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FÍGADO NORMAL Macroscopia Lobo direito maior que o esquerdo, de superfície externa rósea amarelada, homogênea de aspecto liso e brilhante; Microscopia São 3 zonas diferentes que se estendem do espaço porta até a veia centro lobular: Zona 1 ou nível 1 (periportal) – mais oxigenado pois está ao redor do espaço porta, local aonde chega o sangue; tem alta taxa metabólica e é a última a sofrer necrose e a primeira a mostrar sinais de regeneração; Zona 2 (zona intermediária) – oxigenação menor; recebe sangue com conteúdo intermediário de oxigênio. Zona 3 (centro-lobular) – área mais isquêmica do fígado; mais próxima às veias hepáticas terminais, recebe sangue por último. Obs.: em qualquer lesão hepática que chegue pelo espaço porta, como por exemplo os agentes virais, o processo inflamatório será direcionado no território da zona 1; Obs.2: o alcoolismo atinge a região centro lobular; a agressão ocorre no território mais isquêmico. HEPATITE Hepatites virais – o vírus acomete especificamente o fígado (são infecções primárias do fígado); Definição – presença de células inflamatórias agudas ou crônicas, na dependência do fator etiológico (viral ou bacteriano), gravidade e tempo de evolução; Etiologia Vírus hepatotrópicos – A, B, C, D, E (virais próprios do fígado); são chamadas de hepatites primárias; o Dependem principalmente da biópsia, diferente dos outros tipos. Os vírus não A/E – F, G, TTV, Sen-V, vírus novos são casos esporádicos, não têm estatística adequada; são crônicos podendo agudizar e vice-versa. Outros vírus (infecções sistêmicas) – febre amarela, CMV, dengue, febre hemorrágica boliviana e argentina, herpes, adenovírus e Epstein-Barr; Fungos, bactérias, entre outros – blastomicose, TB, leptospirose, malária e amebíase; Drogas e tóxicos. HEPATITE AGUDA VIRAL Epidemiologia – esporádica ou endêmica; Vias de transmissão – fecal/oral, parenteral (injeções ou transfusões), sexual ou vertical (mãe para o feto); Quadro clínico – presente ou ausente; Quando presente, são sintomas inespecíficos, comuns a outras doenças, como anorexia, náuseas, colúria (urina da cor de coca-cola, até que se prove o contrário, é hepatite) e icterícia (nem sempre, não é exclusiva da hepatite). Forma colestáticas – colúria + icterícia; Obs.: colestase = retenção de pigmento biliar intra-hepático. Laboratorial – alterações bioquímicas (lesão hepatocelular); Aumento das aminotransferases (TGO, TGP) e bilirrubinas, com ou sem aumento de enzimas de membrana (FA e γGT); Essas alterações laboratoriais são importantes para o diagnóstico e para acompanhar o quadro; Quanto maior o aumento das transaminases, maior o nível de lesão hepática; Transaminases aumentadas em torno de 1.000, após 2 semanas, precisam estar pela metade, ou seja, com o passar dos dias essa dosagem precisa diminuir, mostrando uma regeneração hepática; Quando fica próximo ao normal (30 a 40), é critério de alta hospitalar, pois o fígado voltou ao normal (cura); A fosfatase alcalina e a γGT são mais utilizadas quando há algum processo obstrutivo que impede o fluxo normal da bile; Essas enzimas ficam dentro dos hepatócitos, quando o vírus povoa essas células e as destrói, os hepatócitos liberam essas enzimas na corrente sanguínea através dos sinusóides; então o nível de destruição do fígado pode ser medido pela dosagem dessas enzimas; A bilirrubina também é dosada; é uma substância que é conjugada no fígado e liberada para a via biliar; quando há lesão hepática, a conjugação não ocorre, gerando um aumento da bilirrubina sanguínea. OBS 1: FA (fosfatase alcalina ALP): é uma enzima presente nas células que delineiam os ductos biliares do fígado. Os níveis de FA no plasma irão aumentar com grandes obstruções do ducto biliar, colestase intrahepática ou doenças infiltrativas do fígado. FA está presente no tecido ósseo e placentário, então ela está aumentada em crianças em crescimento (já que seus ossos estão sendo remodelados). A taxa de referência geralmente é 40-150 U/L. O aumento da fosfatase alcalina hepática é mais evidente na obstrução biliar, aonde o acúmulo de sais biliares a solubilizam e a obstrução promove a sua regurgitação entre as células hepáticas até o sangue. OBS 2: γGT (gama glutamil transpeptidase): embora razoavelmente específica para o fígado e ser um marcador mais sensível para lesões colestáticas que a ALP, a gama glutamil transpeptidase (GGT ou gama GT) pode estar elevada até mesmo em pequenos níveis subclínicos de disfunção hepática. Ela também pode ser útil em identificar a causa de uma elevação isolada da ALP. A GGT está aumentada em casos de toxicidade alcoólica (aguda e crônica). Em alguns laboratórios, a GGT não faz parte dos testes de função hepática padrões e deve ser solicitada especificamente. OBS 3: ALT (alanina transaminase) ou TGP (transaminase glutâmica pirúvica): é encontrado em grande parte no fígado. Este não é produzido exclusivamente pelo fígado, porém é onde se encontra mais concentrado (altas concentrações apenas no citoplasma do fígado, o que torna o seu aumento mais específico de lesão hepática); no entanto, pode estar aumentada em conjunto com a AST em miopatias (doenças musculares) severas. Quando há lesão celular, a ALT atinge a corrente sanguínea e seus níveis séricos podem, portanto, ser mensurados. ALT está aumenta drasticamente em lesões hepáticas agudas, como na hepatite viral ou overdose de paracetamol. A taxa de referência é de 0 - 50 U/L na maioria dos laboratórios. OBS 4: AST (aspartato transaminase) ou TGO (transaminase glutâmica oxalacética): é encontrada em altas concentrações no citoplasma e nas mitocôndrias* do fígado, músculos esquelético e cardíaco, rins, pâncreas e eritrócitos (glóbulos vermelhos do sangue). Quando qualquer um desses tecidos é danificado, a AST é liberada no sangue, como não há um método laboratorial para saber qual a origem da AST encontrada no sangue, o diagnóstico da causa do seu aumento deve levar em consideração a possibilidade de lesão em qualquer um dos órgãos onde é encontrada, não sendo então uma enzima específica do fígado. A proporção entre a AST e a ALT é às vezes útil para diferenciar as causas da lesão hepática. A taxa de referência é de 0-45 U/L na maioria dos laboratórios. OBS 5: Relação AST/ALT Além das características individuais, a relação entre o aumento das enzimas tem valor diagnóstico. Tanto a AST quanto a ALT costumam subir e descer mais ou menos na mesma proporção em doenças hepáticas: Hepatite Crônica (hepatite C) – elevações pequenas de ambas, ou apenas de ALT em pequena proporção; Hepatite alcoólica – há maior lesão mitocondrial, proporcionalmente, do que nas outras hepatopatias, observa-se tipicamente elevação mais acentuada (o dobro ou mais) de AST (que é encontrada nas mitocôndrias) do que de ALT, ambas geralmente abaixo de 300 U/L; Hepatites virais ou drogas – elevações de ambas acima de 1.000 U/L. Morfologia da Hepatite Aguda Macroscopia Congesto e edemaciado; Só diminui de tamanho quando tem necrose extensa de todo o fígado, chamado de forma fulminante – necrosa tantos hepatócitos que o fígado diminui seu tamanho. Microscopia 81,6% do órgão é constituído por células (hepatócitos), órgão puramente celular; O fígado tem pouco tecido de sustentação, pouco colágeno, tecido conjuntivo e estroma escassos; Possui muita fibra de reticulina; essa reticulina forma estruturas paralelas onde os hepatócitos se alojam de forma trabecular e entre esses trabéculos ficam os sinusóides; Quando há necrose, essas fibras reticulares colabam e viram colágeno. Mecanismo: 1. Alguns vírus entram no fígado e o sistema imunológico consegue combatê-los de forma imediata; 2. Outros permanecem no fígado, seja em todo o órgão ou partes dele; 3. Esses fragmentos virais que permanecem no órgão sãoantigênicos, conseguem estimular continuamente o sistema imunológico; 4. Com isso, as células de defesa que migram para essa região atuam como se fossem fagocitar, destruir o vírus (que está dentro do hepatócito), destruindo o tecido hepático, como se fosse uma doença autoimune; 5. Por isso a doença persiste por um período muito longo. Obs.: mesmo havendo morte dos hepatócitos, não é uma ação contra o hepatócito, mas sim contra o vírus; Na hepatite aguda há o predomínio de lesões hepatocelulares; os hepatócitos infectados ativam linfócitos TCD8 citotóxicos, os quais agridem os próprios hepatócitos. Alterações Parenquimatosas: 1. Degeneração – fase ainda reversível; 2. Necrose – destruição dos hepatócitos, mesmo assim ainda pode regenerar; 3. Regeneração – o tecido volta ao normal; pode regenerar colágeno ou as próprias células que se perderam; se destruir o arcabouço, gera fibrose e não regenera. Esse ciclo de degeneração, necrose, regeneração, dá um aspecto de desorganização do fígado, chamado de desarranjo das trabéculas hepáticas que pode ser temporário ou definitivo. Achados Histológicos Inespecíficos (comum a qualquer agente viral): 1. Degeneração Hidrópica Devido prejuízo da bomba de sódio (que tenta igualar os gradientes pressóricos); Tumefação dos hepatócitos – degeneração balonizante (entra muito sódio dentro da célula e consequentemente, água, então os hepatócitos ficam abaulados, pálidos, cheios de líquido no seu interior); ainda é reversível; Pode voltar ao normal ou evoluir para necrose – “drop-out-necrosis” (arrancado da trabécula) – um único hepatócito pode simplesmente se destacar da trabécula deixando como marca a presença do infiltrado inflamatório local; Focos isolados de necrose não geram problemas ao indivíduo. 2. Degeneração Acidofílica ou Corpúsculos de Councilman-Rocha Lima Hepatócito morto, sem células inflamatórias; Retração citoplasmática, evolução para morte celular resulta nos corpúsculos de Councilman-Rocha Lima (descritos na febre amarela, vistos em várias doenças hepáticas); Processo de apoptose acelerada dos hepatócitos, sem resposta inflamatória; Essas células de Councilman-Rocha Lima possuem citoplasmas avermelhados, núcleo picnótico, contraído (típico de células em apoptose), sem células inflamatórias ao seu redor; O pigmento encontrado no citoplasma ocorre devido a retenção de segmentos biliares = colestase (erro de conjugação da bilirrubina), como está dentro dos hepatócitos é chamado de colestase intra-hepática; Fígado colestático = não consegue eliminar o pigmento biliar. 3. Necrose Hepatocelular Necrose focal (forma clássica); Necroses mais extensas (pontes) – ex. necrose desde o espaço porta até veia centro lobular ou até o outro espaço porta; a necrose faz um caminho (porta-porta ou porta-centro); Necrose maciça – hepatite fulminante, muito grave; grande parte dos indivíduos morre, mas uma pequena porcentagem consegue sobreviver, pois sobra áreas de hepatócitos normais. Eles se regeneram e o fígado volta a funcionar, porém com nódulos: fase cirrótica. 4. Resposta inflamatória linfomononuclear (aguda ou crônica) Precede a lesão hepatocelular, é consequente à necrose do hepatócito. O espaço porta é a primeira área a receber as células inflamatórias; A bacteriana, na fase aguda, forma pus/exsudado purulento ou supurativo, rico em neutrófilo. O vírus não atrai neutrófilos, ele atrai células mononucleares (linfócitos e monócitos). Os linfócitos chegam no espaço porta, pois nessa região encontram-se células reticulares que fazem o reconhecimento do antígeno e mandam mensagem para os linfócitos; Os linfócitos podem ficar restritos ao espaço porta (forma mais branda da hepatite, curável) ou penetram na placa limitante (primeira ou segunda fileira de hepatócitos que ficam ao redor do espaço porta = spillover). Spillover – penetração dos linfócitos pela placa limitante (zona 1 ao redor do espaço porta) no parênquima portal, sem destruição dos hepatócitos. Obs.: necrose da interface (necrose em saca-bocado) – penetra no parênquima e destrói os hepatócitos (espaço com ausência de hepatócitos); destruição importante do fígado. Se não tratar, pode evoluir para cronicidade; forma mais grave. 5. Células de Kupffer Macrófagos portais ativados, contendo lipofuscina, localizados nos sinusóides e espaço porta; Lipofuscina ou pigmento de envelhecimento celular – são lipídios acumulados dentro das células, surgem nos órgãos de grande atividade metabólica (coração e fígado). Como forma de defesa, na destruição parcial de uma célula e algumas de suas organelas, ela circunda esses tecidos mortos em um vacúolo autofágico. Se a célula não morrer, ela absorve esse vacúolo, pois tem proteínas e lipídios; reaproveita as proteínas, já os lipídios permanecem no seu interior; não é patológico, é fisiológico; mais comum no fígado e coração por serem órgãos com intensa atividade metabólica. 6. Colestase Intra-hepática – retenção de pigmento biliar intra-hepático (dentro do hepatócito por doença própria dele) e intra-canalicular; A colestase intra-hepática e intra-canalicular costumam ser mais acentuadas na hepatite A e C; Extra-hepática – quando atinge ductos maiores, ductos biliares do espaço porta, é chamado de colestase extra-hepática (processo obstrutivo que impede o escoamento da bile); Gera colúria e icterícia. Classificação histológica da hepatite aguda (tipo de necrose) Clássica com necrose focal; Com necrose em ponte (porta-porta ou porta-centro); Com necrose panacinar (maciça ou submaciça, atinge todos os ácinos). Classificação temporal da hepatite aguda (tempo de evolução) Clássica/aguda (até 6 meses); Prolongada/crônica (mais de 1 ano); Em resolução – já se passaram os 6 meses, porém as transaminases ainda estão diminuindo, mas ainda não zerou. TIPOS DE VÍRUS da HEPATITE Hepatite, Vírus A Sinônimo – hepatite silenciosa (acomete mais crianças); Vírus – hepatovírus RNA (picornavírus); Transmissão – fecal/oral, geralmente alimentos/água contaminados; Período de incubação – 3 a 5 semanas; Quadro clássico – anorexia, náuseas, vômitos, icterícia (varia com febre); Casos subclínicos – sem sintomas, mas com aumento de enzimas e bilirrubina; Lesão hepatocelular – citoxidade anticorpo-dependente, através de resposta imune do tipo humoral; Sorologia – IgM anti-VHA na fase aguda, IgG permanece por toda a vida; o Após vacina, na sorologia, encontra-se IgG. Evolução – não produz hepatite crônica, nem leva a estado de portador. Hepatite, Vírus B Sinônimo – hepatite sérica; Vírus – hepadnavírus DNA; o Na sua estrutura tem uma área central chamada de Partículas de Dane e outros arcos em volta, cada pedaço dele são substâncias antigênicas; o Mesmo que o vírus seja destruído, seus fragmentos continuam ativando o sistema imunológico. Transmissão – parenteral, sexual, vertical (durante o parto); presente no sêmen, leite materno, saliva, lagrimas, suor; Indivíduos infectados – aproximadamente 300 milhões; Período de incubação – 30 a 180 dias (média de 1,5 a 2 meses); Quadro clássico – anorexia, náuseas, vômitos, icterícia (varia com febre); Casos subclínicos – não tem sintomas, aumento de enzimas e bilirrubina; Cronificação – persistência das alterações clínicas, bioquímicas e sorológicas por mais de 6 meses; a cronificação ocorre em aproximadamente 3 a 10% dos indivíduos. Lesão hepatocelular – mediada por mecanismos humoral e celular. * Estrutura o Possui antígeno de superfície HBsAg com seus subtipos; o Partícula de core (núcleo) – HBcAg e HBeAg (relacionado à replicação); todos são antigênicos; o Anti HBsAg – já tem anticorpo; pode ser IgG ou IgM (indivíduo está protegido). Hepatite, Vírus C Vírus RNA isolado em 1989 entre os assim chamados vírus NANB; Transmissão – parenteral, pós transfusiona, drogadição, vertical e sexual não habituais; casos esporádicos. Período de incubação – 14 a 180 dias. Quadro clássico – anorexia, náuseas, vômitos, icterícia (varia com febre). Muitos casos são subclínicos (não tem sintomas), aumento de enzimas e bilirrubina. Maior evolução para doença crônica (50%).* Lesão hepatocelular – imunologicamente mediada. Anti VHC + no soro por época da elevação das transaminases. Forma fulminante – rara. Hepatite, Vírus D (delta) Vírus RNA (viróide, agente delta) – centro δ encapsulado pelo HBsAg, necessário para sua replicação; Não é um vírus completo, não consegue viver nem se replicar sozinho; só consegue quando o vírus B estiver presente; Se ele for revestido pelo HBsAg se torna agressivo, patogênico, igual ao B; Transmissão – parenteral; Apresentação – igual as fases da hepatite B: o Como hepatite aguda, igual a hepatite aguda pelo VHB; o Como hepatite aguda em portador crônico do VHB; o Como hepatite crônica em portador crônico do VHB. Lesão hepatocelular – citotóxica direta? Imuno-histoquímica – pode observá-lo dentro do hepatócito. o HD Ag no núcleo de hepatócitos. Hepatite, Vírus E Vírus RNA (calicivírus), descrito em 1990; Transmissão – fecal/oral; Ásia, África e América Latina; Clínica e epidemiologia – anorexia, náuseas, vômitos, icterícia (varia com febre). Muitos casos são subclínicos (não tem sintomas), aumento de enzimas e bilirrubina; Curto período de incubação; formas mais graves durante a gestação (não se sabe o porquê); a incidência é desprezível, por isso não se pesquisa na sorologia; Lesão hepatocelular – imunologicamente mediada. Hepatite, Vírus não A-E (raros) Vírus F, G (vírus RNA); TTV e Sem-V (vírus DNA); pouco se sabe; Vírus F – se relacionou a casos de hepatite fulminante; Vírus G – talvez não seja patogênico; Vírus TTV – talvez evolua para cronificação. Evolução da Hepatite Aguda Cura: Diminuição progressiva do infiltrado inflamatório, inicialmente no lóbulo inteiro e depois nos espaços porta; Diminuição das transaminases e bilirrubina; Placa limitante torna-se íntegra; Restituição das trabéculas de hepatócitos. Células de Kupffer e macrófagos portais: Permanecem por mais tempo dentro do sinusoide, até a cura da hepatite, pois tiram todos os detritos. HEPATITE CRÔNICA VIRAL Definição – inflamação hepática não resolvida no espaço de 6 meses a 1 ano (critério cronológico); no entanto, o critério anátomo-patológico é melhor. Obs.: hoje, o fígado tem sido pouco biopsiado, pois tem um aparelho chamado FibroScan que mede o grau de fibrose do fígado, não precisa fazer a biópsia. Etiologia – vírus hepatotróficos (B, C e D), autoimunidade, drogas hepatotóxica, doenças metabólicas hereditárias, como Doença de Wilson e Deficiência de Alfa-1-anti-tripsina (enfisema panlobular). Morfologia da Hepatite Crônica Macroscopia Fígado geralmente aumentado de volume, pois tem processo inflamatório. Microscopia Espaços-porta alargados, com infiltrado inflamatório mononuclear, com ou sem necrose de hepatócitos da placa limitante (saca-bocado ou “piecemeal necrosis”); Necrose em saca-bocado (NSB) ou necrose da placa limitante – lesão mais importante como sinal de hepatite crônica ativa (hepatite já cronificada, mas ainda com destruição dos hepatócitos, ou seja, o processo necrótico continua); evolui para cirrose se não intervir. Elementos Celulares Envolvidos Células reticulares interdigitantes – apresentadoras de antígenos situadas na periferia dos espaços-porta; Linfócitos T supressor/citotóxico (CD 8) – atacam e destroem os antígenos de membrana dos hepatócitos peri-portais; tiram pedaços do parênquima, formando aspecto abaulado de perda de hepatócitos. Células reticulares dendríticas – apresentadora de antígenos, situadas no centro dos espaço-porta. Linfócitos T helper/indutores (CD4) – também no centro dos espaços-porta; participa do processo inflamatório, porém quem agride é o CD8. O CD4 comanda a inflamação interagindo com o CD8. Hepatite Crônica Ativa O mais importante é a presença da necrose em saca bocado, mas, além disso, pode ter: Apoptose – hepatócito da placa limitante sofre desintegração; União dos espaço-porta – se alargam atingindo espaço-porta vizinhos (pontes porta-porta) ou se unem a áreas de necrose da zona 3 (pontes porta-centro); forma nódulo = cirrose. O parênquima peri-portal é substituído por tecido colágeno – quando tem necrose e perda de hepatócitos, com fibras reticulares colabadas*, são substituídos por tecido colágeno e formam septos fibrosos. o Esses septos se esticam para dentro do parênquima, onde tiver necrose, formando cada vez mais septos; o Esses septos podem se ligar formando pontes, porta-porta ou porta-centro; o Isso promove alterações estruturais, com desorganização e evolução para a cirrose pós-necrótica (formação de nódulos, normalmente macronodular); a cirrose por alcoolismo é micronodular. Estadiamento da Hepatite Crônica Devem ser diagnosticados e graduados, opção de tratamento antiviral e também se estadiar a doença; Fibrose portal – presente; com septos ou com nódulos regenerativos; avalia a integridade estrutural do órgão (estadiamento); Infiltrado inflamatório portal – quantificado com a presença ou ausência de NSB. Lesão hepatocelulares (ou parenquimatosas): balonização, necrose focal ou extensa de hepatócitos, níveis variáveis de infiltrado inflamatório. Estadiamento utilizado – usar vários parâmetros para dizer o quanto a doença é extensiva no indivíduo. o Podemos estadiar o grau de gravidade, de agressividade ou o nível da doença; serve para traçar um tratamento. o Na hepatite crônica pode fazer o estadiamento pelo grau de fibrose, o quanto de infiltrado inflamatório tem no fígado e o quanto tem de lesão hepatocelular. Normalmente utiliza-se o estadiamento da sociedade brasileira de patologia junto com a europeia. Sociedade Brasileira de Patologia o Alteração estrutural – fibrose: 0 = não tem fibrose; 1 = pouca fibrose portal sem septos; 2 = fibrose portal com raros septos; 3 = numerosos septos sem cirrose. 4 = cirrose – nódulos. o Atividade periportal (presença de necrose, a extensão da saca bocada): Varia de 1 a 4. o Infiltrado portal – quantidade de linfócitos: 1 = Pequeno, médio 2 = Moderado 3 = Intenso 4 = Abundante o Alteração parenquimatosa – verificar o quanto tem de degeneração de hepatócitos, o quanto balonizado está. Obs.: os mais importantes são ATIVIDADE e FIBROSE. Metavir, Classificação Europeia; Mais utilizado, mais simples. Varia de 1 a 4: o A (atividade periportal) x F (fibrose): Exemplo 1 – A1F4 = atividade discreta com muita fibrose (cirrose). Exemplo 2– A2F3 = muito fibrosado com atividade moderada; Exemplo 3 – A4F1 = intensa atividade e mínima fibrose, está começando a fibrosar; ideal para tratamento. Com o tratamento adequado o indivíduo não desenvolve a fibrose. Exemplo – A4F4 = cirrótico e com muita atividade, pior quadro. F1 – alargamento fibroso; F2 – poucos septos; F3 – muitos septos; F4 – formação nodular. Achados Histológicos Específicos (marcadores etiológicos); São importantes porque, às vezes, não se sabe o tipo de hepatite; o Presentes na fase aguda, mas são mais frequentes na doença crônica: 1. Hepatócitos com citoplasma em “vidro fosco”, VHB; 2. Esteatose, VHC; 3. Formação de folículos/ agregados linfoides, VHC; 4. Agressão no ducto biliar, VHC; 5. depósito de cobre (coloração-rodanina), Doença de Wilson; 6. Depósito de alfa1 antitripsina (coloração específica – PAS), deficiência de alfa1 antitripsina. Prováveis evoluções da infecção aguda pelos vírus B e C: A infecção aguda pela hepatite B eC pode evoluir para a forma aguda ou aguda fulminate; A forma aguda pode recuperar ou pode ser subclínica e também se recuperar; A infeção aguda pode entrar no estado de portador – tem o vírus, mas não sabe; nesse caso, pode levar a cronificação; A infecção aguda pode evoluir para infecção crônica; a infecção crônica pode recuperar ou evoluir para uma cirrose; O indivíduo com cirrose pode ter nódulos regenerativos, todo tecido com intensa atividade mitótica é um terreno fértil para as neoplasias; os hepatócitos não estão programados para se dividirem o tempo todo. Eles são estáveis, não lábeis; se dividem quando precisam ser renovados após apoptose (intensa regeneração); Na agressão, eles se dividem constantemente, então a chance de ter uma divisão anômala é grande, podendo desenvolver uma hepatocarcinoma. Por isso que 80% dos hepatocarcinomas são devido a presença de cirrose. Como saber quando o paciente cirrótico está com hepatocarcinoma? Quando o fígado cirrótico que é duro e, às vezes, pequeno (pela perda de células e a presença de fibrose), começar a aumentar de tamanho. Forma fulminante (VHB) Hepatite aguda Hepatite crônica Recuperação Cirrose Recuperação Doença sub-clínica Portador são (VHC) Infecção Aguda Hepatocarcinoma HEPATITE AUTOIMUNE Toda sorologia negativa para hepatite viral precisa investigar hepatite autoimune. Semelhante a hepatite viral crônica; Sorologia negativa para hepatite viral; Predomina em mulheres – 70% jovens; IgG elevado (>2,5g%); 80% com auto-anticorpos anti-ANA, anti-músculo liso, anti-mitocondrial, anti- microssomo hepático e renal; Maior frequência em HLA Bs ou DRw3; Espaço-porta repleto de linfócitos, penetrando no parênquima, lembrando uma hepatite aguda ativa. HEPATITE ALCÓOLICA Alcoolismo – ingestão de etanol, 28g de bebida 860 = 10g/etanol. Aumenta o risco de cirrose: o H> 40g/dia vs M>20g/dia Metabolismo do etanol – menos de 10% é eliminado através dos pulmões e rins, o restante se transforma em acetaldeído; Patogenia de alcoolismo – ação hepatotóxica direta do etanol e do acetaldeído que produz alterações metabólicas: o Aumento peroxidação de lipídios – os lipídios se unem, formando massas maiores; o Aumento produção de triglicérides; o Aumento mobilização dos depósitos periféricos de gordura como fonte energética; o Inibe o reparo de DNA; o Aumenta a síntese de colágeno – cirrose. OBS.: células de ito, que ficam nos sinusóides, também desencadeiam a produção de colágeno. Motivos para armazenar gordura no fígado? 1. Doença do hepatócito, não consegue armazenar a gordura; 2. O hepatócito está normal, mas chega muita gordura para ele; metaboliza o que pode, o restante fica armazenado; 3. Ele é normal, armazena, mas tem dificuldade para eliminar. Morfologia da hepatite alcoólica: o A 1a alteração hepática é a esteatose associada à degeneração hialina de Mallory (quando as organelas se degeneram e formam uma massa avermelhada, eosinofílica dentro do citoplasma dos hepatócitos); o Hepatomegalia; o Resposta inflamatória lobular com presença de neutrófilos – esteato-hepatite (no local dos hepatócitos lesados encontram-se neutrófilos) forma um vacúolo pela presença de gordura; o Deposição de tecido colágeno, fibrose peri-venular, septos fibrosos interligados até formar a cirrose. ESTEATO-HEPATITES Definição – doenças parenquimatosas associadas à esteatose macro ou microvesicular, de etiologia alcoólica (EHA) ou não alcoólica (EHNA), associada aos obesos e diabéticos, chamada de “obeso-diabética”; Acúmulo de gordura intra-hepática; A maioria é reversível, porém, alguns casos agridem o fígado; Primeiro sinal que deve-se desconfiar da esteatose são as enzimas levemente aumentadas. ESTEATO-HEPATITE não ALCOÓLICA (EHNA): Termo introduzido por Ludwing e col (1980); Geralmente sem sintomas, oligossintomática, alterações enzimáticas discretas; Dá uma alteração enzimática discreta (TGO e TGP); Evolução para cirrose em menos de 3%; Principais causas – obesidade, diabetes mellitus tipo 2, cirurgia de by pass jejuno- ileal, jejum prolongado, drogas – amiodarona, malcato de perexilene, diuréticos, hipoglicemiantes orais, estrógenos, hormônios tireoidianos e corticosteroides. Obs.: o fígado com esteatose aumenta de tamanho e volume, a consistência fica flácida e a coloração é amarelada; o fígado cirrótico tem nódulos, o esteatotico não, é liso. Obs.2: o fígado cirrótico normalmente diminui de tamanho, em casos de paciente com histórico de cirrose apresente hepatomegalia na palpação, deve-se suspeitar de tumores. Nódulos cirróticos: Os nódulos cirróticos são difusos, homogêneos, mesmo tamanho; A cirrose pode ter coloração verde, pois armazena bile (cirrose biliar); A cirrose pode apresentar nódulos amarelos (esteatose); então é secundário ao alcoolismo ou hepatite C; Nódulos cirróticos de coloração amarronzada, acastanhado-escuro (acúmulo de ferro, hemocromatose). o Hemocromatose – erro metabólico do ferro que absorve tudo que passa pelo intestino. O ferro se acumula nos órgãos.
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