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PEÇA CONSUMIDOR - CASO ALFREDO - ISADORA

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AO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE SANTA CRUZ - RJ
ALFREDO, estado civil, profissão, com RG de nº________, portador do CPF nº____________, residente e domiciliado no endereço, vêm à presença de Vossa Excelência, por meio dos advogados que constituíram (procuração anexa), propor
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
contra CAIXA FORTE - COOPERATIVA HABITACIONAL LTDA, com CNPJ de nº_________, pessoa jurídica de direito privado, com sede no endereço, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos.
I - DOS FATOS
Em 10 de junho de 2021, o autor, buscando concretizar o sonho familiar da casa própria, compareceu até uma das sedes da ré, localizada em Madureira, associando-se a tal cooperativa com a promessa de que teria em 3 (três) meses sua casa própria.
O autor, por sua vez, na esperança de receber seu imóvel efetuou o pagamento da entrada requisitada, no valor de R$ 4.800,00 (quatro mil e oitocentos reais) e no mês subsequente o pagamento da primeira parcela no valor de R$ 381,78 (trezentos e oitenta e um reais e setenta e oito centavos).
Após três meses contados da assinatura do contrato celebrado não foi fornecido pela ré o imóvel ora prometido. Foram feitas inúmeras tentativas a fim de reaver o valor já pago, porém sem sucesso.
Até que em 07 de janeiro de 2022 foi prometido pela parte ré a quitação através de 6 (seis) parcelas idênticas no valor de R $754,00 (setecentos e cinquenta e quatro reais) o que até a presente data não ocorreu.
 	Na tentativa de formalizar o acordo a empresa ora ré formulou um instrumento particular de transação extrajudicial, onde o assina com uma simples rubrica, sem mais qualificações ou garantias, o autor com intuito de receber também assinou.
Diante de todo este arcabouço fático, aliado à inércia do réu para a efetiva resolução do problema que apenas lesa o autor, não viu alternativa senão a propositura desta ação. 
II - DOS FUNDAMENTOS
Antes da análise do mérito da presente ação, importante ressaltar que o seu objeto diz respeito a uma relação consumerista, porquanto as partes se adequam aos conceitos previstos nos artigos 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor.
Dessa maneira, todo o exposto a seguir deve ser analisado à luz da sistemática do diploma consumerista e de sua carga axiológica, aplicando-se, dentre outras, as medidas de “facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência” (art. 6º, inciso VIII, CDC).
	Nos termos do artigo 247 do Código Civil “incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível”.
Com a devida vênia, no caso em tela, a ré tem o dever legal e contratual de entregar mediante a unidade adquirida pela autora. Primeiro porque a autora efetuou o pagamento da transação comercial.
Como é cediço, a boa-fé exige das partes um comportamento correto, ético. Segundo CARLOS ROBERTO GONÇALVES, impõe um padrão de conduta reta, com probidade, honestidade e lealdade, nos moldes do homem comum. (GONÇALVES, Roberto Carlos. Direito Civil Brasileiro. Volumes I e III, Editora Saraiva. 6ª Edição, 2009.)
Seguindo esse raciocínio lógico, até mesmo nas relações contratuais ou pré-contratuais as partes devem utilizar a premissa da boa-fé.
Caso haja o descumprimento da obrigação a ser estipulada por este Juízo, faz-se mister a aplicação de multa diária.
Apesar do autor ter por várias vezes tentado reaver o valor, o mesmo quer ver seu direito satisfeito com o recebimento de sua casa própria como o foi prometido desde o início.
Conforme demonstrado pelos fatos narrados, o dano moral fica perfeitamente caracterizado pelo dano sofrido pelo Autor ao não cumprirem com o acordo de entrega do imóvel nem com o acordo de ressarcimento das parcelas posteriormente acordadas, expondo o Autor a um constrangimento e quebra de expectativas ilegítimo, gerando o dever de indenizar, conforme preconiza o Código Civil em seu art. 186.
Trata-se de proteção constitucional, nos termos que dispõe a Carta Magna de 1988 que, em seu artigo 5º:
Art. 5º - (...) X - são invioláveis a intimidade, (...) a honra, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
No contrato a parte ré se obriga a entregar o imóvel ao Autor no prazo de 3 meses, conforme já argumentado supra não aconteceu até os dias de hoje.
Deste modo, o réu ficou inadimplente com sua obrigação de entregar o imóvel, sem apresentar qualquer justificativa aceitável. Portanto restou infringido o contrato realizado. 
Portanto, ficou claramente demonstrado que o réu descumpriu os prazos estipulados para a entrega do imóvel e não pode se escusar da responsabilidade pelo atraso devendo arcar com as consequências.
No momento da venda do empreendimento, o réu com sua promessa de entrega do imóvel em 3 meses influenciou fortemente o autor ao realizar o ato da compra e fazer a aquisição de seus serviços. Contudo, os serviços não foram disponibilizados, ensejando a publicidade enganosa, nos termos do supra, artigo 37, parágrafo 1º do CDC.
III - DOS PEDIDOS
Diante de todo exposto, requer se digne Vossa Excelência:
a) Determinar a citação e a intimação da ré no endereço declinado nos autos do presente, para, querendo, oferecer sua resposta, sob pena dos efeitos da confissão e revelia;
b) a procedência da ação para o fim de condenar a ré na obrigação de entregar a unidade adquirida no contrato firmado entre as partes;
c) condenar o réu ao pagamento de indenização por danos morais suportados pelo autor, sugerindo-se como valor de arbitramento a monta de XXXXX.
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitido, ainda que não admitido em nosso ordenamento jurídico, mas desde que obtidos de forma lícita, notadamente pelo depoimento pessoal dos representantes da ré, o que fica tudo desde logo requerido.
P. deferimento.
Local, data.
Advogado
OAB/RJ.

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