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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL CURSO DE ENGENHARIA CIVIL – RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS “A” Ana Carolina Abadi de Moura TORÇÃO Santa Maria, RS 2022 1. INTRODUÇÃO Quando um elemento está sendo forçado a rodar em torno do seu eixo longitudinal acontece um momento chamado “torque”. Essas forças causam tensões e deformações nas barras nas quais são aplicadas. Peças submetidas à torção são encontradas em muitas aplicações da engenharia e do cotidiano, e por isso, essas barras devem ser dimensionadas para suportar as tensões e deformações. 2. TORÇÃO DE BARRAS EM SEÇÃO CIRCULAR Demonstrando o que acontece quando um torque é aplicado em uma barra de seção circular, tem-se a figura 1 representando uma barra de material deformável, com círculos e linhas longitudinais marcadas em seu eixo. Quando um eixo circular é submetido á torção (figura 2) cada reta longitudinal deforma-se em uma hélice que intercepta os círculos. Porém, estes, não sofrem alterações. Ou seja, todas as seções transversais das extremidades permanecem planas e sem distorção. Com essa propriedade, é possível determinar a distribuição de deformações especificas de cisalhamento em um eixo circular. e concluir que estas deformações variam linearmente com a distancia ao centro do eixo. 2.1. DETERMINAÇÃO DAS TENSÕES E DEFORMAÇÕES Usando a Lei de Hooke(1) para tensão e deformação de cisalhamento, é possível determinar a variação linear de deformação de cisalhamento do eixo circular que resulta em uma variação linear na tensão de cisalhamento. Figura 2.1: Barra circular antes da deformação Figura 2.2: Barra circular deformada (1) Sendo que: = tensão de cisalhamento (Pa). = Valor que relaciona as tensões e deformações de cisalhamento, é chamado de “Módulo de elasticidade transversal do material” (Pa) e cada material possui um. = deformação de cisalhamento (radianos). A tensão de cisalhamento máxima ocorre na superfície das barras e varia conforme se aproxima do eixo longitudinal. A tensão máxima de cisalhamento na torção para eixos maçiços é dada pela expressão (2): Onde: = momento torsor = raio da barra = momento de inércia polar de barra circular. A tensão de cisalhamento em qualquer camada (ρ) da seção é dada por (3): Figura 2.1.1: Barra de eixo circular maciço Figura 2.1.2: Barra de eixo tubular ( ) Com 𝜌 = distância do eixo longitudinal até a camada em estudo (0 ≤ ρ ≤ R). O valor do momento de inércia polar para barras maciças é expresso por (4): (4) = momento de inércia polar. = raio da barra. = diâmetro da barra. Para eixos circulares vazados, a menor tensão de cisalhamento é dada pela expressão (5) e, nesse caso, o momento de inércia polar é dado pela expressão (6): ( ) ( ) ( ) 2.2. RELAÇÃO ENTRE MOMENTO TRANSMITIDO POR UM EIXO, POTÊNCIA E VELOCIDADE ANGULAR Eixos e tubos são frequentemente utilizados para transmitir potência em uma máquina. Potência de um motor normalmente não é medida diretamente, mas calculada a partir do torque que foi medido e da velocidade de rotação conhecida. (7) Potência (watts) Torque (Nm) Velocidade angular (rad) 2.3. EXEMPLOS No dia-a-dia, existem várias barras sujeitas a esforços de torque. Um exemplo de torção é o caso de barras componentes de estruturas sob a ação de cargas móveis, como um carrinho, em estruturas de parques de diversões. Quando o carrinho passa pelo trilho, provoca a torção das barras de fixação. Outro exemplo é um poste de iluminação de rua, sob a ação do vento. Quando o vento pressiona essa estrutura, provoca a torção do poste de fixação. A chave do tipo Philips também é sujeita a torção quando utilizada na fixação de parafusos. Também é possível perceber torção dinâmica, em máquinas em que seu eixo gire. 3. TORÇÃO EM PEÇAS DE SEÇÃO QUALQUER As equações para a determinação das tensões e distribuição das deformações provocadas por carregamento torcional são válidas para eixos de seção circular, pois estas seções transversais permanecem planas após a deformação e mantêm sua forma. Porém, elas não funcionam para barras de outras seções. Em uma barra de seção quadrada, por exemplo, quando submetida a uma torção, as linhas diagonais bem como as linhas que ligam os pontos médios dos lados se conservam retas. Porém, qualquer outra linha se deformará quando a barra for torcida, devido à falta de assimetria, e a própria seção transversal sairá do seu plano original. Figura 2.2.1: Eixo transmitindo um torque constante T a uma velocidade angular w. Figura 3. 1: Torção de uma barra de seção quadrada Assim, seria incorreto adotar, para uma barra de seção quadrada, uma distribuição de tensões linear a partir do eixo da barra, variando om a distância ao centro da seção, que levassem a um máximo de tensões nos vértices do quadrado. A tensão de cisalhamento máxima e o ângulo de torção para eixos com seção transversal retangular considerando como a = lado maior do retângulo e b= lado menor do retângulo, são: Com a análise matemática baseada na teoria de elasticidade para tensão de cisalhamento máxima e o ângulo de torção para eixos com seção transversal não circular, foi construída a tabela 1. Figura 3.2: Distribuição de tensões de cisalhamento devido à torção numa seção retangular 3.1. EXEMPLOS Dentro da engenharia, pode-se observar torção estática em vigas causadas pela ação da carga de lajes em balanço (marquises). Outros exemplos de barras de seção não circular sofrendo torção: Figura 3.1.1: Viga retangular sofrendo torção Tabela 1: Analise de seções quadradas, triangulares e elípticas. Exemplo do cálculo de torque máximo em uma barra de paredes finas: “O eixo de alumínio 6061-T6 tem área de seção transversal na forma de um triângulo equilátero. Determine o maior torque T que pode ser aplicado à extremidade do eixo se a tensão de cisalhamento admissível for = 56 Mpa e o ângulo de torção na extremidade estiver restrito a = 0,02 rad.”. Gal = 26 GPa. Solução: = 179,2 Nm [ ] Logo, o maior torque possível é de 24,12 Nm 4. TORÇÃO EM PEÇAS DE PAREDES FINAS E SEÇÃO FCHADA Viu-se que a determinação das tensões de cisalhamento em barras de seção não circular exige a aplicação da teoria matemática da elasticidade. Porém, se ele possuir paredes finas, pode-se determinar aproximadamente a tensão de cisalhamento supondo que a tensão seja distribuída uniformemente ao longo da espessura do tubo. Figura 3.1.2: Barra Triangular Figura 3.1.3: Barra elíptica Figura 4.1 – Torque em uma barra de paredes finas. O produto entre a tensão de cisalhamento e a espessura da parede é constante ao longo da barra, chamando o produto de q, tem-se: (8) Como o fluxo de cisalhamento é constante, usa-se: (9) Onde: α = área limitada pela linha centrar da seção transversal da parede A tensão de cisalhamento em qualquer ponto da parede pode ser determinada em termos do momento torsor T, substituindo q da equação (8) na equação (9): Sendo que: t = espessura da parede no ponto estudado = área limitada pela linha centrar da seção transversal da parede= um valor médio de tensão de cisalhamento através da parede Logo, se o tubo tiver espessura uniforme, basta aplicar a formula e calcular a tensão de cisalhamento. Porém, se o tubo tiver espessura da parede variável, irá ser necessário calcular a tensão de cada espessura, e a resposta final irá depender de cada parede analisada. O ângulo de torção de um tubo de parede fina e comprimento L é determinado por meio de métodos de energia. Se o material comporta-se de maneira linear-elástica e G é o módulo de elasticidade ao cisalhamento, o ângulo , dado em radianos, é expresso como: ∮ 4.1. EXEMPLOS Geralmente tubos de parede fina de formato não circular são usados em geral para construir estruturas leve como as empregadas em aviões. Outros exemplos: 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O desenvolvimento do trabalho possibilitou analisar o funcionamento da torção em barras de seção de qualquer tipo e de barras com paredes finas, e sobre tudo, o funcionamento da deformação em cada barra e o desenvolvimento dos cálculos para estimar os valores de tensão máxima. Além disso, foi possível perceber o quão importante é o dimensionamento das barras para que elas suportem as deformações e tensões, e assim, contribuam para o funcionamento de diversas aplicações simples do dia-a-dia e da engenharia. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais/R.C.Hibbeler - São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004 BEER, Ferdinand Pierre. Resistência dos Materiais/ Ferdinand Pierre Beer, E. Russell Johnston Jr. – 3° ed – São Paulo: Pearson Makron Books, 1995. PINHEIRO, Antônio Carlos da Fonseca Bragança. Fundamentos de Resistência dos Materiais / Antônio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiro, Marcos Crivelaro – 1. Ed – Rio de Janeiro,2019. PINHEIRO, Antônio Carlos da Fonseca Bragança. Resistência dos materiais / Antônio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiro, Marcos Crivelaro. – 1 Ed. - Rio de Janeiro : LTC, 2022. BOTELHO, Manoel Henrique Campos. Resistência dos materiais – para entender e gostar / Manoel Henrique Campos Botelho – 5° reimpressão – São Paulo, 2015. Figura 4.1.2: Tubo de Aço Inoxidável APOSTILA DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I. Disponível em https://www.ufjf.br/mac/files/2012/11/Apostila_Res_Mat_outubro_2012-atualizada.pdf TORÇÃO. Disponível em http://www.cartografica.ufpr.br/portal/wp- content/uploads/2015/09/AULA-04-TOR%C3%87%C3%83O.pdf CAPÍTULO 2 – TORÇÃO. Disponível em https://wp.ufpel.edu.br/alinepaliga/files/2014/08/Cap%C3%ADtulo-5.pdf https://www.ufjf.br/mac/files/2012/11/Apostila_Res_Mat_outubro_2012-atualizada.pdf http://www.cartografica.ufpr.br/portal/wp-content/uploads/2015/09/AULA-04-TOR%C3%87%C3%83O.pdf http://www.cartografica.ufpr.br/portal/wp-content/uploads/2015/09/AULA-04-TOR%C3%87%C3%83O.pdf https://wp.ufpel.edu.br/alinepaliga/files/2014/08/Cap%C3%ADtulo-5.pdf
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