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Apelação Criminal por Receptação

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E M E N T A
 
Órgão : 3ª TURMA CRIMINAL
Classe : APELAÇÃO
N. Processo : 20100310081468APR
(0008130-52.2010.8.07.0003)
Apelante(s) : JULIO CEZAR DA SILVA
Apelado(s) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO
FEDERAL E TERRITÓRIOS
Relatora : Desembargadora NILSONI DE FREITAS
Revisor : Desembargador JOÃO BATISTA TEIXEIRA
Acórdão N. : 877123
RECEPTAÇÃO. PRELIMINAR. LEITURA DA DENÚNCIA E
DEPOIMENTO EXTRAJUDICIAL. LICITUDE DA PROVA
T E S T E M U N H A L . P R O V A S . C O N D E N A Ç Ã O .
D E S P R O V I M E N T O .
I - A leitura do próprio depoimento prestado em sede de
inquérito pela testemunha, antes da audiência, não induz à
nulidade do testemunho judicial, pois tal possibilidade é
expressamente prevista no parágrafo único do artigo 204 do
Código de Processo Penal.
II - Os elementos colhidos na fase de inquérito, quando
corroborados em juízo, constituem prova suficiente a embasar
a condenação.
III - Preliminar rejeitada. Recurso conhecido e desprovido.
Poder Judiciário da União
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios
Fls. _____
Código de Verificação :2015ACOWWESZDPUFCH39C3QNYLW
GABINETE DA DESEMBARGADORA NILSONI DE FREITAS 1
 
A C Ó R D Ã O
Acordam os Senhores Desembargadores da 3ª TURMA CRIMINAL
do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, NILSONI DE FREITAS -
Relatora, JOÃO BATISTA TEIXEIRA - Revisor, JESUINO RISSATO - 1º Vogal,
sob a presidência do Senhor Desembargador JESUINO RISSATO, em proferir a
seguinte decisão: CONHECIDO. REJEITADA A PRELIMINAR. NEGOU-SE
PROVIMENTO. UNÂNIME., de acordo com a ata do julgamento e notas
taquigráficas.
Brasilia(DF), 25 de Junho de 2015.
Documento Assinado Eletronicamente
NILSONI DE FREITAS
Relatora
Fls. _____
Apelação 20100310081468APR
Código de Verificação :2015ACOWWESZDPUFCH39C3QNYLW
GABINETE DA DESEMBARGADORA NILSONI DE FREITAS 2
 Sentenciando o feito (fls. 236/244), o MM. Juiz de Direito Substituto
da Segunda Vara Criminal de Ceilândia/DF julgou procedente a pretensão punitiva
estatal para condenar o réu à pena de 1 (um) ano de reclusão, no regime aberto, a
qual foi substituída por uma pena restritiva de direitos e ao pagamento de 10 (dez)
dias-multa, à razão unitária mínima.
 O réu foi intimado da sentença condenatória por hora certa (fl. 262).
 Inconformada, a Defesa apela (fl. 248). Em suas razões (fls.
253/258), suscita, preliminarmente, que o depoimento judicial do policial Pedro
Henrique Galvão de Castro Menezes deve ser considerado como prova ilícita, pois
ele, antes da audiência, teve acesso aos autos e leu a denúncia e o seu depoimento
extrajudicial, violando, assim, o princípio da espontaneidade que deve nortear a
colheita da prova oral.
 No mérito, argumenta que o réu deve ser absolvido, ante a
inexistência de qualquer prova judicial da ocorrência de crime.
 Assim, pugna pela reforma da sentença para que, em obediência ao
disposto no art. 5º, inciso LVI, da Constituição Federal e no art. 157 do Código de
Processo Penal, seja reconhecida a ilicitude do depoimento do policial Pedro
Henrique Galvão de Castro Menezes, inutilizando-o e determinando-se, até mesmo,
seu desentranhamento dos autos. Em conseqüência, no mérito, postula a absolvição
do acusado com fundamento no art. 386, inciso VII, do Código de Processo Penal.
R E L A T Ó R I O
 Trata-se de ação penal ajuizada pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO
DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS em desfavor de JÚLIO CEZAR DA SILVA,
atribuindo-lhe a autoria do delito previsto no art. 180, caput, do Código Penal,
constando da denúncia (fls. 02/03), devidamente aditada à fl. 170, que, no dia 20 de
março de 2010, sábado, à 01h, aproximadamente, servidores policias receberam
informação, via rádio, quanto ao veículo Fiat/Línea, placa NLM 3846/GO, ser
produto de furto e encontrar-se escondido na QNP 14, conj. B, lote 07, nesta
cidade. Os policiais saíram em diligências e, ao chegarem ao indicado endereço,
encontraram o descrito veículo estacionado na garagem encoberto com uma lona.
Realizaram buscas e encontraram um saco plástico dentro de uma lavadora de
roupas com a chave original do Fiat/Línea, alguns documentos relativos a outros
veículos e quatro rodas de liga-leve, aro 18, com os respectivos pneus. Dayane,
companheira do denunciado, informou aos policiais que foi ele quem guardou o
veículo na residência a pedido de Leonardo da Conceição Lima, vulgo “Léo”,
sabendo que era produto de crime.
Fls. _____
Apelação 20100310081468APR
Código de Verificação :2015ACOWWESZDPUFCH39C3QNYLW
GABINETE DA DESEMBARGADORA NILSONI DE FREITAS 3
 O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios deixou de
apresentar contrarrazões formais (fl. 260).
 A 10ª Procuradoria de Justiça Criminal, por intermédio do d.
Procurador de Justiça Gladaniel Palmeira de Carvalho, oferta o parecer (fls.
271/273) pelo conhecimento e desprovimento do apelo.
 É o relatório.
Fls. _____
Apelação 20100310081468APR
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GABINETE DA DESEMBARGADORA NILSONI DE FREITAS 4
Trata-se de ação penal ajuizada pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO
DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS em desfavor de JÚLIO CEZAR DA SILVA,
atribuindo-lhe a autoria do delito previsto no art. 180, caput, do Código Penal,tendo o
MM. Juiz a quo julgado procedente a pretensão punitiva estatal para condená-lo à
pena de 1 (um) ano de reclusão, no regime aberto, a qual foi substituída por uma
pena restritiva de direitos, e ao pagamento de 10 (dez) dias-multa, à razão unitária
mínima.
Irresignada, a Defesa apela, requerendo, preliminarmente, que seja
reconhecida a ilicitude do depoimento do policial Pedro Henrique Galvão de Castro
Menezes e determinado seu desentranhamento dos autos, e, no mérito, a absolvição
do acusado por insuficiência probatória.
DA PRELIMINAR DE ILICITUDE DA PROVA
Consoante já relatado, a Defesa requer o reconhecimento da
ilicitude do depoimento judicial do policial civil Pedro Henrique Galvão de Castro
Menezes, por violação ao disposto no art. 5º, inciso LVI, da Constituição Federal, no
art. 204 do Código de Processo Penal, bem como ao princípio da espontaneidade,
que deve nortear a colheita da prova oral.
Razão não lhe assiste.
A referida testemunha afirmou, em juízo (fl. 153), que antes da
audiência e enquanto estava no saguão do Fórum, teve acesso aos autos,
oportunidade em que leu a denúncia e partes de seu depoimento prestado perante a
autoridade policial, quando da prisão em flagrante do acusado.
Entretanto, tal circunstância não gera qualquer nulidade.
Conforme o ilustre Sentenciante bem pontuou, no plano ideal, o
depoimento da testemunha deveria ser baseado na recordação livre. Contudo, em
casos com o sob análise, em que o feito teve longa tramitação, tudo em razão das
reiteradas oportunidades do acusado cumprir o sursis processual, o que não se
consumou por desídia do investigado, não é razoável esperar que um policial
recorde todos os detalhes da ocorrência, notadamente em se tratando de crime
recorrente na atividade policial. Desse modo, é razoável presumir que o policial fará
consulta nos arquivos internos antes de participar da audiência para permitir a
lembrança do ocorrido (fls. 237/238).
Tal procedimento, aliás, encontra expressa permissão legal, inserta
V O T O S
A Senhora Desembargadora NILSONI DE FREITAS - Relatora
Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do recurso.
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Apelação 20100310081468APR
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GABINETE DA DESEMBARGADORA NILSONI DE FREITAS 5
no parágrafo único do artigo 204 do Código de Processo Penal, que assim
estabelece:
 
Art. 204. O depoimento será prestado oralmente, não
sendo permitido à testemunha trazê-lo por escrito.
Parágrafo único. Não será vedada à testemunha,
entretanto, breve consulta a apontamentos.
 
Vale notar que a jurisprudência admite, inclusive, que o juiz leia
integralmente o depoimento prestado na fase de inquérito para depois indagar à
testemunha se o confirmaou não, desde que, como na espécie, sejam
oportunizados o contraditório e a ampla defesa.
Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça assim já decidiu:
 
(...) A leitura dos depoimentos prestados pelas vítimas ou
testemunhas na fase inquisitorial, em juízo, não é causa de
nulidade, desde que oportunizados o contraditório e a
ampla defesa, como no caso concreto, em que foram
reinquiridas pelo Juiz e pela acusação e defesa.
Precedentes. (HC 270.860/MS, Rel. Ministro LEOPOLDO DE
ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TJ/PE), QUINTA TURMA, julgado em 10/03/2015, DJe
14/05/2015);
 
 
(...) Ainda que assim não fosse, a prévia leitura dos
depoimentos prestados na fase policial, embora não seja
recomendável, é incapaz, por si só, de macular a audiência
de instrução, quando à acusação e à defesa é possibilitado
o direito de questionar as testemunhas, na forma do artigo
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Apelação 20100310081468APR
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GABINETE DA DESEMBARGADORA NILSONI DE FREITAS 6
212 do Código de Processo Penal. (HC 237.198/MS, Rel.
Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em
03/09/2013, DJe 17/09/2013).
 
Na mesma linha, colhem-se os seguintes precedentes desta egrégia
Corte de Justiça:
 
(...) A breve consulta ao próprio depoimento prestado em
sede de inquérito não enseja a nulidade do testemunho
judicial, porquanto é expressamente permitida na
legislação penal, conforme prevê o parágrafo único do
artigo 204 do Código de Processo Penal. Preliminar
rejeitada. (Acórdão n. 654119, 20110910146582APR, Relator:
ROBERVAL CASEMIRO BELINATI, Revisor: SILVÂNIO
BARBOSA DOS SANTOS, 2ª Turma Criminal, Data de
Julgamento: 14/02/2013, Publicado no DJE: 19/02/2013. Pág.:
265);
 
 
(...) A legislação processual penal não veda a leitura do
depoimento extrajudicial da testemunha antes de lhe
proceder a inquirição judicial, de modo que, inexistindo
ofensa à lei, não há que se falar em violação do direito do
paciente. 
 Ademais, o Código de Processo Penal, em seu artigo 563,
dispôs que somente se declara a nulidade do ato se
comprovado o efetivo prejuízo. Na espécie, não foi
demonstrado e sequer alegado nenhum prejuízo às partes
pela leitura do depoimento extrajudicial da testemunha
antes de se proceder à sua oitiva judicial, de modo que não
se pode reconhecer nenhuma ilegalidade. (Acórdão n.
623169, 20120020201035HBC, Relator: ROBERVAL
Fls. _____
Apelação 20100310081468APR
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GABINETE DA DESEMBARGADORA NILSONI DE FREITAS 7
CASEMIRO BELINATI, 2ª Turma Criminal, Data de
Julgamento: 27/09/2012, Publicado no DJE: 02/10/2012. Pág.:
291).
 
Dessa forma, considerando que o depoimento da indigitada
testemunha foi colhido oralmente e em observância às regras processuais
pertinentes, possibilitando a ambas as partes a realização de perguntas e
reperguntas, e, principalmente, não tendo a Defesa se desincumbido do ônus de
demonstrar a eventual ocorrência de qualquer prejuízo, inviável a decretação da
nulidade ventilada pelo recorrente.
Logo, rejeito a preliminar. 
DA MATERIALIDADE E DA AUTORIA
Superada a preliminar argüida pelo apelante, o acolhimento do
pedido de absolvição por insuficiência probatória mostra-se incabível, eis que os
elementos de prova que integram o acervo probatório denotam, de forma suficiente e
satisfatória, a materialidade e a autoria do delito de receptação.
A materialidade é evidenciada pelo Auto de Prisão em Flagrante nº
200/2010 (fls. 06/13), Auto de Apresentação e Apreensão (fl. 21); Comunicações de
Ocorrência Policial nº 1.823/2010-1 (fls. 29/34) e nº 3.249/2010-0 (fls. 35/36); Termo
de Restituição (fl. 38) e pela prova oral coligida.
A autoria , de igual forma, restou comprovada de forma
incontestável.
Na fase de inquérito, o policial Pedro Henrique Galvão de Castro
Menezes, condutor do flagrante, narrou (fls. 06/07) que, à época dos fatos, a equipe
composta por ele e outros três agentes recebeu denúncia de que havia um veículo
escondido no endereço descrito na inicial, o qual era produto de crime. Lá chegando,
eles localizaram o veículo Fiat/Línea, placa NLM 3846/GO, dentro de uma garagem
e cuja parte traseira estava ocultada por uma lona, e que ao consultar a placa do
veículo, constatou tratar-se de bem produto de furto. Afirmou que dentro de uma das
máquinas de lavar que estava encostada na casa, encontraram um saco plástico
que continha a chave original do referido automóvel e diversos documentos de
veículos e, ao lado de tais máquinas, localizaram 4 (quatro) rodas de liga-leve, aro
18, com seus respectivos pneus.
Disse que enquanto estavam na residência, chegou ao local uma
moradora do lote, residente na casa da frente, a qual informou que JULIO, morador
da residência dos fundos era quem guardava veículos no lote, mas naquele
Fls. _____
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GABINETE DA DESEMBARGADORA NILSONI DE FREITAS 8
momento não tinha ninguém na tal casa; que a moradora da casa da frente ainda
informou que a esposa de JÚLIO chamava-se DAYANE e, em pesquisa disponível
na PCDF, os policiais chegaram à casa da genitora de DAYANE, onde a
encontraram. Afirmou que, questionada acerca do veículo encontrado em sua
residência, Dayane dissera que o seu companheiro, JÚLIO CÉSAR DA SILVA, havia
guardado o FIAT/LINEA nesta data a pedido de LÉO e que tinha conhecimento de
que o mesmo era produto de furto. Alegou que, diante de tais fatos, saíram
acompanhados de Dayane e lograram êxito em localizar o acusado.
No mesmo sentido foram as declarações do policial André Ricardo
Oliveira Marinho (fls. 08/09).
Corroborando tais afirmações, Dayane Nunes Sousa, companheira
do acusado, aduziu que, na data dos fatos, estava em sua residência na companhia
de JÚLIO, quando, por volta das 19 horas, compareceu a pessoa conhecida por
LÉO, o qual estava conduzindo um veículo FIAT/LÍNEA de cor cinza; QUE LÉO
pediu a JÚLIO que guardasse o veículo em sua residência, o que foi aceito por este;
que a depoente escutou LÉO dizendo a JÚLIO que o veículo acabara de ser
furtado, mas mesmo assim este guardou o veículo; QUE a depoente pediu que
JÚLIO não guardasse o veículo em sua residência, vez que se tratava de produto de
criem, oportunidade em que JÚLIO ficou bravo com a depoente; que após tais fatos,
a depoente foi para a casa de sua, e, passado algum tempo, recebeu ligação
telefônica de seu vizinho JOAÕZINHO, o qual informou que havia policiais em sua
casa (fl. 10).
O réu, por sua vez, alegou que não sabia tratar-se de bem produto
de crime. Disse que, naquela data, seu amigo LEONARDO lhe pediu que lavasse o
veículo, já que trabalhava num lava-jato, e que como ele lhe dissera que não
buscaria o carro naquele mesmo dia, resolveu que só realizaria o serviço no dia
seguinte. Alegou, que cobriu o carro com uma lona para que ele não fosse estragado
pela crianças vizinhas que brincam no lote (...) já guardou diversos veículos para
LEONARDO com a mesma finalidade de serem lavados, que as quatro rodas de
liga-leve pertencem a ALEX, o qual possui documento que comprove a propriedade
das rodas e que não sabia informar porque Dayane estava mentindo (fls. 12/13).
Em juízo, o réu foi considerado revel (fl. 151) e, diante da ausência,
em duas oportunidades (fls. 151 e 219) da testemunha Dayane, as partes desistiram
de sua oitiva.
No entanto, a testemunha policial Pedro Henrique, cuja validade e
legitimidade ora reafirmo, confirmou suas declarações iniciais, afirmando in litteris:
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GABINETE DA DESEMBARGADORA NILSONI DE FREITAS 9
 
que trabalhava na DOE; que foi informado que havia um
carro furtado em uma residência; que foram até o local e
constataram que era um lote com duas casas; que pediram
para a moradora de uma das casas para entrar e ela
deixou; que havia um veiculo coberto com uma lona;que
pesquisaram a placa e o carro era furtado; que a moradora
disse que o carro era do marido de Dayane, que morava na
outra casa; que pesquisaram no sistema através dos
nomes passados pela moradora e descobriram o endereço
na mãe de Dayane; que foram a casa da mãe de Dayane
onde a encontraram e ela disse que seu marido guardara o
carro a pedido de "Léo"; que em diligencias encontraram o
acusado em um bar e foi-lhe dada voz de prisão; que o
acusado disse que guardara o carro para "Leo"; que
apurou que era comum o acusado chegar em casa com
carros diferentes e que sempre colocava lona na parte
traseira; que na casa do réu encontraram roda de liga leve
aro 18, chaves de carro e documentos de veículos dentro
da maquina de lavar; que a chave reserva do carro foi
encontrada; que diligenciaram mas não encontraram a
pessoa de "Leo"; que não se recorda se os documentos
foram encontrados. Às perguntas da DEFESA, respondeu:
que antes da audiência teve o processo em suas mãos e
leu a denúncia enquanto estava no saguão; que leu partes
do depoimento de fls. 06. (fl. 153).
 
Dessa forma, evidencia-se que a negativa do réu encontra-se
isolada nos autos e que, em contrapartida, a condenação encontra-se fulcrada em
prova concreta e devidamente judicializada, sendo, pois, inviável o acolhimento do
pleito absolutório.
DA DOSIMETRIA DA PENA 
O MM. Juiz assim fixou a pena (fls. 105/106):
Fls. _____
Apelação 20100310081468APR
Código de Verificação :2015ACOWWESZDPUFCH39C3QNYLW
GABINETE DA DESEMBARGADORA NILSONI DE FREITAS 10
 
Passo à dosimetria e individualização das penas, nos termos
dos arts. 93, IX, da CF/88 e 68 do CP.
Na primeira fase de fixação da pena, analiso as circunstâncias
elecandas no artigo 59 do Código Penal.
A culpabilidade não refoge à reprovabilidade constante do
próprio tipo penal. O réu não ostenta maus antecedentes,
sendo, portanto, primário. A personalidade, a conduta social, os
motivos, circunstâncias e as consequencias do crime não
merecem maiores considerações e desdobramentos. 
Assim analisadas as circunstâncias judiciais, fixo-lhe a pena
base no mínimo legal, ou seja, em 1 (um) ano de reclusão.
Na segunda fase de aplicação da pena, não verifico a presença
de qualquer circunstância atenuante ou agravante a ser
considerada, razão pela qual mantenho a pena no patamar
anteriormente fixado.
Na terceira fase de aplicação da pena, não constato a
existência de causa de aumento ou de diminuição, razão pela
qual torno a pena definitiva em 1 (um) ano de reclusão. 
Quanto à pena pecuniária, considerando as circunstâncias
judiciais anteriormente analisadas, condeno, ainda, o réu ao
pagamento de 10 (dez) dias-multa, devendo cada dia-multa ser
calculado à razão de 1/30 (um trigésimo) do salário mínimo
vigente à época do fato, devidamente corrigido, em razão da
aparente condição econômica do réu inferida da qualificação
lançada por ocasião do depoimento na delegacia (CP, art. 60).
Fixo o regime inicialmente aberto para o cumprimento da pena
privativa de liberdade, (art. 33, § 2º, alínea "c", do CP).
O réu preenche os requisitos subjetivos e objetivos do artigo
44, do Código Penal, razão pela qual substituo a pena privativa
de liberdade por UMA restritiva de direito, a ser cumprida nos
moldes estabelecidos pela VEPEMA.
Concedo ao réu o direito de recorrer em liberdade, haja vista
que, ao ora sentenciado, preso em flagrante, foi concedida
liberdade provisória, permanecendo solto durante toda a
instrução processual, inexistindo, por ora, motivos concretos a
Fls. _____
Apelação 20100310081468APR
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GABINETE DA DESEMBARGADORA NILSONI DE FREITAS 11
determinar sua custódia cautelar.
Deixo de fixar valor mínimo à reparação de danos, consoante
previsto no art. 387, IV, do CPP, por não haver prejuízo.
 
Na primeira fase, o Juiz valorou favoravelmente todas as
circunstâncias judiciais e fixou a pena no mínimo legal, qual seja, 1 (um) ano de
reclusão, o que não enseja qualquer reparo, até mesmo em respeito ao princípio da
ne reformatio in pejus. 
Na segunda fase, ausentes circunstâncias agravantes ou
atenuantes, manteve a reprimenda no mesmo patamar e, na terceira fase, à míngua
de causas de aumento e de diminuição, fixou-a definitivamente em 1 (um) ano de
reclusão, o que também deve ser preservado.
DA PENA PECUNIÁRIA
No que tange à pena pecuniária, considerando-se a pena privativa
de liberdade aplicada e que o acusado, na Delegacia, informou trabalhar em um
lava-jato e auferir cerca de R$ 800,00 (oitocentos reais) por mês, mantenho-a em 10
(dez) dias-multa, à razãode 1/30 (um trigésimo) do maior salário mínimo vigente ao
tempo do fato.
DO REGIME DE CUMPRIMENTO DA PENA 
Deve ser mantido o regime aberto fixado na origem, com base no
art. 33, § 2º, "c", e § 3º, do Código Penal, pois, o réu é primário, contou com a
avaliação favorável de todas as circunstâncias judiciais e a reprimenda aplicada é
inferior a 4 (quatro) anos de reclusão.
DA SUBSTITUIÇÃO DA PENA
Correta a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos, porquanto preenchidos os requisitos estabelecidos no artigo 44 do Código
Penal.
Ante o exposto, REJEITO A PRELIMINAR E, NO MÉRITO, NEGO
PROVIMENTO ao recurso.
Comunique-se ao Cadastro Nacional de Condenados por ato de
Improbidade Administrativa e por ato que implique Inelegibilidade - CNCIAI,
conforme Resolução nº 172, de 8 de março de 2013, do Conselho Nacional de
Justiça.
É o voto.
 
Fls. _____
Apelação 20100310081468APR
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O Senhor Desembargador JOÃO BATISTA TEIXEIRA - Revisor
Com o relator.
O Senhor Desembargador JESUINO RISSATO - Vogal
Com o relator.
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