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Indaial – 2019 Turismo e HoTelaria para evenTos Profª. Vaniele Weinrich Stuepp 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Profª. Vaniele Weinrich Stuepp Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: ST933t Stuepp, Vaniele Weinrich Turismo e hotelaria para eventos. / Vaniele Weinrich Stuepp. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 179 p.; il. ISBN 978-85-515-0349-2 1. Turismo. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 338.4791 III apresenTação Diante de tanta informação a respeito do tema Eventos, esta disciplina tem como objetivo, apresentar para você, futuro tecnólogo em eventos, como o turismo e a hotelaria podem ser grandes parceiros. Você já parou para pensar como essa parceria poderia funcionar? Quais as alternativas que o turismo e a hotelaria podem apresentar aos eventos como forma de angariar lucros? Nesta disciplina iremos estudar três unidades, nas quais podemos citar os seguintes temas: Turismo e hotelaria, dois termos convergentes; Conhecendo o papel do turismo e da hotelaria e por último, mas não menos importante, Operacionalidade dos eventos no turismo e na hotelaria. O foco principal deste livro didático é que você, acadêmico de Eventos, possa compreender mais do universo encantador do turismo e da hotelaria. Ampliar a sua visão e quem sabe poder incentivar você se tornar um grande empreendedor de eventos, utilizando essas grandes atividades que são o turismo e a hotelaria. Você sabia que o turismo é uma importante fonte de renda em nosso país? E que compreender temas relacionados aos processos de recepção, viagens, eventos, gastronomia, serviços de alimentação e bebidas, entretenimento e interação, fazem parte dos eventos? Precisamos compreender o contexto das relações humanas em diferentes espaços geográficos e dimensões socioculturais, econômicas e ambientais. Estaremos com você nas unidades do livro didático, desvendando esse maravilhoso universo! Bons estudos! Profᵃ. Vaniele Weinrich Stuepp IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfi m, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI V VI VII UNIDADE 1 – TURISMO E HOTELARIA: DOIS TERMOS CONVERGENTES ...................... 1 TÓPICO 1 – HISTÓRICO DO TURISMO .......................................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 O TURISMO E A HISTÓRIA ............................................................................................................. 4 2.1 GRAND TOUR: UMA IMPORTANTE PARTE DA HISTÓRIA ................................................ 9 3 O INÍCIO DO TURISMO ................................................................................................................... 10 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 14 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 15 TÓPICO 2 – HISTÓRICO DA HOTELARIA ..................................................................................... 17 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 17 2 A HISTÓRIA E AS HOSPEDAGENS ............................................................................................... 18 3 HOSPEDAGENS NA IDADE MÉDIA ............................................................................................. 19 4 A HOSPEDAGEM NA IDADE MODERNA ................................................................................... 20 5 IDADE CONTEMPORÂNEA ............................................................................................................. 23 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 24 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 28 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 30 TÓPICO 3 – EVOLUÇÃO DA HOTELARIA E DO TURISMO NO BRASIL .............................. 33 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 33 2 O CONTEXTO BRASILEIRO ............................................................................................................. 34 3 O TURISMO NO BRASIL ................................................................................................................... 36 4 A HOTELARIA BRASILEIRA ............................................................................................................ 42 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 43 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 50 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 55 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 58 UNIDADE 2 – CONHECENDO O PAPEL DO TURISMO E HOTELARIA ................................ 61 TÓPICO 1 – CONCEITOS E DEFINIÇÕES........................................................................................ 63 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 63 2ADMINISTRAÇÃO ............................................................................................................................. 63 3 EFICIÊNCIA, EFICÁCIA E ORGANIZAÇÃO ................................................................................ 66 4 RECURSOS HUMANOS..................................................................................................................... 67 5 TURISMO ............................................................................................................................................... 69 5.1 TURISTA, EXCURSIONISTA E VISITANTE ............................................................................... 71 6 HOTELARIA .......................................................................................................................................... 72 7 EVENTOS ............................................................................................................................................... 73 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 76 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 78 sumário VIII TÓPICO 2 – ESTRUTURA DO TURISMO ........................................................................................ 81 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 81 2 O PAPEL DO GOVERNO ................................................................................................................... 82 3 AS ORGANIZAÇÕES QUE PROMOVEM O TURISMO E A HOTELARIA ........................... 83 3.1 NÍVEL INTERNACIONAL ............................................................................................................ 84 3.2 NÍVEL NACIONAL ........................................................................................................................ 89 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 94 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 96 TÓPICO 3 – CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS MODALIDADES DE TURISMO: TIPOS DE TURISMO E DE TRANSPORTE .............................................................. 99 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 99 2 TIPOLOGIA DO TURISMO .............................................................................................................. 99 2.1 ECOTURISMO ...............................................................................................................................100 2.2 TURISMO DE AVENTURA ..........................................................................................................101 2.3 TURISMO DESPORTIVO .............................................................................................................101 2.4 TURISMO CULTURAL .................................................................................................................102 2.5 TURISMO DE NEGÓCIOS E EVENTOS ....................................................................................103 3 TRANSPORTES ..................................................................................................................................103 3.1 TRANSPORTES RODOVIÁRIOS ................................................................................................104 3.2 TRANSPORTES MARÍTIMOS .....................................................................................................104 3.3 TRANSPORTES FERROVIÁRIOS ...............................................................................................106 3.4 TRANSPORTES AÉREOS .............................................................................................................106 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................109 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................113 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................114 UNIDADE 3 – OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA ................................................................................................................115 TÓPICO 1 – RELAÇÕES ENTRE AS ATIVIDADES TURÍSTICAS E O SETOR DE EVENTOS .........................................................................................................................117 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................117 2 OFERTA TURÍSTICA ........................................................................................................................118 2.1 ESTRATÉGIAS NA OFERTA TURÍSTICA .................................................................................121 2.2 DEPARTAMENTO DE EVENTOS NO SETOR TURÍSTICO ..................................................125 2.3 POSSÍVEIS ÁREAS DE ATUAÇÃO DOS EVENTOS ...............................................................127 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................131 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................133 TÓPICO 2 – TURISMO DE NEGÓCIOS E EVENTOS ..................................................................135 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................135 2 TURISMO DE NEGÓCIOS E EVENTOS: RELAÇÃO DE INTERDEPENDÊNCIA .............136 2.1 RAZÕES DO CRESCIMENTO DO TURISMO DE EVENTOS ..............................................147 2.2 EVENTOS ESPECÍFICOS DA SAÚDE OFERTADOS NA HOTELARIA ..............................149 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................151 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................152 IX TÓPICO 3 – CONTRIBUIÇÃO DOS EVENTOS PARA A SAZONALIDADE HOTELEIRA ...................................................................................................................155 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................155 2 DIVERSIFICAÇÃO DO PRODUTO ..............................................................................................156 3 CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES .............................................................................................161 4 EVENTOS COMO ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE ORGANIZAÇÕES TURÍSTICAS HOTELEIRAS ........................................................................166 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................169 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................173 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................174 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................175X 1 UNIDADE 1 TURISMO E HOTELARIA: DOIS TERMOS CONVERGENTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • narrar a história do turismo no Brasil e no mundo; • ampliar o conhecimento acerca do que o turismo ajudou a desenvolver nas ações socioeconômicas do mundo; • explicar a importância da hotelaria no contexto Brasil e mundo; • apresentar a estrutura evolutiva do turismo e hotelaria. Esta unidade está dividida em três tópicos e no decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – HISTÓRICO DO TURISMO TÓPICO 2 – HISTÓRICO DA HOTELARIA TÓPICO 3 – EVOLUÇÃO DA HOTELARIA E DO TURISMO NO BRASIL 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 HISTÓRICO DO TURISMO 1 INTRODUÇÃO Na formação de um Tecnólogo em Eventos, o mercado exige que se tenha o conhecimento básico sobre o turismo e a hotelaria, e você acadêmico será apresentado ao início de todo o processo histórico do turismo. Esse tópico apresentará a história do turismo mundial, aonde teremos a oportunidade de conhecer as suas origens. Diante de uma crescente busca por ações sustentáveis e observando o turismo como uma atividade socioeconômica, podemos apresentar inúmeras empresas que se destacam como parceiras da natureza. Em meio à natureza, temos a inserção do homem e ele utiliza muito o meio ambiente para fins comerciais. Andrade (2002) afirma que o turismo é o complexo de atividades e serviços relacionados aos deslocamentos, transportes, alojamento, alimentação, circulação de produtos típicos, atividades relacionadas aos movimentos culturais, visitas, lazer e entretenimento. Sabemos que os eventos também estão inseridos dentro do turismo, e cabe a nós, caro acadêmico, refletir sobre o turismo, a sua importância e conhecer um pouco mais de sua história. É importante conhecer o passado, para que com ele possamos conhecer e saber onde queremos chegar, como cita a famosa frase de Confúcio: “Se queres prever o futuro, estuda o passado”. O turismo nasce de um conjunto de atividades, ou seja, de uma série de fatos e acontecimentos. Lembrando-se de que desde os tempos remotos as pessoas viajavam com as mais diversas motivações. Então, está na hora de aprofundarmos o Tópico 1, que trata do turismo e da história. Preparado para mergulhar neste mundo do conhecimento? Sabemos que é um conteúdo histórico e abrangente, mas lembre-se de que estaremos sempre aqui para auxiliá-lo neste mágico estudo! UNIDADE 1 | TURISMO E HOTELARIA: DOIS TERMOS CONVERGENTES 4 2 O TURISMO E A HISTÓRIA Sabemos que os grandes viajantes dos tempos antigos eram orientados pela natureza, como os ventos, o Sol, a Lua etc. Você já parou para analisar que eles realizavam compras e vendas, através das suas viagens e movimentavam o comércio nas mais distantes terras do mundo? O que isso tem de tão interessante neste estudo? O fenômeno turístico está relacionado com as viagens. Veja você mesmo ao saber dos seus antepassados, a sua cultura, ou até mesmo as atualidades desde que você nasceu, Isso faz com que você reflita sobre as suas atuais ações e comportamentos. Somos o reflexo do que realizamos ou com o que convivemos no passado. Que tal aprofundarmos nossos conhecimentos sobre a História do Turismo no mundo? Assim, em termos históricos, o turismo teve início quando o homem deixou de ser sedentário e passou a viajar, principalmente motivado pela necessidade de comércio com outros povos. É aceitável, portanto, admitir que o turismo de negócios antecedeu o de lazer (IGNARRA, 2013, p. 2). Viajar era sempre arriscado e perigoso, pois não se tinha conhecimento a respeito da terra, dos animais e das próprias pessoas, além de surpresas desagradáveis, pois os viajantes fantasiavam, ao mesmo tempo que tinham medo do inesperado (ANDRADE, 2002). Para fins didáticos, precisamos compreender que as viagens de motivações econômicas tinham foco na exploração, pois os povos buscavam conhecer novas terras para sua ocupação. Dessa maneira, o turismo de aventura data de milênios antes de Cristo. A motivação religiosa também foi responsável por viagens na Idade Média, por intermédio das Cruzadas. O turismo religioso, portanto, data de muitos séculos atrás. O turismo de saúde também não é um fenômeno recente (IGNARRA, 2013). Em se tratando de religião, Chon (2014, p. 31) afirma que: A religião também teve papel importante no desenvolvimento do turismo. À medida que o cristianismo, depois de 313 d.C., ia sendo aceito pelos romanos, peregrinos começaram a viajar a Jerusalém e Belém para ver o local de nascimento do cristianismo. As viagens a esses locais continuaram ao longo dos séculos, já́ que a área também é sagrada para judeus e muçulmanos. Os muçulmanos fazem peregrinações a Meca, na Arábia Saudita, local de nascimento do islamismo. No Império Romano, eram comuns as viagens para visita às terras. O turismo ligado à prática de esportes já́ era registrado na civilização helênica, com a realização dos jogos olímpicos. (IGNARRA, 2013). TÓPICO 1 | HISTÓRICO DO TURISMO 5 Barreto (2006) enfatiza que as viagens dos romanos são antecedentes remotos do turismo, mas que não podem ser comparados ao turismo de hoje, fundamentalmente em aspectos socioeconômicos. Do ponto de vista motivacional pode-se dizer que as pessoas estavam movidas pelos mesmos objetivos que hoje caracterizam o turismo de lazer, este será o conceito que veremos na Unidade 2. “O Império Romano construiu muitas estradas, o que foi determinante para que seus cidadãos viajassem entre os séculos II a.C. e o século II d.C., mais intensamente que na Europa do século XVIII inclusive” (BARRETO, 2006, p. 45). Chon (2014) afirma que quando os romanos construíram uma rede de 90 mil quilômetros de estradas primárias e 200 mil quilômetros de estradas secundárias, viajar ficou mais simples. As estradas eram duras e permitia o uso de carretas e carroças, o que tornava o andar e o cavalgar mais rápidos. Atingiam todas as áreas do Império Romano (do Mar do Norte ao Saara e da costa do Oceano Atlântico às margens do Rio Danúbio e à Mesopotâmia), que compreendia a maior parte do mundo habitado na época. FIGURA 1 – MAPA DO IMPÉRIO ROMANO Tebas AlexandriaTrípoli Cartago Jerusalém Antióquia TrebisondaBizâncio Atenas Tessâlonica Cirene Londinium Mar Mediterrâneo Mar NegroOceano Atlântico Mar Vermelho Mar Cáspia Roma FONTE: <https://www.historiadomundo.com.br/imagens/romana_mapa.jpg>. Acesso em: 17 dez. 2018. UNIDADE 1 | TURISMO E HOTELARIA: DOIS TERMOS CONVERGENTES 6 Em sua opinião, qual é a importância da história para o turismo? O turismo e a história se inter-relacionam? Justifique a sua resposta de acordo com as suas leituras até este ponto do nosso livro didático e com o seu conhecimento. Faça com as suas palavras um resumo do seu entendimento, e ao final deste tópico, reveja o que você escreveu. Assim, conseguirá realizar um comparativo de quanto você aprendeu até agora, com o conhecimento adquirido ao final da unidade! AUTOATIVIDADE Quando falamos das formas de deslocamento, podemos pensar que para buscar ainda melhores terras, foi necessário a utilização de transportes terrestres e marítimos, o que foi bastante comum nas regiões do Mar Mediterrâneo. O deslocamento físico esteve presente na transformação humana desde a pré- história (ASSUNÇÃO, 2012). Para uma melhor compreensão da história do turismo, é essencial definir o conceito de viagem, que significa apenas o deslocamento, e o conceito de turismo, que implica a existência dos recursos e infraestrutura (BARRETO, 2006). ATENCAO Já no governo de Alexandre, o Grande, na Ásia Menor, existiam grandes eventos que aproximavam visitantes de todas as partes do mundo. Na região do Éfeso, atual Turquia, eram registrados mais de 700 mil visitantes para apreciar exposições de mágicos, de acrobatas e de outros artistas. Podemos considerar como os primeiros registrosdo turismo de eventos, nos quais havia um grande número de prostitutas, o que nos leva a crer que o turismo sexual também já existia naquela época (IGNARRA, 2013). Depois dessa época, tivemos o início do turismo da Idade Média, que foi marcado por viagens de nível social mais elevado, nas quais os viajantes se hospedavam em castelos ou em casas particulares. Os demais utilizavam desde barracas até hospedarias. Na Idade Média, observou-se também o início de um hábito nas famílias nobres de enviarem seus filhos para estudar nos grandes centros culturais da Europa. Nasciam, assim, as viagens de intercâmbio cultural (IGNARRA, 2013). TÓPICO 1 | HISTÓRICO DO TURISMO 7 Já na Idade Média, aquele que perambulava pelas ruas causava medo, e a luta da população era fazer com que as pessoas mudassem seus costumes, e se fixassem em um local, o que geraria maior controle. A expansão do povo europeu teve como foco a relação comercial de troca, aonde as viagens de descobrimento iniciaram com as viagens de deslocamento para as américas. Gradualmente os deslocamentos da Europa para a América foram crescendo, até chegarmos ao Brasil (ASSUNÇÃO, 2012). O contexto sobre o Brasil será tratado no Tópico 3. Podemos citar que a necessidade de ampliação do comércio implicou a ampliação também das rotas dos comerciantes. Como víamos anteriormente, as viagens que inicialmente eram apenas terrestres passaram a incluir roteiros marítimos, primeiramente ligando a Europa à África pelo mar Mediterrâneo e depois pelos oceanos (IGNARRA, 2013). Resultando dessas ações, temos Marco Polo, conhecido por sua obra mais famosa, que se chama As Viagens de Marco Polo. O seu livro foi uma espécie de diário de suas aventuras. Na leitura complementar você encontrará mais detalhes sobre a história do livro. Dessa época datam as grandes viagens de Marco Polo (1271), um veneziano que chegou a visitar a China. A despeito da motivação exploratória comercial, as viagens de Marco Polo podem ser consideradas as primeiras viagens turísticas de longo percurso. Antes dele, Benjamin de Tudela, judeu residente em Zaragoza, em 1160, viajou pela Europa, Pérsia e Índia (IGNARRA, 2013, p. 5). DICAS Marco Polo virou série na Netflix! O roteirista californiano John Fusco sempre foi fascinado pelas histórias do Marco Polo e apresentou cenas de batalhas em cenários da Ásia. Caro acadêmico, para ampliar a sua visão sobre essa história, por mais fictícia que seja, sugerimos que assista a alguns capítulos desta interessante série. Tendo em vista a grande fama do Marco Polo, na matéria a seguir, conseguimos identificar as sete curiosidades sobre a vida e as viagens deste italiano: UNIDADE 1 | TURISMO E HOTELARIA: DOIS TERMOS CONVERGENTES 8 MARCO POLO: 7 CURIOSIDADES SOBRE A VIDA E AS VIAGENS DO ITALIANO O italiano foi o primeiro europeu a descrever detalhadamente suas experiências na China Marco Polo, embora não tenha sido o primeiro europeu a chegar a China, foi o que mais ficou famoso por suas viagens ao Oriente. Isso porque registrou suas aventuras no livro As Viagens de Marco Polo, que descreve as maravilhas do país e serviu como inspiração e ponto de partida para outros viajantes. Estima-se que o filho de um rico mercador de Veneza tenha nascido no dia 15 de setembro de 1254 (historiadores não chegaram a um consenso em relação à data exata) e tenha vivido até 1324. A seguir, conheça curiosidades sobre sua vida e suas aventuras: 1. Ele começou suas viagens bem jovem. Marco Polo tinha cerca de 17 anos quando começou sua jornada em direção à Ásia, na esperança de chegar ao império de Kublai Khan, líder mongol que fundou a Dinastia Yuan, que dominou a China por quase um século. 2. E foi durante elas que conheceu seu pai e seu tio. Um pouco antes no nascimento de Marco Polo, seu pai, Niccolo, e tio, Maffei, partiram em uma expedição para a Ásia, onde ficaram por mais de 15 anos. 3. Ele passou mais de duas décadas viajando. Marco Polo passou 24 anos viajando por cerca de 25 mil quilômetros, enfrentando muitas adversidades, como era de se esperar para as condições da época. O mais difícil, porém, teria sido receber permissão de Kublai Khan para voltar para a Itália – o líder acreditava que deixar os viajantes partir denotaria fraqueza. 4. Ele escreveu suas memórias na prisão. Três anos depois de voltar da viagem, Polo foi preso ao liderar uma gangue veneziana contra a cidade-rival Gênova (na época, a Itália ainda não era unificada). Na prisão, conheceu Rustichello de Pisa, famoso por ser escritor de romances. Polo então ditou sua história a Rustichello, que atuou como uma espécie de ghostwriter. Um ano depois, quando foram soltos, o livro estava pronto. TÓPICO 1 | HISTÓRICO DO TURISMO 9 5. Muitos historiadores duvidam da veracidade de seus relatos. As descrições elaboradas das maravilhas do Oriente fizeram muita gente duvidar das histórias de Marco Polo na época. Até hoje, historiadores se dividem entre os que acreditam que o grosso do livro seja de fato verdade, com alguns exageros, e os que duvidam até que ele tenha chegado à China. Fato é que ele certamente confundiu animais exóticos, como elefantes, macacos, crocodilos ou rinocerontes, com criaturas mágicas e mitológicas. Os últimos foram descritos por ele como sendo unicórnios. 6. Ele nunca mais saiu da Europa. Após voltar da Ásia, grupos tribais dominaram territórios importantes na Rota da Seda, que ligava a Europa à Ásia, impedindo a passagem por trechos importantes. Cada vez menos viajantes ousaram cruzar por ela, e Polo passou as últimas décadas de sua vida sem sair de Veneza. 7. Ele inspirou Cristóvão Colombo. O primeiro europeu a chegar à América foi inspirado por Marco Polo. Segundo historiadores, Cristóvão Colombo carregava uma cópia do livro do viajante veneziano e planejava seguir os passos de Polo, tentando contatar o sucessor de Kublai Khan. O que ele não sabia, porém, era que o império mongol havia sido destruído na época de sua viagem. MARASCIULO, Marília. Marco Polo: 7 curiosidades sobre a vida e as viagens do italiano. Revista Galileu. Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/ noticia/2018/09/7-curiosidades-sobre-vida-e-viagens-de-marco-polo.html>. Acesso em: 11 dez. 2018. 2.1 GRAND TOUR: UMA IMPORTANTE PARTE DA HISTÓRIA Durante o Renascimento, viagens educacionais e culturais também se tornaram populares. Estudantes britânicos faziam o chamado Grand Tour da Europa para estudar artes e ciências avançadas. Algumas cidades que estavam no roteiro eram: Paris, Roma, Veneza, Munique, Viena e, especialmente, Florença, o centro do Renascimento. A duração da viagem poderia ser de até três anos. Resorts e balneários foram desenvolvidos nas localidades do Grand Tour para atender aos viajantes (CHON, 2014). “Viajar! Eis aí uma boa receita, que passou a ser muito praticada. Viajar, não só para apoderar-se de bens materiais, mas também para observar os usos e costumes de outros povos” (CASTELLI, 2017). Um fenômeno social típico da cultura europeia do século XVIII, o Grand Tour se denominou como: as viagens aristocráticas realizadas pelo continente UNIDADE 1 | TURISMO E HOTELARIA: DOIS TERMOS CONVERGENTES 10 europeu. Que eram consideradas viagens por prazer, os quais constituem matrizes remotas dos fluxos de turismo de lazer e cultural do nosso tempo atual (SALGUEIRO, 2002). O Grand Tour, sob o importante título de “viagem de estudos”, assumia o valor de um diplomata que lhes conferia significativo status social, embora, a programação era baseada em passeios de excelente qualidade e repletos de atrativos prazerosos, que denominavam de “turísticos”, na qual teve essa nomenclatura adotada para expressar a realização de viagem através de países e regiões, e até mesmo como volta ao mundo! Os ingleses consideravam as pessoas cultas, somente se tivessem realizado o Grand Tour através da Europa (ANDRADE, 2002). O viajante era chamado de Grand Tourist, e comoSalgueiro (2002) afirma, o viajante era amante da cultura dos antigos e de seus monumentos, com um gosto exacerbado por ruínas que beirava a obsessão e uma inclinação inusitada para contemplar paisagens. Nas diversas bibliografias consultadas percebemos que o Grand Tour não pode ser considerado Turismo pelos conceitos atuais, mas mostrou-se muito importante para o delineamento do Turismo que é praticado hoje. Essas “viagens de estudos” promoveram também o início dos intercâmbios. 3 O INÍCIO DO TURISMO Quando a Idade Média chegou ao fim, o capitalismo comercial começou a aparecer. Foi uma época muito importante para o desenvolvimento de todo o globo terrestre e sua evolução. Este período foi marcado pela criação de extensas vias de movimento de comerciantes ao longo do território europeu, primórdios das autoestradas de hoje. No entroncamento dessas vias surgiram as grandes feiras de troca de mercadorias. Era o início das feiras que atualmente provocam grande fluxo de turismo no mundo todo (IGNARRA, 2013). O pesquisador suíço Arthur Haulot encontrou a origem da palavra turismo no hebraico, que na Bíblia aparece como Tur, com o significado de “viagem de reconhecimento” (BARRETO, 2006). O turismo movimenta bilhões de dólares no mundo todo e teve o seu início através de Thomas Cook, um pregador batista inglês, que observava um trem passar, e neste momento teve uma excelente ideia: organizar uma viagem! Esta viagem era para até 570 pessoas e tinha como linha de saída Lancaster e sua chegada era Loughborug. Seu objetivo era efetuar suas pregações (CÂNDIDO; VIEIRA, 2003). TÓPICO 1 | HISTÓRICO DO TURISMO 11 Esse início se deu em 1841 e teve como resultado a criação do “turismo planejado” em que se apresentava não somente o transporte, mas todo o planejamento do “passeio” que continha preço, passagem, traslados, refeições e hospedagem. Thomas Cook foi o pioneiro do agenciamento de viagens, organizando a primeira viagem comandada por uma pessoa, acumulando até 1851 o transporte de 165 mil pessoas. Repare nesta ação de Cook, ele pensou estrategicamente e acabou inovando, ou seja, trazendo à tona uma situação que ainda não existia no mundo. Como consequência, as pessoas que viajavam necessitavam de hospedagem. Cook mudou o seu escritório para Londres e começou a imaginar um sem-número de viagens originais. Logo estava organizando grandes excursões no circuito da Europa, com itinerários que incluíam a travessia de quatro países diferentes na Europa. Ele ajudou a popularizar a vocação turística da Suíça, organizando uma excursão pelo país em 1863 (WALKER, 2002). Foi assim, que Cook criou o Plano Cook de Alojamento e Transporte. Por consequência, em 1867, ele foi o precursor do voucher, utilizado nos dias de hoje, que oferecia diversos tipos de serviço, inclusive alojamento (CÂNDIDO; VIEIRA, 2003). Thomas é considerado o “pai do turismo”. A família de Cook tinha plena consciência da elasticidade da demanda por viagens. Reduzindo-se os custos, mais pessoas viajariam. Quanto maior o volume de pessoas viajado por um determinado meio de transporte, mais provável é a queda dos seus preços. Por exemplo, fretando trens e vapores inteiros, e reservando uma grande quantidade de quartos de uma só vez, Cook conseguia reduzir os custos das viagens consideravelmente (WALKER, 2002, p. 23). É interessante ressaltar que turista é aquele que viaja, mas que sempre retorna ao seu lar. ATENCAO Logo após as façanhas de Thomas Cook, as viagens marítimas desenvolveram-se bastante. Com o advento dos barcos a vapor na segunda metade do século XVIII, a navegação passou a ser mais segura, e as viagens intercontinentais se tornaram comercialmente viáveis. Essa situação fez com que um grande intercâmbio turístico iniciasse, principalmente entre a Europa e os demais continentes. Em 1867 foi organizada a viagem marítima da Cidade do Quaker, nos Estados Uni- dos, ao Mediterrâneo e à Terra Santa, com 60 passageiros, incluindo Mark Twain, que escreveu o passeio em uma de suas obras. Foi então que se realizou o primeiro cruzeiro marítimo organizado e anunciado para os turistas (IGNARRA, 2013). UNIDADE 1 | TURISMO E HOTELARIA: DOIS TERMOS CONVERGENTES 12 DICAS Mark Twain (1835-1910) foi um escritor norte-americano, autor dos livros "Aventuras de Tom Sayer" e "As Aventuras de Huckleberry Finn", entre outros. Foi considerado um dos autores mais importantes do oeste americano. Mark Twain (1835-1910) nasceu na pequena vila de Florida, no Estado de Missouri, nos Estados Unidos, no dia 30 de novembro de 1835. Registrado com o nome de Samuel Langhorne Clemens, mais tarde, ficou conhecido com o nome de Mark Twain. Em 1839, sua família mudou-se para a cidade portuária de Hannibal, às margens do rio Mississipi. Desde criança conheceu a tristeza. Levado a uma vila de pioneiros do oeste central, viu escravos açoitados e homens baleados, em plena rua. Estudou em uma escola particular, mas quando tinha 12 anos ficou órfão de pai e com 13 anos deixou a escola para se tornar aprendiz de tipógrafo. Em 1850, começou a trabalhar no jornal de seu irmão, Orion, como impressor e assistente editorial. Foi então que o jovem descobriu que gostava de escrever. Herdou do pai o espírito aventureiro. Dois anos depois, deixou sua cidade para trabalhar em uma tipografia na cidade de St. Louis. Em 1856 tornou-se piloto fluvial. Nessa época começou a escrever textos de humor e adotou o pseudônimo de "Mark Twain", expressão usada pelos barqueiros que significava “marca segura para se navegar”. FONTE: <https://www.ebiografia.com/mark_ twain/>. Acesso em: 18 dez. 2018. Como pode ser visto, os séculos XV e XVI foram marcados pelas grandes navegações; e o século XIX foi marcado pelas grandes mudanças e organização do turismo, quando se passou a pensar no bem-estar e conforto do turista, sem esquecer a rentabilidade das ações realizadas. Como resultado do crescimento do turismo, a atividade foi se estruturando. Em 1875, por exemplo, foi criado o Camping Club de Londres; em 1890, o Turing Club da Franca. Também em 1890, foi criada a primeira associação de hotéis, a Sociedade Suíça de Hoteleiros. Em 1909, criou- se a Associação de Albergues da Juventude. Em 1919, foi a vez de os agentes de viagem se organizarem, com a criação da Federação Internacional de Agências de Viagens (Fiav). A estruturação do setor privado do turismo foi acompanhada da estruturação do setor público. Em 1910, foi criado o primeiro órgão público oficial de turismo: o Office National du Tourisme, na França. Em 1947, criou-se a União Internacional de Organismos Oficiais de Turismo, entidade precursora da atual Organização Mundial do Turismo (OMT) (IGNARRA, 2013, p. 6). TÓPICO 1 | HISTÓRICO DO TURISMO 13 DICAS Há 100 anos, o professor alemão Richard Schirrmann teve uma ideia que transformou a maneira de viajar dos jovens do mundo todo, e o que era aventura escolar transformou-se na maior rede de albergues da atualidade. Passado um século daquela tarde chuvosa que mudou os planos do grupo de estudantes que viajava pelo Vale do Bröl, na Alemanha, os albergues da juventude – também chamados de hostels – são agrupados numa federação que reúne mais de 4 mil unidades, em cerca de 80 países. Os serviços e os preços oferecidos possibilitam que muitos estudantes se aventurem mundo afora, sem gastar muito para dormir. Com o passar dos anos, os dormitórios enormes têm fi cado cada vez mais raros: nos dias de hoje, é possível reservar quartos duplos e até individuais nos albergues. FONTE:<https : / /www.dw.com/pt-br /a lbergue-da- juventude-completa-100- anos/a-4599727>. Acesso em: 16 dez. 2018. DICAS Cabe neste momento, caro acadêmico, apresentar o site da Associação de Albergues da Juventude, que você pode encontrar pelo seguinte endereço eletrônicos: <https://www.hihostels.com/pt/destinations/br/hostels>. Você poderá conquistar descontos em hospedagens no mundo todo, individualmente ou viagens em família.Consulte o site! O símbolo da Associação é FONTE: <https://www.youtube.com/user/Hostelling>. Acesso em: 16 dez. 2018. 14 Neste tópico, você aprendeu que: • O turismo nasce de um conjunto de atividades, ou seja, de uma séria de fatos e acontecimentos. • Viajar era sempre arriscado e perigoso. • O Império Romano construiu muitas estradas, o que foi determinante para que seus cidadãos viajassem entre os séculos II a.C. e o século II d.C. • O conceito de viagem, que significa apenas o deslocamento, e o conceito de turismo, que implica a existência dos recursos e infraestrutura. • Marco Polo escreveu um livro, que foi uma espécie de diário de suas aventuras, conhecido por sua obra mais famosa, que se chama As Viagens de Marco Polo. • Os ingleses consideravam as pessoas cultas, somente se tivessem realizado o Grand Tour através da Europa. • A origem da palavra turismo no hebraico, que na Bíblia aparece como Tur, com o significado de “viagem de reconhecimento”. • O turismo teve o seu início através de Thomas Cook, um pregador batista inglês, que observava um trem passar, e neste momento teve uma excelente ideia: organizar uma viagem para até 570 pessoas. RESUMO DO TÓPICO 1 15 1 Por que viajar, no século XV era considerado arriscado e perigoso? 2 De acordo com a Organização Internacional do Turismo, houve uma expansão maior do que o esperado no turismo internacional na primeira metade do ano de 2013, que revela que o turismo passa a integrar o padrão de consumo de um número cada vez maior de pessoas, não só́ em economias desenvolvidas, mas especialmente em economias emergentes (MARTINEZ, 2013, p. 7). Diante deste contexto, como é chamado o “pai do turismo”? 3 Quando pensamos em deslocamento, podemos elencá-lo ao turismo e o seu desenvolvimento? Justifique a sua resposta. 4 O turismo passa também a ser encarado como aspecto primordial para o alcance do desenvolvimento social, econômico, político e cultural e levanta novas questões sobre desenvolvimento sustentável, liberdade de ir e vir, tolerância, respeito aos direitos dos turistas e, simultaneamente, às tradições, normas e práticas dos países anfitriões (MARTINEZ, 2013, p. 7). Considerando esse contexto, avalie as sentenças a seguir: I - Já na Idade Moderna, aquele que perambulava causava medo, e a luta da população era fazer com que as pessoas mudassem seus costumes, e se fixassem em um local, o que geraria um maior controle. II - O Grand Tour se denominou como: as viagens aristocráticas realizadas pelo continente europeu. III - Marco Polo, escreveu uma espécie de diário de suas aventuras, o qual chama-se As Viagens de Marco Polo. IV - Mark Twain criou o Plano Cook de Alojamento e Transporte. É correto o que se afirma em: a) ( ) II, apenas. b) ( ) III, apenas. c) ( ) I e II. d) ( ) II e III. AUTOATIVIDADE 16 17 TÓPICO 2 HISTÓRICO DA HOTELARIA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO As reflexões do Tópico 2 têm como objetivo apresentar o histórico da hotelaria no mundo e no Brasil, apresentado de forma breve e cronológica. Para um profissional da área de eventos, é primordial conhecer o ramo hoteleiro e as suas origens, salientando sempre a importância das pessoas, pois não há hospedagem sem o hóspede. Hóspede é a pessoa que usufrui do hotel e da sua infraestrutura. É importante compreender que a atuação da hospitalidade para o reparo das energias despedidas nas viagens era de suma importância, pois o hotel é uma extensão da residência do viajante, e mesmo em qualidade inferior, se torna a sua segunda casa, para que possa alcançar o objetivo da sua viagem (ANDRADE, 2002). Você sabia que o símbolo da hospitalidade é o abacaxi? Chon (2014) afirma que a sua origem precisa é desconhecida, mas muitos acreditam que a ideia de o utilizar foi emprestada dos primeiros povos a cultivar a fruta. Esses povos colocavam abacaxis do lado de fora de suas casas para demonstrar que os visitantes eram bem-vindos. Colonizadores europeus levaram a fruta para a Europa e para as colônias norte- americanas no século XVII. Como a exótica fruta era mais rara e mais cara que caviar, simbolizava o que havia de melhor em termos de Hospitalidade. Ela era usada para honrar a realeza e os hóspedes muito ricos (CHON, 2014, p.1). Perceba que a hotelaria está totalmente ligada às palavras descanso, pausa, residência, hospitalidade. Você também acredita nisso? Quando busca algum lugar para descanso a primeira coisa que vem à mente é buscar um local seguro e de repouso? Nós buscamos e acreditamos que você também. Buscamos conforto e também queremos segurança. São necessidades que o ser humano tem, principalmente quando está longe de casa. UNIDADE 1 | TURISMO E HOTELARIA: DOIS TERMOS CONVERGENTES 18 A hotelaria faz parte dos equipamentos turísticos representados pelo trade turístico, os quais são: agências de viagens, operadoras, meios de transportes, bares, restaurantes, museus etc., os quais devem ser sempre observados com bastante cautela, focando sempre em qualidade, prestação de serviços, comportamentos éticos objetivando o melhor para o cliente/hóspede. Que tal conhecermos um pouco mais sobre a hotelaria e a sua história? 2 A HISTÓRIA E AS HOSPEDAGENS O que os livros apresentam é que a história da hospedagem é bastante antiga, e muito usual. Hospedavam-se viajantes por negócios e principalmente para assistirem aos jogos olímpicos gregos. Andrade (2002, p. 165) afirma que “Determinar as origens da hospedaria ou da hotelaria é tarefa quase impossível: ela se perde no tempo, talvez ainda quando o homem “morava” sob copas de árvores ou em seus troncos corroídos, em cavernas ou lapas”. A palavra hospedagem deriva do latim hospitium, que significa hospitalidade (dada ou recebida). A hospitalidade também é originária do latim hospitalitas, que significa o ato de oferecer bom tratamento a quem se dá ou recebe hospedagem (CÂNDIDO; VIEIRA, 2003). ATENCAO Chon (2014) apresenta que os historiadores acreditam que as primeiras estruturas destinadas ao pernoite de pessoas: [...] foram erguidas no Oriente Médio, ao longo das rotas de comércio e das caravanas, há cerca de quatro mil anos. Essas estruturas, denominadas caravanserai, situavam-se em intervalos de 12 quilômetros de distância e funcionavam de modo muito semelhante aos atuais kahns do Oriente Médio, uma vez que forneciam abrigo (para homens e animais) e nada mais. Todas as provisões – comida, água, colchões – eram trazidas pelo viajante. Registros antigos desses estabelecimentos revelam condições físicas consideradas severas para os padrões atuais. Entretanto, o espírito de hospitalidade era forte, talvez mais especialmente no Oriente Médio. Um tradicional ditado do Oriente Médio ilustra bem a devoção à hospitalidade: “Eu nunca sou um escravo – exceto para o meu hóspede” (CHON, 2014, p. 4). As primeiras hospedagens devem ter ocorrido nos tempos de Olympia e Epidauro quando os povos da época tinham necessidade de viajar muito, porque todo o tipo de comércio era praticado através de deslocamentos. No sopé do Monte Cronos, em Olímpia, na Grécia antiga, foi erguida a primeira hospedaria, com a finalidade de hospedar os visitantes que vinham assistir aos jogos olímpicos gregos. TÓPICO 2 | HISTÓRICO DA HOTELARIA 19 3 HOSPEDAGENS NA IDADE MÉDIA A religião fez parte de uma grande parte da história de hospedagens na Idade Média, pois a oficialização do Cristianismo fez com que as viagens religiosas acontecessem. Andrade (2002) afirma que na civilização cristã, a hospitalidade passou a ser considerada obrigação decorrente da caridade, fraternidade e da justiça, em decorrência de que se acredita que Jesus Cristo tenha nascido em um estábulo, em viagem que seus pais faziam em cumprimento de obrigações civis. “As principais hospedarias e pousadas surgiram na Idade Média por uma necessidade advinda das viagens constantes das autoridades eclesiásticas que sentiam o desconforto de não terem aonde pernoitare alimentar-se” (CÂNDIDO; VIEIRA, 2003, p. 30). Com o surgimento dos mosteiros e conventos, os cristãos construíram mais cômodos e até mesmo alas de quartos que eram destinados aos forasteiros que passavam por perto das casas religiosas. Ou seja, nascia um convento e criava- se um recanto para atendimento de peregrinos, romeiros, penitentes e viajantes. Como o caminho das cruzadas também se tornaram estradas imperiais e rotas oficiais, os mosteiros e os conventos femininos e masculinos aumentaram. Eles se dedicavam à prática cristã, através do exercício da hospitalidade, assistência médica e hospitalar (ANDRADE, 2002). As igrejas não cobravam por essas acomodações, apesar de esperarem que os viajantes lhes fizessem uma contribuição. As viagens e o comércio aumentavam gradualmente na Europa, e os monastérios permaneceram como os principais estabelecimentos de hospedagem, tanto para os que viajavam a negócios quanto para os que viajavam por lazer (CHON, 2014). Novos períodos de guerra aconteceram na história, que receberam o nome de Guerras Santas, representadas pelas Cruzadas, que foram guerras mistas com cunho religioso e popular. Cândido e Vieira (2003) afirmam que as cruzadas foram o elemento de alavancagem do fluxo turístico, pois os soldados e peregrinos eram recebidos em muitos mosteiros, abadias, estalagens etc. Foi a partir da reconquista das cidades sagradas que uma ordem religiosa conhecida como São João de Jerusalém incentivou a criação de uma guarnição de cavalheiros para oferecer um abrigo seguro. Esses cavalheiros criaram os hospitais, que não eram do mesmo formato que os hospitais de hoje. Vale lembrar que eles eram formados por financiadores, que poderiam ajudar a custear o “pouso” de peregrinos velhos e enfermos. A figura hóspede pode ter sido originada da palavra hospital, cuja palavra tem raiz latina hospes, que significa hóspede. Já no fim da Idade Média, surgiram as hospedagens com fins lucrativos, e por consequência as associações e sociedades. Surgiu, assim, o hoteleiro que tinha como missão atender somente aos viajantes de classe rica. Quanto melhor o atendimento, maior crédito junto às autoridades da época o hoteleiro recebia. Ser hoteleiro era importante e representava poder. Por volta de 1420, a lei francesa exigiu o cadastramento oficial dos estabelecimentos destinados à hospedagem (CÂNDIDO; VIEIRA, 2003). UNIDADE 1 | TURISMO E HOTELARIA: DOIS TERMOS CONVERGENTES 20 4 A HOSPEDAGEM NA IDADE MODERNA Neste período houve a queda do Império Romano, que foi tomado pelos turcos. As viagens continuaram a ser realizadas, e surgiram os albergues, e juntamente com as hospedarias e pousadas iniciaram a oferta de alimentação para seus viajantes e hóspedes (CÂNDIDO; VIEIRA, 2003). Podemos perceber que a ampliação das ofertas turísticas foram despertas a partir das necessidades das pessoas, pois os viajantes/hóspedes necessitavam suprir as suas necessidades principais. A categoria da hospedagem voltada ao público de maior classe social conseguiu atingir ainda mais clientes, por oferecerem maiores comodidades, e deixando com que o seu hóspede se sentisse em casa, nascendo assim de fato o termo “hospitalidade”. De acordo com Castelli (2017), as principais vertentes da hospitalidade são o abrigo, a alimentação e o deslocamento. FIGURA 2 – PRINCIPAIS VERTENTES PARA A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE HOSPITALIDADE ATUAL Alimentação Deslocamento Abrigo FONTE: Adaptado de Castelli (2017) Na Idade Moderna também temos a Renascença (séculos XV a XVII) quando o homem se tornou o parâmetro do mundo, trazendo uma visão antropocêntrica e oportunizando os estudos nos campos das ciências humanas. Os ilustres pensadores da época tinham o desejo de viajar para ver, sentir e matar a curiosidade sobre a cultura e demais atrativos advindos de outros países. Montaigne e Shakespeare registraram em suas obras esse desejo. Com o advento da escrita, é possível encontrar relatos da maneira de como os viajantes eram acolhidos (CASTELLI, 2017). TÓPICO 2 | HISTÓRICO DA HOTELARIA 21 DICAS Que tal aprofundar seus estudos com um livro de Shakespeare? Sugerimos que você leia o livro Júlio César, obra que teve o ambiente de Roma como sede da história, pois contará a história do Grande Império Romano. Além de trazer um pouco de cultura, esta obra irá transportar você para um famoso destino turístico, que é a capital da Itália. FIGURA 3 – JÚLIO CÉSAR, LIVRO DE WILLIAM SHAKESPEARE FONTE: <https://www.amazon.com.br/J%C3%BAlio-C%C3%A9sar-William-Shakespeare/ dp/8582850654?tag=goog0ef-20&smid=A1ZZFT5FULY4LN&ascsubtag=go_7266 85122_54292137521_242594579893_pla-398339832603_c>. Acesso em: 17 dez. 2018 A essa altura, você deve se perguntar sobre as propriedades privadas. Na Inglaterra, elas prosperaram menos que nas propriedades de hospedagem religiosa. Em 1539, como parte de sua disputa com a Igreja Católica Romana, o rei inglês Henrique VIII declarou que todas as terras de propriedade da Igreja deveriam ser doadas ou vendidas. Essa situação fez com que houvesse o crescimento das hospedarias particulares, pois a Igreja teve de abrir mão de suas propriedades. As propriedades particulares se multiplicaram (CHON, 2014). Cândido e Vieira (2003) afirmam que foi na França que surgiu o primeiro tarifário e guia para a hospedagem, com a identificação dos preços em exposição nos cartazes e placas. A partir de 1650, a expansão marcante da hotelaria europeia se deu juntamente com a evolução dos meios de transporte. Essa expansão foi marcada na Europa e na América do Norte por sensíveis modificações, e até 1700, as principais foram: UNIDADE 1 | TURISMO E HOTELARIA: DOIS TERMOS CONVERGENTES 22 • Introduzidas placas indicativas para evidenciar uma boa comida (Europa). • Lei obrigou a todas as cidades oferecerem uma hospedaria (EUA). • As diligências inglesas inovam com a criação de horários preestabelecidos nas viagens. • Na América do Norte, a Maçonaria entra no mercado hoteleiro e são criados os primeiros SPAS. Por volta de 1792 foram desenvolvidas algumas regras de hospedagem. A seguir encontra-se um quadro explicativo sobre a evolução delas, pois baseando- se nisso, temos os códigos de conduta e ética atuais. QUADRO 1 – POR DENTRO DA INDÚSTRIA: LEI E ÉTICA As primeiras regulamentações da indústria da Hospitalidade As primeiras regulamentações conhecidas da indústria são encontradas no Código de Hamurabi. Durante o governo de Hamurabi no Antigo Império Babilônico, de 1792 a 1750 a.C., ele desenvolveu o que foi considerado um sábio e justo “código de leis”. O código obrigava as proprietárias de tavernas a denunciar qualquer hóspede que planejasse um crime. O código também proibia adicionar água às bebidas ou enganar quanto à dose servida. A punição para esses “crimes” era morte por afogamento. Na época do Império Romano, as normas tinham evoluído. Por exemplo, a mulher de um dono de hospedaria não podia ser punida por desobedecer às leis contra o adultério; os donos de hospedaria não podiam servir ao exército porque este era um serviço nobre; e os donos de hospedaria não podiam ter a guarda de crianças menores de idade. Algumas vezes, as regras eram instituídas pelos donos de tavernas. No século XVI, na Inglaterra, havia leis como: não era permitido mais de cinco pessoas na mesma cama; não era permitido deitar de botas na cama; não era permitido acolher nenhum amolador ou construtor de lâminas; era proibida a presença de cachorros na cozinha; tocadores de realejo tinham de dormir nos sanitários. Apesar de algumas normas parecerem absurdas, as primeiras regulamentações ajudaram no desenvolvimento da indústria e algumas delas permanecem até hoje. FONTE: Adaptado de Chon (2014) TÓPICO 2 | HISTÓRICO DA HOTELARIA 23 Percebemos ao longo do Tópico 2 que a hotelaria tem suas raízes em épocas muito remotas, e que são ligadas ao desenvolvimento social da humanidade. Assim como o turismo, a hotelaria é um fenômeno que aproximaas pessoas e provoca mudanças no comportamento dos envolvidos, dos padrões culturais e de toda a história. Conhecer essa importante faceta da história é estabelecer uma relação com o desenvolvimento da história. Eis que é chegado o momento de conhecer um pouco mais dos meios de hospedagem no mundo, deixando para trás a Idade Moderna e seguindo em direção da Idade Contemporânea. 5 IDADE CONTEMPORÂNEA Esse capítulo tem como intenção realizar um aparato geral dos acontecimentos históricos da hotelaria a partir da idade Moderna. Em se tratando de história, Cândido e Vieira (2003) afirmam que os próximos acontecimentos foram realizados na Idade Contemporânea, e que ela foi dividida em três partes: • Idade Contemporânea I – de 1798 até 1870 – tem como fator de destaque a unificação da Itália. • Idade Contemporânea II – de 1870 até 1945 – grande migração de italianos para o Mundo Novo e o final com o término da Segunda Guerra Mundial. • Idade Contemporânea III – de 1945 até 2000 – Fim da Segunda Guerra e Mundial e início de um novo século. Esse novo século é designado pelos dias atuais, quando marcantes avanços tecnológicos, nos meios de transporte e de comunicação se destacaram. As viagens com cunho de negócios e lazer trouxeram novas alternativas (CASTELLI, 2017). As viagens continuaram a se expandir, e com elas as pousadas e hospedagens, a Idade Contemporânea é marcada pelo desenvolvimento e expansão da hotelaria, quando os investimentos em prédios de dois e três andares começaram a se destacar, chamando atenção para uma hotelaria moderna. Na Europa, surgiu a indústria hoteleira, com características e filosofia de empresa destinada a explorar comercialmente os viajantes (CÂNDIDO; VIEIRA, 2003). Em se tratando de empresas hoteleiras, Weinrich (2013, p. 18) cita que “Não somente conceituar um hotel, ou saber atender a um cliente, as empresas hoteleiras necessitam saber a importância do meio ambiente para a empresa, pois está diretamente ligada ao seu crescimento econômico, social e ambiental”. Essa visão da hotelaria como empresa fez com que seu desenvolvimento acontecesse principalmente na Revolução Industrial, que a partir de 1970 teve como influência importantes nomes da época, tais como Saint-Simon, Auguste UNIDADE 1 | TURISMO E HOTELARIA: DOIS TERMOS CONVERGENTES 24 Comte, Karl Mark, Stuart Mill, os quais buscavam não só trocas econômicas, mas também sociais e culturais (CASTELLI, 2017). Nesta mesma época, a cidade de Nova Iorque recebeu os primeiros hotéis no centro da cidade, e um dos mais famosos é o City Hotel, que foi inaugurado em 1794, e tinha 73 apartamentos coletivos com o custo de US$ 2 por diária/ pessoa, com as três refeições do dia inclusas. Um ano depois, as colônias belgas, que se situavam na África e no México importaram dos EUA estruturas metálicas para implantação de hotéis pré-fabricados. Percebe-se, neste momento, uma época de desenvolvimento. No período de 1810 até 1820, novos hotéis e casas de hospedagem surgiram em diversos países, com novas técnicas de construção e tecnologia. Mas com a evolução dos trens, muitos hotéis acabaram fechando, por estarem localizados longe das estações, essa situação fez que Londres recebesse o primeiro hotel considerado de ferrovia, construído junto a uma movimentada estação de trem: Euston Station Hotel (CÂNDIDO; VIEIRA, 2003). A Idade Contemporânea, comumente denominada Época Contemporânea, numa linha do tempo, teve seu início no final do século XVIII, com a Revolução Francesa e segue até os dias atuais. Dentro desse contexto, é importante lembrar que ela foi dividida em três grandes momentos: I - Idade Contemporânea I. II - Idade Contemporânea II. III - Idade Contemporânea III. Enumere os grandes momentos contemporâneos com os seus conceitos: ( ) Caracterizada pelo fim da Segunda Guerra Mundial e início de um novo século. ( ) Caracterizada pela unificação da Itália. ( ) Caracterizada como o marco inicial pela grande migração de italianos para o Mundo Novo e o final com o Término da Segunda Guerra Mundial. Sobre os conceitos anteriores, assinale a sequência correta: a) I, II, III. b) III, I, II. c) I, III, II. d) II, III, I. AUTOATIVIDADE TÓPICO 2 | HISTÓRICO DA HOTELARIA 25 “As viagens de trem diminuíram a duração da jornada e melhoraram o conforto – uma viagem de 180 quilômetros que, de carruagem, demorava 11 horas, passou a levar apenas duas horas e meia de trem. Disso resultou que as viagens de longa distância tornaram-se mais fáceis [...]” (CHON, 2014, p. 88). A evolução dos transportes também contribuiu para a formação de um grande número de vilas e cidades, com uma razoável distância entre elas, aumentando também o número de viajantes e como consequência o número de empresas hoteleiras. E foi nessa mesma época que se tem informações da inauguração do hotel comercial mais antigo, que ainda existe. O chamado Wekalet Al – Ghury, no Cairo. A sua localização é bastante privilegiada, pois encontra-se a 500 metros da célebre mesquita Al-Azhar (ANDRADE, 2002). NOTA Wekalet Al – Ghury, que foi construído no Cairo, Egito, é atualmente um centro cultural, e se você digitar no Youtube esse nome, conseguirá verificar diversas apresentações que ocorreram dentro desse antigo prédio. Será possível visualizar a sua rica construção, com mármores coloridos. Vale a pena a pesquisa! Em alguns locais próximos da fronteira dos Estados Unidos, que buscavam desenvolver-se, foram construídos hotéis, tavernas e restaurantes antes mesmo da chegada das ferrovias, na expectativa de que isso atraísse novos comércios. Uma boa parte dos resorts norte-americanos – entre os quais muitos nas Castkill Mountains, em Nova York, e outros na Flórida – foi construída próxima às principais linhas de trem (CHON, 2014). Ainda sobre o desenvolvimento das estradas de ferro, podemos perceber que: Foi durante o desenvolvimento das estradas de ferro que os primeiros hotéis verdadeiramente grandes foram construídos na América do Norte. O Tremont House foi edificado em 1828, em Boston. Com ele, teve início uma nova era para o profissional de Hospitalidade: o hoteleiro, que era o dono, gerente ou quem cuidava do estabelecimento. O Tremont House foi planejado exclusivamente para receber e servir hóspedes. O hotel neoclássico de Isaiah Roger tinha 170 apartamentos, um saguão circular com cúpula, grandes salas de convenções, uma sala de jantar com 200 lugares em que se servia comida francesa e uma sala de leitura repleta de jornais de todo o mundo. Como o hotel tinha três pavimentos (os elevadores ainda não haviam sido inventados), a gerência do Tremont criou o cargo de mensageiro para ajudar a carregar as bagagens dos hóspedes escada acima (CHON, 2014, p. 89). Cândido e Vieira (2003) citam que entre 1890 e 1920 as principais evoluções hoteleiras no mundo, que exerceram influência ainda nos dias atuais, foram: UNIDADE 1 | TURISMO E HOTELARIA: DOIS TERMOS CONVERGENTES 26 • Fundação em Lausanne, na Suíça, da École Hotelière. • O Hotel Netherland, em Nova Iorque, sendo o primeiro hotel com telefone em todas as Unidades Habitacionais (UHs). • O primeiro Hotel Waldorf Astoria foi construído em Nova Iorque onde hoje está localizado o Empire State. • Já em 1908 foi construído o primeiro hotel direcionado para executivos, o chamado Buffalo Statler, com encanamento, banheiro privativo e fechadura na porta principal do apartamento, além de interruptor na porta principal do apartamento. • Foi construído em Nova Iorque, o Hotel Pennsylvania, considerado o maior do mundo, na época, com 2002 apartamentos. • Nasce a Statler Company, precursora das cadeias hoteleiras, criando fluxos operacionais e normas. Caro acadêmico, podemos perceber que com as inovações, as hospedagens sofreram mais uma grande mudança: a chegada dos transportes em massa, que foram os aviões. Foi uma épocaconsiderada o Boom! Você consegue imaginar o que aconteceu? Mais uma vez a hotelaria sofreu com essa mudança no estilo de viajar. Os hotéis que se encontravam próximos às estações ferroviárias não atraíam mais tantos clientes, e o foco se voltou às proximidades dos aeroportos. “Além disso, o serviço das linhas aéreas diminuiu tanto o tempo e o desconforto das viagens internacionais que a globalização dos negócios tornou-se regra desde então” (CHON, 2014, p. 89). Em 1970 tivemos o lançamento do Boing 747 com a maior capacidade de transporte, acelerando o desenvolvimento. Juntamente com esse evento, tivemos em Orlando, nos Estados Unidos, a inauguração do Walt Disney World. Essa inauguração foi um marco para a hotelaria, que precisou atender à demanda de turista em massa. DICAS A Disney World é um complexo de parques espalhados pelo mundo com a finalidade de encantar as pessoas com seus brinquedos e sonhos. Os parques são “desenhados” como um complexo turístico, todos eles possuem hotéis Disney, lojas de roupas e suvenirs Disney e meios de transporte da Disney trazendo conforto e um lucro conjunto aos empreendimentos dos Parques. No início era apenas um parque, mas com o passar do tempo foram criados os parques temáticos e aquáticos com a finalidade de dar diversas opções de lazer em um único lugar. FONTE: <http://www.revistaturismo.com.br/passeios/disney.htm>. Acesso em: 19 dez. 2018. Para mais informações e pesquisas sobre a Disney, sugerimos o site: <https://disneyworld. disney.go.com/pt-br/>. TÓPICO 2 | HISTÓRICO DA HOTELARIA 27 E para finalizar este tema, precisamos comentar sobre a expansão da economia. Quando a economia se amplia, o mesmo ocorre com a oferta e a demanda. As condições econômicas favoráveis do início do século XX anunciaram a era dourada dos hotéis, período no qual muitos grandes estabelecimentos hoteleiros foram construídos nos Estados Unidos. Mas não podemos deixar de relatar a Grande Depressão. Foi uma época em que bancos faliram, a taxa de desemprego subiu e o número de viagens caiu. Muitos dos hotéis que sobreviveram à Depressão são agora extremamente conhecidos (Statler, Ritz-Carlton e Hilton). Um outro súbito crescimento econômico aconteceu nos anos 1980. Os incentivos fiscais para investidores, as expectativas de uma alta demanda e a economia em crescimento auxiliaram o vasto aumento hoteleiro. No final dos anos 1980 e início dos anos 1990, entretanto, os empreendimentos futuros foram restringidos, e a indústria ficou seriamente prejudicada pela oferta excessiva, recessão econômica e eliminação dos incentivos fiscais (CHON, 2014). Aí foi chegado o momento em que a hotelaria procurou, mais uma vez, se profissionalizar e buscar alternativas para sobreviver. Entra em cena os incrementos e o marketing. Um dos incrementos foram as convenções e os eventos. 28 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • A hospitalidade significa o ato de receber bom tratamento a quem se dá ou recebe hospedagem. • A palavra hospedagem significa hospitalidade. • Hospitalidade e hospedagem derivam do latim. • As primeiras estruturas destinadas ao pernoite de pessoas foram erguidas no Oriente Médio, ao longo das rotas de comércio e das caravanas, há cerca de quatro mil anos. • A religião fez parte de uma grande parte da história de hospedagens na Idade Média, pois a oficialização do Cristianismo fez com que as viagens religiosas acontecessem. • A figura hóspede pode ter sido originada da palavra hospital, cuja palavra tem raiz latina hospes, que significa hóspede. • No fim da Idade Média surgiram as hospedagens com fins lucrativos. • O hoteleiro que tinha como missão atender somente aos viajantes de classe rica. • As principais vertentes da hospitalidade são o abrigo, a alimentação e o deslocamento. • Na Idade Moderna temos a Renascença (séculos XV a XVII) quando o homem se tornou o parâmetro do mundo, trazendo uma visão antropocêntrica e oportunizando os estudos nos campos das ciências humanas. • Foi na França que surgiu o primeiro tarifário e guia para a hospedagem, com a identificação dos preços em exposição nos cartazes e placas. • A Idade Contemporânea foi dividida em três partes: o Idade Contemporânea I – de 1798 até 1870 – tem como fator de destaque a unificação da Itália. o Idade Contemporânea II – de 1870 até 1945 – grande migração de italianos para o Mundo Novo e o final com o término da Segunda Guerra Mundial. o Idade Contemporânea III – de 1945 até 2000 – Fim da Segunda Guerra e Mundial e início de um novo século. 29 • A evolução dos transportes também contribuiu para a formação de um grande número de vilas e cidades, com uma razoável distância entre elas, aumentando também o número de viajantes e como consequência o número de empresas hoteleiras. • As condições econômicas favoráveis do início do século XX anunciaram a era dourada dos hotéis. 30 Leia o texto a seguir: KEMMONS WILSON Fundador da Holiday Inn Em 1952, ele pegou emprestado US$ 300.000 e a ideia de sua mãe para um logotipo e abriu a primeira unidade de uma cadeia de hotéis familiares cujo nome foi inspirado em um filme de Bing Crosby e Fred Astaire. Suas acomodações foram planejadas para as famílias: preços acessíveis, acomodação gratuita para crianças e uma piscina em cada hotel. Ele criou a maior empresa de hospedagem do mundo, e certa vez declarou que 96% de todos os viajantes americanos já́ haviam sido hóspedes da cadeia pelo menos uma vez. Ele prometeu a seus clientes “nenhuma surpresa” – e manteve essa promessa por quase quatro décadas. Ele é Kemmons Wilson: fundador, construtor e homem de marketing da Holiday Inn. Nascido em Osceola, Arkansas, em janeiro de 1915, Wilson mudou- se para Memphis, Tennessee, com sua mãe, Ruby, após o falecimento de seu pai, no outono daquele ano. Começou a trabalhar aos 14 anos, primeiro como entregador de uma farmácia e depois, aos 17, como dono de um carrinho de pipocas em um teatro local. De forma eventual, Wilson investiu em uma série de empreendimentos, entre os quais máquinas de fliperama, corridas de avião e construção civil. Também administrou uma revendedora de órgãos e pianos e serviu o exército durante certo período. Durante férias familiares pelo interior, no início da década de 1950, Wilson teve, subitamente, a ideia de um novo tipo de hotel. Sua família não admitia hospedar-se em acomodações à beira da estrada, de modo que existiam apenas duas opções: hotéis luxuosos e caros, onde era cobrada a hospedagem de cada criança, ou motéis sujos onde amantes “se entregavam à veneração de Vênus”. Pouco tempo depois, Wilson fez um empréstimo no banco e construiu seu primeiro Holiday Inn em sua cidade natal, Memphis (apesar de nascido em Arkansas, Wilson foi criado em Memphis e se refere a ela como sua cidade natal). O que tornava os Holiday Inns diferentes? Cada quarto era maior que a média, com duas camas de casal. O hotel tinha um restaurante – algo que a maioria dos motor-hotéis daquele período não tinha. A hospedagem de crianças menores de 12 anos era gratuita. Em cada quarto havia televisão (gratuita), telefone e uma Bíblia. Talvez o mais importante era que cada AUTOATIVIDADE 31 estabelecimento era erguido sob a promessa de Wilson (e slogan da Holiday Inn): “A melhor surpresa é não haver surpresas”. Wilson continuou a construir seu império e, à medida que o sistema rodoviário interestadual se desenvolvia, seus Holiday Inns ajudavam a criar um fenômeno da Hospitalidade. No verão de 1989, a Bass PLC, um conglomerado britânico considerado a principal cervejaria do Reino Unido e o maior operador hoteleiro do mundo, comprou a Holiday Corporation. Kemmons Wilson, o pioneiro da hotelaria, que construiu um dos maiores impérios comerciais do século XX, partiu para outro negócio: uma cadeia de motor-hotéis denominada Wilson Inns. Essa cadeia oferece unidades habitacionais maiores que a média e acomodações luxuosas (com forno demicro-ondas e pia) por preço acessível. Não existem bares, restaurantes ou piscinas nos Wilson Inns. Eles competem com cadeias mais baratas, como Hampton Inns, Red Roof Inns, La Quintas e Motel 6. Wilson trabalha em seu novo empreendimento com o mesmo zelo por alto padrão de atendimento, controle de qualidade e serviço ao consumidor que tornaram a Holiday Inn uma das marcas mais conhecidas no mundo. FONTE: CHON, Kye-Sung. Hospitalidade: conceitos e aplicações. 2. São Paulo: Cengage Learning, 2014 1 recurso on-line ISBN 9788522116195. Agora responda: 1 Analisando os conteúdos deste tópico, você acredita que as mudanças nos transportes definiram o tipo de hotel que Kemmons Wilson abriu em 1952? 2 Apresente as duas opções de hospedagem que Kemmons Wilson foi o precursor. 3 De qual período o Holiday Inns fez parte? a) ( ) Idade Média. b) ( ) Idade Moderna. c) ( ) Idade Contemporânea. 32 33 TÓPICO 3 EVOLUÇÃO DA HOTELARIA E DO TURISMO NO BRASIL UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Quando o turista decide viajar, sair da sua rotina, acaba por conhecer locais e culturas diferentes daquela em que vive. Você, acadêmico do Curso Superior de Tecnologia em Eventos, também busca conhecer novas culturas e aprender com sensações e costumes diversos? Se você respondeu que sim, será fácil compreender ainda mais o nosso Tópico 3, pois ele trata da evolução da hotelaria e do turismo no Brasil. Caso tenha respondido não, caro acadêmico, podemos resolver esta situação. Várias são as evidências de que o mercado de turismo no Brasil vem sustentando sua tendência de crescimento nos últimos anos: a expansão dos desembarques domésticos, das taxas de ocupação de hotéis, dos gastos de turistas estrangeiros no país, do faturamento e dos postos de trabalho em agências de turismo, em operadoras e nos meios de hospedagem; o incremento das vendas de pacotes turísticos em agências de viagem, dos aluguéis de veículos para turismo e mesmo o aumento dos financiamentos ao setor (MELLO; GOLDENSTEIN, 2011, p. 25). NOTA Vamos complementar o assunto com um pouco de curiosidade? Um vídeo elaborado pelo Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) está disponível na internet. Ele apresenta as realidades brasileiras, ou seja, aquilo que o Brasil tem de mais bonito. Que tal você assistir ao vídeo no link: <https://www.youtube.com/watch?time_ continue=4&v=9w2oPxqYhbE>. 34 UNIDADE 1 | TURISMO E HOTELARIA: DOIS TERMOS CONVERGENTES “No contexto internacional, o Brasil disputa mercado com as demais regiões e os demais países que oferecem, cada qual, suas distintas atrações turísticas” (MELLO; GOLDENSTEIN, 2011, p. 7). Depois de estudarmos dois tópicos específicos sobre a história do Turismo e da Hotelaria, você consegue, caro acadêmico, imaginar quais as características que fizeram com que o nosso país adquirisse componentes comerciais, para que fosse tratado como um destino turístico? Posso lhe adiantar que com toda a nossa singularidade, a qual compete citar a nossa cultura, os nossos descendentes, o desenvolvimento e a nossa miscigenação foram destaques para a nossa evolução. Vamos então ler e descobrir juntos as peculiaridades do nosso país? 2 O CONTEXTO BRASILEIRO Assunção (2012) apresentou em seu livro o contexto em que a colônia portuguesa avançou o novo território em busca de riquezas e índios, ocupando assim a América. Esse movimento fez com que eles conquistassem o nosso território brasileiro. Ou seja, a história do turismo no Brasil começa com o próprio descobrimento. De acordo com Ignarra (2013, p. 7), As primeiras expedições marítimas que chegaram com Américo Vespúcio, Gaspar Lemos, Fernando de Noronha e outros não deixavam de fazer turismo de aventura. Nota-se que essas viagens exploratórias não se restringiam aos portugueses. Documentos históricos mostram que navegadores espanhóis, franceses, holandeses e ingleses exploraram as costas brasileiras. O século XVIII foi marcado pela exploração do ouro, na Região de Minas Gerais, estimulando grandes deslocamentos dentro do território brasileiro. Circulação de homens, produtos e ideias fizeram com que o governo português enviasse cientistas para o Brasil, que nada mais significava a chegada de viajantes, dispostos a coletar dados e informações para serem levadas à Europa, resultando estudos sobre o nosso país, e por consequência, motivando mais homens a saírem de suas pátrias e viajar (ASSUNÇÃO, 2012). Essa movimentação deu início ao turismo receptivo. Em se tratando de turismo e hotelaria, Cândido e Vieira (2003, p. 37) consideram que: A Indústria Turística e a Indústria Hoteleira na realidade não poderiam ser consideradas Indústrias propriamente ditas, mas é evidente que a evolução de outros ramos industriais fez com que esse binômio: Hotelaria e Turismo, que não pode crescer separadamente, tivesse grande incentivo para a sua realidade atual. (grifos do autor) TÓPICO 3 | EVOLUÇÃO DA HOTELARIA E DO TURISMO NO BRASIL 35 Müller et al. (2011) destacam fatos e acontecimentos significativos da década de 1970, contextualizando principalmente o que se refere aos investimentos em infraestrutura básica e em serviços turísticos, especialmente a hotelaria. Esse período também foi favorável ao surgimento dos primeiros cursos superiores de turismo e dos primeiros congressos científicos da área; e o incentivo do governo para o desenvolvimento da atividade, configurando uma década de grandes avanços, tanto privados como públicos, para a atividade turística brasileira. Ainda nesta mesma época, o turismo aparecia como uma atividade econômica importante para o desenvolvimento do país, dando foco para o turismo receptivo. Para atrair turistas estrangeiros, a EMBRATUR (Empresa Brasileira de Turismo), criada pelo Decreto-Lei nº 55, de 18 de novembro de 1966, investiu na divulgação positiva da imagem do Brasil no exterior, exaltando a cidade do Rio de Janeiro, o carnaval e a mulher. DICAS A EMBRATUR foi criada como o significado da sigla Empresa Brasileira de Turismo, e atualmente ela mantém a mesma sigla, mas é chamada de Instituto Brasileiro de Turismo. FIGURA 4 – LOGO EMBRATUR FONTE: <https://pbs.twimg.com/profile_images/940168662215831552/e8ToLPO- _400x400.jpg>. Acesso em: 28 fev. 2019. Desde 2003, a EMBRATUR é responsável apenas pela promoção, marketing e apoio à comercialização dos destinos, serviços e produtos turísticos brasileiros no mercado internacional. Todos os assuntos antes atribuídos a ela relativos ao cadastramento de empresas, à classificação de empreendimentos dedicados às atividades turísticas e ao exercício da função fiscalizadora, foram transferidos para o Ministério do Turismo. FONTE: <http://www.embratur.gov.br/>. Acesso em: 21 dez. 2018. O turismo é considerado um segmento de serviços, ou também inserido no setor terciário, que no Brasil vem expondo uma participação crescente face ao PIB do país. Em 1980, o setor de serviços era responsável por 48,8% do PIB 36 UNIDADE 1 | TURISMO E HOTELARIA: DOIS TERMOS CONVERGENTES brasileiro, já em 1995 alcançou 55,7%, caracterizando uma melhora expressiva face ao desempenho declinante observado para o setor industrial (SAAB, 1999). “O setor de serviços é o setor com maior participação na economia. No 3º trimestre de 2018, o setor de serviços (que inclui o comércio) representou 73,1% do valor adicionado do PIB brasileiro” (DATA SEBRAE, 2019). 3 O TURISMO NO BRASIL Castelli (2017) afirma que a miscigenação entre brancos, índios e negros, no início da nossa colonização, e muitas outras nações, que se juntaram a nós, auxiliaram o nosso desenvolvimento, apresentando a nossa singularidade. O que de fato, nos faz ser um país multicultural. Apesar de toda destruição feita no decorrer dos séculos, continua sendo a beleza natural o principal produto turístico do Brasil. Basta analisar as estatísticas do turismo nacional e internacional (Embratur e OMT) para verificar que uma das maiores motivações dos turistas em relação a determinadasescolhas de localidades é ver belas paisagens naturais. Paisagens essas descritas por Vespúcio, ao chegar à costa brasileira, que certamente arrancaram dele um merecido uhau! (CASTELLI, 2005). Américo Vespúcio foi um navegador, cartógrafo, escritor e comerciante florentino. Participou três vezes de expedições marítimas. Devido às suas descrições sobre a nova terra, o continente americano foi batizado em sua homenagem. É testemunha do descobrimento do Rio de Janeiro, pois em 1º de janeiro, na frota comandada por Gaspar de Lemos, se encontra uma baía e os portugueses a classificam como a foz de um grande rio e a batizam de Rio de Janeiro. FONTE: <https://www.todamateria.com.br/americo-vespucio/>. Acesso em: 20 dez. 2018. ATENCAO Um importante fato histórico do turismo aconteceu no Rio de Janeiro. Em 22 de julho de 1907, chegou ao Rio o navio Byron, trazendo um grupo de turistas na primeira viagem à América do Sul, promovida pela filial de Nova York, da agência de Thomas Cook, pioneira no turismo internacional. Você está lembrado da história de Thomas Cook? Não? Volte para o Tópico 1, Unidade 1. Lá você irá relembrar um pouquinho mais da história desse grande empreendedor (CASTRO; GUIMARÃES; MAGALHÃES, 2013). TÓPICO 3 | EVOLUÇÃO DA HOTELARIA E DO TURISMO NO BRASIL 37 No ano seguinte, em 3 de dezembro de 1908, mais um tour de Thomas Cook partiu do porto inglês de Liverpool. O navio Orcoma, foi organizado pela matriz inglesa. O Brasil era a parada inicial de uma viagem de quatro meses de duração pelo continente da América do Sul. No folheto de divulgação, o país era apresentado como “um campo inteiramente novo e intacto para prazer e viagem” (CASTRO; GUIMARÃES; MAGALHÃES, 2013). O desenvolvimento do turismo também aconteceu através de rodovias, isso na década de 1920. Apesar dessas várias iniciativas que marcaram os primórdios do turismo no Brasil, a atividade demorou para se estabilizar economicamente. Data de 1943 a concepção da primeira agência de turismo no país, a Agência Geral de Turismo, em São Paulo (IGNARRA, 2013). “Do ponto de vista da gestão pública, a preocupação com o turismo também demorou para se manifestar. Em 1934 foi criada a Comissão Permanente de Exposições e Feiras, e, em 1939, a Divisão de Turismo, ligada ao Departamento de Imprensa e Propaganda do Governo Federal” (IGNARRA, 2013, p. 10). O turismo de aventura no Brasil teve início com o Ciclo do Ouro, entretanto, o “turismo receptivo” brasileiro era bastante precário. Um marco importante em nossa história está relacionado com a famosa expedição de Von Humboldt, naturalista alemão que fez uma longa viagem por grande parte do território brasileiro examinando a flora. Tratava-se da primeira grande viagem de ecoturismo empreendida em nosso país (IGNARRA, 2013). A partir da década de 1950, observou-se um aumento das viagens de negócios, de modo especial no Rio de Janeiro e em São Paulo, tendo como motivador o transporte aéreo, a instalação da indústria automobilística no país e pela construção de rodovias, facilitando a comunicação entre estados (CASTELLI, 2005). Müller et al. (2011, p. 695) afirmam que: O turismo começou, efetivamente, com os primeiros sinais de uma ação mais ampla e sistemática, durante a década de 1950. A intervenção estatal se fez sentir tanto na criação de órgãos e instituições normativas e executivas, quanto na produção do espaço. Em 1953, as prefeituras de Belo Horizonte, Recife e Salvador criaram seus órgãos municipais de turismo. “Na segunda metade do século XIX, principalmente pela ação do visconde de Mauá́, desenvolvem-se os transportes movidos a vapor. Em 1852, é fundada a Companhia de Navegação do Amazonas e, em 1858, inaugurado o primeiro trecho ferroviário no Rio de Janeiro” (IGNARRA, 2013, p. 8). 38 UNIDADE 1 | TURISMO E HOTELARIA: DOIS TERMOS CONVERGENTES DICAS Quem foi Mauá? O Barão de Mauá – Irineu Evangelista de Souza –, foi um brilhante industrial, banqueiro, político e diplomata, nasceu no Brasil, em uma cidade chamada Arroio Grande, pertencente ao município de Jaguarão, Rio Grande do Sul. Muito cedo perdeu o pai e, ao lado de um tio que era capitão da marinha mercante, mudou-se para o Rio de Janeiro. Com 11 anos de idade já trabalhava na função de balconista em uma loja de tecidos; graças à sua esperteza foi progredindo aceleradamente. No ano de 1830 empregou-se em uma firma de importação de propriedade de Ricardo Carruther, com quem aprendeu inglês, contabilidade e a arte de comercializar. Com 23 anos subiu de posição, tornou-se gerente e pouco tempo depois sócio da companhia. Após realizar uma viagem à Inglaterra, em 1840, concluiu que o Brasil precisava de capital para investir na industrialização. Você sabia que existe um filme brasileiro contando a história desse importante personagem? Procure pelo nome de “O Barão de Mauá”. Temos certeza de que você irá perceber muitas coisas interessantes nesse filme, inclusive que Mauá foi um grande empreendedor brasileiro. Vale a pena assistir! FONTE: <https://www.infoescola.com/historia/barao-de-maua/>. Acesso em: 21 dez. 2018. A partir da década de 1970, o turismo passa a ser visto como uma atividade econômica séria e profissional, não mais com amadorismo. Foi nesse momento que se despertou um acordar em relação ao turismo. No entanto, na década seguinte, devido à crise do petróleo e as diversas crises econômicas sofridas pelo país, a atividade estagnou-se, gerando certo desapontamento (MÜLLER et al., 2011). Em se tratando dos anos 1980, Carvalho (2014, p. 122) afirma que: Na década de 1980, as transformações decorrentes da crise econômica impulsionaram uma ampla reestruturação das estruturas políticas e administrativas nacionais, que, por sua vez, causaram amplas modificações na política de turismo. Houve um declínio do posicionamento desse setor entre os interesses governamentais, ao ponto de poder ser alegado que nesse momento existiu um processo de desinstitucionalização do turismo. O turismo interno cresceu expressivamente na década de 1980, apresentando uma significativa evolução na participação do PIB turístico, decorrente, do próprio aumento da oferta hoteleira nacional. Nesse período são criados novos polos de turismo, além do já existente na cidade do Rio de Janeiro, tais como: a cidade de São Paulo (especificamente para negócios e convenções), TÓPICO 3 | EVOLUÇÃO DA HOTELARIA E DO TURISMO NO BRASIL 39 a região da serra gaúcha (Gramado e Canelas), a cidade de Blumenau e as áreas praianas de Santa Catarina e do Nordeste, cabendo destacar, nesta região, aquelas localizadas na Bahia, no Rio Grande do Norte, em Pernambuco e no Ceará (SAAB, 1999). Ignarra (2013) também cita alguns outros fatores históricos muito importantes, tais como a inauguração do trem que conduz ao Corcovado, em 1885. Este trem é ainda o mesmo que existe no local até hoje – trata-se do primeiro atrativo turístico a receber infraestrutura. Em 1927, a empresa aérea Lufthansa institui no Brasil a Condor Syndicat, que mais tarde daria origem à Varig. Essa empresa dá impulso para o turismo interno e também o externo. As viagens de marechal Rondon desbravando o Oeste brasileiro, na primeira metade do século XIX, podem ser consideradas o embrião do turismo de aventuras. Com o intuito de implantar linhas de telégrafos nos sertões do Centro-Oeste brasileiro, Rondon explorou imensas áreas que eram ainda desconhecidas pelos brasileiros. Carvalho (2014, p. 122) afirma que: Quando se inicia um período de estabilidade econômica e política no panorama nacional, ocorre a reinstitucionalização do turismo na agenda pública. O nível federal aproximou-se, gradualmente, do nível estadual no planejamento e distribuição das ações estratégicas para o desenvolvimento turístico. Ainda assim, predomina o poder político sobre as prioridades que emergem na agenda pública. Enquanto isso outras necessidades, como de profissionalização e aprimoramento da gestão pública doturismo, são temas menos expressivos. Importante salientar que na década de 1990, o contexto brasileiro ganhou uma nova configuração no que diz respeito à economia do país, aumentando a renda dos cidadãos e gerando uma maior propensão às viagens. Diversas informações estatísticas advindas da Embratur e de outras entidades do gênero de dados indicam um acentuado incremento das viagens internacionais e domésticas nesse período (CASTELLI, 2005). O turismo brasileiro após a década de 1990 conquistou muitos avanços e apresenta-se nos últimos anos como um importante fenômeno cultural, social, político e econômico. Suas conquistas permeiam os seguintes tópicos: preservação ambiental, culturas regionais, formação profissional, modernização e ampliação da infraestrutura turística. Muito se deve à evolução dos profissionais, que estudam e se aperfeiçoam para o melhor atendimento do turista (MATIAS, 2002). Ainda sobre a década de 1990, Castelli (2005, p. 136) corrobora dizendo que: [...] O Brasil, além de ter melhorado a sua imagem no exterior, de ter proporcionado a abertura da economia e de ter realizado bons investimentos em infraestrutura, criou também novas fontes de financiamento para projetos hoteleiros por meio do Banco de Desenvolvimento Econômico Social (BNDS) e do Fundo de Investimentos do Nordeste (Finor). Também os fundos institucionais ou fundos de pensão, como a Previdência Privada dos Funcionários 40 UNIDADE 1 | TURISMO E HOTELARIA: DOIS TERMOS CONVERGENTES da Caixa Econômica Federal (Funcef), ingressaram nessa área, incrementando grandes complexos turísticos, destacando-se, entre eles, o Complexo Turístico Sauípe, no litoral da Bahia, pertencente à Previ. Analisando os anos de 1991 e 1992, Saab (1999) cita que a evolução positiva do PIB turístico brasileiro sofreu uma descontinuidade durante esses anos, anos estes caracterizados por um crescimento negativo do turismo interno doméstico e internacional, como uma consequência natural da própria estagnação econômica e financeira. Mas a partir de 1994, com o começo do Plano Real, o segmento turístico voltou a exibir indicadores de crescimento, notadamente quanto à participação relativa do PIB turístico. Um programa foi criado em 1991, chamado Prodetur. Saab (1999, p. 304) alega que ele foi: [...] concebido pelos governos federal e estaduais, é destinado ao desenvolvimento integrado do setor de turismo e objetiva, como ação estratégica principal, financiar a implantação da infraestrutura turística naquelas localidades consideradas indutoras de investimentos privados. Desse modo, procurou-se identificar os principais óbices e pontos de estrangulamento ao investimento privado no segmento de turismo, os quais foram tomados como alvo primário da ação desenvolvimentista a ser perseguida pelo Prodetur, como, por exemplo: • criação de canais institucionais estaduais e municipais de fomento ao turismo; • ampliação da infraestrutura turística básica; • preservação do meio ambiente nas áreas turísticas; • melhoria das vias de acesso ao turista; • modernização e ampliação dos aeroportos de São Luís (Maranhão), Fortaleza (Ceará), Natal (Rio Grande do Norte), Aracaju (Sergipe) e Porto Seguro (Bahia); e • recuperação e preservação dos locais turísticos. DICAS Os Programas Regionais de Desenvolvimento do Turismo (PRODETUR) buscam organizar as intervenções públicas para o desenvolvimento da atividade turística, através de prévios processos de planejamento das regiões turísticas. O PRODETUR Nacional tem o objetivo de fortalecer a Política Nacional de Turismo e consolidar a gestão turística de modo democrático e sustentável, alinhando os investimentos regionais, estaduais e municipais a um modelo de desenvolvimento turístico nacional, buscando, com isso, a geração de emprego e renda, em especial para a população local. Quem pode participar? Estados e Distrito Federal; Capitais e Municípios com mais de 1 milhão de habitantes. FONTE: <http://www.turismo.gov.br/programas/5066-prodetur.html>. Acesso em: 3 jan. 2019. TÓPICO 3 | EVOLUÇÃO DA HOTELARIA E DO TURISMO NO BRASIL 41 Lembramos você, acadêmico, que o turista de hoje é um viajante bem mais envolvido, em relação à proteção dos patrimônios natural, cultural e histórico dos destinos turísticos, e, também, bem mais exigente em relação à qualidade dos serviços oferecidos. Para dar apoio a essas novas exigências dos viajantes e visando à construção de uma hospitalidade turística em cidades brasileiras, algumas iniciativas são viabilizadas, citando-se como exemplo as políticas e os programas específicos criados pelo governo federal, como a Política Nacional de Turismo (PNT), o Programa Nacional de Municipalização do Turismo (PNMT), os Programas de Ação para o Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) (CASTELLI, 2017). “Apesar da ainda baixa classificação turística do Brasil, o estudo da OMT revela que o país apresentou um dos maiores crescimentos na atração de turistas estrangeiros em 1998, exibindo um crescimento de 10%, superado apenas pela Malásia (10,4%) e pela Tunísia (10,3%)” (SAAB,1999, p. 290). Rabahy (2003) explica que de 1980 a 2001 o turismo receptivo/internacional tinha duas formas de serem calculadas no Brasil: através da Embratur e pelo Banco Central. Os resultados da Embratur baseiam-se em pesquisas diretas feitas com os visitantes estrangeiros, que declaram, entre outras informações, os seus gastos diários, a permanência média, origem, meio de hospedagem e assim por diante. O número de visitantes por sua vez, é estimado por um outro sistema de controle, para o qual se dispõe, inclusive, das fichas de controle de fronteira da Polícia Federal. Cabe salientar que Carvalho (2014, p. 124) apresenta que a [...] concretização de um desenvolvimento planejado, até mesmo menos ambicioso, talvez possa alcançar melhores resultados na capacitação e no fortalecimento da indústria do turismo, colocando o “destino turístico Brasil” definitivamente no mercado internacional de viagens e turismo. Para tanto, acredita-se que a inserção de gestores públicos e privados capacitados e comprometidos com a sustentabilidade da indústria do turismo, ou seja, de um desenvolvimento econômico, social e ambiental que beneficie realmente os destinos turísticos, deva ser um dos sustentáculos da política de turismo. O grande fluxo de turistas estrangeiros fez com que o país começasse a desenvolver ainda mais o seu produto, ou como Carvalho (2014) cita o “destino Turístico Brasil”. Essa movimentação fez com que o Brasil começasse a se perceber como um potencial até mesmo para os moradores do Brasil. O fluxo turístico interno também cresceu. “No Brasil, o setor de turismo vem atraindo, de forma crescente, a atenção dos governantes e demais autoridades responsáveis pelo planejamento de políticas públicas, haja vista tratar-se de um setor com grande vocação para a geração de empregos diretos e indiretos [...]” (SAAB,1999, p. 307). 42 UNIDADE 1 | TURISMO E HOTELARIA: DOIS TERMOS CONVERGENTES 4 A HOTELARIA BRASILEIRA Sabemos que a hotelaria é uma indústria de bens e serviços, e que ela tem as suas próprias características. Assim, podemos concluir que no Brasil ela também teria as suas características peculiares. O Brasil do século XVIII, país jovem e ainda sem tradições ou regionalismos, copiou dos europeus e americanos toda sua estrutura e ideias, inclusive importando materiais para as primeiras construções de luxo (CAMPOS, 1999). Logo após o descobrimento do Brasil, a necessidade de hospedar pessoas teve seu início com as instalações das Capitanias Hereditárias. As hospedarias e pensões da época passaram a ser exploradas por portugueses que vinham ao nosso país instalar os seus negócios. Esses empreendimentos eram pequenos, geralmente instalados em edifícios de três ou quatro andares. As pensões da época, localizavam-se imediatamente abaixo da residência dos proprietários, que no térreo ainda possuíam mercados ou empóriode secos e molhados (CÂNDIDO; VIEIRA, 2003). No início do século XIX, a Corte Portuguesa transfere-se para o Brasil e com isso há um grande desenvolvimento urbano, notadamente no Rio de Janeiro. Cresce a demanda por hospedagem na cidade em razão da visita de diplomatas e de comerciantes, iniciando-se, assim, a hotelaria brasileira. Nesse período, Petrópolis revela-se a primeira estância climática brasileira, local escolhido pela realeza para fugir do calor do Rio de Janeiro (IGNARRA, 2013, p. 8). NOTA Um empório de secos e molhados era um estabelecimento comercial que vendia produtos, como o próprio nome diz: secos e molhados. Possuíam tudo para prover um lar, desde o pão fresco até um penico. Características principais: trazia-se o saco de pano de casa, para transportar alimentos, normalmente tinha um balcão, produtos vendidos a granel, os sacos eram de papel e havia uma grande caixa registradora. “Em São Paulo, no final do século XIX, os fazendeiros do café construíram meios de hospedagem para atender preliminarmente os homens de negócios” (CATELLI, 2005, p. 133). Foram, talvez, os colégios e os mosteiros, construídos pelos religiosos que acompanhavam as expedições portuguesas, que originaram as primeiras hospedarias, com o objetivo de servir conforto e abrigo aos ilustres viajantes. Isso não quer dizer que os estabelecimentos não recebessem pessoas por dever de TÓPICO 3 | EVOLUÇÃO DA HOTELARIA E DO TURISMO NO BRASIL 43 caridade. Podemos exemplificar o Colégio de Jesus, em Salvador, e o Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro. Mas devemos citar também a casa-grande, completada pela senzala, que foi um marco na história do Brasil, representando o sistema econômico, social e político (CASTELLI, 2005). O maior marco da hotelaria do Rio de Janeiro e do Brasil, foi inaugurado em 1923 e chamado de Copa Cabana Palace Hotel. Este hotel já hospedou muitas personalidades internacionais (CÂNDIDO; VIEIRA, 2003). NOTA Desde que abriu suas portas em 1923, este histórico hotel entretém ricos e famosos. Sempre movimentado, este é o local para se juntar à elite brasileira saboreando uma caipirinha. Além disso, o hotel é o melhor lugar para prestigiar grandes destaques do Rio de Janeiro: o animado Carnaval e a queima de fogos do Ano Novo. Uma obra-prima em estilo Art Déco, o Belmond Copacabana Palace é uma joia valiosa na praia mais emblemática do mundo. Contém 239 acomodações. FONTE:<https://www.belmond.com/pt-br/hotels/south-america/brazil/rio-de-janeiro/ belmond-copacabana-palace/>. Acesso em: 20 dez. 2018. “No ano de 1935, a construção do Grande Hotel São Pedro, em Águas de São Pedro, foi um dos primeiros hotéis com conceito de resort voltado para a elite paulista, oferecendo balneário com fontes hidrominerais, restaurantes, cassino, parque de diversões etc.” (IGNARRA, 2013, p. 9). Cândido e Vieira (2003) afirmam que houve uma época em que a hotelaria brasileira apresentou um desenvolvimento maior do que o normal: quando os jogos de cassinos viveram o apogeu, e muitos hotéis eram construídos apenas para serem sede de cassinos, tais como os localizados nas estâncias hidrominerais em Petrópolis. Mas em 1946 os cassinos foram proibidos, e os problemas iniciaram: fechamento e paralisação da construção de hotéis. Mas rapidamente, no Rio de Janeiro os turistas jogadores foram substituídos pelos turistas de sol e mar. Outras cidades, com menos belezas naturais, tiveram sérios problemas. “O Brasil do século XVIII, país jovem e ainda sem tradições ou regionalismos, copiou dos europeus e americanos toda sua estrutura e ideias, inclusive importando materiais para as primeiras construções de luxo” (CAMPOS, 1999, p. 2). Com base nesse fragmento escreva qual foi o marco da hotelaria brasileira. Justifique sua resposta. AUTOATIVIDADE 44 UNIDADE 1 | TURISMO E HOTELARIA: DOIS TERMOS CONVERGENTES “O setor hoteleiro já iniciara sua estruturação, com a criação da Associação Brasileira de Hotéis (ABIH), em 1936. Em 1948, o turismo social inicia-se com a inauguração da primeira colônia de férias do Serviço Social do Comércio (SESC), em Bertioga, litoral do Estado de São Paulo” (IGNARRA, 2013, p.10). DICAS A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – ABIH é uma das entidades de classe mais antigas do turismo nacional. Desde seu surgimento, em 1936, sempre foi destaque nas atuações do SETOR. Foi fundada no dia 9 de novembro de 1936, por ocasião da realização do 1º CONOTEL – Congresso Nacional da Hotéis. A ABIH consolidou-se no decorrer dos anos como uma confiável fonte de dados e informações setoriais, mantendo escritório como ABIH Regional em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal. FONTE: <http://abih.com.br/wp-content/uploads/2016/01/logoabih3.png>. Acesso em: 28 fev. 2019. Com sede em Brasília – DF, representa o SETOR junto aos principais Órgãos Públicos, dentre outros o Ministério do Turismo, EMBRATUR, Comissões de Turismo da Câmara dos Deputados, SEBRAE Nacional, bem como do Conselho Nacional de Turismo – CNT. As Diretorias Executivas e Técnicas bem como o Conselho Deliberativo tem a missão de fortalecer as relações institucionais com os poderes públicos, tanto na esfera do Executivo quanto na do Judiciário e do Legislativo, garantindo a defesa dos interesses do setor, como também tem investido na valorização da atividade econômica dos hoteleiros, promovendo a aproximação e a ampliação das oportunidades de negócios para todos seus associados. Com mais de 3.200 meios de hospedagens associados em todo o Brasil, é uma entidade empresarial associativista sem fins lucrativos. Representa o SETOR que oferecem em todo o país, mais de 1.350.000 empregos diretos e 675.000 empregos indiretos. FONTE: <http://abih.com.br/>. Acesso em: 23 dez. 2018. Algumas cadeias hoteleiras brasileiras também começaram a aparecer, em diversas localidades. Podemos citar algumas delas: Grupo Othon, Transamérica, Tropical, Blue Tree, Plaza, Deville, Eldorado, Plaza Inn, Bourbon, Vila Rica e Luxor Hotéis (CASTELLI, 2005). TÓPICO 3 | EVOLUÇÃO DA HOTELARIA E DO TURISMO NO BRASIL 45 A partir do final da década de 1960, início da década de 1970 houve um progresso acentuado. A expansão da hotelaria, na década de 1970, foi estimulada pelo crescimento do número de viagens, possibilitado pelo desenvolvimento da infraestrutura dos transportes aéreo e rodoviário. Também contribuíram para o desenvolvimento de novos empreendimentos o elevado nível de atividade econômica no período e os incentivos para os investimentos no setor de turismo oferecidos pela Embratur, a partir da segunda metade da década de 1960, assim como os financiamentos do BNDES e os incentivos fiscais (Fiset, Fungetur, Finam e Finor). Nesse período, cabe destacar a expansão das redes hoteleiras locais, assim como a entrada no país das grandes cadeias internacionais, motivadas pelo crescimento econômico e o aumento dos investimentos de empresas estrangeiras no Brasil (GORINI; MENDES, 2005, p. 117). Redes internacionais entraram no país, e a primeira cadeia internacional a operar no Brasil foi a Hilton International Corporation, que passou a administrar, em 1971, um hotel com 400 apartamentos na Avenida Ipiranga (Hilton São Paulo). Outras redes também surgiram no país, podemos citar em 1974, as redes Holiday Inn (Campinas), Sheraton (Rio de Janeiro) e Intercontinental (Rio de Janeiro). Já em 1975, foram inaugurados o Le Méridien (Rio de Janeiro) e o Club Med (Itaparica) e, em 1977, o Novotel (Morumbi) – todos ligados a tradicionais redes internacionais (GORINI; MENDES, 2005). Já em 1972 foi criada a lei de incentivos fiscais para o turismo, e muitos bons hotéis foram construídos no País. Em 1978, foi criada a primeira Escola Superior de Hotelaria da Universidade de Caxias do Sul, iniciando um processo de formação de mão de obra qualificada. Precisamos destacar a década de 1990, em que o turismo brasileiro sofreu com a violência e falta de segurança no Rio de Janeiro,afetando toda a imagem até então construída. Mesmo com inúmeras estratégias de recuperação da imagem, os turistas que procuram o Brasil buscam um turismo mais tranquilo, sem stress, como é o caso do Ecoturismo na Amazônia, ou ainda outro segmento de turismo que é o de eventos (CÂNDIDO; VIEIRA, 2003). “No fim da década de 1970, a Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR) fez a primeira classificação oficial da hotelaria, estabelecendo os padrões mínimos relativos a equipamentos, instalações e serviços para cada tipo e categoria de estabelecimento” (CASTELLI, 2005, p. 135). Todos os acontecimentos do mundo afetam as empresas de hospedagem, e elas devem ficar atentas ao que acontece ao redor. Por exemplo, empresas de administração e cadeias hoteleiras estão agora espalhadas pelo mundo; as condições econômicas em Cingapura afetam a filial de uma organização nesse local (CHON, 2014). 46 UNIDADE 1 | TURISMO E HOTELARIA: DOIS TERMOS CONVERGENTES Nesta mesma situação, percebemos quão importante é conhecer e saber quem são os nossos cliente/hóspedes. As vezes refletir sobre algumas características deles, tais como quem são, idade, de onde vêm, faz com que as estratégias do hotel sejam melhor direcionadas. Veja a seguir algumas dicas de como potencializar o fluxo de hospedes: Pacotes de hotel para ampliar os negócios Dicas de como potencializar o fluxo de hóspedes no seu estabelecimento G. Lab para Makro Um empreendedor hoteleiro precisa pensar além do seu estabelecimento. Os pacotes de turismo, por exemplo, são um ótimo recurso para aumentar a ocupação na baixa temporada e potencializar os lucros nos tradicionais meses de férias. O que atrai o interesse de viajantes nos pacotes é o fato de combinarem os custos das diárias com atividades de interesse na sua região. Além da conveniência, o valor agregado é uma ferramenta de marketing importante para que o seu hotel tenha um diferencial diante da concorrência. Para ajudar na implementação desse recurso, que oferece também a vantagem de retenção de reservas, pois normalmente os clientes que compram pacotes não cancelam suas viagens, formulamos abaixo algumas dicas que facilitarão o trabalho: Considere sua marca Se o seu hotel se encaixa na categoria de luxo, não anuncie isso como uma oferta de desconto, mas sim como uma experiência de valor agregado. Seus hóspedes não estão preocupados em economizar dinheiro, mas exigem mais por isso. No entanto, se o seu estabelecimento se enquadra na categoria econômica, promova ofertas que os viajantes poderão desfrutar como resultado do preço do pacote. Identifique o público alvo É importante entender quem é o seu cliente padrão para pensar nos pacotes ofertados. Se você tem um hotel familiar, considere parcerias com parques temáticos e museus. Se o negócio for popular entre os casais, invista em ofertas com jantares românticos e passeios a vinícolas. Fique atento aos eventos Toda região turística tem um calendário rico que pode ser aproveitado nos pacotes. Para tanto, é preciso ficar atento aos eventos e exposições que TÓPICO 3 | EVOLUÇÃO DA HOTELARIA E DO TURISMO NO BRASIL 47 acontecem no entorno do hotel. Você pode incluir, por exemplo, uma visita guiada às festas típicas locais ou ingressos com desconto para um show concorrido. Acerte descontos com os parceiros Apesar do principal benefício do pacote ser a praticidade de se pagar as férias de uma vez, é sempre bom tentar negociar um desconto com os parceiros. Isso porque um viajante atento vai pesquisar o valor do pacote reservado no hotel com o custo cobrado direto pela empresa de turismo. Às vezes, o fato de aumentar o fluxo de clientes pode gerar um desconto interessante. Comece aos poucos Tente dois ou três pacotes para começar e monitore como eles são recebidos. Cada parceiro deve estar comprometido com um teste de pelo menos seis meses. E nunca ofereça mais de cinco pacotes diferentes, para evitar diluir o esforço. Assim que eles forem oficialmente lançados, certifique- se de que todos os parceiros os divulguem em seus sites e canais de mídia social, incluindo Facebook, Twitter e Instagram. FONTE: <https://revistapegn.globo.com/Publicidade/Papo-de-Dono/noticia/2018/12/ dicas-de-como-potencializar-o-fluxo-de-hospedes-no-seu-estabelecimento.html>. Acesso em: 21 dez. 2018. “Em virtude disso, a hotelaria nacional cresce a cada dia mais e gera emprego para muitas pessoas. Os hotéis estão sendo construídos cada vez mais com a finalidade de conforto, comodidade e satisfação para o hóspede” (CÂNDIDO; VIEIRA, 2003, p. 39). Na década de 1980, o Brasil viveu um contexto quase oposto ao anterior. Alguns analistas chegam a caracterizá-lo como a década perdida, marcada pela instabilidade econômica e pelo crescimento acelerado da inflação. Além disso, a economia internacional não era nada favorável, aumentando assim mais as dificuldades para a implementação de novos negócios. Mesmo assim, alguns novos hotéis ainda entusiasmados com a euforia da década de 1970, se fizeram presentes, como o Maksoud Plaza (SP), o Transamérica (SP), o Rio Palace (RJ), o Internacional Foz (PR), entre outros (CASTELLI, 2005, p. 135). Castelli (2005) ainda afirma que esse contexto nada favorável da década de 1980 apresentou dois fatores positivos: • A origem dos chamados hotéis econômicos e dos flats. Esses últimos, implementados principalmente pelas operadoras Accor e Transamérica, viraram mania nacional. 48 UNIDADE 1 | TURISMO E HOTELARIA: DOIS TERMOS CONVERGENTES • A redução do preço das passagens aéreas devido à concorrência entre companhias, advindo da desregulamentação das atividades aéreas dos Estados Unidos. Na década de 1990 tivemos o fim do processo inflacionário e o início de um novo ciclo de crescimento econômico, iniciou-se uma etapa de expansão da demanda hoteleira no Brasil. A renda da população subiu e os investimentos de empresas nacionais e estrangeiras no país, notadamente em infraestrutura, impactou o avanço do número de viagens domésticas, assim como o aumento da abertura de turistas estrangeiros no país. Neste mesmo tempo, foi marcado pelo início de um processo de reorganização e diversificação do setor. Desenvolveram- se assim novos empreendimentos hoteleiros, a criação de polos turísticos (o complexo Costa do Sauípe, a Bahia, é o mais emblemático), a entrada de novas operadoras hoteleiras, o ampliação da profissionalização da administração dos hotéis, e os investimentos em modernização e reposicionamento de mercado dos empreendimentos já estabelecidos (GORINI, MENDES, 2005). Essa euforia atraiu a atenção das grandes operadoras internacionais de hotéis, que iniciaram uma verdadeira ocupação do território nacional, com a implantação de dezenas de unidades não só nas capitais, como também em importantes cidades do interior dos estados, exigindo dos hotéis independentes e das redes nacionais a adoção de novas estratégias para melhorar a competitividade (CASTELLI, 2005, p. 136). É importante citar que um dos traços mais marcantes da evolução do turismo brasileiro é o grande crescimento do número de hotéis classificados como resorts que oferecem opções de lazer, estão situados fora dos centros urbanos, em locais que tenham alguma forma de atrativo natural, e são autocontidos, isto é, proporcionam aos hóspedes serviços diversificados, de modo a estimulá-los a permanecer no hotel grande parte do tempo (GORINI, MENDES, 2005). RESORT pode ser definido como um meio de hospedagem incluído no tipo Hotel de Lazer que tem como obrigações principais estar localizado em área de preservação ou equilíbrio ambiental, tenha sua construção sido precedida por estudos de impacto ambiental e pelo planejamento da ocupação do uso do solo, visando à conservação ambiental, tenha área total ou não edificada, bem como infraestrutura de entretenimento e lazer, significativamente superiores às dos empreendimentos similares, tenha condição de classificação nas categorias luxoe superluxo. (CÂNDIDO; VIEIRA, 2003, p. 52). ATENCAO TÓPICO 3 | EVOLUÇÃO DA HOTELARIA E DO TURISMO NO BRASIL 49 Percebemos em diversos estudos que a elevação da taxa de ocupação nos períodos de baixa temporada é um objetivo perseguido pela hotelaria em todo o mundo. Muitas empresas turísticas buscam alternativas de negócios por meio de congressos, seminários e feiras, uma estratégia comumente empregada. Destinos com forte mercado de turismo de negócios, como é o caso do Rio de Janeiro, conseguem desse modo suavizar os efeitos da sazonalidade. A organização de eventos com capacidade de atração de público de outras localidades, como festivais de música, de gastronomia, festas populares etc., constitui também alternativa para essa finalidade (MELLO; GOLDENSTEIN, 2011). “Vale ainda destacar a presença marcante do Brasil no cenário internacional de eventos. No ano de 2009, ocupou a sétima posição no ranking da Internacional Congress and Convention Association (ICCA)” (MELLO; GOLDENSTEIN, 2011, p. 20). Em 2017, o Brasil perdeu posições, desta vez com a 16ª posição no ranking, dentro do mesmo ranking ICCA (INTERNATIONAL CONGRESS AND CONVENTION ASSOCIATION, 2019). A importância dos eventos no Brasil será destaque em uma próxima unidade, no qual poderemos aprofundar o tema e buscar compreender ainda mais essa contextualização. Continue seus estudos e não se esqueça de que o Nead sempre estará a sua disposição para eventuais dúvidas e consultas de materiais. 50 UNIDADE 1 | TURISMO E HOTELARIA: DOIS TERMOS CONVERGENTES LEITURA COMPLEMENTAR Para complementar os seus estudos, separamos para você um artigo intitulado AS ETAPAS EVOLUTIVAS DO TURISMO: UM ESTUDO SOBRE O RIO DE JANEIRO (SÉCULOS XVIII-XX), do autor Marcello de Barros Tomé Machado. O artigo apresenta a evolução das viagens na cidade do Rio de Janeiro. Nota-se que apresentamos apenas um fragmento do artigo para a sua apreciação. Desejamos uma ótima leitura! AS ETAPAS EVOLUTIVAS DO TURISMO: UM ESTUDO SOBRE O RIO DE JANEIRO – SÉCULOS XVIII-XX Marcello de Barros Tomé Machado [...] 3 AS ETAPAS QUE ANTECEDERAM O TURISMO NO RIO DE JANEIRO 3.1 Renascimento A etapa evolutiva do turismo, definida como Renascimento (OMT, 2003), apresentava como principais características a busca pelo conhecimento como um dos principais motivadores das viagens. Em geral eram realizadas por jovens da sociedade ou por pessoas desejosas por obter novos conhecimentos e experiências. No entanto, as características fundamentais desta etapa não foram constatadas no Rio de Janeiro, no período englobado pela etapa evolutiva do Renascimento. Durante os séculos XVI, XVII e XVIII o fluxo de pessoas que chegava ao Rio de Janeiro proveniente do continente europeu, decorrentes dos processos institucionalizados ou não pela metrópole portuguesa visando a ocupar, explorar e defender sua colônia, era em sua maioria de imigrantes. Estes, em parte, vinham em caráter definitivo, fixando residência, exercendo alguma atividade e constituindo família. Mas um grande número se deslocava para o Brasil e para o Rio de Janeiro, pensando em acumular o máximo de riqueza possível e retornar para Europa. Durante os três séculos do período colonial os deslocamentos internos em direção ao Rio de Janeiro eram poucos e expostos ao risco. O modelo de ocupação implantado no processo de colonização não propiciou ligações e acessos entre as várias áreas ocupadas e os pontos estratégicos de colonização, como o Rio de Janeiro, tornado os deslocamentos perigosos e desconfortáveis e praticamente sem infraestrutura de apoio ao viajante. Um fator que poderia propiciar deslocamentos internos seria a visita a familiares. No entanto, naquele momento, os grupos familiares quase não se dispersavam pelo território, portanto, não gerando viagens motivadas por este tipo TÓPICO 3 | EVOLUÇÃO DA HOTELARIA E DO TURISMO NO BRASIL 51 de visita. Somente os grupos familiares compostos por escravos apresentavam-se dispersos territorialmente, mas por razoes obvias, não podiam viajar. As viagens motivadas por razões religiosas, comuns na Europa e Ásia, também eram muito reduzidas no Brasil, pois não havia ainda a cultura dos santuários e locais de peregrinação, com exceção das congregações de ordem religiosa, normalmente localizadas em áreas isoladas. Vale destacar que muitas possuíam em seus prédios alas destinadas a hospedagem de peregrinos. Profissionais e pessoas ligadas ao governo, além dos proprietários rurais ligados a exportação formavam uma elite limitada, mas que apresentavam fortes ligações comerciais com a metrópole portuguesa, adotando seus valores culturais. Isso fez com que essa pequena parcela da população, com recursos disponíveis, viajasse para Europa, não havendo registro no território brasileiro de viagens cujas finalidades seriam semelhantes as viagens turísticas. Grande parcela da população era composta por nativos, escravos e migrantes que, com raras exceções, não possuíam recursos que lhes possibilitasse gastar além do necessário para sua sobrevivência. A abertura dos portos para as chamadas nações amigas ocorreu somente no início do século XIX, mais precisamente em 1808. Tal fato dificultava imensamente a possibilidade de deslocamentos que pudéssemos enquadrar como turismo antes da abertura e durante a etapa do Renascimento no Rio de Janeiro. No entanto, ainda no século XVIII, tivemos a inserção de objetos no espaço urbano carioca que tornaram-se turísticos pela sua forma e pela sua função. Quando o Rio de Janeiro passou a ser a capital da colônia no lugar de Salvador, houve a preocupação em desenhar um espaço urbano mais significativo e belo para a cidade, como foi o caso da construção da Praça do Carmo e o exuberante Chafariz do Mestre Valentim, localizado na Praça XV. Merece papel de destaque neste processo inicial de estetização urbana e modernização o vice-rei do Brasil, Dom Luís Vasconcelos, nomeado em 1778. Chegou ao Rio de Janeiro em marco de 1779, tomando posse no dia cinco de abril do mesmo ano e permanecendo no cargo por onze anos. Durante seu governo, foi responsável por importantes obras de melhoramento e embelezamento da cidade, como o aterramento do Campo da Lampadosa1, a reedificação da Casa da Alfândega, o início dos trabalhos de aterramento do Campo de São Domingos2, além das importantes obras para o desenvolvimento do abastecimento de água do Rio de Janeiro (BURY, 1991). No entanto, o feito de Dom Luís Vasconcelos que mais merece destaque é a construção do Passeio Público da cidade. Na segunda metade do século XVIII, uma forte epidemia de gripe assolou a cidade, atingindo parcela significativa da população carioca. Esta epidemia ficou conhecida como zamparina3 e a cada dia ia se expandindo de forma avassaladora 52 UNIDADE 1 | TURISMO E HOTELARIA: DOIS TERMOS CONVERGENTES pela cidade. Muitos atribuíam a expansão da epidemia como um dos malefícios provenientes da lagoa do Boqueirão da Ajuda (Figura 1), localizada nos arredores da Lapa. Este lugar era desestimado a povoação da cidade interrompia-se naquele ponto, onde apenas se viam três ou quatro humildes casinhas (MACEDO, 1991, p. 62). Esta lagoa e descrita por cronistas da época como algo parecido com um pântano pestilento. É verdade que o Boqueirão da Ajuda oferecia uma vista magnifica, mas a lagoa que ali se encontrava era repugnante [...] Mostrava-se de feio aspecto, as vezes exalava um cheiro desagradável e, na opinião de muitos, passava por ser um foco de peste (MACEDO, 1991, p. 63). A lagoa era utilizada para o despejo dos dejetos da população, pois na época não havia serviço de esgotos. Mesmo assim, muitos usavam as aguas sujas e fétidas da lagoa para lavagem de roupas e até para banho, como é possível visualizar na conhecida tela de Leandro Joaquim, este considerado um dos maiores nomes da Escola de Pintura Colonial Fluminense e que era o pintor preferido de Dom Luís de Vasconcelos. O então vice-rei, Dom Luís deVasconcelos resolveu aterrar a lagoa do Boqueirão da Ajuda, pondo fim as especulações sobre ser está um foco de pestes e com isso também desobstruir a ligação da cidade com a zona sul do Rio de Janeiro, já que a lagoa impedia a ligação da cidade com o caminho do Engenho D’El Rei, que levava a zona sul (MARIANO FILHO, 1943). A lagoa foi aterrada com material oriundo do desmonte do morro das Mangueiras, que ligava o morro de Santa Teresa ao Largo da Lapa, onde atualmente está a Rua Visconde de Maranguape, na Lapa. O aterramento da lagoa do Boqueirão da Ajuda possibilitou a recuperação de uma área de aproximadamente 20 hectares. Na área do aterro, no lugar da lagoa, o Vice-rei Dom Luís de Vasconcelos resolveu criar o primeiro jardim público das Américas. Para isso convocou o senhor Valentim da Fonseca e Silva, o Mestre Valentim, considerado o melhor escultor da cidade na época. Mestre Valentim teve papel importante na infraestrutura e estetização urbana carioca naquele período, construindo fontes e chafarizes que abasteciam de água a população do Rio de Janeiro, assim como os viajantes que ancoravam no cais da cidade. Destacam-se entre suas obras a talha da Igreja da Ordem Terceira do Carmo; o chafariz da Pirâmide, na Praça XV; e o chafariz das Saracuras, localizado atualmente na Praça General Osório, em Ipanema. Mas, sem dúvida, a grande obra que marca a carreira de Mestre Valentim é o Passeio Público. Até as ruas de acesso foram projetadas por ele, inclusive o cais, construído para que as ondas do mar não invadissem o jardim. “Valentim queria, antes de tudo, que seu modesto jardim fosse útil à população. Sua intenção era criar um gênero de jardim condicionado às nossas necessidades” (MARIANO FILHO, 1943, p. 29). TÓPICO 3 | EVOLUÇÃO DA HOTELARIA E DO TURISMO NO BRASIL 53 Mestre Valentim projetou o Passeio Público em estilo francês (Figura 2), com ruas em linhas retas, formando desenhos geométricos de vários tamanhos. O jardim era protegido por um muro alto com janelas e grades de ferro. Na entrada havia dois pilares de pedra que firmavam um majestoso portão. No interior foram instalados assentos e mesas para os visitantes e no fundo do jardim quatro escadas de pedra o ligavam ao mirante, que possuía cerca de dez metros de largura, com piso em mármore policromado. Próximos ao seu parapeito foram construídos sofás em alvenaria, revestidos de azulejos de inspiração mourisca. O mirante era cercado por uma balaustrada de bronze e possuía iluminação especial, com lampiões a óleo de peixe. Além da beleza da própria construção, o mirante se debruçava sobre a Baia de Guanabara, proporcionando uma vista esplendorosa.” Deste belvedere se gozava a mais bela vista da barra” (SANTOS, 1943, p. 76). O Passeio só foi aberto ao público em 1793. Até então, o jardim era frequentado exclusivamente pelas figuras mais importantes da cidade, a chamada boa sociedade. Tornou-se, então, ponto de encontro da sociedade do final do século XVIII. Ali as famílias se reuniam, formando rodas de modinhas, lundus4, cantigas e leitura de versos. Assim comentou Machado de Assis sobre o Passeio Público daquela época: Nos primeiros tempos do Passeio Público, o povo corria para ele, e o nome de Belas Noites, dado à Rua das Marrecas, vinha de serem as noites de luar as escolhidas para as passeatas. Sabeis disso; sabeis também que o povo levava a guitarra, a viola, a cantiga e provavelmente o namoro (MACHADO DE ASSIS, 1895 apud TRIGO, 2001, p. 123). No ano de 1786, há o registro de uma grande festa realizada no Passeio Público, em comemoração ao casamento de Dom João VI e D. Carlota Joaquina. O Passeio foi utilizado no início também como um campo de aclimatação de espécies vegetais exóticas, função essa que mais tarde coube ao Jardim Botânico. Entre as espécies plantadas encontravam-se mangueiras, amendoeiras e palmeiras (MARIANO FILHO, 1943). Na verdade, o Passeio Público foi a primeira área urbanizada do Rio de Janeiro, sendo construído para minimizar os problemas de saúde causados pela lagoa do Boqueirão da Ajuda. Possibilitou a ligação da cidade, até então espremida entre morros e a lagoa, com as áreas ao sul, tão importantes para o desenvolvimento da cidade e do turismo mais tarde. Foi também a primeira obra a imprimir ao Rio de Janeiro um pouco da modernidade europeia, pois, segundo vários relatos, Mestre Valentim teria se inspirado no Jardim Botânico de Lisboa para projetá-lo, vindo a se tornar um importante espaço de lazer e admiração para o povo carioca e por que não dizer, para outros povos também que visitaram e conheceram o Passeio Público do Rio de Janeiro naquele período, como mostram os relatos a seguir: 54 UNIDADE 1 | TURISMO E HOTELARIA: DOIS TERMOS CONVERGENTES Esse jardim apresenta variadas espécies de plantas e bastante bem conservado. Durante a bela estação, as pessoas que gostam de se divertir podem passear e as vezes apreciar ai algum concerto. Nessa ocasião, são organizadas excelentes ceias, acompanhadas de música e fogos de artificio, que se alongam pela noite adentro (SIR GEORGE LEONARD STAUTON, 1792). “Visitamos o jardim do vice-rei, um belo lugar coberto por laranjeiras, limoeiros e inúmeras outras arvores [...] Dos terraços desse jardim tem-se uma bela vista do porto” (CAPITÃO JAMES WILSON, 1795). Este que foi o primeiro jardim público das Américas construído para tornar a cidade mais bonita, moderna e saudável, possibilitando a população, além de ar puro e luminosidade, apreciar as belas obras presentes no local, como o Chafariz dos Jacarés, a Fonte do Menino, as Pirâmides, o portão de entrada e o medalhão de Dona Maria I. O Passeio Público era uma das únicas opções de lazer dos cariocas e lugar de visita constante de viajantes que se encontravam na cidade Assim sendo, consideramos este o primeiro atrativo turístico intencional da cidade do Rio de Janeiro. Portanto, na etapa evolutiva do Renascimento, praticamente não tivemos deslocamentos populacionais temporários que poderíamos caracterizar como turismo no Rio de Janeiro, apesar de termos nesta época formas no arranjo urbano carioca que consideramos hoje como atrativos turísticos, tais como o Passeio Público, o Chafariz do Mestre Valentim, o Aqueduto da Carioca, entre outros. No entanto, apenas a partir da etapa definida como Turismo e Revolução Industrial, que encontraremos na cidade e em seu entorno manifestações claras de turismo. FONTE: MACHADO, Marcello de Barros Tomé. As etapas evolutivas do turismo: um estudo sobre o Rio de Janeiro (Séculos XVIII-XX). CULTUR: Revista de Cultura e Turismo, v. 7, n. 1, p. 105-127, 2013. 55 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • A história do turismo no Brasil começa com o próprio descobrimento. • A indústria turística e a indústria hoteleira, na realidade, não podem ser consideradas indústrias propriamente ditas, mas é evidente que a evolução de outros ramos industriais fez com que esse binômio: hotelaria e turismo, que não pode crescer separadamente, tivesse grande incentivo para a sua realidade atual. • A EMBRATUR foi criada como o significado da sigla Empresa Brasileira de Turismo, e atualmente mantém a mesma sigla, mas é chamada de Instituto Brasileiro de Turismo. • Para atrair turistas estrangeiros a EMBRATUR (Empresa Brasileira de Turismo), foi criada pelo Decreto-Lei nº 55, de 18 de novembro de 1966, investiu na divulgação positiva da imagem do Brasil no exterior, exaltando a cidade do Rio de Janeiro, o carnaval e a mulher. • O turismo é considerado um segmento de serviços, ou também considerado setor terciário. • Castelli (2017) afirma que a miscigenação entre brancos, índios e negros, no início da nossa colonização, e muitas outras raças, que se juntaram a nós, auxiliaram ao nosso desenvolvimento, apresentando assim a nossa singularidade. O que de fato, nos faz ser um país multicultural. • Uma das maiores motivações dos turistas em relação a determinadas escolhas de localidades,é ver belas paisagens naturais. • Em 22 de julho de 1907, chegou ao Rio o navio Byron, trazendo um grupo de turistas na primeira viagem à América do Sul, promovida pela filial de Nova York, da agência de Thomas Cook. • O desenvolvimento do turismo também aconteceu através de rodovias, isso na década de 1920. • O turismo de aventura no Brasil teve início com o Ciclo do Ouro, entretanto, o “turismo receptivo”. 56 • A partir da década de 1950, observou-se um aumento das viagens de negócios, de modo especial no Rio de Janeiro e em São Paulo, tendo como motivador o transporte aéreo, a instalação da indústria automobilística no país e pela construção de rodovias, facilitando a comunicação entre estados (CASTELLI, 2005). • “Na segunda metade do século XIX, principalmente pela ação do visconde de Mauá, desenvolvem-se os transportes movidos a vapor” (IGNARRA, 2013, p. 8). • O Barão de Mauá – Irineu Evangelista de Souza –, foi um brilhante industrial, banqueiro, político e diplomata, nasceu no Brasil, em uma cidade chamada Arroio Grande, pertencente ao município de Jaguarão, Rio Grande do Sul. • A partir da década de 1970, o turismo passa a ser visto como uma atividade econômica séria e profissional, não mais com amadorismo. • O turismo interno cresceu expressivamente na década de 1980, apresentando uma significativa evolução na participação do PIB turístico, decorrente, do próprio aumento da oferta hoteleira nacional. • O turismo brasileiro após a década de 1990 conquistou muitos avanços e apresenta-se nos últimos anos como um importante fenômeno cultural, social, político e econômico. Suas conquistas permeiam os seguintes tópicos: preservação ambiental, culturas regionais, formação profissional, modernização e ampliação da infraestrutura turística. Muito se deve à evolução dos profissionais, que estudam e se aperfeiçoam para o melhor atendimento do turista (MATIAS, 2002). • Os Programas Regionais de Desenvolvimento do Turismo (PRODETUR) buscam organizar as intervenções públicas para o desenvolvimento da atividade turística, através de prévios processos de planejamento das regiões turísticas. • A hotelaria é uma indústria de bens e serviços, e que ela tem as suas próprias características. • “Em São Paulo, no final do século XIX, os fazendeiros do café construíram meios de hospedagem para atender preliminarmente os homens de negócios” (CATELLI, 2005, p. 133). • O maior marco da hotelaria do Rio de Janeiro e do Brasil foi inaugurado em 1923 e chamado de Copa Cabana Palace Hotel. Este hotel já hospedou muitas personalidades internacionais (CÂNDIDO; VIEIRA, 2003). 57 • A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – ABIH é uma das entidades de classe mais antigas do turismo nacional. Desde seu surgimento, em 1936, sempre foi destaque nas atuações do SETOR. • Redes internacionais entraram no país, e a primeira cadeia internacional a operar no Brasil foi a Hilton International Corporation, que passou a administrar, em 1971, um hotel com 400 apartamentos na Avenida Ipiranga (Hilton São Paulo). • “No fim da década de 1970, a Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR) fez a primeira classificação oficial da hotelaria, estabelecendo os padrões mínimos relativos a equipamentos, instalações e serviços para cada tipo e categoria de estabelecimento” (CASTELLI, 2005, p. 135). • Um dos traços mais marcantes da evolução do turismo brasileiro nos últimos anos é o grande crescimento do número de hotéis classificados como resorts que oferecem opções de lazer. • “Vale ainda destacar a presença marcante do Brasil no cenário internacional de eventos. No ano de 2009, ocupou a sétima posição no ranking da Internacional Congress and Convention Association (ICCA)” (MELLO; GOLDENSTEIN, 2011, p. 20). 58 1 Quando se deu o início do turismo brasileiro? 2 A partir do planejamento das áreas turísticas prioritárias são propostas intervenções públicas a serem implantadas de forma que o turismo venha a constituir uma verdadeira alternativa econômica geradora de emprego e renda principalmente para a população local. Assim, em relação ao Prodetur, analise as sentenças a seguir e assinale V para Verdadeiro e F para Falso: ( ) Prodetur foi criado em 1985 e é concebido pelos governos federal e estaduais, destinado ao desenvolvimento integrado do setor de turismo. ( ) A ação estratégica principal do Prodetur é financiar a implantação da infraestrutura turística naquelas localidades consideradas indutoras de investimentos privados. ( ) O alvo primário da ação desenvolvimentista a ser perseguida pelo Prodetur pode ser considerado a ampliação da infraestrutura turística básica. ( ) A preservação do meio ambiente nas áreas turísticas e a melhoria das vias de acesso ao turista também são alvos primários de ação desenvolvimentista a ser perseguida pelo Prodetur. Agora, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) V – F – F – V. b) ( ) F – F – V – F. c) ( ) F – V – V – V. d) ( ) V – V – V – F. 3 Como vimos, neste Tópico 3, importantes nomes fizeram parte do desenvolvimento do turismo. Sobre os importantes nomes dos precursores do turismo, associe os itens, utilizando o código a seguir: I- O Barão de Mauá – Irineu Evangelista de Souza. II- Américo Vespúcio. III- Thomas Cook. ( ) Foi um navegador, cartógrafo, escritor e comerciante florentino. Participou três vezes de expedições marítimas. Devido às suas descrições sobre a nova terra, o continente americano foi batizado em sua homenagem. É testemunha do descobrimento do Rio de Janeiro, pois em 1º de janeiro, na frota comandada por Gaspar de Lemos, se encontra uma baía e os portugueses a classificam como a foz de um grande rio e a batizam de Rio de Janeiro. AUTOATIVIDADE 59 ( ) Um importante fato histórico do turismo aconteceu no Rio de Janeiro. Em 22 de julho de 1907, chegou ao Rio o navio Byron, trazendo um grupo de turistas na primeira viagem à américa do Sul, promovida pela filial de Nova York, pioneira no turismo internacional. ( ) Foi um brilhante industrial, banqueiro, político e diplomata, nasceu no Brasil, em uma cidade chamada Arroio Grande, pertencente ao município de Jaguarão, Rio Grande do Sul. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) III – I – II. b) ( ) II – III – I. c) ( ) III – II – I. d) ( ) I – II – III. 60 61 UNIDADE 2 CONHECENDO O PAPEL DO TURISMO E HOTELARIA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • discutir conceitos e definições que fazem parte do ambiente administrativo e operacional do turismo e da hotelaria; • apresentar informações da infraestrutura turística; • diferenciar os tipos de equipamentos e serviços turísticos. Esta unidade está dividida em três tópicos, no decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CONCEITOS E DEFINIÇÕES TÓPICO 2 – ESTRUTURA DO TURISMO TÓPICO 3 – CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS MODALIDADES DE TURISMO: TIPOS DE TURISMO E DE TRANSPORTE 62 63 TÓPICO 1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Neste tópico iremos relacionar os principais conceitos e também as principais definições acerca do turismo e da hotelaria. Partiremos do princípio de que o turismo e a hotelaria estão inseridas dentro do contexto de Administração, pois sabemos que o turismo é um fenômeno mundial, que merece atenção e planejamento. Em nosso país sabemos que ele faz parte do fomento da economia. “Na verdade, administrar é muito mais do que uma mera função de supervisar pessoas, de recursos e de atividades” (CHIAVENATO, 2003, p. 8). Todos os papéis decisórios estão inclusos na Administração, e principalmente quando tratamos de satisfação do consumidor, perante a um atendimento, geramos emoções e sentimentos acerca do trabalho. Servir os clientes e satisfazê-los é um grande desafio, mas essa busca é oriunda das necessidadesindividuais do cliente, tendo visto que cada ser humano tem desejos e expectativas. Através de um novo olhar, a organização consegue transformar o que ela possui, em algo totalmente “mágico” aos olhos do cliente. Trabalhar com eficiência e eficácia também são estratégias das quais, no mundo atual, tornam-se essenciais. Caro acadêmico, fique atento às próximas páginas, pois será apresentado o conteúdo de forma simples, mas tenha certeza de que o assunto é muito importante para a sua formação. E não esqueça, sempre que necessário contate o Nead, nossa equipe estará a sua disposição para ajudar. 2 ADMINISTRAÇÃO “Dado o ritmo dos negócios, as organizações não podem ficar paradas por muito tempo. Nos ambientes altamente competitivos de hoje, em que a concorrência é global e a inovação contínua, ser capaz de se adaptar tornou-se a chave para a conquista [...]” (BOHLANDER; SNELL, 2015, p. 6). A ideia de que as empresas “competem por meio das pessoas” dá ênfase ao fato de que o sucesso depende cada vez mais da capacidade empresarial de gerenciar o talento, ou o capital humano. A expressão UNIDADE 2 | CONHECENDO O PAPEL DO TURISMO E HOTELARIA 64 capital humano diz respeito ao valor econômico do conhecimento, das habilidades e aptidões dos funcionários de uma empresa. Embora o valor desses ativos possa não aparecer diretamente no balanço patrimonial de uma empresa, seu impacto no desempenho dela é enorme. Quando citamos a área administrativa de um hotel, por exemplo, pode-se imaginar que junto com esta área, encontram-se o departamento pessoal, controle de custos, manutenção, almoxarifado, compras, contabilidade, tesouraria, lojas etc. A área de eventos, em específico, pode estar vinculada à gerência administrativa; em outros empreendimentos, ela pode estar atrelada a um setor/departamento à parte (CASTELLI, 2005). Na Figura 1 podemos observar um modelo de organograma, em que fica definida a colocação de cada departamento dentro da área administrativa de um hotel. Cabe aqui esclarecer que o organograma pode ser utilizado para expressar a definição de qualquer hierarquia dentro de qualquer empresa. Lembramos você, caro acadêmico, que este organograma é apenas um exemplo, e que ele serve de base para obtermos conhecimento. Cada empresa tem a sua peculiaridade e o seu próprio organograma. FIGURA 1 – ORGANOGRAMA DA ÁREA ADMINISTRATIVA Gerência Geral Gerência Administrativa Assessoria Contábil/ Jurídica Compras Dep. Pessoal Contabilidade Manutenção Almoxarifado Recrutamentoe Seleção Tesouraria Serviços Terceirizados Subalmoxarifado Dep.Treinamento FONTE: Adaptado de Cândido e Viera (2003) TÓPICO 1 | CONCEITOS E DEFINIÇÕES 65 A administração nada mais é, segundo Chiavenato (2003, p. 2), “[...] do que a condução racional das atividades de uma organização, seja ela lucrativa ou não lucrativa. A administração trata do planejamento, da organização (estruturação), da direção e do controle das atividades [...]”. Dentro dessa visão, a estratégia é uma consequência para o alcance dos objetivos empresariais. Quando a empresa sabe onde quer chegar e tem seu planejamento, organização, direção e o controle bem estabilizados, chegou a hora de definir estratégias. Bohlander e Snell (2015, p. 8) apresentam, de forma simples, a utilização das estratégias: As estratégias que as empresas estão implementando hoje cada vez mais envolvem um ou mais elementos da globalização. A integração dos mercados e das economias mundiais fez com que as empresas deslocassem seus negócios para o exterior em busca de oportunidades e também para se afastarem dos concorrentes estrangeiros no mercado interno. Os consumidores querem poder comprar “qualquer coisa, a qualquer hora, em qualquer lugar”, e as empresas estão fazendo o possível para lhes atender. Quer comprar uma Coca-Cola no Paquistão? Sem problemas. A Coca-Cola tem um elaborado sistema de entregas, projetado para transportar produtos para alguns dos lugares mais remotos do planeta. Na verdade, há muito tempo as receitas da empresa são geradas mais no exterior do que nos Estados Unidos. No entanto, a globalização não é de interesse apenas de grandes empresas, como a Coca-Cola. Em 2008, muitas empresas precisaram empregar estratégias para reduzir os custos. Essa situação aconteceu durante a “Grande Recessão”, as ações continham redução de parte dos benefícios dos funcionários. Outras companhias adotaram uma estratégia diferente: reforçaram seus programas de benefícios para atrair os melhores talentos de outras empresas e se expandiram a fim de se prepararem para quando a economia começasse a crescer novamente (BOHLANDERE; SNELL, 2015). “Inseridas em um ambiente cada vez mais competitivo, as organizações são pressionadas a efetuarem mudanças estratégicas em ritmo acelerado” (MACHADO-DA-SILVA; FONSECA; FERNANDES, 1999, p. 1). Podemos citar algumas estratégias de mudanças organizacionais, citadas por Bohlander e Snell (2015, p. 7): Gestão da qualidade total – GQT (TQM – Total Quality Management), reengenharia, downsizing, terceirização são exemplos dos meios pelos quais as empresas modificam a maneira como funcionam a fim de obter mais sucesso. A qualidade Six Sigma é um conjunto de princípios e práticas cujas ideias centrais incluem: entender as necessidades do cliente, fazer as coisas certas da primeira vez e esforçar-se para o aprimoramento contínuo. A reengenharia tem sido descrita como “replanejamento e nova projeção radical dos processos de negócio a fim de atingir melhorias drásticas em custos, qualidade, serviços e velocidade”. Downsizing, por sua vez, é a eliminação planejada de cargos, e terceirização significa a contratação de uma organização externa para prestar serviços que antes eram realizados por funcionários. UNIDADE 2 | CONHECENDO O PAPEL DO TURISMO E HOTELARIA 66 Cada empresa tem as suas características e tem a obrigação de construir o seu ambiente interno de acordo com as pressões exercidas pelo ambiente externo. Precisamos levar em consideração que as estratégias também são utilizadas em detrimento do perfil do líder e dos seus subordinados. Todas essas ações irão resultar em mudanças organizacionais, as quais possuem o objetivo de alcançar a eficiência e também a eficácia organizacional. 3 EFICIÊNCIA, EFICÁCIA E ORGANIZAÇÃO Inúmeras habilidades são imprescindíveis para dominar a natureza desafiadora do trabalho gerencial e dar conta das tendências incertas na administração. As habilidades e as competências mais respeitáveis são aquelas que os gerentes possam ajudar a outros a se tornar mais eficientes e produtivos em seu trabalho (MONTANA; CHARNOV, 2011). A eficiência, de acordo com o Chiavenato (2003), pode ser definida como fazer bem e corretamente. O trabalho eficiente é um trabalho bem executado. Já a eficácia, significa atingir objetivos e resultados. Quando se realiza um trabalho eficaz, ele é proveitoso e bem-sucedido. Chiavenato (2003, p. 155) aprofunda ainda mais o conceito, explicando que: Cada organização deve ser observada sob o ponto de vista de eficácia e de eficiência, simultaneamente. Eficácia é uma medida do alcance dos resultados, enquanto a eficiência é uma medida da utilização dos recursos nesse processo. Em termos econômicos, a eficácia de uma empresa refere-se à sua capacidade de satisfazer uma necessidade da sociedade por meio do suprimento de seus produtos (bens ou serviços), enquanto a eficiência é uma relação técnica entre entradas e saídas. Nesses termos, a eficiência é uma relação entre custos e benefícios, ou seja, uma relação entre recursos aplicados e o produto final obtido. DICAS Caro acadêmico, existe um vídeo no Youtube, que você pode encontrar através do seguinte link: <https://www.youtube.com/watch?v=Z4cbqGN8XlQ>, que apresentará um exemplo de como ser eficiente e eficaz. Observe que os dois lutadores estão em uma arena. O primeiro deles executa os movimentos de forma perfeita (eficiente), mas o segundoapresenta a forma eficaz. Lembre-se: ser eficiente é fazer algo perfeito e ser eficaz é atingir totalmente o resultado esperado. TÓPICO 1 | CONCEITOS E DEFINIÇÕES 67 4 RECURSOS HUMANOS Por que estudar Recursos Humanos? Caro acadêmico, você deve se fazer esta pergunta. Sabemos que muitas vezes são enaltecidos os clientes e queremos colocá-los como reis. Não existe erro nesta ação, mas o que devemos também pensar é que temos clientes internos, que são os colaboradores. Neste sentido, gostaríamos que você pensasse em ações que podem ser desenvolvidas em função do encantamento dos clientes internos. Essa ação deve ser pensada desde o momento do recrutamento. Castelli (2005) explica que alguns meios de hospedagem já conseguiram responder a essa pergunta. Um ótimo exemplo é a filosofia de trabalho com o lema Damas e cavalheiros servindo damas e cavalheiros. Neste sentido, a valorização do cliente interno é um pressuposto fundamental ao sucesso do hotel. Bohlander e Snell (2015, p. 4) apresentam a necessidade de se conhecer os empreendimentos turísticos na visão do departamento de recursos humanos de forma clara e precisa: Mas suponha que você queira ter a oportunidade de gerenciar pessoas, seja em uma empresa, seja em um negócio próprio. Ter um bom entendimento da gestão de recursos humanos é importante para gestores e empresários de todos os tipos, não apenas para o pessoal de recursos humanos (RH). Todos os gestores são responsáveis por, pelo menos, algumas das atividades que se enquadram na categoria da gestão de recursos humanos. Os gerentes desempenham papel-chave na seleção de funcionários, treinando-os e motivando-os, avaliando- os, promovendo-os, e assim por diante. As organizações podem obter vantagem competitiva sustentável através das pessoas. O papel dos gerentes de Recursos Humanos (RH) não está mais limitado às funções relacionadas aos serviços (recrutamento e seleção de funcionários). Atualmente, os gerentes de RH têm um papel ativo no planejamento estratégico e na tomada de decisões nas organizações. Podendo gerar um grande impacto sobre o sucesso das empresas em que trabalham. A gestão de recursos humanos não se limita ao pessoal de RH. As melhores organizações reconhecem que a gestão de pessoas é o trabalho de gerentes em parceria com o RH (BOHLANDER; SNELL, 2015). Observe a Figura 2, ela apresenta a estrutura da gestão de Recursos Humanos e a partir dela podemos identificar os desafios que o empreendimento pode sofrer, neste caso podemos citar um empreendimento turístico. No segundo ponto, podem-se observar as funções efetivas do departamento de RH, e por último quais as preocupações que o departamento deve ter com os funcionários. UNIDADE 2 | CONHECENDO O PAPEL DO TURISMO E HOTELARIA 68 FIGURA 2 – ESTRUTURA GERAL DA GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS FONTE: Bohlander e Snell (2015, p. 6) Podemos enfatizar a Carta de Hospitalidade utilizada pelo setor de RH, de acordo com Castelli (2005), que deve ser utilizada tanto para os novos colaboradores, quanto para os antigos: • preparar um local limpo e acolhedor para o processo de seleção; • preparar o processo de entrevista; • respeitar os horários marcados para os encontros; • chamar os candidatos pelo nome; • apresentar para o novo colaborador a carta de boas-vindas da direção; • apresentar o colaborador para o seu chefe de serviço e demais colegas; • apresentar o hotel/rede de hotel; • explicar os procedimentos e regras do hotel; • encorajar as promoções internas, anunciando os cargos/funções a serem preenchidos no hotel ou na rede de hotéis; • atualizar o mural de informações com dados de interesse dos colaboradores; • responder prontamente a todas as sugestões ou críticas formuladas pelos colaboradores; • organizar atividades culturais e esportivas; • oferecer um ambiente limpo e acolhedor nos locais de refeições; • disponibilizar vestiários e sanitários limpos e higienizados. • oferecer uniformes em perfeito estado de uso; • estabelecer plano de carreira; • definir programas de educação e capacitação profissional. O plano de carreira e capacitação profissional são alicerces importantes no momento em que se busca “fidelizar o seu cliente interno”. Quando afirmam que o capital humano é intangível, Bohlander e Snell (2015) também afirmam que Estrutura geral da gestão de recursos humanos Desafios Competitivos • Mudanças no mercado e na economia • Globalização • Tecnologia • Contenção de custos • Aproveitamento das diferenças entre os funcionários Recursos Humanos • Planejamento • Recrutamento • Seleção e projeto de trabalho • Treinamento / desenvolvimento • Avaliação • Comunicação • Remuneração • Benefícios • Relações trabalhistas Preocupações com os funcionários • Segurança no trabalho • Questões de saúde • Idade e questões relacionadas a diferentes gerações trabalhando juntas • Assuntos sobre aposentadoria • Questões relativas a gênero • Níveis de educação • Direitos dos funcionários • Questões relativas à privacidade • Atitudes no trabalho • Preocupações com a família TÓPICO 1 | CONCEITOS E DEFINIÇÕES 69 as empresas não podem gerenciá-lo da mesma maneira que gerenciam trabalhos, produtos e tecnologias. Ao saírem de uma empresa, funcionários levam seu capital humano, assim todo e qualquer aquisição que a empresa tenha feito no treinamento e desenvolvimento dessas pessoas é perdido. Diversas vantagens a empresa terá ao definir uma equipe/departamento de Recursos Humanos, cabe definir a sua real viabilidade financeira. Caso não tenha possibilidade e nem recursos suficientes para a área, sugere-se a definição das funções para uma pessoa que possua capacidade de operacionalizar dentro do setor administrativo, como anteriormente explicado. 5 TURISMO Para o estudo do turismo, podemos ter diversos enfoques. O Quadro 1 apresenta alguns deles. QUADRO 1 – O TURISMO PODE TER O ENFOQUE DE VÁRIOS MÉTODOS Enfoque institucional Leva em consideração os diversos intermediários e as instituições que realizam as atividades turísticas. Destaca, particularmente, empresas como as agências de viagens. Esse enfoque exige pesquisas sobre a organização, métodos de operação, problemas, custos e papel que as agências exercem na economia, mediante compras de serviços de transportes, hospedagem, aluguel de carros etc., feitas em nome de seus clientes. Enfoque do produto Os objetos das pesquisas são os produtos turísticos e a maneira como são produzidos, comercializados e consumidos. Trata-se, por exemplo, de estudar um quarto de hotel em todos os seus aspectos: como é produzido, quem compra e quem vende, como é financiado, como se anuncia etc. Enfoque histórico Compreende uma análise das atividades e instituições turísticas com base em um ângulo evolutivo. São feitas pesquisas para se descobrir a causa das inovações, seu crescimento e declínio e as mudanças sofridas. Enfoque administrativo Concentra-se na microeconomia, ou seja, nas atividades administrativas necessárias para a gestão de uma empresa turística, como planejamento, pesquisa de mercado, fixação de preços, publicidade, controle etc. Enfoque econômico As áreas de interesse concentram-se na oferta, na demanda, na balança de pagamentos, no mercado de divisas, na geração de empregos, nos multiplicadores e no desenvolvimento. As pesquisas feitas exclusivamente do ponto de vista econômico, via de regra, desprezam importantes fatores ambientais, culturais, psicológicos, sociológicos e antropológicos. Enfoque sociológico A preocupação dos pesquisadores está nas classes sociais, nos hábitos e costumes dos visitantes e dos residentes, na sociologia do tempo livre etc. UNIDADE 2 | CONHECENDO O PAPEL DO TURISMO E HOTELARIA 70 Enfoque geográfico O interesse dos geógrafos no turismo está no modo como o espaço turístico é ocupado, nos tipos de deslocamento e no impacto causado ao meio ambiente. De todas as ciências, a geografia foi a que mais se interessoupela análise do fenômeno turístico. Enfoque interdisciplinar O turismo, na verdade, congrega todos os elementos da sociedade, razão pela qual as pesquisas no campo do turismo tendem a ser interdisciplinares. O turismo cultural exige pesquisas antropológicas e o comportamento dos turistas, pesquisas sociológicas; as questões de vistos para turistas têm relação com as ciências políticas. A regulamentação do controle de qualidade dos produtos turísticos e a intervenção do turismo no meio ambiente têm desenvolvido o direito do turismo. Enfoque sistêmico O que realmente é necessário para o estudo do turismo é um enfoque sistêmico. Trata-se da pesquisa que trabalha com grupos de elementos inter-relacionados para formar um todo unificado e organizado, a fim de atingir um conjunto de objetivos. FONTE: Adaptado de Ignarra (2013) “O conceito de turismo é matéria bastante controversa segundo os vários autores que tratam desse assunto. O turismo está relacionado com viagens, mas nem todas as viagens são consideradas “turismo” (IGNARRA, 2013, p.13). Para Ignarra (2013, p.14) o conceito de turismo pode ser definido como: [...] o deslocamento de pessoas de seu local de residência habitual por períodos determinados e não motivados por razões de exercício profissional constante. Uma pessoa que reside em um município e se desloca para outro diariamente para exercer sua profissão não estará fazendo turismo, mas um profissional que esporadicamente viaja para participar de um congresso ou fechar um negócio em outra localidade que não a de sua residência, sim (CHON, 2014, p. 30). Quando falamos em divisão e classificação, podemos utilizar o conceito de Cândido e Viera (2003) que sugerem três grupos de organização do turismo. O primeiro é o Individual que é praticado por pessoas que viajam de forma autônoma, sem a ajuda de uma agência ou operadora, e que são responsáveis por elaborar toda a viagem. Pode ser chamado de turismo particular ou autofinanciado. O segundo deles é o grupo. Sua característica principal é ser praticado por um grupo de pessoas, que tem como finalidade frequentar o mesmo destino, utilizando o mesmo meio de transporte. E o último é o organizado, que apresenta como particularidade o auxílio de uma agência ou uma operadora de viagens. A sua prática é individual ou em grupo. Vale a pena estudar também quais os componentes que compõem o turismo, de acordo com Ignarra (2013, p. 14). Notem os quatro principais fenômenos citados logo a seguir. TÓPICO 1 | CONCEITOS E DEFINIÇÕES 71 • o turista, que busca diversas experiências e satisfações espirituais e físicas; • os prestadores de serviço, que encaram o turismo como um modo de obter lucros financeiros; • o governo, que considera o turismo um fator de riqueza para a região sob sua jurisdição; • a comunidade do destino turístico, que vê a atividade como geradora de empregos e promotora de intercâmbio cultural (IGNARRA, 2013, p. 14). Turismo é um fenômeno complexo e as suas definições excluem o conceito das viagens desenvolvidas por motivos de negócio, de lucro. Apesar disso são estas as responsáveis por grande parte da ocupação dos meios de transporte, dos hotéis, da estrutura de entretenimento, das locadoras de veículos e dos espaços de eventos. Todos esses meios são considerados empreendimentos turísticos. Não é por outra razão que se desenvolveram os termos “turismo de negócios” ou “turismo de eventos” (IGNARRA, 2013, p. 14). 5.1 TURISTA, EXCURSIONISTA E VISITANTE “Os viajantes são consumidores de serviços turísticos, quaisquer que sejam suas motivações” (IGNARRA, 2013, p. 14). A definição de excursionista, para Ignarra (2013), é a de que quando o visitante não pernoita em uma localidade turística. Assim, aquele que viaja e permanece menos de 24 horas em local que não seja o de sua residência fixa ou habitual, com as mesmas intenções que caracterizam os turistas, mas sem neste passar uma noite, é considerado “excursionista” ou “turista de um dia”. Os participantes de cruzeiros marítimos ou fluviais que visitam um local, mas que pernoitam nas embarcações, com o termo visitante, embora este enquadre tanto turistas como excursionistas. “Turista é a pessoa que se desloca de sua residência fixa, por mais de 24 horas, com pernoite, em um país ou região, efetuando gastos com fins de recreação, descanso, cultura, saúde ou negócios” (CASTELLI; VIERA, 2003, p. 23). NOTA Os dez mandamentos para a preservação do turista: 1. Trate cada turista como se ele fosse único. 2. Oriente-o prestando informações corretas. 3. Receba o turista como se fosse hóspede de sua casa. 4. Proporcione sempre o melhor atendimento. 5. Faça o possível para atender o que ele fala. UNIDADE 2 | CONHECENDO O PAPEL DO TURISMO E HOTELARIA 72 6. Respeite-o como você gostaria de ser respeitado. 7. Cative-o através da sua cordialidade. 8. Ajude-o a descobrir as belezas da cidade. 9. Lembre-se de que ele é importante para a cidade 10. Explore o turismo, NUNCA O TURISTA! (Autor desconhecido) FONTE: CÂNDIDO, Índio; VIERA, Elenara Vieira de. Gestão de hotéis: técnicas, operações e serviços. Caxias do Sul: Educs, 2003. Já os viajantes não são necessariamente turistas, apesar de que a maior parte deles demande os mesmos tipos de serviços turísticos. E os visitantes, por definição, são viajantes (IGNARRA, 2013). AUTOATIVIDADE Ignarra (2013, p. 17) cita que “Turista, na conceituação tradicional, é aquele que viaja com objetivo de recreação”. Assim, avalie as afirmações a seguir: I- Os viajantes são consumidores de serviços turísticos, quaisquer que sejam suas motivações. II- Excursionista é aquele que pernoita em uma localidade turística. III- Em relação ao residentes e visitantes, é que nem todos os residentes não são viajantes. É correto o que se afirma em: a) ( ) II, apenas. b) ( ) III, apenas. c) ( ) I e II, apenas. d) ( ) I e III, apenas. 6 HOTELARIA Quando pensamos em conceituar a hotelaria, relembramos os nossos estudos da sua evolução, lá no Tópico 1. É possível perceber que a indústria hoteleira passou e passa por diversas mudanças. Essas mudanças são fruto do aumento da exigência do consumidor, a globalização da economia e principalmente o aumento constante do número de quartos disponíveis e também da concorrência. Sua freguesia é bastante diversificada, e varia quanto ao motivo da estada e tempo de parada (YANES, 2014). TÓPICO 1 | CONCEITOS E DEFINIÇÕES 73 Para Andrade (2002, p.168): Qualquer que seja seu gabarito ou o nível de sua classificação, hotel é o edifício onde se exerce o comércio da recepção e da hospedagem de pessoas em viagem ou não, e se oferecem serviços parciais ou completos, de acordo com a capacidade da oferta, as necessidades ou as requisições da demanda. Já aprendemos que a hotelaria é uma prestação de serviços, mas Yanes (2014) afirma que produzir serviços em um hotel significa atender a detalhes e necessidades, manter a hospitalidade e o calor humano, padronizar as rotinas, mas sem deixar de prestar serviços personalizados. O hotel é considerado uma organização, porque está coligado a um grupo de pessoas, com os mesmos objetivos e nas mais diversas funções. Esse objetivo comum é dar ao hóspede o melhor: o melhor serviço, o melhor atendimento, preço e satisfação (CÂNDIDO; VIERA, 2003). Independentemente de pertencer ou não a uma rede hoteleira, cada hotel tem sua própria personalidade, que está relacionada ao local que está inserido, da cultura, interesses e boa vontade de cada um de seus funcionários. O setor de governança é um dos mais vulneráveis na atividade hoteleira – o hóspede experimenta seus serviços todo o tempo, seja nas áreas do hotel, como recepção, elevadores, serviços de lavanderia etc., ou na unidade habitacional onde dorme, descansa e faz sua higiene pessoal. Assim, as falhas podem ser mais facilmente percebidas, gerando reclamações e perda da imagem de qualidade. Em hotéis que se preocupam em avaliar a qualidade,as reclamações sobre a limpeza e higienização das áreas são as que mais merecem atenção dado a percepção do hóspede e sua fidelização (YANES, 2014, p. 12). Neste mesmo sentido, podemos também observar para quem o hotel é destinado. Cândido e Viera (2003) destinam ele para três tipos de público: cliente, hóspede e walk-in. Antes de serem hóspedes, as pessoas são consideradas clientes. E o hóspede é o cliente que utiliza a infraestrutura de hospedagem do hotel. Já o walk-in é o hóspede eventual, que chega ao hotel sem reserva. 7 EVENTOS Nesta seção também temos a missão de passar para você, caro acadêmico, o conceito de eventos, que é de suma importância para o seu estudo dentro da disciplina de Turismo e Hotelaria para Eventos. No dicionário, segundo Watt (2004), encontramos a definição como qualquer coisa que aconteça, diferentemente de qualquer coisa que exista ou uma ocorrência, especialmente de grande importância. As definições são bastante vastas, mas devem ser abrangentes para permitir sua universalidade. Podemos tratar desde eventos realizados em pequenas comunidades até espetáculos internacionais com participantes de todo o mundo. UNIDADE 2 | CONHECENDO O PAPEL DO TURISMO E HOTELARIA 74 Existem diversos hotéis que oferecem estrutura para a realização de diversos tipos de eventos, como palestras, seminários, simpósios, fóruns, congressos, convenções, conferências e banquetes. Cada um deles possui o seu diferencial (CASTELLI, 2005). Em se tratando de organização, alguns aspectos devem ser levados em consideração: QUADRO 2 – PRÁTICAS DE BOA HOSPITALIDADE NOS EVENTOS Antes do evento, cabe ao responsável: • propor ao cliente ou ao organizador do evento uma visita ao hotel e aos salões e demais áreas a serem utilizadas no evento, se for o caso; • identificar as necessidades do cliente e anotar claramente o pedido; • colocar as placas indicativas no lobby do hotel e nas entradas das salas de reuniões; • disponibilizar as salas de reuniões em perfeitas condições em termos de limpeza, mise-in-place e equipamentos; • receber o organizador do evento para a checagem das instalações e equipamentos e agradecer a visita. Durante o evento, cabe ao responsável: • cumprimentar os clientes no momento da chegada; • conferir se os equipamentos estão funcionando adequadamente e se tudo está de acordo com o solicitado pelo cliente; • conferir se os coffee-breaks e as refeições estão sendo servidos nos horários determinados; • verificar se o organizador está satisfeito com a organização do evento e se não necessita de alguma mudança. Depois do evento, cabe ao encarregado: • agradecer ao cliente na saída, ou posteriormente, mediante carta de agradecimento; • realizar uma reunião de avaliação com o organizador do evento. FONTE: Adaptado de Castelli (2005, p. 210) IMPORTANT E Alguns conceitos bastante usados no Turismo e na Hotelaria devem ser esclarecidos. Você deve ter lido anteriormente dois termos bastante importantes: Mise-en-place: Mise en place (pronuncia-se “miz õ plas”) é um termo francês bastante utilizado na área da gastronomia, principalmente com o advento da Nouvelle Cuisine, que significa "pôr em ordem" ou "colocar no lugar uma determinada coisa". Em uma cozinha profissional, por exemplo, a mise en place é um procedimento obrigatório, pois facilita e organiza todas as operações necessárias para a preparação de qualquer receita. A mise en place é um procedimento fundamental para o desempenho das funções de um cozinheiro profissional, para que ele possa se certificar de que não tem nenhum ingrediente faltando para o preparo da receita. TÓPICO 1 | CONCEITOS E DEFINIÇÕES 75 Além desta utilização, o termo mise en place também é utilizado para organizar a montagem da mesa para as refeições. É quando colocamos na ordem de utilização os talheres, taças, pratos e outros utensílios que serão utilizados durante um jantar, por exemplo. Este tipo de organização é de responsabilidade do garçom. Coffee-breaks: durante o coffee break, normalmente os participantes não tomam só café, e o cardápio pode ser muito variado. Frequentemente são servidos pães, biscoitos, minicroissants, sanduíches, cafés, chás, frutas, sucos, salgadinhos, doces etc. Existem várias empresas de catering e de bufê que são especializadas na organização de coffee breaks, que podem ser simples ou mais elaborados. O objetivo do coffee break não é apenas comer, e sim que os elementos integrantes possam socializar, relaxar, voltando para a reunião com mais disposição e concentração. A expressão coffee break é formada pelas palavras coffee (que significa "café" em português) e break (que pode significar "pausa"). FONTES: <https://www.significados.com.br/coffee-break/> e <https://www.significados.com. br/mise-en-place/>. Acesso em: 7 jan. 2019. “Um evento é algo que “acontece” e não apenas “existe”. Esta é uma questão muito importante, pois alguém deve fazer com que aconteça. Os eventos bem-sucedidos só acontecem por meio da ação de algum indivíduo ou grupo [...]” (WATT, 2004, p. 16). 76 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você aprendeu que: • A ideia de que as empresas “competem por meio das pessoas” dá ênfase ao fato de que o sucesso depende cada vez mais da capacidade empresarial de gerenciar o talento, ou o capital humano. • Organograma é onde fica definida a colocação de cada departamento dentro da área administrativa. O organograma pode ser utilizado para expressar a definição de qualquer hierarquia dentro de qualquer empresa. Cada empresa tem a sua peculiaridade e o seu próprio organograma. • A administração nada mais é, segundo Chiavenato (2003, p. 2), “[...] do que a condução racional das atividades de uma organização, seja ela lucrativa ou não lucrativa. A administração trata do planejamento, da organização (estruturação), da direção e do controle das atividades [...]”. • Existem algumas estratégias de mudanças organizacionais. Podem ser: gestão da qualidade total – GQT (TQM – Total Quality Management), reengenharia, downsizing, terceirização. • A eficiência, de acordo com o Chiavenato (2003), pode ser definida como fazer bem e corretamente. O trabalho eficiente é um trabalho bem executado. • A eficácia, significa atingir objetivos e resultados. Quando se realiza um trabalho eficaz, ele é proveitoso e bem-sucedido (CHIAVENATO, 2003). • As organizações podem obter vantagem competitiva sustentável através das pessoas. • O papel dos gerentes de Recursos Humanos (RH) não está mais limitado às funções relacionadas aos serviços (recrutamento e seleção de funcionários). • Os gerentes de RH tem um papel ativo no planejamento estratégico e na tomada de decisões nas organizações. Podendo gerar um grande impacto sobre o sucesso das empresas em que trabalham. A gestão de recursos humanos não se limita ao pessoal de RH. As melhores organizações reconhecem que a gestão de pessoas é o trabalho de gerentes em parceria com o RH (BOHLANDER; SNELL, 2015). 77 • Para Ignarra (2013, p.14) o conceito de turismo pode ser definido como: [...] o deslocamento de pessoas de seu local de residência habitual por períodos determinados e não motivados por razões de exercício profissional constante. Uma pessoa que reside em um município e se desloca para outro diariamente para exercer sua profissão não estará fazendo turismo, mas um profissional que esporadicamente viaja para participar de um congresso ou fechar um negócio em outra localidade que não a de sua residência, sim. • Aquele que viaja e permanece menos de 24 horas em local que não seja o de sua residência fixa ou habitual, com as mesmas intenções que caracterizam os turistas, mas sem neste passar uma noite, é considerado “excursionista” ou “turista de um dia”. • “Turista é a pessoa que se desloca de sua residência fixa, por mais de 24 horas, com pernoite, em um país ou região, efetuando gastos com fins de recreação, descanso, cultura, saúde ou negócios” (CÂNDIDO; VIERA,2003, p. 23). • O hotel é considerado uma organização porque está coligado a um grupo de pessoas, com os mesmos objetivos e nas mais diversas funções. Esse objetivo comum é dar ao hóspede o melhor: o melhor serviço, o melhor atendimento, preço e satisfação (CÂNDIDO; VIERA, 2003). • Existem diversos hotéis que oferecem estrutura para a realização de diversos tipos de eventos, como palestras, seminários, simpósios, fóruns, congressos, convenções, conferências e banquetes. Cada um deles possui o seu diferencial (CASTELLI, 2005). 78 AUTOATIVIDADE Leia o caso a seguir: HOTÉIS LOEWS: TREINAMOS PARA AGRADAR AOS CLIENTES Chocolates sobre os travesseiros. Um chão de banheiro tão limpo que você poderia comer sobre ele. Ser servido sempre com um sorriso. Quando os hóspedes vão para um hotel ou resort, querem o conforto de casa, além de mimos e serviços personalizados. Veja como os Hotéis Loews, o Wequassett Resort e Golf Club, além do LaQuinta Hotels, usam o treinamento para cativar seus clientes e mantê-los, para que voltem outras vezes. Como você sobrevive somente da expectativa de uma marca promissora? Nos Hotéis Loews, uma cadeia de hotéis de luxo com sede em Nova York, com 18 propriedades na América do Norte, em cidades como Miami Beach, Denver e Las Vegas, a promessa da marca é proporcionar uma experiência “de quatro diamantes ou mais” e “procurar, constantemente, maneiras de encantar os hóspedes”. Nos Hotéis Loews, reconhece-se que o treinamento dá uma significativa contribuição para fazer com que a promessa da marca seja cumprida. Treinamentos aplicados a todos os níveis da empresa, com foco em como os funcionários – não importando se são governantas, carregadores de bagagens ou o diretor de marketing – podem ajudar a cumprir essa promessa. “Isso diz respeito ao que fazemos para os clientes a fim de tornar sua experiência memorável e fazê-los querer voltar para um hotel Loews”, diz Jenny Lucas, diretor de formação e desenvolvimento dos Hotéis Loews. Este é um enfoque relativamente novo para a empresa, que mudou seu sistema em vários aspectos em resposta às demandas. A mudança começa com o departamento de treinamento. Os gerentes de treinamento nos Hotéis Loews são mais como gerentes de conhecimento. Eles não gastam muito de seu tempo em treinamento formal; em vez disso, trabalham nos departamentos e constroem relacionamentos com os funcionários a partir da base. Eles preparam boletins de avaliação do departamento todos os meses para relatar como está o desempenho e gastam bastante tempo dando instruções. “O treinamento em sala de aula faz parte do quebra-cabeça, mas sem uma verdadeira mudança de comportamento e a prestação de contas, você não completa esse quebra-cabeça”, comenta Lucas. “Nossos gerentes de treinamento estão lá fora, observando o momento do treinamento, vendo os gestores em ação, fazendo verificações no local e dando feedback. Eles são os guardiões dos serviços e das normas, por isso têm de ser acessíveis e conhecer como funcionam as operações do dia a dia”. Lucas destaca que 13 dos 18 79 gerentes de treinamento foram promovidos de cargos de linha de frente ou de operações, portanto conhecem os processos e a cultura da empresa em primeira mão. Para os funcionários da linha de frente, o treinamento transmite os padrões de serviço na sala de aula. Por exemplo, em uma aula sobre as promessas da marca, os funcionários aprendem sobre as expectativas da cultura da empresa. As aulas incluem dramatizações e simulações, do tipo ao vivo ou gravadas em vídeo, não do tipo eletrônico. O imediatismo do vídeo ou de interpretar um papel ao vivo ajuda a conduzir a mensagem, e a experiência do grupo é parte disso. Embora Lucas diga que a empresa tem interesse em integrar mais tecnologia ao treinamento, para muitos funcionários isso simplesmente não faria sentido. “Nossos gestores são os únicos que possuem computadores, e um departamento inteiro pode compartilhar um computador”, diz Lucas. “Essa abordagem faz mais sentido com base no conteúdo e nos recursos que estamos transmitindo. Estamos buscando alguns conteúdos voltados à tecnologia para os quais um computador não seria necessário, tais como podcasts, mas ainda não chegamos lá.” No nível de gestão – os Hotéis Loews têm quase 1.200 gestores –, há um treinamento de gestão central, um programa de formação para treinadores e outras oficinas de gestão (por exemplo, sobre a construção da marca) que ajudam a criar um tipo de liderança que não só pode ajudar a construir a marca, mas também pode inspirar outros a fazê-lo. Mudanças no sistema de gestão de desempenho da empresa também têm feito a promessa de a marca ficar mais gravada na mente. A empresa criou um sistema em que as avaliações individuais de desempenho dos gestores estão ligadas às suas contribuições para alcançar os objetivos da empresa. A empresa também começou a fazer um levantamento sobre a eficácia de suas práticas de formação de funcionários qualificados que têm maiores chances de ascensão por causa do seu evidente potencial. A ideia é desenvolver líderes talentosos, mas também “educar” as pessoas que absorvem a cultura e sabem como fazer um hotel ser como o Loews. O programa de alto potencial dos Hotéis Loews oferece formação complementar, planejamento do desenvolvimento da carreira e oportunidades extras para funcionários que demonstram potencial. Esse programa é integrado ao processo de avaliação de desempenho. Pergunta-se aos gerentes o que eles estão fazendo para desenvolver o seu pessoal e a resposta é parte de sua avaliação de desempenho. O foco no desenvolvimento de seu próprio pessoal compensou: as promoções internas já́ estão na marca de 55% e mais de 75% dos ex-participantes do programa de alto potencial ainda estão na empresa e foram promovidos. “O programa começou com uma atuação focada nas operações e concentrou-se nos funcionários da recepção, nos cargos de manutenção, e assim por diante”, diz Lucas. “No entanto, agora, todas as disciplinas estão no programa de maneiras diferentes.” 80 Lucas adoraria produzir mais vídeos que ajudassem a instruir os funcionários da linha de frente para fazer um bom serviço a fim de que exemplos visuais mais específicos de outras tarefas estivessem disponíveis. Apesar de alguns obstáculos que limitam a empresa no uso de aprendizagem baseada em tecnologia, Lucas quer passar a oferecer mais soluções desse tipo no local. Ela também quer aproveitar a geração conhecida como Y e, para fazer isso, seu departamento tem explorado as possibilidades do MySpace. Os Hotéis Loews não estão, na verdade, usando-o para treinamento ainda, porém Lucas sabe que o caminho para acessar a Geração Y leva ao uso de instrumentos, como iPods, podcasts e MySpace. “Há oportunidades lá; só temos de descobrir como estabelecer uma conexão com eles”, diz Lucas. FONTE: BOHLANDER, George W.; SNELL, Scott A. Administração de recursos humanos. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015. Agora responda: 1 A empresa buscou desenvolver estratégias de eficiência ou de eficácia? Explique o seu ponto de vista em relação a escolha da empresa. 2 Qual é o motivo da realização dos treinamentos nos Hotéis Loews? 3 A internet será uma boa aliada dos Recursos Humanos, dentro do texto, onde você identifica essa utilização? Os Hotéis Loews estão buscando essa alternativa para trabalhar com os seus colaboradores? 81 TÓPICO 2 ESTRUTURA DO TURISMO UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Este tópico tem por objetivo apresentar alguns instrumentos utilizados para a regulamentação do turismo, tendo em vista que a hotelaria se encontra inserida neste contexto, iremos apresentar esta estrutura de forma ampla. Para a realização de eventos, é necessário conhecer as visões políticas e demais regras exigidas pelo mercado, tanto nacional, quanto internacional. Este livro de estudos, Turismo e Hotelaria para eventos, busca contribuir com o seu conhecimento, apresentando conteúdos abrangentes,os quais são de intenso valor de mercado. A seguir, iremos conhecer um pouco sobre o papel do governo e as suas relações com o turismo. “Em nações dotadas de organização pública equilibrada, o planejamento turístico é levado a sério e equacionado de forma coerente com a realidade e o sistema de liberdade, e com o movimento de divisas da exportação e da importação [...]” (DIAS, 2002, p. 203). Beni (2019) consegue transcrever de uma forma bastante objetiva a relação estrutural do turismo, em se tratando de visões privadas e públicas, pois ambas objetivam o lucro. O Estado cria a expectativa de superávit no balanço de pagamentos na conta específica, em razão do ingresso de divisas, e as empresas que trabalham neste setor desejam prestar seus serviços em razão da lucratividade dos investimentos necessários, porém, quando se analisam as partes do sistema, verifica-se que a medida de seu rendimento está na capacidade de controle dos seus componentes e atividades, o que não está diretamente ligado ao lucro. As competências do Estado estão vinculadas não somente ao investimento na infraestrutura de apoio, mas também na implantação de programas de turismo socializado, com o objetivo de facilitar o acesso ao turismo de classes menos favorecidas economicamente. Essa ação só poderá ser atendida e viabilizada sem objetivo de lucro e recuperação de investimentos. A empresa privada igualmente terá de investir na mão de obra, buscando qualificação e aperfeiçoamento. UNIDADE 2 | CONHECENDO O PAPEL DO TURISMO E HOTELARIA 82 2 O PAPEL DO GOVERNO O governo tem o turismo como seu aliado, principalmente por trazer um acúmulo de receitas positivas, e em contrapartida disso, necessita realizar algumas parcerias com a comunidade nas promoções dos destinos, porém, há algumas formas do governo realizar isto, de acordo com Chon (2014), é desenvolver infraestrutura em suas propriedades, como parques nacionais, monumentos e atrações históricas. Muitos governos envolvem-se no planejamento e na promoção de locais desenvolvidos pelo setor privado. Podem conduzir dinheiro, por meio de títulos públicos e impostos, para ajudar a construir centros de convenções e estádios, ou reduzindo ou criando impostos para estabelecimentos, a fim de atrair negócios para determinado local. Isso permite que uma empresa utilize a maior parte de suas finanças no desenvolvimento da localidade; ou pode tornar financeiramente viável um empreendimento que, sem usufruir de benefícios fiscais, não seria lucrativo. Esses recursos provenientes do governo podem ser: [...] utilizados no desenvolvimento e na operação de sistemas de trânsito de massa, aeroportos, docas e rodovias. Água encanada, saneamento básico e energia elétrica também fazem parte da infraestrutura de uma área, que deve ser capaz de lidar com o aumento populacional ocasionado pelo turismo. Outro papel do governo relacionado ao turismo é o controle do fluxo de pessoas que cruzam suas fronteiras. Muitos governos emitem passaportes para identificar cidadãos que estão viajando ou morando em outros países. Quando dois países mantêm relações diplomáticas entre si e negociam acordos comerciais e de viagens, eles determinam os requisitos para que cidadãos de um país viajem e trabalhem no outro. Esse acordo mútuo determina se os cidadãos podem viajar livremente, como, entre os Estados Unidos e o Canadá, ou se passaportes e vistos serão necessários. Um viajante recebe um passaporte de seu país de origem, mas o visto é fornecido pelo país em que o visitante está entrando. Tantas pessoas estão viajando hoje para tantos lugares diferentes, frequentemente por curtos períodos de tempo, que tem sido cada vez mais difícil para a alfândega e para a imigração identificar quem viaja ilegalmente. Além disso, a tecnologia está proporcionando a muitos desses viajantes ilegais a possibilidade de obter e utilizar documentos falsos e aparentemente autêntico (CHON, 2014, p. 36). A geração de renda para o setor público, através do turismo, é representada por impostos diretos e indiretos incidentes sobre a renda total gerada no âmbito do sistema econômico (BENI, 2019). O turismo pode ser estimulado pelo governo ou pela indústria sem uma estratégia global, sem atenção à legislação (planejamento adequado e leis de proteção à natureza), sem a consulta ou inserção das comunidades locais e sem projetos eficientes de gerenciamento da área de proteção (WEARING, 2014). TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO TURISMO 83 Em se tratando de turismo internacional ele sempre tem sido afetado pelas políticas dos países, e como os transportes estão inclusos no turismo, ele também acaba sendo afetado. Os principais obstáculos à comunicação, mais do que as próprias distâncias, ainda são as barreiras de controle de alfândega e de imigração (disponibilidade de visto/retirada de visto). No transporte ferroviário e rodoviário, as fronteiras entre os países têm sido o local de controle; no transporte marítimo, tais controles são realizados no porto de transferência; entretanto, no transporte aéreo, o terminal aeroportuário é o ponto desse processo (COOPER et al., 2008). NOTA Confira as regras para retirada de vistos em diversos países Brasileiros passam por triagem na Embaixada dos Estados Unidos antes de entrevista para obter o visto. O visto é a permissão de entrada concedida por um país ao cidadão estrangeiro e varia de acordo com a duração e o objetivo da viagem. Os brasileiros que desejam obter o visto de entrada em outros países devem comparecer ao consulado ou embaixada do país de destino. Estados Unidos, Japão, China, Índia, entre outros, são algumas das nações que exigem a documentação nos passaportes brasileiros, assim como a maioria dos países de Oceania, África e Europa oriental. Nações da Europa Ocidental e América Latina não solicitam visto para turistas brasileiros, devido a um acordo de reciprocidade com o Brasil. O Ministério de Relações Exteriores recomenda que o interessado em viajar para fora do Brasil preencha o maior número possível de informações no formulário obrigatório, o Sistema de Controle e Emissão de Documentos de Viagem (SCEDV), para assim reduzir o prazo de processamento do pedido solicitado. Depois, é necessário entregar o protocolo assinado, com os documentos originais do respectivo viajante e ainda um comprovante de pagamento de rendimentos ao agente consular na embaixada ou consulado respectivo. Todo o processo pode ser acompanhado pelo site do Sistema de Controle e Emissão de Documentos de Viagem (SCEDV). CONFIRA AS REGRAS PARA RETIRADA DE VISTOS EM DIVERSOS PAÍSES. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/noticias/turismo/2012/04/confira-as-regras-para-retirada-de- vistos-em-diversos-paises>. Acesso em: 13 maio 2019. 3 AS ORGANIZAÇÕES QUE PROMOVEM O TURISMO E A HOTELARIA Iremos elencar algumas agências em nível local, nacional e internacional que corroboram com o desenvolvimento do Turismo e da Hotelaria. UNIDADE 2 | CONHECENDO O PAPEL DO TURISMO E HOTELARIA 84 Quando percebemos o turismo como um produto, e percebemos a sua rentabilidade e geração de empregos, percebemos a sua importância em toda parte do mundo. Neste sentido, a organização deve ser realizada, a fim de que o produto se torne de fato uma oferta, em relação a essa organização, podemos afirmar que: O grau de organização e de envolvimento dos organismos oficiais de caráter nacional, regional ou local é o fator determinante da orientação ou atração da demanda, cuja tendência é desenvolver-se sempre mais, na medida das manifestações de interesse que os turistas percebam pelo tratamento que lhes é dado nos países que os recebem (ANDRADE, 2002, p. 206). Wearing (2014, p. XVI) cita que: O turismo é muito valorizado por diversos países e, muitas vezes, desempenha um importante papel nas estratégias de desenvolvimento. O turismo é bastante promovido, e os representantes da indústria são cortejados pelos governos em razão de seu significativopotencial de sustentar o câmbio e os empregos locais. Praticamente todos os países possuem organismos, que são exclusivos, para o tratamento do turismo (interno e externo). Nos países adiantados e cultos, eles trabalham bem, já nos outros, não passam de barreiras à empresa privada e de fontes geradoras de formalidades burocráticas e empecilhos às liberdades dos habitantes da cidade (ANDRADE, 2002). 3.1 NÍVEL INTERNACIONAL É relevante afirmar que o turismo é caracterizado como atividade de paz, pois apresenta-se como modelo de convivência, e de procura de meios que levem a soluções definitivas, utilizando-se de reuniões, convenções, simpósios e entidades de caráter internacional, destinadas aos diversos setores turísticos, desde 1907, quando em Bruxelas foi realizado a Central Office of Internacional Organizations (tradução literal significa Escritório Central de Organizações Internacionais) que, em 1951, passou a chamar-se Union of International Associations (que na tradução livre significa União de Associações Internacionais) e anualmente edita várias publicações informativas e livros para seus associados (ANDRADE, 2002). De acordo com Chon (2014), uma das mais importantes organizações do turismo é a Organização Mundial do Turismo (OMT), que tem a sua sede em Madri, na Espanha, e funciona como uma agência de consultoria para as Nações Unidas (desde 2003). Os principais objetivos da OMT são promover e desenvolver o turismo visando ao progresso de todas as nações no âmbito: • econômico; • social e • cultural. TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO TURISMO 85 A Organização Mundial do Turismo (OMT) que foi criada em 1925 já foi chamada de International Union of Official Travel Organisation (IUOTO) que em português significa União Internacional de Organizações Oficiais de Viagens. Nesta época sua função era de uma organização internacional não governamental que reunia associações privadas e governamentais de turismo. Sua missão consiste em promover o turismo sustentável, responsável e universalmente acessível como indutor do desenvolvimento inclusivo (SEBRAE, 2019). A organização procura promover a paz, a saúde e a prosperidade ao redor do mundo. Também trabalha para facilitar o acesso das pessoas à educação e à cultura por meio das viagens. A OMT realiza um fórum para buscar soluções para problemas que afetam turistas em todos os lugares, como o terrorismo internacional. Conduz pesquisas a fim de encontrar possíveis soluções para os problemas e identificar as tendências mundiais da indústria. Os resultados dessas pesquisas permitem que a OMT forneça informações valiosas para as agências de promoção de cada país (CHON, 2014, p. 37). Dentro desta linha de pensamento, o SEBRAE (2019, s.p.), cita que: [...] as ações da OMT são direcionadas para a geração de conhecimento sobre o mercado de turismo, a promoção de políticas e instrumentos de apoio ao turismo, o incentivo à educação e à formação bem como a oferta de capacitações e assistência técnica. A Organização também contribui para disseminar o Código de Ética Mundial para o Turismo com o intuito de maximizar a contribuição socioeconômica do turismo e minimizar possíveis impactos negativos. “[...] a OMT é composta por 155 países, seis membros associados e mais de 400 membros afiliados que representam o setor privado, instituições educacionais, associações e autoridades locais de turismo” (SEBRAE, 2019, s.p.). Outras duas organizações internacionais importantes são a Organization for Economic Cooperation and Development (OECD) que em português é chamada de Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e a Pacific Asia Travel Association (Pata) (que na tradução literal significa Associação de Viagens do Pacífico Asiático). A primeira é uma organização multinacional criada em 1960 para incentivar o incremento do turismo planejado como forma de comércio mundial. A Pata é uma organização composta por enviados de governo e de empresas privadas que promovem e monitoram viagens entre países da orla do Pacífico (CHON, 2014). Se tratando de transporte aéreo, podemos citar a International Airline Transport Association (IATA), que até o final dos anos 1970 era o órgão de controle mundial do transporte aéreo, sendo uma associação de comércio para as companhias aéreas, mas representando também os governos. A influência da IATA varia de continente para continente, mas ainda é intensa em partes da Europa, África e América Latina (COOPER et al., 2008). UNIDADE 2 | CONHECENDO O PAPEL DO TURISMO E HOTELARIA 86 DICAS De 57 membros fundadores em 1945, a IATA representa agora cerca de 290 companhias aéreas em 120 países. Com 82% do tráfego aéreo mundial, os membros da IATA incluem as principais linhas aéreas de passageiros e carga do mundo. A associação à IATA está aberta a companhias aéreas que operam serviços aéreos regulares e não regulares que mantêm um registro de Auditoria de Segurança Operacional da IATA (IOSA). FONTE: <https://www.iata.org/about/members/Pages/index.aspx>. Acesso em: 16 jan. 2019. Você notou como o estudo das organizações que promovem o turismo são importantes? Conseguiria imaginar que o turismo era composto por tantos órgãos? Como citado anteriormente, o turismo mudou muito e muitas áreas criadas foram de suma importância para o crescimento do turismo. Aqui podemos apresentar a criação do Convention & Visitors Bureaux (CVBx). Os CVBx “[...] são estruturas independentes, não governamentais, apartidárias, sem fins lucrativos, com a missão de promover o desenvolvimento econômico e social do destino que representa, através do incentivo e fomento da indústria do turismo” (BRASIL CVB, 2019). Em se tratando de história, podemos definir que o primeiro Convention do mundo constituiu pela motivação de um artigo do jornalista Milton Carmichael no periódico The Detroit Journal (na tradução literária significa “O Jornal Detroit”), em 6 de fevereiro de 1896, o qual apresentava de forma questionadora a passividade dos empresários locais com relação aos benefícios da vinda de visitantes para a cidade. Esse artigo apresentava uma visão em que os empresários deveriam parar de promover a concorrência predatória entre seus empreendimentos, olhando cada um para seus próprios negócios, e privilegiar uma visão global e estratégica do mercado, de forma coletiva em favor do desenvolvimento econômico da cidade como um todo. O jornalista queria apresentar uma visão que acabaria por beneficiar cada um dos participantes, contendo o embrião do associativismo no setor de turismo. No fundo, Carmichael promovia as vantagens de se colocar o bem comum acima do bem individual, ou seja, incentivava o associativismo em favor da comunidade (BRASIL CVB, 2019). “A independência financeira e a ausência de qualquer ingerência política são, até hoje, um dos traços mais marcantes dos CVBx em todo o mundo” (BRASIL CVB, 2019, s.p.). Neste momento apresentaremos o World Travel & Tourism Council (WTTC), que é em português conhecido como Conselho Mundial de Viagens e Turismo: O World Travel & Tourism Council (WTTC) é o órgão que representa o setor privado de Viagens & Turismo em todo o mundo. Nossos membros incluem mais de 170 CEOs, presidentes e presidentes das principais empresas de viagens e turismo do mundo, de todas as TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO TURISMO 87 regiões, abrangendo todas as indústrias. O WTTC trabalha para aumentar a conscientização sobre viagens e turismo como um dos maiores setores econômicos do mundo, apoiando um em cada 10 empregos (313 milhões) em todo o mundo e gerando 10,4% do PIB mundial. O WTTC realiza pesquisas sobre o impacto econômico de viagens e turismo em 185 países há mais de 25 anos. Em 2017, a indústria de Viagens & Turismo teve um crescimento de 4,6% em comparação com a economia global (3%). Um em cada cinco novos empregos foi criado pela indústria e é por isso que o WTTC é o melhor parceiro para os governos criarem empregos. Nossas prioridadessão: Facilitação de segurança e viagens, preparação para crises, gerenciamento e recuperação e crescimento sustentável (WTTC, 2019). O WTTC (2019) “[...] trabalha para aumentar a conscientização sobre viagens e turismo como um dos maiores setores do mundo, empregando 1 em cada 10 pessoas e gerando aproximadamente 10,4% do PIB mundial” (WTTC, 2019). O artigo a seguir apresenta algumas informações pertinentes a atuação do WTTC com o Brasil, especificamente o setor de Ecoturismo, assunto do qual estaremos abordando nesta mesma unidade, no Tópico 3. PASSEIOS DE ECOTURISMO EM MS SÃO FINALISTAS EM CERTAME INTERNACIONAL DO SETOR Atrativos localizados em Jardim e Bonito disputam prêmio de sustentabilidade do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) O investimento constante em inovação e sustentabilidade, além de boas práticas no atendimento ao turista e no relacionamento com a comunidade, levaram três passeios oferecidos por uma empresa familiar de ecoturismo do Mato Grosso do Sul ao reconhecimento internacional. As indicações ao prêmio de sustentabilidade do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês) deste ano destacam empresas que lideram negócios sustentáveis no ramo de Viagens no mundo todo, proporcionando o desenvolvimento econômico local e da atividade turística. Os passeios indicados como finalistas são: flutuação no Rio da Prata, flutuação com mergulho na Lagoa Misteriosa e trilha com cachoeira na Estância Mimosa. Os produtos turísticos estão entre os mais procurados do destino sul-mato-grossense de natureza e aventura formado por Jardim, Bonito e Bodoquena. A região é um dos principais polos brasileiros de ecoturismo, devido à rara beleza natural de rios cristalinos, cachoeiras, grutas, matas, fauna e flora. Juntos, os atrativos recebem cerca de 50 mil visitantes por ano; já a média diária de visitação varia entre 120 e 150 turistas, de acordo com a capacidade de cada atrativo. Os passeios são resultado de um projeto familiar que colocou em prática a capacidade de empreender e inovar, com o propósito de criar um modelo UNIDADE 2 | CONHECENDO O PAPEL DO TURISMO E HOTELARIA 88 de ecoturismo organizado com visitação limitada, focado em qualidade e segurança, além de economicamente viável. “Estamos extremamente honrados com a distinção internacional. Só estamos entre os finalistas devido ao trabalho de longo prazo que desenvolvemos com nossa equipe, parceiros e trade turísticos, buscando sempre qualidade, sustentabilidade e desenvolvimento regional", diz Luiza Coelho, diretora de sustentabilidade da empresa. O grupo conta com certificação internacional continuada do Sistema de Gestão de Segurança dos atrativos visitados pelos turistas. O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, elogia o modelo de negócio que protege os recursos do meio ambiente ao mesmo tempo em que estabelece uma parceria bem-sucedida pelo desenvolvimento turístico. “Os atrativos naturais alavancam o desenvolvimento regional, valorizando produtos locais como artesanato e culinária, e gerando emprego e renda, além de promover a educação ambiental. Este exemplo é a prova de que quando turismo e preservação caminham juntos os resultados são extremamente positivos para o país”, parabenizou. A EXPERIÊNCIA – Os passeios proporcionam ao visitante uma experiência única de interação com a natureza. Os grupos são limitados a 9 pessoas mais o condutor. A flutuação no Rio da Prata é uma atividade turística de baixo impacto ambiental e segura, numa suave correnteza que leva o visitante a conhecer o mundo subaquático. O turista é conduzido calmamente sem tocar no fundo do rio habitado por cardumes coloridos, diversas espécies de plantas, além de aves aquáticas, também presentes na Estância Mimosa. A estância é cortada pelo rio Mimoso com sete cachoeiras, entre outras opções de banho. Já a Lagoa Misteriosa oferece passeio de flutuação para iniciantes e mergulho com cilindro para os mais experientes. A lagoa tem águas cristalinas e é formada por uma dolina de 75 metros de profundidade de descida até o espelho d’ água. O local comporta até 10 turistas por mergulho. A 8 metros de profundidade formam-se dois poços, com cerca de 10 metros de diâmetro, que descem verticalmente para mais de 220 metros de profundidade. A luz do sol sobre o abismo de águas transparentes atinge 40 metros de profundidade e transforma a Lagoa Misteriosa em um ambiente paradisíaco. FONTE: GURGEL, Geraldo. Passeios de ecoturismo em MS são finalistas em certame internacional do setor: atrativos localizados em Jardim e Bonito disputam prêmio de sustentabilidade do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC). Disponível em: http:// www.turismo.gov.br/%C3%BAltimas-not%C3%ADcias/12307-passeios-de-ecoturismo-em-ms- s%C3%A3o-finalistas-em-certame-internacional-do-setor.html. Acesso em: 23 jan. 2019. TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO TURISMO 89 Como foi possível notar no texto, os atrativos turísticos estão, de alguma maneira, interligados por esses órgãos e muitas vezes não conseguimos imaginar a sua importância sem elencar um exemplo prático. Esperamos que com essa matéria você tenha conseguido compreender um pouco mais da teoria aplicada na prática. E por fim, mas não menos importante, temos a Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), que é uma agência especializada das Nações Unidas que tem como objetivo promover o desenvolvimento seguro e ordenado da aviação civil mundial, por meio da declaração de normas e regulamentos necessários para a segurança, eficiência e regularidade aéreas, bem como para a proteção ambiental da aviação. Sua sede é em Montreal, no Canadá. A OACI é a principal organização governamental de aviação civil, sendo formada por 191 Estados-contratantes e representantes da indústria e de profissionais da aviação. A ela cabe a elaboração de padrões e práticas recomendadas, conhecidas como SARPs (do inglês Standard and Recommended Practices), os quais delimitam a atuação das autoridades de aviação civil em todo o mundo. As SARPs tratam de aspectos técnicos e operacionais da aviação civil internacional, como, por exemplo, segurança, licença de pessoal, operação de aeronaves, aeródromos, serviços de tráfego aéreo, investigação de acidentes e meio ambiente (ANAC, 2019). 3.2 NÍVEL NACIONAL Em relação a qualificação do potencial turístico do Brasil, Andrade (2002, p. 205) apresenta a seguinte afirmação: Ora, a determinação das diretrizes para o melhor uso de todos os bens nacionais é um dever do Estado, que deve exercê-lo através de organismos públicos ou particulares, com autonomia de negociação com os cidadãos e o empresariado, para alcançar a otimização do turismo. Tais organismos que operam em nome de países, regiões e locais, por autoridade própria ou poder delegado, denominam- se organismos oficiais de turismo, de cuja atuação, prestígio e credibilidade em muito depende a valorização da oferta e a qualificação da demanda, perante os organismos internacionais e as empresas turísticas que operam em todo o mundo. “O Sebrae é membro afiliado da OMT desde 2004. Essa vinculação possibilita o acesso a dados técnicos de diferentes áreas do turismo e a composição de rede de relacionamento com instituições e empresas do Brasil e do exterior” (SEBRAE, 2019, s.p.). Possuímos no Brasil o Ministérios do Turismo e as Relações Internacionais, conforme realizamos a leitura anterior, sem a parceria de diversos setores, o turismo não é desenvolvido. No Brasil não seria diferente. UNIDADE 2 | CONHECENDO O PAPEL DO TURISMO E HOTELARIA 90 O Ministério do Turismo (Mtur) tem como meta “Desenvolver o turismo como uma atividade econômica sustentável, com papel relevante na geração de empregos e divisas, proporcionando a inclusão social” (BRASIL, 2019, s.p.). A gestão descentralizada, através de um pensamento estratégico, é modelo de trabalho que o Ministério do Turismo utiliza, inovando na condução de políticas públicas. Quando tratamosde estrutura organizacional, podemos citar a Secretaria Nacional de Estruturação do Turismo, com foco na infraestrutura turística e no planejamento, ordenamento, estruturação e gestão das regiões turísticas do Mapa do Turismo Brasileiro e a Secretaria Nacional de Qualificação e Promoção do Turismo, focada para a formalização e qualificação no turismo e para o marketing e apoio à comercialização dos destinos turísticos em âmbito nacional (BRASIL, 2019). Vale lembrar que a Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), fundada em 18 de novembro de 1966, como Empresa Brasileira de Turismo, apresentava o objetivo de promover a atividade turística ao viabilizar condições para a geração de emprego, renda e desenvolvimento em todo o Brasil e desde janeiro de 2003, com a instituição do Ministério do Turismo, a atuação da Embratur concentra-se na promoção, no marketing e no apoio à comercialização dos produtos, serviços e destinos turísticos brasileiros no exterior (BRASIL, 2019). Já a Confederação Nacional do Turismo (CNTur) é uma instituição sindical patronal de 3° grau representante do setor do Turismo no Brasil. Obteve seu reconhecimento através de ato do Ministério do Trabalho e Emprego publicado no DOU de 28 de janeiro de 2009, tendo como objetivo a coordenação e representação do setor produtivo do Turismo do país em nível nacional, junto aos órgãos públicos e organismos privados. Teve também a aprovação pela mais alta corte do país, pela 2ª turma do Superior Tribunal Federal, em 30 de setembro de 2014. Assim, a CNTur é formada por 7 federações e 130 sindicatos patronais, abrangendo todo o território nacional. Podem filiar-se à CNTur os segmentos nacionais de hotéis e todos os tipos de meios de hospedagem, de restaurantes comerciais e coletivos, bares e todos os tipos de empresa fixa de alimentação preparada, de casas noturnas e de lazer, de organizadores de eventos, de parques temáticos, de agências de viagem e operadores de turismo, e de clubes esportivos, sociais e de recreação. Seu corpo deliberativo é composto por uma Diretoria de Administração, um Conselho de Representantes e um Conselho Fiscal. Já o corpo consultivo é formado pelo Conselho Sindical, pelo CENTUR – Conselho Nacional das Entidades de Turismo, o ConCNTur – Conselhos Estaduais das Entidades de Turismo, as Diretorias Estaduais de Representação, os Conselhos Técnicos de Orientação, o CONJUR – Conselho Superior de Assuntos Jurídicos, o Conselho Superior de Planejamento Estratégico, o Conselho Superior de Assuntos Econômicos e o Conselho de Notáveis do Turismo. Integralmente a CNTUR é representada por cerca de 1.200 diretores e conselheiros em todo o país, que levam o bom nome e a defesa do Turismo Brasileiro (CNTUR, 2019). TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO TURISMO 91 Podemos analisar os objetivos da CNTUR (2019) através dos itens elencados no quadro a seguir: QUADRO 3 – OBJETIVOS ESTATUÁRIOS DA ENTIDADE 1. Representar no plano nacional os direitos e interesses das categorias econômicas representadas pela entidade. 2. Eleger ou designar representantes das categorias representadas junto aos órgãos de jurisdição nacional. 3. Conciliar divergências e conflitos entre Federações associadas e Sindicatos, e outras empresas das categorias representadas. 4. Celebrar convenções ou contratos coletivos de trabalho, e bem como prestar assistência nos acordos coletivos nas localidades onde não haja Sindicato ou Federação representativa das categorias econômicas abrangidas. 5. Exercer em favor das categorias econômicas representadas, bem como das categorias profissionais correspondentes, ampla ação social e de formação profissional, criando, implementando e institucionalizando os órgãos que se fizerem necessários na conformidade da legislação vigente. 6. Representar perante as autoridades administrativas, executivas, legislativas e judiciais, em todas as instâncias e todos os graus de jurisdição, os interesses individuais ou coletivos das Federações associadas e de seus Sindicatos, e de igual forma os interesses individuais ou coletivos das empresas integrantes das categorias representadas. 7. Patrocinar congressos, cursos, convenções, seminários e publicações relacionadas às categorias representadas. FONTE: Adaptado de CNTUR (2019) Quando falamos de turismo, a parte intangível, ou seja, aquilo que não se pode tocar é a parte mais importante de todo o processo. Como foram citados acima, diversos órgãos ajudam a organizar o nosso turismo. Temos ainda mais um importante organismo em nível nacional para apresentar para você: Brasil Convention & Visitors Bureau. “O Brasil Convention & Visitors Bureau é constituído exclusivamente por entidades que atuem como “Convention & Visitors Bureau”, no território brasileiro e tem por finalidade promover e representar os seus associados em todo e qualquer pleito do interesse do segmento de atividade por elas integrado” (BRASIL CVB, 2019). UNIDADE 2 | CONHECENDO O PAPEL DO TURISMO E HOTELARIA 92 QUADRO 4 – OBJETIVOS DO BRASIL CONVENTION & VISITORS BUREAU Promover e cultivar o inter-relacionamento das entidades associadas, incentivando, em especial, o intercâmbio de experiências e informações. Diligenciar junto aos poderes públicos, apresentando-lhes alternativas e auxiliando na tomada de decisões que visem ao fomento do Turismo Brasileiro, particularmente o Turismo de Eventos. Contribuir para o aperfeiçoamento das entidades associadas, visando a qualificação no desempenho de suas atividades. Exercer, de modo geral, as atribuições que, por lei e pelos usos e costumes de nosso país, sejam reservadas às associações civis. FONTE: Adaptado de Brasil CVB (2019) Muitos destinos brasileiros inventaram os seus CVBx (BRASIL CVB, 2019), os quais podemos citar: Paraná: • 1998: Iguassu Convention & Visitors Bureau e o Londrina Convention & Visitors Bureau. • 2000: os empresários da capital que constituíram o Curitiba Convention & Visitors Bureau. • 2003: os empresários de Maringá e Região configuraram o Maringá e Região Convention & Visitors Bureau. • 2005: Ponta Grossa Convention & Visitors Bureau. Rio de Janeiro: • 1984: na cidade do Rio de Janeiro, foi fundado o segundo Convention & Visitors Bureau Brasileiro. • 1994: na cidade de Petrópolis. • 2003: em Teresópolis. • 2004: Nova Friburgo. • 2005: em Búzios. • 2005: Cabo Frio. • 2008: Macaé e Paraty. • 2009: Rio das Ostras e Angra dos Reis. • 2010: Campos dos Goytacazes. • 2011: Araruama. • 2015: Itaboraí. No Brasil, também podemos destacar um importante órgão na área da aviação, que é a Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC. A ANAC atua para promover a segurança da aviação civil e para incitar a concorrência e a melhoria da prestação dos serviços no setor. O foco da ANAC incide em elaborar normas, TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO TURISMO 93 DICAS Caro acadêmico, a seguir estão nomeados alguns sites brasileiros para pesquisa sobre setor de Turismo e Hotelaria, os quais, você poderá ampliar a sua pesquisa sobre o setor: <http://www.abih.com.br> <http://www.brasilturis.com.br> <http://www.businesstravel.com.br> <http://www.copa2014.org.br> <http://www.diariodoturismo.com.br> <http://www.fnhrbs.com.br> <http://www.hoteliernews.com.br> <http://www.hotelonline.com.br> <http://www.mercadoeeventos.com.br> <http://www.panrotas.com.br> <http://www.revistahoteis.com.br> <http://www.spturis.com> <http://www.turismo.gov.br/dadosefatos> <http://www.visitesaopaulo.com> <http://www.sp.senac.br/placardahotelaria>. FONTE: Chon (2014) certificar empresas, oficinas, escolas, profissionais da aviação civil, aeródromos e aeroportos e fiscalizar as operações de aeronaves, de empresas aéreas, de aeroportos e de profissionais do setor e de aeroportos, com foco na segurança e na qualidade do transporte aéreo (ANAC, 2019). 94 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • O governo tem o turismo como seu aliado. • Muitos governos envolvem-se no planejamento e na promoçãode locais desenvolvidos pelo setor privado. Podem conduzir dinheiro, por meio de títulos públicos e impostos, para ajudar a construir centros de convenções e estádios, ou reduzindo ou criando impostos para estabelecimentos, a fim de atrair negócios para determinado local. • Em se tratando de turismo internacional ele sempre tem sido afetado pelas políticas dos países, e como os transportes estão inclusos no turismo, ele também acaba sendo afetado. • Praticamente todos os países possuem organismos, que são exclusivos, para o tratamento do turismo (interno e externo). • Uma das mais importantes organizações do turismo é a Organização Mundial do Turismo (OMT), que tem a sua sede em Madri, na Espanha, e funciona como uma agência de consultoria para as Nações Unidas (desde 2003). • Os principais objetivos da OMT são promover e desenvolver o turismo visando ao progresso de todas as nações no âmbito: econômico, social e cultural. • A Organization for Economic Cooperation and Development (OECD) é uma organização multinacional criada em 1960 para incentivar o incremento do turismo planejado como forma de comércio mundial. • Pacific Asia Travel Association (Pata) é uma organização composta por enviados de governo e de empresas privadas que promovem e monitoram viagens entre países da orla do Pacífico. • De 57 membros fundadores em 1945, a IATA representa agora cerca de 290 companhias aéreas em 120 países. Com 82% do tráfego aéreo mundial, os membros da IATA incluem as principais linhas aéreas de passageiros e carga do mundo. • Convention & Visitors Bureaux (CVBx) “[...] são estruturas independentes, não governamentais, apartidárias, sem fins lucrativos, com a missão de promover o desenvolvimento econômico e social do destino que representa, através do incentivo e fomento da indústria do turismo” (BRASIL CVB, 2019). 95 • O World Travel & Tourism Council (WTTC) é o órgão que representa o setor privado de Viagens & Turismo em todo o mundo. • A Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) é uma agência especializada das Nações Unidas que tem como objetivo promover o desenvolvimento seguro e ordenado da aviação civil mundial, por meio da declaração de normas e regulamentos necessários para a segurança, eficiência e regularidade aéreas, bem como para a proteção ambiental da aviação. • O Ministério do Turismo (Mtur) tem como meta “Desenvolver o turismo como uma atividade econômica sustentável, com papel relevante na geração de empregos e divisas, proporcionando a inclusão social” (BRASIL, 2019). • A Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) apresentava o objetivo de promover a atividade turística ao viabilizar condições para a geração de emprego, renda e desenvolvimento em todo no Brasil todo e desde janeiro de 2003, com a instituição do Ministério do Turismo, a atuação da Embratur concentra-se na promoção, no marketing e no apoio à comercialização dos produtos, serviços e destinos turísticos brasileiros no exterior (BRASIL, 2019). • A Confederação Nacional do Turismo (CNTUR) é uma instituição sindical patronal de 3° grau representante do setor do Turismo no Brasil. • O Brasil Convention & Visitors Bureau é um importante organismo em nível nacional e é “[...] constituído exclusivamente por entidades que atuem como “Convention & Visitors Bureau” no território brasileiro e tem por finalidade promover e representar os seus associados em todo e qualquer pleito do interesse do segmento de atividade por elas integrado” (BRASIL CVB, 2019). • Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC atua para promover a segurança da aviação civil e para incitar a concorrência e a melhoria da prestação dos serviços no setor. 96 AUTOATIVIDADE 1 (ADAPTADO DE ENADE – TURISMO 2018 – QUESTÃO 15) O turismo é considerado uma atividade com capacidade de fomentar o crescimento econômico mundial e de gerar desenvolvimento, diretamente relacionado ao bom desempenho do produto interno bruto (PIB) de diversos países. Em princípio, os papéis de fomento e controle da atividade devem ser de responsabilidade do conjunto de agentes públicos e privados que atuam no setor. Cabe, porém, ao Estado a prerrogativa de ditar políticas orientadoras do planejamento e da gestão do turismo em todos os níveis de governo, assim como no setor privado. No tocante às responsabilidades institucionais na gestão do turismo, assinale a opção correta: a) ( ) Cabe às secretarias municipais de turismo implementar políticas de estímulo ao comércio, ao setor de serviços e à inovação empresarial, para promover desenvolvimento econômico. b) ( ) Cabe à Organização Mundial do Turismo (OMT) planejar e organizar o calendário turístico brasileiro, promovendo e apoiando festividades, comemorações e eventos programados. c) ( ) Cabe ao Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) fomentar a promoção, o marketing e a comercialização dos destinos, serviços e produtos turísticos brasileiros no mercado doméstico. d) ( ) Cabe ao Ministério do Turismo potencializar negócios relacionados a viagens e viabilizar os interesses coletivos dos agentes de viagens no Brasil. 2 (ADAPTADO DE ENADE – TURISMO 2018 – QUESTÃO 21) Uma ativista russa criou uma petição on-line pedindo a punição dos brasileiros que fizeram um vídeo com insultos a uma mulher estrangeira durante a Copa do Mundo de 2018. Ela ainda exigiu que o grupo fizesse um pedido público de desculpas ao povo russo. Nas imagens, um grupo de brasileiros faz uma mulher estrangeira repetir palavras chulas em referência ao órgão sexual feminino. Segundo a ativista, a legislação russa prevê uma série de opções para punir pessoas que humilham a honra e a dignidade alheias, entre elas, a de pagamento de multa administrativa no valor de até 3 mil rublos. O abaixo-assinado é endereçado à Embaixada brasileira em Moscou e ao Ministério de Assuntos Interiores russo. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/brasil/russa-faz-abaixo-assinado-pedindo-punicao- de-brasileiros-de-video-machista/>. Acesso em: 17 jul. 2018 (adaptado). Considerando o caso apresentado, avalie as afirmações a seguir. I- O Ministério do Turismo do Brasil é responsável pelo delito cometido, visto que não informou aos turistas brasileiros as condutas consideradas criminosas na Rússia, deixando-os vulneráveis a delitos e punições. 97 II- As empresas de turismo que prestaram serviço a esse grupo de brasileiros são corresponsáveis no crime cometido pelos clientes em viagem ao exterior. III- Os turistas brasileiros são considerados pelo Estado russo como responsáveis por seus atos, conforme a legislação do país e o entendimento dos órgãos competentes para analisar a ocorrências de crime ou de ato ilícito. É correto o que se afirma em: a) ( ) I, apenas. b) ( ) III, apenas. c) ( ) I e II. d) ( ) II e III. 3 (ADAPTADO DE ENADE – TURISMO 2018 – QUESTÃO 25) O Ministério do Turismo, em conjunto com outras organizações, desenvolveu o Projeto Economia da Experiência, com o objetivo de aplicar e disseminar esse conceito em vários empreendimentos turísticos brasileiros, a fim de auxiliá- los na inovação dos seus atrativos e propor aos empresários uma reflexão sobre os desejos, as necessidades e as exigências do turista contemporâneo. O projeto-piloto foi desenvolvido na Região Uva e Vinho, no Rio Grande do Sul, obtendo resultados promissores. Em uma das etapas seguintes do projeto foi realizada uma pesquisa com operadores do setor turístico e os resultados demonstraram que o público que consome o turismo de experiência tem entre 35 e 50 anos de idade e pertence às classes socioeconômicas A e B. Esse grupo tem como motivação para suas viagens a interação com a população local, a vivência da cultura, a contemplação e interação com a natureza e o autoconhecimento. Disponível em: <http://www.turismo.gov.br>. Acesso em: 15 jul. 2018 (adaptado). Considerando as informações no texto, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I- Osempreendimentos turísticos, além de cumprir com os serviços básicos, devem agregar valor ao seu produto, fornecendo atividades diferenciadas que atendam aos interesses dos turistas, com foco em experiências memoráveis. PORQUE II- O turista contemporâneo tem uma postura mais ativa e participativa, o que requer a adequação da oferta turística. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta: a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. 98 99 TÓPICO 3 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS MODALIDADES DE TURISMO: TIPOS DE TURISMO E DE TRANSPORTE UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Caro acadêmico, vamos refletir um pouco? Lembre-se da última vez que você e sua família realizaram uma viagem de férias. O primeiro passo foi a escolha de um destino. Um destino é uma localidade que turistas escolhem visitar e para passar um tempo, não importando quais sejam suas motivações, necessidades e expectativas. Você com certeza precisou de algum meio de transporte, próprio ou alugado. Durante as férias, provavelmente comprou comida, pagou acomodação temporária e deve ter comprado lembranças ou outras coisas em lojas de presentes ou butiques. Todas essas ações estão inter-relacionadas e são componentes do turismo e da hospitalidade. Sem atrações e estabelecimentos de hospitalidade, geralmente não há uma localidade turística popular; sem uma localidade turística popular, pode não haver necessidade de um aeroporto; sem aeroporto, é menor a necessidade de um agente de viagens. Há interdependência entre os componentes de hospitalidade, viagens e turismo (CHON, 2014). Convidamos você a embarcar nesta viagem! Vamos? 2 TIPOLOGIA DO TURISMO A motivação é uma das mais importantes características do turista, e cabe a nós identificarmos qual é a sua real necessidade. Dentro dos eventos, inúmeras oportunidades poderão ser trabalhadas, e para que isso aconteça, o turismo deve ser compreendido. Há de se esclarecer que diversos autores apresentam as mais variadas tipologias de turismo, cabe destacar as mais citadas, que serão apresentadas a seguir. 100 UNIDADE 2 | CONHECENDO O PAPEL DO TURISMO E HOTELARIA 2.1 ECOTURISMO A ideia de que o turismo fundamentado na natureza poderia harmonizar benefícios sociais e ambientais, brotou na consciência popular no final da década de 1980, tornando-se praticamente um fenômeno na década de 1990. Em diversos países, o ecoturismo transformou-se em um respeitável tema, gerando um sem-número de conferências e novos cursos e estimulando políticas de desenvolvimento em todos os níveis de governo, na indústria do turismo e no movimento ambientalista. Com a publicação do Relatório Brundtland, conhecido como Our Common Future (“Nosso Futuro Comum”), em 1987, pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas, houve um grande avanço mundial da consciência ambiental. Este relatório tinha como premissa as seguintes perguntas: em um mundo com mais de cinco bilhões de habitantes, como satisfazer as necessidades e demandas humanas sem destruir a própria estrutura ecológica do planeta, que sustenta toda a vida e o bem-estar humano? Como resposta, o relatório identificou o conceito de desenvolvimento sustentável (WEARING, 2014). Em relação à ação do ecoturismo, podemos afirmar que: Visitar marcos naturais é, em grande parte, uma invenção americana do século XIX. Como os Estados Unidos tinham menos locais historicamente importantes que a Europa, muitos americanos viajavam pelos Estados Unidos para ver belezas naturais. Hoje, belezas naturais em todo o mundo atraem muitos turistas, como o Grand Canyon, no Arizona, as Angel Falls, na Venezuela, ou as reservas de animais selvagens no Quênia. As acomodações em locais próximos à natureza podem ser bem rústicas, e alguns turistas podem preferir acampar no local (CHON, 2014, p. 34). Wearing (2014, p. 2) cita diversos elementos do termo ecoturismo: • Uma forma de “turismo alternativo” que se contrapõe ao turismo de massa. • Uma orientação filosófica particular voltada para a natureza. • Turistas caracterizados por motivações específicas. • Práticas turísticas. • Um produto turístico. • Níveis de tecnologia. • Soluções de planejamento. • Uma abordagem relativa à política local, regional, nacional e internacional. • Uma estratégia para o desenvolvimento sustentável. Sabemos que a natureza é a nossa essência e o nosso lar, atividades realizadas diretamente com a natureza têm por objetivo promover além da interação natureza x homem, a necessidade de preservação e conscientização ambiental, pois tratamentos de um interesse especial, em que buscamos a natureza como coautora. TÓPICO 3 | CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS MODALIDADES DE TURISMO: TIPOS DE TURISMO E DE TRANSPORTE 101 2.2 TURISMO DE AVENTURA O turismo de aventura é aquele praticado em lugares que não são habitados, e por muitas pessoas que têm como objetivo despertar em si emoções radicais (CÂNDIDO; VIERA, 2003). O turismo de aventura, para Buckley (2011, p. 5) são os: [...] passeios comerciais guiados, cuja principal atração é uma atividade ao ar livre, que depende das características de relevo natural, geralmente requer equipamento especializado, esportivo ou similar, e é considerada como emocionante para o grupo de clientes.” Essa definição “não exige que os clientes operem o equipamento por eles mesmos: podem ser simples passageiros”. Há de se ressaltar que pessoas diferentes ou até as mesmas pessoas ao longo da vida podem obter percepções diferentes sobre o que é uma atividade aventureira, dependendo de experiências prévias, habilidades e interesses. Em se tratando de oferta, um amplo leque de diferentes atividades comerciais de turismo pode ser comercializado como de aventura, no entanto, outros produtos essencialmente iguais são vendidos e analisados com diferentes nomes e rótulos. Podemos citar certos tipos de turismo de vida selvagem, ou de turismo marinho, ou de ecoturismo, que podem ser citados como turismo de aventura (BUCKLEY, 2011). Já o turista de aventura tem como objetivo desenvolver uma atividade que traga para ele emoção. Mesmo sendo possível desenvolver atividades de aventura em ambientes urbanos e internos, a grande maioria é desenvolvida ao ar livre, e em lugares remotos, fazendo com que o relevo e o clima sejam partes integrantes desta atividade (BUCKLEY, 2011). 2.3 TURISMO DESPORTIVO “Todas as atividades específicas de viagens com vistas ao acompanhamento, desempenho e participação exercidos em eventos desportivos, no país e/ou no exterior, classificam-se e denominam-se como turismo desportivo” (ANDRADE, 2002, p. 75). Conforme citam Cândido e Viera (2003), é um tipo de turismo motivado pela prática de alguns esportes. “Nas suas formas contemporâneas pode dizer-se que Desporto e Turismo tiveram origem na revolução industrial e mantêm, desde essa época, uma evolução individualizada, mas com um paralelismo muito interessante” (CARVALHO; LOURENÇO, 2009, p. 123). 102 UNIDADE 2 | CONHECENDO O PAPEL DO TURISMO E HOTELARIA Carvalho e Lourenço (2009, p. 123) afirmam que ambos se desenvolveram de forma individualizada, mas sistêmica: Foram idênticos os factores, os tempos e os contextos sociais que representaram pontos de mudança e de desenvolvimento, podendo destacar-se 4 factores que tiveram um papel fundamental para a relevância que estes dois fenómenos representam hoje na sociedade: • A concentração das populações em torno dos centros urbanos. • O aumento da duração do tempo de lazer. • O aumento do poder de compra. • O desenvolvimento dos meios de transporte. Compõe o turismo desportivo os desportistas, torcedores e atletas, e eles partem para viagensem níveis regionais, nacionais e internacionais, pois exibições, jogos amistosos, torneios e campeonatos acontecem de forma permanente, nas mais diversas modalidades esportivas, desde os jogos de mesa até as competições aéreas, marítimas etc. Os próprios atletas que viajam, desde que não sejam profissionais remunerados, em exercício, se classificam como turistas. Podem classificar-se também os caçadores, mergulhadores e os nautas, os esquiadores, os montanhistas e outros (ANDRADE, 2002). 2.4 TURISMO CULTURAL Não somente os prédios históricos, herdados de outros séculos, são tratados como culturais, mas podem ser consideradas propostas mais atuais/ contemporâneas, tais como projetos de museus do arquiteto Frank Gehry, construídos na Espanha e no Panamá (BENI, 2019). Houve uma ampliação no conceito de cultura, que hoje em dia passa pela gastronomia, esporte, designs etc. No entanto, os atrativos culturais antigos ainda permanecem como destaque nos conceitos de turismo cultural: Atrações culturais são muito populares entre turistas. Museus de arte, museus de história natural, cidades históricas, como Mystic, em Connecticut, atraem visitantes de todo o mundo. Grandes obras arquitetônicas, como o Taj Mahal, na Índia, também atraem turistas. Outras modalidades de viagem cultural têm por objeto habitantes locais, como os nativos norte-americanos ou os aborígines da Austrália (CHON, 2014, p. 34). É importante frisar que “Pessoas de diferentes culturas também têm diferentes motivações para viajar a lazer. Por exemplo, pessoas que vivem em Cingapura viajam para muitas localidades do Norte para ver neve. Para eles, a neve é uma atração” (CHON, 2014, p. 34). Dentro dessa ideia, as empresas ligadas à neve terão grande destaque. Beni (2019) também apresenta que o turismo cultural se estende em diversos títulos: ecológico, antropológico, religioso, arqueológico, artístico, TÓPICO 3 | CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS MODALIDADES DE TURISMO: TIPOS DE TURISMO E DE TRANSPORTE 103 arqueoteosófico, gastronômico, de vinícola e muitos outros. Muitas expressões culturais, no âmbito da economia globalizada, apresentam grandes eventos, tais como Copa do Mundo ou as Olímpiadas. “As características básicas ou fundamentais do turismo cultural não se expressam pela viagem em si, mas por suas motivações, cujos alicerces se situam na disposição e no esforço de conhecer, pesquisar e analisar dados, obras ou fatos [...]” (ANDRADE, 2002, p. 71). 2.5 TURISMO DE NEGÓCIOS E EVENTOS Como você bem sabe, esta disciplina está totalmente voltada para o turismo e a hotelaria nos eventos, então abordaremos os tipos de eventos desenvolvidos dentro da hotelaria e do turismo posteriormente. Neste momento iremos nos concentrar em conceitos gerais, tais como de Chon (2014, p. 32): Apesar de a demanda por viagens de negócios ser elástica, ou seja, apesar de flutuar conforme as condições econômicas, ela não é tão elástica quanto a demanda por viagens de lazer. As viagens de lazer podem ser adiadas quando a economia não vai bem. Para alguns tipos de viagens de negócios, não importa se a economia vai bem ou mal, elas devem acontecer. As viagens de negócios não dependem de clima, por exemplo, e elas podem acontecer o ano inteiro. Muitas vezes, os eventos destinados a negócios suprem a demanda elástica de outros tipos de turismo, como é o caso, o turismo de lazer. Chon (2014) explica que as reuniões e convenções representam um grande segmento das viagens de negócios. O antigo conceito de convenção referia-se a uma reunião com um grande número de participantes e atualmente é um termo genérico que se refere a reuniões profissionais e de negócios de qualquer tamanho em um local específico. As convenções são realizadas por grandes corporações, agências do governo e organizações. Fora dos Estados Unidos, o termo congresso é frequentemente utilizado no lugar de “convenção”. Exposição e feiras de determinado ramo de negócios que acontecem principalmente para a troca de informações também representam uma grande parte das viagens de negócios ao redor do mundo. 3 TRANSPORTES O transporte é um elemento do turismo, pois faz com que as pessoas consigam chegar aos destinos desejados. “A natureza derivada da demanda do transporte significa que fatores como clima, restrições de períodos de férias, festivais religiosos e feriados escolares, influenciam igualmente a ocorrência de uma demanda por transporte no turismo [...].” (COOPER et al., 2008, p. 450). 104 UNIDADE 2 | CONHECENDO O PAPEL DO TURISMO E HOTELARIA Segundo Cooper et al. (2008, p. 451), “A forma mais óbvia para analisar o transporte é através de seus meios, sendo que os principais são: rodoviário, marítimo, ferroviário e aéreo”. O turismo existe através das especificidades, pois as pessoas deslocam-se em busca do novo, do inusitado da aventura, de um lugar, e pode ser entendido também como uma atividade unida à questão da identidade e da subjetividade dos indivíduos, na qual o deslocamento para um determinado lugar atende à busca de desejos e emoções individuais (NETTO; REIS ANSARAH, 2009). 3.1 TRANSPORTES RODOVIÁRIOS “O turismo rodoviário brasileiro e a própria realidade automobilística nacional, considerada em sua indústria e em seu mercado, receberam seu primeiro estímulo em 1908, quando o conde Lesdain viajou do Rio de Janeiro a São Paulo, de automóvel” (ANDRADE, 2002, p. 136). De acordo com Cooper et al. (2008), os automóveis dominam o transporte rodoviário, pois é considerado a ferramenta perfeita para o uso do turista em função do controle da rota e das paradas, controle dos horários de saída, flexibilidade porta-a-porta, facilidade de transportar bagagem e equipamento, possibilidade de usar o veículo para pernoite (veículos recreacionais e das vans), privacidade, liberdade para usar o automóvel também no destino e baixo custo compreendido. Em se tratando de transportes rodoviários, podemos citar também os ônibus. Muito utilizados em regiões desenvolvidas “[...] tanto os coletivos municipais quanto os ônibus intermunicipais/interestaduais viram diminuir significativamente o número de seus passageiros. No entanto, as empresas de ônibus ainda têm seu papel no mercado de turismo [...]” (COOPER et al., 2008, p. 464). “No Brasil, especialmente na alta estação, o automóvel contribui com maior número de turistas do que os coletivos de linhas regulares e os próprios ônibus de turismo” (ANDRADE, 2002, p. 141). 3.2 TRANSPORTES MARÍTIMOS Durante muito tempo os navios foram a única forma de realizar uma viagem que necessitasse atravessar o oceano. Todavia existe sempre a relação custo-benefício para cada cliente, ao escolher o melhor meio de transporte. “Viajar pelas águas tornou-se comum desde 1803, quando o inglês Robert Fulton inventou o barco a vapor [...]” (ANDRADE, 2002, p. 132). TÓPICO 3 | CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS MODALIDADES DE TURISMO: TIPOS DE TURISMO E DE TRANSPORTE 105 Também vale ressaltar que o cruzeiro marítimo pode ser considerado mais uma opção de lazer do que um transporte marítimo em si. O cruzeiro marítimo tem como objetivo oferecer conforto, diversão, intensa programação de atividades, possibilidade de relaxar e desligar-se do cotidiano, gastronomia, ambiente refinado e interação social. Ainda assim, o seu produto pode, dependendo da empresa, explorar nichos de mercado específicos ou orientar seu planejamento e promoção para uma oferta de massa, dirigida ao varejo do turismo em escala mundial. Um cruzeiro marítimo consegue o fenômeno de agradar seus hóspedes por uma oferta variada de atividades, entretenimento, equipamentos e serviços oferecendo uma variada opção, e criando satisfação em diferentes perfis de hóspedes, promovendo o desejo de repetir a experiência (AMARAL, 2006). Em se tratando de segurança em alto-mar, Amaral (2006, p. 15) cita que: Após o trágico acidente do Titanic, em 1912, as autoridades marítimas e portuárias adotaram um elevado nível de exigênciapara qualquer embarcação de transporte de passageiros, assim como as seguradoras tornaram-se rígidas na obtenção e renovação de apólices de seguro, promovendo drástica redução no número de acidentes que causam ferimentos ou mortes. Alguns casos de pequenos acidentes, como curtos-circuitos que geram pequenos incêndios ou outros casos menores, ainda são registrados. DICAS Você já ouviu falar da história do Titanic? Indicamos que você assista ao filme Titanic e observe as instalações do transatlântico, será de grande importância conhecer o sistema de funcionamento de um navio de passageiros. Um dos piores desastres marítimos da história teve início na noite de 14 de abril e terminou na manhã de 15 de abril de 1912, o luxuoso transatlântico RMS Titanic foi ao fundo do mar após colidir com um iceberg no Oceano Atlântico. O acidente aconteceu horas depois de o navio ter deixado o porto de Southampton, na Inglaterra, na véspera. Dos 2.224 passageiros a bordo, mais de 1500 pessoas morreram afogadas ou por conta do frio. Era o triste fim da viagem inaugural do Titanic, que deveria ter como destino final a cidade de Nova York. Pouco antes da meia-noite do dia 14 de abril, o Titanic navegava em uma área de água parada, sem ondas, um verdadeiro espelho e também um inconveniente para detectar icebergs. Com uma noite estrelada e um mar excepcionalmente calmo, os vigias deram o aviso do iceberg a 600 metros da proa. O Primeiro Oficial Murdoch, de plantão no momento após a retirada do Capitão Smith em sua cabine, tentou evitar a colisão. Porém, o navio raspou no iceberg, o que abriu seis fendas em seu casco. A partir desde momento, o Titanic estava condenado. Para agravar a situação, não havia botes salva-vidas para todos os passageiros, apesar de o navio seguir a legislação vigente na época. Este foi um dos piores desastres marítimos da história em tempos de paz e talvez o mais famoso. FONTE: <https://seuhistory.com/hoje-na-historia/inicia-se-tragedia-do-titanic>. Acesso em: 10 jan. 2019. 106 UNIDADE 2 | CONHECENDO O PAPEL DO TURISMO E HOTELARIA Outro importante transporte hidroviário é o transatlântico. Conforme supracitado, é denominativo de grande navio para transporte de passageiros. Transatlântico é um termo que, usado como adjetivo significa “Situado além do Atlântico”. Como substantivo, seu sentido estrito denomina o navio que faz a rota da Europa para as Américas (ANDRADE, 2002). Em termos de avaliação técnica, Andrade (2002, p. 126) cita que: “[...] o transatlântico é um hotel itinerante e autônomo, com organização completa a serviço dos passageiros e a qualificação de receptivo de luxo. Divide-se em duas classes determinadas pela qualidade de instalações e dos serviços oferecidos [...].” 3.3 TRANSPORTES FERROVIÁRIOS Cooper et al. (2008) afirmam que a principal vantagem de se utilizar o transporte ferroviário está na comparação de tempo e distância, do centro de uma cidade ao centro da outra, quando confrontados com o transporte aéreo. Já a desvantagem acontece quando, acima de uma certa distância, alguns visitantes veem os trens como muito incômodos e cansativos. Alguns motivos podem ser elencados quando tratamos das viagens de trem, tais como: segurança, visibilidade da paisagem externa, a possibilidade de movimentação dentro do vagão, chegar ao destino relaxado e descansado, a busca pelo conforto, os terminais centrais, meio de transporte ecologicamente correto e por fim, mas não menos importante, as rotas descongestionadas (COOPER et al., 2008). 3.4 TRANSPORTES AÉREOS As grandes distâncias e a necessidade de ganhar tempo, juntamente com o poder aquisitivo das pessoas, são os principais fatores que fazem do transporte aéreo um dos meios mais procurados quando tratamos de transporte turístico em nível nacional, em países de grande dimensão territorial, e internacional. Por isso, a expansão da aviação comercial pode ser considerada tanto causa, quanto efeito do crescimento turístico (ANDRADE, 2002). Viajar pelo ar é talvez a inovação em transporte mais importante do século XX. Permitiu o transporte de passageiros no menor tempo possível, além de incentivar a demanda por viagens de longo alcance. Na realidade, nenhum lugar do mundo está a mais de 24h de voo de qualquer ponto (COOPER et al., 2008, p. 467). As companhias aéreas regulares possuem no mercado um produto seguro, adequado, confiável, frequente e relativamente orientado ao consumidor. Os viajantes a negócios, são atraídos pelas companhias aéreas, pois elas apresentam velocidade e a flexibilidade entre vários voos, especialmente nas rotas populares, TÓPICO 3 | CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS MODALIDADES DE TURISMO: TIPOS DE TURISMO E DE TRANSPORTE 107 bem como os passageiros de lazer que gozam da possibilidade de chegar ao destino ligeiramente sem com isso gastar tempo e dinheiro em rota (COOPER et al., 2008). Nas companhias aéreas, o conceito de baixo custo (ou em inglês Low cost) também começou a ser utilizado. “O termo baixo custo é comumente associado a companhias com orçamento restrito e serviços sem requinte. O conceito, desenvolvido nos Estados Unidos após a desregulamentação dos serviços aéreos em 1978, foi inaugurado pela Southwest Airlines” (COOPER et al., 2008, p. 468). Quando usamos expressões como low cost, podemos imaginar situações de baixo custo, e até mesmo de serviços inferiores. Uma dessas situações, a qual se refere o baixo custo, encontra-se quando as empresas não fornecem opção de escolha de acento e também de poucas bagagens. A seguir encontra-se um fragmento do texto intitulado Companhias aéreas low cost de verdade estão chegando no Brasil, saiba mais sobre elas, que irá explicar um pouco melhor sobre o assunto. Companhias aéreas low cost de verdade estão chegando no Brasil, saiba mais sobre elas QUANTO CUSTA VIAJAR Em tempos de crise, quem quer viajar tem que “dar seus pulos” para poder desbravar esse mundão! Uma das primeiras coisas que precisamos pesquisar são as passagens aéreas e, nesse sentido, a chegada de companhias aéreas low cost (ou seja, que possuem bilhetes mais baratos) são um verdadeiro sonho de consumo. Sabemos que as novas regras da ANAC, que surgiram em 2016/2017, pretendiam fazer com que as companhias aéreas oferecessem passagens aéreas mais baratas, cobrando por bagagem despachada, por exemplo. O fato é que na prática isso infelizmente não aconteceu para valer aqui (ainda). Isso porque a ANAC já vem regulamentando e autorizando empresas estrangeiras a operarem no modelo low cost de verdade aqui no Brasil. As companhias aéreas low cost surgiram nos Estados Unidos, mas foi na Europa que elas se popularizaram nos anos 90, graças às liberações concedidas pelo governo, que permitia que essas empresas circulassem livremente, com autonomia na definição de preços e rotas. Como as empresas conseguem reduzir os custos? Existe toda uma estratégia para que essas empresas consigam oferecer voos com preços tão atrativos. As principais são: 108 UNIDADE 2 | CONHECENDO O PAPEL DO TURISMO E HOTELARIA • Apresentam somente um tipo de aeronave (como o A320 ou Boeing 737). • Os aviões possuem apenas uma classe. • Quem compra os bilhetes com antecedência vai pagando mais barato. Ou seja, conforme a aeronave vai lotando, o valor da passagem vai subindo, valorizando quem se antecipa na compra. • Os assentos não são marcados. • Você paga pelas bagagens despachadas (aqui realmente funciona). • Os voos partem para aeroportos secundários e com custos mais baratos para a companhia. • A maioria dos voos são em horários não comerciais ou mais movimentados. • As empresas possuem gestão simplificada, muitas vezes sem guichê ou vendas em balcão, operando totalmente on-line. • As companhias disponibilizam mais lugares nos aviões. • O tempo de paragem nos aeroportos é reduzido. • Os bilhetes aéreos são vendidos separadamente para cada trecho, não sendo possível conexão. • A emissão dos bilhetes é apenas virtual. •Bebidas, lanches, fones de ouvido e outros serviços são pagos à parte pelos passageiros que desejarem utilizar. FONTE: <https://quantocustaviajar.com/blog/companhias-aereas-low-cost-no-brasil/>. Acesso em: 15 jan. 2019. TÓPICO 3 | CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS MODALIDADES DE TURISMO: TIPOS DE TURISMO E DE TRANSPORTE 109 LEITURA COMPLEMENTAR Neste momento, apresentamos para você um fragmento do artigo INTERAÇÃO EMPRESÁRIOS-SETOR PÚBLICO NO TURISMO: UMA ANÁLISE INSTITUCIONAL E NEOCORPORATIVISTA NA CIDADE DE HUELVA (ESPANHA), de autoria de Bruno Martins Augusto Gomes, Alfonso Vargas- Sánchez e Huáscar Fialho Pessali. O artigo apresenta uma análise da interação entre empresários de turismo e setor público, a partir de um estudo na cidade de Huelva, Espanha. 1 INTRODUÇÃO O turismo é um fenômeno social e tem a economia como parte essencial para a sua existência. Por isso vinculados a ele, além da sociedade civil do destino e dos turistas, estão o setor público e os empresários. Ainda que os turistas e a sociedade civil sejam importantes, estes se envolvem menos com as políticas públicas de turismo. Os turistas, por definição, permanecem no destino por um tempo limitado. Na sociedade civil, por sua vez, são poucos os que se dispõem a uma atuação cidadã nas políticas de turismo – ao contrário do que se vê nas políticas de saúde ou segurança. Os empresários de turismo, ao contrário, têm seu empreendimento diretamente vinculado às políticas públicas do setor e por isso é de se esperar que tenham uma relação mais próxima com o setor público. Da mesma forma, há uma expectativa de que o setor público se aproxime dos empresários obtendo assim mais informações e reduzindo a possibilidade de rejeição das políticas públicas, pois elas serão mais condizentes com as expectativas desta parte interessada. Nos estudos na área do turismo temas como planejamento, participação da comunidade, descrição e avaliação de políticas são importantes e amplamente discutidos. Contudo, tendo em vista a relevância dos empresários para o turismo – pois é a partir deles que se tem um mercado turístico funcionando – e a respectiva necessidade do setor público como provedor de infraestrutura, de financiamento e de mediador dos interesses da sociedade civil relacionados ao turismo, são necessárias pesquisas que avancem na compreensão da interação empresários- setor público, inclusive com abordagens teóricas até então menos valorizadas. Como a participação dos empresários nos fóruns de políticas públicas de turismo, na maioria das vezes se dá através da representação por suas associações, propõe-se a abordagem teórica do neocorporativismo para fundamentar a compreensão da interação empresários-setor público no turismo. Considera-se ainda que o funcionamento de um destino turístico é caracterizado pela interligação entre os agentes (principalmente hotéis, transporte, agências de receptivo e entretenimento) gerando efeitos econômicos, sociais, culturais e ambientais para as pessoas em seu entorno, tendo o setor público o papel de coordenar tais elos e mediar interesses da sociedade (ARRUDA et al., 2014; ZAPATA; HALL, 2012). 110 UNIDADE 2 | CONHECENDO O PAPEL DO TURISMO E HOTELARIA Por isso o conceito de governança colaborativa pode também ser útil à análise (ANSELL; GASH, 2008; BRUYN; ALONSO, 2012). O conceito complementa o neocorporativismo na medida em que abre espaço para considerar a participação das lideranças da comunidade e não somente as associações empresariais. Apesar de serem encontrados estudos que tratam de governança no turismo, o enfoque de governança colaborativa é menos frequente (ARAÚJO; TAPIA, 1991; SCHMITTER, 1974). Por fim, temos por base uma abordagem institucional, pois a interação é fundamentada em hábitos ou modos instituídos de pensamento e ação (HODGSON, 2007; MCLENNAN, 2014). Com esse aparato teórico, pretende-se então analisar a interação entre empresários e setor público nas políticas públicas de turismo a partir de um estudo na cidade de Huelva, Espanha. Huelva é a capital da província espanhola de mesmo nome, localizada ao sul do país em fronteira com Portugal. O turismo se desenvolveu na província com foco em sol e praia, e golfe. A partir do final da década de 90 essa experiência ajudou a expandir a percepção sobre um maior potencial da capital para o turismo, iniciando assim esforços públicos e privados para o turismo de compras, gastronômico, esportivo e de negócios. Para tanto é preciso caracterizar o turismo na cidade de Huelva e os agentes envolvidos com as políticas públicas de turismo locais, identificar hábitos instituídos nas interações entre empresários e setor público, tentando dimensionar o impacto dessa interação sobre o turismo. Para isso será desenvolvido um aporte teórico capaz de sustentar o estudo da interação entre empresários e setor público envolvendo neocorporativismo, governança colaborativa e institucionalismo no turismo, o qual será tratado na próxima seção. Em seguida é exposta a metodologia da pesquisa, descrevendo-se a coleta de dados por meio de entrevistas e a análise a partir da Teoria Fundamentada. Segue então uma seção com os resultados da pesquisa e as considerações finais, reunindo as percepções construídas na pesquisa a respeito da interação empresários-setor público na cidade de Huelva. Espera-se ao fim poder tirar lições para a compreensão da organização do turismo em destinos emergentes e sobretudo de como seus agentes interagem. 2 MARCO TEÓRICO 2.1 Neocorporativismo, Governança e Institucionalismo no Turismo De acordo com Schmitter (1974) quanto mais o Estado se torna necessário para garantir o capitalismo, mais ele precisa de conhecimento profissional e informação especializada, agregar opiniões e garantir legitimidade. Esse ciclo de dependência, segundo o referido autor, faz com que Estado e os empresários procurem um ao outro, gerando interações. No turismo esta dependência é aumentada pois o governo de um município, estado ou país que tem a intenção de estimular a atividade em seu território precisará do conhecimento dos empresários sobre o mercado e também do investimento dos mesmos em empreendimentos locais para receber o turista. TÓPICO 3 | CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS MODALIDADES DE TURISMO: TIPOS DE TURISMO E DE TRANSPORTE 111 Hall (1999) destaca que a tendência contemporânea à privatização por parte do Estado também está presente no turismo. Por isso o modelo de setor público enquanto o responsável pela implementação de políticas foi alterado para um modelo corporativista que enfatiza a eficiência, relações entre as partes interessadas, papel do mercado e a presença marcante do interesse privado. Nesse ambiente, segundo o autor, há uma relação oscilatória em que ora os agentes do mercado desejam menos Estado (principalmente com menos regulação) ora desejam que o Estado se faça presente, principalmente financiando a promoção turística. Como resultado prático no turismo, segundo o referido autor, tem-se o planejamento do turismo perdendo importância enquanto ganham importância a publicidade, as redes e a governança. Assim, acredita-se que a base para o entendimento da interação entre empresários e setor público no turismo tem uma base neocorporativista. Segundo Araújo e Tapia (1991), o neocorporativismo é um modelo institucionalizado de formação de políticas públicas no qual as associações empresariais colaboram entre si e com o Estado na articulação dos interesses e na implementação das políticas públicas. Nele a representação é caracterizada pela competição limitada entre um pequeno número de organizações centralizadas com o monopólio da representação, e não pela livre disputa entre grupos por recursos de poder dispersos na sociedade (ARAÚJO; TAPIA, 1991). Ao assumir este entendimento de corporativismo relacionado às associações empresariais (denominado neocorporativismo ou corporativismo societal) descarta-se a aproximação do termo com aquelereferente a regimes autoritários (corporativismo estatal). O neocorporativismo também dá destaque aos conselhos de políticas públicas enquanto fóruns institucionalizados, regulados, compostos por representantes (não funcionam por democracia direta) de grupos de interesses específicos. Suas agendas são influenciadas pela dinâmica da área de política pública com a qual se relacionam (CORTES; GUGLIANO, 2010). Zapata e Hall (2012), citando o exemplo da Espanha, acrescentam que a evolução dos modelos de parceria público privada no turismo são influenciados por aquilo que ocorre na política e nas esferas governamentais superiores. Estes modelos se disseminaram após a restauração da democracia e seguiram a tendência à descentralização, à mercantilização das funções públicas, aos cortes financeiros, e à falta de recursos locais para implementação de políticas, o que resultou em novas formas de governança. Porém, segundo os autores, no turismo o setor público busca um balanço entre ser legítimo e ser competitivo e eficaz, a partir da estratégia de se voltar um pouco mais para o privado, sem alterar demasiadamente sua natureza. Hall (1999) enfatiza ainda que o caráter difuso do turismo, enquanto um fenômeno que envolve economia e sociedade, produz um desafio particular para o setor público. Ele tem que estimular uma atividade com forte interesse empresarial, mas que está estritamente relacionada com a cultura, os recursos naturais e o cotidiano de uma sociedade. O referido autor diz que a análise da interação entre os empresários e o setor público no turismo deve observar se os resultados atendem ao interesse público e assim contribuem para a sustentabilidade ou se estão voltados apenas interesses dos empresários. 112 UNIDADE 2 | CONHECENDO O PAPEL DO TURISMO E HOTELARIA A partir desta abordagem é possível avançar na análise da interação entre empresários de turismo e setor público adotando a proposta de Ansell e Gash (2008) sobre governança colaborativa. Para os autores a governança colaborativa é um arranjo governamental em que o setor público envolve diretamente agentes não-estatais na tomada de decisão relacionada a políticas públicas, sendo este arranjo formal, orientado para o consenso e deliberativo. Na proposta de governança colaborativa de Ansell e Gash (2008) a autoridade final pode estar com o setor público, mas as partes interessadas terão responsabilidade com os resultados das políticas já que estarão diretamente envolvidos na tomada de decisão. E estes autores se referem a este envolvimento como formal, ou seja, há uma estratégia explícita do setor público para formalizar esta influência, que são os fóruns de políticas públicas, defendidos pelo neocorporativismo, conforme exposto. No turismo, abordagens voltadas para a coordenação, como defendido por Arruda et al. (2014), são importantes para a redução dos custos de transação e a consequente eficiência dos sistemas turísticos, em função da competição entre destinos, do uso de bens públicos como atrativos turísticos e da diversidade de possibilidades que podem ser ofertas ao turista. Todavia, como ressaltado por Bruyn e Alonso (2012) há uma dificuldade gerada pelo fato das decisões serem com frequência tomadas em função de interesses políticos e não em função do desenvolvimento do turismo em si. A isso se somam as interrupções e alterações não raro trazidas pela eleição de novos governantes. Bruyn e Alonso (2012) esclarecem também que no turismo não há um modelo único de governança aplicável a qualquer destino turístico. As governanças desenvolverão, segundo os autores, atividades de planejamento, investimento e organização e/ou promoção do destino. A atuação de seus agentes no seu funcionamento dependerá da importância do turismo na economia local, do número de habitantes dos municípios, da forma de gestão, orçamento e credibilidade do órgão de turismo, do número, poder e interesse dos agentes ligados ao turismo, dentre outros elementos. Entende-se assim que a governança colaborativa amplia a abordagem corporativista, pois a interação pode ocorrer não apenas com a participação dos empresários e suas associações, mas com a presença dos representantes da sociedade civil. Entendido que a presença dos empresários é importante na construção e implantação das políticas de turismo e que o setor público tem papel relevante na coordenação destas, devendo zelar também pela participação e interesses da sociedade civil, é necessário compreender como ocorre esta interação entre os agentes no turismo. O institucionalismo fornece uma base sólida para esta análise, pois permite uma análise a partir dos hábitos de pensamento e ação presentes nesta interação, entendendo, conforme proposto por Hodgson (1988), que estes hábitos quando aceitos e praticados pelos agentes de um grupo constituem instituições (HODGSON, 1988). FONTE: GOMES, Bruno Martins Augusto; VARGAS-SÁNCHEZ, Alfonso; PESSALI, Huáscar Fialho. Interação Empresários-Setor Público no Turismo: uma análise institucional e neocorporativista na cidade de Huelva (Espanha). Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, v. 8, n. 3, p. 382-402, 2014. 113 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • A motivação é uma das mais importantes características do turista. • O ecoturismo é, de acordo com Wearing (2014, p. 2): Uma forma de “turismo alternativo” que se contrapõe ao turismo de massa; uma orientação filosófica particular voltada para a natureza; turistas caracterizados por motivações específicas; práticas turísticas; um produto turístico; níveis de tecnologia; soluções de planejamento; uma abordagem relativa à política local, regional, nacional e internacional; uma estratégia para o desenvolvimento sustentável. • O turismo de aventura é aquele praticado em lugares que não são habitados, e por muitas pessoas que têm como objetivo despertar em si emoções radicais (CÂNDIDO; VIERA, 2003). • “Todas as atividades específicas de viagens com vistas ao acompanhamento, desempenho e participação exercidos em eventos desportivos, no país e/ ou no exterior, classificam-se e denominam-se como turismo desportivo” (ANDRADE, 2002, p. 75). • “As características básicas ou fundamentais do turismo cultural não se expressam pela viagem em si, mas por suas motivações, cujos alicerces se situam na disposição e no esforço de conhecer, pesquisar e analisar dados, obras ou fatos [...]” (ANDRADE, 2002, p. 71). • As viagens de negócios não dependem de clima, por exemplo, e elas podem acontecer o ano inteiro. Muitas vezes, os eventos destinados a negócios suprem a demanda elástica de outros tipos de turismo, como é o caso, o turismo de lazer. • Segundo Cooper et al. (2008, p. 451), “A forma mais óbvia para analisar o transporte é através de seus meios, sendo que os principais são: rodoviário, marítimo, ferroviário e aéreo”. 114 1 Por um momento pense na natureza que existe no local em que você vive. Você consegue identificar quais seriam os fatores que se destacam no ecoturismo do local? Caso não tenha possibilidade de desenvolver ecoturismo, qual seria a solução para a então realização do desenvolvimento turístico como fonte de renda, no futuro? 2 Outros fatores também afetam a escolha de uma localidade: facilidade de acesso, preço, anúncios atrativos e o nível de satisfação em experiências anteriores. Um outro fator é a atitude dos moradores locais. “Existe maior probabilidade de os turistas retornarem a um local onde se sintam bem- vindos” (CHON, 2014, p. 35). Sobre os tipos de turismo, associe os itens, utilizando o código a seguir: I- Ecoturismo. II- Turismo de aventura. III - Turismo desportivo. IV - Turismo cultural. ( ) Aquele praticado em lugares que não são habitados, e por muitas pessoas que têm como objetivo despertar em si emoções radicais. ( ) Sabemos que a natureza é a nossa essência e o nosso lar, atividades realizadas diretamente com a natureza têm por objetivo promover além da interaçãonatureza x homem, a necessidade de preservação e conscientização ambiental, pois tratamos de um interesse especial, no qual buscamos a natureza como coautora. ( ) Os próprios atletas que viajam, desde que não sejam profissionais remunerados, em exercício, se classificam como turistas. Podem classificar- se também os caçadores, mergulhadores e os nautas, os esquiadores, os montanhistas e outros. ( ) São muito populares entre turistas. Museus de arte, museus de história natural, cidades históricas, como Mystic, em Connecticut, atraem visitantes de todo o mundo. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) IV – III – I – II. b) ( ) II – IV – I – III. c) ( ) III – II – I – IV. d) ( ) II – I – III – IV. 3 Você consegue relacionar o Turismo com cada um dos tipos de transportes? Diante das reflexões sobre esse assunto, conceitue os quatro tipos de transportes relacionados aos nossos estudos. AUTOATIVIDADE 115 UNIDADE 3 OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conceituar oferta turística; • explicar o funcionamento do departamento de eventos; • apresentar as possíveis áreas de atuação dos eventos; • mostrar a relação de interdependência do turismo de negócios e eventos; • apresentar as razões do crescimento do turismo de eventos; • analisar a diversificação do produto; • conhecer os eventos específicos da saúde ofertados na hotelaria; • caracterizar os eventos como estratégia para o desenvolvimento de organizações turísticas hoteleiras. Esta unidade está dividida em três tópicos, no decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – RELAÇÕES ENTRE AS ATIVIDADES TURÍSTICAS E O SETOR DE EVENTOS TÓPICO 2 – TURISMO DE NEGÓCIOS E EVENTOS TÓPICO 3 – CONTRIBUIÇÃO DOS EVENTOS PARA A SAZONALIDADE HOTELEIRA 116 117 TÓPICO 1 RELAÇÕES ENTRE AS ATIVIDADES TURÍSTICAS E O SETOR DE EVENTOS UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Embora as definições de eventos estejam elencadas em um capítulo próprio, vale ressaltar que o turismo é considerado uma indústria, e que interage com as mais diversas organizações. Neste livro didático, por ser parte da disciplina de Turismo e Hotelaria para Eventos, apresentamos um foco especial na hotelaria, mas o turismo apresenta um grande leque de bens e serviços, tais como a alimentação, os eventos, a hospitalidade, entre outros. Podemos perceber essa afirmação através do discurso a seguir: O empreendimento hoteleiro se constitui a partir da integração: demanda de hospedagem e características do meio envolvente. Na medida em que se efetivou a concepção do empreendimento, inicia-se o seu planejamento e a implantação do projeto. A operacionalização do projeto implica em serviços de hospedagem, alimentos e bebidas, governança, recepção, eventos, marketing, entre outros. O planejamento deve contemplar também a etapa do pós-venda, que tem como objetivo verificar se as demandas foram satisfeitas (KANAANE, 2006, p. 31). A razão pela qual o cliente se motiva em desenvolver uma viagem deve ser pesquisada, mas a sua impressão em relação a sua experiência também deve ser analisada. Todo tipo de comportamento é bem-vindo no turismo, e existe campo para o desenvolvimento de empresas e receptores turísticos. As pessoas realizam viagens em razão de muitos eventos específicos. Aqui podemos citar os seguintes: Jogos Olímpicos, o Superbowl ou a Copa do Mundo de Futebol. As feiras mundiais também podem ser realizadas, assim como o Carnaval do Rio de Janeiro, o Calgary Stampede no Canadá, ou peças da Brodway. Normalmente o evento é mais importante que a localidade, mas isso não significa que as pessoas não utilizem os serviços de hospitalidade e turismo durante a viagem, o que, de fato, torna-se um dos pontos decisivos quando se opta por determinado atrativo (CHON, 2014). UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA 118 Cabe destacar a importância da formação de um departamento de eventos, pois tem como uma de suas finalidades a captação dos recursos ou até mesmo desenvolvimento prático de eventos. 2 OFERTA TURÍSTICA Para que o turismo aconteça, precisamos de oferta turística, transportes, infraestrutura, demanda, promoção, comercialização etc. Sabemos que todos eles se encontram interdependentes, mas neste estudo, para que haja uma efetividade na promoção dos eventos, é necessário que se tenha o conhecimento do que é uma oferta turística. “Turismo e hotelaria referem-se essencialmente à prestação de serviços, implicando em cortesia, atenção e atitudes proativas na execução das atividades decorrentes” (KANAANE, 2006, p. 35). Ignarra (2013, p. 50) conceitua a oferta turística como: A oferta turística é constituída por um conjunto de elementos que conformam o produto turístico, os quais, isoladamente, têm pouco valor turístico (ou nenhum) ou têm utilidade para outras atividades que não o próprio turismo. Entretanto, se agrupados, podem compor o que se denomina “produto turístico”. Panosso Netto e Ansarah (2015 p. 3) citam que é necessário estudar a oferta turística, assim deve-se compreender: [...] quais os principais atrativos naturais e culturais, volume e diversidade dos produtos e serviços turísticos, capacidade e condições de adaptação, distribuição geográfica e concorrência potencial – para que possam trabalhar a sintonia das características da oferta com os perfis da demanda. Algumas informações devem ser salientadas, principalmente quando se trata de eventos em ambientes naturais, onde existe o controle de visitantes e a capacidade de recepção dos equipamentos turísticos e da região. Ruschmann e Solha (2006, p. 125) citam que: Nesse sentido, a análise da capacidade de carga turística (carrying capacity) é um instrumento que procura garantir a qualidade da oferta turística, conciliando diferentes fatores, como: satisfação dos turistas e da população residente, viabilidade econômica dos equipamentos, infraestrutura turística, qualidade do meio ambiente e, ainda, busca conjugar os elementos tempo curto e tempo longo, ou seja, o tempo limitado que os visitantes dispõem para visitar e explorar a região com a perenidade da mesma. Os eventos internacionais também são muito importantes, e acabam por consolidar o posicionamento da localidade ou região. No caso do Brasil, TÓPICO 1 | RELAÇÕES ENTRE AS ATIVIDADES TURÍSTICAS E O SETOR DE EVENTOS 119 podemos destacar os eventos Brazilian Day, em Nova York, o Rock in Rio, em Lisboa e a Expo Mundial, como exemplos de acontecimentos que colaboraram sensivelmente para a divulgação dos destinos brasileiros para norte-americanos, europeus e asiáticos (PANOSSO NETTO; ANSARAH, 2015). DICAS Em se tratando de destinos turísticos, precisamos ressaltar que os destinos turísticos que mais se destacam são os que, além do privilégio de possuírem belíssimos recursos e atrativos naturais, proporcionam aos visitantes equipamentos e serviços de infraestrutura que proporcionam uma experiência junto à natureza, extremamente gratificante e prazerosa. Por isso, é fundamental que se considere o planejamento e o desenvolvimento de roteiros, programas e atividades interessantes e sua infraestrutura de apoio adequada (RUSCHMANN; SOLHA, 2004). Sabemos que o produto turístico é composto de várias ofertas turísticas, Ignarra apresenta a seguinte figura para facilitar a compreensão: FIGURA 1 – SEIS COMPONENTES DOS PRODUTOS TURÍSTICOS Produto Turístico Gestão Imagem da Marca Preço Bens, Serviços e Serviços Auxiliares Recursos Infraestrutura e Equipamentos FONTE: Ignarra (2013, p. 50) Podemos perceber que o produto turístico é composto por seis componentes, que são: gestão, imagem da marca, preço, infraestrutura e equipamentos, recursos, e bens, serviços e serviços auxiliares. UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMOE HOTELARIA 120 DICAS Produto é o conjunto de bens e serviços. Os bens se revestem de características tangíveis/materiais e, os serviços, de características intangíveis/ imateriais (KANAANE, 2006, p. 48). Analisando a figura, quando apresentamos os bens e serviços, queremos apresentar quais deles são necessários para satisfazer o consumidor, e quais irão constituir a matéria-prima do produto turístico. Lembrando que os bens e serviços são compostos de: produtos alimentícios, produtos de uso nas instalações turísticas, materiais esportivos e de limpeza, além de prestação de serviços, como o receptivo, a acolhida, a informação etc. Cabe ainda acrescentar que os serviços secundários são assim considerados porque complementam a oferta principal e são constituídos por viagem, alojamento, alimentação e atrações, entre outros. Assim, compõem também esses serviços secundários: equipamentos comerciais e industriais, lavanderias, livrarias, cinemas, lojas de locação de veículos, guias turísticos e organizadores de eventos, além de empresas de engenharia, consultoria, seguros etc. (IGNARRA, 2013). “Os economistas dividem os recursos em livres (aqueles que são tão abundantes que não há qualquer necessidade de mecanismos para seu consumo) e escassos (cuja oferta é limitada em razão de sua demanda efetiva ou potencial)” (IGNARRA, 2013, p. 51). NOTA Um turista, em seu ato de consumo turístico, necessita de uma combinação de recursos livres e escassos para satisfazer suas necessidades. Ele tem por objetivo, geralmente, conhecer um atrativo. Para isso, necessita consumir um outro conjunto de componentes; precisa de transportes, hospedagem, alimentação, diversões, informações turísticas, comércio, serviços públicos etc. Os componentes da oferta turística podem ser classificados em cinco categorias principais: • Recursos naturais: são compostos de ar, clima, acidentes geográficos, terreno, flora, fauna, massas de água, praias, belezas naturais, abastecimento de água potável, usos sanitários e outros. • Recursos culturais: são compostos de patrimônio arquitetônico, acervos dos museus, cultura da população local, sua gastronomia típica, seu artesanato, folclore, seus eventos, hábitos e costumes, sua música, literatura, língua etc. • Serviços turísticos: compõem-se de serviços que têm na demanda turística a maior parte de suas receitas, como: meios de hospedagem, transportes turísticos, locação de veículos e embarcações, serviços de alimentos e bebidas, de organização de eventos, espaços de eventos, serviços de entretenimento, de receptivo turístico etc. TÓPICO 1 | RELAÇÕES ENTRE AS ATIVIDADES TURÍSTICAS E O SETOR DE EVENTOS 121 • Infraestrutura: é composta do conjunto de construções subterrâneas e de superfície, como sistemas de abastecimento de água e de coleta, tratamento e despejo de esgotos, redes de distribuição de gás, coleta de águas pluviais, telefonia, fibras ópticas, distribuição de energia elétrica e de iluminação pública, sistema viário, mobiliário urbano e terminais de transportes (aeroportos, portos, marinas, rodoviárias, estações ferroviárias). • Serviços urbanos de apoio ao turismo: são compostos de serviços bancários, de saúde, de comunicações, de segurança pública, de apoio a motoristas, além de comércio especializado para turista. Assim, a oferta turística é composta de um conjunto de elementos que podem ser divididos em alguns grupos: • atrativos turísticos; • serviços turísticos; • serviços públicos; • infraestrutura básica; • gestão; • imagem da marca; • preço. FONTE: IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do turismo. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2013. Sabemos que o conjunto de elementos da oferta turística constitui o produto turístico. Já o produto turístico, de acordo com Ignarra (2013) é composto, além dos atrativos, dos serviços turísticos. Para desfrutar do atrativo, o turista necessita consumir uma série de serviços. Alguns desses, por atenderem exclusiva ou preferencialmente a turistas, são classificados como turísticos. Exemplifiquemos uma situação: um hotel pode ter em seu restaurante ou área de eventos clientes que residam na mesma cidade. Entretanto, como a maioria dos clientes reside em outras cidades, este constitui-se, portanto, em um serviço turístico. Para finalizar, precisamos sempre recordar que “O evento não pode ser visto como um fenômeno isolado, já que o relacionamento é o elemento essencial nessa circunstância. O processo turístico deve estar integrado ao planejamento turístico das cidades a partir de uma política de eventos [...]” (PHILIPPI JÚNIOR; RUSCHMANN, 2010, p. 705). 2.1 ESTRATÉGIAS NA OFERTA TURÍSTICA Quando possuímos diversos atrativos turísticos e buscamos o planejamento deles, automaticamente criamos uma estratégia: A concepção estratégica, no contexto do turismo e da hotelaria, surge como decorrência do acentuado grau de competitividade mercadológica, direcionando os equipamentos turísticos e hoteleiros a realinharem seus negócios (produtos e serviços) para que possam atingir seus objetivos e metas (KANAANE, 2006, p. 27). UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA 122 Já para Britto e Fontes (2002, p. 42), As estratégias de participação de mercado implicam o entendimento de pensamentos diametricamente opostos: se, de um lado, alguns fornecedores podem contar com recursos financeiros tendo maior possibilidade de conquistas, por outro, a própria estratégia de criação de mercado exige diferenciação. Estar sempre à frente das tendências de mercado não é uma tarefa fácil, principalmente quando se observam os empreendimentos turísticos e hoteleiros, mas por consequência surgiram algumas abordagens diversificadas, como, por exemplo: [...] a visualização do hotel como empresa; a aplicação de aspectos normativos e legislativos em turismo e hotelaria; o planejamento estratégico; a contabilidade e o orçamento em empresas turísticas e hoteleiras. Tais atividades têm possibilitado o avanço quantitativo e qualitativo na tomada de decisão empresarial, quer sob o prisma estratégico, quer sob o enfoque contingencial e situacional (KANAANE, 2006, p. 27). Essas ações resultam em um planejamento estratégico dentro do turismo e da hotelaria. Entender que o turismo é um negócio e que deve ser parte de uma gestão faz com que se profissionalize e traga mais dinâmica ao negócio. Sobre o planejamento estratégico, Kanaane (2006) explica que a gestão empresarial de negócios turísticos e hoteleiros deve estar direcionada ao planejamento estratégico e, também, à administração e ao pensamento estratégico. Esse direcionamento conjunto, possibilita ao gestor, condições e perspectivas de realinhar e redesenhar os objetivos e metas da organização, tendo como ponto de partida o diagnóstico do ambiente interno e externo, levando-o a apreender necessidades, expectativas e demandas decorrentes do momento organizacional. Observe o caso de uma estratégia de captação de turistas para o hotel Hilton Anatole Hotel, o qual é intitulado como “uma cidade dentro de uma cidade”. DICAS Antes da sua leitura, caro acadêmico, você já ouviu falar de captação de eventos? Para garantir o equilíbrio do mercado turístico, os organismos responsáveis pelo setor buscam conquistar ou atrair eventos para a cidade ou região sob sua administração. Esse trabalho chama-se captação de eventos. TÓPICO 1 | RELAÇÕES ENTRE AS ATIVIDADES TURÍSTICAS E O SETOR DE EVENTOS 123 UMA CIDADE DENTRO DE UMA CIDADE Anunciado como o mais completo hotel de convenções do Sudoeste dos Estados Unidos, o Hilton Anatole Hotel, em Dallas, ostenta 1608 unidades habitacionais, oito bares e restaurantes, oito lojas, 75 salas de reuniões, quatro salões principais, um health club de última geração e um parque de sete acres. É um hotel da bandeira Hilton Hotels & Resorts da cadeia hoteleira norte- americana Hilton Worldwide. Cinco suítes presidenciais ocupam 1.036 metros quadrados e oferecem o quehá de melhor em termos de conforto e privacidade. Pode ser facilmente descrito como um hotel de categoria internacional. Mais impressionante que seu tamanho é sua coleção particular de obras de arte, com mais de mil peças, algumas do século II a.C. Conhecida como Coleção Anatole, é o maior conjunto particular de obras de arte do mundo em contínua exibição em um hotel e inclui nove litografias originais de Picasso e uma das maiores peças conhecidas de porcelana Wedgwood. Uma cidade dentro de uma cidade, o Hilton Anatole Hotel situa-se em uma área de 45 acres. Os apartamentos e suítes, com instalações e comodidades diferentes, são decorados em estilo do século XVIII. Sete suítes presidenciais ocupam 1.036 metros quadrados e oferecem o que há de melhor em termos de conforto e privacidade. O Hilton Anatole Hotel é um hotel de superlativos — o maior, o melhor, o mais elegante. Seu health club de US$ 12 milhões e categoria internacional foi classificado como uma das dez melhores instalações desse tipo pela revista: Fitness. Com 25 mil metros quadrados, o Verandah Club tem • Seis quadras de tênis descobertas. • Oito quadras de squash. • Uma piscina coberta e uma descoberta. • Uma pista de cooper coberta e uma descoberta. • Uma sala de aeróbica. • Um ginásio completo. • Sauna seca e a vapor e salas de massagem. • Um salão de beleza completo com salas de bronzeamento artificial. Como se isso tudo não bastasse, os hóspedes podem desfrutar de uma série de lojas e restaurantes. As lojas do Hilton Anatole Hotel vendem de suvenires do Texas a cerâmica italiana e roupas estilo Velho Oeste. Os restaurantes servem diversos tipos de comida: mexicana, natural, mediterrânea e chinesa (neste é necessário usar terno e gravata). UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA 124 O Hilton Anatole Hotel também tem sido reconhecido como um dos dez melhores hotéis em excelência na prestação de serviços pela revista Corporate Meetings and Incentives. Além disso, ganhou diversos prêmios de excelência de várias outras revistas, como Meetings and Conventions, Successful Meetings e Medical Meetings. FONTE: CHON, Kye-Sung. Hospitalidade: conceitos e aplicações. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2014. Com o incrível aumento do número de eventos, torna-se evidente a necessidade da busca por projetos criativos e ideias diferenciadas para vencer a concorrência. Os projetos normalmente têm seu início com as ideias criativas. Várias ideias podem surgir, quando se busca novos projetos em eventos. É preciso identificar a melhor ideia, e passá-la por um processo estruturado, dentro de três etapas: geração, seleção e teste (GIACAGLIA, 2011). Em se tratando de criatividade em eventos, podemos afirmar que: Um evento, independentemente de sua natureza e seus propósitos, é um meio de entretenimento. O que varia, de evento para evento, são os recursos estratégicos utilizados para unir entretenimento a esportes, no caso de eventos esportivos, entretenimento-artes, no caso de eventos artísticos, entretenimento-atividades sociais, no caso de eventos sociais, entretenimento-política, no caso de eventos de mobilização política, e assim sucessivamente (MELO NETO, 2004, p. 15). Para esta situação não podemos deixar de citar a fórmula de geração de ideias. Giacaglia (2011, p. 2) cita que: Muitas empresas ou profissionais empenhados no lançamento de eventos apostam logo na primeira ideia que surge e partem rapidamente para definir sua estratégia e seu projeto de comercialização. É compreensível que isso aconteça, considerando-se o pouco que lhes é dado para que se dediquem ao planejamento de novos eventos. Mas, de qualquer forma, as empresas ou profissionais da área, assim como em outros setores, devem ter a possibilidade de gerar várias ideias para que delas resultem poucas realmente boas. Assim, os eventos devem quebrar paradigmas e serem transformadores. A criatividade pode ser alcançada de forma intuitiva, ou até mesmo de forma transformadora. TÓPICO 1 | RELAÇÕES ENTRE AS ATIVIDADES TURÍSTICAS E O SETOR DE EVENTOS 125 2.2 DEPARTAMENTO DE EVENTOS NO SETOR TURÍSTICO A atuação dos profissionais de turismo e hotelaria diante das constantes mudanças que estão expostos deve ser dinâmica, uma vez que a globalização gerou e aproximou a diversidade socioeconômica e cultural. Desta forma, a experiência profissional deve ser edificada em bases adequadas em que o conhecimento de disciplinas como, por exemplo, sociologia, psicologia social, geografia geral e do Brasil, economia e análise econômica do turismo, meios de hospedagem, gerenciamento de alimentos e bebidas, técnicas de organização de eventos, agenciamento, organização turística e hoteleira, entre outras (ARAÚJO, 2003). As pessoas que exercem a função de organizadores de eventos [...] podem trabalhar diretamente para hotéis, associações ou empresas, ou ser independentes e trabalhar para diversas instituições. Suas responsabilidades podem variar um pouco com relação às citadas acima, dependendo de para quem trabalham. Em geral, no entanto, o trabalho de todos os organizadores é realizar e supervisionar tarefas, a fim de assegurar que o evento ocorra conforme planejado (CHON, 2014, p. 263). Sobre o departamento de eventos no setor turístico, mais específico na hotelaria, podemos dizer que: É o departamento que operacionaliza as vendas de produtos disponíveis no hotel, devendo ter como base de atividades a organização de baquetes, coquetéis, jantares, seminários, cursos, feiras, desfiles, lançamento de obras e produtos, palestras e outras atividades nas áreas sociais do hotel, de acordo com sua capacidade, visando um atendimento com qualidade (CÂNDIDO; VIERA, 2003, p. 600). Sabemos que a mensuração e a avaliação da qualidade de serviços tornam-se uma atividade difícil, pois é necessário antecipar desejos, necessidades e expectativas para um bom serviço, possui caráter intangível, possui do cliente um possível julgamento, pois cada indivíduo reage de maneira muito particular aos agentes externos (BAHL, 2003, p. 45). Por isso, a importância da profissionalização e da formação acadêmica de um profissional desta área, pois de acordo com Cardoso (2013, p. 12). “As razões são óbvias, os eventos são muito importantes e é necessário criar estratégias satisfatórias com numerosos objetivos, o que muitas vezes é arriscado para ser realizado por amadores”. Sobre a necessidade da profissionalização Para a atividade como um todo, os esforços na educação e no treinamento agregam valor ao produto, incrementam a qualidade da mão de obra e implementam o espírito profissional nas equipes UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA 126 envolvidas, além de definir o negócio e a interdependência dos diversos setores envolvidos e suas distintas modalidades e categorias: de hospedagem, de transporte, alimentação, entretenimento, agenciamento etc. (RUSCHMANN; SOLHA, 2004, p. 5). É necessário também perceber que muitos eventos acontecem pelas motivações das empresas, onde o corporativo busca os eventos “[...] como um meio para comunicar com o seu público, estabelecendo objetivos, escolhendo mensagens, implementando um plano e avaliando os resultados. Para atingirem essas metas utilizam diversas ferramentas como discursos, notícias e eventos especiais” (CARDOSO, 2013, p. 13). Esta perspectiva indica que independentemente do tamanho do departamento, é necessário oferecer inúmeros equipamentos e materiais. Cândido e Viera (2003) aprofundam esse tema e afirmam que, nas grandes cidades, existem empresas que locam equipamentos, para que muitos hotéis não necessitem adquirir, pois a locação soluciona as necessidades imediatas dos clientes. Para efeitos de funcionamento, Cândido e Viera (2003) sugerem alguns equipamentos para o funcionamento do setor de eventos, a sua quantidade depende da disponibilidade de salas e capacidade de pessoas: • aparelho de sonorização(com adaptadores para microfone); • bandeira do Estado com tamanho oficial; • bandeira Nacional brasileira em tamanho oficial; • data show; • flip charters; • laser-point a bateria ou pilha comum; • mastros externos removíveis; • microfones de mão e pedestal; • microfones de lapela; • móveis de apoio para retroprojetores; • móveis de apoio para televisores e vídeos; • panóplias (pedestal) para mastros e bandeiras; • pranchetas com grampo fixo; • quadros brancos para escrita com hidrocor especial; • retroprojetores de longo alcance; • telas brancas para projeção; • televisores. Devemos sempre enfatizar que o evento é um encontro de pessoas com as mesmas metas e objetivos. Cabe sempre descobrir esse objetivo e realizar as melhores ações possíveis para que as pessoas alcancem os seus resultados. Seja apoiando em situações ou até mesmo providenciando materiais inusitados. TÓPICO 1 | RELAÇÕES ENTRE AS ATIVIDADES TURÍSTICAS E O SETOR DE EVENTOS 127 2.3 POSSÍVEIS ÁREAS DE ATUAÇÃO DOS EVENTOS Nos campos de lazer, turismo e outras áreas relacionadas, Watt (2004) cita que os eventos são extremamente diversificados. QUADRO 1 – DIVERSIDADE DE EVENTOS • Apresentações artísticas • Carnavais • Festivais • Ensaios • Exposições artísticas • Datas dedicadas ao meio ambiente • Festivais no interior • Recepções • Aparições de celebridades • Feiras agrícolas • Visitações a instituições e propriedades • Jardins para visitação (Garden Displays) • Concursos de bandas • Excursões de trailers • Viagens de barco • Roteiros históricos • Mostras em museus • Feiras profissionais • Festivais de música • Seminários educacionais • Desfiles • Feiras comerciais • Comemorações • Competições, torneios e apresentações esportivas • Jogos de guerra • Espetáculos de fogos de artifício • Maratonas • Apresentações aéreas • Festivais étnicos • Caminhadas patrocinadas • Feiras de animais • Corridas ao redor do mundo • Concursos de beleza • Apresentações teatrais • Passeios ecológicos • Ralis motorizados • Competições militares • Festas de rua • Recepções ao ar livre • Feiras FONTE: Adaptado de Watt (2004) Em relação ao quadro anterior, podemos perceber que existem diversos tipos de eventos, que ainda assim Watt (2004) afirma que há omissão de muitas coisas, pois a área é tão ampla que seria impraticável a lista de todas as suas possibilidades. Em todo caso, alguém estará sempre vislumbrando novos projetos, e organizadores de todas as partes estarão permanentemente acrescentando novos itens. No entanto, é importante, caro acadêmico, reconhecer esta diversidade e tratar todos os eventos em suas particularidades; cada um tem suas próprias características e necessidades, que devem ser identificadas e consentidas. Não se deve analisar todo evento da mesma maneira, com o risco de uma organização de má qualidade, devido à não consideração dos diferenciais importantes. No quadro a seguir destacam-se eventos pertinentes ao mercado de turismo mundial e nacional que podem, pelo perfil de público-alvo, área de abrangência e até mesmo a acessibilidade, transformarem-se em importantes ferramentas de divulgação e posicionamento dos destinos brasileiros para os turistas nacionais e internacionais. UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA 128 QUADRO 2 – PRINCIPAIS EVENTOS – MERCADOS DE TURISMO Evento Local Realização (mês) Periodicidade Público-alvo Fitur Madrid - Espanha Janeiro Anual Profissionais de turismo FIT Buenos Aires - Argentina Novembro Anual Profissionais de turismo Germany Travel Mart Itinerante em cidades alemãs. Stuttgart (2013). Em 2014, foi em, Bremen e Bremerhaven Maio Anual Profissionais do turismo e público em geral Tianguis Turístico Itinerante em cidades Mexicanas Março Anual Profissionais do turismo e jornalistas EIBTM Barcelona - Espanha Novembro Anual Organizadores de eventos, operadores e gestores de turismo de negócios Intur Valladolid - Espanha Novembro Anual Profissionais do turismo e turistas AIBTM Itinerante em cidades norte- americanas(Chicago/2013 e Orlando/2014) Junho Anual Organizadores de viagens de negócios e eventos ABAV São Paulo/SP Setembro Anual Profissionais de turismo e turistas Aviestur Holambra/SP Maio Anual Profissionais de turismo FONTE: Pozati (2013 apud PANOSSO NETTO; ANSARAH, 2015, p. 101) Essas informações são importantes, pois descobrir onde existem eventos e catalogá-los é uma ação importante, como afirma Chon (2014, p. 33): Profissionais e executivos viajam para reuniões e convenções pelas mais variadas razões: para conhecer as últimas tendências da indústria, participar de programas de treinamento, assistir a demonstrações de novas tecnologias, encontrar contatos e obter informações sobre a concorrência. O mercado mundial é demarcado pelos vistos e este ano de 2019 foi marcado pela dispensa do visto por alguns países, incentivando o turismo no Brasil, observe a matéria a seguir sobre este fato. TÓPICO 1 | RELAÇÕES ENTRE AS ATIVIDADES TURÍSTICAS E O SETOR DE EVENTOS 129 VISTO ELETRÔNICO INJETA R$ 450 MILHÕES NA ECONOMIA BRASILEIRA Soma é resultado do primeiro ano do visto eletrônico para cidadãos da Austrália, Canadá, Estados Unidos e Japão Segunda, 1 de abril de 2019 A economia brasileira foi a maior beneficiada com o primeiro ano de funcionamento do visto eletrônico para cidadãos australianos, americanos, canadenses e japoneses. O aumento de 15,7% da entrada desses viajantes no território nacional resultou em uma injeção de R$ 450 milhões no País, segundo levantamento feito pelo Ministério do Turismo com base nos dados da Polícia Federal. A estimativa da Pasta é que a isenção de visto, anunciada na última semana pelo governo federal, aumente ainda mais a presença destes turistas no Brasil. “Vemos esses dados com felicidade e otimismo de que estamos tomando as medidas certas para que todo o potencial turístico brasileiro, reconhecido em todo o mundo, seja efetivamente concretizado. Assim, poderemos dar uma resposta efetiva aos milhares de brasileiros em busca de um emprego e que veem no turismo o caminho a seguir”, comentou o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. Em relação ao número total de estrangeiros no país, o ano de 2018 foi marcado pelo novo recorde, chegando a 6.621.376 milhões em relação aos 6.588.770 registrados em 2017. Deste total, 715.635 mil vieram dos países beneficiados com a isenção de visto que passou a valer em 17 de junho e que contavam, desde o ano passado, com a facilitação do visto eletrônico. O Canadá foi o país que apresentou o maior crescimento, passando de 48.951 visitantes em 2017 para 71.160 em 2018 - alta de 45,4% - seguido da Austrália com um incremento de 24,7%, um salto de 33.862 para 42.235. Também foi registrado aumento na entrada de turistas americanos (13,3%) saindo de 475.232 para 538.532 e também nos viajantes japoneses: 60.342 para 63.708 (5,6%). PROCURA - Menos de uma semana após o anúncio da isenção, o site internacional de viagens Kayak confirmou o impacto positivo da medida. Segundo levantamento do portal, desde a divulgação da medida, australianos, canadenses, japoneses e norte-americanos reforçaram buscas por passagens aéreas para o país. A maior alta foi registrada na Austrália (36%), seguida de Estados Unidos (31%), Canadá (19%) e Japão (4%). A pesquisa, baseada em dados de 21 de março, considerou voos partindo de todos os aeroportos da Austrália, Canadá, Japão e Estados Unidos com destino aos terminais do Brasil. Os números são fruto da comparação entre a média diária de buscas de 1º a 15 de março e o período de 18 a 20 do mesmo UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA 130 mês, para viagens de 1º de abril a 31 de dezembro de 2019. Segundo o MTur, os quatro países beneficiados pela isenção foram responsáveis por 9,5% (619 mil) do total de estrangeiros que vieram ao país em 2017. FONTE: <http://www.ubrafe.org.br/noticias/detalhes/24672/visto-eletronico-injeta-rS-450-milhoes-na-economia-brasileira.php>. Acesso em: 9 abr. 2019. DICAS Caro acadêmico! Vamos imaginar uma situação, em que você é um profissional e precisa realizar uma atividade de observação turística. É necessário levantar alguns dados, tais como: as pessoas estão se divertindo com os seus familiares ou amigos? Elas utilizam algum acessório para se divertir (bola, patinete)? Elas estão comendo algo, e se sim, como? Podem ser análises simples, mas essa ação servirá para definir o público deste espaço de observação, que poderá ser um parque ou até mesmo uma praia. Agora é a sua vez de praticar. Que tal ir até a praça mais movimentada da sua cidade e descrever as atitudes das pessoas? Anote todas as suas observações, elas serão muito importantes. Para finalizar este tópico, caro acadêmico, precisamos pensar que nas mais diversas áreas de atuação dos eventos, é necessário introduzir a ética, pois eles “[...] exerce(m) influência ímpar no ambiente empresarial, pois direcionam o modus vivendi dos participantes, caracterizando os estilos comportamentais, as tendências, os hábitos, os costumes, os padrões e os procedimentos no cenário turístico e hoteleiro” (KANAANE, 2006, p. 32). QUADRO 3 – DIMENSÕES DA EXPERIÊNCIA E ALICERCES DA EXCELÊNCIA HUMANA As quatro dimensões da experiência humana Os quatro alicerces da excelência humana Intelectual Estética Moral Espiritual Verdade Beleza Bondade Unidade FONTE: Kanaane (2006, p. 33) O quadro anterior apresenta alguns elementos que estruturam o comportamento das pessoas, que são baseados em quatro dimensões e quatro alicerces. Segundo Kanaane (2006), oferecem quatro virtudes para a captação de qualquer esforço produtivo com outras pessoas, sendo, o alicerce para a excelência humana sustentável. Normalmente, no nível profissional, estes valores tendem a ser postergados, gerando alguns problemas, principalmente aqueles relacionados ao comportamento ético. 131 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você aprendeu que: • Para que o turismo aconteça, precisamos de oferta turística, transportes, infraestrutura, demanda, promoção, comercialização etc. • Ignarra (2013, p. 50) conceitua a oferta turística como: “A oferta turística é constituída por um conjunto de elementos que conformam o produto turístico, os quais, isoladamente, têm pouco valor turístico (ou nenhum) ou têm utilidade para outras atividades que não o próprio turismo. Entretanto, se agrupados, podem compor o que se denomina “produto turístico”. • As estratégias de participação de mercado implicam o entendimento de pensamentos diametricamente opostos: se, de um lado, alguns fornecedores podem contar com recursos financeiros tendo maior possibilidade de conquistas, por outro, a própria estratégia de criação de mercado exige diferenciação (BRITTO; FONTES, 2002, p. 42). • Os destinos turísticos que mais se destacam são os que, além do privilégio de possuírem belíssimos recursos e atrativos naturais, proporcionam aos visitantes equipamentos e serviços de infraestrutura que proporcionam uma experiência junto à natureza, extremamente gratificante e prazerosa. • O produto turístico é o composto de várias ofertas turísticas, Ignarra (2013) apresenta seis: bens, serviços e serviços auxiliares; recursos; infraestrutura e equipamentos; gestão; imagem da marca e preço. • Com o incrível aumento do número de eventos, torna-se evidente a necessidade da busca por projetos criativos e ideias diferenciadas para vencer a concorrência. • “O evento não pode ser visto como um fenômeno isolado, já que o relacionamento é o elemento essencial nessa circunstância. O processo turístico deve estar integrado ao planejamento turístico das cidades a partir de uma política de eventos [...]”. (PHILIPPI JÚNIOR; RUSCHMANN, 2010, p. 705). • A concepção estratégica, no contexto do turismo e da hotelaria, surge como decorrência do acentuado grau de competitividade mercadológica. • Entender que o turismo é um negócio e que deve ser parte de uma gestão, faz com que se profissionalize e traga mais dinâmica ao negócio. 132 • Sobre a profissionalização, os esforços na educação e no treinamento agregam valor ao produto, incrementam a qualidade da mão de obra e implementam o espírito profissional nas equipes envolvidas, além de definir o negócio e a interdependência dos diversos setores envolvidos e suas distintas modalidades e categorias. • A gestão empresarial de negócios turísticos e hoteleiros deve estar direcionada ao planejamento estratégico e, também, à administração e ao pensamento estratégicos. • O departamento de eventos no setor turístico, mais específico na hotelaria, pode ser definido como: o departamento que operacionaliza as vendas de produtos disponíveis no hotel, devendo ter como base de atividades a organização de banquetes, coquetéis, jantares, seminários, cursos, feiras, desfiles, lançamento de obras e produtos, palestras e outras atividades nas áreas sociais do hotel, de acordo com sua capacidade, visando um atendimento com qualidade (CÂNDIDO; VIERA, 2003, p. 600). • É importante também reconhecer que os eventos acontecem pelas motivações das empresas, pois como Cardoso (2013, p. 13) cita, os eventos são “[...] como um meio para comunicar com o seu público, estabelecendo objetivos, escolhendo mensagens, implementando um plano e avaliando os resultados. • É importante tratar todos os eventos em suas particularidades; cada um tem suas próprias características e necessidades, que devem ser identificadas e consentidas. Não se deve analisar todo evento da mesma maneira, com o risco de uma organização de má qualidade, devido à não consideração dos diferenciais importantes. • Dentro das mais diversas áreas de atuação dos eventos, é necessário introduzir a ética, pois eles “[...] exercem influência ímpar no ambiente empresarial, pois direcionam o modus vivendi dos participantes, caracterizando os estilos comportamentais, as tendências, os hábitos, os costumes, os padrões e os procedimentos no cenário turístico e hoteleiro.” (KANAANE, 2006, p. 32). • Profissionais e executivos viajam para reuniões e convenções pelas mais variadas razões: para conhecer as últimas tendências da indústria, participar de programas de treinamento, assistir a demonstrações de novas tecnologias [...]. (CHON, 2014, p. 33). 133 1 Associe cada afirmativa com o termo correto: I- A oferta turística. II- Departamento de eventos. III- Produto turístico. IV- Planejamento estratégico. ( ) É composto por seis componentes, que são: gestão, imagem da marca, preço, infraestrutura e equipamentos, recursos, e bens, serviços e serviços auxiliares. ( ) É constituída por um conjunto de elementos que conformam o produto turístico, os quais, isoladamente, têm pouco valor turístico (ou nenhum) ou têm utilidade para outras atividades que não o próprio turismo. Entretanto, se agrupados, podem compor o que se denomina “produto turístico”. ( ) Possibilita ao gestor, condições e perspectivas de realinhar e redesenhar os objetivos e metas da organização, tendo como ponto de partida o diagnóstico do ambiente interno e externo, levando-o a apreender necessidades, expectativas e demandas decorrentes do momento organizacional. ( ) Operacionaliza as vendas de produtos disponíveis no hotel, devendo ter como base de atividades a organização de banquetes, coquetéis, jantares, seminários, cursos, feiras, desfiles, lançamento de obras e produtos, palestras e outras atividades nas áreas sociais do hotel, de acordo com sua capacidade, visando um atendimento com qualidade. Agora assinale a alternativa correta: a) ( ) I, II, IV e III. b) ( ) I, III, II e IV. c) ( ) IV, III, I e II. d) ( ) III, I, IV e II. 2 Podemos perceber que existem diversos tipos de eventos, e ainda assim Watt (2004) afirma que há omissão de muitas coisas, pois a área é tão ampla que seria impraticável a lista de todas as suas possibilidades. Dentre a diversidade de eventos cite pelo menosquatro dos quais você já participou e exemplifique em que situação que foi. Em seguida, compartilhe com um colega da sua classe. AUTOATIVIDADE 134 135 TÓPICO 2 TURISMO DE NEGÓCIOS E EVENTOS UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Sabemos que a realização de um evento envolve as necessidades de uma empresa especializada ou de um profissional da área. A busca pela satisfação ou necessidade será um dos tópicos primordiais de um organizador de eventos. Mas quando envolvemos esta situação com o turismo, como devemos proceder? E quando possuímos um turismo designado de negócios, quais são as alternativas que possuímos e como trabalhamos em conjunto com eles? Philippi Júnior e Ruschmann (2010, p. 114) citam que: Aprofundando-se no estudo das tipologias hoteleiras, verifica-se que um fator determinante para a diferenciação de uma estrutura de hospedagem turística é a sua localização ou situação geográfica (praia, montanha, lagoa, balneário, campo) e, também, que distância a separa das principais linhas e terminais de transporte coletivo. A localização urbana, em especial, permite a articulação da classificação em subtipologias, uma vez que o ambiente da cidade apresenta uma ou mais de uma característica fundamental: de negócios, de eventos, de arte, industrial, de férias. Percebemos que o turismo de eventos pode ser desencadeado para participação em eventos de negócios com finalidades profissionais. Entretanto, pode também ser gerado pela necessidade de participação em eventos para a satisfação de objetivos de emoções artísticas, científicas, de formação e atualização nos diversos ramos existentes, ou de lazer, beirando esta prática à concepção pura de turismo, ou seja, conferir um festival de música, de gastronomia, um campeonato desportivo ou uma exposição de arte (PHILIPPI JÚNIOR; RUSCHMANN, 2010). O turismo de negócios oferece ao mercado turístico um segmento consolidado, com expectativas de expansão. Para que essa expansão ocorra, é necessário desenvolver uma estrutura adequada para oferecer aos clientes, isto é, ao executivo de negócios (MOLETTA, 2003). 136 UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA NOTA Caro acadêmico! Você sabe o que significa Mercado Turístico? Considera-se, então, que o turismo envolve relações eminentemente econômicas. Essas relações, de troca de dinheiro por mercadorias e serviços turísticos, formam um mercado, o mercado turístico (BRITTO; FONTES, 2002, p. 72). “Há apenas algumas décadas, as reuniões, as convenções e as exposições não eram exatamente um ramo de negócios” (CHON, 2014, p. 254). Como podemos perceber, este tópico tem por objetivo especificar a ação conjunta do turismo, dos eventos e dos negócios. Vamos descobrir como podemos realizar isso? 2 TURISMO DE NEGÓCIOS E EVENTOS: RELAÇÃO DE INTERDEPENDÊNCIA Sabemos que na cultura contemporânea podemos definir o turismo como uma atividade de alto valor e que envolve uma variedade de recursos humanos especializados e de serviços, que tem como objetivo atingir milhares de pessoas mundialmente (BRITTO; FONTES, 2002). Em se tratando de significados, podemos dizer que o turismo, por si só, já pode ser definido como um conjunto de eventos “[...] o turismo pode ser refletido como um conjunto de eventos, pois tem duração, extensão, escalas e superposições. (RUSCHMANN; SOLHA, 2006, p. 34). Britto e Fontes (2002, p. 51) afirmam, em relação ao turismo, que ele é [...] um fenômeno extremamente diferenciado. Existem diversos fatores que dão à viagem características específicas, determinando diferentes tipos de turismo. Entre os fatores que geram os deslocamentos turísticos, destacam-se: as motivações ou objetivos da viagem, a procedência dos viajantes, o volume da demanda, as formas de organização das programações turísticas e a faixa etária dos viajantes. Um dos fatores é o Turismo de Negócios, que de acordo com Philippi Júnior e Ruschmann (2010) coloca os negócios como um dos objetivos do turismo, tanto ou mais do que o de lazer, gerando benefícios ao local que o recebe pelo consumo dos fatores da oferta, cuja existência é obrigatória para que a prática da atividade seja consentida. Neste sentido, caro acadêmico, podemos afirmar que o volume de negócios que acontece em paralelo a atividade turística é de tal ordem que invade TÓPICO 2 | TURISMO DE NEGÓCIOS E EVENTOS 137 os mais diferentes interesses econômicos, os quais podemos citar a indústria de construção civil, cadeias hoteleiras, incorporadoras de condomínios e outros tipos de habitação, assim como as companhias aéreas, redes de processamento de dados, transportadoras, gastronomia, operadoras de viagens, empresas de financiamento, seguradoras e administradoras de cartão de crédito etc. (BRITTO; FONTES, 2002). Moletta (2003, p. 7) afirma que A Organização das Nações Unidas classificou a viagem de negócios como turística por considerar significativa a demanda de executivos, no que se refere ao fluxo constante de viagens e ao aporte financeiro que esse segmento representa no mercado turístico internacional. Esse segmento de turismo se compõe de clientes que viajam por razões de negócios, os representantes de vendas, executivos ou assistentes e até mesmo os participantes de eventos técnicos. Em se tratando dos “viajantes de negócios ou lazer, entre outros, têm objetivos mais gerais (por exemplo, passear ou ter um lugar para ficar entre encontros de negócios)” (CHON, 2014, p. 255). A viagem com objetivo profissional ocupa, cada vez mais, espaços nas empresas, pois, ao efetuar os deslocamentos, surge a possibilidade de novas parcerias com outras empresas ou órgãos públicos. Como decorrência, poderá haver o desencadeamento, a continuação ou a conclusão de uma nova oportunidade empresarial (MOLETTA, 2003, p. 9). Podemos complementar que “Além de compartilharem dos mesmos itens da oferta de infraestrutura turística, os vários tipos de turistas, motivados por qualquer necessidade, podem usufruir de momentos de lazer, aproveitados conforme seus gostos pessoais e disponibilidade de tempo e dinheiro” (PHILIPPI JÚNIOR; RUSCHMANN, 2010, p. 714). Ou seja, a expressão “turismo de negócios” pode ser definida como: [...] os deslocamentos de pessoas para destinos diferentes de seus locais de residência, por tempo determinado e por motivos profissionais, nos quais executam atividades pertinentes ou não aos seus propósitos iniciais e fazem uso dos serviços e produtos que compõem a oferta turística para suprir suas necessidades de conforto e bem-estar enquanto estiverem distantes de suas residências (PHILIPPI JÚNIOR; RUSCHMANN, 2010, p. 716). Moletta (2003, p. 10) conceitua o turismo de negócios “[...] como viagens motivadas por interesses voltados a uma atividade lucrativa ou de desenvolvimento profissional”. Vale ressaltar que o conceito de turismo de negócios foi definido por Britto e Fontes (2002, p. 52): 138 UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA O turismo de negócios é um setor que atua como uma máquina propulsora e transformadora da cadeia econômica, envolvendo dezenas de atividades num círculo virtuoso que irriga a economia e fomenta o desenvolvimento na região. Engloba atividades pertinentes aos negócios de qualquer área, que são realizadas por ocasião de visitas e viagens a outras localidades que não a de origem dos envolvidos. Moletta (2003) cita que os principais motivos que levam o executivo a se deslocar para uma viagem de negócios são: a) Participação em reuniões de trabalho. b) Fechamento de contratos. c) Presença em eventos de caráter profissional ou técnico. Exemplo: seminários, congressos, ciclos de estudos. d) Ações propulsoras de um processo de negociação, em favor de uma empresa ou de um profissional liberal. Para esclarecer melhor, podemos identificar os eventos de negócios em situações em que se tem objetivos específicos de concentrar oportunidades de prospecção e fomento dos negócios de qualquer setorda economia. Podemos utilizar como exemplo as feiras de negócios ou as exposições, que são locais onde podemos ampliar os mercados, realizar novos contatos, vender e comprar, promover convenções, treinamentos etc. (PHILIPPI JÚNIOR; RUSCHMANN, 2010). DICAS Vale destacar que as feiras promovem vendas com volume seis vezes maior do que qualquer outra mídia e são lembradas por muito mais tempo do que os anúncios veiculados na mídia impressa, que são esquecidos uma semana depois (BRITTO; FONTES, 2002, p. 59). Para que um evento possa ser chamado de evento de negócios, é necessário possuir, pelos menos um dos objetivos citados por Britto e Fontes (2002, p. 56): • Aperfeiçoamento cultural, científico, técnico ou profissional dos participantes. • Divulgação ou intercâmbio de experiências e técnicas pertinentes à determinada atividade profissional ou à determinada área de conhecimento. • Congraçamento profissional e social dos participantes. Mesmo sabendo da importância econômica e social dos viajantes de negócios, criou-se um questionamento em torno da sua real importância ou TÓPICO 2 | TURISMO DE NEGÓCIOS E EVENTOS 139 veracidade se ele é ou não é um turista. Moletta (2003, p. 10) apresenta a resposta deste questionamento: Muitas contradições e discussões persistiram durante algum tempo em torno das viagens de negócios serem ou não, um dos segmentos de turismo. Atualmente, as próprias instituições internacionais, como a Organização Mundial do Turismo, classificam as viagens motivadas para a realização de negócios como turísticas. Na realidade, essas viagens são importantes, visto que a demanda significativa de executivos e profissionais que utilizam os equipamentos turísticos das destinações de uma forma ampla. Além disso, o executivo é um cliente muito disputado no mercado, porque usufrui serviços em categoria superior, utiliza os meios de hospedagem de qualidade e gasta bem mais do que o turista convencional. Chon (2014, p. 260) elenca que os especialistas da indústria aderem à ideia de que os eventos têm o poder de abrir portas para todas as partes das economias municipais e estaduais. Os centros de convenções são para as cidades receptoras como um trampolim que as dissemina, no mercado regional e nacional, as chances de realizar negócios com pessoas de todo o mundo, mostrar suas cidades e, é claro, gerar renda. “Para trabalhar com esse tipo de turismo, é necessário oferecer qualidade no atendimento, modernidade nos equipamentos e dispor de profissionais qualificados para a prestação de serviços com eficiência e agilidade” (MOLETTA, 2003, p. 7). Nas cidades e nas suas atividades turísticas, os eventos tornaram-se [...] uma possibilidade para o desenvolvimento dos centros receptivos ao fomentar o incremento da infraestrutura urbana e da estrutura turística, e de muitas organizações turísticas, as quais geralmente são oferecidas quando ocorre a prospecção e a captação de eventos. Ao mesmo tempo, o segmento de eventos, ao apresentar melhores perspectivas, na medida em que favorece os negócios, beneficia diretamente uma diversidade muito grande de empresas e atividades, necessitando, para isso, de uma gestão organizada e planejada dos eventos (PHILIPPI JÚNIOR; RUSCHMANN, 2010, p. 688). Para isso acontecer, A destinação interessada, ou seja, a localidade que tem interesse em servir de receptivo para o turismo de negócios, deve estar preparada para novos investimentos em equipamentos como a hotelaria, centro de convenções, rede gastronômica e demais equipamentos de apoio para se transformar em um polo de negócios (MOLETTA, 2003, p. 7). Assim, “Os eventos possibilitam a ampliação de bens e serviços, uma vez que seus participantes aproveitam a viagem para a realização de passeios, compras de produtos típicos, consumo em geral, gastando mais do que o turista comum e gerando lucro expressivo para o núcleo receptor” (MALLEN, 2013, p. 24). 140 UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA Kanaane (2006, p. 35) complementa que O sistema turístico é formado pela diversidade de serviços que são prestados aos turistas e deve focar sua ação no atendimento das necessidades do cliente. Deve ter uma visão ampla, verificar o que acontece no polo turístico e identificar a presença de sistemas concorrentes que estão surgindo (novos mercados, novas atrações e inovações). Em relação ao turismo de eventos, Philippi Júnior e Ruschmann (2010, p. 705) explicam que ele: [...] vem se apresentando como uma atividade que auxilia, dentro de um contexto espacial, no desenvolvimento de muitas localidades, em áreas como renovação urbana e infraestrutura turística. Ele também provoca uma nova dinâmica social e cultural que contribui para os relacionamentos no mercado de trabalho. Nacionalmente, os eventos são importantes para o turismo por causa dos benefícios, pois criam oportunidade de viagens, permitem a estabilidade dos níveis de emprego do setor turístico, ampliam o consumo e, em consequência, o lucro no local do evento e, por fim, promovem indiretamente a localidade onde o evento é realizado. A expansão e a participação cada vez maior de uma variada tipologia de empresas que compõem o sistema do segmento de eventos, entre elas de hospedagem, de alimentação e de transporte, fazem que esse segmento seja capaz de gerar benefícios econômicos, sociais, culturais e políticos para as cidades, para a população local e para os participantes de eventos. O turismo de eventos é um tipo de turismo independente, pois o crescimento dos eventos e a consolidação de algumas reuniões importantes são os agentes propulsores das viagens (PHILIPPI JÚNIOR; RUSCHMANN, 2010). Ele surgiu com a finalidade de planejar e organizar o receptivo dessa demanda, caracterizando aquelas potenciais localidades, onde o fluxo de interesse reside nos negócios nacionais e internacionais. (BRITTO; FONTES, 2002, p. 53). Já para Britto e Fontes (2002, p. 52) turismo de eventos É o segmento do turismo que cuida dos vários tipos de eventos que se realizam nas mais diversas áreas. São congressos, conferências, cursos, exposições, feiras shows, simpósios, solenidades, por exemplo, que refletem o esforço mercadológico dos mais diversos setores, como as áreas médicas e de saúde, culturais, econômicas, jurídicas, artísticas, esportivas e comerciais, ao ingressarem em seus mercados potenciais com novas tecnologias, descobertas científicas e produtos. Dentro de cada segmento do turismo há um anexo de serviços fundamentais. Especificamente para o turismo de negócios e eventos, os serviços de comunicação são substanciais. As teleconferências são muito utilizadas na época presente. Para o turismo receptivo internacional, a disponibilidade de serviços de câmbio é indispensável. Quando se trata de turismo de aventura, no qual o perigo de acidentes se mostra mais elevado, os serviços médicos e de TÓPICO 2 | TURISMO DE NEGÓCIOS E EVENTOS 141 segurança são primordiais. Já localidades turísticas onde o transporte de entrada são veículos particulares, a existência de serviços de apoio aos motoristas é essencial (IGNARRA, 2013). Assim, Moletta (2003) cita algumas vantagens do turismo de negócios: • Movimentação da cadeia produtiva do turismo. • Geração de emprego. • Exigência de maior qualificação da mão de obra local. • Diminuição dos efeitos da sazonalidade. • Maior gasto médio turístico. Em se tratando dos serviços turísticos mais procurados no turismo de negócios, Moletta (2003, p. 15) afirma que são: • Agências de viagens: reservas de passagens e emissão de bilhetes, traslados em geral, locação de veículos, reservas de meios de hospedagem, ingressos para espetáculos, “tours”, emissão de vistos, serviços de transportes (locação de limusines), empresas de câmbio, programação de roteiros de viagem, viagens de incentivo e agendamento para negócios. • Meios de hospedagens: serviços de lavanderia, de restaurantes, de comunicação (fax,internet), de secretaria, salões de reuniões/ convenções, câmbio, livraria, barbeiro, cabeleireiro, atendimento médico, “room service”, “check-in” e “check-out” automatizados, tarifas corporativas, caixas bancárias automatizadas, informações turísticas, “tours”, reservas e confirmação de passagens, lojas de conveniência, bar. • Transportes: além dos serviços de transportes em geral, oferecem traslados, motoristas bilingues, serviços de limusines, “vans”, ônibus executivos com ar condicionado, “frequent flyer”. Podemos ressaltar que alguns equipamentos e serviços de apoio aos viajantes tornam-se importantes. Cabe destacar, neste momento, as casas de câmbio, agências bancárias, postos de gasolina, serviços de táxi, rede médico- hospitalar, rede de telecomunicações e segurança pública (MOLETTA, 2003). Dentro desse contexto de ofertas e vantagens do turismo de negócios, não podemos deixar de citar que o turismo no Brasil é uma alternativa viável para a criação de empregos e geração de renda. Para abrangência do desenvolvimento local, além de um planejamento adequado com a participação dos vários atores envolvidos, a atuação das organizações do setor turístico é de fundamental estima. Por sua representatividade econômica, seu potencial na mobilização de recursos e para o desenvolvimento tecnológico, as organizações privadas são agentes primordiais para as transformações sociais (PHILIPPI JÚNIOR; RUSCHMANN, 2010). Não podemos deixar de citar que a economia mundial exige executivos e profissionais que realizem viagens, tanto para irem de encontro a novas tecnologias, inovações, informações, parceiros, pois é necessário possuir o espírito de competição neste mercado globalizado. Os grandes centros urbanos advieram a ser o destino deste público, tendo em vista que estes locais possuem 142 UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA bens industriais, comerciais e serviços em maiores ofertas e diversificação, despertando o interesse dos executivos e técnicos à procura de novos produtos. (MOLETTA, 2003, p. 9). Essas viagens podem resultar em novas parcerias. No Brasil, podemos citar a capital paulista, como um dos destaques de turismo de negócios, mas nem sempre ela foi aceita como uma opção de viagem: Há ainda quem resista à ideia de ver a cidade como destino turístico, especialmente se o tema for lazer. Maior polo de negócios e eventos do país, a capital paulista acostumou-se a receber viajantes por essas motivações. Moradores e profissionais de turismo também foram envolvidos nessa percepção e, mesmo sendo o principal portão de entrada do Brasil, São Paulo, durante muito tempo, não investiu no setor nem se imaginou como boa opção de viagem (IGNARRA, 2013, p. 114). Atualmente esse panorama mudou, pois a cidade é a primeira do país em turistas e oferece o mundo aos brasileiros, e, ao mesmo tempo, um gostinho de Brasil a milhões de estrangeiros. A capital está entre uma das mais sofisticadas no mundo, além de possuir entretenimento, cultura, compras e gastronomia. Reúne multiculturalidade, requinte, agitação e uma infinidade de atrações que agradam a qualquer visitante. (IGNARRA, 2013). O poder econômico da cidade já explicaria o fato de sediar 72% das grandes feiras de negócios do país. Entretanto, além da concentração de grandes empresas, São Paulo também se consolidou por sua impecável infraestrutura de apoio, por meio de uma rede hoteleira com mais de 42 mil unidades, 2,5 milhões de metros quadrados de área de exposição para locação e uma infinidade de prestadores de serviços para organização de pequenos a megaeventos (IGNARRA, 2013, p. 117). A capital paulista também já recebeu inúmeros eventos esportivos, sociais e de lazer. Vale destacar a Corrida Internacional de São Silvestre, a Fórmula Indy e o GP Brasil de F1. “[...] outras corridas de rua atraem competidores de todo o mundo, como a Maratona Internacional de São Paulo. A cidade também já foi escolhida para ser uma das 12 sedes da Copa do Mundo Fifa Brasil 2014” (IGNARRA, 2013, p. 117). “Todo executivo, embora esteja exercendo uma atividade profissional em seu tempo livre, busca o entretenimento e as atividades de lazer. Assim, o turismo de negócios não pode ser visto de forma isolada e desvinculada dos segmentos do turismo” (MOLETTA, 2003, p. 11). Uma das ações que a capital paulista realiza é a Somos todos Happy Hour, que busca promover a cidade para os moradores locais e para os turistas, reforçando ainda mais a sua diversificação. Veja a seguir a matéria. TÓPICO 2 | TURISMO DE NEGÓCIOS E EVENTOS 143 #SOMOSTODOSHAPPYHOUR chega a sua 3ª edição Ação do VISITE SÃO PAULO tem como objetivo incentivar que moradores e visitantes de SP aproveitem o melhor da cidade e sua gastronomia Terça, 27 de novembro de 2018 Todos os anos, o horário de verão divide opiniões entre os que gostam e os que preferem não adiar o nascer do sol. Mas há algo unânime na prática de adiantar o relógio: todos contam com mais tempo da luz do sol, inclusive no início da noite, para aproveitar melhor a cidade. E uma grande pedida durante a semana para experienciar esses momentos é o Happy Hour. São Paulo é a capital do Happy Hour, por isso, chega a sua terceira edição com a ação #SOMOSTODOSHAPPYHOUR, do Visite São Paulo com a ABRASEL, Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, na qual estabelecimentos podem oferecer durante o período de horário de verão descontos e promoções, de segunda a quinta, das 17h às 20h, com ofertas divulgadas no site www.visitesaopaulo.com/somostodoshappyhour. Apoiam o movimento a Secretaria Municipal de Turismo, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Observatório da Gastronomia da Cidade de São Paulo e Sindicato de Restaurantes, Bares e Similares de São Paulo (SindResBar-SP). “O #SOMOSTODOSHAPPYHOUR é um movimento que busca incentivar que paulistanos e visitantes conheçam mais do melhor da gastronomia de São Paulo, além de aumentar o movimento nos estabelecimentos, incrementando na economia do destino”, comenta Toni Sando, Presidente Executivo do Visite São Paulo. “O Observatório da Gastronomia tem como objetivo fomentar a cultura gastronômica paulistana, promovendo o fortalecimento de bares e restaurantes com geração de emprego e renda. O #SOMOSTODOSHAPPYHOUR é uma ação de sucesso que, além de realizar o desenvolvimento econômico da cidade, promove o turismo, a cultura e o lazer”, destaca a Secretária Municipal de Desenvolvimento Econômico, Aline Cardoso. “É uma ação com a cara de São Paulo. Além de ser uma boa oportunidade de fomentar as atividades turísticas da cidade, e o mercado gastronômico, também impulsiona a economia do município, trazendo aos paulistanos uma gama de lugares para aproveitar a gastronomia da cidade”, complementa Orlando Faria, Secretário Municipal de Turismo. 144 UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA A ação, explica Toni Sando, do Visite São Paulo, é democrática e é aberta para que os estabelecimentos interessados possam participar. Para tanto, basta cadastrar a oferta em www.bit.ly/somoshappyhour. Após análise e aprovação, a oferta é publicada no site. “A ação #SOMOSTODOSHAPPYHOUR é importante para o comércio, para a cidade, para termos mais alegria na vida. As pessoas gostam de viver e visitar cidades alegres, nas quais o povo vai às ruas, celebra, comemora e fortalece laços de amizade. Portanto, é uma possibilidade importante também para o turismo, tanto doméstico como internacional”, detalha Percival Maricato, Presidente do Conselho de Administração da ABRASEL SP. FONTE: <http://www.ubrafe.org.br/noticias/detalhes/24584/-somostodoshappyhour-chega-a- sua-3-edicao.php>. Acesso em: 9 abr. 2019. Philippi Júnior e Ruschmann (2010) citam que o impulso que alguns eventos podem dar aos negócios e ao turismo pode ser entendido pela comunidade quando eles são estimulados. Observa-se através da ação do efeito multiplicador em casos de megaeventos comoOlimpíadas, Copa do Mundo ou em eventos regionais como a Oktoberfest, em Blumenau (SC), ou a Festa da Uva, em Caxias do Sul (RS). Aproveitando o contexto, caro acadêmico, apresentamos a você como divulgar e vender o turismo de negócios. Depois de organizar a estrutura do turismo e os empreendimentos que receberão os viajantes, é necessário definir algumas estratégias de marketing, para atrair clientes. Buscar medidas adequadas de divulgação e comercialização, buscando identificar a melhor maneira de levar produtos e serviços ao mercado consumidor, que são os executivos, empresários e profissionais liberais. (MOLETTA, 2003). Muitos eventos são especificamente criados para a intenção de negócios. Um evento que também está tomando formato em São Paulo é o Kids Festival, evento focado no público infantil. O evento já é organizado pela promotora em Paris há 13 anos e estará presente no Brasil, que tem como intenção realizar muitos negócios. TÓPICO 2 | TURISMO DE NEGÓCIOS E EVENTOS 145 GL EVENTS EXHIBITIONS TRAZ PARA SÃO PAULO O KIDS FESTIVAL, EVENTO FOCADO NO PÚBLICO INFANTIL A GL events Exhibitions trará para São Paulo um dos maiores eventos internacionais focados no público infantil. A versão nacional do francês KidExpo foi nomeada Kids Festival e acontecerá de 25 a 27 de outubro no São Paulo Expo, em uma área de 20 mil m², distribuída em dois pavilhões. A empresa faz parte do grupo francês GL events, que possui 40 anos de experiência em eventos e exposições ao redor do mundo e atualmente está presente em mais de 20 países nos cinco continentes. O Kidexpo é organizado pela GL events Exhibitions em Paris há 13 anos e já virou uma tradição, que atrai cerca de 85 mil famílias e 300 expositores anualmente. O objetivo do Kids Festival será promover um encontro com as crianças e suas famílias, proporcionando experiências lúdicas com atividades que abordam temas relacionados à leitura, editoras e publicações infanto-juvenis, educação, jogos, cultura, música, meet and greet (encontro com personagens), movimento maker, esportes, entretenimento, saúde, inovação, tecnologia e gastronomia. De acordo com os dados do Kidexpo de 2017, 85% dos visitantes vão acompanhados da família e dois a cada três permanecem o dia inteiro no evento, sendo que 70% têm a intenção de voltar. O evento também registrou um aumento de 15% em números de visitantes qualificados em relação ao ano de 2016 e em 2018 teve a sua estreia na cidade francesa de Lyon. No Kids Festival, as marcas poderão usar o cenário do evento para fazer as próprias ativações e despertar o interesse do público final, além de gerar negócios, assim como entender as novas demandas do segmento infantil, que tem crescido, em média, 14% ao ano e já representa R$ 50 bilhões no Brasil, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a PNAD Contínua. Oportunidades não faltam para as marcas estarem presentes no Kids Festival. Em primeiro lugar, as crianças têm um grande poder de influência no consumo das famílias, principalmente em itens como brinquedos e jogos, alimentação e bebidas, vestuário, material escolar, eletrônicos, filmes e televisão, esportes, viagens e férias. Além disso, a cada ano aumenta o valor agregado dos produtos destinados ao público infanto-juvenil. Em 2016, por exemplo, as vendas de livros infantis cresceram 28% em relação ao ano anterior, enquanto o mercado geral caiu 9,7%, e a indústria de brinquedos faturou R$ 6 milhões. Os dados são do estudo “Meet the Parents”, do Ipsos Media CT, que foi divulgado em 2016 e comissionado pelo Facebook. 146 UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA Novos nichos de mercado também estão sendo explorados. Atualmente cerca de 60 canais da categoria “família” no YouTube Kids têm mais de 1 milhão de inscritos – o Brasil é o 3º país com o maior número de downloads na plataforma e 48% das crianças brasileiras a acessam diariamente. Este é um dos motivos pelos quais o Kids Festival apostou em uma área dedicada inteiramente a este universo, o “Digital Lab”. Essa atração estará localizada em um espaço lúdico com oficinas de produção de imagem e audiovisual e sessões com conteúdo gerado por influenciadores digitais, envolvendo o contato entre a criança e o mundo tecnológico. Durante os três dias de realização do Kids Festival, as marcas expositoras poderão ampliar sua rede de contatos e conquistar novos clientes, além de aumentar o próprio alcance com destaque de informações para a imprensa segmentada, utilizando também os canais de mídia do evento. Mais informações estão disponíveis em www.kidsfestivalsp.com.br e nas redes sociais @kidsfestivalsp. FONTE: <http://www.ubrafe.org.br/noticias/detalhes/24683/gl-events-exhibitions-traz-para-sao- paulo-o-kids-festival-evento-focado-no-publico-infantil.php>. Acesso em: 18 abr. 2019. Muitos questionamentos existem em torno do mercado do turismo de negócios, pois sua crescente expansão apresenta alguns perfis, como os executivos de empresas (tais como comerciais, industriais e serviços de médio porte), os participantes dos mais diversos congressos, empresários de pequenas e médias empresas, os profissionais liberais e os vendedores/técnicos de diferentes setores (MOLETTA, 2003). Moletta (2003) afirma que a demanda provocada pelo viajante a negócios, tem como características principais: • O objetivo da viagem que tem como função desenvolver atividade lucrativa ou desenvolvimento profissional. • Os itens valorizados são focados em hotelaria de qualidade, modernidade em equipamentos, agilidade e eficiência em serviços. • O custeio das despesas é por conta da empresa que representa. • Os serviços mais utilizados: passagens aéreas, hotéis funcionais e econômicos, traslados, aluguel de veículos, programação turística no tempo livre, serviços normalmente adquiridos por uma agência de viagens especializada em atender às empresas. • A relação com a comunidade local: tem uma menor predisposição no contato com a comunidade local e consequentemente intercâmbio cultural. • Período que mais viaja: com frequência média em dias úteis da semana. TÓPICO 2 | TURISMO DE NEGÓCIOS E EVENTOS 147 2.1 RAZÕES DO CRESCIMENTO DO TURISMO DE EVENTOS Os eventos são, incontestavelmente, o maior e melhor meio de desenvolvimento nacional, de fomento da economia, de geração de empregos, juntamente com o desenvolvimento da infraestrutura turística, do turismo natural, rural e cultural [...]”. (BRITTO; FONTES, 2002, p. 349). De acordo com Chon (2014) é impossível definir somente um fator responsável pelo crescimento da indústria de eventos. Existem vários fatores, mas a explosão da disponibilidade de conhecimento e a maior facilidade de realizar viagens aéreas são os principais. Vale destacar que as informações sejam talvez uma das principais responsáveis, pois as pessoas se reúnem em prol da troca de conhecimento. Nos últimos 40 anos, a disponibilidade das informações explodiu. A informação está ao alcance de todos, através do computador, pois é possível trocar, manipular e disseminar grandes quantidades de informação sobre qualquer assunto. A informação está tão vasta, que é humanamente impossível absorver toda essa informação, e muito se justifica pela velocidade de acesso. Aliás, a maior parte das pessoas não consegue nem mesmo se manter a par das informações de sua própria área de desempenho. A ida a reuniões, convenções e exposições é para saber o que está acontecendo em suas áreas, contar o que estão fazendo e trocar ideias (CHON, 2014). Para complementar esse assunto, observe esse fragmento da matéria INFORMAÇÃO EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO, ele está disponível no site dos Administradores.com e foi escrito pelo Carlos Eduardo da Costa. 1 INTRODUÇÃO A sociedade vem passando por inúmeras mudanças em todas as áreas do conhecimento. Os impactos produzidos na sociedade através dos meios de comunicação altamente sofisticados como a TV, satélite, internet, têm provocadomodificação no estilo de conduta, atitudes, costumes e tendências das populações mundiais, principalmente no Brasil. É importante ressaltar que essas mudanças só ocorrem por causa do avanço das tecnologias, sobretudo no ramo das telecomunicações. Isto é percebido diariamente em todos os países do mundo, principalmente os mais evoluídos, pois os mesmos produzem tecnologia de forma acelerada e com uma eficiência singular. O aumento das tecnologias da comunicação e informação impulsiona ainda mais o processo de mudança comportamental no Brasil e no mundo, isso acontece porque todos os envolvidos com essas, tem que se adaptar a elas para se estabelecerem no mercado ou na vida de um modo geral. A globalização tem aumentado na mesma velocidade em que os meios de comunicação vêm se aperfeiçoando e expandindo suas fronteiras. Internet, MSN, GPS, guerras em tempo real (CNN na Guerra do Golfo), mostram que cada vez mais a informação chega mais 148 UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA rápido e com mais voracidade, e quem não estiver preparado para saber como aproveitar o momento certo, poderá ficar para trás e deixar a concorrência passar à frente. 2 NOVA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO As novas tecnologias da informação estão integrando o mundo em redes globais de comunicação. A tendência social e política característica da década de 90 é a construção de um mundo cada vez mais globalizado, integrado mutuamente com tudo e com todos. A mudança histórica das tecnologias mecânicas para a tecnologia da informação ajuda a desmistificar a ideia de soberania e autossuficiência promovida no passado. Sem dúvida, desde o início da década de 70, a inovação tecnológica tem sido conduzida pelo mercado, provocando uma difusão mais rápida dessa inovação. Na realidade, a inovação descentralizada estimulada por uma cultura de criatividade tecnológica e por modelos tecnológicos de sucesso é que as tecnologias prosperam. Países como China e Índia onde até pouco tempo atrás eram países fechados à nova ordem mundial do capitalismo, começaram a abrir-se para o mundo e a aproveitar essa onda nas mudanças da tecnologia da informação. Hoje mais da metade dos computadores do mundo são produzidos na China, mas até pouco tempo atrás o acesso à internet era quase que proibido a população. Hoje o número de internautas alcançou 137 milhões ou 10% da população total do país. Ainda está longe dos quase 20% do Brasil, mas caminha a passos largos para se tornar uma nação poderosa em termos de tecnologia da informação. 3 AS MUDANÇAS NA SOCIEDADE E NA INFORMAÇÃO A Revolução Industrial começou na Inglaterra, quando a máquina a vapor foi inventada, na metade do século XVIII. Logo surgiram as ferrovias e indústrias. As pessoas trocaram o campo pela cidade. As mudanças tecnológicas praticamente cessaram no século XIX, quando surgiram várias inovações: motor de combustão interna, eletricidade etc. que alteraram a economia mundial. Essa, por sua vez, gerou uma nova classe de trabalhadores, aumentou o número de pessoas com acesso à educação e que tinham dinheiro. Começaram os problemas de desemprego, surgiu o materialismo e a decadência das famílias acelerou. FONTE: <https://administradores.com.br/artigos/informacao-em-tempos-de-globalizacao-a- transformacao-da-sociedade>. Acesso em: 18 abr. 2019. A hospedagem também foi bastante influente no processo de crescimento da indústria de eventos, pois com TÓPICO 2 | TURISMO DE NEGÓCIOS E EVENTOS 149 [...] o resultado do excepcional aumento do número e do tamanho dos eventos, os hotéis tiveram de se adaptar, tornando-se maiores fisicamente. Em consequência, hoteleiros de todos os tamanhos adaptaram seus serviços para esses clientes e aumentaram os lucros oriundos desse segmento. Cadeias como Sheraton, Hilton e Hyatt e, posteriormente, Radisson, Omni e Marriott monopolizaram o mercado nos Estados Unidos. Hoje, esses estabelecimentos continuam a receber a maioria dos eventos realizados em hotéis (CHON, 2014, p. 256). A oportunidade de melhorias na área de eventos também fez com que os centros de convenções evoluíssem. Nos últimos 35 anos, os centros de convenções foram sinônimo de expansão da indústria hoteleira. Espaço, acessibilidade e locais de armazenagem tornaram os centros de convenções ideais para reuniões, convenções e exposições (CHON, 2014). DICAS O Coliseum, em Nova York, foi provavelmente o primeiro centro de convenções construído para acomodar grupos de diferentes tamanhos. Concluído em 1958, oferecia flexibilidade: paredes móveis com isolamento acústico para dividir grandes áreas, lugares específicos para fazer a inscrição dos participantes, variedade de opções para iluminação e rampas para os andares de exposições mais baixos. Hoje, centenas de cidades ao redor do mundo vangloriam-se de seus centros de convenções. FONTE: CHON, Kye-Sung. Hospitalidade: conceitos e aplicações. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2014. 2.2 EVENTOS ESPECÍFICOS DA SAÚDE OFERTADOS NA HOTELARIA Alguns eventos chamam a atenção pela sua diversidade e versatilidade. Podemos perceber isso pela circunstância que vem ganhando forma nos últimos tempos, a área da saúde. “As reuniões, as convenções, as exposições e a indústria de hospedagem para tratamento de saúde ganharam muita importância nos últimos anos” (CHON, 2014, p. 253). O crescimento dos eventos ocorreu, pois foi imprescindível atender à demanda de empresas e associações e a indústria da saúde ampliou-se para atender às obrigações de uma população em processo de envelhecimento. Assim, como alguns setores da hospitalidade aplicam seus esforços em restaurantes e hotéis, por exemplo, outros especializam-se em eventos e saúde (CHON, 2014). Nos Estados Unidos, grandes redes hoteleiras investem neste nicho de mercado. Podemos observar no caso a seguir, como funcionam na prática os centros de moradias assistidas, que são novas atuações empresariais. 150 UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA CENTROS DE MORADIA ASSISTIDA Na área dos negócios inovadores, poucas ideias parecem tão promissoras quanto a moradia assistida, um conceito relativamente comum na Europa que agora está chegando aos Estados Unidos. As moradias assistidas oferecem uma opção que se fazia necessária entre os asilos e as casas residenciais com serviços de enfermagem. Para pessoas que não precisam de uma enfermeira 24 horas, mas que não podem ter vidas totalmente independentes, as moradias assistidas oferecem uma alternativa confortável e de bom custo-benefício. Na maior parte desses estabelecimentos, os residentes podem escolher entre um quarto individual ou compartilhado com geladeira e pia em um ambiente residencial. As áreas comuns de moradia são compostas de salas de estar, lanchonete e uma cozinha completa equipada para quem quiser preparar suas refeições. A maioria das moradias assistidas oferece serviço de enfermagem limitado, mas mantém funcionários autorizados a dar banho e aplicar medicamentos nos residentes, quando necessário. A DevelopMed Associates, empresa de moradia assistida com sede em Ohio, tem diversos estabelecimentos. Um de seus diretores, Richard Slager, fez a seguinte observação: “Percebemos que em nossas casas residenciais tradicionais tínhamos de 30% a 50% dos residentes alocados de maneira inadequada.” William Eggbeer, vice-presidente de marketing da Manor Healthcare Corp., de Maryland, uma das maiores empresas de moradias residenciais com serviços de enfermagem, comenta: “Notamos que as moradias assistidas estão crescendo a uma taxa de 8%, contra 1% a 2% das casas residenciais com serviços de enfermagem tradicionais”. Em virtude dos menores custos com funcionários e do crescente interesse na moradia assistida, esse tipo de empreendimento tende a prosperar. Tal tendência apresenta novo desafio para a indústria da Hospitalidade, que precisará fornecer diversos serviços a esse tipo de estabelecimento. FONTE: CHON,Kye-Sung. Hospitalidade: conceitos e aplicações. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2014. Muitos idosos acabam buscando esse tipo de serviço quando ainda estão independentes, mas acabam buscando praticidade e opções de espaços de convivência. “O crescimento da indústria hoteleira, a expansão de cadeias de comunidades residenciais para idosos e o aumento da população de idosos oferecerão muitas novas oportunidades para os profissionais de Hospitalidade” (CHON, 2014, p. 268). 151 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • O turismo, por si só, já pode ser definido como um conjunto de eventos. • Os negócios são um dos objetivos do turismo, assim como o lazer. Ambos são capazes de gerar benefícios ao local que os recebe pelo consumo dos fatores da oferta, cuja existência é obrigatória para que a prática da atividade seja consentida. • O “turismo de negócios” pode ser definido como “[...] os deslocamentos de pessoas para destinos diferentes de seus locais de residência, por tempo determinado e por motivos profissionais, nos quais executam atividades pertinentes ou não aos seus propósitos iniciais e fazem uso dos serviços e produtos que compõem a oferta turística para suprir suas necessidades de conforto e bem-estar enquanto estiverem distantes de suas residências (PHILIPPI JÚNIOR; RUSCHMANN, 2010, p. 716). • Moletta (2003) cita que os principais motivos que levam o executivo a se deslocar para uma viagem de negócios são: participação em reuniões de trabalho, fechamento de contratos, presença em eventos de caráter profissional ou técnico (exemplo: seminários, congressos, ciclos de estudos) e ações propulsoras de um processo de negociação, em favor de uma empresa ou de um profissional liberal. • O turismo de eventos é um tipo de turismo independente, pois o crescimento dos eventos e a consolidação de algumas reuniões importantes são os agentes propulsores das viagens (PHILIPPI JÚNIOR; RUSCHMANN, 2010). • É impossível definir somente um fator responsável pelo crescimento da indústria de eventos. Existe vários fatores, mas a explosão da disponibilidade de conhecimento e a maior facilidade de realizar viagens aéreas são os principais. • “As reuniões, as convenções, as exposições e a indústria de hospedagem para tratamento de saúde ganharam muita importância nos últimos anos” (CHON, 2014, p. 253). • “Todo executivo, embora esteja exercendo uma atividade profissional em seu tempo livre, busca o entretenimento e as atividades de lazer. Assim sendo o turismo de negócios não pode ser visto de forma isolada e desvinculada dos segmentos do turismo” (MOLETTA, 2003, p. 11). 152 AUTOATIVIDADE Prezado acadêmico! Leia o texto a seguir e responda às questões ao final do texto. GÊNIO DO MARKETING Nascido em uma fazenda em Settlement, Utah, em setembro de 1900, Marriott era o segundo de oito irmãos. Foi na fazenda que aprendeu a ter responsabilidades e a trabalhar arduamente. Aos 13 anos, lançou-se em sua primeira aventura no ramo dos negócios – como produtor de alface –, arrendando terra de seu pai e, posteriormente, repassando-lhe os lucros (surpreendentes US$ 2.000) da temporada. Ao completar 19 anos, Marriott trabalhou como missionário mórmon, passando dois anos em Connecticut e Vermont. Em 1921, ingressou no Weber Junior College, em Utah. Com grande paixão pelo aprendizado, Marriott continuou seus estudos na Universidade de Utah, pagando-a com seu próprio dinheiro e ainda enviando um pouco para a família. Conseguiu fazer isso graças à venda de roupas íntimas de lã para lenhadores, gerenciando uma livraria, ensinando inglês em escolas de ensino médio e fazendo diversos outros trabalhos curiosos. Quando conheceu sua futura esposa, Alice “Allie” Sheets, seu faro para os negócios despertou. Com dinheiro economizado e emprestado, e também com a ajuda de um sócio, Hugh W. Colton, Marriott comprou a franquia de root beer da A & W para Washington; Baltimore, Maryland; e Richmond, Virgínia. Abriu seu estande de nove assentos no dia em que Charles Lindbergh sobrevoou com sucesso o Atlântico. Marriott considerava a venda de root beer um bom negócio, mas preocupava-se com o fato de que, passado o calor do verão e começado o inverno, não seria tão fácil vender uma caneca gelada da bebida. Acrescentar alimentos ao cardápio seria uma evolução natural e, assim, embora contrariando as normas da A & W, Marriott pôs-se a executar o que havia planejado. Por fim, com permissão especial do escritório central da A & W, pode incluir alimentos no cardápio e acabou mudando o nome do estande para Hot Shoppe. O conceito do Hot Shoppe pegou e muitas outras lojas foram abertas, entre as quais o primeiro restaurante drive-in na Costa Leste. Aos 30, Bill Marriott estava milionário. No entanto, como de costume, não estava satisfeito com seus negócios; além disso, tinha o dom de encontrar nichos de mercado que pudesse atender. Ao ver que seus clientes compravam comida em seus restaurantes para levar em viagens de avião, percebeu que existia a necessidade de alguém fornecer comida para as empresas aéreas. Em 1937, passou a fazer isso e fundou a indústria de catering para empresas aéreas. 153 Em 1953, abriu o capital da Hot Shoppe, vendendo as ações ofertadas em apenas duas horas. Nesse mesmo ano, entrou para o ramo dos serviços de alimentação de coletividades, tendo sido contratado para fornecer refeições para a American University e para o Children’s Hospital, em Washington. Em 1957, abriu seu primeiro estabelecimento de hospedagem, o Twin Bridges Marriott Motor Hotel. Nos anos 1960, Marriott nomeou seu filho como sucessor e, em 1972, Bill Júnior tornou-se diretor executivo da Marriott Corporation. Em meados dos anos 1980, a Marriott Corporation orgulhava-se de suas vendas anuais superiores a US$ 3 bilhões e de ter se expandido em diversas áreas, como resorts, cruzeiros, fast-foods e comunidades para idosos. Bill Marriott foi um homem que baseava seu trabalho na fé, na determinação e na família. No verão de 1985, faleceu como sempre viveu: em família. 1 No caso apresentado, como você observa que Marriott tinha um bom senso de observação aos negócios. Cite quais investimentos que ele fez voltados para o turismo de eventos. 2 De qual forma o turismo de negócios poderia estar presente nos empreendimentos do Marriott? 3 Cite com as suas próprias palavras, o que seria uma comunidade de idosos. 154 155 TÓPICO 3 CONTRIBUIÇÃO DOS EVENTOS PARA A SAZONALIDADE HOTELEIRA UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Neste tópico iremos estudar as questões sazonais da hotelaria, e quais as propostas que os eventos disponibilizam para estas situações. Dorta (2015) afirma que entre as principais benfeitorias que o evento proporciona, cabe ressaltar que o número de visitantes que uma determinada localidade em detrimento de um evento consequentemente provoca “[...] um aumento de receita, produtividade do trade turístico, geração de empregos diretos e indiretos, além de impulsionar investimentos (públicos e privados), aumentar a arrecadação de impostos e ser uma alternativa econômica para períodos sazonais (DORTA, 2015, p. 34). É necessário rever as ofertas hoteleiras, em que somente estamos focados em receber e hospedar. Será que o nosso hóspede busca somente se hospedar e nada mais? Seria egoísta pensar que para os ramos hoteleiros basta somente oferecer hospedagens? Nesse ponto, é necessário lembrar que os empreendimentos turísticos incluem uma grande variedade de ações de desenvolvimento que incidem sobre os meios de hospedagem, variando de uma simples pousada a complexos hoteleiros sofisticados, vias de acesso e de circulação, rodovias intermunicipais e interestaduais, centros de recreação e de informação, parques temáticos, marinas, bares e restaurantes, eventos e festivais, compondo uma extensa rede de ações do poder público, da iniciativa privada e das comunidades hospedeiras, para atender às necessidades de uma demanda turísticacada vez mais exigente (PHILIPPI JÚNIOR; RUSCHMANN, 2010, p. 534). “Os eventos também podem causar maior retorno financeiro quando são realizados em hotéis, sobretudo no que se refere ao aumento no número de diárias e refeições e à locação de espaços” (PHILIPPI JÚNIOR; RUSCHMANN, 2010, p. 689). Destacamos que não serão discutidos os impactos de origem negativa, pois a intenção é demonstrar como os eventos podem auxiliar no desenvolvimento de uma localidade/região. Soluções a serem apresentadas serão em prol da sazonalidade gerada pelas baixas estações. UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA 156 Caro acadêmico! Convido você a embarcar em mais um estudo do universo da Disciplina de Turismo e Hotelaria para Eventos. Quanto mais estudamos, descobrimos pontos que ainda merecem a nossa atenção e aprofundamento. Já dizia Albert Einstein: “A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”. 2 DIVERSIFICAÇÃO DO PRODUTO Em relação à diversificação do produto nas destinações turísticas, Ignarra (2013, p. 39) cita que elas “[...] podem reverter o processo de decadência por meio de investimentos na diversificação do produto. Las Vegas, diante da redução de seu fluxo turístico voltado para os cassinos, tem se transformado em destinação de turismo de eventos, por exemplo”. Essa alternativa resulta em inúmeras ações positivas e negativas. A população precisará estar consciente desta ação e dos seus benefícios, para que acolha e ajude a promover este novo empreendimento, ou até mesmo, será necessária uma demanda maior de mão de obra qualificada, que é chamada de oferta de serviços. Dentro deste contexto, Vale destacar que uma localidade pode receber diversos tipos de turistas ao mesmo tempo, desde que haja propostas, espaços e oferta de serviços específicos para cada público específico. Assim como uma empresa pode possuir diversas marcas para públicos distintos, um destino como São Paulo pode, por exemplo, atrair ao mesmo tempo turistas de eventos, negócios e LGTB, o que pode ocorrer desde que a divulgação, os atrativos e os espaços de interesse sejam específicos e diferenciados para cada público previsto (PANOSSO NETTO; ANSARAH, 2015, p. 99). A sazonalidade pode ser descrita, de acordo com Britto e Fontes (2002, p. 80), como as “[...] variações da ocorrência de qualquer fenômeno que acontece em alguns períodos e em outros não”. “Portanto existe o período de alta temporada (peak season), no qual ocorre a maior concentração de turistas e um período de baixa temporada (off-peak season), em que a demanda é menor. Também se pode citar uma temporada intermediária (shoulder season)” (BAHL, 2003, p. 106). Dentro do turismo, a sazonalidade pode ser compreendida como a concentração das atividades turísticas em determinado espaço de tempo e a sua ausência em outros momentos, de forma bastante marcante (BRITTO; FONTES, 2002, p. 80). A sazonalidade, para Bahl (2003, p.106) [...] é um dos principais problemas da “indústria turística’. No período de alta temporada produzem-se fenômenos de saturação como congestionamentos em estradas, carência no abastecimento de água e energia elétrica, falta de rede de esgoto, aumento da poluição das TÓPICO 3 | CONTRIBUIÇÃO DOS EVENTOS PARA A SAZONALIDADE HOTELEIRA 157 águas e ruídos, ao contrário do período da baixa estação, quando muitas empresas são obrigadas a fechar por falta de demanda, causando desemprego à população local. Algumas ações podem ser feitas para auxiliar a diminuição da sazonalidade. A experiência dos turistas, como “A participação em eventos como festivais ou a promoção de eventos típicos na localidade, como a Expoflora em Holambra/SP, estimula a divulgação gratuita da localidade (jornais, revistas, rádios, TV), além do aumento da própria visitação ao destino no decorrer do evento” (PANOSSO NETTO; ANSARAH, 2015, p. 10). Assim, as viagens, como eventos de descotidianização, propiciam ao homem, pelas atividades turísticas, um espaço de diversidade, de estandartização; em contrapartida, essas mesmas práticas pelo turismo massivo, aquele imediatamente colado às formas de reprodução do grande capital, na sociedade de massas, fazem com que o turista entre simultaneamente em outro universo de fetiches e simulacros do capital, em um espaço homogeneizado que reproduz a hiper-realidade do mundo contemporâneo (RUSCHMANN; SOLHA, 2006, p. 26). Podemos elencar dois tipos de sazonalidade: a da oferta e a da demanda. A da demanda pode ser realizada medidas para evitar as grandes concentrações de veraneio e repartir a demanda no decorrer do ano, incentivando os trabalhadores a tirar férias em períodos fora do verão, oferecendo preços mais baratos e promoções. Já para a sazonalidade da oferta (dos recursos naturais), é bem mais difícil de superar, visto que não se pode ir contra o clima. Algumas ações podem minimizar o problema, como a criação de novos produtos que não tenham o clima como fator principal ou de destaque (BAHL, 2003). Alguns indicadores podem ser citados para caracterizar a sazonalidade turística: • variação do fluxo turístico receptivo, considerando-se espaços de tempo anuais, mensais, semanais ou diários; • variação do fluxo turístico emissivo, considerando-se espaços de tempo anuais, mensais, semanais ou diários; • variação do volume de chegadas e partidas nos portos – rodoviários, aeroviários, ferroviários e hidroviários – nacionais e internacionais; • taxa média de ocupação da pequena, média e grande hotelaria da região analisada, considerando períodos de alta, média e baixa estações turísticas; • variação na demanda por flats e apartamentos mobiliados, por período analisado (BRITTO; FONTES, 2002, p. 80). Caro acadêmico! Você saberia dizer quais são os fatores, ou as causas, das ocorrências das sazonalidades? Britto e Fontes (2002) também citam alguns indicadores do fluxo turístico aumentar ou diminuir. As causas mais comuns são: férias escolares, férias dos trabalhadores (em geral), existência do tempo livre, existência dos fatores econômicos (câmbio, poder aquisitivo da população), existência de fatores ambientais (desastres climatológicos, guerras), existência de fatores estruturais (epidemias, falta de segurança) e existência de fatores mercadológicos (concorrência acirrada, modismo). UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA 158 “A sazonalidade é a consequência do turismo de massa, o que caracteriza a atividade turística nas regiões litorâneas”. (BAHL, 2003, p. 107) E, por consequência, Britto e Fontes (2002, p. 81) apresentam algumas estratégias para redução e gestão da sazonalidade: • a criação e captação de eventos adequados a essa época; • a prática de política de preços diferenciada nas estações; • o desenvolvimento de novos mercados para aumento de fluxo de turistas numa localidade, como o próprio mercado de turismo de negócios; • a utilização de produtos e serviços alinhados com as novas tecnologias; • política de promoção e distribuição de produtos com força de penetração em mercados diversos; • a identificação dos novos e atuais nichos de mercado e outros. Em conjunto com a diversificação do produto, temos a utilização da hospitalidade como uma estratégia fortemente usada, para a captação de clientes. Camargo (2004) definiu como algo que evoca a ideia de algo desejável, mas um tanto fora de moda: algo como uma atitude positiva em um código de ética. Serve as gerações mais antigas como um signo de decadência, utilizada em expressões como “hoje os jovens nem sabem conversar”, ou “a gente nem mais conhece os vizinhos”. Dentro da mesma obra, Camargo (2004, p. 52) explica hospitalidade como: “[...] pode ser definida como o ato humano, exercido em contexto doméstico, público e profissional, de recepcionar, hospedar, alimentar e entreter pessoas temporariamente deslocadas do seu habitat natural”. Para Powers e Barrows (2004, p. 24), [...] hospitalidade nãoapenas inclui hotéis e restaurantes, mas também se refere a outros tipos de instituições que oferecem hospedagem, alimento ou ambos às pessoas que estão fora de seus lares. Podemos também expandir essa definição, como muitas pessoas fazem, ao incluir as instituições que fornecem outros tipos de serviços aos indivíduos que se encontram fora de casa. Existe também, o conceito de hospitalidade artificial. “As grandes redes e cadeias hoteleiras – o que se espraia também na gestão de restaurantes – imaginam estilos de hospitalidade artificiais, criados por necessidade administrativa e às vezes até mesmo em nome da qualidade” (CAMARGO, 2004, p. 50). Para compreender um pouco mais, caro(a) acadêmico(a), observe o que Camargo (2004, p. 50) explica: TÓPICO 3 | CONTRIBUIÇÃO DOS EVENTOS PARA A SAZONALIDADE HOTELEIRA 159 Tudo se passa como se a recepção de um hotel ou restaurante ganhasse em qualidade se uniformizada independentemente dos diferentes territórios nos quais se processa. Este intuito, aparentemente razoável, desemboca numa hospitalidade asséptica, sem cor, cheiro e tonalidade locais [...]. É como se um hotel, que se encontra às margens da cidade e um hóspede estivesse visitando o hotel e não a cidade e que ele volte ao hotel, mesmo não apreciando a cidade. Esta situação até é aceitável em se tratando de viagens de negócios (CAMARGO, 2004). Complementando essa visão, Ignarra (2013, p. 66), discorre que Um hotel que não disponha de espaço para eventos pode ter, em outro hotel que dispõe dessas instalações, um concorrente e uma oferta complementar ao mesmo tempo. Isso porque, na área de hospedagem, estarão disputando os mesmos clientes, mas na de eventos, um participante de um congresso pode hospedar-se em um hotel e participar do evento em um outro. Alguns objetivos devem ser bem declarados aos gerentes no setor de hospitalidade. Desempenhar o seu papel com destreza e conhecimento, além de focar em três principais objetivos: 1. Um gerente deseja fazer com que o hóspede se sinta bem-vindo. Isso requer uma maneira agradável de sua parte em relação ao hóspede e uma atmosfera de “liberdade e boa vontade” entre as pessoas que trabalham com você no atendimento desse hóspede. Isso quase sempre se traduz em uma organização em que os funcionários se sentem bem uns com os outros. 2. Um gerente deseja que as coisas funcionem para o hóspede. A comida precisa ser saborosa, quente ou fria, conforme o previsto, e servida no horário adequado. As camas devem ser arrumadas e os quartos, limpos. Um sistema de hospitalidade requer muito trabalho e o gerente deve acompanhar sua execução. 3. Um gerente deseja assegurar-se de que a operação continuará fornecendo o serviço e, ao mesmo tempo, proporcionando lucro. Quando falamos de “liberdade e boa vontade”, não significa oferecer tudo de mão beijada! Em um restaurante ou hotel operado para o lucro, os tamanhos das porções estão relacionados ao custo [...] (POWERS; BARROWS, 2004, p. 24). Bahl (2003, p. 44) enfatiza que Os hotéis, como qualquer organização, podem empregar anos construindo uma imagem de bons serviços e respeito ao cliente, mas podem perdê-la tão rapidamente quanto um hóspede fecha a sua conta. Um serviço mal prestado, um comportamento inadequado, uma promessa quebrada ou a inabilidade frente a uma pergunta difícil pode levar à perda de um cliente importante. Este impacto pode comprometer uma série de eventos já marcados ou denegrir a imagem das organizações – hotel, promotora e organizadora do evento – num mercado já tão competitivo. UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA 160 Então estar preparado e disposto em acolher o hóspede como um cliente, buscando alcançar com ele, os seus objetivos e necessidades, faz com que estejamos mais perto do êxito além de buscarmos os eventos, como uma estratégia para o desenvolvimento de organizações turísticas. Um hotel, enquanto empresa, deve necessariamente satisfazer aos desejos e às necessidades das pessoas (hóspedes, funcionários, proprietários ou acionistas, além das pessoas da comunidade na qual estiver inserido). O hotel, por exemplo, pode significar um componente importante do progresso e bem-estar dos moradores da região, bem como um elemento divulgador da cidade em função das promoções que realiza e das personalidades importantes que aloja. Constata-se que o hotel se caracteriza como uma organização que presta serviços e, dessa maneira, as atividades realizadas devem estar sintonizadas com os desejos e expectativas dos hóspedes (clientes). Nesse sentido, numa organização voltada para o cliente, observa-se a necessidade de descentralização, havendo, inclusive, delegação de autoridade aos que estão na base da pirâmide, possibilitando sinergismo e iniciativa. A estrutura hierárquica tradicional passa a se transformar em uma estrutura mais plana, mais horizontal (KANAANE, 2006, p. 44). Esta sinergia também deve ser analisada enquanto meio ambiente, pois os impactos ambientais podem ser definidos como alterações no meio ambiente provocadas pelo homem e suas atividades. A contribuição de uma gestão mais sustentável, buscando a parceria da sazonalidade, deve ser percebida dentro da função do calendário de eventos. O calendário de eventos bem estruturado é capaz de gerar muitas mudanças e até mesmo inovações turísticas. Uma boa visão de gestão sempre apresentará ótimos resultados. Para Britto e Fontes (2002, p. 55): O calendário de eventos é o canal de informação que expressa fatos e costumes diferenciados, difundindo conhecimento mais profundo de valores – atrativos. Os eventos promocionais que se destacam no turismo moderno desempenham papel relevante na economia pela sua função estratégica de reduzir a sazonalidade e aumentar o fluxo turístico nos períodos de baixa estação – promoção. Esses eventos têm se tornado uma maneira de as localidades ou entidades turísticas promoverem sua imagem e que serão mais bem caracterizados em capítulo posterior. Doravante, designaremos o nosso conteúdo do livro para algumas considerações importantes referentes a alguns impactos do turismo ao meio ambiente. Lembrando sempre que estes assuntos devem ser pauta, seja entre colaboradores, cliente, diretor, ou qualquer uma das partes. TÓPICO 3 | CONTRIBUIÇÃO DOS EVENTOS PARA A SAZONALIDADE HOTELEIRA 161 3 CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES A natureza também acaba sofrendo com alguns fenômenos do turismo, sendo ela utilizada de forma direta, como é o caso do ecoturismo, ou indiretamente, no caso do turismo de negócios, ou de eventos. A alteração da atmosfera e suas consequências devem ser atualmente consideradas no contexto da gestão do turismo. Inúmeros fenômenos têm sido associados a essas mudanças e são interpretados como efeitos do aquecimento global, como: furacões, tufões, tornados, inundações, secas, entre outros (PHILIPPI JÚNIOR; RUSCHMANN, 2010, p. 255). As empresas que possuem uma ação “[...] de responsabilidade em relação à recuperação e à conservação do meio ambiente devem também levar essa responsabilidade a seus stakeholders, ou seja, os outros atores que interagem com a empresa: fornecedores, funcionários, prestadores de serviços etc.” (NEIMAN; RABINOVIC, 2010, p. 202). DICAS Você sabe o significado do termo Stakeholders? O termo stakeholder tem origem no termo stockholder (acionista), e amplia o foco da organização, que antes era satisfazer o acionista e passa a ser satisfazer seus públicos de interesses estratégicos, como clientes, funcionários, imprensa, parceiros [...] (ROCHA, 2010, p. 6). Os Stakeholders e as organizações trabalham em uma relação de mão dupla. Algumas ações em benefício ao meio ambiente podem ser tomadas, essas ações podem gerar benefícios de segurança e de sustentabilidade. De acordo com Philippi Júnior e Ruschmann (2010, p. 255): O turismo, principalmente o internacional, deve assim certificar-se das rotas suscetíveis de tais eventos de maneira a conservara segurança de seu público. Por outro lado, quando essa atividade está voltada para as metrópoles, deve-se igualmente ter preocupação com a qualidade do ar nos trajetos e nos locais de destinos dos turistas. Destinos turísticos que podem ser afetados por eventos climáticos perigosos tendem a se multiplicar no mundo moderno. Nas áreas de risco concretiza-se a necessidade de se estabelecer um sistema de alerta voltado para a preparação em âmbito regional por meio de uma capacitação consistente e formulação de estratégias de gestão de catástrofes, descentralizando as ações verticais e estimulando as comunidades locais para a participação conjunta nas tarefas preventivas. UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA 162 Existe também uma estrutura legal, em âmbito federal, para atividades turísticas em unidades de conservação. Aplica-se não somente para os eventos, mas para as agências de viagens, guias de turismo, transportes turísticos (PHILIPPI JÚNIOR; RUSCHMANN, 2010). Vale destacar que o desenvolvimento e a manutenção de linhas de transporte boas são eficazes para um bom resultado das destinações, e consequentemente para o sucesso do evento. Mas é necessário refletir sobre o Brasil e suas condições continentais. A concepção de qualquer evento deve ser feita analisando os meios de transporte disponíveis, já que a esfera do público- alvo poderá ultrapassar o território da localidade. Algumas áreas poderão ter transportes ferroviários, rodoviários, hidroviários e até mesmo os aéreos, assim como outras regiões não possuirão serviços de transportes variados ou eficientes (BRITTO; FONTES, 2002). O turismo é uma dessas atividades que traz autossuficiência às localidades nas quais é desenvolvido, sendo que seus impactos negativos devem ser constantemente revistos para que sejam minimizados ao máximo. Por meio do turismo, as comunidades são capazes de gerar sua própria renda apenas produzindo o que já produziam, só que em uma maior escala e, dessa vez, voltada para o comércio (NEIMAN; RABINOVIC, 2010, p. 200). Constatando os eventos como um negócio, também é necessário Verificar quem são seus fornecedores deve ser regra da empresa. Ela precisa, necessariamente, certificar-se de que seus fornecedores também estejam comprometidos com a questão da sustentabilidade, bem como os trabalhadores que lhes prestam serviços eventualmente, pois além da coerência e ética isso terá influência direta no caso de a empresa tentar obter certificações (NEIMAN; RABINOVIC, 2010, p. 203). O consumidor sempre está em busca de novos fornecedores, ou até mesmo de inovações, sendo assim, “[...] torna-se vital entender e procurar atuar a fim de manter uma atividade turística que gere receita com seus consumidores, eventos e manifestações culturais. É preciso procurar, portanto, modos peculiares de formar uma “vida turística” aprazível [...]” (PHILIPPI JÚNIOR; RUSCHMANN, 2010, p. 503). Essa “vida turística” deve ser considerada ótima para todos os envolvidos: contratados, contratantes e comunidade local. “Não se deve esquecer, ainda, dos aspectos socioculturais da região, pois os impactos em culturas tradicionais são tão contundentes e prejudiciais quanto os maiores crimes cometidos contra a natureza; por isso, devem ser igualmente avaliados e diagnosticados” (NEIMAN; RABINOVIC, 2010, p. 196). Dentro desta perspectiva, Chon (2014, p. 259) apresenta algumas ações que são possíveis de se realizar dentro da execução de um evento, que apresente benefícios ao meio ambiente, observe a seguir. TÓPICO 3 | CONTRIBUIÇÃO DOS EVENTOS PARA A SAZONALIDADE HOTELEIRA 163 EVENTOS PREOCUPADOS COM O MEIO AMBIENTE A proteção ao meio ambiente depende de todos. Assim, não surpreende que também seja uma preocupação da indústria de eventos. Os planejadores de eventos estão colocando em prática pequenas mudanças que podem representar grande diferença para o mundo. Eis alguns exemplos do que os organizadores vêm fazendo: • Verificam em hotéis e centros de convenções, na ocasião da escolha de um local para eventos, se há um programa de reciclagem. • Colocam cestas de coleta seletiva de lixo em áreas como saguões e salas de convenções, onde as pessoas provavelmente consumirão alimentos ou bebidas. • Imprimem folhetos ou qualquer outro material escrito em papel reciclado. • Asseguram-se de que os fornecedores dos serviços de alimentação utilizem pratos de cerâmica e talheres de metal em vez de descartáveis. • Providenciam que os participantes que vêm e vão para o aeroporto dividam o mesmo meio de transporte. Os organizadores de eventos estão atentos até mesmo à comida que é servida. David Phillips, na época diretor de operações da Associação dos Corretores de Imóveis de Virgínia (Virginia Association of Realtors), salienta esse aspecto: “Em nosso último encontro, servimos de sobremesa um sorvete da Ben & Jerry’s que contém castanhas-do-pará. Isso faz parte do esforço da empresa em ajudar a salvar a floresta, lembrando que as árvores podem ser utilizadas para a obtenção de frutos em vez de madeira. Parte da receita da venda desse sorvete foi direcionada a essa causa”. FONTE: Chon (2014, p. 259). Toda essa situação só se tornará benéfica se houver um equilíbrio entre a população e os turistas, pois através deste encontro, perceberemos a interação entre ambos. Pode-se analisar também os eventos que buscam atender as duas expectativas: as dos turistas e a dos munícipes. Ambos, promotores de eventos e poder público, devem programar o crescimento dos eventos para que sejam feitos de forma ordenada, cautelosa, evitando arriscar a conservação do meio ambiente em que estão inseridos, dos atrativos, da qualidade de vida da população residente e do relacionamento desta com o turista. (PHILIPPI JÚNIOR; RUSCHMANN, 2010, p. 724). Observe a seguir um caso de uma empresa de eventos que procura estabelecer uma relação de responsabilidade socioambiental: UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA 164 CACAUÍ: EVENTOS COM RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL “Cacauí é uma empresa de eventos que busca estabelecer uma relação de simbiose entre fornecedores, consumidores e o meio ambiente, desenvolvendo suas atividades com base nos princípios do equilíbrio ambiental, do comércio ético-solidário e do consumo consciente e saudável. Os produtos oferecidos pela Cacauí são adquiridos de cooperativas, associações comunitárias, projetos sociais e pequenos produtores rurais orgânicos. O objetivo é fortalecer a organização social, a capacitação profissional e o aumento da renda destes fornecedores, bem como conscientizar os participantes dos eventos sobre os benefícios socioambientais e de saúde deste padrão de produção e consumo, e, indiretamente, garantir a continuidade destes projetos. Os utensílios dos eventos oferecidos são adquiridos de artesãos de diferentes regiões do Brasil, contribuindo para a divulgação de seus trabalhos e para o escoamento dos seus produtos. Através da utilização dos artesanatos e da parceria com projetos que apoiam culturas tradicionais – caiçara, quilombola, cabocla e indígena, a Cacauí vem divulgando a importância de preservar e dar continuidade às características singulares destas culturas. A Cacauí busca minimizar a geração de resíduos sólidos utilizando materiais não descartáveis, sendo os resíduos gerados encaminhados para cooperativas de reciclagem. A Cacauí tem como proposta implementar o modelo de gestão em rede que visa fomentar o comprometimento social e ambiental de todos os envolvidos na sua cadeia de produção – parceiros e fornecedores, funcionários da empresa e clientes. Esse modelo se desenvolve baseado na transparência das relações com definição clara de papéis, na potencialização e fomento ao desenvolvimento de habilidades individuais e do grupo, no incentivo a uma gestão de recursos humanos horizontal, na multiplicação de conhecimento, na compreensão e prática da cidadaniae no desenvolvimento do sentimento de solidariedade. A Cacauí foi criada com base em vivências na área socioambiental e em estudos acadêmicos sobre a viabilidade da implementação e gestão de empresas socioambientalmente responsáveis. Foram levantados diversos temas partindo do desenvolvimento sustentável, passando pelos princípios que integram este conceito, como a conservação ambiental, as relações comerciais mais justas, o consumo mais consciente, e muitos outros. A partir daí, a Cacauí surgiu com a intenção de atuar como um canal de desenvolvimento sustentável para os fornecedores da cadeia produtiva da TÓPICO 3 | CONTRIBUIÇÃO DOS EVENTOS PARA A SAZONALIDADE HOTELEIRA 165 empresa, atendendo a três problemáticas observadas. A primeira é o fato de que havia no mercado de eventos um espaço para a prestação de um serviço diferenciado que fosse ao encontro dos princípios de empresas e outras instituições que têm como missão a responsabilidade social e ambiental, possibilitando a essas empresas a prática do comércio ético solidário e do consumo consciente e saudável no momento da realização de seus eventos. Por outro lado, depois de alguns anos atuando junto a comunidades rurais e de baixa renda, observou-se também a grande dificuldade de acesso destes grupos, muitas vezes já organizados, como projetos sociais, pequenos produtores rurais, cooperativas e associações comunitárias, aos mercados convencionais e à profissionalização. Ao contratar nossos serviços, as empresas estão apoiando este novo modelo de empreendimento socioambiental. Podemos comprovar, nestes anos, que é possível gerir empresas que contribuem para a melhora da realidade brasileira, criando oportunidades de geração de renda e profissionalização aos menos privilegiados, cuidando dos recursos naturais, valorizando a cultura brasileira e se deliciando com alimentos nacionais, mais artesanais e mais saudáveis. A fidelidade dos nossos clientes, a crescente procura pelos nossos serviços, as melhorias obtidas em infraestrutura e o crescimento da autoestima dos nossos parceiros são alguns dos fatores que comprovam este sucesso. Entre os princípios da ação da Cacauí destacam-se: • relação de comércio ético-solidário; • utilização de produtos orgânicos e biodinâmicos; • minimização de resíduos; • estímulo ao consumo consciente. FONTE: NEIMAN, Zysman; RABINOVIC, Andréa R. Turismo e meio ambiente no Brasil. São Paulo: Manoel, 2010, p. 207-208. AUTOATIVIDADE Caro acadêmico! Este texto sobre a Cacauí nos faz refletir: É possível que uma empresa de eventos seja socioambientalmente responsável, e contribua para a melhora do Brasil? UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA 166 Philippi Júnior e Ruschmann (2010) complementam que a fim de conhecer os benefícios do turismo de eventos e minimizar os conflitos socioculturais e ambientais decorrentes dele nos núcleos receptores, os municípios devem reunir seus esforços e investimentos na adoção de uma política de eventos que considere estratégias para seu desenvolvimento sustentável, ou seja, valorizando o equilíbrio do meio ambiente. 4 EVENTOS COMO ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE ORGANIZAÇÕES TURÍSTICAS HOTELEIRAS O turismo vem tendo gradualmente um papel significativo no Brasil, na medida em que vem reunindo valor econômico aos negócios implementados pelas empresas turísticas e hoteleiras. O desempenho e a prática profissional em turismo e hotelaria têm mérito e tratamento específico, dirigindo à qualificação dos envolvidos com tais práticas, ou seja, há uma necessidade crescente de direcionar o comportamento profissional em termos das competências e perspectivas éticas (KANAANE, 2006). Chon (2014, p. 255) cita que a [...] indústria de eventos é um ramo de atividade em constante crescimento, não apenas para as pessoas que atuam na área, mas também para as comunidades que colhem os frutos dos benefícios econômicos desses eventos. Até agora, entretanto, não existe maneira de medir o tamanho exato dessa atividade. “O evento deve ser pensado como uma atividade econômica e social que gera uma série de benefícios para os empreendedores, para a cidade promotora, para o comércio local, restaurantes e para a comunidade” (BRITTO; FONTES, 2002, p. 71). Os eventos possuem uma força propulsora para as estratégias das organizações turísticas hoteleiras, em um mercado cheio de desafios e competitividade. As profundas transformações nos domínios econômicos e mercadológicos, assim como políticos e sociais, que fomentam um mundo de transações sem fronteiras, exigem que as empresas, inexoravelmente, aceitem o desafio da competitividade acirrada para sobreviver. A competitividade reflete-se na posição relativa de uma empresa perante seus concorrentes, devendo possuir fontes de vantagem competitiva que resultem em atratividade de clientes superior aos seus concorrentes (MIKITO, 2008, p. 9). TÓPICO 3 | CONTRIBUIÇÃO DOS EVENTOS PARA A SAZONALIDADE HOTELEIRA 167 DICAS Quando falamos em competitividade, Ruschmann e Solha (2004) afirmam que na área dos serviços, incluindo a hotelaria, possui características que são somente suas, o que diferencia das demais, e entre essas características podemos citar o custo e a diferenciação. Em se tratando de organização de eventos, Britto e Fontes (2002, p. 71) também afirmam que “Em um primeiro momento, no desenvolvimento turístico de uma cidade ou região, várias estratégias ou recursos são utilizados e entre eles o de maior resultado é o da organização de eventos”. Muitos setores econômicos de diversas localidades vêm investindo no segmento de eventos como uma alternativa para a manutenção de seus empreendimentos. Por representar uma fonte de receitas e captação de divisas, apresenta-se como uma forma de minimizar os efeitos provocados pela sazonalidade turística de algumas localidades (PHILIPPI JÚNIOR; RUSCHMANN, 2010). E é por isso que os eventos nacionais, regionais e internacionais tornaram o segmento de eventos cada vez mais competitivo. Antes, o número restrito de lugares e acomodações apresentavam dificuldades na concepção de eventos, e informava que a concorrência estava restrita a escassos, os quais apresentavam- se mais desenvolvidos. Segundo alguns especialistas, a concorrência adicionou, em média, 300% nos últimos anos. Essa é uma boa notícia para o organizador – o acréscimo da concorrência significa serviço completo e mais facilidades para seu evento (CHON, 2014). Lembrando sempre que “Quanto maior for o evento, maior será seu impacto econômico e social, local e regional. A magnitude e a natureza do evento são fatores que lhe proporcionam valor socioeconômico” (BRITTO; FONTES, 2002, p. 71). Precisamos reconhecer que o mercado está sempre no fluxo da demanda, e não seria diferente nos ramos da hotelaria e dos eventos. Philippi Júnior e Ruschmann (2010, p. 688) ainda citam que [...] o segmento de eventos, para o seu desenvolvimento, abrange um amplo e diversificado conjunto de atividades econômicas com importância destacada no setor de serviços, na indústria e no comércio em geral, necessitando, principalmente, de meios de hospedagem e transportes, que são a base de sustentação da atividade turística, como também, de espaços que possibilitem a realização de eventos. UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA 168 Essa demanda é alterada também sob a influência da qualidade, sobre este tema Kanaane (2006, p. 45) cita que: A qualidade humana é crucial nas prestações de serviços hoteleiros, pois a qualidade dos bens e dos serviços depende, quase por inteiro, da atuação das pessoas, seja individualmente, seja em grupo; produtos e serviços com qualidade superior só podem provir de funcionários com alto nível de qualificação, inseridos num excelente processo. De pouco adianta, pois, ter pessoas bem educadas e qualificadas trabalhando num processo cheio de falhas ou erros. A recíproca também é verdadeira.São os funcionários bem conscientizados e mobilizados para a primazia da qualidade que têm a condição de fazer esta síntese: qualificar cada vez mais o processo que gerará, por sua vez, produtos e serviços cada vez melhores. Isto exige uma mobilização por parte de todos. É precisamente a partir dessa consciência e determinação que se poderá criar uma verdadeira cultura da qualidade, caminho para a competitividade e a sobrevivência das organizações hoteleiras. Mas também é necessário observar que Embora o tamanho de uma reunião, exposição ou convenção possa variar – de uns poucos a milhares de participantes –, o número exato (dois ou 200 mil) não é o principal fator de diferenciação. Como um todo, esses eventos representam grupos de pessoas que utilizam centros de convenções e hotéis. Sempre reservam acomodações com meses, ou mesmo anos de antecedência, e negociam pacotes que podem incluir hospedagem, refeições, eventos especiais, passeios e entretenimento. Desse modo, o número de participantes, as necessidades do grupo, o tempo de permanência e o número de reuniões e convenções agendadas são todos determinantes do “tamanho” do evento (CHON, 2014, p. 254). Como percebemos, os meios de hospedagem são a base de sustentação da atividade turística, e possuem um elo muito importante para os eventos. A taxa de ocupação hoteleira deve sofrer um aumento, a partir do momento em que sofre a alteração da sua demanda, por resultado de investimentos no setor de eventos. O valor econômico agregado ao evento reflete-se na economia da localidade por meio dos seguintes aspectos: aumento das taxas de ocupação hoteleira, utilização dos equipamentos turísticos, contratação de mão de obra, renovação dos produtos e manutenção dos imóveis, formando uma rede interorganizacional (PHILIPPI JÚNIOR; RUSCHMANN, 2010, p. 689). “Pode-se considerar que um evento é um atrativo turístico a partir do momento em que é o principal fator motivador de uma viagem, seja para os fins de prática das atividades lucrativas dos negócios, seja por lazer” (PHILIPPI JÚNIOR; RUSCHMANN, 2010, p. 717). Complementando, Philippi Júnior e Ruschmann (2010) citam que os eventos podem ser atrativos turísticos de fluxo, pois tem a possibilidade de serem concebidos e moldados para atender às necessidades de diversas demandas, sendo específicas ou não. TÓPICO 3 | CONTRIBUIÇÃO DOS EVENTOS PARA A SAZONALIDADE HOTELEIRA 169 LEITURA COMPLEMENTAR Para complementar os seus estudos, apresentamos um fragmento do capítulo do livro Produtos turísticos e novos segmentos de mercado: planejamento, criação e comercialização, escrito por Panosso Neto e Ansarah. O fragmento apresenta o capítulo com o título: Políticas, eventos e turismo de experiência. Boa Leitura! POLÍTICAS, EVENTOS E TURISMO DE EXPERIÊNCIA INTRODUÇÃO Nas práticas atuais de consumo, observa se uma crescente busca por vivências únicas dos consumidores de bens e produtos, tal como apontado por Hirschman e Holbrook (1982) e Schmitt (2002). Na área do turismo, essas práticas estão, muitas vezes, relacionadas com o desejo de se construir memórias inesquecíveis a partir das experiências vividas nas viagens. É o que os estudiosos e o mercado denominaram de turismo de experiência (RYAN, 2002 e 2010; JENNINGS; NICKERSON, 2005; ANDERSSON, 2007; LASHLEY, 2008; MORGAN et al., 2010). A partir do conceito de que a economia da experiência substituirá gradativamente a economia de serviços, em que o consumo da atividade turística se valerá cada vez mais de experiências únicas vividas nas destinações, as pesquisas recentes apontam para uma crescente procura por produtos culturais que atendam a essas necessidades atuais do mercado turístico (ANDERSSON, 2007; RICHARDS; WILSON, 2006; VOLO, 2009). Nesse cenário, a criação de eventos e espetáculos que possibilitem ao turista sentir e viver a emoção do lugar, em um constante processo criativo de inovação, é um dos grandes desafios dos destinos turísticos. É por isso que a experiência se tornou um conceito/prática na área do turismo, exigindo a atenção de pesquisadores, consumidores e executivos (JAFARI, 2010). Assim, o desenvolvimento do “capital cultural” das cidades, visando à atividade turística, passa pela adoção de políticas públicas que contemplem essas tendências do mercado turístico sem descaracterizar a identidade local e respeitando a tradição e os valores dos residentes (URRY, 1990; RUSSO, 2002; VAREIRO et al., 2013), assim como eles devem ser considerados importantes stakeholders. Com base nestes pressupostos, o capítulo analisa a influência dos eventos e da aplicação do conceito de turismo de experiência na construção das políticas públicas dos destinos turísticos. Para tanto, adota se o modelo de entrelaçamento para se analisar o percurso de desenvolvimento de políticas públicas em destinos, sua inter relação com o segmento de eventos e a articulação dos atores envolvidos no sentido de consolidar a marca projetada para o destino. O método adotado foi o de estudo de caso, que toma como base o caso da cidade brasileira de Gramado, cujo evento denominado Natal Luz ajudou a transformar o turismo na principal atividade econômica de toda a região em que se insere. O destino Gramado apresenta singularidades, e o estudo desenvolvido pode servir de motivação para UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA 170 outras localidades que queiram consolidar as suas políticas públicas orientadas para a valorização das experiências turísticas vividas no próprio destino (ROGERSON, 2006; EK et al., 2008). A ECONOMIA DA EXPERIÊNCIA NO TURISMO Nas últimas décadas, muitos autores vêm escrevendo sobre o que leva as pessoas a destinarem o seu tempo livre à prática do turismo e quais são as suas expectativas a partir dessas experiências (COHEN, 1979 e 1988; URRY, 1990; RYAN, 2002 e 2010; JENNINGS; NIC KERSON, 2005; RICHARDS; WILSON, 2006; ANDERSSON, 2007; MORGAN et al. RITCHIE, 2010; PANOSSO NETTO; GAETA, 2010). Essa busca por novas formas de se fazer turismo provoca uma mudança no mercado turístico, no qual o consumidor deste mercado passa a ser visto com mais atenção pelo trade e, em especial, pelos planejadores da atividade do turismo. Assim, “o turista procura experiência, e a indústria experimenta diversas opções para oferecê la” (JAFARI, 2010, p.10). Os estudos sobre o turismo de experiência estão aumentando, mas em grande parte, aplicam se às empresas e às organizações, e não a regiões ou destinos turísticos. Os enfoques de tais estudos estão no campo dos impactos psicológico, geográfico, social e econômico (EK et al., 2008; VOLO, 2009). Ao se discutir e aplicar o conceito, é necessário considerar as características especiais de cada destino, uma vez que estes se constituem em uma amálgama de serviços e produtos turísticos (MORGAN et al., 2009). Assim, para se alcançar sucesso nesta economia, é necessário recorrer à imaginação e à criatividade na organização do produto turístico do destino. Entretanto, deve se se considerar que a economia da experiência no turismo parte da ideia de que o turista não pode ser reduzido a um consumidor passivo (URRY, 1990). Ele pode também ser considerado cocriador, não só de suas próprias experiências, mas também dos lugares que visita, por meio dos seus contos e fotografias exibidas aos amigos, familiares, colegas de trabalho, entre outros públicos (EK et al., 2008). O estudo da indústria criativa aplicado ao turismo torna se uma forma de se compreender melhor os anseios deste novo mercado consumidor, mais exigente e em busca de experiências cada vez mais autênticas (RICHARDS, 2011). Assim, o turismo criativo tem sido colocado como uma extensão do turismo cultural e, ao mesmo tempo, um complemento e antídoto contra as formas do turismo cultural de massa e a reprodução em série da cultura (RICHARDS; WILSON, 2006). Portanto, a fantasia e a possibilidade de experimentá lo são componentes básicos do seu posicionamentobem sucedido na mente dos turistas. A economia da experiência representa uma revolução fundamental, uma ruptura com as formas tradicionais de turismo (BENI, 2004; CARVALHO, 2005). A partir da afirmação de que a sociedade contemporânea é dominada pelo espetáculo e pelos eventos (BOORSTIN, 1992; GETZ, 2007), os pontos turísticos, sejam eles naturais ou criados pelo homem, tornam se experiências únicas e TÓPICO 3 | CONTRIBUIÇÃO DOS EVENTOS PARA A SAZONALIDADE HOTELEIRA 171 espetaculares para os turistas. Assim, os eventos e as grandes produções artísticas e culturais (por exemplo, os festivais) são criados com a finalidade de atrair turistas e proporcionar lhes experiências memoráveis, aliando esta vivência aos aspectos genuínos do lugar, no sentido de garantir a autenticidade do local. Chega se a uma contradição: ao mesmo tempo em que a modernidade e a hipermodernidade aceitam a falta de autenticidade e os turistas a procuram, outra parte dos teóricos e dos turistas buscam as experiências verdadeiras, originais, autênticas. Saber conciliar os desejos dos turistas e a oferta dos produtos turísticos é a saída desse impasse. O setor de turismo não está isolado desta discussão, não somente porque sua sobrevivência depende da compreensão das mudanças pelas quais a sociedade passa, mas também porque “o consumidor do turismo e o contexto no qual se integra apresentam, atualmente, características que favorecem a experiência e nos levam a pensar na autenticidade dos produtos e serviços” (PANOSSO NETTO; GAETA, 2010, p. 14). Além disso, está claro que qualquer atividade turística gerará uma experiência, boa ou má. Portanto, planejadores de turismo esforçam se para que tal experiência seja boa, ou melhor, que seja inesperada e inesquecível. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O TURISMO A discussão em relação à relevância do turismo para a constituição de políticas públicas de desenvolvimento dos destinos é um tema que vem se alargando nas últimas décadas (MATHEWS, 1975; KADT, 1979; ELLIOT, 1983; RICHTER, 1983; MATTHEWS; RICHTER, 1991; ROCHE, 1994; BRAMWELL; SHARMAN, 1999; BRAMWELL; MEYER, 2007). A necessidade de uma discussão aprofundada no tema deve se justamente pela característica dinâmica da atividade turística e de seus reflexos na transformação do ambiente em que o turismo ocorre. Na visão de alguns pesquisadores, incluindo Hall (1994 e 2000), Elliot (1997), Dredge (2006) e Bramwell (2006), o fenômeno turístico constitui se a partir da interação de diferentes atores e entidades (stakeholders), ocasionando, com isso, uma complexa rede de relações. Nesse amplo contexto, a elaboração e a implementação de políticas públicas devem levar em consideração a atenção ao espaço onde o turismo ocorre, bem como aos atores envolvidos no processo, evitando, assim, a fragmentação turística do destino. Alguns críticos do planejamento turístico, como John (1998) e Bramwell (2006), ponderam a necessidade de se conectar as políticas públicas com as demais estratégias instituídas no contexto em que se dá a atividade turística, sejam elas de caráter público ou privado. Isso implica a construção de uma rede de relações que possibilite a interação desses diversos projetos com diferentes atores. Vários estudos têm se revelado eficientes na avaliação da relação existente entre governo, indústria e sociedade civil, pois permitem identificar a capacidade de influência dessas redes na construção de parcerias público privadas que se refletem, por sua vez, no planejamento turístico, no desenvolvimento e na comercialização de produtos (DREDGE, 2006). UNIDADE 3 | OPERACIONALIDADE DOS EVENTOS NO TURISMO E HOTELARIA 172 Na perspectiva de Dredge e Jenkins (2011), apesar do planejamento e das políticas de turismo serem considerados um fascinante campo de pesquisa e prática, a política de turismo e os processos de planejamento de turismo e política são temas muitas vezes negligenciados. Curiosamente, o conceito de desenvolvimento sustentável do turismo foi sendo promovido e incorporado nos planos e políticas por acadêmicos, profissionais e governos bem antes de os processos de planejamento e formulação de políticas terem sido amplamente estudados com mais rigor. Este cenário gerou uma ação inversa, em que a prática levou ao planejamento do turismo e à elaboração de políticas. Ao mesmo tempo em que as políticas de turismo desenvolvidas pelos governos refletem pontos de vista divergentes sobre a sua adequação e a sua implementação em um destino (KRUTWAYSHO; BRAMWELL, 2010), há casos em que a atividade turística torna se o agente transformador das políticas públicas do destino. O planejamento turístico configura se, assim, como elemento determinante para o sucesso na gestão e no desenvolvimento do destino turístico (ELLIOT, 1997). Conforme o turismo cresce em determinados países, leva a um reconhecimento da atividade no destino. Desse modo, as políticas de turismo devem proporcionar aos destinos uma direção estratégica que possibilite uma visão global para a gestão desses territórios e dos seus recursos. Para isso, é fundamental que as organizações públicas, privadas e não lucrativas e os residentes trabalhem de forma conjunta, com o objetivo de gerar políticas e regras que salvaguardem os interesses de todos os envolvidos (stakehloders), atentos à sustentabilidade do destino turístico (COSTA, 2004). Com relação às políticas públicas de turismo para o segmento de eventos, é possível identificar impactos tanto positivos quanto posições críticas para o destino onde estes eventos ocorrem (ROCHE, 1994). A realização de eventos nas cidades está sempre associada à criação de uma infraestrutura e à disponibilização de facilidades para a sua organização. Assim, o sucesso do evento possibilita uma maior projeção da destinação, traduzida no aumento da demanda turística local e numa maior publicidade do lugar (DALONSO; LOURENÇO, 2011). Getz (2007) estabelece que os eventos, quando bem planejados, possibilitam o desenvolvimento do local onde ele ocorre. Assim, o planejamento dos eventos pode ter a capacidade de projetar os destinos nas dimensões econômica, cultural, social, pessoal e ambiental. Para o autor, muitos eventos servem como uma forma de ajudar a implementar políticas existentes em matéria de cultura, saúde, esporte, desenvolvimento comunitário e economia, a fim de assegurar que todos tenham a oportunidade de apreciá los ou, de outra forma, obter benefícios a partir deles. Como estes benefícios são, muitas vezes, substanciais e todos podem ganhar, a melhor forma de demonstrar é por meio da aplicação de pesquisas específicas. FONTE: PANOSSO NETTO, Alexandre; ANSARAH, M. G. dos R. Produtos turísticos e novos segmentos de mercado: planejamento, criação e comercialização. São Paulo: Manole, 2015, p. 114-119. 173 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • Cabe ressaltar que o número de visitantes que uma determinada localidade em detrimento de um evento consequentemente provoca “[...] um aumento de receita, produtividade do trade turístico, geração de empregos diretos e indiretos, além de impulsionar investimentos (públicos e privados), aumentar a arrecadação de impostos e ser uma alternativa econômica para períodos sazonais (DORTA, 2015, p. 34). • Uma localidade pode receber diversos tipos de turistas ao mesmo tempo, desde que haja propostas, espaços e oferta de serviços específicos para cada público específico. • Existem alguns indicadores do fluxo turístico, que o fazem aumentar ou diminuir. As causas mais comuns são: férias escolares, férias dos trabalhadores (em geral), existência do tempo livre, existência dos fatores econômicos (câmbio, poder aquisitivo da população), existência de fatores ambientais (desastres climatológicos, guerras), existência de fatores estruturais (epidemias, falta de segurança) e existência de fatores mercadológicos (concorrência acirrada, modismo). • Assim como uma empresa pode possuir diversas marcaspara públicos distintos, um destino como São Paulo pode atrair ao mesmo tempo turistas de eventos, negócios e LGTB. • O turismo, principalmente o internacional, deve certificar-se das rotas suscetíveis de tais eventos de maneira a conservar a segurança de seu público. • A indústria de eventos é um ramo de atividade em constante crescimento, não apenas para as pessoas que atuam na área, mas também para as comunidades que colhem os frutos dos benefícios econômicos desses eventos. • Hospitalidade não apenas inclui hotéis e restaurantes, mas também se refere a outros tipos de instituições que oferecem hospedagem, alimento ou ambos às pessoas que estão fora de seus lares. • “Quanto maior for o evento, maior será seu impacto econômico e social, local e regionalmente. A magnitude e a natureza do evento são fatores que lhe proporcionam valor socioeconômico” (BRITTO; FONTES, 2002, p. 71). • Os meios de hospedagem são a base de sustentação da atividade turística, e possuem um elo muito importante para os eventos. A taxa de ocupação hoteleira deve sofrer um aumento, a partir do momento em que sofre a alteração da sua demanda, por resultado de investimentos no setor de eventos. 174 AUTOATIVIDADE Olá, acadêmico/a! Após o estudo deste tópico, responda às questões a seguir: 1 Os meios de hospedagem são a base de sustentação da atividade turística, e possuem um elo muito importante para os eventos. A taxa de ocupação hoteleira deve sofrer um aumento, a partir do momento em que sofre a alteração da sua demanda, por resultado de investimentos no setor de eventos. Assim, cite os aspectos dos quais o valor econômico agregado ao evento se reflete na economia da localidade. 2 Em relação à diversificação do produto nas destinações turísticas, Ignarra (2013, p. 39) cita que elas “[...] podem reverter o processo de decadência por meio de investimentos na diversificação do produto. Las Vegas, diante da redução de seu fluxo turístico voltado para os cassinos, tem se transformado em destinação de turismo de eventos, por exemplo”. Assim, cite quais são as preocupações referente à população. 175 REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL – ANAC. 2019. Disponível em: http://www.anac.gov.br. Acesso em: 23 jan. 2019. AMARAL, Ricardo Costa Neves do. Cruzeiros marítimos. 2. ed. São Paulo: Manole, 2006. ANDRADE, José Vicente de. Turismo: fundamentos e dimensões. São Paulo: Ática, 2002. ARAÚJO, Cíntia Rejane Möller. Ética e qualidade no turismo do Brasil. São Paulo: Atlas, 2003. ASSUNÇÃO, Paulo de. 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