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Conteudista: Prof.ª Me. Maureen Costa Florian Senedeze Revisão Textual: Esp. Pérola Damasceno Objetivos da Unidade: Apresentar as legislações vigentes para a elaboração de rótulos de produtos alimentícios, bem como os principais selos e certificações de alimentos; Conhecer a atuação do assessor e consultor em serviços de alimentação. Material Teórico Material Complementar Referências Certificação de Qualidade, Rotulagem e Responsabilidade Técnica em Serviços de Alimento Princípios de Gestão da Qualidade A Gestão da Qualidade tem por objetivo atender todos os requisitos que os produtos e serviços devem possuir para realizar o que o cliente deseja, em termos de necessidades, preferências ou conveniências, gastos, etc. Todos os setores, áreas e pessoas envolvidas na produção de um bem ou serviço são responsáveis pela qualidade. Não há apenas um responsável pela garantia da qualidade. Os consumidores estão cada vez mais exigentes com a qualidade dos produtos que adquirem e preocupados com a qualidade de vida e alimentação. Para se destacar em um mercado tão competitivo, onde a cada dia novos produtos alimentícios estão disponíveis para a venda nas prateleiras dos mercados, as empresas precisam prezar pela qualidade total (Figura 1) do produto e/ou serviço que oferecem. Figura 1 – Princípios fundamentais para a conquista da qualidade total Para que as empresas alcancem a qualidade total no processo de fabricação de alimentos e bebidas é essencial a implementação de ferramentas da qualidade. Talvez, uma das mais importantes que dê a base para todo o processo de gestão da qualidade é a metodologia 5S (Sensos) (Figura 2). Esta técnica, atualmente utilizada como ferramenta da qualidade, surgiu no Japão, nas décadas de 1950 e 1960, após a Segunda Guerra Mundial, quando o país vivia a chamada crise de competitividade. Havia muita sujeira nas fábricas japonesas, sendo necessária uma reestruturação e uma “limpeza”. 1 / 3 Material Teórico É um conjunto de cinco atividades que buscam aperfeiçoar o comportamento dos funcionários no ambiente de trabalho mediante a mudança de seus hábitos e atitudes. Figura 2 – Método 5S Vídeo 5S Aplicando a Metodologia Assista ao vídeo para conhecer um pouco mais sobre o método 5S. 5S Aplicando a metodologia https://www.youtube.com/watch?v=yij8LhZNXWs Estrutura do Sistema da Qualidade para Alimentos e Bebidas O sistema de gestão da qualidade (Figura 3) é composto por elementos básicos, como o método 5S e a segurança dos alimentos, que estão interligados e, se bem implementados, garantem o alcance dos objetivos da empresa e da excelência da qualidade dos produtos e/ serviços prestados, e, em consequência, a satisfação do cliente. Figura 3 – Estrutura do sistema de gestão da qualidade Certificação da Qualidade É o mecanismo de avaliação da conformidade de um processo, produto ou serviço com as normas de qualidade estabelecidas internacionalmente. A certificação da qualidade é um indicador para os clientes que o produto ou serviço atende a padrões mínimos de qualidade e induz à busca contínua da qualidade pelas empresas. No Brasil, dois órgãos são responsáveis pela certificação da qualidade. São eles: Sistema Brasileiro de Certificação (SBC): criado em 1992 pelo Conmetro (Conselho Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial) para estabelecer uma estrutura de certificação de conformidade adequada às necessidades do Brasil; A International Organization for Standardization (ISO) é uma organização não governamental criada em 1947 com sede em Genebra (Suíça), que engloba institutos responsáveis por padronização e/ou normalização. No Brasil, o órgão responsável e que representa a ISO é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Por isso, a apresentação da norma sempre será ABNT NBR/ISO (número da norma). As normas ISO são revisadas ao menos uma vez a cada cinco anos. Tanto os produtos quanto os sistemas podem ser certificados pelas normas ISO. Vamos falar um pouco sobre as normas mais importantes e usuais. Normas ABNT NBR/ISO 9000 Compreende o sistema de Gestão da Qualidade de uma empresa, promovendo a normatização de produtos e serviços, para que a qualidade deles seja permanentemente melhorada. Esta norma não se refere especificamente aos produtos fabricados por esta empresa. Isto significa que uma empresa certificada pelas normas ISO 9000 apresenta processos e procedimentos padronizados que garantem as mesmas características e o mesmo padrão de qualidade aos produtos fabricados. Não podemos dizer que o produto é melhor que outro similar. As normas ISO 9000 podem ser aplicadas em empresas grandes ou pequenas, prestadoras de serviços, indústrias e até mesmo entidades governamentais. E são compostas por três normas, sendo elas: A primeira versão das normas ISO 9000 foi criada em 1987, tendo a última revisão publicada no ano de 2015. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Organismo de Certificação Credenciado (OCC): são empresas credenciadas pelo Inmetro e que possuem autorização para realizar os serviços de certificações de conformidade. ISO 9001: contém todos os critérios que a empresa precisa adotar para conseguir a certificação de qualidade. Envolve as normas 9002 e 9003; ISO 9004: fornece diretrizes que consideram tanto a eficácia como a eficiência do sistema de gestão da qualidade. O objetivo desta norma é melhorar o desempenho da organização e a satisfação dos clientes e das outras partes interessadas; ISO 19011: contempla as diretrizes para auditorias do sistema de gestão da qualidade. Leitura A Evolução da Norma ISO 9001 em 30 Anos: Benefícios e Impactos Neste documento, você pode conhecer um pouco mais sobre a evolução da norma ISO 9000. http://www.abepro.org.br/biblioteca/TN_STO_238_376_33475.pdf Normas ABNT NBR/ISO 14000 Compreende o sistema de Gestão do Meio Ambiente em áreas de produção. Esta norma estabelece requisitos para as empresas gerenciarem seus produtos e processos para que eles não agridam o meio ambiente, que a comunidade não sofra com os resíduos gerados e que a sociedade seja beneficiada num aspecto amplo. Foi criada em 1993, um ano após a realização da Conferência Eco-92, primeira reunião das Nações Unidas sobre o meio ambiente, que aconteceu no Rio de Janeiro. Normas OHSAS 18000 OHSAS (Occupational Health & Safety Advisory Services) é uma norma de Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional (SGSSO) e compreende os sistemas de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional. A primeira versão das normas OHSAS 18000 foi criada em 2001 e até o ano de 2018 foi utilizada pelas empresas que queriam certificar seu sistema de saúde e segurança no trabalho, quando, então, foi substituída pela norma ISO 45001. A norma ISO 45001 foi criada com base nas estatísticas apontadas pela Organização Internacional do Trabalho, que aponta que 2,3 milhões de pessoas no mundo morrem por ano em decorrência de doenças e acidentes de trabalho. Vídeo ISO 14001 – Sistema de Gestão Ambiental Conheça mais sobre o histórico da elaboração da norma, pontos negativos e positivos e como é a atuação do profissional de Gestão Ambiental nessa área. ISO 14001 - Sistema de Gestão Ambiental https://www.youtube.com/watch?v=TBTyJNokg7k São inúmeras as vantagens para as empresas que implementam a norma ISO 45001, tais como podemos observar na Figura 4. Figura 4 – Vantagens da implementação da norma ISO 45001 Normas ABNT NBR/ISO 22000 É a mais nova de todas as normas ISO, foi criada em 2005 e baseada nos setes passos do sistema APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle). Compreende o sistema de Gestão de Segurança Alimentar e especifica os requisitos que devem ser obedecidos pelas empresas a fim de garantir a integridade e qualidade dos alimentos, ao longo de toda cadeia alimentar. Ou seja, esta norma é específica para os estabelecimentos que produzem e manipulam alimentos. Esta norma pode ser implantada individualmente ou em conjunto com outros sistemas já existentes, como por exemplo, a norma ISO 9000. Para melhor compreensão da norma ISO 22000, ela é dividida em quatro princípios básicos: Glossário Doença ocupacional ou profissional: causada pelo exercício de determinada atividade. Doença de trabalho: causada pelas condições especiais em que o trabalho é realizado. Acidente no percurso residência-trabalho, em qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo próprio, também é considerado acidente de trabalho. Figura 5 – Importância do sistema de gestão da qualidade ISO 22000 Mas por que implantar a Norma ISO 22000? As empresas que são certificadas pela norma ISO 22000 têm mais chances de ter reconhecimento internacional, pois todos os processos utilizados nesta norma são validados internacionalmente; possibilidades de abertura para novos negócios, preservação da saúde do consumidor e garantia da qualidade do produto fabricado/produzido, uma vez que o sistema atua preventivamente na ocorrência de perigos e não conformidades do produto final. Redução de custos com retrabalhos, com a devolução de produtos não conformes e a diminuição do desperdício de matérias-primas e insumos também são alguns dos resultados da implementação do sistema de qualidade. Programa de pré-requisitos (PPR´S) Sistema APPCC Sistema de gestão Comunicação interna e externa Vídeo Norma ABNT ISO 22000 Segurança de Alimentos Assista ao vídeo Norma ABNT ISO 22000 Segurança de Alimentos para se aperfeiçoar no assunto. Norma ABNT ISO 22000 Segurança de Alimentos https://www.youtube.com/watch?v=w3KE8TY5xoU A Excelência Comprovada Prêmio concedido, anualmente, pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), a excelência comprovada compreende o topo da pirâmide dos sistemas de qualidade e é reconhecida através do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ). O PNQ é utilizado para promover a melhoria da qualidade da gestão e o aumento da competitividade entre as organizações. A homenagem pela conquista do prêmio é através de um troféu e, entre outras vantagens, as organizações passam a ter o reconhecimento do mercado e da sociedade (Figura 6). Figura 6 – Formas de reconhecimento para premiação Rotulagem de Alimentos no Brasil Pesquisas vêm demonstrando o aumento no consumo de alimentos ultraprocessados e não saudáveis e, em consequência, as doenças relacionadas à má alimentação e à obesidade. Uma pesquisa realizada em 2019, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demonstrou que 24,3% das pessoas entre 18 a 24 anos consomem alimentos ultraprocessados (IBGE, 2020). A leitura dos rótulos dos produtos é uma das estratégias utilizadas por algumas pessoas para a escolha de alimentos mais saudáveis, sendo bastante importante no processo de educação nutricional. Porém, pesquisas mostram que menos de 50% da população têm o hábito de ler o rótulo, sendo que apenas 10% leem as informações nutricionais. Fato este se deve ao baixo nível de entendimento em relação à todas as informações nutricionais contidas no rótulo. Não é de hoje que o Brasil detém legislações específicas regulamentando a rotulagem de alimentos comercializados no Brasil. Entretanto, um estudo realizado por Boscardin et al. (2020) demostrou que dos 198 produtos analisados, nenhum rótulo se apresentou totalmente adequado às legislações vigentes. Rotulagem Geral A obrigatoriedade da rotulagem geral dos alimentos é determinada pela Resolução nº 259 de 2002, que diz que todo alimento comercializado, qualquer que seja a sua origem, embalado na ausência do cliente e pronto para a oferta ao consumidor deve seguir as exigências estabelecidas na legislação. Como princípios gerais da rotulagem, os alimentos embalados não devem ser descritos ou apresentar em seus rótulos: Reflita Novas regulamentações sobre a rotulagem dos alimentos podem contribuir para escolhas melhores e mais saudáveis para a alimentação do indivíduo ou continuarão sendo negligenciadas pela indústria de alimentos? Vocábulos, sinais, denominações, símbolos, emblemas, ilustrações ou outras representações gráficas que possam tornar a informação falsa, incorreta, insuficiente, ou que possa induzir o consumidor a equívoco, erro, confusão ou engano, em relação à verdadeira natureza, composição, procedência, tipo, qualidade, quantidade, validade, rendimento ou forma de uso do alimento; Informações que atribua efeitos ou propriedades que não possuam ou não possam ser demonstradas; Destaque à presença ou ausência de componentes que sejam intrínsecos ou próprios de alimentos de igual natureza, exceto nos casos previstos em Regulamentos Técnicos específicos; Ressaltar, em certos tipos de alimentos processados, a presença de componentes que sejam adicionados como ingredientes em todos os alimentos com tecnologia de fabricação semelhante; Ressaltar qualidades que possam induzir a engano com relação a reais ou supostas propriedades terapêuticas que alguns componentes ou ingredientes tenham ou possam ter quando consumidos em quantidades diferentes daquelas que se encontram no alimento ou quando consumidos sob forma farmacêutica; Indicar que o alimento possui propriedades medicinais ou terapêuticas; Em relação às informações obrigatórias a constar no rótulo de alimentos embalados, as exigências da legislação são: Quando necessário, o rótulo deve apresentar o modo apropriado de uso, tais como método de descongelamento, reconstituição ou tratamento a ser empregado pelo consumidor para o uso correto do produto (exemplo: assar em forno pré-aquecido por 5 minutos). Rotulagem e Alegações Nutricionais As legislações vigentes que normatizam a rotulagem e alegações nutricionais são a RDC nº 429/20 e a Instrução Normativa (IN) nº 75/20. A tabela de informação nutricional, segundo a RDC nº 429/20, é: Água mineral natural, água natural, água adicionadas de sais, água do mar dessalinizada, potável e envasada não se enquadram na obrigatoriedade da declaração nutricional. A declaração voluntária se aplica aos produtos/alimentos relacionados no Anexo I, da IN nº 75/20. A tabela de informação nutricional deve declarar as quantidades dos nutrientes, tanto por porção (estabelecidas no Anexo V da IN nº 75/20) como por 100 gramas (g) ou mililitros (mL) do alimento, tal como exposto à venda ou pronto para o consumo (no caso de alimentos que necessitam de reconstituição com outros ingredientes), como podemos observar o modelo no Quadro 1. Quadro 1 – Modelo vertical da tabela de informação nutricional - BRASIL, 2002 Denominação de venda: nome específico, indica a verdadeira natureza; Lista de ingredientes (exceto alimento com único ingrediente): em ordem decrescente; Conteúdos líquidos: quantidade, em volume ou massa, do produto; Identificação de origem: informações que identificam a empresa (fabricante, distribuidor e importador); Identificação do lote: identificação em código ou linguagem clara; Prazo de validade: prazo que garanta a qualidade sensorial, nutricional e microbiológica do produto. Aconselhar seu consumo como estimulante, para melhorar a saúde, para prevenir doenças ou com ação curativa. “Art. 4º obrigatória nos rótulos dos alimentos embalados na ausência dos consumidores, incluindo as bebidas, os ingredientes, os aditivos alimentares e os coadjuvantes de tecnologia, inclusive aqueles destinados exclusivamente ao processamento industrial ou aos serviços de alimentação.” Informação Nutricional Porções por embalagem: 000 porções Porção: 000g (medida caseira) 100g** 000g %VD* Valor energético (kcal) Carboidratos (g) Açúcares totais (g) Açúcares adicionados (g) Proteínas (g) Gorduras totais (g) Gorduras saturadas (g) Gordura trans (g) Fibras alimentares (g) Sódio (mg) *Percentual de valores diários fornecidos pela porção. **No produto pronto para consumo. As informações nutricionais declaradas na tabela serão calculadas com base no Valor Diário de Referência (VDR), definidos no Anexo II da IN nº 75/20. De acordo com Brasil (2020), qualquer outro nutriente ou substâncias bioativas farão parte do rótulo nutricional, obrigatoriamente, quando o alimento contiver alegações nutricionais, alegações de propriedades nutricionais ou de saúde. Quando qualquer outro nutriente essencial adicionado no alimento estiver presente em quantidade igual ou maior a 5% do respectivo VDR, na porção, a declaração na tabela nutricional é obrigatória. Você já deve ter visto nas prateleiras dos mercados produtos que trazem no rótulo informações como: não contém calorias; sem adição de açúcares; baixo em gorduras. Pois bem, esse tipo de informação é chamado de alegações nutricionais, permitidas por lei, e podem ser usadas quando a declaração indica que o alimento possui propriedades nutricionais positivas relativas ao seu conteúdo nutricional. Etapas para o Cálculo das Informações Nutricionais Para ficar mais fácil o entendimento de como calcular as informações nutricionais a serem apresentados nos rótulos dos alimentos, segue, na Figura 7, um esquema orientativo. Figura 7 – Etapas para o cálculo da tabela de informações nutricionais Rotulagem Nutricional Frontal A partir do ano de 2022, os rótulos passam a ter mais uma obrigatoriedade em relação às informações nutricionais: a rotulagem nutricional frontal, que consiste na declaração padronizada e simplificada do alto conteúdo de nutrientes específicos no painel principal do rótulo do alimento (Figura 8). Importante! Há regras especificas para o uso de alegações nutricionais, que devem ser seguidas rigorosamente, conforme critérios de composição e rotulagem, apresentados no Anexo XX da IN nº 75/20. Figura 8 – Modelos para declaração da rotulagem nutricional frontal Fonte: Adaptada de BRASIL, 2020 Obrigatória nos rótulos dos alimentos embalados na ausência do consumidor cujas quantidades de açúcares adicionados, gorduras saturadas ou sódio sejam iguais ou superiores aos limites definidos no Anexo XV da IN nº 75/20. Quando os limites determinados pela legislação não forem cumpridos, o fabricante do produto deverá utilizar uma figura representativa, na metade superior do painel principal, indicando que o produto é Alto em Açúcar Adicionado e/ou Gordura Saturada e/ou Sódio. Os critérios para a declaração da rotulagem nutricional frontal são os seguintes, conforme o Quadro 2: Quadro 2 – Limites de açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio para fins de declaração da rotulagem nutricional Alimentos sólidos Nutrientes RNF Quantidade maior ou igual a 15g/100g* Açúcares adicionais Alto em açúcar adicionado Quantidade maior ou igual a 6g/100g* Gorduras Saturadas Alto em gordura saturada Quantidade maior ou igual a 600mg/100g* Sódio Alto em sódio *No alimento tal qual exposto à venda. *Alimentos que requerem preparo com adição de outros ingredientes: valores com base no alimento pronto para o consumo, conforme instruções do fabricante, sem considerar o valor nutricional dos ingredientes adicionados. Fonte: Adaptada de BRASIL, 2020b Alertas e advertências A segurança alimentar é uma das principais preocupações dos consumidores e do governo. Alergias e intolerâncias alimentares podem causar danos severos à saúde do consumidor e, por isso, alguns alertas e advertências são de declaração obrigatórias nos rótulos. A lei nº 8.543/92 obriga a declaração da advertência em rótulos e embalagens de alimentos industrializados que contenham glúten (trigo, aveia, cevada, malte e centeio e/ou seus derivados), como um alerta para os portadores da doença celíaca. De forma complementar, em 2003, a Presidência da República decretou uma lei que obrigava a indicação, em todos os alimentos industrializados, com a descrição “contém glúten” ou “não contém glúten” (BRASIL, 2003a). Segundo uma pesquisa realizado pelo instituto Datafolha, 35% da população brasileira maior de 16 anos (cerca de 53 milhões de pessoas) relatam algum tipo de desconforto gastrointestinal após o consumo de leite e derivados. Os sintomas, muitas vezes, podem estar associados à intolerância à lactose (açúcar presente no leite). Pensando no bem-estar e saúde da população que apresenta algum tipo de restrição ao consumo da lactose, em 2017, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) definiu que os alimentos embalados na ausência do consumidor, salvo algumas exceções, deverão apresentar o alerta Contém Lactose imediatamente após ou abaixo da lista de ingredientes. Alimentos alergênicos são produtos que podem causar desequilíbrio no sistema imunológico, mesmo quando ingeridos em pequena quantidade. Os distúrbios alérgicos relacionados a alimentos acometem cerca de 8% da população, na sua maioria, crianças. A RDC nº 26/2015 considera como alergênicos os seguintes alimentos: Trigo, centeio, cevada, aveia e suas estirpes hibridizadas; Crustáceos; Ovos; Peixes; Amendoim; Soja; Leites de todas as espécies de animais mamíferos; Amêndoa (Prunus dulcis, sin.: Prunus amygdalus, Amygdalus communis L.); Avelãs (Corylus spp.); Castanha-de-caju (Anacardium occidentale); Castanha-do-brasil ou castanha-do-pará (Bertholletia excelsa); Macadâmias (Macadamia spp.); Nozes (Juglans spp.); Pecãs (Carya spp.); A declaração da presença dos alergênicos nos alimentos deve ser feita da seguinte maneira: Se aplicam à presença intencional de alimentos alergênicos. A palavra Contém (primeira situação), indica a presença de um alimento alergênico ou É um alergênico; A frase Contém Derivados (segunda situação) (Sempre no Plural), indica a presença de um derivado de um alimento alergênico. Se aplica à possibilidade de contaminação cruzada com alergênicos. Ou seja, casos em que o produto não tem adição do respectivo alimento alergênico ou seus derivados, mas não é possível evitar a contaminação em determinado estágio do processo de fabricação. Pistaches (Pistacia spp.); Pinoli (Pinus spp.); Castanhas (Castanea spp.); Látex natural. Primeira Situação: “Alérgicos: Contém (nomes comuns dos alimentos que causam alergias alimentares)”; Segunda Situação: “Alérgicos: Contém Derivados de (nomes comuns dos alimentos que causam alergias alimentares)”. Terceira Situação: “Alérgicos: Pode Conter (nomes comuns dos alimentos que causam alergias alimentares)”. Quarta Situação: Se a alimentação é um direito de todos, conhecer o que consome e os ingredientes que são utilizados na fabricação do produto também é. O Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 31, diz que: Partindo dessa premissa, em 2003, o Decreto nº 4680 regulamentou o direito do consumidor em relação aos alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de organismos geneticamente modificados (OGM). Além de usar as expressões definidas no decreto, os produtos que sejam ou contenham OGMs precisam apresentar em seu painel principal o seguinte símbolo (Figura 9). Quando houver a presença de crustáceos e/ou derivados ou a possibilidade de contaminação cruzada com este alimento, o termo “crustáceos” deve ser declarado seguido do nome comum das espécies entre parênteses; “Alérgicos: Contém Crustáceos (Camarão). - BRASIL, 1990 “A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ‘ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.” Figura 9 – Símbolo para indicar que o alimento contém organismos geneticamente modificados Fonte: Wikimedia Commons Importante! Não confunda alergia alimentar com intolerância alimentar. O primeiro, é mais grave, pois acomete o sistema imunológico. Intolerâncias alimentares, muitas vezes, estão relacionadas à deficiência de alguma enzima ou proteína que metaboliza determinado nutriente. Rotulagem Específica Além de todas as regulamentações que estudamos até agora existem também as que são destinadas aos produtos com características de produção, criação e até mesmo formulação específicas e diferenciadas, tais como os alimentos orgânicos (Figura 10), veganos (Figura 11), artesanais (Figura 12) e de bem-estar animal (Figura 13). Para que os produtos sejam comercializados destacando as características citadas, precisam passar por auditorias de certificação, realizada por Organismo de Certificação Credenciado. Somente assim podem utilizar os símbolos específicos nas embalagens e propagandas dos produtos. Figura 10 – Certificado de produto orgânico Fonte: logodownload.org Figura 11 – Certificado de produto vegano Fonte: svb.org Figura 12 – Certificado de produto artesanal Fonte: charcutaria.org Figura 13 – Certificado de produto de bem-estar animal Fonte: certifiedhumanebrasil.org Certified Humane Brasil Clique no botão para conferir o conteúdo. Site Para saber mais sobre esse assunto, você pode acessar o seguinte site: ACESSE Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Sociedade Vegetariana Brasileira Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Instituto de Economia Agrícola (IEA) Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Responsabilidade Técnica em Serviços de Alimentação Para que as empresas possam garantir a segurança alimentar nos processos de manipulação e fabricação dos alimentos e a saúde dos consumidores, precisam dispor de profissional habilitado e capacitado que será responsável pelo controle, supervisão e implementação dos sistemas de qualidade. Segundo o Conselho Federal de Nutricionistas (2016): Leitura Para saber mais sobre esse assunto, você pode acessar os seguintes sites: “A Responsabilidade Técnica é a atribuição concedida pelo CRN ao Nutricionista habilitado, que assume o compromisso profissional e legal na execução de suas atividades, compatível com a formação e os princípios éticos da profissão, visando à qualidade dos serviços prestados à sociedade. https://certifiedhumanebrasil.org/ https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/producao-animal/selo-arte/selo-arte https://www.svb.org.br/2631-selo-vegano-registra-a-inclusao-de-20-novos-produtos-no-ultimo-mes-e-ultrapassa-o-numero-de-2-800-produtos-ja-certificados http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=260 Seja um profissional vigilante da saúde; aplique os controles de qualidade em todos os estabelecimentos que serão de sua responsabilidade técnica. Se atualize, se aprimore nos conhecimentos sobre esse assunto. Os consumidores têm o direito de comprar alimentos seguros, que não causarão danos ou prejuízos à sua saúde; precisam ter a certeza de que as empresas de alimentos zelam pelas Boas Práticas de Manipulação e Fabricação e que aplicam as especificações exigidas nas legislações vigentes. O Nutricionista detentor da Responsabilidade Técnica deverá cumprir e fazer cumprir todos os dispositivos legais do exercício profissional do nutricionista, assumindo direção técnica, chefia e supervisão na execução das atividades de sua equipe, quando houver.” Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Assessoria, Consultoria e Auditoria em Alimentação e Nutrição: Conheça as Diferenças Para conhecer mais sobre a diferença entre assessoria, consultoria e auditoria e a maneira como o nutricionista pode atuar nesses três diferentes segmentos, consulte o material. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Ferramentas de Gestão da Segurança de Alimentos: APPCC e ISO 22000 Neste trabalho você pode se aprofundar no assunto relacionado às principais ferramentas de gestão da segurança de alimentos e atualização da norma ISO 22000. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Rotulagem de Alimentos Alergênicos Neste documento de perguntas e respostas a ANVISA esclarece as principais dúvidas sobre a rotulagem de alimentos alergênicos, importante para o profissional que irá trabalhar nesta área. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Rotulagem de Lactose Neste documento de perguntas e respostas a ANVISA esclarece as principais dúvidas sobre a rotulagem de alimentos contendo lactose. Conhecer sobre esse assunto garante a segurança do consumidor através da divulgação correta desta informação. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE 2 / 3 Material Complementar https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4990253/mod_resource/content/2/Cartilha-Digital-Consultoria-2019-vermelho-V_01_10.pdf https://bdm.unb.br/bitstream/10483/186/1/2007_FlorenceMarieBerthier.pdf https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/alimentos/perguntas-e-respostas-arquivos/rotulagem-de-alergenicos.pdf/view https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/alimentos/perguntas-e-respostas-arquivos/rotulagem-de-lactose.pdf/view Rotulagem Nutricional de Alimentos Embalados Neste documento de perguntas e respostas a ANVISA esclarece as principais dúvidas sobre a rotulagem de alimentos embalados. Não fique com dúvidas, consulte o material. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Trangênicos: Feche a Boca e Abra os Olhos Muitas são as dúvidas que os consumidores têm em relação aos alimentos transgênicos. Por isso, o Instituto de Defesa do Consumidor, publicou uma cartilha com diversas informações acerca do assunto. Não deixe de ler e saber mais sobre os alimentos transgênicos. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE ISO 22000: Tudo sobre a ISO da Segurança de Alimentos Afinal, o que é a ISO 22000? Conhecer os princípios da principal norma que regulamenta a segurança de alimentos é primordial para a atuação do nutricionista e em qualquer seguimento. O artigo da Ifope Educacional explica tudo sobre a ISO da segurança de alimentos. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Como a Tecnologia pode Melhorar a Gestão da Segurança de Alimentos A consolidação de empresas, as mudanças nas preferências dos consumidores e a crescente exposição às novas regulamentações estão impactando drasticamente a produção e a estratégia dos negócios do setor de alimentos e bebidas. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/alimentos/perguntas-e-respostas-arquivos/perguntas-e-respostas-rotulagem-nutricional_ggali_230721.pdf/view https://www.idec.org.br/ckfinder/userfiles/files/Cartilha%20Transgenico.pdf https://blog.ifope.com.br/iso-22000/ https://www.softexpert.com/se-pt/downloads/ebook/Como-tecnologia-melhorar-gestao-seguranca-alimentos.pdf BOSCARDIN, E. et al. Análise crítica da rotulagem de alimentos comercializados. Research, Society and Development, v. 9, n. 8, p.1-18, 2020. Disponível em: <https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/4926>. Acesso em: 08/06/2022. BRASIL. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm>. Acesso em: 10/05/2022. ________. Câmara dos Deputados. Centro de Documentação e Informação. Lei nº 8.543, de 23 de dezembro de 1992. 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