível comercialmente na associação salmeterol + fluticasona). • Etapa 1: educação + controle ambiental + corticoide inalatório baixa dose + formoterol SOS. Opção: baixa dose de corticoide inalatório + B2-curta SOS • Etapa 2: adicionar medicação de controle à etapa 1 corticoide inalatório em baixa dose diário OU corticoide inalatório baixa dose + formoterol SOS. Opção: antagonista de leucotrieno OU baixa dose de corticoide inalatório + B2-curta SOS • Etapa 3: alterar a medicação corticoide inalatório em baixa dose + B2-longa diário. Opção: corticoide inalatório em média dose OU corticoide inalatório em baixa dose + antagonista de leucotrieno • Etapa 4: alterar a medicação corticoide inalatório em média dose + B2-longa diário. Opção: corticoide inalatório em alta dose OU adicionar antagonista de leucotrieno OU adicionar tiotrópio • Etapa 5: adicionar tiotrópio. Considerar corticoide inalatório em alta dose diário + B2-longa. Encaminhar ao pneumologista para avaliação fenotípica e considerar adicionar anti-IgE, anti-IL5 ou anti-IL4. Opção: adicionar azitromicina (em adultos) OU adicionar antileucotrieno OU adicionar corticoide oral em baixa dose PEDIATRIA Carolina Ferreira -Imunobiológicos: seu uso só deve ser considerado naqueles pcts c/ asma grave sem controle mesmo após a adição do tiotrópio. É indicada em pcts dos 5 aos 60 anos. O omalizumabe (anti-IgE) está liberado p/ pacientes a partir de 6 anos c/ asma atópica evidenciada por eosinofilia periférica e IgE total de 30 a 300 UI/mL. O anti-IL5 também é uma opção p/ o tto da asma atópica grave que permanece sem controle apesar das etapas 4 a 5 de tto, estando disponível no Brasil em 2 formulações: mepolizumabe (subcutâneo) liberado para ≥ 6 anos e o reslizumabe (EV) liberado para ≥ 18 anos. -Embora a função pulmonar ñ esteja diretamente relacionada c/ o nível do controle da asma, a presença de 1 VEF1 reduzido é um fator de risco p/ exacerbações. Por isso, -Acompanhamento: deve ser feito a avaliação espirométrica no começo do tto, após 3 a 6 meses (c/ o objetivo de identificar a melhor função pulmonar do paciente) e, depois, periodicamente, de preferência anualmente, p/ auxiliar na conduta c/ relação ao tto de manutenção. -Medidas ñ farmacológicas do tto de manutenção da asma: cessação do tabagismo ativo e passivo; incentivo à prática de atividade física; redução da exposição aos alérgenos ambientais e vacinação anti-influenza anual e antipneumocócica -Tratamento da exacerbação asmática: exacerbação asmática (ou crise asmática) é um episódio caracterizado pelo progressivo dos sintomas de perda de fôlego, tosse, sibilância ou pelo declínio progressivo na função pulmonar. Em geral, ocorre em resposta a um agente externo (nas crianças, é geralmente 2º IVAS e à mudança no tempo) e/ou à má aderência ao uso dos medicamentos de controle. • Exacerbações leves a moderadas: o uso repetido de B2-curta (de preferência c/ inaladores dosimetrados pressurizados em espaçadores, na dose de 4 a 10 jatos a cada 20 min na 1º hora) é a maneira + eficiente de conseguir a reversão rápida da limitação do fluxo aéreo. Principalmente em crianças c/ exacerbações leves, por vezes, ñ há nem necessidade do uso de corticoide, ocorrendo resposta clínica total c/ o B2-curta (salbutamol), que deverá ser mantido de 6 em 6 horas por + 5 dias • Exacerbações moderadas a graves: o uso combinado de brometo de ipratrópio e B2-curta se associou c/ < nº de hospitalizações; por isso, nessas situações, recomenda-se que o ciclo inicial (3 vezes de 20 em 20 min) seja feito c/ a combinação brometo de ipratrópio e B2-curta. Ñ há necessidade de manter o uso do ipratrópio na internação ou após a alta. O corticoide está indicado em pcts c/ crise moderada a grave, naqueles pacientes c/ quadro clínico em deterioração ou que já estavam em uso de B2-curta antes da entrada no PS. A via oral é tão eficaz quanto a EV, sendo preferida por ser menos invasiva e + barata. O corticoide EV é reservado p/ pcts dispneicos, c/ dificuldade p/ engolir, c/ vômitos ou que necessitam de ventilação ñ invasiva ou intubação orotraqueal. O corticoide oral demora cerca de 4 horas p/ atingir uma boa resposta clínica. Na alta ele deverá ser mantido por 3 a 5 dias em casa. -Sulfato de magnésio: está indicado apenas nas crises graves que ñ respondem à terapêutica inicial ou na asma quase fatal. É liberado apenas em > de 2 anos, devendo-se atentar p/ o risco de hipotensão e hipermagnesemia. -FR p/ óbito por asma: história pessoal de crise asmática muito grave c/ necessidade de intubação e ventilação mecânica; hospitalização ou procura ao PS por crise asmática no último ano; uso atual ou recente de corticoide oral; ñ fazer uso de corticoide inalatório p/ o tto de manutenção; uso frequente de beta-agonista de curta duração (principalmente se + de 1 “bombinha” por mês); baixa adesão ao tto de manutenção ou ao plano de ação pa/ as crises de asma; alergia alimentar; história pessoal de doença psiquiátrica ou problemas psicossociais -Exercício físico: deve diferenciar a broncoconstrição induzida por exercício do descontrole da doença. Se o problema é por broncoconstrição induzida por exercício devo fazer a medicação (SABA) antes do exercício. Se for descontrole da doença da dose da medicação usual. Profilaxia: aquecer antes do exercicio
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