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Violência Doméstica Contra Crianças e Adolescentes

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20
_____________________________________________________________________________
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A CRIANÇA E O ADOLESCENTE: uma realidade social
_______________________________________________________________
Hortolândia
2022
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A CRIANÇA E O ADOLESCENTE: uma realidade social
Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado à Universidade Anhanguera – UNIDERP (Centro de informação à distância) com requisito parcial para obtenção de título Bacharel em Serviço Social.
Professor da disciplina: Marcia Cristina Rodrigues Marengo
Hortolândia
	 2022
 Dedicatória
	
Minha palavra de gratidão a Deus pelo dom da vida, por me ajudar nesse novo ciclo de minha vida, não foram dias fáceis, dias de choro, inquietação, ansiedades, mas chegou o dia da vitória também, por isso minha gratidão.
AGRADECIMENTOS
Pela conclusão deste trabalho, gostaria de agradecer a Deus em primeiro lugar.
Agradeço pela minha família pelo apoio de ter conseguido vencer essa batalha, pois foi em meio a uma pandemia e momentos dificultosos que cheguei na reta final de mais um ciclo.
Agradeço em especial pelos meus filhos que são eles que me motiva a chegar na reta final.
RESUMO
A presente pesquisa literária se propõe em relatar as formas de violência doméstica praticada contra a criança e o adolescente e as metodologias de atenção às famílias desenvolvidas pelo Serviço Social, bem como o papel do assistente social frente a essa realidade preocupante e os meios de tratar deste problema que atinge milhares de crianças e adolescente em nosso país .A violência doméstica é considerada um grave problema no Brasil, atingindo crianças e adolescentes de todas as classes sociais. Está presente na zona rural e urbana. A discussão a cerca da violência doméstica praticada contra a população infanto-juvenil vem sendo alvo de acirrados debates na sociedade moderna. No entanto ela não é uma questão característica da nossa época, pois em toda história do Brasil por meio da educação transmitida pelos adultos às crianças e aos adolescentes podemos constatar que a violência esteve sempre presente. A prática profissional dos assistentes sociais com famílias acompanha a história da profissão, o que os leva a buscar formas de atendimento mais eficazes e efetivas. É importante salientar que em todo trabalho preventivo não se deve perder de vista a necessidade do estabelecimento de redes que na realidade representem coalizões nacionais, coordenando esforços e repartindo recursos financeiros. Observa-se que as intervenções proporcionam uma diminuição na intensidade da violência, as visitas domiciliares contribui para esta redução as intervenções junto a essas famílias podem ter resultados satisfatórios, desde que a violência possa ser compreendida em seus vários aspectos, ou seja, um sintoma presente no grupo familiar modelado por dificuldades de diferentes naturezas: cultural, social, econômica e das relações interpessoais.
Palavras-Chave: Violência. Criança. Fenômeno social.
NETO. Alda Pereira. DOMESTIC VIOLENCE AGAINST CHILDREN AND ADOLESCENTS: a social reality. 53 sheets. Completion Work of the Bachelor's Degree in Social Work - UNOPAR University -, 2022
ABSTRACT
This literary research aims to report the forms of domestic violence against children and adolescents and the methodologies of care for families developed by social services. And the role of social workers confront this troubling reality and the means of dealing with this problem that affects thousands of children and adolescents in our country. Domestic violence is considered a serious problem in brazil, affecting children of all social classes. Is present in rural and urban areas.The discussion about domestic violence against the child population has been the target of heated debates in modern society. However it is not a feature issue of our time, because throughout the history of Brazil through education transmitted by adults to children and teens can see that violence was always present. the professional practice of social workers with families follows the history of the profession, which leads them to seek ways to care more efficient and effective. Importantly, in all preventive work should not lose sight of the need to establish Networks that actually represent national coalitions, coordinating efforts and sharing financial resources. it is observed that interventions provide a decrease in the intensity of the violence, home visits contributes to this reduction interventions with these families can have satisfactory results, since violence can be understood in its various aspects, ie a symptom present in the family modeled by difficulties of a different nature: cultural, social, economic and interpersonal relations.
Keywords: Violence. Child. Social phenomenon.
	
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................07
Objetivos .........................................................................................................08
Objetivo Geral....................................................................................................08
Objetivos Específicos ...................................................................................08
Justificativa........................................................................................................09
Metodologia.......................................................................................................09
CAPÍTULO I
1.VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA CRIANÇA E ADOLESCENTE.............10
1.1 Rede de Proteção à Criança e Adolescente................................................12
1.1.1O Papel do Assistente Social ..................................................................14
1.2. Estatísticas da Violência contra crianças e adolescentes ..................18
CAPÍTULO II
2. MANIFESTAÇÕES ACENTUADAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA...........20
2.1 Maus-tratos Como Parte da Violência Social Brasileira .............................21
2.2 Tipos de Violência ......................................................................................21
2.2.1 Negligência ..........................................................................................21
2.2.2 Abandono ............................................................................................22
2.2.3 Física .......................................................................................................22
2.2.4 Abuso Sexual..........................................................................................23
2.2.5 Psicológica ...............................................................................................24
CAPÍTULO III
3. EFEITOS POSSÍVEIS DE VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES.............................................................................................26
3.1 A família, a causa maior de Violência Doméstica ..................................26
3.2 Categorização dos violadores ......................................................................29
3.3 Conselho Tutelar .....................................................................................31
3.3.1 Atribuições do Conselho Tutelar ............................................................31
3.4 Os centros de Defesa ..............................................................................32
3.4.1 Política do Pacto pela Saúde....................................................................34
3.5 A importância da prevenção........................................................................36
3.6 A dignidade Humana....................................................................................36
3.7 Morbidade por agravos e violência ............................................................40
3.7.1 A prevenção dosmaus-tratos infantil.........................................................42
3.7.2 Como Prevenir a Violência sexual doméstica contra crianças e Adolescente.......................................................................................................45
3.7.3 A responsabilização dos agressores........................................................46
4.CONCLUSÃO............................................................................................... 48
5. REFERÊNCIAS.............................................................................................50
INTRODUÇÃO
O Brasil traz na sua história, desde a colonização, a prática de dominação e de desigualdade no que diz respeito ás relações sociais, e sobre a violência durante esse período é apontada, desde a década de 1970, como uma das principais causas de morbi-mortalidade, despertando, no setor saúde, uma grande preocupação com essa temática que, progressivamente, deixa de ser considerado um problema exclusivo da área social e jurídica para ser também incluída no universo da saúde pública.
Para alguns pesquisadores da área de saúde mesmo com a falta de integração e escassez de dados é possível inferir que as várias modalidades de violência ocorridas no ambiente familiar podem ser responsáveis por grande parte dos atos violentos que compõem o índice de morbi-mortalidade (Minayo, 1994). Apesar de ser um fenômeno que ocorre desde a Antiguidade, a violência doméstica, em especial aquela dirigida à criança e ao adolescente, passou a ser mais discutida no meio científico a partir dos anos 80 (Santos,1987; Azevedo & Guerra, 1988; 1989; 1995; Marques, 1986; Minayo, 1993; Saffioti, 1997). É também nessa década que começam a surgir os primeiros programas específicos para atendimento dessa problemática, previsto no artigo 87, inciso III, lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e Adolescente.
A ação do Serviço Social se volta no enfrentamento das condições sociais, seja ela nos mais variados campos, visando intervir sobre as situações de vulnerabilidade e risco social, contribuindo para uma abordagem global que vai além da demanda apresentada.
Dentro desta perspectiva é que cabe ao Assistente Social desenvolver um papel de protagonista nesse novo modelo societário, no sentido da promoção da cidadania, da construção e do fortalecimento de redes sociais e de integração entre as ações e serviços, assim como afirma Miotto (2006).
Diante de tal demanda o Assistente Social deve ter claro a importância da família e de seu contexto histórico para se entender os elementos que contribuíram para que se chegasse à situação de violência. 
Fica explicitado o compromisso do Serviço Social com democracia, cidadania e justiça social através do agir profissional.  Os indivíduos se reconhecerem como sujeitos de direito, adquirindo a oportunidade de poder se expressar, agirem, se comunicarem e, portanto, de se fazerem representar como cidadão. “Somente nessa dimensão realiza-se, politicamente, a ideia de ser cidadão e se esclarecerem os significados da pluralidade de traços, opiniões, valores, crenças e interesses que permeiam as relações sociais, os quais, ao serem partilhados, nomeiam uma nova condição humana”. (LIMA, 1997).
A pesquisa sobre a violência doméstica contra a criança e o adolescente foi decorrente da necessidade de conhecer, de forma mais aprofundada, o fenômeno para, a partir de então, intervir nessa realidade, criando estratégias de análise para auxiliar pessoas que atuam diretamente com crianças e adolescentes, para que estes possam estar identificando casos e evitando um desfecho fatal ou traumático para as vítimas.
As consequências da violência doméstica podem ser muito sérias, pois crianças e adolescentes aprendem com cada situação que vivenciam, seu psicológico é condicionado pelo social e o primeiro grupo social que a criança e adolescente tem contato é a família. O meio familiar ainda é considerado um espaço privilegiado para o desenvolvimento físico, mental e psicológico de seus membros um lugar “sagrado” e desprovido de conflitos.
No entanto, para se chegar às raízes do problema da violência doméstica é necessário modificar esse mito de família, enquanto instituição intocável, para que os atos violentos ocorridos no contexto familiar não permaneçam no silêncio, mas sejam denunciados a autoridades competentes a fim de que se possam tomar providências.
OBJETIVOS:
Objetivo Geral:
Sensibilizar as pessoas para o entendimento da violência de qualquer tipo ou intensidade contra crianças e adolescentes.
Objetivos Específicos:
· Analisar a violência doméstica, visando uma melhor compreensão e atuação na história do nosso país.
· Compreender a violência doméstica contra crianças e adolescentes
· Descrever as atribuições do assistente social no combate à violência contra a criança e o adolescente;
· Identificar as competências do Conselho Tutelar no combate a violência contra criança e adolescente.
JUSTIFICATIVA
Pesquisas apontam que a cada hora uma criança é agredida, a violência doméstica tem se agravando. Como forma de prevenção, deve-se haver um trabalho em rede com o Conselho Tutelar, Ministério Público e toda rede sócio assistencial a criança e adolescente. (UNICEF). Por isso a importância de se pesquisar sobre o tema tão relevante para nossa profissão.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo bibliográfico de natureza exploratória e pesquisa para identificar nas instituições que trabalham no dia-a-dia a problemática da violência cometida contra crianças e adolescentes, relatar e analisar as principais formas de violência praticada contra crianças e adolescentes. Foi realizado um levantamento bibliográfico, por meio de banco de dados, livros e artigos de revistas confiáveis de universidades brasileiras.
A seleção dos artigos se deu por meio da leitura do título e resumo daqueles levantados nas bases de dados. Foram então excluídos os artigos que na leitura do resumo não apresentaram relação com o tema em questão.
Os artigos selecionados foram inicialmente categorizados segundo o tipo de violência abordada. Em uma análise posterior, foram identificadas e analisadas as formas de violência, bem como o papel do assistente social.
Ao presente trabalho será utilizado o método de abordagem indutivo, pois se parte de dados particulares, ou seja, a condição e funcionalidade da Rede de Proteção e Políticas Públicas de atendimento a crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica. No desenvolvimento do tema de pesquisa, o qual se propõe o presente projeto, será utilizado o método histórico, para verificar contribuições e influências construídas ao longo dos anos, referentes às legislações e marcos teórico sobre a criança e o adolescente vitimados, analisando-se, essencialmente, o movimento que resultou no advento da Lei 8.069/90, Estatuto da Criança e do adolescente.
CAPITULO I
1.VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Toda ação ou omissão prejuízo ao bem-estar, á integridade física, psicológica, a liberdade e ao direito do pleno desenvolvimento de outro membro que convive no mesmo espaço doméstico capaz de causar dano físico, sexual e/ou psicológico à vítima – implica, de um lado, numa transgressão do poder/dever de proteção do adulto e, de outro, numa coisificação da infância, isto é, numa negação do direito que crianças e adolescentes têm de ser tratados como sujeitos e pessoas em condição peculiar de desenvolvimento.
A violência doméstica é considerada uma violência interpessoal, intra ou extrafamiliar quando envolve, por exemplo, vizinho isso acontece nas grandes cidades e no meio rural é grave problema tornando-se intensificada pela violência estrutural e passa, constantemente, pela omissão das instituições.
A discussão a cerca da violência doméstica praticada contra a população infanto-juvenil vem passando de geração em geração, sendo aprofundada pelas desigualdades socioeconômicas. Hoje, já não espanta a criança abandonada nos sinais, as notícias da exploração sexual, em os altos índices de violência da polícia com jovense adolescentes, sendo alvo de acirrados debates na sociedade moderna. No entanto, ela não é uma questão característica da nossa época, pois em toda a história do Brasil por meio da educação transmitida pelos adultos às crianças e aos adolescentes podemos constatar que a violência esteve sempre presente.
Desde o período de colonização, o Brasil traz, na sua história, a prática de dominação e de desigualdade no que diz respeito ás relações sociais, de etnia, gênero e geração. Essa trajetória de exclusão tem contribuído significativamente na construção e perpetuação no imaginário social e cultural, de que são normais e aceitáveis as ações e atitudes de dominação, de exploração e de violência contra criança e o adolescente que sofrem com os maus-tratos praticados por adultos. 
Na contemporaneidade e no cenário brasileiro atual, constatam-se as marcas das demandas sociais, que se tornam, a cada dia, mais complexas, pois incorporam antigos problemas como a miséria estrutural e as novas situações de vulnerabilidade social, como a exploração gerada pelo crescente índice de desemprego e falta de oportunidades de geração de trabalho e renda não é diferente, uma vez que a violência doméstica ainda é um apanágio desse tempo, ao expressar como a principal causa da morte de crianças e adolescente. Uma população cujos direitos básicos são constantemente ameaçados e violados como: acesso à escola, à saúde e aos cuidados necessários para o seu nascimento e desenvolvimento sadio e harmonioso diante desta realidade.
[...] agora e sempre e em toda parte as crianças têm sido vistas e tratadas como menores subalternos merecedores de um amor desvalorizado, porque contaminados pela ideia de fraqueza, inferioridade, subalternidade do ser criança (p.40-41).
Faz-se necessário entender que a violência doméstica hoje, apesar de o Brasil ser um país que não possui um Sistema Nacional de Notificação da violência Doméstica, a pequena parte que é denunciada indica que é no ambiente doméstico que as crianças/adolescentes sofrem todos os tipos de omissões, privações e agressões é um fenômeno social e que são consideradas violência física as palmadas, beliscões, puxão de orelhas, empurrões entre outros que traz enormes consequências para o desenvolvimento físico, mental, emocional, espiritual e social da criança e do adolescente. 
A criança ou adolescente poderá adquirir sequelas por toda vida, podendo vir a ser um futuro agressor e, dependendo da gravidade da violência, esta pode até levar a morte. Dependendo do nível de agressividade da violência domestica, seja leve ou severa, ela prepara a criança e o adolescente para aceitarem e tolerarem a agressão, bem como os ensinam a terem uma postura de obediência e de submissão. Nesta perspectiva, é preciso reconhecer que toda violência é social, histórica e, portanto, capaz de ser controlada e erradicada caso haja vontade política.
Só assim, crianças e adolescente terão uma vida mais digna e de respeito, como cidadãos de direitos, reconhecidos por lei. Porquanto é necessário entender a importância e compreensão da prevenção que vai além da atuação que realizamos quando algo ainda não aconteceu e principalmente nos dias de hoje, compreende-se que, quando uma criança necessita de atendimento médico por razões de violência, por exemplo, a atuação do hospital deve ser a de curar a enfermidade em que se encontra, mas também, prevenir para que as consequências sejam as mínimas possíveis e para que o fato que provocou a enfermidade não volte a acontecer diante disso podemos ressaltar que em uma sociedade a garantia de sua dignidade e o respeito para com crianças e adolescente e o respeito para com crianças e adolescente devem prevalecer em primeiro lugar, mas para que esses direitos sejam efetivados é preciso que a sociedade faça valer de fato o que estar garantido por lei. 
O ECA no art. 8 preconiza que: 
“ É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor”.
Direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA 1990. 
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente em seu Art. 4º.
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Contudo, constata-se que a criança e adolescente ainda são vitimas de violência praticada por familiares, estado e sociedade. Proporcionar através do Serviço Social um atendimento as famílias de caráter continuado, com a finalidade de fortalecer a função protetiva das famílias, prevenir a ruptura dos seus vínculos, promover seu acesso e usufruto de direitos e contribuir na melhoria de sua qualidade de vida. As ações são baseadas no respeito aos novos arranjos familiares aos valores, crenças e identidades das famílias. Fundamenta-se no fortalecimento da cultura do diálogo, no combate a todas as formas de violência, de preconceito, de discriminação e de estigmas.
1.1 Rede de proteção a Criança e Adolescente
O trabalho em rede, que é compreendido como um espaço de formação de parcerias, cooperações e articulações dos sujeitos institucionais, no âmbito público e privado, é o mecanismo mais eficaz para a interrupção da violência intrafamiliar contra crianças e adolescentes. O trabalho integrado com as instituições envolvidas nos atendimentos favorece a visão ampliada de cada caso. Os profissionais podem obter informações e, com isso, sistematizar as ações de maneira integrada. 
Diante do quadro de violência intrafamiliar, apenas a intervenção multiprofissional pode dar conta da interrupção de seu ciclo. Por este motivo, é preciso criar oportunidades sistemáticas de discussão, sensibilização e capacitação que proporcionem um respaldo à equipe para expor e trabalhar seus sentimentos e reações, respeitando as diferenças e assimilando valores diversos de cada profissional.
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que serão chamados a colaborar com o Poder Público, a Família e a Sociedade. Por isso dispõe em seu artigo 86, que a política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á por meio de um conjunto articulado de ações governamentais e não- governamentais, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Desta forma o envolvimento de um amplo círculo de profissionais quando se trata de um caso suspeito de violência contra crianças resulta numa intervenção efetiva para o agressor, além de ajudar a vítima. O arrependimento, a conversão, a oração e o aconselhamento espiritual podem ajudar o agressor, mas a intervenção profissional é mais eficaz em fazer com que ele se sinta responsável por seus atos e cesse a conduta abusiva.
Ao sofrer violência, cada pessoa lida com essa situação da maneira que acredita ser a melhor. Muitas vezes, o fato de solicitar auxílio não significa que ela esta em condições de colocá-lo em pratica, devido aos complexos efeitos da violência sobre seu emocional. O profissional deve estar atento para não acelerar este processo ou tentar influenciar as decisões de seus clientes, muito menos culpá-los por permanecerem na relação de violência, mas sim confiar e investir na sua capacidade para enfrentar os obstáculos. É de fundamental importância respeitar o tempo e o ritmo e as decisões das pessoas.
A adoção de políticas públicas para o enfrentamento do fenômeno é de responsabilidade do Estado, mas a provocação das ações é responsabilidade da sociedade. Crianças, adolescentes e família em situação de risco pessoal e social já contam com o auxílio e proteção prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente, cabe a Assistência Social responder a esta população de modo igualmente descentralizado e com políticas definidas.
Crianças e adolescentesconstituem o público alvo das políticas sociais, lócus privilegiado de atuação dos assistentes sociais. Sendo este profissional um mediador ligado às políticas sociais e, sobretudo a política de Assistência Social, precisa estar apto a contribuir nos processos que dizem respeito a reprodução social da vida de seus usuários. Como agentes sociais desse processo de luta, este profissional têm responsabilidades dentro da sociedade, no sentido de garantir nova perspectiva de vislumbrar a criança e o adolescente como sujeitos de direitos e como pessoas em desenvolvimento.
Apesar dos avanços dos direitos da criança e do adolescente, e do interesse que o assunto vem despertando entre os Órgãos Públicos, Entidades não Governamentais e a sociedade de uma forma geral “a violência intrafamiliar entre as formas de violência contra a criança, é a que apresenta maiores dificuldades de manejo” (AZAMBUJA, 2006).Esta dificuldade encontrada é principalmente decorrente da negação e do segredo que se insere no fenômeno.
De acordo com SILVA (apud FERRARI; VECINA, 2002, p.76)
“Em pesquisa realizada pelo CNRVV (Mapeando a Violência). A mãe biológica tem sido apontada como a principal pessoa que exerce a agressão física. Torna-se compreensível esse dado, considerando a estrutura familiar das sociedades em geral e da brasileira em particular, em que cabe à mulher a educação dos filhos, na maioria do Caso. Já o pai biológico é o responsável pela grande maioria dos casos de abuso, seguido de padrastos, parentes e, por último, desconhecidos”.
Isto significa que o fenômeno do segredo e da negação da violência existe, porque sendo os pais e parentes próximos os maiores agressores, existe uma cumplicidade entre agressor e agredido que inclui fatores já comentados antes.
1.1.1 O papel do assistente social
Com o advento da Constituição Federal, estruturada no raciocínio de que o tratamento dado às crianças sempre esteve aquém, foram aflorados os princípios decorrentes da Declaração Universal dos Direitos da Criança. A partir desse contexto, as organizações mobilizaram-se a fim da criação de um instrumento legal que regulamentasse princípios norteadores de uma proteção efetiva e integral às crianças e adolescentes, o que resultou no Estatuto da Criança e do Adolescente.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) inovou ao positivar inúmeras medidas, baseadas na Política de Proteção Integral à Criança e ao Adolescente. Com a finalidade de proteção às crianças e adolescentes desamparados pela sociedade em diversos aspectos, como o caso de violência doméstica, o art. 88, ECA estabeleceu a municipalização do atendimento e a criação de conselhos municipais dos direitos da criança e do adolescente.
Ao pensar em política de atendimento é necessário compreender todas as ações governamentais da União, Estados e Municípios, bem como as não governamentais que visam proteger os direitos das crianças e adolescentes, tendo caráter também preventivo e pedagógico. Em contraponto, infelizmente, observa-se que no Brasil, apesar das inovações que o Estatuto da Criança e do Adolescente trouxe, ainda persistem práticas antigas voltadas para situações de emergência, sendo, ainda, pouco expressivas as ações preventivas na garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes.
O bom desempenho, a implementação das entidades/serviços e a própria execução das Políticas de Atendimento são fatores fundamentais para uma efetiva proteção aos direitos básicos da criança e do adolescente. Neste contexto, que se constrói a proposta de pesquisa do presente projeto, pois se sabe que cabe ao Estado promover e garantir a assistência necessária, por meio de políticas públicas voltadas à família, aos indivíduos em si, e essencialmente às crianças e adolescentes.
O art. 227, CF, bem como o art. 4°, ECA dispõem sobre a proteção integral da criança e do adolescente, conferindo-lhes direitos e garantias fundamentais que devem ser efetivamente preservados pela família, sociedade e Estado, para que em uma perspectiva conjunta e complementar possam atender as demandas da coletividade, nesse projeto de pesquisa, limitada às crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica.
Assim, pertinente salientar que a Constituição Federal atribui ao Poder Executivo o papel de gestor e garantidor de programas e políticas. Dessa forma, quando se tem o Estado como garantidor de direitos, está a ele atribuída a obrigação de implementar políticas públicas (efetivas), ao contexto proposto, que possam oferecer atendimento e proteção a crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica, juntamente com suas famílias.
Tal conjuntura, busca a construção de políticas de inclusão social e participação política da cidadania. Esse tema é de extrema importância, pois no caso da violência doméstica, há uma transgressão do poder/dever de proteção do adulto e a negação do direito das crianças e adolescentes de serem tratados como sujeitos de direitos e em desenvolvimento. A partir dessa problemática, projeta-se o estudo sobre a Rede de Proteção e Políticas Públicas de atendimento a crianças e adolescentes vítimas de violência sexual no âmbito doméstico, a partir da consonância ao princípio da proteção integral.
O tema contempla elementos essências ao que se refere à promoção e resgate da cidadania; condiciona-se a um contexto local, porém com foco a problemas transnacionais, globais, quais sejam a violência e os maus tratos a crianças e adolescentes, situação que se opera em sede mundial. Se propõem realizar discussão da implementação e execução de políticas públicas em consonância ao princípio proteção integral.
O estudo contempla a necessária discussão sobre o papel do Estado, como agente de promoção de políticas públicas, que possam diante da sociedade atual, resgatar meios de desenvolver um processo de proteção a crianças e adolescentes de maior eficácia, condizente aos novos tempos, capaz de desenvolver condições de cidadania.
Ampliar o espaço para a transformação e a (re) construção de espaços de cidadania é pertinente não apenas ao processo acadêmico, mas de extrema importância, à sociedade, quando é esta a verdadeira beneficiada, visto que o Direito deverá estar para a sociedade, como a forma de se efetivar justiça e cidadania. Para o desenvolvimento de tais habilidades, o espaço oportuno, para a construção de um profissional de serviço social atualizado.
Neste contexto, a contribuição teórica que se condiciona como resultado da elucidação do tema está baseado na necessidade de valorizar e promover o resgate do princípio da proteção integral, diante do dever do Estado de assegurar e organizar políticas públicas especializadas, nessa pesquisa, políticas de proteção e atendimento às crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica.
Nesta concepção, conduzir uma pesquisa que colabore para a criação de uma identidade entre promoção e resgate de direitos e cidadania é essencial para aperfeiçoar os conhecimentos e habilidades intelectuais necessárias, traçando perspectivas e possibilidades ao serviço social, justificando-se, por fim, ao garantir espaço à socialização dos conhecimentos, através da pesquisa acadêmica.
Fica explicitado o compromisso do Serviço Social com democracia, cidadania e justiça social através do agir profissional.  Os indivíduos se reconhecerem como sujeitos de direito, adquirindo a oportunidade de poder se expressar, agirem, se comunicarem e, portanto, de se fazerem representar como cidadão.
 “Somente nessa dimensão realiza-se, politicamente, a ideia de ser cidadão e se esclarecerem os significados da pluralidade de traços, opiniões, valores, crenças e interesses que permeiam as relações sociais, os quais, ao serem partilhados, nomeiam uma nova condição humana”. (LIMA, 1997).
A pesquisa sobre a violência doméstica contra a criança e o adolescente foi decorrente da necessidade de conhecer, de forma mais aprofundada, o fenômeno para, a partir de então, intervir nessa realidade, criando estratégias de análise para auxiliar pessoas que atuam diretamente com criançase adolescentes, para que estes possam estar identificando casos e evitando um desfecho fatal ou traumático para as vítimas.
As consequências da violência doméstica podem ser muito sérias, pois crianças e adolescentes aprendem com cada situação que vivenciam, seu psicológico é condicionado pelo social e o primeiro grupo social que a criança e adolescente tem contato é a família. O meio familiar ainda é considerado um espaço privilegiado para o desenvolvimento físico, mental e psicológico de seus membros um lugar “sagrado” e desprovido de conflitos.
No entanto, para se chegar às raízes do problema da violência doméstica é necessário modificar esse mito de família, enquanto instituição intocável, para que os atos violentos ocorridos no contexto familiar não permaneçam no silêncio, mas sejam denunciados a autoridades competentes a fim de que se possam tomar providências.
1.2 Estatísticas da Violência contra Crianças e Adolescentes
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), sancionado pela Lei no 8.069, de 13/07/1990, constituiu-se no instrumento de garantia da cidadania de crianças e adolescentes, criando obrigações legais aos profissionais de saúde quanto à notificação; dando prioridade absoluta à criança e ao adolescente na sua proteção contra a negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade, opressão e todos os atentados, por ação ou omissão aos seus direitos fundamentais; e criando o Conselho Tutelar, órgão responsável por iniciar a avaliação da situação denunciada, desencadeando as medidas a serem tomadas pelas redes específicas de atenção (proteção da criança, afastamento da vítima do agressor, punição do agressor, tratamentos). Erradicar a violência contra criança e adolescentes e, em especial, a violência doméstica, subentende algumas etapas indispensáveis como perceber que a humanidade se estrutura num sistema violento onde, em nome do lucro, da riqueza de pouco mais de 70% da população vivem em condições precárias e de total desrespeito aos direitos humanos.
De hora em hora morre uma criança queimada, torturada ou espancada pelos próprios pais, 12% das 55,6 milhões de crianças brasileiras menores de 14 anos são vítimas anualmente de alguma forma de violência doméstica. Ou seja, por ano são 6,6 milhões de crianças agredidas, dando uma média de 18 mil crianças vitimizadas por dia, 750 crianças vitimizadas por hora, 12 crianças agredidas por minuto. Fonte: Sociedade Internacional de Prevenção ao Abuso e Negligência na Infância. UNICEF.
Visando a prevenção e redução deste importante evento na população infanto-juvenil, algumas políticas foram desenvolvidas, tais como: o Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Infanto-Juvenil,Política Nacional de Redução da Morbi-Mortalidade de Acidentes e Violências como instrumento direcionador da atuação do setor saúde nesse contexto, Manual para Orientação dos Profissionais, o manual "Notificação de maus-tratos contra crianças e adolescentes pelos profissionais de saúde: um passo a mais na cidadania em saúde".(Port.GM/MS Nº737 de 16/05/2001).
A morbidade hospitalar, conhecida pelo Sistema de Internação Hospitalar do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), ainda não consegue abranger todo o cenário da violência no País, pois apesar de englobarem os casos não fatais mais graves que necessitaram de internação e os casos fatais que são internados antes de falecer, representam somente os casos que chegam aos hospitais conveniados ao SUS. Os atendimentos ambulatoriais (para as vítimas de violência que procuram atendimento) poderiam ser conhecidos através do Sistema de Informação Ambulatorial (SIA/SUS), implantado em 1991, mas este representa dados gerais do número de atendimentos, sem detalhar as causas, além de retratar apenas a demanda pelo SUS.
Um importante avanço na informação relativa à violência praticada contra a criança e o adolescente foi à implantação do Sistema de Informação para a Infância e Adolescência (Sipia), pela Lei no 8.069/90, que surgiu da necessidade do Estado e da União em dispor de um sistema nacional de monitoramento contínuo da situação de proteção à criança e ao adolescente nos Conselhos Tutelares, além de dotar os Conselhos de uma ferramenta que fornecesse com agilidade e rapidez as informações às diversas instâncias: municipal, estadual e federal.
CAPÍTULO II
2. MANIFESTAÇÕES ACENTUADAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
As manifestações mais acentuadas de violência doméstica são: violência física negligência abuso e violência psicológica. A violência física é um processo disciplinador de uma criança ou adolescente por parte de seus pais ou responsáveis no âmbito doméstico, isso se traduz pelo mau relacionamento com criança ou adolescente.
Esta relação de força baseia-se no poder disciplinador do adulto e na desigualdade adulta-criança [...] (Brasil, 1997, p.11). Silva (2002 p.87) faz referência ao livro de provérbios da bíblia sagrada que diz: “aquele que retém a vara, quer mal ao seu filho, mas o que o ama, cedo o disciplina (PV. 13:24). A violência física há séculos permeia a cultura brasileira amparada incisivamente pela força da religião, no que diz respeito á autoridade dos pais para com os filhos. Mediante esta visão, a autora certifica que agressão física, escudada na justificativa religiosa, parte na prerrogativa que tal função é uma medida “eficaz” para controlar e modificar comportamentos.
Ao contrario de se constituir em uma medida eficaz, a violência física implica em consequências que, se apresentam desde simples marcas no corpo até a presença de lesões tórax-abdominais, auditivas e oculares, queimaduras e ferimentos diversos que podem causar invalidez temporária ou permanente, quando não a morte (SILVA, 2002, P. 87).
Deslande (1994) ao enfatizar a questão da violência física, afirma que no Brasil o castigo físico é aceito como um ato educativo, estabelecido pelo uso da força praticada pelos pais, com intuito de ferir a criança e ao adolescente nesta perspectiva, entende-se por abuso físico: 
(Qualquer ação, única ou repetida, não acidental (ou intencional), cometida por um agente agressor adulto ou mais velho que a criança ou adolescente), que lhe provoque dano físico. O dano provocado pelo ato abusivo pode variar de lesão leve a consequências extremas como a morte (DESLANDE, 1997, p.13).
A partir dos estudos realizados sobre a violência física evidencia-se que esta é uma violência fácil de serem detectadas, devido ao aparecimento de ferimentos, queimaduras, fraturas ósseas, hematomas, que geralmente são resultados de uma violência praticada no seio familiar por pais ou responsáveis sem que tenha uma explicação plausível pra tal agressão, sendo sempre justificada como forma de educar a criança e adolescente.
Inclusive, tal justificativa respaldada pelas religiões, meios de comunicação e outros. De todas as formas de violências, vamos nos dedicar a entender a violência doméstica, já que esta, depois da violência estrutural, é a mais praticada contra crianças e adolescentes.
2.1 Maus-tratos Como Parte da Violência Social Brasileira
Maus-tratos é um termo bastante difundido para se referir à violência cometida contra crianças e adolescentes no âmbito familiar, no âmbito institucional mais amplo ou pela sociedade. Essa noção não é muito precisa e tem sido criticada por vários estudiosos porque ela faz supor que aos “maus-tratos” se oporiam “bons-tratos”. Portanto carrega uma conotação apenas moral, quando a violência contra meninos e meninas é um problema social muito sério, com carga cultural fortíssima, sobretudo em dois sentidos: que esses seres em formação seriam propriedades de seus pais; e que para educá-los seria preciso puni-los quando erram ou se insubordinam. (Port.GM/MS Nº737 de 16/05/2001).
2.2 Tipos de Violência Contra Crianças e Adolescentes
2.2.1 Negligência
A negligência, ao contrário dos maus-tratos físicos, é considerada por estudiosos da área, como uma violência de difícil constatação. Alguns fatores contribuem diretamente para a ocorrência dessa atitude de violênciacomo:
As famílias chefiadas por mulheres que precisam trabalhar fora para garantir sua sobrevivência e dos seus filhos, deixando-os sem proteção, a mercê da violência;
A ineficácia das políticas públicas que é resultado da negligência por parte do Estado. Outro fator predominante, que dificulta diagnosticar esta violência, é a questão da inexistência de intencionalidade muitas vezes alegada por pais e/ou responsáveis. No entanto, é preciso compreender que a negligência se manifesta por meio de comportamentos concernentes às:
Omissões dos pais ou de outros responsáveis (inclusive institucionais) pela criança e pelo adolescente, quando deixam de prover as necessidades básicas para o seu desenvolvimento físico, emocional e social. A negligência significa a omissão de cuidados básicos como a privação de medicamentos; a falta de atendimento aos cuidados necessários com a saúde; o descuido com a higiene; a ausência de proteção contra as inclemências do meio como o frio e calor; o não provimento de estímulos e de condições para a frequência à escola (BRASIL,2002 (B), p. 12).
Essa negação e omissão de proteção e de cuidados necessários prejudicam o bom desenvolvimento da criança e do adolescente, uma vez que os deixa desamparados em suas necessidades básicas. Assim importa salientar que a negligência, mesmo sendo uma violência de difícil identificação é uma realidade que se observa em diversas culturas desde os tempos mais remotos.
Deslandes(1997) ressalta que se entende também, por negligência, a atitude dos pais ou responsáveis em privar a criança de algo que ela necessite e que é imprescindível para o seu crescimento sadio. A autora ainda nos alerta que não podemos somente associar a negligência às precárias condições socioeconômicas que afetam a sociedade brasileira, pois tal visão propicia uma falta de atitude protetora com a população infanto-juvenil, vitima deste tipo de violência.
2.2.2 O abandono: 
É considerada uma forma extrema de negligência. A negligência significa a omissão de cuidados básicos como a privação de medicamentos; a falta de atendimento aos cuidados necessários com a saúde; o descuido com a higiene; a ausência de proteção contra as inclemências do meio como o frio e o calor; o não provimento de estímulo e de condições para a frequência à escola. (Ministério da Saúde, 2002).
2.2.3 Violência Física: 
São atos violentos com uso da força física de forma intencional, não acidental, praticada por pais, responsáveis, familiares ou pessoas próximas da criança ou do adolescente, com o objetivo de ferir, lesar ou destruir a vítima, deixando ou não marcas evidentes em seu corpo. Há vários graus de gravidade, que vão desde tapas, beliscões, até lesões e traumas causados por gestos que atingem partes muito vulneráveis do corpo, uso de objetos e instrumentos para ferir, até provocação de queimaduras, sufocação e mutilações. Não é raro que a agressão física conduza à morte de crianças e adolescentes. No Brasil essa prática é muito comum, sendo transmitida de geração a geração.
2.2.4 Abuso Sexual: 
É a forma de violência doméstica contra a criança e o adolescente mais velada, uma vez que envolve questões culturais e morais de relacionamento entre os membros da família, essa forma velada de violência contribui para perpetuar um pacto de silêncio dentro do seio familiar. 
Na maioria dos casos o agressor é uma pessoa com quem a criança convive diariamente, a qual a ama e estima e, com isso, o abusador apropria-se do seu poder de afetividade com intenção de estimulá-la sexualmente e, assim obter satisfação sexual. São múltiplas as modalidades de abuso sexual como:
Estupro, atentado violento ao pudor, prostituição, corrupção de menores, utilização em espetáculos pornográficos ou de sexo explícito, etc., os quais podem ser expressões de agressividade da família e da sociedade, e um descaso do poder público (Veronese, 1997, p. 22).
A violência sexual constitui-se um grave problema de saúde pública que afeta crianças e adolescentes de todo o mundo. Quando há contato físico, este tipo de violência pode ser facilmente diagnosticado pelo exame médico-legal. No entanto a manipulação dos órgãos sexuais ou a corrupção de menores não possuem substrato médico-legal, dificultando a identificação de um caso de agressão, uma vez que faltam provas que comprovem tal ato.
Outros fatores que podem ser apontados como barreiras à notificação dos casos é o medo de denunciar, a incredibilidade do sistema legal, e o silêncio da vítima por diversos motivos, tais como o constrangimento e o receio da humilhação. No Brasil estima-se que menos de 10% dos casos chegam às delegacias (FAUNDES, 1998 apud RIBEIRO, FERRIANI, REIS, 2004).
Souza, Florio e Kawamoto (2001) afirmam que a criança abusada é considerada uma vítima em potencial, devido às suas características peculiares, como a inocência, a confiança nos adultos, a fragilidade física e a incapacidade de decidir se deve ou não consentir o ato.
Os autores apontam ainda as consequências que afetam crianças e adolescentes, em decorrência do abuso sexual. A curto prazo, pode ocasionar distúrbios do sono, problemas escolares, interesse sexual precoce, alteração do humor, ansiedade e dor psicossomáticas, e a longo prazo é comum a criança se prostituir apresentar distúrbios psicológicos e psicossomáticos, uso de drogas, depressão, baixa autoestima, tentativa de suicídio, dificuldade para o ato sexual e homossexualismo.
Além dos danos físicos, emocionais e psicológicos, a vítima é, ainda, exposta aos riscos de adquirir uma doença sexualmente transmissível, ou gravidez indesejada (RIBEIRO, FERRIANI, REIS, 2004). É tarefa essencial do assistente social trabalhar para a educação das famílias em todas as oportunidades possíveis, a fim de propagar a ideia de proteção aos direitos da criança e do adolescente (ALGESI, SOUZA, 2006).
Profissionais de serviço social conscientes de sua função precisam orientar os pais, fornecendo alternativas e estimulando-os a utilizarem outro métodos disciplina tórios, bem como conscientizando-os acerca das consequências dos diversos tipos de violência.
É importante salientar que a violência sexual nem sempre é cometida com o uso da força física, pois geralmente o agressor é uma pessoa com quem a criança convive diariamente e mantém dependência econômica e relacionamento de afetividade. Ela pode ser praticada por meio de contato físico ou não, além de situações que envolvem exploração e a prostituição sexual.
Segundo Deslandes (1997), existe uma cultura de silêncio e tabus que contribui para perpetuar a violência sexual contra a criança e adolescente e isso só reforça a urgência de se entender a complexidade desta violência e, para tanto é preciso que médicos psicólogos, assistentes sociais, professores e a sociedade em geral trabalhem para facilitar a descoberta e a revelação dessa prática, para que soluções de fato possam ser viabilizadas.
2.2.5 Violência psicológica – 
A violência psicológica cometida contra a criança e o adolescente manifesta-se como um grande sofrimento mental provocado por um adulto, constitui toda forma de rejeição, depreciação, discriminação, desrespeito, cobranças exageradas, punições.
A violência psicológica é o tipo mais comum e mais praticado pelos pais. No entanto, é a mais difícil de ser identificada por vários fatores como: pelo seu caráter subjetivo e por não deixar marcas evidentes; pela perspicácia da violência e ausência de evidências imediatas de maus-tratos, como acontece nos casos de violência física; na maioria das vezes os pais ou responsáveis acabam justificando que sua intencionalidade e finalidade são “educar e proteger” a criança ou adolescente. Mesmo não deixando marcas visíveis como a violência física.
De acordo com Deslandes (1997), algumas atitudes dos pais para com os filhos remetem à caracterização da violência psicológica, quando, por exemplo, os pais ou responsáveis aterrorizam crianças visando instaurar um clima de medo; quando elas são rejeitadas, nãos sendo reconhecido seu valor e nem cumpridassuas necessidades básicas; quando são isoladas do meio social, impedidas de terem amigos; quando os pais ignoram o seu desenvolvimento emocional e intelectual e quando as crianças são utilizadas como meio de obter dinheiro através de prostituição e do crime. A autora alerta que “[...] por produzir sequelas não visíveis e de difícil identificação para leigos, os maus tratos psicológicos permanecem ocultos” (1997, p. 16).
Diante destas observações, fica explicita a necessidade de estudos sobre esse tipo de violência, com vista á sua identificação. Diante desta realidade é preciso fazer valer realmente o que esta assegurado no art. 15 do ECA: a criança e o adolescente tem direito á liberdade, ao respeito e á dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantindo na constituição e nas leis.
CAPÍTULO III
3. EFEITOS POSSÍVEIS DA VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Depressão e tristeza; Baixa resistência ao estresse; Hiperatividade ou retraimento; Baixa autoestima, dificuldades de relacionamento; Agressividade (ciclo de violência); Fobia, reações de medo, vergonha, culpa; Ansiedade; Transtornos afetivos; Distorção da imagem corporal; Amadurecimento sexual precoce, masturbação compulsiva; Tentativas de suicídios e outros.
3.1 A família: A causa maior da violência doméstica
A violência doméstica contra criança e o adolescente têm como causa maior o predominante seio da família e é praticada pelos pais ou pessoas mais próximas, que se sentem consciente ou inconscientemente com direito de utilizar-se da violência doméstica como forma de “educar” as crianças Apesar de a pobreza ser uma violência e aprofundar os conflitos vivenciados em família, a violência doméstica vem se caracterizando por não encontrar muros sociais, econômico e ético dessa forma, inúmeras crianças e adolescentes são maltratadas cotidianamente por seus familiares.
Bruschini (2002) salienta que a instituição família se organiza por meio da divisão interna de papéis, no qual são privilegiadas as relações de dominação e subalternidade por meio da distinção de direitos e deveres no grupo. Ainda enfatiza que a família, por ser uma unidade de relações sociais se configura como unidade de socialização na medida em que se propicia a reprodução de hábitos, valores e padrões de comportamento, repassando-os para seus novos membros, desempenhando, assim, uma função ideológica.
Cada indivíduo possui condições próprias de superação maior ou menor de situações de crise e violência. Assim, as consequências que seguem podem ser desenvolvidas por crianças e adolescentes que sofreram diferentes tipos de violências e com diferentes intensidades. O que podemos dizer é que, o quanto mais rápido seja retirado das situações de violência, e quanto mais apoio e proteção tiverem, maiores serão as condições de minimizar suas consequências. Assim, o conceito que se tem dos pais é que são protetores e guardiões de seus filhos e que toda atitude tomada pelos mesmos é sempre justificada como sendo para o bem e proteção da criança e do adolescente. Porém, o que se percebe é que é frequente o abuso de poder dos pais que deviam atuar como “protetores” acima de tudo, e não fazem (PEREIRA, 1996 p.3).
Tendo em vista que a violência doméstica é uma realidade institucionalizada, porém velada dentro do seio familiar, é importante ressaltar que ela se exprime pela relação de força do poder do mais forte, pais sobre o mais fraco filhos. Como expõe Faleiros (1997), 
Evidencia-se que por muito tempo a violência praticada pelos pais, na educação dos filhos, foi aceita e considerada legitima na sociedade brasileira, tendo em vista que a função da família não estava em julgamento Contudo com a promulgação do estatuto da criança e do adolescente (1990), inicia-se uma nova fase para as crianças e os adolescentes. Agora cidadãos de direitos, em condição peculiar de desenvolvimento que precisam ser tratados com dignidade e respeito. 
Assim, toda omissão ou ato por parte de familiares ou responsáveis que de alguma forma venha agredir as integridades físicas, morais, psíquicas e sociais de um ser em desenvolvimento são considerados como violência doméstica e estão sujeitos a intervenções e punições de cunho social e jurídico.
A família é uma instituição que acompanha intrinsecamente o processo histórico da humanidade, processo este dinâmico, tendo em vista que a sociedade sofreu no passar da história inúmeras mudanças, as quais são contínuas. Nesse sentido, toda relação com crianças e adolescentes deve ser permeada pela afetividade, expressa pela atenção, pelo olhar, pelo cuidado, pela comunicação clara e afetuosa a família também deve ser considerada na sua dinâmica estrutural, a qual está em constante transformação e a partir dos diversos modelos e conceitos que são atribuídos na sociedade. Também nos momentos de dar limites, a afetividade pode e deve estar presente.
Conforme análise de Ribeiro (1999), só é possível compreender a instituição por meio de processo de mudança e diversidade que vem lhe acompanhando no decorrer dos tempos e, assim, a estrutura familiar deve ser compreendida com base na concepção de pluralidade e heterogeneidade, contrapondo-se aos modelos ideais que são construídos sob o enfoque da linearidade e da homogeneidade. Este enfoque, de acordo com autora, tem induzido ao enquadramento das famílias em uma ótica de que só existe um modelo de se ordenar a estrutura familiar. Essa ideia opõe-se a concepção de que a família é uma instituição que está em constante renovação, assumindo assim, características diversas na história da sociedade.
Com base no exposto, pretende-se abordar alguns tipos de famílias e os estereótipos socioculturais que permeiam esta instituição na sociedade brasileira. Vale ressaltar que são inúmeros os conceitos e tipos de família que foram sendo construídos no passar da história. No entanto, este estudo deter-se-á em uma breve caracterização e discussão sobre os desenhos de famílias: de natureza aristocrática, nuclear burguesa e a família brasileira atual.
A família brasileira atual se caracteriza como uma associação de pessoas que escolhe conviver por razões afetivas e assume um compromisso de cuidado mútuo (SZYMANSKI 2002, p. 19). Com base nesse conceito, Szymanski (2002) cita em seu estudo alguns tipos de composição familiar na contemporaneidade, a saber: 
Família Nuclear, incluindo duas gerações com filhos biológicos; Famílias extensas, incluindo três ou quatro gerações; Famílias adotivas, que podem ser bi raciais ou multiculturais; Casais; Famílias monoparentais, chefiadas por pai ou mãe; Casais homossexuais com ou sem crianças; Famílias reconstituídas depois do divórcio; Várias pessoas vivendo juntas, sem laços legais, mas com forte compromisso mútuo.
Diante deste prol de desenho e composição familiar, na sociedade brasileira, evidencia-se a diversidade de estrutura familiar na atualidade e isso propicia inúmeras transformações no modelo ideal cristalizado pela família nuclear burguesa.
Almeida (1987) descreve que a família nuclear burguesa é fechada em si, por isso considera-se intimista. Reduzida ao pai, mãe e alguns filhos que vivem sós, sem criados, agregados e parentes na casa. Este é o “modelo” de família nesta conjuntura, mesmo momento em que o liberalismo e os progressos tecnológicos da revolução industrial ganham força. A autora, prosseguindo sua argumentação, menciona que neste “modelo” familiar, a mulher é a rainha do lar, mãe por instinto, sendo a mesma o elo entre os filhos e o pai. A figura do pai se fará presente para exercer a autoridade. 
É importante destacar que a família nuclear burguesa continua patriarcal, onde a mulher reina no lar dentro da esfera privada da casa, mas é o pai que comanda em última instância (Almeida, 1987). É importante ressaltar, na sociedade atual, o que preconizam algumas leis (Constituição Federal de 1988, Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990,Novo Código Civil de 2002) sobre a instituição familiar.
AConstituição Federal de 1988 no art. 226 estabelece que, “a família base da sociedade, tem especial proteção do Estado”. No parágrafo 3º e 4º do mesmo diz:
Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher com entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
3.2 Categorização dos Violadores:
Após a aprovação da constituição federal de 1988 e do estatuto da criança e adolescente (ECA, 1990) é assegurado por ambas as leis que á família, ao estado e a sociedade em geral cabem o zelo, defesa e garantia dos direitos constitucionais e estatutários, os quais são necessários para o crescimento sadio e digno da criança e adolescente. Assim, o ECA (art. 4), com base no artigo 227 da carta magna estabelece.
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direito referentes a vida, á saúde, á alimentação, á educação, ao esporte, ao lazer, á profissionalização, á cultura, á educação, ao respeito, á liberdade e a convivência familiar e comunitária (Brasil, 1990).
Quando há ameaça e/ou violação desses direitos, algum ente (família, sociedade ou estado) é responsabilidade por ação ou omissão dos direitos assegurados em lei. Para que essa responsabilização ocorra, o ECA estabelece três categoria de violadores no art. 98. A família, a sociedade, o estado e a própria criança e o adolescente.
O grupo de família envolve os pais e os responsáveis. Incluem-se também neste grupo, os parentes e as pessoas que são próximas da família, com livre acesso á convivência familiar. Acerca da família, especificamente no que diz respeito ás funções dos pais, o ECA determina:
“Art. 22. Aos pais incubem o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais”.
“Art. 249. Descumprir, dolosamente, os deveres inerentes ao pátrio poder ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinações da autoridade judicial ou conselho tutelar”. “Pena: multa de três a vinte salários mínimos de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência”.
Dessa forma entendemos que é dever da família assumir cuidar e preservar os direitos das crianças assegurando uma vida digna.
Concernente á sociedade e ao estado, o UNICEF (1998) certifica que o estado compreende todo o setor publico em âmbito federal, estadual e municipal. Assim como estado, a sociedade também está representada em qualquer instituição da esfera pública como escolas, creches, hospitais, postos de saúde, assistência e policial, orfanatos, dentre outros. Acerca dos direitos fundamentais que são de responsabilidade do poder o ECA assegura:
“7°. A criança e o adolescente têm direito a proteção de vida e a saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência”.
“53. A criança e o adolescente tem direito á educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho [...]”.
No que se refere á responsabilidade da sociedade o ECA estabelece no artigo 245 o seguinte:
Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção a saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar á autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra a criança e adolescente. Pena: multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso reincidência.
A criança e adolescente são especificamente pelo ECA como violadores dos seus direitos “[...] nos casos em que os mesmos tenham se comportado de maneira tal que acabem negando seus próprios direitos” (UNICEF, 1998, p.138 ). [Os casos mais comuns estão relacionados ao uso de drogas e a infrequencia na escola].
Diante do exposto sobre os violadores dos direitos, assegurados ao conjunto de população infanto-juvenil o ECA institui que, 
É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor (art. 18). É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaças ou violação dos direitos da criança e do adolescente (art. 70).
Nesta perspectiva, importa enfatizar que a família, a sociedade e o Estado são os responsáveis legais pela garantia dos direitos da criança e do adolescente, assegurados em Lei, os quais são soberanos e não podem ser violados ou ameaçados.
No entanto, constantemente esses direitos são violados e sendo assim, o ECA institui como abertura de defesa e proteção, o dever de toda a sociedade em denunciar os casos de violação e ameaça desses direitos, como forma de ressarcimento e prevenção de qualquer fato que constitui maus-tratos contra a população infanto-juvenil.
3.3 A ação do Conselho Tutelar:
O conselho tutelar é uma instituição criada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente nos artigos 131 a 140, com a importantíssima missão de zelar pelo cumprimento de todos os direitos garantidos a esses indivíduos em formação.
É um “órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente definidos nesta lei” (artigo 131). É permanente, pois deve funcionar 24 horas por dia, todos os dias do ano, não podendo haver vacância entre um mandato e outro, devendo ser independente de gestões municipais ou estaduais. É autônomo porque ninguém pode interferir ou influenciar as suas deliberações, tendo liberdade de ação diante de outros poderes constituídos para decidir, com base no ECA, as melhores medidas para cada situação; e não jurisdicional porque o mesmo não tem autoridade para julgar nenhum tipo de conflito, o que compete ao juiz (Teixeira,1998).
3.3.1 Atribuições do conselho tutelar (artigo 136)
Atender à criança e ao adolescente que tiveram seus direitos ameaçados ou violados; Atender e aconselhar pais e responsáveis das crianças que tiveram seus direitos ameaçados ou violados, podendo aplicar-lhes medidas; Requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança, representando junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações; Encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal aos direitos preconizados pelo ECA; Encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência, Providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária para o adolescente autor de ato infracional; Expedir notificações; Requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente, Assessorar o poder executivo municipal na elaboração de propostas orçamentária necessária para garantir os investimentos necessários à implementação de políticas e à manutenção da retaguarda dos serviços de proteção às crianças e aos adolescentes vítimas de maus-tratos e desrespeitadas em seus direitos; Representar, em nome da pessoa e da família contra a violação dos direitos infringidos por programações de rádio e televisão, propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente; Representar ao ministério público, para efeito das ações de perda ou suspensão do pátrio poder.
3.4 Os centros de defesa
Os Centros de Defesa dos Direitos de Crianças e de Adolescentes são entidades da sociedade civil que, com a aprovação do Estatuto, ganharam status legal, sendo previstos no Artigo 87, inciso V, da Lei nº 8.069. Segundo esse dispositivo, uma das linhas de ação da política de atendimento é a proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente.
Constituídos de equipes multidisciplinares, compostas em sua maioria por advogados, assistentes sociais, sociólogos e psicólogos,esses Centros, embora sendo organizações não governamentais, têm sua atuação inserida no campo da política de atendimento.
A entidade se constitui estatutariamente como Centro de Defesa de Direitos, e isto lhe permite entrar com ações na Justiça para garantir os direitos de crianças e de adolescentes. E como podemos notar no Anexo um, dispõe-se de um atendimento jurídico-social, em sua sede, que desempenha atividades que vão desde o recebimento da denúncia até a participação em Fóruns e Redes específicos, para tratar da questão da violência contra crianças e adolescentes, segundo Wanderlino Nogueira (1998):
O Centro de Defesa tem de trabalhar com Educação, Saúde, Trabalho, Assistência, Direitos Humanos etc., porque a Política da Criança e do Adolescente é, na verdade, uma estratégia, ou melhor, um conjunto de ações. Ela é uma articulação e integração de políticas em favor da Criança e do Adolescente.
O Centro Dom Hélder Câmara de Estudos e Ação Social - CENDHEC tem sido referência no estado de Pernambuco e reconhecido nacionalmente por defender, de uma forma abrangente, os direitos de meninos e de meninas.
Alguns Centros, inclusive o CENDHEC, têm ampliado seu âmbito de trabalho, implantando o atendimento psicológico às vítimas de violência e a seus familiares.
Nosso entendimento é de que é preciso enfrentar o maus-tratos infantil, a partir de ações articuladas em 3 eixos: prevenção – proteção –responsabilização. Os eixos estão conectados, um viabilizando a existência do outro. A prevenção aparece como uma das maneiras de proteger crianças e adolescentes dos maus-tratos praticados por seus parentes, pais ou responsáveis. Quando buscamos a responsabilização desses violadores de direitos, estimulamos e encorajamos outras pessoas a fazer o mesmo, a denunciar e a procurar a punição legal para o mesmo, com isto provemos a proteção de outras crianças e prevenimos outros casos.
O Estatuto da Criança e do Adolescente preconiza no art. 25 que, “entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes”.
O Novo Código Civil de 2002 no art. 1723 “reconhece como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com o objetivo de constituição de família”.
A violência doméstica contra crianças e adolescentes é um fenômeno social que vem crescendo assustadoramente na sociedade atual. Atingindo-as em todas as classes sociais, não se restringindo apenas àquelas em situação de pobreza.
Percebe-se que a violência doméstica contra a criança e o adolescente, ao invés de ser discutida abertamente na sociedade, ainda é um problema social que se depara com um “muro de silêncio”. 
Existem resquícios históricos que ainda permeiam a sociedade, considerando as famílias como santuários imaculados sendo que as atitudes tomadas pelos pais não podem ser questionados ou sofrer interferência, pois são sempre justificadas em nome da educação dos filhos. Isso contribui para coibir e intimidar a notificação dos casos de maus-tratos envolvendo a população infanto-juvenil resultando no descumprimento do ECA que determina no Art.13: “os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente serão, obrigatoriamente, comunicados ao conselho tutelar da respectiva localidade sem prejuízo de outras providências legais”. 
O conselho tutelar foi instituído pelo ECA para atender as crianças e os adolescentes com seus direitos ameaçados e/ ou violados nas situações previstas Art. 98: Por ação ou omissão da sociedade ou do Estado, por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável na forma utilizada pelos mesmos para cuidar e educar os filhos.
Acredita-se que só com a união de vários segmentos, como entidades do governo, da sociedade civil organizada, as universidades e diversos profissionais, entre estes o assistente social que tem como compromisso profissional a defesa intransigente de lutar pela concretização dos direitos sociais das classes que se encontram em vulnerabilidade social e pessoal e, sobretudo, com um conselho tutelar revestido de autonomia e de legitimidade política, social e institucional será possível propiciar ao conjunto da população infanto-juvenil, a efetivação dos direitos assegurados na Constituição Federal de 1988 e no ECA (1990) referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, e ao respeito à sua dignidade.
3.4.1 Política do Pacto Pela Saúde
Desde os anos 60, o setor de saúde tem se preocupado em compreender e demonstrar como os maus-tratos afetam e prejudicam o crescimento e o desenvolvimento infantil e juvenil.
No Brasil a partir da década de 80 muitos médicos pediatras se engajaram nas atividades de prevenção de maus-tratos, dos quais são vítimas frequentes crianças e adolescentes. O foco inicial foi sempre a violência intrafamiliar.
A notificação dos maus-tratos praticados contra criança e adolescentes são obrigatórias por lei federal, portanto, essa obrigatoriedade se estende a todo o território nacional. Apesar desse procedimento ainda não ter sido incorporado pela maioria do sistema de saúde, avanços concretos na sua aplicação estão acontecendo, em vários locais.
A Humanização é uma frente de trabalho estratégica no processo de trabalho do Serviço Social. O desenvolvimento deste dispositivo tem por objetivo a ampliação do acesso aos serviços e benefícios sociais que possibilitem o cuidado em saúde dos usuários e suas famílias, assim como pressupõe a articulação com a rede de proteção social governamental e não governamental visando garantir a continuidade a assistência. 
Para isso, é imprescindível uma aproximação e análise da realidade social, econômica, educacional e cultural da população atendida, o que resulta na necessidade permanente de estudos acerca das legislações sociais, da organização das políticas públicas para este segmento populacional e, consequentemente, se faz necessária a reatualização de recursos e benefícios sociais, sendo imprescindível o aprofundamento teórico-metodológico das ações dos profissionais da equipe para atuação resolutiva no acolhimento.
A equipe de Serviço Social desenvolve esse trabalho, visando à organização do atendimento e à qualificação da assistência oferecida aos usuários e a sua família. Desde então, o acolhimento tem sido alvo de muitas reflexões e estudo. Entendemos como oportuno apresentar, de forma preliminar, algumas questões sobre essa experiência com vistas a ampliar o debate sobre o tema. Partimos do pressuposto que refletir acerca do acolhimento não é algo simples, nem tampouco superado, sobretudo porque este dispositivo nos remete diretamente à necessidade de repensar e reorientar o processo de trabalho em saúde.A Política Nacional de Humanização apresenta o acolhimento como uma diretriz capaz de potencializar a reorganização do processo de trabalho em saúde, colocando o usuário como foco principal deste processo. O trabalho com o acolhimento vivenciado pelos assistentes sociais em seu processo de trabalho proporcionou o aprofundamento da reflexão sobre a temática e possibilitou uma análise de suas potencialidades e limitações, a importância do acompanhante contribuindo para a revisão permanente de nosso processo de trabalho e de um olhar crítico para o processo de trabalho na saúde como preconiza o Sistema único de Saúde ( SUS90 ).
3.5 A importância da prevenção
A compreensão da prevenção vai além da atuação que realizamos quando algo ainda não aconteceu. Hoje, compreende-se que, quando uma criança necessita de atendimento médico por razões de violência, por exemplo, atuação do hospital deve ser a de curar a enfermidade em que se encontra, mas também, prevenir para que as consequências sejam as mínimas possíveis e para que o fato que provocou a enfermidade não volte a acontecer.
Os acidentes e as agressões na faixa etária de zero a nove anos ocupam a quinta causa de mortalidade na infância, configurando-se em relevante problema de saúde pública.
É prioritária a prevenção de violênciasà criança por meio da formulação de diretrizes e parâmetros de atenção à saúde, prevenção e cuidados de crianças em situação de risco, e a disponibilização de metodologias voltadas ao acolhimento e à proteção de crianças, articulando essas ações com a rede intersetorial.
Como enfrentar esse grave problema de saúde pública. Todos nós podemos contribuir para a cultura da paz, pois a violência contra as crianças e os adolescentes jamais se justifica.
3.6 A dignidade humana
Na dignidade da pessoa humana encontra-se um valor central, de onde emerge a justiça social do ordenamento prático. Essa condição pode ser considerada como valor constitucional supremo ou cláusula nuclear de proteção aos direitos fundamentais, englobando ao redor de si todos os outros direitos individuais, como o direito à vida e as demais liberdades pública.
Para Moraes (2003, p. 60), a dignidade é um valor espiritual e moral inerente à pessoas, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que, somente excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessário estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos.
De certo olhar conclui-se que toda pessoa, enquanto ser humano, merece que sua dignidade seja respeitada da forma mais ampla possível e desejável, tendo ela o direito de conduzir sua vida em sociedade desde que por meios lícitos, buscando saciar seus anseios, seus sentimentos, suas mais profundas aspiração e afetos, sem que seja tolhida física ou emocionalmente. A pessoa, enquanto ser humano, merece atingir a felicidade idealizada nos diversos setores da vida (trabalho, família, amor, sexo). Por considerar as relações homo afetivas como indignas é, sem dúvida, uma interpretação equivocada do Texto Constitucional, violação explícita aos direitos fundamentais do homem e propagação de uma desigualdade e de uma democracia falaciosa.
A dignidade da pessoa humana é uma qualidade intrínseca, inseparável de todo e qualquer ser humano, é característica que o define como tal. Concepção de que em razão, tão somente, de sua condição humana e independentemente de qualquer outra particularidade, o ser humano é titular de direitos que devem ser respeitados pelo Estado e por seus semelhantes.
A valorização da dignidade da pessoa humana, elemento fundamental do Estado Democrático de Direito, não pode chancelar qualquer discriminação baseada nas formas de expressão da sexualidade. Para que a dignidade da pessoa humana seja entendida em sua “dimensão jurídico-constitucional”, decorrendo daí sua força normativa que reclama eficácia, devemos entendê-la na sua construção e conceituação históricas, que a entende como uma proposição axiológica necessária à concretização dos Direitos Fundamentais na atualidade.
O direito à igualdade é considerado a base da democracia e assim o princípio da igualdade tem sede explícita no texto constitucional e se reflete em inúmeros dispositivos da Constituição Federal de 1988, inclusive em seu preâmbulo. Inicialmente, o artigo 3.º da Lei Maior estabelece a "não discriminação" como um dos objetivos fundamentais do Estado brasileiro. Em especial, o princípio da igualdade é abordado no artigo 5. º, que trata dos Direitos e Garantias Individuais, onde a nossa Carta Magna assegura o direito à igualdade entre outros direitos consagrados no caput do artigo 5°: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade [...]”. Mas garantir a mesma qualidade de direitos para os cidadãos é uma utopia, visto que os homens não são iguais em intelecto, na capacidade de trabalhar, na condição econômica, entre outras situações que os diferenciam.
Barruffini (2009, p 82) afirma que; “num sentido utópico, todos são iguais; mas na verdade, isto é impossível, em virtude mesmo das distinções pessoais”. Mas estas distinções não impedem que o ordenamento jurídico atue como instrumento regulador a fim de minimizar as desigualdades e as situações injustas.
A igualdade, proclamada na Constituição Federal, deve ser encarada e compreendida, basicamente sob dois pontos de vista distintos, quais sejam: o da igualdade material e o da igualdade formal.
O entendimento da igualdade material deve ser o de tratamento equânime e uniformizado de todos os seres humanos, bem como a sua equiparação no que diz respeito a possibilidades de concessão de oportunidades. As chances devem ser oferecidas de forma igualitária para todos os cidadãos, na busca pela apropriação dos bens da cultura (SILVA, 2011. p. 5).
A cerca do conceito de igualdade material temos que esta tem por finalidade a busca pela equiparação dos cidadãos sob todos os aspectos, inclusive o jurídico. Bastos apud Gonzaga (2009) elucida que consiste no “tratamento uniforme de todos os homens. Não se cuida, como se vê, de um tratamento igual perante o direito, mas de uma igualdade real e efetiva perante os bens da vida”.
A igualdade material visa um tratamento uniforme dos homens perante os bens da vida e não perante o direito, o que a torna insustentável visto a diversidade na estrutura formadora do homem. Para Barruffini (2009, p. 81/82) a “igualdade substancial deve ser entendida como a equiparação de todos os homens no tocante ao gozo e fruição de direitos e também à sujeição de deveres”.
Já no conceito de igualdade formal Bastos apud Gonzaga (2009), afirma que consiste “no direito de todo cidadão não ser desigualado pela lei senão em consonância com os critérios albergados, ou ao menos não vedados, pelo ordenamento constitucional”.
Portanto a igualdade formal e a igualdade material devem se completar, uma vez que a primeira se refere à igualdade perante a lei no qual todos são iguais e a lei é para todos, todos devem obedecê-la, mas observando a igualdade material que visa o caso concreto, integrando a igualdade formal, no caso a lei, com situações vividas pela sociedade, permitindo tratamento diferenciado a alguns para que se busque a igualdade plena, tendo em vista que não se pode tratar ricos como pobres e pobres como ricos, deve sempre haver diferenciação entre as classes, de forma geral, para que a igualdade formal e a material possam funcionar sistematicamente.
Com finalidade de garantir o bem comum sem prejuízo do direito de um ou de outro o ordenamento jurídico brasileiro adota o conceito da igualdade formal, tratando os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual. Segundo Moraes (2011. p. 40) “a igualdade se configura como uma eficácia transcendente, de modo que toda situação de desigualdade deve ser considerada não recepcionada”.
Barruffini (2009, p. 82) esclarece ainda que:
“O princípio da igualdade consagrado pela CF opera em face do legislador ou do próprio Executivo, na edição respectivamente, da lei, dos atos normativos e das medidas provisórias, de forma a impedir tratamentos diferenciados a pessoas que se encontrem em situações idênticas. Também obriga a autoridade de pública a aplicar a lei e atos normativos sem estabelecer diferenciações em razão do sexo, religião, convicções filosóficas ou políticas, raça, classe social. O que se nota é que tratamento normativos diferenciados refletem o espírito da igualdade formal quando verificada a existência de uma finalidade razoavelmente proporcional ao fim da igualdade formal visado”.
Pode-se dizer que a igualdade funciona como regra quando prevê proibição destrato discriminatório e quando atua com finalidade de promover um Estado igualitário independente da condição social, racial, de sexo, funciona como um princípio. 
Para Nicz (2010) apud Pufendorf, “a liberdade origina-se da dignidade natural e, em razão desta, é igual em todos, fazendo com que, juridicamente, por direito