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Conteudista: Prof.ª Esp. Tatiana de Queiroz Campos Revisão de Conteúdo: Prof.ª M.ª Maureen Costa Florian Senedeze Revisão Textual: Esp. Jéssica Dante Objetivo da Unidade: Entender a aplicação do sistema APPCC como medida preventiva para o controle de perigos nos alimentos. Material Teórico Material Complementar Referências Conceitos e Aplicação do Sistema Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) Citamos nas disciplinas anteriores que a implantação dos procedimentos adequados de manipulação e aplicação das normas sanitárias vigentes visa ao fornecimento de um alimento seguro para o consumidor; para isso, a implantação das ferramentas para o controle de qualidade na produção dos alimentos é essencial. Uma ferramenta que podemos utilizar é o sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), recomendada por organismos internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) (SENAC, 2001). 1 / 3 Material Teórico Vídeo Analister APPCC O sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) foi desenvolvido nos Estados Unidos por volta da década de 1960 em um projeto da NASA (National Aeronautics and Space Administration). Segundo Germano e Germano (2013), o sistema de Análise de Pontos Críticos de Controle (APPCC) ou Hazard Analysis and a Critical Control Points (HACCP) constitui: No Brasil, o APPCC é citado na Portaria nº 1428/1993 como um critério para identificação de fatores de risco e, consequentemente, a prevenção com intervenção durante o processo Analister appcc - FAO, 1998 “[...] uma abordagem preventiva e sistemática direcionada a perigos biológicos ou microbiológicos, químicos e físicos, através de antecipação e prevenção, em vez de inspeção e testes em produtos finais.” https://www.youtube.com/watch?v=k60sG0q2jGU produtivo. Segundo Germano e Germano (2013), as maiores vantagens do sistema APPCC é detectar os problemas no momento que ocorrem, documentar a operação ou procedimento envolvido, considerando as medidas de controle para esses problemas. Pré-requisitos do Sistema APPCC A implantação do sistema APPCC está diretamente vinculada ao programa de pré-requisitos (PPR), ou seja, para iniciarmos o sistema é necessário que os procedimentos de Boas Práticas, os Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs) ou Procedimento Padrão de Higiene Operacional (PPHO) estejam implantados no estabelecimento, seguindo as referências legais vigentes. Segundo Germano e Germano (2013), o Manual de Boas Práticas é o documento que deve apresentar os fundamentos em segurança dos alimentos e abranger os aspectos relacionados à higiene desde as instalações, os equipamentos, instrumentos de medição, ingredientes e materiais de limpeza e desinfecção, além de condições de saúde do pessoal. Esse documento registra os procedimentos adotados pelo estabelecimento (indústrias, restaurantes industriais e serviços de alimentação) de forma personalizada, a fim de minimizar a contaminação dos alimentos. Os Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs) previsto pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária por meio da Resolução nº 275/2002 ou Procedimento Padrão de Higiene e Operacional (PPHO) definido pela Circular nº 245/1996 do Ministério da Agricultura têm como objetivo detalhar as instruções sequenciais e rotineiras das operações existentes nos estabelecimentos industrializadores e/ou manipuladores de alimentos, entre elas: limpeza e desinfecção, controle de pragas, capacitação dos colaboradores, transporte do alimento, entre outros, de acordo com as exigências legais para o segmento (GERMANO; GERMANO, 2013). A partir do momento em que os documentos citados foram implantados e a equipe está treinada para execução das atividades com foco para obtenção de um alimento seguro, o próximo passo é a implantação do sistema APPCC. Etapas Preliminares à Implantação do APPCC Por sua complexidade, no sistema APPCC, é primordial o suporte e o envolvimento de todos os departamentos da empresa, bem como a disponibilidade de recursos financeiros para a sua aplicação. Formação da Equipe É fundamental que haja a formação de uma equipe que ficará responsável pela elaboração do sistema APPCC. Terá como responsabilidade a capacitação da equipe de colaboradores, a análise do processo produtivo para identificação dos perigos, das medidas de controle e demais ações necessárias para a produção de alimentos seguros (GERMANO; GERMANO, 2013). A equipe responsável pela análise do sistema APPCC precisa ser composta por colaboradores com experiência e com conhecimento no processo produtivo. O ideal é que a equipe seja mista, com profissionais de cargos diferenciados ligados à produção, entre eles: nutricionistas, equipe de produção, manutenção, recebimento de mercadorias, entre outros. Considerado como um compromisso fundamental na implantação do sistema APPCC, o comprometimento da direção da empresa é necessário para gerar incentivo à equipe de colaboradores responsáveis pelo processo produtivo (SENAC, 2009). No processo de implantação do APPCC, é necessário ainda que a direção da empresa indique um coordenador para assumir a responsabilidade de implantar o sistema. Descrição do Produto Detalhar as características do produto, listando e relacionando informações que sejam relevantes para a segurança do produto, como por exemplo, ingredientes, modo e condições ideais de conservação e prazo de validade, fornece recurso para melhor entendimento das etapas do fluxograma. Identificação da Intenção de Uso As informações de consumo devem ser apresentadas ao consumidor de forma clara, garantindo o consumo adequado do alimento. A identificação de uso deve trazer as especificações de cozimento, a forma de preparo, entre outros aspectos. Importante incluir a recomendação ou proibição do consumo por algum grupo em específico (crianças, idosos, gestantes, alérgicos etc). Elaboração do Fluxograma da Preparação O fluxograma é fundamental para a implantação do sistema APPCC, deve ser apresentado de forma simples e contemplando todas as etapas do processo produtivo. O fluxograma deve ser validado pela equipe do sistema APPCC e deve contemplar as etapas do processo produtivo, detalhando as etapas de produção. Figura 1 – Fluxograma de preparo da feijoada Confirmação In Loco do Fluxograma Essa etapa visa validar in loco o fluxograma elaborado, para garantir que todos os processos apresentados são realizados. Princípios Básicos do Sistema APPCC Segundo Germano e Germano (2013), o sistema APPCC compõe-se de sete princípios, os quais abrangem todas as etapas envolvidas no processo de fabricação ou preparação de um produto alimentício, prevendo as circunstâncias que podem afetar a inocuidade alimentar. Figura 2 – Princípios básicos do Sistema APPCC Vamos entender o que significa cada um desses princípios: Princípio 1 – Análise de perigos: consiste na identificação de todos os potenciais perigos associados à cada etapa do processo produtivo, a probabilidade de ocorrência e a severidade de cada um desses perigos identificando as medidas de controle; Princípio 2 – Determinação dos Pontos Críticos de Controle (PCC): etapa que é possível minimizar, eliminar ou reduzir para níveis aceitáveis os perigos relacionados à inocuidade dos alimentos. Os PCC são pontos, procedimentos, operações ou etapas nos quais alguma medida de controle deve ser aplicada; Princípio 3 – Estabelecimento do limite crítico: o limite crítico estabelece parâmetros que garantem o controle de cada PCC, que deve ser cumprido para garantir a inocuidade do alimento; Princípio 4 – Estabelecimento do sistema de monitorização: o sistema de monitorização consiste na medição dos parâmetros definidos no limite crítico (princípio 3) para avaliar se eles estão sendo atendidos, assegurando o controle do PCC; Princípio 5 – Estabelecimento de ações corretivas em casos de desvios dos limites críticos: devem ser estipuladas ações corretivas para quando um PCC não estiver sob controle. "Essas ações corretivas devem ser implementadas sempre que os limites críticos não estiverem dentro dos parâmetros pré-determinados." (“João Paulo Coutinho on LinkedIn: #gestão #trabalho #qualidade”); Princípio 6 – Registros e Documentação: os registros são as evidências da realização de atividades relacionadas à operacionalidade do sistema APPCC; Princípio 7 – Estabelecimento de procedimentos de verificação: procedimento de verificação ou confirmação da eficácia do sistema APPCC, por meio de testes, auditorias (internas e externas), aplicação de métodos ou ainda agências oficiais de regulação. O intuito da implantação do sistema APPCC é o fornecimento de um alimento seguro, aplicando a cada etapa do processo produtivo as medidas de controle para garantia de qualidade do produto. Vídeo Análise de Perigos – HACCP Assista ao vídeo Análise de Perigos – HACCP. A Organização Pan- Americana de Saúde apresenta alguns conceitos importantes. Análise de Perigos - HACCP https://www.youtube.com/watch?v=DyBCMHRoGEI Passos para Implantação do APPCC A implantação do sistema APPCC pode ser dividida em duas etapas: primeira etapa, constituída do 1º ao 5º passo, visa auxiliar a equipe de implantação do sistema durante o levantamento e a análise de dados e informações que servirão como base para que a APPCC possa ser aplicada; já a segunda etapa, que inicia a partir do 6º passo e vai até o 12º passo, contempla os sete princípios do APPCC. Glossário Análise de perigos: identificar e avaliar os perigos potenciais, sua severidade e risco, para decidir quais são os controles importantes para a inocuidade dos alimentos; Controle: forma em que estão sendo observados os procedimentos corretos e sendo cumpridos os critérios de controle; Medidas de controle: medidas aplicadas para prevenir ou eliminar um perigo no alimento ou para reduzi-lo a um nível aceitável; Monitorização: sequência planejada de observações ou medições dos limites críticos para avaliar se um PCC está sob controle; Perigo: agente biológico, químico ou físico, com o potencial de causar um efeito adverso para a saúde, quando está presente no alimento em níveis inaceitáveis; Ponto de Controle (PC): é qualquer ponto, etapa ou procedimento no qual fatores biológicos, químicos ou físicos podem ser controlados, prioritariamente por programas e procedimentos de pré-requisitos, como as Boas Práticas; Risco: é a estimativa da probabilidade de ocorrência de um perigo ou de uma sequência de perigos. Os primeiros cinco passos já foram apresentados no item 1 e seus respectivos subitens, nesta unidade. Vamos, a seguir, abordar e explorar os passos correspondentes à segunda etapa (do 6º ao 12º). Figura 3 – Fluxograma de implementação do Sistema APPCC Fonte: Adaptada de FÉLIX, 2020 Sexto Passo: Identificação de Perigos, Listagem de Todos os Potenciais Perigos e Condução da Análise de Perigos (Princípio 1 do APPCC) Nesse passo, é necessário analisar cada etapa do processo dentro do fluxo de produção e listar cada potencial perigo contido nas matérias-primas e ingredientes, avaliar os riscos desses perigos dentro das demais etapas e determinar as medidas de controle e segurança para cada um deles. Os perigos são contaminantes de origem química, física e biológica, os quais podem causar danos à saúde do consumidor (SILVA JUNIOR, 2015). Vale relembrar como os perigos biológicos, químicos e físicos podem acontecer no processo de manipulação e fabricação dos alimentos: Sétimo Passo: Determinação dos PCCs (Princípio 2 do APPCC) A determinação dos Pontos Críticos de Controle (PCC) deve ser realizada por meio de uma avaliação lógica dos perigos e das medidas de controle. O Codex alimentarius recomenda a utilização da árvore decisória (Figura 4) para facilitar esse processo. Biológicos: bactérias, fungos, vírus, toxinas bacterianas, parasitas; Químicos: agrotóxicos, pesticidas, inseticidas, produtos de limpeza, antibióticos, micotoxinas, metais pesados, aditivos, entre outros; Físicos: fragmentos de metal, entre outros. Figura 4 – Árvore decisória para identificação de PCC Fonte: Adaptada de SENAC, 2001 Oitavo Passo: Estabelecimento de Limites Críticos para os PCCs (Princípio 3 do APPCC) Os limites críticos são definidos como níveis aceitáveis ou não dentro de cada PCC identificado, separando as etapas ou processos que necessitam de controle para cada perigo sinalizado. Nono Passo: Estabelecimento de Sistema de Monitoramento para Cada PCC (Princípio 4 do APPCC) O sistema de monitoramento tem como finalidade assegurar a continuidade do processo de forma adequada. Deve constar a descrição das etapas de monitoramento (como é realizado), a frequência e o responsável pela atividade. Décimo passo: Estabelecimento de ações corretivas (Princípio 5 do APPCC) As ações corretivas devem ser adotadas caso seja identificada alguma falha nas análises de resultado dos monitoramentos do PCC. Essas ações devem estar predeterminadas e necessitam ser documentadas de acordo com o produto ou processo produtivo. Décimo Primeiro Passo: Estabelecimento de Documentação e Manutenção de Registros (Princípio 6 do APPCC) Para finalizar o sistema APPCC, é necessária a determinação da manutenção dos registros gerados, ou seja, o arquivamento dos documentos que comprovem a execução das etapas anteriores, bem como todos os materiais utilizados como apoio (estudos e metodologias utilizadas no processo) e comprovantes de treinamentos das equipes envolvidas no processo. Décimo Segundo Passo: Estabelecimento de Procedimentos de Verificação (Princípio 7 do APPCC) Essa etapa visa garantir a eficácia do sistema APPCC, considerando todas as suas atividades, ou seja, assegurar que seu planejamento e execução estão corretos. O sistema APPCC apresenta uma série de formulários que servem como roteiro para a implantação, facilitando a visualização de cada etapa e avaliação dos perigos, análise dos pontos críticos de controle e das medidas preventivas. Livro Manual de Controle Higiênico Sanitário em Serviços de Alimentação O livro Manual de controle higiênico sanitário em serviços de alimentação, de Eneo Alves da Silva Jr., disponibiliza modelos de formulários e processos de implantação do sistema de Análise de Pontos e Perigos Críticos de Controle (APPCC). Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Blog Food Safety Brazil: Sistema APPCC Sem Mistérios – Dicas para Elaboração e Implementação Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE 12 Passos do HACCP/APPCC E-book da SGS Academy. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Guia de Elaboração do Plano APPCC 2 / 3 Material Complementar https://foodsafetybrazil.org/sistema-appcc-sem-misterios-dicas-para-implementacao/ https://www.sgsgroup.com.br/-/media/local/brazil/documents/ebooks/12-passos-haccp.pdf Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Benefícios e Desafios da Implantação de APPCC em Indústrias de Alimentos para Segurança de Alimentos Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE https://silo.tips/download/guia-de-elaboraao-do-plano-appcc http://www3.sp.senac.br/hotsites/blogs/revistacontextos/wp-content/uploads/2019/12/contextos-final-61-71.pdf BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria 326, de 30 de julho de 1997. Estabelece os requisitos gerais (essenciais) de higiene e de boas práticas de fabricação para alimentos produzidos /fabricados para o consumo humano. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 1997. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/svs1/1997/prt0326_30_07_1997.html>. Acesso em: 25/03/2020. ________. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria 1.428, de 26 de novembro de 1993. Estabelece as orientações necessárias que permitam executar as atividades de inspeção sanitária, de forma a avaliar as Boas Práticas para a obtenção de padrões de identidade e qualidade de produtos e serviços na área de alimentos com vistas à proteção da saúde da população. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 1993. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1993/prt1428_26_11_1993.html>. Acesso em: 11/05/2022. ________. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2004/res0216_15_09_2004.html>. Acesso em: 01/02/2020. ________. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução de Diretoria Colegiada – RDC 275, de 21 de outubro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos e a Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos. Brasília, DF: 3 / 3 Referências Ministério da Saúde, 2002. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2002/anexos/anexo_res0275_21_10_20 02_rep.pdf>. Acesso em: 12/05/2022. FÉLIX, R. APPCC: uma visão geral: como surgiu? Qual o objetivo? Quais vantagens de ter o APPCC implementado na minha indústria? Como posso implementar?. E-food, 03/06/2020. Disponível em: <https://portalefood.com.br/haccp/appcc-uma-visao-geral/>. Acesso em: 12/05/2022. GERMANO, P. M. L.; GERMANO, M. I. S. Sistema de gestão: qualidade e segurança dos alimentos. Barueri, SP: Manole, 2013. JUNIOR, E. A. S. Manual de controle higiênico-sanitário em serviços de alimentação. 7. ed. São Paulo: Varela, 2015. SENAC. DEPARTAMENTO NACIONAL. Elementos de apoio: boas práticas e sistema APPCC. Rio de Janeiro: SENAC/DN, 2001. (Série Qualidade e segurança hospitalar). Disponível em: <https://fdocumentos.tips/document/elementos-apoio-sistema-appcc.html>. Acesso em: 11/05/2022.
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