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PROJETO DE ESTÁGIO EJA – EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: MÉTODOS DE ENSINO FACULDADE FUTURA GERLANE SANTANA MOORE CARVALHO RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO PROJETO PRÁTICO DUAS BARRAS 2021 FACULDADE FUTURA GERLANE SANTANA MOORE CARVALHO PROJETO PRÁTICO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO DUAS BARRAS 2021 Relatório de estágio apresentado à disciplina Estágio Supervisionado, da Faculdade Futura, no Curso de Pedagogia, como pré-requisito para aprovação. PROJETO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EJA – EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: MÉTODOS DE ENSINO RESUMO Este trabalho teve por objetivos realização de análises de situações relativas as teorias de diversos autores que abordam a alfabetização de jovens e adultos, buscando melhor aproveitamento de suas teorias com a prática pedagógica, demonstrar se as teorias relatadas valorizam seus alunos e os tornam cidadãos capacitados para o mercado de trabalho e para a resolução de situações-problema enfrentadas por eles no seu dia-a-dia e, além do desenvolvimento de mecanismos que possibilitem a aplicação de algumas teorias na prática pedagógica. As campanhas de alfabetização de jovens e adultos vêm sendo realizadas no Brasil, desde 1940, em nome do combate ao analfabetismo. A escolarização passa a ser apontada como elemento decisivo na busca de uma cidadania ativa e participativa para todas as pessoas. Alfabetizar é, certamente, uma atividade complexa que deve ser entendida como uma tarefa não só pertinente ao professor que alfabetiza, mas de todos os envolvidos na responsabilidade de preparar o cidadão: famílias, professores, escolas e outras instituições públicas e privadas. Ao desenvolver este trabalho sobre a alfabetização de jovens e adultos, podemos afirmar que esta foi uma grande oportunidade para nós professores. Incentivando o trabalho em grupo, fortalecendo os laços de amizade, fazendo uma interação entre a prática e a teoria, praticando o bem e ensinando as pessoas a se preocuparem mais com as outras pessoas e se valorizarem mais. PALAVRAS-CHAVE: Alfabetização. Jovens. Adultos. Cidadão. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................06 2. DESENVOLVIMENTO ...................................................................................................................08 2.1 PAULO FREIRE UM MÉTODO QUE REVOLUCIONOU O EJA.................................................. 09 3. RELATO DE ESTUDO ...................................................................................................................13 4. CONCLUSÃO .................................................................................................................................15 5. REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................17 6 1. INTRODUÇÃO A sala de aula é o ponto de partida para as práticas pedagógicas. É o primeiro local que haverá contato com um grupo de pessoas, sem a presença da família, trazendo-se uma nova forma de socialização, desenvolver humano, físico e cívico. Será na escola que se aprenderá valores que serão levados para toda a vida. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é alvo de discussão frequente entre especialistas de ensino. Há hoje 4,5 milhões de brasileiros que cursam aulas da EJA. Geralmente esses alunos não puderam ser alfabetizados durante a infância por vários motivos. Pensando em uma melhor maneira de estimular o progresso dessas pessoas, na instituição escolar, e uma melhor preparação do indivíduo para as exigências do mundo moderno, essa proposta de educação deverá ter como missão valorizar o cidadão, capacitando-o para participar na edificação do Estado, promovendo o acolhimento humano para que seja obrigatoriamente inclusa. Podemos trabalhar com duas palavras: transmissão e mediação. A primeira está ligada à educação bancária tão hostilizada por Paulo Freire, na qual o aluno é o receptor e o professor o detentor do saber. É ele quem escolhe (ou sistema educacional) o que ensinar e como. Não há uma efetiva participação do educando no processo de ensino e aprendizagem. O nosso ponto de partida é a mediação, este processo educativo se torna horizontal. O professor faz a intermediação entre o conhecimento e o aluno e este deixa de ser expectador e se torna sujeito. O retorno dos jovens e adultos à escola deve-se, na maioria das vezes, à dificuldades de ingresso no mercado de trabalho, a vontade de saber, compreender e resolver situações do dia a dia, e alguns ainda, pelo sonho de aprender a ler, escrever e calcular. Para atender a algumas dessas expectativas, a escola e os professores precisam estar preparados para trabalhar com esse público diferenciado. Este trabalho teve por objetivo principal analisar as teorias de diversos autores que abordam a alfabetização de jovens e adultos, buscando melhor articulação de suas teorias com a prática pedagógica; demonstrar se as teorias relatadas valorizam seus alunos e os tornam cidadãos capacitados para o mercado de trabalho e para a resolução de situações-problema enfrentadas por eles no seu dia-a-dia. A Educação de Jovens e Adultos deve ser sempre uma educação multicultural, uma educação que desenvolva o conhecimento e a integração na diversidade cultura, uma educação para a compreensão mútua, contra a exclusão por motivos de raça, 7 sexo, cultura ou outras formas de discriminação e, para isso, o educador deve conhecer bem o próprio meio do educando, pois somente conhecendo a realidade desses jovens e adultos é que haverá uma educação de qualidade. Neste trabalho foi utilizada como metodologia a Pesquisa Bibliográfica, pois esta compreende o levantamento de toda a bibliografia já publicada em forma de livros, periódicos (revistas), teses, anais de congressos, indexados em bases de dados em formato on-line ou CD-ROM. Será apresentado através desta introdução, após, será mostrado o desenvolvimento do trabalho apresentando as mais diversas teorias encontradas, somado o estudo de caso e, por fim concluiremos os assuntos mostrando os motivos pelos quais o ensino de jovens e adultos é de suma importância. 8 2. DESENVOLVIMENTO De acordo com Manfredi a palavra metodologia: Advêm de methodos, que significa META (objetivo, finalidade) e HODOS (caminho, intermediação), isto é, caminho para se atingir um objetivo. Por sua vez, LOGIA quer dizer conhecimento, estudo. Assim, metodologia significaria o estudo dos métodos, dos caminhos a percorrer, tendo em vista o alcance de uma meta, objetivo ou finalidade. (Manfredi, 1993, p. 01) Nesse sentido, as metodologias de ensino seriam os diferentes métodos usados no processo de ensino e de aprendizagem. Vê-se o uso de metodologias que possibilitem a compreensão dos conteúdos pelos alunos e não a repetição de regras e fórmulas. A formação de professores para EJA vem sendo muito debatida nos centros acadêmicos. Alguns estudiosos propõem uma nova metodologia para se ensinar na EJA e outros afirmam que um dos motivos pelo fracasso é a falta de incentivo ao professor e as condições que não favorecem mudança. (Rocha, 2008, p.180) A Educação de Jovens e Adultos deve ser sempre uma educação multicultural, uma educação que desenvolva o conhecimentoe a integração na diversidade cultural, como afirma Gadotti, Uma educação para a compreensão mútua, contra a exclusão por motivos de raça, sexo, cultura ou outras formas de discriminação e, para isso, o educador deve conhecer bem o próprio meio do educando, pois somente conhecendo a realidade desses jovens e adultos é que haverá uma educação de qualidade. (Gadotti, 2002, p. 93.) Considerando a própria realidade dos educandos, o educador conseguirá promover a motivação necessária à aprendizagem, despertando neles interesses e entusiasmos, abrindo-lhes um maior campo para o atingimento do conhecimento. O jovem e o adulto querem ver a aplicação imediata do que estão aprendendo e, ao mesmo tempo, precisam ser estimulados para resgatarem a sua autoestima, pois sua "ignorância" lhes trará ansiedade, angústia e "complexo de inferioridade". Esses jovens e adultos são tão capazes como uma criança, exigindo somente mais técnica e metodologia eficientes para esse tipo de modalidade. 9 2.1 – Paulo Freire um método que revolucionou o EJA Paulo Freire marcou uma ruptura na história pedagógica do Brasil e da América Latina. Criou a concepção de educação popular e nela consolidou um dos paradigmas mais ricos da pedagogia contemporânea rompendo radicalmente com a educação elitista e comprometendo-se verdadeiramente com homens e mulheres. Num contexto de massificação, de exclusão, de desarticulação da escola com a sociedade, Freire dá sua efetiva contribuição para a formação de uma sociedade democrática ao construir um projeto educacional radicalmente democrático e libertador. Ao longo de sua militância educacional, social e política, Freire jamais deixou de lutar pela superação da opressão e desigualdades sociais entendendo que um dos fatores determinantes para que ela se dê é o desenvolvimento da consciência crítica através da consciência histórica. Seu projeto educacional sempre contemplou essa prática, construindo sua teoria do conhecimento com base no respeito pelo educando, na conquista da autonomia e no diálogo enquanto princípios metodológicos. Esse pensar crítico e libertador que permeia sua obra, serve como inspiração para educadores do mundo inteiro que acreditam ser possível unir as pessoas numa sociedade com equidade e justiça. Isso faz com que Paulo Freire seja hoje um dos educadores mais lidos do mundo. Nas últimas décadas, temos presenciado a evolução e recriação de suas teses epistemológicas, ou seja, sua teoria do conhecimento, que apontam para a construção de novos paradigmas educacionais e constante recriação da práxis pedagógica libertadora. A proposta de Freire parte do Estudo da Realidade (fala do educando) e a Organização dos Dados (fala do educador). Nesse processo surgem os temas geradores, extraídos da problematização da prática de vida dos educandos. Os conteúdos de ensino são resultados de uma metodologia dialógica. Cada pessoa, cada grupo envolvido na ação pedagógica dispõe em si próprio, ainda que de forma rudimentar, dos conteúdos necessários dos quais se parte. O importante não é transmitir conteúdos específicos, mas despertar uma nova forma de relação com a experiência vivida. A transmissão de conteúdos estruturados fora do contexto social do educando é considerada "invasão cultural" ou "depósito de 10 informações" porque não emerge do saber popular. Portanto, antes de qualquer coisa, é preciso conhecer o aluno. Conhecê-lo enquanto indivíduo inserido num contexto social de onde deverá sair o "conteúdo" a ser trabalhado. Assim sendo, Não se admite uma prática metodológica com um programa previamente estruturado assim como qualquer tipo de exercícios mecânicos para verificação da aprendizagem, formas essas próprias da "educação bancária", onde o saber do professor é depositado no aluno, práticas essas domesticadoras. (BARCELLOS, 2005, p. 4). O relacionamento educador-educando nessa perspectiva se estabelece na horizontalidade onde juntos se posicionam como sujeitos do ato do conhecimento. Elimina-se, portanto, toda relação de autoridade uma vez que essa prática inviabiliza o trabalho de criticidade e conscientização. O ato educativo deve ser sempre um ato de recriação, de ressignificação de significados. O Método Paulo Freire tem como fio condutor a alfabetização visando à libertação. Essa libertação não se dá somente no campo cognitivo mas acontece essencialmente nos campos social e político. Para melhor entender este processo precisamos ter clareza dos princípios que constituem o método e que estão diretamente relacionados às ideias do educador que o concebeu. (FREIRE, 1983, p.81). No curso de Pedagogia, objeto desta pesquisa, o estágio visa apresentar ao licenciando a realidade descortinada do espaço escolar, na perspectiva de ser uma exitosa experiência para a formação integral do acadêmico, tendo em vista a realidade do mundo do trabalho que exige profissionais bem preparados e capazes de atuar com as competências construídas na formação da graduação. Nesse sentido, a sala de aula configura-se em um espaço de vivência do que é ser professor, de como são construídos, na prática docente, os saberes e os fazeres em constante aperfeiçoamento e, em consonância com “[...] a associação entre teorias e práticas, mediante estágios supervisionados e capacitação em serviço [...]” prevista no artigo 61, inciso II da Lei 9.394/96. O conhecer, ação pedagógica em sala de aula, como observador e regente permite ao estagiário analisar as nuances que se fazem presentes entre o que se aprende e o que se põe em prática, resultando, em mudança de percepção, como bem define Freire (1983), em sua obra “Educação e Mudança”: 11 Esta mudança de percepção, que se dá na problematização de uma realidade concreta, no entrechoque de suas contradições, implica um novo enfrentamento do homem com sua realidade. Implica admirá-la em sua totalidade: vê-la de “dentro” e, desse “interior”, separá-la em suas partes e voltar a admirá-la, ganhando assim, uma visão mais crítica e profunda da sua situação na realidade que não condiciona. (FREIRE, 1983, p. 60). Para a execução do componente curricular – Estágio – um docente da Instituição de Ensino Superior (IES) torna-se acompanhante do licenciando em todas as fases daquele período, desde a etapa de observação e, principalmente, estendendo-se até o momento da prática, ou seja, no exercício da docência, tendo em vista que: Uma identidade profissional se constrói, pois, com base na significação social da profissão; na revisão constante dos significados sociais da profissão; na revisão das tradições. Mas também com base na reafirmação de práticas consagradas culturalmente que permanecem significativas. [...] Constrói-se, também, pelo significado que cada professor, enquanto ator e autor, confere à atividade docente em seu cotidiano, em seu modo de situar-se no mundo, em sua história de vida, em suas representações, em seus saberes, em suas angústias e anseios, no sentido que tem em sua vida o ser professor. (ANASTASIOU; PIMENTA, 2002, p. 77). Os estudantes Educação de Jovens e Adultos (EJA) são, em boa parte, trabalhadores que não cumpriram suas trajetórias escolares ou que foram impedidos e buscam a superação de difíceis situações de moradia, saúde, transporte, alimentação – direitos constitucionais - entretanto, fazem parte de uma estatística vergonhosa, consequente da lacuna sócio histórica, da perpetuação do analfabetismo e do processo de exclusão do cidadão, uma característica fundante da formação do processo educacional brasileiro. Realidade que não poderia ser diferente entre os estudantes sujeitos deste relato. É importante destacar que esse alunato já desenvolve conteúdo a partir das práticas sociais cotidianas e o que lhes falta é a sistematização e a formalização do ensino paraque não se sintam diferentes dos outros, tendo em vista que chegam à fase adulta com expectativas de aprendizagem, competências e habilidades que deveriam ser reconhecidas e trabalhadas didaticamente a partir de propostas pedagógicas específicas e que se aproximem da realidade desse perfil de estudante. Os cursos em tempo parcial noturno, na sua maioria, são de Educação de Jovens e Adultos (EJA) destinados, mormente, a estudantes trabalhadores, com maior maturidade e experiência de vida. São poucos, porém, os cursos regulares noturnos destinados a adolescentes e jovens de 15 a 18 anos ou pouco mais, os quais são compelidos ao estudo nesse turno por motivos de defasagem escolar e/ou de inadaptação aos métodos adotados e ao convívio com colegas de idades menores. (BRASIL, 2013, p. 27) 12 As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica consideram que EJA é um processo saneador em que a nação brasileira procura reparar uma dívida social com o cidadão que não estudou na idade própria, destinando-se aqueles que estão na faixa etária superior à considerada própria, no nível de conclusão do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Nessa perspectiva, este estudo evidencia as experiências de ensino e aprendizagem vivenciadas pelos concludentes do curso de Pedagogia no Estágio Supervisionado na Educação de Jovens e Adultos. Estas possibilitaram aos alunos da EJA um contato com práticas de leitura diferenciadas, na percepção de que cada sujeito aprende de forma diferente em tempo diverso e pessoal, e do jeito que se percebe e entende o mundo que o rodeia. 13 3 RELATO DE ESTUDO Vimos que, uma reflexão acerca do ensino da EJA e sua prática educativa, considera a metodologia adotada pelo educador, se há a inclusão de métodos que beneficiem tal modalidade dentro do contexto de uma escola da rede pública. A reflexão dessa prática pedagógica é o principal dever incumbido ao educador dessa modalidade, além da clareza deste tratar-se de um método de grande responsabilidade social e educacional, onde o docente é o mediador entre aluno e conhecimento. Possibilitando aos discentes novos métodos de aprendizagens, incapazes de serem alcançados se o docente não cumprir seu papel em sala. Os saberes aqui expostos revelaram que toda prática está fundamentada, mas não apenas no curso de formação, ou formação continuada onde há busca pelo saber, mas também na formação teórica de um educador que de corpo e alma se dedica a levar conhecimento a seus alunos, praticando assim uma ação transformadora na EJA. Ficou nítido que em certo momento de suas vidas os sujeitos dessa pesquisa foram excluídos da escola, ou impedidos de voltarem a frequentar o ensino regular por conta de suas idades avançadas. A EJA é um elemento fundamental e de extrema importância, responsável por um elo de ligação entre sonhos e realidade, creditando aos sujeitos envolvidos um futuro promissor, responsáveis diretos por sua permanência e posteriormente a conclusão do ensino médio, quem sabe até sonhar ingressar na formação superior, contrariando desta forma a exclusão um dia vivenciada por eles. É notável que os professores abordem dois pontos distintos ao lecionar na EJA. O primeiro visa mostrar que a Educação é importante e que transforma a vida do aluno. Já o segundo nos mostra que busca habituar seu ensino à vida do discente, levando em consideração as experiências obtidas pelo aluno ao longo da vida, tendo em vista que o mesmo traz consigo uma carga de trabalho e outras responsabilidades. É visto que os professores trabalham para o bem do aluno, visando a educação e a realidade vivida pelos discentes fora de sala de aula, como fatores indispensáveis para seu rendimento. Notável, que os professores possuem uma grande jornada de trabalho, muitos deles além de lecionarem somente em turmas EJA, participam do ensino regular na escola e muita das vezes em outras escolas além da que oferece a modalidade EJA. Os professores enfatizam que os alunos possuem uma rotina diferente dos da Educação Regular e isso pode ser um problema, mas o professor deve ser facilitador 14 da Educação e torná-lo uma solução em sala de aula, trazendo situações do cotidiano dos discentes para suas aulas. Conforme o que é notado, o ensino na EJA aparenta ser menos robusto que na modalidade regular, mas, como dito anteriormente por aqueles que se dispuseram a lecionar nessa área, assumiram o compromisso de levar sempre em consideração a realidade de vida dos alunos. 15 4 CONCLUSÃO Ao final deste estudo, observamos que as orientações legais, programas e projetos educativos, apesar de se constituírem em um avanço como políticas públicas, não são suficientes para o enfrentamento da exclusão. Esse combate se dá mediante a um conjunto de fatores, que devem funcionar de forma articulada. É preciso, ainda, um planejamento a longo prazo, mas para isso, entendemos ser necessárias transformações das ações atuais, considerando a escola como um grande instrumento, porque não dizer o principal. Mesmo enfatizando o papel da escola na sociedade, é importante explicitarmos que não basta apenas garantir as matrículas aos indivíduos, pois não basta apenas inseri-los na escola. É preciso criar condições para a permanência dos educandos, uma vez que a inclusão não se resume ao ato de garantia de acesso, mas de propiciar uma contínua assistência no desenvolvimento pleno do aprendiz. Diante do exposto, procuramos observar de que maneira a escola contribuiu para amenizar a exclusão social, e podemos constatar que essas instituições são determinantes para essas pessoas, uma vez que foi através da educação que elas alcançaram melhores empregos e formações educacionais. O fato de a escola ser um espaço de troca de conhecimentos e experiências, ela deve estar atenta às contínuas mudanças que ocorrem do mundo, pois em um mundo que está em constante transformação social, tecnológica e cultural, faz-se necessário uma prática pedagógica que transcenda o ato de ler, escrever e contar. Entendemos que existem diferentes maneiras do aluno ser “excluído” da escola, e essas maneiras são caracterizadas e vivenciadas por cada indivíduo, na medida em que este não pode ser considerado agente crítico, ativo e transformador de sua realidade, apenas pelo simples fato de saber ler e escrever. Em que sentido terá essa alfabetização se ela não coincidir com a vida pública do aluno? Esta alfabetização não pode ser considerada um ato mecânico, ela deverá ser apenas o início de um inacabado caminho produtivo, de um conhecimento crítico e contextualizado. Acreditamos que é possível sim, obtermos e oferecermos, uma educação transformadora, como já, uma educação como prática social, como prática da liberdade, que atenda às necessidades dos educandos, e que além de alfabetizar, possa despertar nos alunos, o sentimento de criticidade e a percepção do meio em que 16 vivem. Por sua vez, a educação de Jovens e Adultos, é um importante suporte para o desenvolvimento dessa criticidade, pois ela não representa apenas uma reparação social com aqueles que não tiveram acesso à educação na idade dita regular, mas é considerada também como o início de uma série de direitos civis, inerentes ao ser humano. Concluímos que a escola mesmo não sendo a única responsável pelos problemas sociais, consideramos como a nossa maior aposta de mudança, a fim de reparar os problemas excludentes da nossa sociedade. Pois, não há como se posicionar de maneira neutra, frente às inúmeras questões que caracterizam o Brasil, uma vez que nosso país nos últimos anos vem obtendo destaque em meio a outros países economicamente bem sucedidos, mas a nossa desigualdadesocial continua atingindo dados alarmantes. A escola não pode ser omissa quanto à precariedade da saúde pública, da educação, dos altos impostos cobrados pelo governo, da falta de saneamento básico. Diante desses fatores, não podemos nos omitir às tamanhas incoerências e injustiças. Não podemos continuar na inércia de naturalizar os problemas sociais que permeiam o nosso país. A escola não pode ser conivente a esse sistema excludente e alienante, pois esses problemas estão atrelados visivelmente ao nosso cotidiano, e a nossa conduta diz muito do tipo de país que queremos construir. 17 REFERÊNCIAS ANASTASIOU, L. das G.; PIMENTA, S. G. Docência no ensino superior. São Paulo: Cortez, 2002. BARCELLOS, Ana Paula de. Impactos do Projeto “Eu escrevo para você Ler” realizado com educandos da EJA em uma escola pública do Distrito Federal. Mimeo. Faculdade de Educação – UnB, 2005. BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:. Acesso em 08 jun. 2021. BRASIL, Lei 9394/96, de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: Acesso em 09 jun. 2021. BRASIL. Resolução CNE/CP Nº 1, de 15 de maio de 2006 que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura. Disponível em: Acesso em 09 jun. 2021. BRASIL, Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008 que Dispõe sobre o estágio de estudantes. Disponível em: Acesso em 09 jun. 2021. BRASIL, Parecer CNE 11/2000. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/eja/ legislação/parecer_11_2000.pdf. Acesso em 09 junho. 2021. BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013. 562p. ISBN: 978-857783-136-4. FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Paz e Terra. Rio de Janeiro, 1983. FREIRE, Paulo. A educação na cidade. São Paulo: Cortez, 1991. 18 GADOTTI, Moacir. Boniteza de um sonho: ensinar-e-aprender com sentido. São Paulo: Cortez, 2002 GADOTTI, Moacir. Educar para um outro mundo possível. São Paulo: Publisher Brasil, 2007. MANFREDI, S. M. Metodologia do ensino - diferentes concepções. UNICAMP, Campinas, 1993. ROCHA, C. B. S. Educação de jovens e adultos: o perfil do professor e as percepções dos alunos em relação à matemática. Licenciatura em matemática da Universidade Católica de Brasília, 2008. Disponível em: https://www.ucb.br/sites/100/103/TCC/12008/ClaudiaBda SilvaRocha.pdf>. Acesso: em 09 jun. 2021.
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