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Fisioterapia na saúde coletiva II Un 02

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Fisioterapia na 
Saúde Coletiva 
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Simone Nunes Pinto
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
As Práticas da Assistência Hospitalar do 
Fisioterapeuta à Luz da Saúde Coletiva
As Práticas da Assistência 
Hospitalar do Fisioterapeuta 
à Luz da Saúde Coletiva 
 
 
• Apresentar a reflexão sobre as Práticas Hospitalares sob a ótica da saúde coletiva e os desafios 
existentes para a assistência integral nos Hospitais;
• Discutir as práticas de humanização hospitalares e a atuação do Fisioterapeuta na assistência 
e nos cuidados hospitalares integrais.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• Introdução;
• As Práticas Assistenciais Hospitalares e Seus Desafios;
• Saúde Coletiva e Práticas Hospitalares;
• Humanização e a Assistência Hospitalar;
• Atuação do Fisioterapeuta na Assistência Hospitalar Integral.
UNIDADE As Práticas da Assistência Hospitalar do 
Fisioterapeuta à Luz da Saúde Coletiva
Introdução
Nesta Unidade, vamos conhecer os princípios, os desafios e as contribuições da 
Saúde Coletiva na Assistência Hospitalar para implantação de Práticas Humanizadas 
e Cuidados Assistenciais Integrais e, ainda, a atuação do Fisioterapeuta na Assistên-
cia e Cuidados Hospitalares Integrais.
Convido você a resgatar em sua memória, fatos ou situações que tenha vivenciado 
ou mesmo assistido em reportagens nos quais a qualidade da Assistência Hospitalar 
foi criticada, classificada como desumana ou indigna para pessoas que buscam o 
alívio de seus sofrimentos. 
Vamos entender suas causas e refletir sobre como modificar essa realidade!
As Práticas Assistenciais 
Hospitalares e Seus Desafios
Mas quais as causas e as razões para a insatisfação dos pacientes, dos familiares 
e dos profissionais de saúde que avaliam a assistência como precária?
As práticas de saúde centradas em procedimentos, com carência de leitos hospita-
lares, filas intermináveis, trabalhadores da Saúde desvalorizados, insatisfeitos, conside-
rados recursos, insatisfação dos usuários, que ficavam ressentidos com o isolamento 
do convívio com familiares, escassez de recursos materiais e financeiros, práticas de 
gestão burocratizadas e autoritárias... enfim, a associação de todos estes fatores gera 
a sensação de “desassistência” ou de “descuido” com a saúde da população.
O cenário descrito fez com que fosse criado Programa Nacional de Humanização 
da Assistência Hospitalar (2000), que preconizava modificar a cultura na assistência, 
de forma a trazer satisfação aos usuários e aos trabalhadores de Saúde.
Esse programa ganhou peso e se transformou em Política Nacional de Humanização 
(2003), ampliando o escopo e a extensão da humanização para toda assistência à 
saúde, não apenas no nível hospitalar.
Ao preconizar a humanização dos serviços, propõe-se a mudança na lógica e na 
cultura da assistência centrada em procedimentos técnicos e médicos para cuidados 
planejados coletivamente junto à Equipe Multiprofissional, haja vista ser o paciente 
um ser que pensa, que tem desejos, direitos e, acima de tudo, que tem capacidade e 
autonomia para se corresponsabilizar por sua própria saúde.
Segundo Mello (2008), a humanização na Assistência Hospitalar deve considerar 
a saúde física e emocional do paciente e, para tanto, deve-se estabelecer uma relação 
de respeito aos valores, às crenças, ao modo de viver do paciente e de sua família, 
com direito à informação, à participação e a receber tratamento digno.
A humanização deve estar presente no cotidiano dos trabalhadores que atuam no Hos-
pital e, inclusive, na ambientação das unidades que compõem os Serviços Hospitalares.
8
9
Embora as Práticas de Humanização Hospitalar ainda encontrem resistência, essa 
é uma grande e potente estratégia para ampliar o vínculo e a responsabilização dos 
profissionais, gestores e usuários dos Serviços de Saúde.
Tornar as práticas hospitalares humanizadas foi, ou ainda é, um grande desafio. 
A Assistência centrada no modelo médico centrado, com foco nas doenças, em pro-
cedimentos técnicos desprovidos de afeto, com relações de domínio e poder entre 
profissionais de saúde e pacientes ainda prevalece em muitos serviços.
Segundo Guedes et al. (2009), para combater a frieza do hospital e proporcionar 
maior aconchego, é de vital importância a adoção de Práticas Assistenciais ao usuário 
centradas nos Hospitais, que instigam a participação de todos os envolvidos, usuários 
e Equipes Multiprofissionais a se envolverem no Processo De Cuidados Integrais (pre-
venção, promoção, recuperação e cura).
P ara a implantação de tais práticas nos Hospitais, é vital que elas abandonem o 
domínio do saber “curativista”, de atos verticalizados, de orientações prescritivas e se 
mova para práticas inovadoras, que incluam o sujeito cuidado como corresponsável pelo 
cuidado, protagonista de seu projeto de vida, considerando suas vontades, seus medos e 
suas expectativas, ou seja, não como paciente passivo, mas como cidadão participativo.
S ão inúmeros os desafios a serem superados para mudar a lógica da Assistência 
Hospitalar, pois os Hospitais, culturalmente, são considerados “locais”, Instituições 
reservadas à cura de doenças, e os pacientes vulneráveis e frágeis, considerados 
objetos de procedimentos visando à cura, estruturada na clínica de órgãos. 
Para transformar a Assistência Hospitalar, faz-se necessário:
• Modificar a relação entre Profissionais de Saúde e pacientes/familiares, tornando-a
mais acolhedora;
• Transformar o agir em Saúde, tornando as relações entre trabalhadores de Saúde,
de diferentes categorias profissionais e da mesma profissão, mais respeitosa, soli-
dária e colaborativa;
• Reestruturar o processo de trabalho, pois o trabalho em Saúde é um trabalho 
vivo, que acontece no encontro de pessoas, que buscam o alívio de dores físicas, 
emocionais, e de profissionais que, muitas vezes, encontram-se cansados, sobre-
carregados e insatisfeitos;
• Q ualificar os profissionais, que são formados e gerenciados na perspectiva de 
recursos humanos que prestam Serviços Hospitalares segundo modelo tecno-
-assistencial exclusivamente curativista, médico-centrado;
• Modificar o modelo de gestão centralizada, para um modelo de gestão partici-
pativa e democrática;
• Adequar os espaços físicos dos Hospitais, que dificultam a privacidade e a apro-
ximação do paciente, dos profissionais e da rede de apoio.
E como modificar essa lógica culturalmente enraizada? Você consegue conceber Hospitais 
na perspectiva de locais nos quais se produza saúde e se ofereçam cuidados integrais em 
Saúde aos indivíduos?
9
UNIDADE As Práticas da Assistência Hospitalar do 
Fisioterapeuta à Luz da Saúde Coletiva
Saúde Coletiva e Práticas Hospitalares
Na perspectiva de adequar a Assistência segundo as necessidades dos sujeitos, a 
Saúde Coletiva colabora com a proposição e a construção de novas posturas profis-
sionais, de provocar reflexões, de despertar olhares e afetações que transformem a 
cultura interna dos Hospitais, centrada na doença e na Clínica, para cuidados ofer-
tados para além da doença, dos órgãos, mas para a saúde e o bem-estar do doente. 
O grande desafio de tornar a saúde mais resolutiva e com qualidade é auxiliado 
pelas abordagens da Saúde Coletiva que preconiza a adoção de práticas que pro- 
movam o envolvimento de todos os atores, sujeitos envolvidos na produção do cuidado.
A Assistência em Saúde pensada como prática integral, não mais centrada em 
procedimentos médicos, mas em cuidados, exige postura ativa, crítica por parte dos 
profissionais da Equipe, vez que o cuidado integral deve ser planejado coletivamente.
Essa produção coletiva de cuidados exige dos profissionais uma postura de escuta, 
de envolvimento e de responsabilidade em contribuir com seus saberes e compe- 
tências na resolução da problemática vivida pelo doente e por seus familiares, que 
muitas vezes também demandam cuidados.
O Hospital, como Instituição, é composto por equipes de trabalhadores de dife-
rentesformações e especialidades, que convivem no mesmo espaço e que intervêm 
sobre o mesmo paciente, desconsiderando o cuidado com o paciente e os saberes 
das demais Disciplinas, muitas vezes, adotando posturas de domínio de saber e man-
tendo relação hierárquica e status profissional nas relações de trabalho.
Ao mesmo tempo, o Hospital também é um espaço que recebe pessoas com dife-
rentes queixas, com histórias de vida singulares e necessidades muitas vezes complexas, 
que trazem consigo medos, encontram-se fragilizadas e precisam ser acolhidas, rece-
bendo tratamento adequado, não como procedimentos, mas como cuidado em Saúde.
O cuidado em Saúde aqui referido é o conjunto de pequenos cuidados, (procedi-
mentos, atos, diálogos, fluxos) que se integram, completam-se e são oferecidos por 
diferentes trabalhadores envolvidos nos cuidados, desde a Recepção e a Equipe de 
Admissão até as Equipes Multiprofissionais.
Na perspectiva de integrar esses pequenos cuidados num projeto de cuidado 
integrado para a promoção da saúde e do bem-estar ao paciente e dos trabalhadores, 
são utilizadas metodologias propostas pela Saúde Coletiva como a Educação em 
Saúde, a Educação permanente em Saúde, a Gestão Participativa e Colegiada e o 
Trabalho Inter e Transdisciplinar e os Trabalhos Coletivos.
A Educação em Saúde é considerada tecnologia relacional, defendida aqui não 
como transmissão de informações ou hábitos a serem adquiridos para combater a 
doença, mas como Projeto Pedagógico que valoriza a articulação e a integração dos 
saberes técnicos científicos e populares. 
Com sua abordagem crítica e reflexiva, amplia o conhecimento e a consciência 
das necessidades, das limitações e das negociações para solucionar ou, ainda, dar 
10
11
melhor assistência às demandas de cuidados na perspectiva de promover saúde e 
não apenas tratar ou evitar doença.
De forma geral, essa Educação em Saúde utiliza outras abordagens além das 
tradicionais palestras e dos folhetos informativos, que desconsideram o outro, mas 
atividades individuais e grupais que valorizam o diálogo, a informação qualificada do 
estado de saúde do usuário, com questionamentos e orientações que permitem a corres-
ponsabilização de todos: usuários, familiares e profissionais na produção do cuidado.
Para produzir cuidados em Saúde, todos os trabalhadores, os familiares e os ges-
tores precisam compartilhar e integrar saberes, por meio do diálogo empático, cons-
truindo uma relação de confiança e respeito.
Nessa construção de Projetos Terapêuticos Coletivos, os profissionais devem exercer
alteridade e empatia, para buscar compreender as dificuldades e as necessidades das 
pessoas, para além da dimensão física, mas também a emocional, a social e a espi-
ritual dos doentes, dos familiares e dos demais membros da Equipe ou da Rede de 
Serviços envolvidos nos cuidados.
No encontro entre profissionais de saúde, trabalhadores e pacientes, há de se 
considerar que não existe conduta única, protocolos a seguir, mas a orientar, pois o 
que definirá o projeto é o contexto vivenciado pelo sujeito/paciente e as habilidades 
e os saberes de todos os envolvidos no cuidado.
Dessa forma, o Plano de Cuidados deve ser centrado na pessoa. Os profissionais 
devem auxiliar os usuários/pacientes e familiares a ampliarem conhecimentos, desen-
volverem habilidades e confiança para realizarem e gerenciarem os autocuidados e 
as decisões sobre sua saúde.
Nesse P rojeto Terapêutico ou Plano de Cuidados, encontram-se os cuidados a 
serem oferecidos durante a internação, incluindo os da desospitalização, o que signi-
fica o planejamento da alta e o acompanhamento dos cuidados pós-alta. Isso é fun-
damental para assegurar a integralidade dos cuidados.
Embora a alta hospitalar seja de responsabilidade médica, o planejamento dela 
deve ser realizado pela Equipe Multiprofissional, com a participação ativa do paciente 
e de sua família nas decisões relacionadas ao tratamento. 
N os cuidados integrais hospitalares, a alta hospitalar deve ser realizada por meio 
de orientação aos pacientes e aos familiares quanto à continuidade do tratamento, 
quanto à importância e à necessidade dos autocuidados e do acompanhamento junto 
a demais serviços (ambulatórios especializados, atenção básica e, em alguns casos, 
atendimentos domiciliares, dentre outros.)
Dessa forma, o planejamento de alta é uma ferramenta indispensável para o cui-
dado integral durante a hospitalização e no pós-alta. 
Nesse planejamento, é realizada a identificação de necessidades dos usuários 
e dos recursos disponíveis na Rede e, ainda, demanda trabalho multiprofissional 
(TOLDRÁ; RAMOS; ALMEIDA, 2019). 
11
UNIDADE As Práticas da Assistência Hospitalar do 
Fisioterapeuta à Luz da Saúde Coletiva
Importante!
O Hospital é um componente de destaque na Rede de Serviços em Saúde e tem papel 
fundamental para assegurar cuidado integral, mas, para isso, tem de superar o modelo 
fragmentado em especialidades e, por isso, o trabalho interdisciplinar e transdisciplinar 
é imprescindível.
Esse trabalho em Equipe implica saber-fazer com o outro, pois, no Hospital, 
temos profissionais de diferentes especialidades, com variados saberes profissionais, 
conhecimentos advindos da tradição científica, bem como da experiência e das 
competências em articular os saberes e as experiências para resolver problemas de 
forma eficiente.
Assim, a realização do trabalho em saúde exige diálogos, discussões e aprendizado 
do trabalho compartilhado em situações e experiências reais. Isso, de fato, é que dá 
sentido ao trabalho e auxilia a superar o trabalho repetitivo e fragmentado de atos 
e procedimentos.
A construção de relações clínicas mais coletivas e compartilhadas entre as Equipes 
possibilita o envolvimento e a corresponsabilização pelo cuidado nos Hospitais.
Humanização e a Assistência Hospitalar
A Assistência Hospitalar Humanizada é aquela que reconhece e valoriza o respeito 
à dignidade das pessoas, não apenas dos pacientes, mas dos familiares e dos profis- 
sionais que trabalham nos Hospitais.
A efetivação das práticas humanizadas nos Hospitais não apenas assegura maior 
qualidade na Assistência aos usuários, mas oferece maior satisfação aos Profissionais 
de Saúde.
Para os Hospitais garantirem Assistência Humanizada, além de terem grupos de 
Trabalho de Humanização, devem possibilitar direito de acompanhantes, de acordo 
com a necessidade e a disponibilidade da Unidade, oferecer acolhimento a pacientes, 
a familiares e a trabalhadores, oferecer, ainda, planejamento de desospitalização, 
com medidas alternativas para as práticas hospitalares, como as de cuidados domi-
ciliares, capacitar trabalhadores com temas de humanização e adequar a ambiência 
dos Hospitais, tanto espaço físico quanto social, de maneira a favorecer encontros 
acolhedores e humanos, de forma a possibilitar privacidade e conforto aos usuários 
e aos trabalhadores. 
Para isso, ressalta-se a importância de alguns aspectos, como a infraestrutura 
necessária para o funcionamento de equipamentos, as questões ambientais, como 
iluminação nas diferentes unidades de produção hospitalar, a temperatura adequada, 
a coloração e a decoração adequada, visando ao conforto e a retirar a impressão fria 
e traumatizante do ambiente hospitalar.
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 É necessário reforçar o conceito de Clínica Ampliada e Compartilhada, ou seja, a 
Assistência tem compromisso com o sujeito e não apenas com a doença, reconhece 
os saberes dos sujeitos e que a qualidade da assistência depende da qualidade dos 
encontros entre os trabalhadores de Saúde e os usuários, da corresponsabilização 
na produção do cuidado e do respeito aos direitos do usuário e, ainda, preconiza o 
trabalho inter e transdisciplinar. 
 É necessário, ainda, valorizar os trabalhadores, por meio da democratização da 
gestão e da participação dos trabalhadores nos processos decisórios, possibilitando, 
também, a exposição das experiências e das potencialidades dos trabalhadores.
Para isso, propõem-secomo estratégia a Educação permanente, c om ações não 
apenas de capacitação, mas que promovam a autoestima, a saúde do trabalhador e 
a qualidade de vida no Trabalho. 
Lembrando-se de que o trabalho em Saúde é dinâmico e complexo. Ele ocorre 
no encontro com o usuário e com o familiar, que trazem dores, limitações, anseios, 
experiências e problemáticas que, muitas vezes, colocam em xeque as competências 
técnico-procedimentais e relacionais-atitudinais do trabalhador, o que impõe a esse 
trabalhador alguns desafios.
Diante da complexidade trazida pelo usuário, suas necessidades e história de vida, 
associada às condições encontradas no ambiente e no processo de trabalho e à difi-
culdade em solucionar os problemas apresentados, o profissional, para se proteger, 
acaba adotando posturas distanciadas e fazeres mecânicos, burocráticos, seguindo 
protocolos que desconsideram o outro e negligenciam os cuidados com sua Saúde. 
Estudos apontam que a sobrecarga biomecânica, as posturas assumidas em 
atividades estáticas, muitas vezes inadequadas ou repetitivas, são fatores ergonô-
micos que predispõem à fadiga muscular e podem gerar LER/DORT (VECCHI; 
SANTIAGO, 2013).
Na rotina de trabalho, muitas vezes, o profissional, pressionado pelo tempo, pela 
urgência e pela rotina, acaba perdendo a satisfação em realizar o trabalho, que deixa 
de ter sentido.
Essa é uma das grandes causas de adoecimento em Profissionais de Saúde, inclusive
do Fisioterapeuta: quando falamos em doença, não estamos aqui nos referindo às 
causadas pelos riscos biológico, físico, químico, mecânico ou ergonômico, advindas 
do trabalho em Hospitais, mas decorrentes da forma de organização do trabalho, do 
modo como o trabalho é realizado, portanto, do risco operacional.
Profissionais de Saúde, especialmente trabalhadores de Hospitais, ficam sujeitos 
a desenvolverem a Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do 
Esgotamento Profissional, caracterizada pela exaustão física, emocional e mental, 
como resultado de lidar com situações estressantes, com excesso de responsabi-
lidades e sobrecarga de trabalho. 
Segundo Kovács (2010), com o avanço da Medicina, a morte ocorre nos hos-
pitais, o que traz sofrimento aos profissionais da Saúde da atenção hospitalar, por 
13
UNIDADE As Práticas da Assistência Hospitalar do 
Fisioterapeuta à Luz da Saúde Coletiva
dificuldades na comunicação com paciente e familiares sobre como abordar a fi-
nitude da vida, dificuldade em lidar com sentimentos como impotência e luto que, 
somados a outros fatores presentes no cotidiano do trabalho, levam a estresse e a 
aumento na incidência da Síndrome de Burnout.
Os Programas de Humanização são oportunidades de manter vivo o “sentido” do 
trabalho em Saúde, o valor do trabalho e da importância do trabalho cooperativo, 
seja com usuários, seja com gestores e com trabalhadores do serviço de Saúde.
Como resultado, a Humanização proporciona melhora do ambiente hospitalar, 
trazendo como benefícios menor tempo de internação, melhora no bem-estar geral 
dos pacientes e dos funcionários e diminuição do absenteísmo dos profissionais de 
Saúde, refletindo, inclusive, na redução de gastos hospitalares, trazendo benefícios 
tanto na qualidade quanto no custo da Assistência Hospitalar. 
Atuação do Fisioterapeuta na 
Assistência Hospitalar Integral
Na Assistência Hospitalar, o Fisioterapeuta presta cuidados em pacientes com 
desordens de origem neurológica, cardíaca, hemodinâmica, respiratória ou motora, e 
sua contribuição no contexto hospitalar tem sido reconhecida, tanto nas enfermarias 
hospitalares quanto nas Unidades de Terapia Intensiva, sendo, nos dias de hoje, obri-
gatória sua permanência nas unidades hospitalares. 
Atualmente, a atuação do profissional Fisioterapeuta é imprescindível no contexto 
hospitalar, pois ele auxilia na prevenção dos agravos decorrentes do imobilismo, assim 
como na melhora dos quadros de insuficiência respiratória, ajudando na recuperação 
dos pacientes, reduzindo o tempo de internação hospitalar e de mortalidade pós-alta 
e, ainda, na melhora da qualidade de vida do paciente.
O Fisioterapeuta, assim como os demais Profissionais de Saúde que atuam na 
atenção hospitalar, tem o desafio de oferecer cuidados humanizados, seguindo os 
princípios da integralidade.
E, como membro de Equipe Multiprofissional, o Fisioterapeuta tem muito a con-
tribuir, com seus saberes e competências específicas da Fisioterapia, e muito a apre-
ender na construção coletiva com outros profissionais, familiares e usuários.
É fundamental que o Fisioterapeuta esteja consciente que, o Agir Integral na 
Atenção Hospitalar depende de seu envolvimento, respeito e competência técnico-
-científica e relacional para trabalhar em Equipe e em Rede, pois, como vimos, 
o profissional deverá ter habilidades para planejar alta, desospitalização e realizar 
encaminhamentos, referência e contrarreferência, e estabelecer fluxos nas linhas de 
cuidado em outros níveis de atenção.
Muitas vezes, como profissionais, ficamos indignados quando pacientes chegam ao 
Ambulatório, ao Serviço de Reabilitação e mesmo na Atenção Hospitalar, com piora 
clínica, limitações e incapacidades que poderiam ter sido evitadas com cuidado adequado 
14
15
e no tempo oportuno e mesmo sabendo que os procedimentos e os tratamentos ofer-
tados foram adequados, sabemos que faltou cuidado integral, ou seja, conscientização, 
orientação, acompanhamento ou, ainda, corresponsabilização por esses cuidados.
Embora, ainda, nem todas as unidades hospitalares desenvolvam a Atenção 
Hospitalar Integral e Humanizada como preconizada, cabe aos Fisioterapeutas, 
conscientes de sua importância, participar e desenvolver Programas e Projetos que 
visam à integralidade e à humanização dos cuidados.
O Fisioterapeuta pode desenvolver e participar de Programas com atividades educati-
vas, seja na sala de recepção das Unidades Hospitalares, seja em Terapêuticas Grupais, 
em espaços reservados, para realizar acolhimento e propor discussão de temas que au-
xiliem no processo de recuperação e na prevenção de possíveis agravos e, ainda, em cui-
dados que possam trazer mais conforto e bem-estar aos usuários/pacientes e familiares.
Você Sabia?
É possível o Fisioterapeuta realizar orientações aos familiares, como, por exemplo, os cui-
dados na prevenção do imobilismo em casa, os cuidados na realização de trocas posturais, 
tanto para prevenir surgimento de úlceras por pressão e complicações pulmonares no 
paciente quanto, até mesmo, na prevenção de algias e sobrecargas do cuidador.
Atividades Grupais Terapêuticas podem ser desenvolvidas por meio de oficinas e 
rodas de conversa com pacientes internados para possibilitar maior interação com pro-
fissionais, troca de experiências e saberes e, ainda, reduzir o isolamento social, acolher 
as angústias e as expectativas de pacientes no pré e no pós-operatório e/ou na pré-alta. 
O fisioterapeuta pode realizar, ainda, Treinamentos sobre Cuidados Posturais e os 
Princípios Biomecânicos no manuseio e nos cuidados ao doente, aos familiares e aos 
cuidadores, bem como aos profissionais de Saúde, seja na admissão dos profissionais, 
seja nas Semanas de Prevenção de Acidentes de Trabalho (SIPAT), para orientar e 
conscientizar sobre as medidas de prevenção e os cuidados para prevenir LER/DORT 
e ou algias de coluna, muito frequentes em cuidadores e em Profissionais de Saúde.
Além dos Treinamentos, o Fisioterapeuta realiza análise ergonômica nos Hospitais, 
identificando a presença dos riscos ambientais, ergonômicos e organizacionais e 
propõe medidas de intervenção.
O Fisioterapeuta também contribui muito com a saúde de outros Fisioterapeutas 
e demais membros da Equipe de Saúde Hospitalar, com programas de Ginástica 
Laboral, que tem como prerrogativa aliviar a sobrecarga muscular, prevenir disfunções
mioarticulares, diminuir as tensões musculares e promover bem-estar. 
Você poderá aprofundar mais seus conhecimentos sobre os riscos ergonômicos de Fisiote-rapeutas que atuam em Hospitais, no Estudo para o risco ergonômico do trabalho de 
fisioterapeutas do hospital universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora, 
disponível em: https://bit.ly/30B9CI3
15
UNIDADE As Práticas da Assistência Hospitalar do 
Fisioterapeuta à Luz da Saúde Coletiva
O Fisioterapeuta pode e deve atuar junto à Educação permanente, não apenas 
para intervir nos fatores ergonômicos, com treinamentos, uso de técnicas e equipa-
mentos, como Transfer, para minimizar sobrecargas, ginástica laboral e outras téc-
nicas fisioterapêuticas para minimizar os riscos ergonômicos, mas, além disso, deve 
escutar os problemas identificados e, coletivamente, buscar soluções, seja mudando 
processos de trabalho e os qualificando, seja melhorando as relações interprofis- 
sionais, implantando projetos que tragam melhorias ao trabalhador e que reflitam 
na qualidade dos cuidados.
Ao mesmo tempo, como citado anteriormente, os atendimentos e os cuidados 
humanizados não apenas qualificam a assistência ao usuário, como melhoram as 
condições de trabalho, trazendo maior satisfação e qualidade de vida no trabalho 
para o Fisioterapeuta e demais membros da Equipe Multidisciplinar.
A satisfação do Profissional de Saúde é extremamente importante para a qualidade 
dos cuidados prestados.
O lidar com a Saúde e a vida do outro remete ao profissional a reflexão e/ou a 
frustração a respeito dos cuidados adotados com sua própria Saúde e como melhorar 
sua qualidade de vida. 
Projetos como o “Cuidando de quem Cuida”, que visam a ampliar a Saúde e 
o bem-estar dos Profissionais de Saúde, são desenvolvem diferentes práticas: 
mindfulness, terapias grupais com psicólogos, ginástica laboral, yoga, pilates, Arte 
terapia, musicoterapia, oficinas para trabalhar temas de relevância para os traba-
lhadores segundo realidades locais, rodas de conversas, workshops e atividades de 
lazer, dentre outras, que possam produzir bem-estar e melhorar a qualidade de vida 
dos Profissionais de Saúde.
Considerando que a valorização dos Profissionais de Saúde é uma das diretrizes 
dos Projetos de Humanização e que ela influi diretamente na qualidade dos cuidados 
hospitalares, muitos Fisioterapeutas não apenas têm se beneficiado com os Pro- 
gramas, mas têm sido contratados para atuar nesses mesmos programas, desenvol-
vendo ações que promovem a Humanização nos cuidados e que visam à Saúde e à 
segurança do trabalhador, à ergonomia, à segurança do paciente e à qualidade de 
vida no trabalho.
16
17
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
Além da Fisioterapia: Quando a Humanização é o Caminho
OISHI, A. C.; TURBAY, É. M. Além da Fisioterapia: quando a humanização é o 
caminho. In: Congresso Internacional de Humanidades & Humanização em Saúde. 
Anais... [Blucher Medical Proceedings], n. 2, v. 1. São Paulo: Blucher, 2014.
https://bit.ly/3fCRRwr
O Profissional da Saúde e a Síndrome de Burnout: Reflexões para a Humanização
ZANATTA, A. B.; LUCCA, S. R. de. O Profissional da Saúde e a Síndrome de 
Burnout: Reflexões para a Humanização. Congresso Internacional de Humanidades 
& Humanização em Saúde. Anais... p. 136. [Blucher Medical Proceedings, v. 1, 
n. 2]. São Paulo: Blucher, 2014.
https://bit.ly/33AXk4f
O Processo de Humanização do Ambiente Hospitalar Centrado no Trabalhador
BACKES, D. S.; LUNARDI FILHO, W. D.; LUNARDI, V. L. O processo de 
humanização do ambiente hospitalar centrado no trabalhador. Rev. esc. 
enferm. USP, São Paulo, v. 40, n. 2, p. 221-227, jun. 2006.
https://bit.ly/30zTKFB
Atuação do Fisioterapeuta em Enfermaria Hospitalar no Brasil
FERREIRA, J. et al. Atuação do fisioterapeuta em enfermaria hospitalar no 
Brasil. Fisioterapia Brasil, [S.l.], v. 18, n. 6, p. 788-799, jan. 2018.
https://bit.ly/3gFMZrI
Cadernos Humaniza SUS
BRASIL. Cadernos Humaniza SUS. Atenção hospitalar. Brasília: Ministério da 
Saúde, 2011.
https://bit.ly/31sPcAi
Lançamento do Acervo digital de Humanização
https://bit.ly/2Pw6hn8
17
UNIDADE As Práticas da Assistência Hospitalar do 
Fisioterapeuta à Luz da Saúde Coletiva
Referências
BARBOSA, D.; FERREIRA, M.; RODRIGUES, T. Humanização no setor hospitalar: 
uma prática a ser revisada, Caderno de Publicações Univag, n. 8, 2018. 
Disponível em: <https://periodicos.univag.com.br/index.php/caderno/article/view 
File/790/952>. Acesso em: 02/01/2020.
_________. Ministério da Educação. EBSERH. Diretriz Ebserh de Humanização: 
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