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CADERNO DIREITO DAS COISAS II

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Direito das Coisas II
Prof. Lisiane Feiten Wingert Ody
Quinta-feira às 8h (Sala 11 da FD)
Provas objetivas e dissertativas
AULA 1 (23/06/2022) 
Direitos reais
O Direito Real é o ramo do direito que se ocupa da relação entre o homem
e as coisas. A expressão “real” vem do latim res que significa coisa. Esses direitos
reais. Os Direitos Reais correspondem ao ramo do direito que trata do poder dos
homens sobre as coisas apropriáveis, excluindo-se dos direitos reais os bens que
são abundantes e sem valoração econômica e a coisa pública (arts. 98 a 103 do
CC).
Existem os Direitos Reais sobre coisas próprias, que correspondem ao direito
que se constitui sobre algo pertencente ao titular e os Direitos Reais sobre coisas
alheias, que correspondem ao direito exercido sobre uma coisa que pertence a
outra pessoa. 
AQUISIÇÃO
Existem duas formas de aquisição: aquisição originária, que ocorre por pela
apropriação pela captura (casos em que o bem/coisa jamais pertenceu a
outrem); e a aquisição derivada, que se dá ou por uma relação jurídica
contratual. Percebe-se que coisas apropriáveis são objeto de propriedade, que é
o mais amplo direito real.
→ PROPRIEDADE: pode-se falar em domínio e propriedade como sinônimos.
A partir da Constituição de 1988 existe o princípio fundamental da propriedade
que deve atender à sua função social. Essa função social nas propriedades rurais
é compreendida como a produtiva, já nas propriedades urbanas, compreende-
se pela habitação ou exploração de alguma outra forma.
Os bens móveis transferem-se pela tradição, ou seja, transferir a coisa (art.
1267 e 1268 do CC), já a transferência de bens imóveis se dá pelo registro no
registro de imóveis (arts. 1227 e 1245, §§ 1º e 2º do CC).
DIREITOS REAIS X DIREITOS OBRIGACIONAIS
→ DIREITOS REAIS: objeto determinado (poder sobre uma coisa corpórea ou
imaterial), direito permanente e a violação se dá, em regra, pela ação (ex.:
invasão);
→ DIREITOS OBRIGACIONAIS: objeto indeterminado (incorpóreo), duração
temporária e a violação se dá, em regra, por omissão (ex.: não pagamento de
dívida).
PROPRIEDADE VS POSSE
→ POSSE: a posse é um estado de fato. A teoria subjetiva de Savigny diz que
a posse é um poder direto ou imediato que tem o dono de dispor fisicamente de
um bem com a intenção de tê-lo para si. Para a teoria objetiva de Jhering vê a
posse como poder físico direto e imediato sobre a coisa, essa é a teoria adotada
no Código Civil brasileiro.
 CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
– Posse direta: proprietário cede poder de fato a outrem
– Posse indireta: conserva o proprietário
– Posse justa
– Posse injusta: ocorre com emprego de violência, de forma clandestina ou
precária.
A defesa da posse se dá pela reintegração de posse (esbulho), pela
manutenção da posse (turbação/limitação) e pelo interdito proibitório (ameaça
de esbulho ou turbação).
AULA 2 (30/06/2022) 
Propriedade
O direito de propriedade se dá pelo direito de usar, fruir, dispor e reaver a
coisa (corpórea ou incorpórea) de quem injustamente a detenha. A aquisição se
dá por meio de registro, acessão, usucapião e sucessão nas coisas imóveis, já nas
coisas móveis ocorre por meio de: tradição, usucapião, sucessão, ocupação
(sem dono: res nullius; ou abandonada: res derelictae), especificação, comistão,
confusão ou adjunção. Em regra a propriedade é perpétua.
Propriedade temporária
É a propriedade condicionada a um termo final (data) ou à condição
(evento futuro e incerto) resolutiva, é uma exceção à regra. Também é chamada
de propriedade resolúvel ou com eficácia pendente. O Código Civil trata dessa
questão nos arts. 1359 e 1360. Há alguns autores que diferenciam a propriedade
resolúvel, atribuindo uma outra terminologia, chamado-a de propriedade ad
tempus.
A diferença entre a propriedade resolúvel e a propriedade ad tempus é o
momento da fixação da extinção da propriedade, foi fixado no ato da aquisição
(resolúvel) ou se veio por uma causa superveniente (ad tempus).
As hipóteses de propriedade resolúvel são:
→ Fideicomisso (direito sucessório): é possível o testador ou o legador
estabelecer o fideicomisso, definido que, se acontecer algum evento ou sobrevier
prazo, o bem seja transferido para outra pessoa. Ex.: prof. recebe uma biblioteca
como herança, mas só será dela enquanto ela for professora.
→ Retrovenda: estipula-se que a aquisição pode ser readquirida pelo
alienante em até três anos, caso o vendedor não recobre o bem em três anos,
consolida-se a propriedade do adquirente.
→ Compra e venda com reserva de domínio: há a transferência da posse
mas se preserva propriedade até o pagamento integral do bem.
→ Compromisso de compra e venda (bens imóveis): hipóteses de
pagamento parcelado, quando houver o pagamento integral o vendedor
deixará de ser proprietário.
→ Doação com cláusula de reversão: hipótese do donatário falecer antes
do doador, em que pode estabelecer cláusula para que os bens se revertam ao
doador.
→ Propriedade fiduciária (art. 1361 do CC): garantia recai sobre o próprio
bem.
→ Propriedade ad tempus: extinção da propriedade por uma causa
superveniente que não estava prevista pelas partes (art. 1360 do CC).
Próxima aula: alienação fiduciária em garantia).
AULA 3 (07/06/2022) 
Propriedade fiduciária
A propriedade fiduciária é uma modalidade de propriedade resolúvel, em
que a propriedade é transferida para o credor que figurá como proprietário
enquanto não for quitada a dívida. Nessa modalidade, há um desdobramento
da posse, onde tem-se a posse direta daquele que tem o contato físico com a
coisa e a posse indireta que será do credor, que manterá essa posse e a
propriedade até que haja a quitação definitiva.
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA ≠ HIPOTECA
Na hipoteca, o devedor entrega um bem para assegurar uma dívida, mas
esse bem continua sendo seu. Na alienação fiduciária o credor é dono do bem, e
o devedor apenas será titular caso pague todas as prestações. Uma vantagem
da alienação fiduciária em relação a hipoteca é que a coisa não poderá ser
dada em garantia para novos credores.
A alienação fiduciária em garantia tem três modelos de proteção. A
propriedade é sempre limitada, condicionada à existência de um contrato com
prestações servindo de garantia para uma outra prestação, podendo se dar: (I)
no âmbito do CC, para bens móveis; (II) no âmbito do Decreto Lei 911/69
(mercado de capitais), quando há participação de instituição financeira e (III) no
âmbito da Lei 9.514, para o caso específico de bens imóveis.
Contrato
 Partes do contrato:
 Devedor fiduciante: é quem tem o direito à aquisição quando concluir
os pagamentos;
 Credor fiduciário: é quem tem a propriedade resolúvel e apenas
adquirirá a propriedade definitiva na hipótese de não haver pagamento
pelo devedor;
 Características:
 Contrato bilateral, ou sinalagmático, oneroso, formal, comutativo e
acessório.
 Deveres do devedor fiduciante:
 Pagar a dívida e os respectivos encargos financeiros, apenas
pecuniárias pela mora ou pelo inadimplemento;
 Pagar os encargos sobre o bem;
 Reparar as perdas e danos decorrentes da utilização do bem,
respondendo perante terceiro e o poder Judiciário;
 Usar, gozar e fruir do bem, pessoalmente ou pode transferir esse uso para
outra pessoa (pode emprestar, sem problemas);
 Direito às medidas possessórias;
 Praticar atos conservatórios sobre o bem;
 Quem responde pelos danos causados pela coisa é o proprietário, salvo
nos casos da alienação fiduciária pois o proprietário é o fiduciário, logo
quem responde então é o possuidor (fiduciante); Na hipótese de o contrato não ser concluído e de o bem ser retomado
e levado a leilão, o devedor tem direito de receber o saldo apurado no
leilão. Na hipótese de o contrato ser desfeito, vai haver oportunamente
um leilão, e a eventual diferença entre a dívida e o que foi apurado
cabe ao devedor fiduciante.
 Direitos do credor fiduciário:
 Respeitar a posse direta do fiduciante, permitindo-lhe o uso normal da
coisa (art. 1.197 do CC)1;
 Devolver o bem ao fiduciante quando resgatada a dívida;
 Entregar ao fiduciário (devedor) o saldo remanescente auferido na
1 STF, Súmula vinculante 25: “É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a
modalidade de depósito”.
venda do bem;
 Receber integralmente o valor do crédito e seus acessórios;
 Retomar o bem na hipótese de não haver o pagamento;
 Tem o direito de ficar com o produto do leilão até o limite do crédito +
acessórios e despesas.
AULA 4 (14/07/2022) 
Particularidades do contrato
O contrato é de Alienação Fiduciária em Garantia (AFG) tem como partes o
devedor fiduciante (tem direito à aquisição quando houver o pagamento
integral) e credor fiduciário (tem propriedade resolúvel e adquirirá a propriedade
definitivamente apenas se não houver pagamento).
IMPORTANTE: FIDUCIANTE é quem deve, FIDUCIÁRIO é quem cobra.
O contrato é bilateral, oneroso, formal (o contrato não pode ser verbal, tem
que ser um contrato escrito), comutativo (prestações guardam correspondência.
Se não tiver equivalência, pode-se revisar) e acessório (ocorrendo o pagamento
integral há extinção da garantia. É acessório da obrigação principal que é a
quitação das parcelas).
O art. 1362 do CC diz que os requisitos do contrato são o valor total da dívida
(ou estimativa), o prazo ou a época do pagamento, a taxa de juros e a descrição
da coisa objeto da transferência. Se não tiver esses requisitos preenchidos o
contrato é nulo.
→ Cláusula de decaimento (perda de prestações pagas): o art. 53 do CDC
dispõe que não é possível. Contudo no caso de bens imóveis, prevalece a Lei
9.514/97, que é a lei especial que prevalece em face do CDC, então nesse caso
a pessoa perde o que pagou. Se houver diferenças a favor do credor (fiduciário),
o devedor (fiduciante) deve paga-las.
→ Pacto comissório: é previsto no art. 1428 do CC, que dispõe que o credor
não pode ficar com o bem que ele mesmo precifica. Nada impede o pacto
marciano, que é uma avaliação feita por terceiro.
→ Mora ex re: a mora opera independentemente de interpelação judicial.
Havendo o atraso no cumprimento das obrigações, já fica configurada a mora.
→ Teoria do adimplemento substancial: via de regra, verificado o
incumprimento, o credor terá direito de pôr fim ao contrato. Pelo adimplemento
substancial, este direito é inibido, visto que o adimplemento, embora não integral,
é expressivo/substancial. A teoria do adimplemento substancial, que é expressão
da boa-fé objetiva, também se aplica a alienação fiduciária em garantia. O
substancial é um conceito relativamente fluido (isto é, substancialmente).
Essa teoria impede a resolução. Entende-se que em determinado momento,
mesmo que a pessoa pare de pagar o apartamento por algum motivo, entende-
se que, pelas prestações já pagas, o banco terá que suportar esse valor. O
devedor não deixa de dever o valor não pago, mas o credor (fiduciário) deixará
de efetuar a resolução e será obrigado a aceitar uma nova forma de
pagamento.
→ Purgação de mora: na disciplina anterior, para haver a purgação da
mora, para continuar o contrato, a pessoa teria que ter pago pelo menos 40% do
valor da dívida. Este requisito não existe mais, de modo que não há mais a
exigência de 40% da dívida paga para a purgação da mora. Além disso, a
purgação da mora poderá ocorrer em qualquer momento.
AULA 6 (04/08/2022) 
! A prova vai ser o mesmo esquema do trabalho, mas vai ser sobre bem
imóvel.
→ Bem móvel não pago: busca e apreensão;
→ Bem imóvel → constituição em mora (ex re), credor
→ A aula de hoje cai na prova!
→ indicar art. da lei, porque o valor da avaliação, porque o valor da dívida…
→ cada dado colocado na resposta ganha um “+” 
→ Vai cair questões de leilão
→ a prof acredita que depende o valor que a chance que o devedor tem
ao ajuizar uma ação contra os ritos de leilão de ganhar o processo
→ permitido consulta ao código!
→ pode marcar o código!!!
Lei 9.514/97 – Bens imóveis
A Lei 9.514/97 admite AFG até mesmo entre particulares, e não apenas com
agentes financeiros. O CC ampliou essa possibilidade também para bens móveis.
 A constituição em mora ocorre ex re
 Constituição em mora – para purgar a mora deve-se fazer uma
notificação extrajudicial com prazo de 15 dias
→ precedente do STJ: até a lavratura do auto de arrematação do bem
em leilão, há a possibilidade de purgar a dívida… REsp 1.433.031
 O primeiro leilão ocorrerá em 30 dias – será leiloado pelo VALOR DA
AVALIAÇÃO
 Se não for arrematado o imóvel no 1º leilão, pode-se ocorrer o 2º após
15 dias do primeiro – será leiloado por valor igual ou superior ao da
dívida acrescido das despesas
→ observação: no leilão judicial não é permitido o leilão por menos de
50% do valor da coisa, entretanto, na alienação fiduciária tem-se um
leilão extrajudicial, por isso não existe esse critério.
 Não arrematado o imóvel no segundo leilão, o credor tem livre
disposição do imóvel (pode vender por oferta, anúncio em imobiliária ou
novo leilão) e o devedor recebe a quitação.
 Se houver um terceiro leilão, o credor fixa lance mínimo, considerando
seu balanço.
 O que sobejar ao direito do credor (sobrar), deve ser pago ao devedor.
Hipótese do imóvel estar locado e de subsistir dívida (art. 27, §§ 4º e 7º da Lei
9.514/97)
→ 30 dias a mais se o imóvel tiver locado
→ 90 dias se a instituição souber que o imóvel estava locado
Possibilidade de penhora sobre o bem com AFG (≠ penhor)
depende de:
→ (i) Direito real em garantia do credor fiduciário (proprietário)
→ (ii)Direito real de aquisição do devedor fiduciante
Se nessa hipótese houver dívida com terceiro, a penhora recai sobre os
direitos dele ((i) é sobre as parcelas já vertidas), não sobre a coisa em si, exceto se
a dívida for da própria coisa (propter rem como condomínio, IPTU). REsp: 1.363.168
→ é exceção à tese de blindagem/proteção do bem. O direito do
credor pode perecer pela sua inércia.
NÃO PODE PENHORAR O IMÓVEL! PODE-SE PENHORAR O CRÉDITO, PARA
CASO HAJA UM LEILÃO DO IMÓVEL E QUE SOBRE DINHEIRO EM RELAÇÃO À
DÍVIDA.
Pode penhorar o imóvel somente quando a dívida for da própria coisa, pois
entende-se que o próprio credor falhou em fiscalizar se o devedor consegue
realmente pagar a dívida.
AULA 7 (18/08/2022) 
Direito de Superfície
Enfiteuse
O direito de superfície substituiu a enfiteuse, prevista no código civil de 1916,
que estabelecia quando o proprietário permitia perpetuamente a uma outra
pessoa o uso de um determinado imóvel. Naturalmente, a ideia de ser perpétuo
inibiu o uso nos últimos anos e foi caindo em desuso, ela ainda existe no
patrimônio da União. A enfiteuse é a ideia de que, mediante um pagamento de
foro/cano/pensão anual ao nuproprietário, o enfiteuto poderia usar de maneira
perpétua aquele imóvel, ex.: imóveis do “braço morto” de Tramandaí e Imbé.
A enfiteuse vem junto com a questão da ocupação e do terreno de
marinha, desde o tempo do império, e sendo terreno da marinha, pertence à
União. As pessoas que ocuparem essas áreas serão consideradas enfiteutas (se
tiverem seu direito reconhecido e outorgado pela União)ou ocupantes (titulares
de direito mais precário mas que também devem pagar à União). Tanto na
hipótese de enfiteuse como a de ocupação paga-se o foro anual.
O enfiteuta tem um direito que a União tem que suportar, que é ficar
perpetuamente naquela área. O ocupante pode ser convidado a se retirar em
qualquer momento e na hipótese de venda do bem o comprador também irá
adquirir o bem de maneira precária.
Direito real de superfície
O direito real de superfície preenche o espaço deixado pela enfiteuse, é
diferente de usufruto, da locação, da servidão e da cessação. Pelo direito de
superfície a pessoa transfere o direito de usar a superfície e o fundamento desse
direito é função social da propriedade. A ideia é dividir o solo e por um
determinado prazo permitir que a pessoa use isso. Ex.: proprietário (concedente)
concede a outrem (concessionário) o direito de construir ou plantar no seu
terreno por um tempo determinado mediante escritura pública levada a registro
no registro de imóveis. Em regra, quem transfere o direito de superfície não
autoriza o uso do subsolo, o que só será possível se for inerente ao objeto da
concessão.
A concessão pode ser gratuita ou onerosa, quando onerosa pode-se
estipular que seja mediante um pagamento único ou parcelamento. Ainda, se
onerosa, a pessoa ganha uma retribuição pelo uso da superfície, que pode servir
para pagamento de IPTU, condomínio, manutenção da área, etc. Se for uma
utilização de forma não onerosa, também se tem vantagem, pois aquele imóvel
será utilizado e, portanto, irá satisfazer a função social da propriedade,
afastando-se o perigo de perda da propriedade por não satisfação da mesma.
A superfície atribui ao superficiário a responsabilidade por encargos ou
tributos. O direito de superfície pode ser transferido a terceiro na hipótese de
morte do superficiário de maneira não onerosa.
Somente será extinto do direito de superfície antes do termo final na hipótese
de haver modificação da finalidade. Findo o prazo e extinta a concessão, o
proprietário passa a ter a propriedade plena e ele se beneficia de tudo que
estiver sido feito sobre o terreno, independente de indenização.
Vantagens em relação à enfiteuse:
 Fim da perpetuidade
 Diminuição do custo
Vantagens em relação à locação
 Tem-se o direito real → mecanismos de proteção muito mais intensos;
 Oneroso ou não, findo o prazo contratual tudo que estiver sido edificado
ou plantado ficará para o proprietário, que durante o período não terá
arcado com questões tributárias.
° O proprietário se desobriga das dívidas decorrentes do imóvel e
recebe ao final as benfeitorias sobre ele independente de
indenização.
Servidão
Trata-se de direito real sobre uma coisa imóvel que impõe um ônus e um
proveito de outro imóvel de diferente proprietário, há uma subordinação de um
imóvel em favor de outrem em função de uma utilidade ou simplesmente para o
comodismo do imóvel dominantes.
É um direito inalienável, indivisível e perpétuo. Há restrições no direito de
servição, devendo se dar para o fim específico para o qual está estabelecido,
por ex.: se tiver servidão para passagem de pessoas não é possível que haja a
passagem de automóvel. É um direito ambulatório, ou seja, se houver alienação
de imóvel com servidão, a servidão a mesma seguirá junto com o imóvel para o
outro titular do bem.
As servidões podem ter diferentes finalidades: servidão de passagem,
servidão de luz, servidão de água e servidão de pasto, todas elas podem ser
adquiridas mediante contrato/convenção ou por usucapião.
SERVIDÃO DE PASSAGEM ≠ SERVIDÃO FORÇADA
 Servidão de passagem → a passagem existe, usa-se a servidão para fins
de comodismo. A servidão de passagem é um direito real de gozo ou
fruição.
 Passagem forçada → utiliza-se quando o imóvel não tem acesso à via
pública. É um direito de vizinhança.
Não há necessidade que os imóveis sejam contínuos para que se estabeleça
a servidão, basta que sejam próximos.
Na servidão há um direito real que impõe o ônus em proveito da utilidade ou
de comodismo do imóvel dominante em relação ao superviente e que não é
presumida, sendo sempre constante do respectivo registro de imóveis.
O alargamento do direito é possível (art. 1375, §3º) pois trata-se da mesma
finalidade. Já a ampliação do direito é proibida pois ela importa em uma outra
finalidade contrariando a característica da restrição.
 Servidão positiva → quando quem age é o dominante, ex.: passagem
de um terreno para outro.
 Servidão negativa → quando dependem que o superviente suporte o
exercício de outra, ex.: obrigação de não construir para preservar a luz.
 Servidão contínua → quando exercida ininterruptamente, independente
de uma ação humana.
 Servidão descontínua → tem exercício condicionado a algum ato
humano atual.
 Servidão aparente → é aquela que se manifesta por obras exteriores,
são visíveis e aparentes. Somente essas podem ser constituídas por
usucapião.
 Servidão não-aparente → é aquela que não se revela por obras
exteriores.
A servidão pode ser constituída voluntariamente, por destinação do
proprietário ou mediante usucapião, conforme art. 1379 do CC.
A extinção da servidão pode se dar por cancelamento, pela cessão da
utilidade/comodismo, pela confusão (mesmo proprietário), pela supressão
(quando se remove a obra ou o aqueduto) e pelo não uso no prazo de 10 anos.
No âmbito da servidão temos as ações típicas como:
 Ação confessória → tem o propósito de afirmar a existência da servidão.
É proposta pelo dominante que quer formalizar a existência da servidão.
 Ação negatória → proposta pelo proprietário do imóvel serviente que
quer afastar a servidão.
 Ação possessória → tem por objetivo a preservação do direito real por
parte daquele que tenha a posse.
AULA 8 (25/08/2022) 
Usufruto
A partir do usufruto, o usufrutuário fica com os direitos de usar e fruir,
enquanto o nuproprietário fica apenas com os direitos de reivindicar e dispor,
alienando para outra pessoa. Esse direito de usufruto tem origem no direito
romano, para proporcionar a não-herdeiro se beneficiar da herança,
especialmente os cônjuges que não eram herdeiros. Desde 2003, no Brasil, o
cônjuge é herdeiro (art. 1829 do CC), motivo pelo qual o usufruto tem caído em
desuso.
O usufruto não se confunde com o direito de uso, que é um direito apenas
de usar, não fruir. Tampouco se confunde com direito real2 de habitação, que
proporciona apenas um direito a habitar.
USUFRUTO ≠ DIREITO DE USO
USUFRUTO ≠ DIREITO REAL DE HABITAÇÃO
Características
O usufruto é, em regra vitalício no caso de não haver indicação de tempo
de duração, entretanto, em caso de o benefício se der por uma Pessoa Jurídica,
presume-se que ele se dará pelo prazo de 30 anos. É impenhorável por ser
personalíssimo, inalienável (não se pode transferir, mas pode ser cedido o
exercício conforme art. 1393 do CC) e divisível (pode ser constituído em favor de
mais de uma pessoa – usufruto simultâneo, não sucessivo). Em relação a
divisibilidade, ela só ocorre de forma horizontal, a extinção por morte de um dos
usufrutuários rever ao nu-proprietário, não a outro usufrutuário.
O usufruto não é privativo de um único bem, podendo recair sobre um
patrimônio inteiro. Ele pode se dar gratuitamente ou, também, de forma onerosa.
Usufruto por retenção ou deducto
O usufruto por retenção ou ducto é quando o proprietário opta por ele em
planejamento sucessório e faz em favor de si mesmo. É uma doação com reserva
de usufruto, de forma que o proprietário transfere apenas a nua propriedade (art.
1400 p. único). É um planejamento tributário, a fim de diminuir o encargo tributário
em uma sucessão causa mortis. É comumque as famílias façam transferência do
patrimônio já em vida para aqueles que serão os sucessores, mas reservando ao
proprietário o direito de usar e fruir enquanto permanecer vivo. 
Direito real de laje
Pelo direito real de laje o construtor transfere a laje para um outro indivíduo.
Essa laje, que pode ser superior ou inferior, recebe uma nova matrícula e será
portanto uma propriedade autônoma. A finalidade deste instituto é promover a
regularização urbana, devido a circunstância de que, em muitas cidades, os
imóveis iam crescendo para cima.
Há algumas críticas a respeito desse direito real de laje pois ele não promove
a regularização urbana satisfatoriamente já que não tem controle sobre a parte
2Direito real é um direito oponível a todos os outros.
elétrica, sanitária, etc.
DIREITO REAL DE LAGE ≠ CONDOMÍNIO
No condomínio tem uma fração ideal da área do terreno, onde todos
dividem a responsabilidade da manutenção das áreas comuns. Diferente do
direito de superfície, a laje é permanente não temporária, atribuindo uma
matrícula independente para o imóvel. O imóvel deve ter acesso independente à
via pública.
O código civil disciplina a matéria no título XI, da laje, a partir do art. 1.510-A.
Art. 1.510-A. O proprietário de uma construção-base poderá ceder a
superfície superior ou inferior de sua construção a fim de que o titular da laje
mantenha unidade distinta daquela originalmente construída sobre o solo.
§ 1º O direito real de laje contempla o espaço aéreo ou o subsolo de
terrenos públicos ou privados, tomados em projeção vertical, como
unidade imobiliária autônoma, não contemplando as demais áreas
edificadas ou não pertencentes ao proprietário da construção-base.
(…)
§ 4º A instituição do direito real de laje não implica a atribuição de
fração ideal de terreno ao titular da laje ou a participação
proporcional em áreas já edificadas.
O direito real de laje contempla o espaço aéreo e o subsolo. O titular do
direito real de laje responde pelos encargos e tributos incidentes sobre sua
unidade.
§ 6º O titular da laje poderá ceder a superfície de sua construção para
a instituição de um sucessivo direito real de laje, desde que haja
autorização expressa dos titulares da construção-base e das demais
lajes, respeitadas as posturas edilícias e urbanísticas vigentes.
O § 6º atribui ao titular da laje a possibilidade de ceder a superfície própria
construção para a instituição de outro sucessivo direito de laje. Para que assim se
legitima a edificação de um condomínio edilício a posteriori, sem o devido
registro incorporação no registro de imóveis.
Uma das poucas limitações ao titular do direito real da laje é que ele não
pode realizar qualquer obra que prejudique as outras unidades ou que possa
comprometer a segurança do imóvel. Se formos projetar para aspectos da vida
real, essas construções são feitas depois, mas deve haver um planejamento para
que o prédio originário suporte aquilo que vai sendo edificado acima.
(…) 
AULA 9 (01/09/2022) 
Compromisso de compra e venda
O compromisso de compra e venda é uma criação brasileira, originária do
DL 58/1937. Nesse compromisso de CV a propriedade é plena só é adquirida ao
final quando do adimplemento de todas as prestações. Feito o pagamento, o
devedor adquire um direito real à aquisição.
Para que haja eficácia real do compromisso de CV, deve estar previsto em
um contrato, que não depende de escritura pública (exceção do art. 108 do
CC3). A própria lei dispensa que seja feito por escritura pública, sendo
plenamente possível que o contrato de compromisso de CV seja feito por
instrumento particular. Esse instrumento deve ser feito sem cláusula de
retratabilidade e deve ser levado a registrado no Registro de Imóveis, providência
que é importante para resguardar interesses de terceiros.
O contrato promessa de CV vem disciplinado no art. 1417 e 1418 do CC. Os
direitos reais são numerus clausus,e a lei expressamente prevê o direito real à
aquisição daquele que realiza um contrato mediante o compromisso de CV.
Requisitos de contrato:
 Seja feito por escritura ou instrumento particular sem cláusula de
retratabilidade e levado a registro;
 Para ter eficácia real, pessoa deve demonstrar que efetuou pagamento
integral das prestações.
! Recurso Especial 1.490.803
Direitos reais em garantia
Trata-se de garantia de que será cumprida a obrigação que foi
estabelecida. O próprio nome diz do que se trata – garantia real – garantia que
recai sobre um determinado bem/sobre uma coisa. Se contrapõe às garantias
fidejussórias – fiança e aval, por exemplo, que recaem sobre a pessoa (garantias
pessoais).
Quando se oferece um bem em garantia, se oferece uma preferência sobre
aquele bem em caso de não pagamento da dívida. Hoje os tradicionais direitos
reais em garantia, que são o penhor (coisa móvel), a anticrese (frutos) e a
hipoteca (imóvel + aeronaves e navios), estão caindo em desuso, pois na AFG a
garantia é muito mais substancial, pois o próprio credor se torna proprietário do
bem, podendo oferecê-lo a outras pessoas, caso em que, na hipótese de não
3 “Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos
negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos
reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.”
pagamento, haverá um concurso de credores.
 Penhor → garantia recai sobre um determinado bem móvel. No Brasil, o
penhor é prerrogativa da Caixa Econômica Federal. Ex.: joias, cédula
pignoratícia, etc. No penhor o bem é empenhado (≠ penhora).
 Hipoteca → mecanismo pelo qual as pessoas atribuem um determinado
imóvel ou parte dele como garantia de uma dívidas. No Brasil,
aeronaves e navios, embora sejam bens móveis, também se submetem
à hipoteca. O fato de ter hipoteca 1 sobre o imóvel, não impede de ser
uma hipoteca 2.
 Anticrese → o que se oferece em garantia são os frutos de um
determinado bem.
! Remitir/remissão = perdão. Remir/remição = pagar.
Os direitos reais em garantia tem as mesmas características dos demais
direitos reais: direito de sequela, direito de preferência, acessoriedade,
indivisibilidade, excussão (venda em caso de inadimplemento).
A Súmula 308 do STJ é uma exceção, segundo a qual a hipoteca firmada
entre a construtora e o agente financeiro não tem eficácia perante os
adquirentes dos imóveis. Quando uma construtora tomava dinheiro no banco
para realizar uma construção ela oferecia em garantia as próprias unidades que
estava por edificar. Ao fazer isso, a construtora realizava a edificação de imóveis
que pertenceriam ao banco no caso de não pagamento da dívida. Isso
aconteceu no caso da construtora Encol. Por esse motivo, os bancos começaram
a executar as hipotecas, de modo que os adquirentes restavam sem as unidades.
A jurisprudência consolidou a compreensão a favor dos adquirentes na Súmula
308 que excepcionalmente permite que aqueles adquirentes que adquiriram de
fato as unidades da construtora e estavam pagando a construtora em dia não se
viram prejudicados pelo fato de a garantia anterior ter sido estabelecida com o
banco. Na visão da professora, trata-se da melhor solução em termos de
distribuição de justiça, embora tenha enfraquecido a hipoteca.
Propriedade intelectual
(…) 
AULA X (08/09/2022) 
Propriedade intelectual
Os direitos de propriedade intelectual destinam-se à proteção das criações
do espírito humano. O direito de propriedade intelectual divide-se em: direito
autoral, previsto na Lei nº 9.610/98 e em propriedadeindustrial, prevista pela Lei nº
9.279/96. Há três pilares que mostram a divisão das matérias e das leis que a ela se
aplicam, para saber qual lei se aplica deve-se perguntar: (I) a criação tem
finalidade artística ou industrial?; (II) aquilo que é criado é algo novo ou uma
melhora de algo existente?; e (III) aquilo que se busca proteger é apenas um
aspecto ornamental ou toda funcionalidade da criação?
Direito autoral
Os direitos autorais protegem emanações de espírito que reflitam a
personalidade do criador. A lei não oferece um conceito do que seria essa
criação, ou seja, não oferece um conceito de “obra” já que se trata de um
conceito relativo. Nesse caso, tem-se um conceito amplo, para não inibir a
criatividade nem restringir a proteção do autor. O fato de não se poder atribuir
um único conceito não pode representar uma restrição nos direitos de autor.
A obra não precisa ter um valor estético, o propósito da arte é despertar
reações, não precisando ser bonita, também não precisa corresponder a um
objeto real. Para a obra ser protegida pelo direito autoral, não precisa ser feita
exclusivamente pelo artista. Nada impede que o autor conte com o auxílio de
terceiros. Apenas as obras singulares, dotadas de originalidade é que merecem a
proteção do direito autoral.
O estilo de um artista não pode ser protegido (ex.: pintura a mão) pois seria
considerado uma restrição à criatividade livre de algumas coisas, qualquer artista
pode experimentar diferentes estilos.
Falsificação X plágio
O plágio é quando alguém se apropria da citação de outrem como se sua
fosse, ou seja, pego um quadro que outra pessoa fez e falo que foi eu quem
pintou.
A falsificação ocorre quando alguém simplesmente reproduz o original, sem
autorização e sem usurpação da autoria, há uma reprodução ilegal, vendida
como se original fosse
Há que se falar na appropriation art que é a técnica da reprodução, ex.:
artista que reproduz obras de arte, mas não vende como se fosse do artista
original, mas sim como uma obra sua.
Direitos que assistem ao autor da obra (Lei 9.610/98)
 Direito à publicação e direito ao ineditismo → todo criador tem direito
de conservar a sua obra inédita.
 Direito de garantir a integridade da obra → tem o direito de se opor a
qualquer situação que impacte sua obra, tendo que suportar apenas as
restaurações/manutenções. O direito da integridade da obra contra
modificações que tragam prejuízo à obra ou a reputação ou à honra do
autor.
 Direito de sequência → o autor de uma obra faz jus, a cada nova
negociação da obra, a um percentual sobre o valor dessa venda. No
Brasil, esse direito não é restrito a obras visuais, incluindo manuscritos, não
há esclarecimentos sobre a amplitude desse direito (que é patrimonial e
indisponível).
Os autores têm direitos morais (intransmissíveis) e direitos patrimoniais
(transmissíveis) que se presumem onerosas, devendo ser expressa – art. 38.
	AQUISIÇÃO
	DIREITOS REAIS X DIREITOS OBRIGACIONAIS
	Contrato
	Particularidades do contrato
	Vantagens em relação à enfiteuse:
	Vantagens em relação à locação
	Características
	Usufruto por retenção ou deducto
	Requisitos de contrato:
	Falsificação X plágio
	Direitos que assistem ao autor da obra (Lei 9.610/98)

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