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Farmacologia da Asma e DPOC Asma → • É uma doença inflamatória crônica das vias aéreas, na qual diversas células e seus produtos estão envolvidos (=liberação de mediadores inflamatórios); • Apresenta hiper-reatividade das vias aé- reas e limitação variável ao fluxo de ar, de- vido a um espessamento da mucosa, hiper- secreção de muco e exposição das termina- ções nervosas; • Resulta da ativação de macrófagos, e in- filtração de eosinófilos e linfócitos T au- xiliares; • O propósito do tratamento é evitar a exa- cerbação da fase aguda da doença; • Trata-se de uma doença crônica caracte- rizada por períodos de melhora e exacer- bação dos sintomas. Sintomas: • Os sinais e sintomas são importantes na determinação do protocolo de tratamento a ser seguido, variando de acordo com o grau (leve, moderada e grave) as condutas farma- cológicas; • O processo de hiperresponsividade, pro- dução mucoide e vasoconstrição de via aé- rea com hipertrofia resultam na redução do calibre de via aérea e, quando muito intenso, exacerbação da doença; • Sintomas respiratórios: sibilos, dispneia, tosse, opressão retroesternal (“aperto no peito” por falta de oxigênio); • Limitação variável do fluxo aéreo: é im- portante a realização da espirometria, avali- ando o grau de obstrução, que varia de acordo com cada paciente; • A maior frequência das crises resulta numa piora dos quadros pelo remodela- mento (proliferação de fibroblastos e depo- sição de colágeno), por perda do tecido de troca de gases devido a fibrose resultante da cicatrização. Fatores desencadeantes de crises asmáticas: • Exercício físico, ar frio (interfere na res- posta imune inata, deixando o indivíduo mais susceptível a crises), estresse, doenças virais, poeira, mofo, tabaco, produtos quí- micos, animais, pólen, poluição do ar, remé- dios; • Medicamentos: beta bloqueadores não seletivos e AINE’s (inibição de ciclo oxige- nase, diminuindo a liberação da resposta anti-inflamatória, que é necessária inicial- mente, porém não de forma exacerbada); • Ar frio: reduz/interfere na resposta imune inata que acontece na cavidade nasal. → • Acomete cerca de 300 milhões de pessoas no mundo, e 20 milhões no Brasil; • Segundo o DATASUS, ocorrem no Brasil, em média, 350.000 internações anualmente; • A asma é a terceira ou quarta causa de hos- pitalizações pelo SUS (2,3% do total); • Manifestação dos sintomas na infância; • Mais de ¾ das crianças que apresentaram sintomas até 7 anos, terão remissão com- pleta até os 16 anos; • Infância (8-10%): - 2:1 meninos; - 50% dos casos de asma iniciam-se antes dos 10 anos de idade; • Jovens adultos (5-6%): período de latên- cia; Marianne Barone (T5) Bases Patológicas III – Prof. Ariana Moraes • Idosos (>60 anos, 8-9%): - Predominância do sexo feminino; - 25% dos casos de asma iniciam-se nesta fase; • Alguns fatores para a persistência da doença são: - Início da doença antes dos 2 anos de idade; - Pico de fluxo expiratório constantemente baixo durante a infância; - Pais com asma; - Contínua exposição a alérgenos; • Crianças portadoras de Síndrome de Down: risco aumentado quando compa- rando-se com crianças sem a Síndrome; • 80% das mortes acontecem em países em desenvolvimento; • Sexo feminino: - 3x mais chances de internação; - Influência negativa de obesidade e taba- gismo (passivo e ativo); - Maior diversidade de polimorfismos ge- néticos associados à asma; - Discretas diferenças anatômicas e fisio- lógicas de vias aéreas de homens e mulheres; → • Divide-se em grupos: asma controlada, parcialmente controlada e não controlada (abandono de tratamento e/ou exposição contínua a substâncias alergênicas); • Leve e intermintente: utiliza-se - agonistas inalatório durante crises, ou seja, são as bombinhas usadas por asmáticos; • Leve e persistente: faz-se o uso de uma terapia diária para prevenção, somada do uso das bombinhas em situações de crise; • Moderada e persistente: além dos broncodilatadores, adiciona-se o uso de agentes anti-inflamatórios; • Grave e persistente: é a pior forma da doença e utiliza-se broncodilatadores, anti- inflamatórios e corticoesteóides orais; • Resultado: sintomas controlados, redução da variabilidade do PFE, testes da função pulmonar normalizados, prevenção de exa- cerbação aguda e manutenção de níveis nor- mais de atividade; • Terapias: - -adrenergicos: atuam previnindo e revertendo sintomas; - Teofilina: previnindo e revertendo sintomas; - Cromoglicato inalatório: previnindo sintomas; - Modificadores de leucotrienos: previnindo sintomas; - Corticosteroides inalatórios: trabalham previnindo sintomas; - Corticosteroides sistêmicos: previnindo e revertendo sintomas; - Anticolinérgicos: atuam previnindo e revertendo sintomas; - Controles ambientais: previnindo sintomas; - Imunoterapia da alergia: previnindo sintomas. → Intermitente Persistente leve Persistente mode- rada Persistente grave Sintomas Falta de ar, aperto no peito, chiado ≤1 vez/semana ≥1 vez/semana e <1 vez/dia Diários Não contínuos Diários Contínuos Atividades Em geral normais Falta ocasional ao trabalho ou escola Limitação para grandes esforços Faltas ocasionais ao trabalho ou es- cola Prejudicadas Algumas faltas ao trabalho ou escola Sintomas com exer- cício moderado (su- bir escadas) Limitação diária Falta frequente ao tra- balho e escola Sintomas com exercí- cios leves (andar no plano) Crises* Ocasionais (leves) Controladas com broncodilatadores, sem ida à emergên- cia Infrequentes Algumas reque- rendo curso de cor- ticoide Frequentes Algumas com ida à emergência, uso de corticoides sistêmi- cos ou internação Frequentes (graves) Necessidade de corti- coide sistêmico, inter- nação ou com risco de vida Sintomas notur- nos** Raros ≤2 vezes/mês Ocasionais >2 vezes/mês e ≤1 vez semana Comuns >1 vez/semana Quase diários > 2 vezes/semana Broncodilatador para alívio ≤ 1 vez/semana ≤ 2 vezes/semana >2 vezes/semana e <2 vezes/dia ≥2 vezes/dia PFE ou VEF nas consultas Pré-bd >80% pre- visto Pré-bd ≥80% ou previsto Pré-bd entre 60% e 80% previsto Pré-bd <60% previsto * Pacientes com crises infrequentes, mas que coloquem a vida em risco, devem ser classificados como porta- dores de asma persistente grave ** Despertar noturno regular com chiado ou tosse é um sintoma grave • Madrugada tem persistência do sistema parassimpático = maior risco de crises du- rante a noite; • A classificação de gravidade é feita no mo- mento do diagnóstico. Mesmo que o paci- ente apresente melhora de sintomas, ele não apresenta uma diminuição de sua gravidade, ou seja, ele pode ser um paciente grave com controle dos sintomas, e não um paciente grave que se tornou leve, por exemplo. → • Atingir e manter o controle da doença (di- minuir remodelamento); • Prevenir exacerbações, instabilidades, perda acelerada de função pulmonar e efei- tos adversos aos medicamentos; • Formas de tratamento: - Farmacológico; - Educação do paciente; - Plano de ação por escrito; - Treinamento do uso do dispositivo; - Revisão da técnica inalatória a cada con- sulta. → • Controle ambiental; • Evitar exposição a fatores de risco; • Explicar sobre necessidade do uso do me- dicamento; • Auto-manejo de exacerbações; → • O tratamento farmacológico da asma uti- liza medicamentos com os seguintes objeti- vos: - Agentes direcionados para a redução do broncoespasmo (broncodilatadores); - Reduzir o processo inflamatório das vias aéreas, com uso de agentes anti-inflamató- rios (corticoides); • Ele é baseado no diagnósticoe controle da doença, sendo que, durante o seguimento clínico deve-se reajustar as medicações de acordo com o controle, reavaliando, ideal- mente, a cada 2-3 meses; Níveis de controle Condutas Controlado Tentar reduzir 1 etapa de controle Parcialmente contro- lado Considerar aumento da etapa de controle Não controlado Aumentar a etapa até atingir o controle Exacerbação As condutas são apro- priadas para a ocorrên- cia • O ideal é associação de broncodilatador + corticoide. No momento de crise, é indicado corticoide + broncodilatador de ação curta (SABA); • Principal classe farmacológica: corticoi- des inalatórios (isolados ou em associação com broncodilatador); • Broncodilatador nunca deve ser usado em monoterapia (broncodilata no mo- mento do uso, porém continua tendo res- posta inflamatória, então terá resposta de broncoespasmo/broncoconstrição pela pre- sença dos mediadores inflamatórios); • Os pacientes que alcançam controle satis- fatório devem manter o tratamento no está- gio com a menor dose do medicamento, que controla os sintomas da doença; • Abrange o controle dos sintomas, minimi- zação dos riscos de futuras exacerbações e da limitação irreversível do fluxo aéreo. Classes Fármacos Corticoides inalatórios Beclometasona, Bude- sonida, Ciclesonida, Fluticasona, Mometa- sona β2 agonistas de ação prolongada (Long Ac- ting β2 Agonist – LABA) até 12h Salmeterol, Formote- rol β2 agonistas de ação curta (Short Acting β2 Agonist – SABA) 2-4h Salbutamol (Aerolin), Fenoterol (Berotec) Antileucotrienos Montelucaste (Singu- lair) Metilxantinas Teofilina, Aminofilina VO Corticoides inalatórios: • Via de preferência; • Ligação do fármaco a receptor intracelular de glicocorticoides; • O complexo fármaco-receptor move-se até o núcleo (onde tem a fosfolipase-A2); • Aumento da transcrição de genes anti-in- flamatórios (bloqueia a fosfolipase A2) e supressão da transcrição de genes pró-infla- matórios; • Inibe a formação de citocinas que são se- cretadas por linfócitos T, macrófagos e mastócitos; • Induz apoptose de eosinófilos; • Principal exemplo: Dipropionato de Be- clometasona (Clenil) ou Betametasona; • Efeitos adversos sistêmicos: estão inti- mamente relacionados a dose, devendo-se ter maior atenção ao risco de Síndrome de Cushing (distrofia, alteração do metabo- lismo de glicose, alteração na pele, altera- ção no metabolismo de cálcio); - Supressão e insuficiência suprarrenais; - Ganho de peso; - Osteoporose; - Anormalidades metabólicas; • Supressão do eixo hipotalâmico-hipofi- sário-suprarrenal acontece em do- ses >2000µg/dia (pode ser atingida por pa- cientes descompensados, que utilizam vá- rias vezes ao dia). β-2 agonistas: • Apresentam ação longa ou ação curta; • Mecanismo de ação: ligam-se ao receptor β-2 adrenérgico, causando aumento da pro- dução de adenilciclase e, consequentemente, de AMP cíclico, promovendo broncodila- ção; • Efeitos adversos: tremor muscular, taqui- cardia e palpitações e hipocalemia. Princi- palmente pela associação em dose com cor- ticoides, podem apresentar: - Candidíase orofaríngea; - Tosse; - Disfonia; • SABA (curta duração): são os principais exemplos Fenoterol, Salbutamol e Terbuta- lina, com efeito entra 4-6h; • LABA (longa duração): são os principais exemplos Formoterol e Salmeterol (duração até 12 horas) ou Vilanterol, Olodaterol, In- dacaterol (até 24h); → Formoterol tem longa duração porém apresenta início de ação rápido (5 minutos), podendo ser utili- zado em tratamento de manutenção ou cri- ses • Tolerância: dessensibilização ou subsen- sibilidade dos receptores extra-pulmonares. Anticolinérgicos: • Mecanismo de ação: atuam no antago- nismo aos receptores M1 e M3, impedindo a broncoconstrição desencadeada pela ace- tilcolina ao ligar-se a esses receptores; • Curta duração: principal exemplo é o Brometo de Ipratrópio, agindo 4-6 horas; • Longa duração: principal exemplo é o Ti- otóprio (usado anteriormente apenas em DPOC, porém atualmente é aplicada para pacientes com asma de controle clínico di- fícil), agindo por 24h; • Efeitos colaterais: xerostomia. Antileucotrienos: • Antagonista de receptor de leucotrienos (relação direta com a inibição de mediado- res inflamatórios), atuando como broncodi- latadores modestos; • Indicados para casos de asma branda a mo- derada; • São menos eficazes que os corticoides ina- latórios (nas crises em geral), administrados de via oral; • Tratamento adjuvante, devendo serem uti- lizados de médio a longo prazo. Pode ser prescrito a pacientes com asma grave em uso de altas doses de corticosteroides inala- tório e oral (visando reduzir a dosagem); • Efeitos adversos: casos raros de disfun- ção hepática. Metilxantinas: • Não são muito indicados; • Farmacocinética: extensamente metabo- lizada no fígado pela CYP1A2; • Nível terapêutico: 5-15 mg/L (dose con- siderada mais elevada); • Fatores que afetam a depuração da teo- filina: - Aumento da depuração: ▷ Indução enzimática (principalmente CYP1A2) por coadministração de fármacos; ▷ Tabagismo (tabaco, maconha) por in- dução de CYP1A2; ▷ Dieta com alto teor de proteínas, baixo teor de carboidratos; ▷ Carne de churrasco; ▷ Infância; - Diminuição da depuração: ▷ Inibição da CYP (cimetidina, eritromi- cina, ciprofloxacino, alopurinol, fluvoxa- mina, zileutona, zafirlucaste); ▷ Insuficiência cardíaca congestiva; ▷ Hepatopatia; ▷ Pneumonia; ▷ Infecção viral e vacinação; ▷ Dieta rica em carboidratos; ▷ Idade avançada; • Aminofilina: tratamento VO (intravenosa não está mais em uso por ter efeitos colate- rais graves); • Teofilina: apresenta uma vantagem de ga- rantir broncoproteção por uma pequena res- posta anti-inflamatória. É pouco indicado, mas dessa classe é o fármaco utilizado (quando necessário). Atenção: • CI: corticoide inalatório; • SABA: broncodilatador ß2-agonista de curta duração (indicado principalmente em crises). Nos casos de crises muito intensas, pode-se administrar via parenteral (depen- dendo do padrão respiratório); • FORM: formoterol (manutenção); • LABA: broncodilatador ß2-agonista de longa duração. É utilizado na manutenção do tratamento (médio e longo prazo); • Anti-IgE: anti-imunoglobulina E, CO; corticosteroide oral. Tratamento contínuo: • Tratamento a longo prazo (não crises). Etapa I Etapa II Etapa III Etapa IV Etapa V Preferen- cial - Dose baixa CI + FORM por de- manda (caso te- nha necessidade) - CI dose baixa diária + SABA (por demanda) - CI dose baixa + FORM por de- manda - CI dose baixa + LABA + SABA (por demanda) - CI dose baixa + FORM de manu- tenção e resgate - CI dose média + LABA + SABA (por de- manda) - CI dose média + FORM (man.) - CI dose alta + LABA + Tio- trópio (bronco- dilatador de se- letividade maior) Opções - CI + SABA (por demanda) - Montelucaste (inibidor de leu- cotrieno) + SABA por de- manda - Dose média de CI + SABA (por demanda) - CI dose baixa + Montelucaste (inibidor de leu- cotrieno) + SABA por de- manda - CI dose alta + Tioptrópio ou Montelucaste (inibidor de leu- cotrieno) - CO dose baixa • Resumo: corticoides (inalatórios) + bron- codilatadores agonistas β-2 (na crise usa o de curta duração 2-4 horas) ou metilxantina ou antileucotrienos (tratamento a longo prazo); - O paciente, caso utilizar corticoides sem- pre junto com o corticoide inalatório, mesmo que em doses baixas, pode causar imunossupressão (aumento de risco de pneumonia, candidíase orofaríngea); - O broncodilatador isoladamente também é questionado, pois não apresenta uma res- posta anti-inflamatória,podendo não conter as crises (observar extremos idade → queda de concentração de eosinófilos e doenças de base = questionar uso de corticoides por possibilidade de uso por mais tempo OU maior risco de imunossupressão). Principais fármacos: Aerossolterapia: • Efeito mais rápido: - Menos efeitos adversos; - Grande variabilidade da dose que chega ao trato respiratório inferior (6-60%); • Escolha de dispositivo: Paciente x Tipo de Dispositivo x Grau de Obstrução. Nebulizadores: • Vantagens: - Facilidade de uso em pacientes de qual- quer idade; - Possibilidade de mistura de medicamen- tos; - Uso em pacientes com obstrução grave; - Baixa deposição na orofaringe (demanda mais tempo); • Desvantagens: - Alto custo; - Nebulizadores a jato produzem muito ru- ído; - Maior tempo de inalação; - Dificuldade de transporte; - Necessitam manutenção e limpeza; - Maiores riscos de doses excessivas e con- taminação; - Requer fonte de energia. GINA 2023: • A GINA recomenda o uso combinado do broncodilatador de curta ação/SABA + corticóide inalatório (CI separado to- mado imediatamente após o SABA OU em combinação em inaladores com SABA+ CI), nos momentos de exacerbação da asma, para adultos e adolescentes, quando a combinação CI + formoterol não está disponível ou não é acessível; • Esta mudança foi baseada em um ensaio clínico em que pacientes que receberam o tratamento de manutenção GINA estágio 3- 5, budesonida-salbutamol como analgésico, reduziu o risco de exacerbações graves, em comparação com apenas o uso do salbuta- mol; • Corticóide inalatório + formoterol (broncodilatador de longa ação/LABA) continua sendo a abordagem de tratamento preferencial para adultos e adolescentes, conforme necessário (crises) ou como te- rapia de manutenção; • A GINA não recomenda mais o trata- mento da asma apenas com SABA em adultos, adolescentes ou crianças de 6 a 11 anos; • Embora os broncodilatadores de curta ação (SABA) inalados sejam altamente efi- cazes para o alívio rápido dos sintomas da asma, os pacientes tratados apenas com SABA (em comparação com a associação com corticóide inalatório) apresentam maior risco de morte relacionada à asma até mesmo se eles tiverem um bom controle dos sintomas.; • O risco de exacerbações graves é substan- cialmente reduzido em adultos e adolescen- tes que utilizam o formoterol + ICS con- forme ou ICS+ SABA conforme necessário; • O tratamento deve ser mantido por pelo menos três meses antes de considerar au- mento para o estágio subsequente. Descrição do atendimento no paciente com crise: • Anamnese: asmático, idade, tratamento, profissão (exposição contínua ou não); • Exame físico: classificar o grau de gravi- dade (sinais e sintomas de gravidade, sendo que alguns isoladamente indicam alto grau) + semiologia pulmonar; • Medicações → reavaliar após 1-2h; • Não pedir exames complementares (raio- X) na sala de emergência, devendo bronco- dilatar o paciente em caso de presença de si- nais de gravidade; • Após reavaliação: - Repetir medicação e reavaliar novamente; OU - Dispensar paciente e manter tratamento até encaminhamento com especialista OU - Trocar conduta temporariamente até en- caminhamento ao especialista; OU - Internação e repetir medicação. Pode-se realizar exames de imagem para investigar pneumonia; • Medicações: depende do grau de gravi- dade da crise (uso de musculatura acessória para respirar, cianose, batimento de asa na- sal, saturação <90, FC>120). Independente da classificação, o paciente com crise deve receber o SABA; - Leve: broncodilatador de curta duração (SABA); - Moderada: SABA + corticoide (prefe- rencialmente inalatório); - Grave: LABA + SABA + corticoide. De- pendendo do padrão respiratório, o corti- coide deve ser administrado via parenteral; • Classificação de gravidade da crise aguda de asma: Leve Moderada Grave Iminência de PCR Dispneia Com atividade fí- sica Ao falar Ao repouso Ao repouso Capacidade de fa- lar Sentenças Frases Palavras Incapaz de falar Posição corpórea Capaz de deitar Preferência por fi- car sentado Incapaz de deitar Incapaz de deitar FR (irpm) Aumentada Aumentada >30 >30 Musculatura aces- sória Uso incomum Uso comum Uso da musculatura acessória Respiração parado- xal Ausculta Sibilos expiratórios moderados Sibilos expiratórios difusos Sibilos difusos ins/expiratórios Tórax silente FC (bpm) <100 100-120 >120 Bradicardia Pulso paradoxal (mmHg) <10 10-25 >25 Ausente Estado mental Agitado ou normal Agitado Agitado Confuso/sonolento VEF1 (predito para idade, sexo e altura) >80% 50-80% <50% ou resposta `terapia menor do que 2h <50% SatO2 (%) >95 91-95 <91 <91 PaO2 (mmHg) Normal >60 <60 <60 PaCO2 (mmHg) <42 <42 ≥42 ≥42 • Lembrar que: - Medicações de alívio/resgate: β-2 ago- nista de curta duração OU combinação de CI com formoterol OU anticolinérgico de curta duração (menos efetivo); - Medicações de uso contínuo: CI, β-2 agonista de longa duração, anticolinérgico de longa duração, antileucotrieno, imunobi- ológicos. Resumo: Doença pulmonar obstrutiva crônica • É um conjunto de sinais em sintomas em um paciente que, a médio e longo prazo, teve uma doença obstrutiva (bronco-obstru- ção); • Inflamação que resulta em estreitamento progressivo das vias aéreas pequenas (bron- quiolite), fibrose e destruição do parên- quima pulmonar com destruição das pare- des alveolares (enfisema); • Predominância de neutrófilos, macrófagos e linfócitos T citotóxicos. → • Tosse produtiva crônica (pelo menos 3 meses em 1 ano, por 2 anos consecutivos); • Dispneia; • Falta de ar ao esforço (maior a gravidade = menor o esforço necessário para ter falta de ar); • Limitação de exercícios; • Perda de peso/caquexia (depende da gra- vidade da doença); • Início insidioso; • Incapacidade funcional. → • 300 milhões de pessoas no mundo; • 3º causa de morte; • Maior prevalência em países de baixa e média renda; • Principal fator de risco: tabagismo. → • Fumo (ativo e passivo); • Exposição a poluição, gases e substâncias tóxicas. → Elementos clínicos Função pulmonar Sintomas respiratórios crônicos Fatores de risco Distúrbio ventilatório obstrutivo Tosse Expectoração Sibilância Dispneia Respiração ofegante Sensação de opressão torácica Idade superior a 40 anos Externos: tabagismo ou inalação de ga- ses irritantes ou de material particulado em ambiente ocupacional ou domiciliar, como fumaça de fogões a lenha Genéticos: deficiência de alfa-1 antitrip- sina História familiar de DPOC Fatores relacionados à infância: baixo peso ao nascer, infecções respiratórias na infância, entre outros Espirometria: relação VEF/CVF inferior a 0,7 pós-broncodilatador (relação volume expira- tório forçado no 1º se- gundo e capacidade vi- tal forçada) → • Considerar: - Intensidade dos sintomas; - Comorbidades; - Preferência do paciente; • Inclui: - Cessação do tabagismo; - Fisioterapia respiratória; - Farmacológico: fármacos e oxigeniote- rapia (mais recomendado: cateter de O2, po- dendo ser utilizado em casa ou internação, com a frequência dependendo da gravidade do caso); • Classificação de risco: Grupo Perfil de sintomas/exa- cerbações Grupo A: grupo de baixo risco, poucos sin- tomas Nenhuma exacerbação ou uma moderada (sem hospitalização); mMRC<2 ou CAT<10 Grupo B: grupo de baixo risco, bastante sin- tomas Nenhuma exacerbação ou uma moderada (sem hospitalização); mMRC≥2, ou CAT ≥10 Grupo C: grupo de alto risco, poucos sintomas Uma ou mais exacerba- ções graves (levando ahospitalização) ou duas ou mais moderadas nos últimos 12 meses; mMRC<2, ou CAT<10 Grupo D: grupo de alto risco, bastante sintomas Uma ou mais exacerba- ções graves (levando a hospitalização) OU duas ou mais moderadas nos últimos 12 meses; mMRC≥2, ou CAT≥10 CAT: COPD assessment test mMRC: questionário de dispneia modificada do British Medi- cal Reseach Council Tratamento farmacológico: • Conforme risco ABCD: A B C D Salbuta- mol Fenoterol Ipratrópio (conforme necessi- dade) Formote- rol Salmeterol (uso regu- lar) Conside- rar bron- codilata- ção dupla: Anoro Formoterol Salmeterol (uso regu- lar) Ipatrópio SN Corticoide inalatório (asma ou VEF<50%) Considerar broncodi- palação dupla: Anoro ou Spiolto Corticoide inalatório + LABA Ipratópio SN Conside- rar bron- codilata- ção dupla: Adoro ou Spiolto • Principais fármacos: Classe Fármacos Corticoides inalatórios Beclometasona Budesonida Ciclesonida Fluticasona Mometasona β2 Agonistas de Ação Prolongada (Long Acting β2 Agonist – LABA) até 12h Salmeterol Formoterol β2 Agonistas de Ação Muito Longa (até 24h) Vilanterol Olodaterol β2 Agonistas de Ação Curta (Short Acting β2 Agonist – SABA) 2-4h Salbutamol Fenoterol Antimuscarínicos de ação curta (1 a 2h) Ipratrópio (Atrovent) Antimuscarínicos de ação longa (até 22h) Glicopirrônio Tiotrópio Umeclidínio • Anoro Ellipta: Brometo de Umeclidínio + Trifenatato de Vilanterol; - Brometo de Umeclidínio: antagonista de receptores muscarínicos de longa dura- ção (anticolinérgico); - Trifenatato de Vilanterol: agonista se- letivo β-2 adrenérgico de ação prolongada (LABA); - Uso inalatório por via oral; - 1 vez ao dia; - Validade de 6 semanas após aberto; • Spiolto – Respimat: Brometo de Tiotró- pio Monoidratado + Cloridrato de Olodate- rol; - Brometo de Tiotrópio Monoidratado: antagonista de receptores muscarínicos de longa duração (anticolinérgico) - Cloridrato de Olodaterol: Agonista se- letivo β-2 adrenérgico de ação prolongada (LABA).